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LIVRO III Dos Fatos Jurídicos TÍTULO I Do Negócio Jurídico CAPÍTULO I Disposições Gerais 1) DOS FATOS JURÍDICOS (acontecimentos que possui consequência jurídica ) O FATOS se divide em MATERIAIS e JURÍDICOS. 1.1) FATO MATERIAL – é o fato desprovido de consequência para o Direito. – ex.: um raio caiu em alto mar. 1.2) FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO – é o fato que tem repercussão para o direito e pode ser natural ou humano: Todo acontecimento natural ou humano que criar, modificar, conservar ou extinguir direitos e obrigações. 1.2.1) FATO JURÍDICO NATURAL OU FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO – é um fato da natureza que tem relevância para o direito, também chamado de FATO JURÍDICO ESTRICTO SENSU pode ser: ordinário ou extraordinário. 1.2.1.1) FATO JURÍDICO NATURAL ORDINÁRIO: é aquele tem repercussão para o direito e ocorre usualmente como o nascimento e a morte que constituem respectivamente o termo inicial e final da personalidade, bem como a maioridade, o decurso do tempo, todos de grande importância, e outros. (ordinário: comum) 1.2.1.2) FATO JURÍDICO NATURAL EXTRAORDINÁRIO: é aquele tem repercussão para o direito e não ocorre usualmente como um tsunami, terremoto. (Extraordinário: fora do comum) Imprevisível: fortuito Ex: corona vírus. Previsível: força maior Ex: furacão, ele é previsível, porém não podemos impedir 1.2.2) FATO JURÍDICO HUMANO: também chamado de ATO JURÍDICO, que são condutas humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos relevantes ao direito e pode ser lícito ou ilícito. * Emissão de uma vontade humana que tem efeitos já previstos em lei 1.2.2.1) FATO JURÍDICO HUMANO ILÍCITO: ATO JURÍDICO, que são condutas humanas CONTRÁRIAS AO DIREITO, gerando a responsabilidade civil, por exemplo. Produzem efeitos jurídicos involuntários, mas impostos por esse ordenamento. Em vez de direito, criam deveres, obrigações. Hoje se admite que os atos ilícitos integram a categoria dos atos jurídicos pelos efeitos que produzem (são definidos no art. 186 e geram a obrigação de reparar o dano, como dispõe o art. 927, ambos do CC). ** Ato contrário ao ordenamento jurídico, a pessoa que praticar o ato ela vai sofrer consequências. Art. 186 a 188 1.2.2.2) FATO JURÍDICO HUMANO LÍCITO: ATO JURÍDICO, que são condutas humanas DE ACORDO COM DIREITO, e pode ser stricto sensu, negócio jurídico, ato fato. 1.2.2.2.1) FATO JURÍDICO HUMANO LÍCITO – ATO JURÍDICO STRICTO SENSU (sentido estrito): apesar de decorrer da vontade da humana, tem todos efeitos vinculados na lei. Daí porque a doutrina fala que os efeitos são ex legem. Reconhecimento voluntário de filiação, domicílio. É um ato de vontade própria, mas os efeitos já estão previstos, não pode ser colocada ressalva, como excluir o efeito de dever de alimentos. A conduta humana vai decorrer de um ato de vontade (a prática). No ato jurídico no sentido estrito, eu tenho vontade de praticar a conduta, porém eu não vou ter controle de nenhuma consequência. (consequências previstas em lei. Ex: pensão) ** Ato de vontade no direito: é considerado um ato de consciência. Ex: eu não queria estar na aula, porém eu tenho consciência que tenho que estar aqui. Toda vez que eu praticar um ato licito e a consequência estiver descrita em lei, eu estou praticando um ato sentido estrito. 1.2.2.2.2) FATO JURÍDICO HUMANO LÍCITO – NEGÓCIO JURÍDICO: decorre da vontade humana e seus efeitos podem ser regulados pelas partes, sendo ex voluntati. CONTRATO . ** A conduta humana vai decorrer de um ato de vontade ( a prática ) Ex: contrato; testamento ( partilha de bens ) 1.2.2.2.3) FATO JURÍDICO HUMANO LÍCITO – ATO FATO: totalmente doutrinário. INICIA-SE com uma conduta humana (ato – conduta humana voluntária) mas TERMINA como um fato, pois a conduta não é valorada pelo direito. Teoria de Pontes de Miranda que dá validade aos atos dos incapazes quando são pequenos contratos como compra de doces, passagem do coletivo. * No ato-fato jurídico ressalta-se a consequência do ato, o fato resultante, sem se levar em consideração a vontade de praticá-lo. Muitas vezes o efeito do ato não é buscado nem imaginado pelo agente, mas decorre de uma conduta e é sancionado pela lei, como no caso da pessoa que acha, casualmente, um tesouro. A conduta do agente não tinha por fim imediato adquirir-lhe a metade, mas tal acaba ocorrendo, por força do disposto no art. 1.264 do Código Civil, ainda que se trate de um absolutamente incapaz. É que há certas ações humanas que a lei encara como fatos, sem levar em consideração a vontade, a intenção ou a consciência do agente, demandando apenas o ato material de achar. Assim, o louco, pelo simples achado do tesouro, torna-se proprietário de parte dele. Essas ações são denominadas pela doutrina atos-fatos jurídicos, expressão divulgada por Pontes de Miranda. * Condutas humanas que não são necessariamente conscientes. A vontade é irrelevante mais ainda vou ter consequências jurídicas. NEGÓCIO JURÍDICO · O negócio jurídico tem que existir, ter validade e surgir efeito. Negócio jurídico é o ato jurídico com composição de interesses das partes com uma finalidade específica. Manifestação da vontade humana objetivando criar, modificar, conservar ou extinguir relações jurídicas Ex.: CONTRATOS e TESTAMENTO Escada/escala Pontiana: o negócio jurídico deve ser visto nos PLANOS DA: EXISTÊNCIA: são os elementos estruturantes do negócio, necessários para existir: são substantivos – agente, objeto, vontade exteriorizada (consentimento) e forma. Elementos constitutivos do negócio jurídico: a) Manifestação de vontade: expressa ou tácita (art. 111) (ato consciente) b) Agente: emissor da vontade c) Objeto: (ele não é necessariamente um bem material, ele é aquilo que diz respeito ao negócio jurídico). d) Forma: modo como o negócio é feito Ex: contrato verbal; Contrato escrito, ou seja, como o contrato é feito. VALIDADE: está no art. 104 do CC. É um juízo de adequação ou pertinência e vou acrescentar adjetivos aos substantivos previstos no plano da existência. – Agente CAPAZ, objeto LÍCITO, possível, determinado ou determinável, forma PRESCRITA ou NÃO DEFESA EM LEI e vontade HÍGIDA. Sujeito: tem que ser capaz. Maior de 18 anos. Absolutamente incapaz (nulo) tem que ser representado relativamente incapaz maior de 16, menor de 18 (anulável): tem que ser assistido. Objeto: tem que ser lícito (aquele que não atenta contra a lei, objeto não pode ser ilegal (compra e venda de drogas ilícitas) · Possível tem que ser tanto física quanto jurídica, uma impossibilidade física seria quando o negócio não pode acontecer devido as leis da natureza Ex: não pode haver contratos para entregar a lua á outra pessoa, isso seria uma impossibilidade física. *Impossibilidade jurídica: seria quando o próprio ornamento jurídico impede esse negócio Ex: não é possível haver contrato dispondo sobre um bem que faz parte de uma herança de uma pessoa que está viva. · determinado ou determinável: nesse caso deve ser indicado ao menos o gênero e a quantidade, por exemplo, você é um fazendeiro que vende varias sacas de grãos, e alguém quer comprar uma saca de você, é preciso saber pelo menos o gênero: se vai ser feijão, milho e também a quantidade: uma saca, 2 sacas. É o mínimo que precisa ser especificado. Forma: prescrita (prevista na lei) ou não defesa (proibida) em lei. A lei vai falar a forma como deve ser feito. Ex: por escritura pública. * Se a lei não falar a forma como deve ser, ela será (livre). *Mas se caso a lei determinar uma forma específica como por exemplo compra e venda de um imóvel que custa mais de 30 salários mínimos, nesse caso só vai ser valido se for feito por escritura pública, se a compra e venda não for feita a venda do imóvel é NULA. Manifestação de vontade: livre e sem vícios · Se não preencher nenhum deles o negócio será inválido. · Absolutamente incapazes ou relativamente capazes, podem ser assistidos. Quando houver algo jurídico o titular é o absolutamente incapaz, o representante só supriu a falta da capacidade. Ex: o João de 17 anos foi comprar umcarro com um representante. · Conceito de Lícito: é tudo aquilo que não é proibido EFICÁCIA: diz respeito a produção de efeitos que em regra é automático. Mas podem existir fatores que modulem os efeitos, chamados de ELEMENTOS ACIDENTAIS, que são: CONDIÇÃO, TERMO E MODO/ENCARGO. CONDIÇÃO: é uma cláusula que subordina o efeito do ato jurídico a um evento que é futuro e incerto, ela se estabelece por vontade das partes. * Ex: um pai disse à filha, se você passar no vestibular eu te dou um carro. É garantido que a filha vai passar no vestibular? Não, é um evento futuro e incerto. O negócio só vai ser eficaz quando acontecer ou seja quando a filha passar no vestibular. A condição tem que ser lícita e possível. Já com relação aos efeitos da condição existe uma divisão bem importante entre a condição resolutiva e suspensiva. Suspensiva: são aquelas que enquanto elas não se verificarem impedem que o negócio jurídico gere efeitos Ex: SE a filha passar no vestibular. Resolutiva: acontecem quando o direito transferido para o negocio jurídico é resolvido, extinto diante da ocorrência de um evento futuro e incerto Ex: um pai que combina com um filho, que vai lhe dar uma mesada até que ele se case. Nesse caso, o filho já está ganhando a mesada que será extinta caso ele venha à se casar. É uma condição resolutiva. Logo, um negócio pode existir e não ser válido (ex.: celebrado por absolutamente incapaz). Pode existir, ser válido e ineficaz (ex.: um testamento revogado antes do falecimento do testador). · Condição: Ele é valido mais pode ou não existir efeitos. · Termo: prazo TERMO: nos temos um futuro certo. É uma cláusula que subordina o efeito do ato jurídico, a um evento que é futuro e certo. Ex: quando chover novamente eu dou pra você um guarda-chuva. Ou seja, vai chover algum dia, só não sabemos quando. Termo inicial: suspende-se o exercício do direito mais não a aquisição do direito. O direito já é adquirido, pois o futuro é certo. MODO/ENCARGO: É uma determinação que uma pessoa impõe á outra, para ser beneficiado por um ato de liberalidade. Ex: um pai dará ao filho um carro, mais só irá recebe-lo se ele aceitar o encargo de levar á mãe para onde ela desejar. Ou seja, o filho só vai ser beneficiado se ele cumprir o encargo. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: Elementos essenciais do negócio: Manifestação livre da vontade: I - agente capaz; Capacidade de Direito – toda pessoa tem Capacidade de fato – exercício deste direito Capacidade geral ou plena é a soma das duas Capacidade genérica e específica – legitimação (autorização ou capacidade negocial). II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; Lícito – não vedado pelo ordenamento Possível – materialmente/fisicamente possível Determinado ou determinável – ter ao menos gênero e quantidade, pode ter qualidade também. III - forma prescrita ou não defesa em lei. A regra geral é forma livre – art. 107 Em regra, contratos GRATUITOS tem a forma ESCRITA. Exceto a doação manual que é a de bens de pequeno valor e com tradição imediata. Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum. Art. 106. A impossibilidade INICIAL do objeto não invalida o negócio jurídico: se for RELATIVA*, ou **se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. * IMPOSSIBILIDADE RELATIVA DO OBJETO é relacionada a determinada pessoa, ou seja, é possível para outras. * IMPOSSIBILIDADE ABSOLUTA – ART. 166, II ** BEM PASSAR A EXISTIR ANTES DA CONDIÇÃO Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a ESCRITURA PÚBLICA É ESSENCIAL À VALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS QUE VISEM À CONSTITUIÇÃO, TRANSFERÊNCIA, MODIFICAÇÃO OU RENÚNCIA DE DIREITOS REAIS SOBRE IMÓVEIS DE VALOR SUPERIOR A (30) TRINTA VEZES O MAIOR SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE NO PAÍS. Art. 462. O contrato preliminar, EXCETO QUANTO À FORMA, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Ou seja, o contrato preliminar SEMPRE terá forma LIVRE. Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem INSTRUMENTO PÚBLICO, este é da substância do ato. Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. RESERVA MENTAL: é a ocultação da verdadeira vontade com intenção de enganar o outro, não sendo necessário o intuito de prejudicar, já que a lei não exige o prejuízo, mas apenas a vontade de ludibriar. Caso a parte contrária não saiba, os efeitos ocorrerão como manifestados, pouco importando a reserva mental. PROTEGE-SE O DESTINATÁRIO DA MANIFESTAÇÃO e não quem manifestou. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem E não for necessária a declaração de vontade expressa. Ou seja, em regra, quem cala não consente, pois só vai importar em anuência quando preencher os dois requisitos cumulativamente. Ex.: doação pura – art. 539 CC: O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo. CAPÍTULO II Da Representação Art. 115. Os poderes de representação CONFEREM-SE POR LEI ou PELO INTERESSADO. Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado. Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é ANULÁVEL o negócio jurídico que o REPRESENTANTE, no seu interesse ou por conta de outrem, CELEBRAR CONSIGO MESMO. A doutrina chama de auto-contrato ou contrato consigo mesmo. Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos. Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem. CAPÍTULO III Da Condição, do Termo e do Encargo Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando EXCLUSIVAMENTE DA VONTADE DAS PARTES, subordina o efeito do negócio jurídico a evento FUTURO E INCERTO. Virá com um “SE” (condição suspensiva) ou “ENQUANTO” (condição resolutiva) Tem que ser incerteza OBJETIVA, ou seja, de toda sociedade. INCERTEZA SUBJETIVA é a de uma ou poucas partes – não aceita – chamada de condição IMPRÓPRIA CONDIÇÃO PODE SER: SUSPENSIVA – art. 125 – enquanto não implementada deixa sem efeito o negócio jurídico. RESOLUTIVA Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. A condição PURAMENTE POTESTATIVA ou ARBITRÁRIA é aquela que subordina o negócio ao PURO ARBÍTRIO de uma das partes – art. 489 CC A condição MERAMENTE POTESTATIVA É VÁLIDA, pois atrela a um fator externo, como oferecer um prêmio em caso de vitória, a vitória não depende exclusivamente da vontade do atleta Art. 123. INVALIDAM OS NEGÓCIOS jurídicos que lhes são subordinados: I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível. Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à CONDIÇÃO SUSPENSIVA, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direi to, a que ele visa. Ou seja, o negócio não tem efeito até que seja implementada. Não havendo nem aquisição nem exercíciode direito. Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis. Art. 127. Se FOR RESOLUTIVA A CONDIÇÃO, enquanto esta se não realizar, VIGORARÁ O NEGÓCIO JURÍDICO, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. Pagar uma mesada até passar em um concurso público. Implementada a condição a resolução é automática Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. DO TERMO Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Dies a quo Como é evento futuro e CERTO, já ADQUIRIU O DIREITO. Apartamento que será entregue no dia tal – desde já é dono, mas só vai morar quando for entregue. Dies ad quem - O TERMO FINAL RESOLVE O NEGÓCIO. Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. § 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. § 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. § 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. § 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. DO ENCARGO - MODO Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. CAPÍTULO IV Dos Defeitos do Negócio Jurídico VÍCIOS SOCIAIS: simulação* (controvertido) art. 167 e fraude contra credores – art. 158 VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão. * O ÚNICO VÍCIO QUE ACARRETA NULIDADE ABSOLUTA É A SIMULAÇÃO. Seção I Do Erro ou Ignorância Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. NÃO SE ANALISA MAIS ESCUSABILIDADE: ENUNCIADO CJF: 12 – Art. 138: Na sistemática do art. 138, é IRRELEVANTE ser ou não escusável o erro, porque O DISPOSITIVO ADOTA O PRINCÍPIO DA CONFIANÇA. O erro é um engano espontâneo, enquanto o dolo é o engano induzido. Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza DO NEGÓCIO, ao OBJETO PRINCIPAL da declaração, ou a alguma das QUALIDADES A ELE ESSENCIAIS; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da PESSOA a quem se refira a declaração de vontade, DESDE QUE TENHA INFLUÍDO NESTA DE MODO RELEVANTE; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo ÚNICO ou PRINCIPAL do negócio jurídico. Compra terreno para lotear, mas ao requerer o alvará, descobre que não é possível lotear. ERRO ACIDENTAL: é aquele que recai sobre qualidade secundária do negócio. Não tem efeito para o direito. Só se descobre caso a caso, pois só assim para saber se foi determinante. Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade QUANDO EXPRESSO como razão determinante. Compra uma farmácia por valor alto porque o vendedor falou que a clientela é boa e o lugar vende muito. Mas aí depois descobre que não vende nada. Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. Seção II Do Dolo Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. DOLO CAUSAM OU PRINCIPAL – é causa determinante da vontade. Dolus Bonus (puffing) – é o exagero do mercado e não anula o negócio jurídico. É a promessa publicitária de fazer mais do que se espera do produto, mas de uma maneira que se perceba o absurdo como Red Bull te dá asas. Dolus Malus – é a intenção de se prejudicar alguém. Dolo pode ser POSITIVO ou COMISSIVO e também pode ser NEGATIVO ou OMISSIVO. Art. 146. O dolo ACIDENTAL só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. Dolo ACIDENTAL OU INCIDENS NÃO CONTAMINA A VONTADE Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, PROVANDO-SE QUE SEM ELA O NEGÓCIO NÃO SE TERIA CELEBRADO. Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por DOLO DE TERCEIRO, SE A PARTE A QUEM APROVEITE DELE TIVESSE OU DEVESSE TER CONHECIMENTO; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. Dolo bilateral ou recíproco. Não importa o grau de dolo de cada um! Seção III Da Coação Vis absoluta – é a coação física e neste caso acarreta inexistência do negócio e não tem prazo para ser discutida. Vis compulsiva – é a coação moral – motivo de anulabilidade do negócio em 4 anos. Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus BENS. Parágrafo único. Se disser respeito a PESSOA NÃO PERTENCENTE À FAMÍLIA DO PACIENTE, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o SEXO, a IDADE, a CONDIÇÃO, a SAÚDE, o TEMPERAMENTO do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. Temor reverencial não é causa de anulabilidade do negócio. Temor reverencial é aquele receio resultante do respeito ou da estima que se dedica a alguém, de modo que se receie causar qualquer desgosto ou aborrecimento a alguém. Segundo a opinião oportuna de Clóvis Beviláqua: “não sendo acompanhado de ameaças e violências, nem assumindo a forma de força moral irresistível, é influência incapaz de viciar o ato” Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por TERCEIRO, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. Seção IV Do Estado de Perigo Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de GRAVE DANO CONHECIDO PELA OUTRA PARTE, assume obrigação excessivamente onerosa. No estado de perigo há o dolo de aproveitamento: é o grave dano conhecido pela outra parte. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. Seção V Da Lesão Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por INEXPERIÊNCIA, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. § 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao TEMPO EM QUE FOI CELEBRADO O NEGÓCIO JURÍDICO. NA ONEROSIDADE EXCESSIVA, o desnível contratual é posterior à celebração do negócio (art. 317, 478)teoria da imprevisão – clausula rebus sic stantibus. Na LESÃO o desnível é concomitante, contemporâneo, ou até anterior à formação do negócio. § 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. Seção VI Da Fraude Contra Credores Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. AÇÃO PAULIANA OU REVOCATÓRIA que tem prazo de 4 anos decadenciais para sua propositura é o instrumento para se anular fraude contra credores. Fraude contra CREDORES é vício do negócio – para ser reconhecida deve ser atacada por ação pauliana – é caso de anulabilidade. Fraude contra EXECUÇÃO é ato atentatório à Justiça – será reconhecida na execução ou na sentença – gera ineficácia do ato. Fraude contra a LEI é a violação de norma cogente – para ser reconhecida por ação declaratório de nulidade – gera nulidade do ato. § 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente. § 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles. Art. 159. Serão igualmente anuláveis os CONTRATOS ONEROSOS do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada. CAPÍTULO V SIMULAÇÃO Art. 167. É nulo o negócio jurídico SIMULADO, mas subsistirá o que se dissimulou*, se válido for na substância e na forma. VÍCIO SOCIAL - na simulação há um desacordo entre a vontade declarada ou manifestada e a vontade interna SIMULAÇÃO ABSOLUTA – GERA NULIDADE e corresponde à declaração de vontade emitida para não gerar efeitos. pai doa imóvel para filho, com o devido registro no Cartório de Registro de Imóveis, mas continua usufruindo do mesmo, exercendo os poderes do domínio sobre a coisa SIMULAÇÃO RELATIVA – Um aparente (simulado) e um escondido (dissimulado) Prevê a existência de dois negócios, um, simulado e nulo que aparece para o mundo e *OUTRO dissimulado, que valerá para as partes. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. Da Invalidade do Negócio Jurídico TEORIA DAS INVALIDADES OU NULIDADES: INVALIDADE TEM QUE ESTAR EXPRESSA EM LEI NULIDADE ABSOLUTA: ARTS 167 E 166 DO CC. atinge interesse público – opera de pleno direito – Sentença DECLARATÓRIA – efeitos ex tunc - são legitimados para requerer a nulidade: qualquer interessado e até o MP art. 82 CPC. Não se sujeita a prazos prescricionais nem decadenciais. Não admite ratificação/confirmação. NULIDADE RELATIVA: atinge interesse particular – não opera de pleno direito - Ope judicis -Sentença CONSTITUTIVA – efeitos ex nunc. – são legitimados as partes interessadas - Se sujeita a prazos decadenciais. Admite ratificação/confirmação Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; Ex.: vende-se um automóvel para que seja utilizado num sequestro; empresta-se uma arma para matar alguém; aluga-se uma casa para a exploração de lenocínio IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; Ex.: retrovenda celebrada, cujo objetivo é o de dar aparência de legalidade a um contrato de mútuo em que foram cobrados juros abusivos VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Contrato que tem por objeto herança de pessoa viva – art. 426 Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. Parágrafo único. As nulidades DEVEM ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. Art. 170. Se, porém, O NEGÓCIO JURÍDICO NULO contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. CONVERSÃO SUBSTANCIAL – é o remédio para o negócio NULO. Requisitos para a conversão: OBJETIVO: que os elementos materiais sejam aproveitados no novo negócio. SUBJETIVO: que a intenção das partes seja aproveitada no novo negócio. Preenchidos os requisitos, o negócio nulo se CONVERTERÁ em um OUTRO NEGÓCIO. Ex.: fez um contrato de compra e venda por instrumento particular – nulo. Dá para converter em uma promessa de compra e venda que não precisa de forma específica. Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é ANULÁVEL o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Art. 172. O negócio anulável PODE SER CONFIRMADO pelas partes, salvo direito de terceiro. A CONFIRMAÇÃO/CONVALIDAÇÃO pode ser expressa ou tácita. A TÁCITA decorre do transcurso do tempo decadencial para pleitear a nulidade. A expressa é que tem manifestação. Art. 173. O ato de CONFIRMAÇÃO deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo. Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava. Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor. Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente. Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. Art. 178. É de quatro (4) anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; CUIDADO: NÃO ESTÁ AQUI A SIMULAÇÃO, POIS O ATO É NULO E NÃO TEM PRAZO! III - no de atos de incapazes,do dia em que cessar a incapacidade. Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, SEM ESTABELECER PRAZO para pleitear-se a anulação, será este de dois (2) anos, a contar da data da conclusão do ato. Art. 180. O menor, entre (16) dezesseis e (18) dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente. Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio. Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, SE ESTA FOR SEPARÁVEL; a invalidade da OBRIGAÇÃO PRINCIPAL IMPLICA a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. TÍTULO II Dos Atos Jurídicos Lícitos Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior.