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TCC do TOC

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TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRANSTORNO OBSESSIVO-
COMPULSIVO 
 
Aristides Volpato Cordioli 
 
INTRODUÇÃO 
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um transtornocrônico e heterogêneo 
caracterizado pela presença de obsessões e ou compulsões que consomem 
tempo ou interferem de forma significativa nas rotinas diárias do indivíduo, no seu 
trabalho, na vida familiar ou social e causam acentuado sofrimento (APA, 2002). 
 As causas do TOC, até o presente momento, não são bem conhecidas. Como 
os sintomas são heterogêneos, não está claro,se constitui um único transtorno ou 
um grupo de transtornos,pois as apresentações clínicas, o curso, aspectos 
neurofisiológicos, neuropsicológicos e cognitivos, bem comoa resposta aos 
tratamentos, variam muito de indivíduo para indivíduo. As evidências a favor de 
fatores biológicos na sua etiologia são bastante consistentes e incluem a 
genética (a prevalência de TOC é 4 a 5 vezes maior em familiares de indivíduos 
com o transtorno), o aparecimento dos sintomas na vigência de doenças 
cerebrais, a hiperatividade em certas regiões do cérebro dos indivíduos com a 
doença, alterações da neuroquímica cerebral relacionadas com a serotonina e a 
redução dos sintomas com o uso de medicamentos inibidores da recaptação da 
serotonina. Por outro lado também são consistentes as evidências de que fatores 
de ordem psicológica,como aprendizagens errôneas e distorções cognitivas, 
contribuem para o agravamento e a manutenção dos sintomas. Dentre essas 
evidências estão as distorções cognitivas presentes na maioria dos indivíduos com 
 
 
2
2 
TOC e especialmente a melhora dos sintomas com as terapias cognitivo-
comportamentais, em especial à terapia de exposição e prevenção de respostas 
(de rituais) (EPR). 
 Até a bem pouco tempo o TOC era considerado um transtorno de difícil 
tratamento. Este panorama mudou. Na atualidade mais de 70% dos pacientes 
podem se beneficiar do uso de medicamentos e da terapia cognitivo-
comportamental. A partir da valorização dos erros de avaliação e de intepretação, 
de crenças disfuncionais para a origem e manutenção dos sintomas OC e da 
realização ensaios clínicos utilizando a terapia cognitiva no tratamento dos 
sintomas obsessivo-compulsivos comprovando a efetividade dessa modalidade 
de tratamento, técnicas cognitivas foram acrescentadas à terapia de EPR, 
particularmente em pacientes com dificuldades de adesão aos exercícios em 
razão de ideias supervalorizadas, ausência de insight e de motivação para o 
tratamento, e especialmente em pacientes com pensamentos intrusivos de caráter 
repugnante. A partir dessas modificações“Terapia Cognitivo-Comportamental” 
(TCC) tem sido a designação cada vez mais utilizada. 
No presente capítulo descreveremosos fundamentos da TCC do TOC, as 
técnicas utilizadas bem como as evidências que comprovam sua eficácia. Serão 
ainda mencionadasas limitações dessa modalidade de tratamento, as questões 
em aberto e as perspectivas futuras. 
OS FUNDAMENTOS DA TCC DO TOC 
Breve histórico da terapia de EPR 
As primeiras tentativas de uso de exposição e prevenção de resposta (ou de 
rituais) no tratamento dos sintomas obsessivo-compulsivos foram influenciadas 
pelos experimentos de dessensibilização sistemática de Wolpe, que utilizava com 
sucesso essa técnica no tratamento de fobias e pelas teorias da aprendizagem 
social de Bandura.Foi Meyer, em 1966, o primeiro a utilizar técnicas 
comportamentais para o tratamento de sintomas obsessivo-compulsivos. A partir 
da observação de que ratos venciam o medo de certas situações quando 
guiadosmanualmente pelo pesquisadorpara enfrentá-las,tratou com sucesso duas 
 
 
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pacientes com sintomas obsessivo-compulsivos,sugerindo de forma ativa, que se 
expusessem a estímulos provocadores de ansiedade e se abstivessem de 
realizar rituais após. Ambas melhoraram rapidamente e permaneceram sem 
sintomas até 2 anos depois.O investigador atribuiu a melhora dos sintomas à 
modificação de expectativas em razão do teste de realidade realizado, 
comprovando que as expectativas catastróficas não se concretizavam (Meyer, 
1966). Esses estudos, entretanto, não tiveram repercussão na época e só foram 
retomados na década seguinte. 
Primeiros ensaios clínicos usando a terapia de EPR 
Dois estudos realizados em ambiente hospitalar, utilizando de forma intensiva, as 
técnicas de exposição e prevenção de rituais para tratar pacientes com TOC se 
destacaram pelo forte impacto no tratamento do transtorno nos anos que se 
seguiram. Em 1974, Meyer e colaboradores trataram 15 pacientes e, em 1975, 
Marks e colaboradores trataram 20 pacientes utilizando essas técnicas. 
Ambas as pesquisas tiveram sucesso em eliminar os sintomas obsessivo-
compulsivos em um período relativamente curto, de 4 a 12 semanas. 
Acompanhados por períodos de até cinco anos, muitos desses pacientes 
continuavam assintomáticos vários anos depois (Meyer V. in:Jenike, 1990; Marks 
et al,1975). 
Nos anos que se seguiram, esses ensaios clínicos foram repicados em 
diversos países e ao final da década de 70 mais de 200 pacientes haviam sido 
tratados com técnicas de EPR, com resultados semelhantes. Dessa forma, a 
possibilidade de eliminar obsessões e compulsões com técnicas comportamentais 
relativamente breves foi comprovada de forma definitiva, passando a terapia de 
EPR a constituir um dos tratamentos de escolha para o TOC. 
 
MODELOS ETIOLÓGICOS DO TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO 
O modelo psicodinâmico 
 
 
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4 
O experimento de Meyer passou desapercebido, pois na época o modelo 
explicativopara os sintomas OC era baseado na teoria psicodinâmica. No famoso 
caso “O Homem dos Ratos” Freud propusera que as obsessões e as compulsões 
eram manifestações de conflitos de natureza inconscienteocorridos nos primeiros 
anos do desenvolvimento psicológico – mais precisamente, na chamada fase anal 
do desenvolvimento psicossexual. Na neurose obsessiva, termo utilizado na época 
e que abrangia tanto o TOC como o transtorno de personalidade obsessivo-
compulsiva, ocorreria uma regressão da fase edípica para a fase anal-sádica em 
razão de fixações nessa fase. As fixações estariam relacionadas aos conflitos 
envolvendo o treinamento e aquisição do controle dos esfíncteres e o manejo de 
impulsos agressivos. Impulsos contraditórios de reter ou expelir, dar ou guardar, 
sentimentos ambivalentes de amor e ódio, necessidade de controle ou submissão 
seriam alguns dos conflitos da fase. O modelo sugeria serem os sintomas 
obsessivos,obsessões e compulsões, soluções de compromisso entre a 
expressão plena dos impulsos típicos da fase: sujar, agredir, reter ou expelir, e sua 
repressão pelos mecanismos de defesa.Confrontá-los ou impedir a 
realização dos rituais poderia significar a irrupção descontrolada dos impulsos 
proibidos e a provocação de desequilíbrios mentais ainda mais graves, 
eventualmente psicóticos, crenças que na verdade nunca ficaram comprovadas. 
 Na verdade nunca foi comprovada a existência de conflitos 
inconscientessubjacentes aos sintomas obsessivo-compulsivos e na prática a 
terapia psicodinâmica direcionada para resolver tais conflitos se mostrou ineficaz. 
Somou-se a esses fatos a resposta dos sintomas aos medicamentos inibidores 
da recaptação da serotonina e à terapia de EPR fizeram com que o modelo fosse 
abandonado. 
 
O modelo comportamental 
Autores ingleses, no início da década de 70, resolveram desafiar o modelo 
psicodinâmico bem como os corolários dele derivados e observar na prática,o que 
 
 
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poderia ocorrer, caso os pacientes fossem impedidos de realizar seusrituais ou 
fossem estimulados a entrar em contato com o que evitavam. 
 
O fenômeno da habituação 
Num primeiro estudo, Hogdson e Rachman, observando pacientes voluntários 
com obsessões de limpeza e rituais de lavagem verificaram que eles apresenta-
vam uma rápida e acentuada elevação da ansiedade quando eram convidados a 
tocar nos objetos que normalmente evitavam, a qual decrescia de forma rápida 
com a execução de uma lavagem “satisfatória”(Hogdson e Rachman, 1972). Num 
experimento semelhante com pacientes “verificadores”, em situações nas quais 
eram impedidos de realizar seus rituais, também foi constatado o aumento 
instantâneo da ansiedade, seguido de uma acentuada diminuição após a 
execução dos rituais (Röper et al.,1973;Röper et al.,1976).Observaram ainda que 
o impulso de executar verificações ou lavações desaparecia espontaneamente 
depois de um período entre 15 e 180 minutos caso fosse solicitado aos pacientes 
que se abstivessem de realizar os rituais ou permanecessem em contato com os 
objetos ou situações evitados. Constataram, ainda, que, a cada -
repetição dos exercícios, a intensidade da ansiedade e do impulso para realizar os 
rituais era menor. Se repetissem os exercícios um número suficiente de vezes, 
tanto a aflição como a necessidade de executar os rituais desapareciam por 
completo de forma expontânea.Este fenômeno natural ficou conhecido como 
habituação e passou a ser a base da terapia de EPR (Röper e Rachman, 1976; 
Lickierman e Rachman, 1980). 
Com base nas observações citadas, os autores formularam uma hipótese que 
oferecia uma nova compreensão para os fenômenos obsessivos: de que existiria 
uma relação funcional entre rituais e obsessões. A função dos rituais era reduzir a 
ansiedade e o desconforto provocados pelas obsessões. Esta seria a razão desua 
existência (Hogdson e Rachman, 1972; Rachman et al., 1976). 
 
O modelo comportamental 
 
 
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A terapia comportamental econseqüentemente a terapia de EPR, têm seus 
fundamentos nas teorias da aprendizagem, particularmente o condicionamento 
pavloviano, o condicionamento operante e no fenômeno da habituação. O modelo 
proposto para a origem e manutenção dos sintomas obsessivo-compulsivos é uma 
adaptação para o TOC do modelo explicativo proposto por Mowrer em1939,para 
explicar as origens do medo e os comportamentos de esquiva nos transtornos de 
ansiedade e que ficou conhecido como o modelo dos dois fatores ou dois 
estágios. De acordo com o modelo desse autor, o medo seria adquirido por 
condicionamento clássico e mantido por condicionamento operante (reforço 
negativo). Dollard e Milleradaptaram o modelo dos dois fatores de Mowrer para 
explicar o surgimento e a manutenção dos sintomas obsessivo-compulsivos.Esse 
modelo foi ampliado mais recentemente por Salkovskis, incluindo os fatores 
neurobiológicose cognitivos os quais seriam responsáveis por tornar o indivíduo 
mais sensível, mais vulnerável e, portanto, com predisposição a desenvolver o 
TOC. O modelo pode ser resumido da seguinte forma: 
1. Condicionamento clássico: Por alguma razão desconhecida, em 
pessoas predispostas ou muito sensíveis (motivos genéticos), estímulos neutros 
(banheiros, corrimãos, trincos de portas números, cores ou até mesmo 
pensamentos) em algum momento, foram pareados a estímulos incondicionados 
(medo, aflição, nojo,desconforto), passam a ter as mesmas propriedades do 
estímulo incondicionado (tornam-se condicionados) i.é: passam a provocar as 
mesmas respostas que os referidos estímulos, as quais são -
estendidas(generalização) a situações ou objetos próximos ou semelhantes aos 
condicionados. 
2. Condicionamento operante (reforço negativo): O segundo estágio consiste 
de um reforço negativo, no qual novas respostas, que reduzem a ansiedade 
provocada pelo contato ou proximidade do estímulo condicionado,são aprendidas. 
O indivíduo descobre por acaso (aprende) que executar rituais ou evitar o contato 
com os objetos ou situações reduz ou elimina (neutraliza) os medos a eles 
associados, mesmo que temporariamente.O sucesso em produzir alívio aumenta a 
frequência dos rituais ou da esquiva, tornando tais comportamentos 
 
 
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estereotipados, repetitivos e freqüentes perpetuando o TOC (Mowrer,1939; Dollard 
e Miller in: Neziroglu, 2005; Salkovskis et al.,1998;Salkovskis ,1999). 
Argumentos a favor e contra o modelo comportamental 
O modelo dos dois fatores parece bastante evidente particularmente no que se 
refere ao mecanismo responsável pela manutenção dos sintomas obsessivo-
compulsivos – o alívio que os pacientes sentem ao executar os rituais ou quando 
se abstêm do contato físico com objetos ou situações que desencadeiam as 
obsessões,faz com que tais comportamentos aumentem de intensidade e 
freqüência (reforço negativo). A lacuna maior do modelo decorre do fato de, na 
maioria das vezes, o início dos sintomas ser insidioso e não estar relacionado a 
qualquer experiência traumática ou mesmo estressante que provocasse o 
pareamento exigido pelo modelo (condicionamento clássico) entre estímulos 
incondicionados e estímulos neutros (Jones & Menzies, 1998). 
O modelo original também não prevê o papel dos fatores de ordem biológica e 
desconsidera a importância das crenças disfuncionais, freqüentes em pessoas 
com TOC. Esta última lacuna foi em parte superada com a proposição de um 
modelo cognitivo por autores como Rachman e Salkovskis, entre outros. Tal 
modelo valoriza o papel das crenças e interpretações distorcidas ou até errôneas, 
particularmente aquelas relacionadas com a responsabilidade e o risco, no 
surgimento e na manutenção dos sintomas obsessivo-compulsivos(Rachman, 
1997; Salkovskis, 1985, 1989, 1998,1999). 
 
O modelo cognitivo do TOC 
A tentativa de utilizar a terapia cognitiva no tratamento dos sintomas obsessivo-
compulsivos ocorreu por vários motivos: a insatisfação com a baixa efetividade da 
terapia de EPR em razão da pouca adesão e alto índice de abandonos, a 
constatação da freqüência com que os indivíduos com TOC apresentavam 
crenças disfuncionais,a proposição e adaptação de técnicas cognitivas utilizadas 
no tratamento de outros transtornos para uso no TOC e a comprovação de sua 
 
 
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eficácia em reduzir os sintomas do transtorno. A suposição de que crenças 
disfuncionais deveriam desempenhar um importante papel na gênese e na 
manutenção dos sintomas deu origem à proposição de um modelo cognitivo para 
a origem das obsessões. 
A baixa efetividade da terapia de EPR 
 Curiosamente existe um grupo de pacientes que apresenta uma rápida e 
intensa melhora dos sintomas com a terapia de EPR, podendo chegar à 
remissão completa, enquanto que um outro grupo não apresenta nenhuma 
modificação. Além disso, é alto o índice de não-adesão e abandono, os quais, 
somados, podem chegar a 30% (Marks e O’Sullivan, 1988; Marks, 2002), tornando 
o tratamento ineficaz, na prática, em aproximadamente metade de todos os que 
iniciam e em 1/4 dos que completam o tratamento (Spiegel, 2000). 
Crenças disfuncionais no TOC 
 Crenças disfuncionais em indivíduos com TOC foram descritas por diversos 
autores, (Salkovskis, 1985, 1989, 1999; Frost e Steketee,2002;Salkovskis et al., 
1998; Rachman, 1997).A convicção, firmada ao longo do tempo, de quetais 
crenças poderiam contribuir para o agravamento e a manutenção dos sintomas 
obsessivo-compulsivos fez com que um grupo de especialistas, denominado 
Obsessive-Compulsive Cognitions Working Group (OCCWG), se reunisse em 
duas ocasiões, na década passada, para estabelecer por consenso o que seriam 
as crenças ou os principais grupos domínios de crenças disfuncionais no TOC. Deacordo com o referido Consenso tais crenças envolveriam seis domínios e se 
expressariam pela tendência em superestimar: o risco, aresponsabilidade, o poder 
do pensamento, a necessidade de controlá-lo, a necessidade de ter certeza e o 
perfeccionismo (OCCWG, 1997). Tal proposição deu margem a diversos estudos 
desenvolvendo instrumentos para mensurar a intensidade de tais crenças e 
avaliar sua influência nos sintomas do TOC (Frost e Steketee,2002). E de fato, 
estudos experimentais têm demonstrado uma correlação entre a intensidade das 
 
 
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crenças e os sintomas obsessivo-compulsivos (Neziroglu et al., 1999; Neziroglu et 
al., 2006). 
Técnicas cognitivas para tratamento de pensamentos e crenças disfuncionais no 
TOC; terapia cognitiva no TOC 
A constatação da alta frequ6encia com que crenças disfuncionais estavam 
presentes em indivíduos com TOC levou alguns autores a propor o uso de 
técnicas cognitivas,associadas ou não à terapia de EPR, no tratamento dos 
sintomas obsessivo-compulsivos (Salkovskis, 1985, 1999; Van Oppen e Arntz, 
1994; Freeston et al., 1996; Salkovskis et al., 1998, Salkovskis, 1999).Ao mesmo 
tempo alguns ensaios clínicos comprovaram a efetividade da terapia cognitiva no 
tratamento dos sintomas do TOC (Emmelkamp et al. 1988, Emmelkamp e Beens, 
1991; Van Balkon et al, 1994; Van Oppen et al.1995; Whittal et al. 2005), tanto em 
pacientes com predomínio de obsessões, considerados refratários à terapia de 
EPR (Freeston et al, 1997), como em pacientes com obsessões e compulsões 
(Cottraux, et al.al., 2001; McLean et al., 2001). Um dos estudos observou uma 
eficácia superior da terapia cognitiva comparada à terapia comportamental, em 
reduzir os sintomas depressivos em pacientes com TOC – uma comorbidade 
relativamente freqüente, embora a eficácia em reduzir os sintomas obsessivo-
compulsivos fosse semelhante (Cottraux et al. 2001). 
 Algumas críticas, entretanto, têm sido levantadas questionando até que ponto 
tais estudos teriam utilizado exclusivamente técnicas cognitivas e não técnicas 
comportamentais de EPR. Até o momento não está comprovado, entretanto, se o 
acréscimo de técnicas cognitivas à terapia de EPR no tratamento de pacientes de 
TOC aumenta sua eficácia tanto no curto como no longo prazo. É bem provável 
que, para determinados subgrupos de pacientes, este acréscimo seja 
particularmente útil. Pacientes com predomínio de obsessões, com boa 
capacidade de introspecção, e com algum grau de sofisticação psicológica parece 
que aproveitam das intervenções cognitivas. Acredita-se ainda que o uso de 
técnicas cognitivas por si só possa reduzir o nível de ansiedade, melhorar o grau 
de adesão e no longo prazo, além de poder proporcionar ganhos adicionais, 
 
 
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poderia reduzir a possibilidade de recaídas. Mas são vantagens a serem 
comprovadas pela pesquisa, que por enquanto são hipóteses em aberto. 
As desvantagens da terapia cognitiva residem no fato de suas técnicas 
serem mais complexas tanto para sua compreensão como para sua utilização. 
Pacientes com um menor grau de sofisticação psicológica têm menos chance de 
utilizá-las. Os terapeutas necessitariam de um embasamento maior assim como 
um treinamento mais específico para a sua adequada utilização. 
Embora possa haver alguma disputa entre o modelo comportamental, que 
propõe a exposição e prevenção de respostas e o modelo cognitivo, que propõe a 
correção das crenças disfuncionais no tratamento dos sintomas obsessivo-
compulsivos, a tendência é que os dois modelos sejam vistos como 
complementares e que as duas modalidades de intervenção sejam utilizadas em 
conjunto, enfoque adotado no presente capítulo. 
Teoria cognitiva sobre a origem das obsessões 
Uma questão que necessita ser respondida diz respeito ao papel das 
crenças disfuncionais na gênese e na manutenção dos sintomas OC. Uma 
proposição interessante adveio da observação feita por Rachman e de Silva 
(1978) de que muitos dos pensamentos invasivos que atormentam os indivíduos 
com TOC ocorrem na população em geral, sem que, no entanto, se transformem 
em obsessões. Esses autores mostraram que aproximadamente 90% das pessoas 
têm, em algum momento, pensamentos impróprios de caráter agressivo, obsceno 
ou sexual, muito semelhantes ao que ocorre em indivíduos com TOC(Rachman e 
De Silva 1978).Os pesquisadores se preocuparam em esclarecer as diferenças 
entre pensamentos intrusivos normais e obsessões. A hipótese de Stanley 
Rachman e é de que a interpretação errônea e o significado catastrófico atribuído 
à presença de tais pensamentos, seriam os responsáveis pela transformação de 
pensamentos “normais” em obsessões. Nos indivíduos com TOC tais 
pensamentos intrusivos são acompanhados de pensamentos automáticos de que 
algo muito grave pode acontecer, ou de que poderão cometer o que lhes passa 
pela cabeça, de que pode existir um lado perverso de sua personalidade que a 
 
 
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qualquer momento poderá se manifestar (“Posso ser um molestador de crianças” 
ou “Posso ser um homicida em potencial” provocando consequentemente medo, 
desconforto,ansiedade e, tentativas de neutralizá-los por meio de rituais ou 
simplesmente evitando comportamentos considerados de risco (tocar em coisas 
sujas, abster-se de verificar, chegar perto de crianças, guardar todas as facas da 
casa). O sucesso dessas medidas encoraja o indivíduo a repeti-las, perpetuando o 
transtorno. Essa é a teoria cognitiva sobre a origem das obsessões (Rachman, 
1997). 
Modelo cognitivo ampliado do TOC 
Salkovskisapresentou uma proposta mais detalhada do modelo cognitivo, 
integrando as proposições de Rachman, com aspectos biológicos, aprendizagem 
(reforço negativo) e influências ambientais, que sabidamente podem influenciar a 
gênese e a manutenção do TOC. Ela pode ser resumida como segue: 
1. Há indivíduos que, em razão de disfunção neuroquímica, herança 
genética, aprendizagens errôneas, ambiente familiar, tipo de educação ou 
crenças adquiridas ao longo da vida, são muito sensíveis a determinados 
temas, como risco, responsabilidade, culpa, falha, etc. 
2. Nesses indivíduos, pensamentos invasivos normais transformam-se em 
obsessões devido ao significado atribuído à sua simples presença ou às 
interpretações negativas ou distorcidas do seu conteúdo. 
3. A presença desses pensamentos é interpretada como um indicativo da 
possibilidade de o indivíduo provocar dano aos outros ou a si mesmo ou de 
falhar em sua responsabilidade em preveni-lo (excesso de responsabilidade). 
4. Tal interpretação produz ansiedade, medo ou culpa, levando o indivíduo a fazer 
algo que o livre do desconforto (neutralização) ou previna o que ele receia que 
possa acontecer. 
5. A ansiedade é neutralizada pela realização de rituais, compulsões mentais ou 
comportamentos evitativos. 
6. Paralelamente, aumenta a atenção e a vigilância. 
 
 
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7. Tais manobras impedem a exposição prolongada e o desaparecimento natural 
dos medos por meio da habituação, perpetuando o TOC (Salkovskis, 1985, 
1989; Salkovkis et al., 1998; Salkovskis, 1999). 
Limitações do modelo 
A crítica ao modelo é de que ele não explica os motivos pelos quais muitas 
pessoas têm o impulso de executar rituais sem que este seja precedido por 
alguma cognição (obsessão), e sim por experiências ou fenômenos sensoriais à 
semelhança do que ocorre com os tiques no transtorno de Tourette (Miguel et 
al.1995, 2000). Isso é comum em indivíduos que têm compulsão por alinhar obje-
tos (as coisas tem que estar no lugar certo ou exatas, fazer as coisas em 
determinada sequência ou executar certos comportamentos repetitivos que 
lembram muitoos tiques: estalar os dedos, olhar para os lados, dar 
batidasrepetidamente, tocar, raspar. Também não esclarece os sintomas 
obsessivo-compulsivos provocados por doenças cerebrais, ou relacionados a 
infecções por estreptococo ou resultantes do uso de alguns 
medicamentos. Não esclarece o fato de os sintomas do TOC poderem ser 
eliminados com o uso de medicamentos sem a abordagem cognitiva e a correção 
das crenças disfuncionais. 
 
A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: DESCRIÇÃO DA TÉCNICA 
Técnicas comportamentais 
A TCC no tratamento do TOC utiliza intervenções comportamentais como a 
exposição, a prevenção de respostas ou dos rituais, a modelação, técnicas de 
auto-monitoramento, uso de registros, diários, escalas e técnicas cognitivas de 
correção de pensamentos e crenças disfuncionais (questionamento socrático, 
teorias alternativas, experimentos comportamentais, seta descendente, vantagens 
e desvantagens, lembretes, entre outras). Dentre estas, as técnicas 
comportamentais de exposição e prevenção de resposta (EPR) continuam sendo 
 
 
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consideradas as intervenções cruciais para provocar a redução da intensidade dos 
sintomas através dos mecanismos da habituação e da extinção. 
Exposição 
Consiste no contato direto ou imaginário com objetos, lugares ou situações que 
provocam ansiedade, sem que sejam perigosos. Exemplos: tocar em trincos de 
porta, corrimãos, torneiras de banheiros, usualmente evitados. O efeito principal 
da exposição é um incremento inicial da ansiedade seguido uma diminuição 
progressiva até o seu desaparecimento. A exposição usualmente é ao vivo, mas 
também pode ser na imaginação (visualizar cenas, evocar palavras evitadas ou 
“cometer” em imaginação impulsos “horríveis”). Pode ainda ser virtual. 
Prevenção de resposta (ou de rituais) 
É a abstenção, por parte do paciente, da realização de rituais, compulsões 
mentais ou de adotar comportamentos evitativos, sejam eles manifestos ou 
encobertos, ou quaisquer outras manobras destinadas a aliviar ou 
neutralizar medos ou desconforto associados às obsessões. Exemplos: abster-se 
de verificar, de lavar excessivamente as mãos, de alinhar objetos, de fazer 
contagens, de repetir perguntas, de fazer as coisas numa certa ordem, não afastar 
pensamentos “ruins”, etc. 
Modelação 
Procedimento no qual o terapeuta executa um comportamento desejado em 
frente ao paciente, como forma de encorajá-lo a fazer o mesmo. Como exemplo, 
o terapeuta pode ter no consultório uma caixa de objetos “sujos” ou 
“contaminados”, como brinquedos usados, materiais de limpeza usados, cesta de 
lixo, esponjas, recipientes ou embalagens de produtos tóxicos, com os quais pode 
fazer as demonstrações. Pode, ainda, tocar na sola dos sapatos e “espalhar” a 
contaminação pelas roupas e o corpo, tocar em trincos de porta sem lavar as 
mãos posteriormente e solicitar ao paciente que repita essas ações. 
 
 
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Técnicas cognitivas 
As técnicas cognitivas propostas para o TOC são, em geral, adaptações 
daquelas descritas inicialmente por Beck (1976) para o tratamento da depressão e 
por Clark (1986) para o tratamento da ansiedade e foram detalhadamente 
descritas em vários artigos (Salkovskis, 1985 e 1999; Van Oppen e Arntz, 1994; 
Freeston et al.1996). Como já foi comentado, por serem mais complexas para o 
paciente, parece conveniente que sejam introduzidas na terapia quando ele já 
identifica os sintomas, rituais e manobras de neutralização, distingue obsessões 
de pensamentos normais, e já iniciou os exercícios de EPR. 
 
Familiarização com o modelo cognitivo 
É necessário dedicar algum tempo para familiarizar o paciente com o 
modelo cognitivo:como nossos pensamentos influenciam nosso comportamento 
(rituais, esquiva) e nossas emoções (medo, desconforto, ansiedade). 
Também é interessante fazer um treinamento inicial para que ele seja 
capaz de identificar pensamentos automáticos e crenças disfuncionais e de 
utiliza algumas técnicas de reestruturação cognitiva. 
 
 Identificação de pensamentos automáticos crenças disfuncionais 
Uma vez entendido o modelo cognitivo, o passo seguinte é o treino do 
paciente na identificação e registro de pensamentos automáticos catastróficos ou 
negativos que acompanham as obsessões e bem como as crenças subjacentes 
aos sintomas, para posteriormente poder corrigi-los. Para isso ele pode utilizar 
instrumentos descritos em manuais de terapia cognitiva e conhecidos como RPD 
ou ABC, nos quais identifica a situação ativadora, os pensamentos automáticos e 
as conseqüências (emocionais, comportamentais ou físicas). 
 
 
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Corrigindo crenças distorcidas: o questionamento socrático 
A estratégia central para a modificação de crenças distorcidas é o seu 
questionamento. O questionamento socrático deve ser feito com os pensamentos 
automáticos e crenças distorcidas identificadas nos exercícios anteriores. 
Exemplos de perguntas: 
1) Que evidências eu tenho de que o que passa pela minha cabeça ou de 
que meus medos têm algum fundamento? E que evidências são 
contrárias? 
2) Existe uma explicação alternativa para isso? (De que eu tenho TOC por 
exemplo.) 
3) Meus medos são baseados em alguma prova real ou ocorrem porque eu 
tenho TOC? O que é mais provável? 
4) O que ____________________________ (fulano) diria sobre meus 
medos? 
5) Como a maioria das pessoas se comporta em situações 
semelhantes? 
A técnica das duas teorias (A e B) 
Uma forma simples de questionamento é técnica das duas teorias proposta 
por Salkovskis (Salkovskis et al., 1998): 
Nós temos duas teorias alternativas para explicar o que ocorre com você: 
1) Teoria A: Você está de fato contaminado e precisa se lavar porque pode 
contaminar sua família e ser responsável por doenças e, quem sabe, pela 
morte de familiares. 
2) Teoria B: Você é uma pessoa muito sensível a medos de ser 
contaminado e reage a esses medos de uma forma que compromete sua 
vida: fazendo um excesso de lavagens seguidas. 
 
 
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Qual destas duas alternativas é a mais provável? Você já tentou lidar com 
este problema de acordo com a segunda hipótese, ou seja, como se fosse um 
problema de preocupação ou medo excessivo, e não uma possibilidade real? 
Experimentos comportamentais 
 Uma forma muito eficiente de corrigir crenças distorcidas é testando-as na 
prática. Pode-se solicitar ao paciente que descreva um erro (por exemplo, 
fazer um depósito numa conta bancária errada) e questionar as 
conseqüências que imagina possam ocorrer. Posteriormente, o paciente fará 
um experimento e a comparação entre o que aconteceu de fato e o que havia 
imaginado. Outros exemplos: revisar uma única vez o trabalho da faculdade, a 
carta ou o ofício que redigiu e ver o que acontece (se de fato vai tirar nota 
ruim ou ser reprovado); deixar uma torneira não bem fechada durante uma 
hora e verificar se a casa é inundada; esquecer cigarro aceso no cinzeiro e, depois 
de 20 minutos, ver o que aconteceu; entrar numa funerária, ou deixar os chinelos 
virados e ver se alguém da família adoece e vem a falecer. 
 
Lembretes 
 Lembretes podem auxiliar o paciente a ter uma maior autocontrole sobre rituais, 
dúvidas e ruminações obsessivas. Podem ser escritos em um cartão e levados no 
bolso ou em um cartaz colado na parede do quarto ou no espelho do banheiro. 
Os lembretes auxiliam a retomar o controle dos pensamentos, sobretudo porque 
separam os fenômenos mentais relacionados ao TOC de outros. 
Exemplos: 
 Não lute contra os seus pensamentos: resista aos seus rituais; 
 Pensar não equivale a cometer! 
 Olha o TOC! 
 
Outras técnicas de reestruturaçãocognitiva 
 
 
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Várias outras técnicas e exercícios de reestruturação cognitiva podem ainda 
ser utilizados: a torta de responsabilidade, seta descendente, recálculo dos 
riscos, vantagens e desvantagens, etc.. Para uma descrição mais detalhada 
dessas técnicas o leitor pode consultar “TOC – Manual da terapia cognitivo-
comportamental”,Porto Alegre: Editora Artmed, 2014 – Cap. 6 
 
 
Como são as sessões da terapia 
A TCC do TOC é um tratamento em geral é breve – entre 3 e 6 meses, com 
sessões semanais durando em torno de uma hora. Entre 10 a 15 sessões é o 
usual para a maioria dos pacientes. À medida que os sintomas forem diminuindo, 
os intervalos entre as consultas podem ser maiores. São recomendadas sessões 
periódicas de reforço, durante algum tempo, após o término do tratamento. 
Os objetivos de cada sessão (tarefas de casa) devem ser claros e 
operacionais: não lavar as mãos ao chegar em casa da rua, verificar a porta 
apenas uma vez antes de deitar, demorar no máximo 10 minutos no banho, sentar 
diariamente durante 30 minutos na cama com a roupa da rua. O ideal é selecionar 
quatro ou mais (podem ser 6 a 8) tarefas para cada intervalo entre sessões, 
solicitando o registro dos exercícios num caderno específico e propondo a 
freqüência e o tempo que o paciente deverá dedicar a elas. Recomenda-se, ainda, 
que as tarefas sejam repetidas o maior número de vezes possível. Quando a 
tarefa consiste em entrar em contato com objetos contaminados ou “sujos”, 
recomenda-se que o contato seja mantido até a ansiedade desaparecer por 
completo (habituação na sessão), lembrando que a ansiedade desencadeada será 
menor a cada exercício (habituação entre as sessões). 
 Os exercícios de exposição devem ter, no mínimo, 15 a 30 minutos de 
duração, podendo durar até 3 horas (quando se trata de prevenção de respostas 
ou de rituais) ou até o paciente não sentir mais nenhuma aflição ou impulso para 
executar rituais. A cada sessão, as tarefas de casa são revisadas. Aquelas que 
forem consideradas plenamente dominadas são substituídas por outras 
 
 
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inicialmente classificadas como tendo um grau maior de dificuldade e assim 
sucessivamente, até que toda a lista de sintomas tenha sido percorrida. As 
escalas Y-BOCS (Goodman et al.1989) ou OCI ou OCI–R (Foa et al. 
1998)disponíveis em www.ufrgs.br/toc e podem ser utilizadas para avaliar a 
progressão do tratamento. 
 
Etapas da terapia 
Fase inicial: avaliação do paciente, psicoeducação, elaboração da lista de 
sintomas e início dos exercícios de EPR 
 
Antes do início da TCC, é fundamental a avaliação do paciente para confirmar o-
diagnóstico de TOC, verificar a presença ou não de co-morbidades, doenças 
físicas, uso de medicamentos, resposta a tratamentos já realizados e outros 
fatores que eventualmente possam contraindicar tal modalidade de tra-
tamento.A resposta à TCC no TOC é excelente quando os sintomas são 
leves ou moderados, predominam compulsões, o paciente tem bom insight sobre 
os sintomas, está motivado e adere prontamente aos exercícios. 
Na avaliação do paciente é importante levar em conta a presença de fatores 
associados ao não aproveitamento da TCC. Vários estudos têm mostrado que 
aproveitam menos os pacientes que apresentam sintomasOC graves(Foa et al., 
1983); quando predominam obsessões especialmente quando não 
acompanhadas de rituais; com sintomas de colecionismo (Mataix-Cols et al., 
2002); que apresentam comorbidades associadas, como depressão ou 
ansiedade graves(Foa, 1979; Foa et al., 1983;Basoglu et al. 1998)psicoses, 
transtorno de personalidade esquizotípica(Minichiello et al. 1988;Jenike et al, 
1990), tiques ou Transtorno de Tourette, transtorno bipolar, abuso de álcool ou 
drogas, ou que apresentam idéias supervalorizadas sobre obsessões(Neziroglu et 
al., 1999).Também não aproveitam os pacientes que não suportam a elevação 
dos níveis de ansiedade, com pouco insight sobre os sintomas, pouca motivação 
 
 
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para o tratamento e que não aderem às tarefas. Uma pesquisa mostrou que a 
adesão às tarefas é talvez o fator mais crítico para a eficácia da terapia de EPR 
(Ito et al., 1995). Pacientes com convicção quase delirante ou supervalorizada 
sobre idéias obsessivas aderem pouco às tarefas de EPR (Neziroglu et al., 1999) 
e por conseguinte apresentam menor resultado com o tratamento(Foa, 1979). 
 
Psicoeducação 
 A psicoeducação é um elemento crucial da TCC e é uma estratégia 
importante para motivar o paciente e conseguir sua adesão a um tratamento que 
de início acarretará aumento da ansiedade. Algumas questões a serem 
esclarecidas pelo terapeuta: 
 O que é o TOC, o que são obsessões, compulsões e evitações; suas possíveis 
causas (o que se conhece e o que não se conhece); curso e prognóstico; 
 Os tratamentos disponíveis: vantagens e desvantagens de cada 
modalidade; as possibilidades de obter uma redução dos sintomas ou até 
a sua remissão completa com a terapia; 
 O racional da TCC e como ela pode provocar a redução dos sintomas: sua 
base no fenômeno da habituação e na correção de crenças distorcidas por 
técnicas cognitivas; seus alcances e limites, e as evidências de eficácia 
(resultados de pesquisas); 
 Como é a TCC na prática: duração, como são as sessões, os exercícios de EPR 
e de correção de pensamentos e crenças disfuncionais, nas sessões e a 
domicílio; 
 Como são negociadas as tarefas: nada será proposto que o próprio paciente 
não acredite ser capaz de realizar. 
 Como complemento da psicoeducação o terapeuta pode recomendar ainda a 
leitura de folhetos, livros ou a visita a sites especializados da Internet. Avaliar 
ainda a disponibilidade de tempo para as sessões e para a realização dos 
 
 
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exercícios (em geral, um mínimo de 20 horas é necessário), bem como condições 
de arcar com os custos caso o tratamento for pago. 
Envolvimento da família 
Na maioria das vezes o TOC interfere acentuadamente na vida da família. Os 
familiares podem ser importantes aliados na TCC ou, eventualmente, dificultá-la, 
se não compreenderem o que é o TOC e a base racional do tratamento. É 
conveniente que as mesmas explicações sejam dadas também a eles, em 
conjunto com o paciente, especialmente quando é uma criança ou adolescente 
para que compreendam o que é o transtorno, esclareçam suas dúvidas e sejam 
orientados em relação às atitudes mais adequadas, como, por exemplo, não 
reforçar rituais, não oferecer reasseguramentos, mesmo em momentos de grande 
ansiedade, ou evitar críticas caso ocorram lapsos ou recaídas. 
 
Identificação dos sintomas, elaboração da listahierarquizada e início da terapia de 
EPR 
Uma vez que o paciente concorde em realizar a TCC, a primeira tarefa é o 
treino na identificação e no reconhecimento dos diferentes sintomas do TOC. É 
fundamental que o paciente saiba identificar o que são obsessões, compulsões e 
evitações, bem como os medos e crenças distorcidas ou até errôneasque os 
acompanham para, num segundo momento, poder planejar os exercícios da 
terapia. 
 Para elaboração da lista de sintomas podem ser utilizados instrumentos 
auxiliares, como a Y-BOCS check-list, ou a Lista de Sintomas (disponíveis no site 
www.ufrgs.br/toc). É importante que a lista seja o mais detalhada possível, 
particularmente no que se refere aos rituais, registrando todos os locais, objetos, 
situações nos quais o paciente é atormentado por alguma obsessão e é compelido 
a realizar algum ritual ou a adotar algum comportamento evitativo. No 
preenchimento da lista, os sintomas são hierarquizados de acordo com o grau de 
ansiedade (0 a 4) que o pacientesente sempre que sua mente é invadida por 
 
 
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alguma obsessão ou que sentiria caso se abstivesse de realizar os rituais que 
costuma executar. 
Os exercícios de EPR são iniciados pelos sintomas considerados mais fáceis 
de serem enfrentados ou que provocam menos ansiedade, deixando-se para mais 
adiante os mais difíceis. Os exercícios são sempre decididos de comum acordo 
com o paciente e devem apresentar nível de dificuldade perfeitamente suportável 
para ele. É usual que sejam estabelecidas de 4 a 6 ou mais tarefas para casa ao 
final de cada sessão. 
Ao final da primeira ou da segunda consulta é usual a aplicação da escala Y-
BOCS ou OCI-R, e para se ter uma medida da gravidade dos sintomas e servir 
como referência para avaliar a redução dos sintomas com a terapia. 
Fase intermediária: introdução das técnicas cognitivas e continuação dos 
exercícios de EPR 
 
Uma vez começados os exercícios de EPR o paciente é familiarizado com o 
modelo cognitivo do TOC e as técnicas cognitivas para correção de pensamentos 
e crenças disfuncionais. Essas técnicas complementam os exercícios de EPR, que 
são as estratégias críticas para vencer os sintomas e são mantidas ao longo de to-
do o tratamento. A abordagem terapêutica que se inicia como terapia de EPR 
passa a ser terapia cognitivo-comportamental(TCC) e acredita-se que o paciente 
terá mais facilidade em realizar os exercícios quando compreende melhor seus 
medos, identifica seus pensamentos e crenças erradas e sabe como corrigi-los. 
Fase final: eliminação completa dos sintomas, prevenção de recaídas, alta e 
revisões periódicas 
Assim que os sintomas forem diminuindo, além de continuar com os exercícios de 
EPR e com as técnicas cognitivas, o paciente aprenderá algumas estratégias que 
o auxiliarão a prevenir recaídas, comuns no TOC. As sessões da terapia se 
tornarão mais espaçadas, e a alta será combinada quando a lista de sintomas for 
 
 
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inteiramente vencida e o paciente atingir o que se considera remissão completa – 
o desaparecimento quase total ou total dos sintomas. A meta da terapia é a 
eliminação completa dos sintomas. Um estudo mostrou que a remissão completa 
dos sintomas ao final do tratamento é um forte preditor para não recaídas depois 
do tratamento. (Braga et al., 2005). É usual ainda a combinação de algumas 
sessões de revisão. 
Estratégias para prevenção de recaídas,alta e revisões periódicas 
Quando a maioria dos sintomas tiver sido eliminada, pode-se propor o 
espaçamento das sessões e, posteriormente, a alta. Entretanto, como o TOC é um 
transtorno crônico sujeito a recaídas, ao final da terapia, é conveniente dedicar 
algum tempo ao desenvolvimento de estratégias para preveni-las. São comuns os 
lapsos, ou seja, episódios isolados de realização de rituais ou evitações, de curta 
duração e que ocorrem por distração, descuido ou falha nas estratégias de 
autocontrole. Os lapsos são importantes porque podem ser interpretados como 
recaídas ou como fracasso de todo o tratamento, provocando, 
eventualmente, descrença quanto à capacidade de um dia poder eliminar por 
completo os sintomas – e, em função desta descrença, uma recaída. Assim, é 
preciso lembrar o paciente de que pequenos lapsos são comuns, particularmente 
na fase de mudança e especialmente quando os rituais constituíam hábitos. Ao 
final do tratamento, é interessante treiná-lo em estratégias de prevenção de 
recaídas, que devem ser revistas e reforçadas em sessões periódicas de 
acompanhamento após a alta. 
Para a prevenção de recaídas as seguintes estratégias podem ser úteis: 
 1)Identificar, juntamente com o paciente, as situações internas (psicológicas) ou 
externas (ambiente, objetos) de risco (gatilhos) para a realização de rituais ou para 
a ocorrência de obsessões ou comportamentos evitativos: a hora de deitar ou de 
sair de casa para os verificadores, a chegada em casa para os que têm obsessões 
por contaminação. 
 
 
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 2)Preparar com antecedência estratégias de enfrentamento para lidar 
adequadamente com as situações de risco (gatilho) e evitar as recaídas: 
 Vigilância: estar atento para o autocontrole e não executar de forma automática 
os rituais a que estava habituado nas situações de risco. 
 Planejar com antecedência como irá se comportar no enfrentamento das 
situações de risco, tendo em vista o que deve fazer em termos de exposição e 
prevenção da resposta: por quanto tempo, onde, de que forma (“Vou sentar na 
cama com a roupa da rua quando chegar em casa, durante 15 minutos”). 
 Distração: procurar se entreter, durante situações de risco, com outros 
pensamentos ou com atividades práticas, como forma de reduzir a aflição e o 
impulso a realizar rituais. 
 Conversar consigo mesmo, dar ordens para si mesmo: “Você tem condições 
de se controlar!”, “Não vá verificar se a torneira ficou bem fechada!”, etc. 
 Uso de lembretes: “A aflição não dura para sempre!”, “Isso é o TOC!”, ou 
“Cuidado com o TOC!” 
 
A terapia comportamental de EPR: evidências de eficácia 
 
A terapia comportamental de EPR é eficaz em mais de 70% dos pacientes que 
aderem ao tratamento (Marks et al.1975). Uma eficácia semelhante ou levemente 
superior da terapia comportamental em relação aos inibidores da recaptação da 
serotonina foi verificada em ensaios clínicos (Mawson et al.,1982; Marks et al., 
1988) e em diversas meta-análises (Van Balkomet al., 1994; Abramovitz, 1997; 
Kobak et al., 1998). As recaídas aparentemente são menos freqüentes e ocorrem 
mais tarde com a terapia comportamental do que com os medicamentos 
(Simpsom et al.,2004). 
 Trabalhos mais recentes têm mostrado algumas vantagens da TCCem relação 
aos medicamentos (Foa et al. 2005; Souza et al. 2006). Um estudo verificou por 
 
 
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exemplo, que ela é mais efetiva em reduzir as compulsões; a intensidade da di-
minuição dos sintomas também é maior; um número maior de pacientes consegue 
a remissão completa dos sintomas(Souza et al. 2006). Um outro estudo, realizado 
em nosso meio, com crianças, verificou que aTCC em grupo e a sertralina foram 
efetivas, mas no longo prazo os pacientes tratados em grupo tinham níveis de 
sintomas menores do que tratados com sertralina (Asbahr et al.2005). 
Uma vantagem adicional da TCC no TOC, em relação aos medicamentos é o fato 
de ser um tratamento breve (10 a 20 sessões em geral), cujos efeitos se mantém 
no longo prazo. É interessante ainda a observação de que a TCC parece ser 
eficaz mesmo em pacientes que não respondem ou respondem parcialmente ao 
tratamento com psicofármacos (Simpsom et al., 1999, Cordioli et al, 2003; Tolin et 
al.,2004). Um outro estudo recente verificou que em crianças e adolescentes a 
combinação de TCC apresenta resultados superiores ao uso isolado de 
medicamentos (POTS, 2004). Um resultado semelhante foi observado em 
pacientes adultos (Tenneij et al., 2005). Estes últimos resultados reforçam a 
recomendação do Consenso para tratamento do transtorno obsessivo-
compulsivo que sugere, sempre que possível, a associação de TCC e 
medicamentos (March et al. 1997). 
 Dentre os problemas da TCC, talvez o mais importante seja a não adesão de 
um grupo significativo de pacientes, que por esse motivo não se beneficia. Um 
problema da terapia comportamental é o custo elevado do tratamento em 
comparação com os medicamentos se apenas o período de tratamento agudo for 
considerado, e não a manutenção em longo prazo, que tende a ser maior com os 
medicamentos. Além disso, na prática, a terapia comportamental continua sendo 
uma modalidade de tratamento pouco disponível à população, pois são 
relativamente raros os psiquiatrasque a utilizam em seus consultórios. 
 
A terapia cognitivo-comportamental em grupo 
 
 
 
25
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A falta de disponibilidade da terapia de EPR, bem como seu custo elevado, 
particularmente em serviços públicos de saúde e para as populações menos 
favorecidas tem limitado o uso da TCC no tratamento do TOC. Além das 
vantagens de permitir o tratamento de um número maior de pacientes a TCC em 
grupo faz uso dos fatores grupais acreditando-se que tais fatores pudessem 
influenciar os resultados do tratamento (Yalom, 1985). 
Diferentes ensaios clínicos abertos e randomizados e pelo menos uma 
metanálise comprovaram a eficácia da TCC em grupo (Cordioli et al., 2002, 2003; 
Jónsson,2009) semelhante à da terapia de EPR individual (Fals-Stewart et 
al.,1993), ou semelhante à da sertralina (Souza et al., 2006). Também foi 
verificada sua eficácia em crianças, tendo resultados superiores à da sertralina no 
longo prazo (Asbahr et al.2005).A TCC em grupo apresenta uma relação 
custo/benefício mais favorável, com custos cinco vezes menores do que os da 
terapia individual (Van Noppen et al., 1997; Van Noppen et al., 1998), além de 
disponibilizar o tratamento a um número maior de pessoas. Supõe-se que o 
enfoque grupal possa melhorar a adesão ao tratamento, uma limitação 
importante da TCC. 
Em nosso meio foi desenvolvido um protocolo de TCC em grupo de 12 
sessões semanais, e a sua eficácia foi comprovada tanto no curto como no longo 
prazo, revelando ainda uma boa adesão dos pacientes a essa modalidade de 
tratamento (Cordioli et al., 2002, 2003). O referido protocolo vem sendo utilizado 
com sucesso em diversas cidades brasileiras desde 1999 (e está disponível no 
site: www.ufrgs.br/toc . A TCC em grupo tem se revelado uma modalidade 
interessante para o tratamento do TOC em instituições. 
 
Questões em aberto e perspectivas futuras 
 Embora a TCC do TOC consiga beneficiar a maioria dos pacientes algumas 
questões importantes continuam em aberto e certamente serão temas das 
próximas pesquisas: 
 
 
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 Porque alguns pacientes, embora com sintomas graves podem ter uma 
remissão completa e rápida dos sintomas enquanto que outros não aderem 
aos exercícios e não melhoram? 
 Porque um grupo considerável de pacientes (ao redor de 30%) não adere 
aos exercícios e não se beneficia do tratamento? 
 Como conseguir a adesão desses pacientes ao tratamento e sua melhora 
com a TCC? 
 A adição das técnicas cognitivas aumenta a eficácia da EPR? Reduz ou 
não as recaídas? 
 Quais são os verdadeiros mecanismos pelos quais a TCC obtém os seus 
efeitos? 
 
COMENTÁRIOS FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS 
O modelo cognitivo-comportamental permitiu uma melhor compreensão dos 
fenômenos obsessivo-compulsivos, da importância de aprendizagens errôneas 
e de crenças disfuncionais na sua gênese e manutenção. Permitiu, ainda, a 
proposição de uma variedade de técnicas e estratégias que possibilitam a 
redução dos sintomas para a maioria dos pacientes e até sua eliminação 
completa. Constitui, juntamente com os psicofármacos, um dos tratamentos de 
escolha para o TOC. Por ser uma terapia breve, com base teórica simples e de 
aplicação relativamente fácil, desde que garantida a adesão do paciente, a 
TCC vem se constituindo num importante recurso terapêutico, em especial 
para os pacientes com sintomas obsessivo-compulsivos leves ou moderados, 
com predomínio de compulsões ou comportamentos evitativos, com 
intolerância aos efeitos colateraisou que por algum motivo estão 
impossibilitados de utilizar medicamentos e, sobretudo, para o grande número 
dos que não respondem ou respondem parcialmente à farmacoterapia. 
 
 
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 Restam alguns desafios que talvez possam ser resolvidos nos próximos 
anos: ampliar o alcance da TCC para o TOC, modificando algumas das suas 
estratégias para que um número maior de pacientes, atualmente refratários ou 
não aderentes, possa beneficiar-se dessa modalidade de tratamento. Um 
outro objetivo, importante sob o aspecto da saúde pública, é aumentar sua 
oferta à população pelo treinamento de um número maior de profissionais e 
talvez pela adoção por parte das instituições, do tratamento em grupo, formato 
que permite tratar um número maior de pacientes, com uma relação custo 
benefício bastante favorável. E finalmente um enfoque preventivo poderia ser 
adotado, com o desenvolvimento de técnicas e implementação de políticas 
visando o tratamento precoce de crianças e adolescentes que tem TOC e 
impedindo que ele se perpetue por toda a vida, com enormes custos 
pessoais, familiares e sociais. 
 
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