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Aula 4 Acao Popular

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Profª Alessandra Malheiros Fava da Silva
Direito ConstItucional Econômico e Processo Constitucional
Aula 4
Ação Popular
AÇÃO POPULAR 
I – CONCEITO :
 	A ação popular é um instrumento de democracia participativa (CF, art. 1º, §U), uma ferramenta por meio da qual o cidadão pode participar do controle dos atos da Administração, fiscalizando sua idoneidade. Além disso, ela permite ao cidadão atuar judicialmente em defesa do meio ambiente, seja nos seus aspectos naturais, seja nos artificiais ou culturais (patrimônio histórico e cultural) 
 	
A ação popular tem lastro no art. 5º, LXXIII, da Constituição Federal:
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
No plano infraconstitucional, é disciplinada na Lei 4.717, de 29.06.1965, conhecida como Lei da Ação Popular (LAP)
Art. 1º da Lei da Ação Popular:
"qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autáquicas, de sociedades de economia mista, de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos".
 	O patrimônio público não se reduz aos bens estatais. 
 	Nada obstante o qualificativo público do patrimônio estatal, este diz respeito ao titularizado pelas pessoas jurídicas de direito público de administração direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), às pessoas jurídicas de direito público da administração indireta (autarquias e fundações públicas etc.) e às pessoas jurídicas de direito privado da administração indireta (sociedades de economia mista, empresas públicas etc.). Além desse patrimônio público-estatal, há o patrimônio público-coletivo. Ambos pertencem à sociedade. O meio ambiente, o histórico, o cultural, o paisagístico etc. Esse patrimônio não tem como titular o Estado – aqui entendido como Poder Público – mas a própria sociedade, que é a titular desses bens.
À luz dos textos constitucional e legal, podemos dizer que a AP - ação popular é a ação constitucional cível contra ato lesivo ao patrimônio estatal ou ao patrimônio público-coletivo da sociedade.
** A LAP determina a aplicação subsidiária do CPC, naquilo que não contrariar suas próprias regras ( LAP , art. 22)
 	A Ação popular é espécie do gênero ação coletiva, integrando o mesmo microssistema da ação civil pública, do mandado de segurança coletivo e da ação de improbidade.
OBS: Por conta da proximidade dos fins a que se destinam tais ações, havendo lacunas na LAP, convém, primeiramente, buscar socorro nas normas do próprio microssistema de tutela coletiva, antes de se valer das regras do CPC.
II - REQUISITOS 
 	A viabilização da ação popular invoca a presença de três requisitos fundamentais que constituem pressupostos da demanda:
- a condição de cidadão; 
- ilegalidade ou ilegitimidade do ato impugnado; 
- lesividade. 
****O ajuizamento de ação deve ser feito por cidadão brasileiro, no gozo de seus direitos cívicos e políticos, traduzidos na qualidade de eleitor. 
III. Natureza jurídica.
A AP tem natureza de instituto processual constitucional. É garantia fundamental do cidadão vocacionada para a realização do direito à proteção do patrimônio público.
IV- OBJETO:
 O objeto da Ação Popular é anular ato ilegal e lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico, artístico e cultural, chamados de Interesses Difusos. 
V - LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA:
 	A legitimidade para propor a Ação Popular é de qualquer cidadão que estiver no gozo de seus direitos políticos, devendo estar quite com suas obrigações eleitorais, apresentando na inicial o último comprovante de votação (art. 5º, LXXIII da C.F., e art. 1º da Lei 4.717/65), sendo facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular. 
 	
 	A legitimidade passiva será das pessoas jurídicas de direito público ou privado e das entidades referidas no art. 1º da Lei 4.717/65, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo (art. 6º da Lei 4.717/65). 
*****Cabe ao Ministério Público participação singular no processo, sendo a parte pública autônoma responsável pela regularidade do processo, pelas provas e promoção da responsabilidade civil ou criminal dos culpados. Havendo abandono da ação, verificado o interesse público, caber-lhe-á promover seu prosseguimento. 
V I- COMPETÊNCIA 
- A competência para julgar a ação popular é determinada pela origem do ato impugnado. Em se originando de funcionário, órgão ou entidade ligada à União, será competente o juiz da Seção Judiciária Federal do local onde o ato foi praticado. Em se originando de funcionário, órgão ou entidade ligada ao Estado, será competente o juízo indicado na lei de organização judiciária estadual. Se municipal a origem do ato, será o juiz da comarca onde o ato foi praticado. 
***A propositura da ação prevenirá o juízo para todas as ações que forem intentadas contra as mesmas partes, sob o mesmo fundamento. 
VII-DO PROCESSO
 A Ação Popular segue o rito ordinário, devendo a petição inicial preencher os requisitos do art. 282 do C.P.C. 
****O juiz em seu despacho inicial determinará a citação pessoal de todos os responsáveis pelo ato impugnado e a citação editalícia e nominal de todos os beneficiários do ato, se o autor assim requerer, determinando, também, a intimação do Ministério Público. Se revéis, lhe serão nomeados curador especial. 
Observações:
- Depois de definida a lide a defesa não mais poderá ser alterada, ainda que haja substituição do diretor da entidade ou do governante, procedimento totalmente justificável por ser a Administração Pública una e perene. 
 - O prazo de contestação de 20 dias, comum a todos os Réus, prorrogáveis por mais 20 dias, a requerimento do interessado, se difícil a produção de prova documental. Havendo prova a ser produzida na audiência, o processo seguirá o curso ordinário. 
A Lei circunscreve o pedido do autor à: 
a) decretação da invalidade do ato ou da omissão administrativa; 
b) desconstituição do ato; 
c) condenação na reparação dos prejuízos causados ao erário público em virtude do ato ou da omissão de seus responsáveis e/ou beneficiários;
d) condenação na restituição de bens e valores indevidamente apropriados. 
****Caso o autor não tenha a posse dos documentos comprobatórios do ato lesivo e ilegal, poderá requerer ao juiz que solicite às autoridades que os apresente em juízo. 
****Salvo comprovada má-fé, o autor ficará isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência, prescrevendo a ação em 05 (cinco) anos – art. 21 da Lei 4.717/65. 
VII- DA LIMINAR
Art. 5º, § 4º da Lei 4.717/65. 
Na Ação Popular pode ser requerida a medida liminar para suspender o ato lesivo impugnado, bem como a antecipação da tutela – art. 273 e 461 do C.P.C., e demais medidas cautelares preparatórias e incidentais, desde que presentes os requisitos autorizadores. 
VIII- DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
A sentença pode ser declaratória, constitutiva
ou condenatória. Sendo procedente a ação, três são as situações a considerar: a) a do ato impugnado; b) a dos responsáveis pelo ato; c) a dos beneficiários do ato.
***Pela natureza civil, a ação popular não comporta condenações políticas, administrativas ou criminais. Comprovada infringência na norma penal ou falta disciplinar, de ofício o juiz determinará o encaminhamento de peças ao Ministério Público e/ou à autoridade a quem competir a aplicação da pena. 
****Após a conclusão dos autos o juiz terá 15 dias para proferir a sentença, sob pena de ficar impedido de promoção por 2 anos na lista de antiguidade e ter descontado tantos dias quantos forem o de retardamento da decisão.
****Julgado procedente o pedido os efeitos da sentença será erga omnes. No entanto, torna-se necessário distinguir-se três situações: 
a) a sentença que julga procedente o pedido; 
b) a sentença que julga improcedente o pedido em seu mérito; 
c) a sentença que julga improcedente o pedido por falta de provas. 
Nos dois primeiros casos, quando definitiva, a sentença tem eficácia de coisa julgada, oponível erga omnes, não sendo aceito que outra ação tenha o mesmo fundamento e objeto. Porém no terceiro caso, como não houve decisão sobre o mérito, poderá ser intentada nova ação com o mesmo fundamento se novas provas forem apresentadas. 
A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência do pedido está sujeita ao duplo grau de jurisdição – art. 19 da Lei 4.717/65. (reexame necessário)
IX- DOS RECURSOS
 	A lei da Ação Popular é clara: as Decisões Interlocutórias podem ser combatidas pelo Recurso de Agravo de Instrumento e a sentença por Recurso de Apelação – art. 19 da Lei. (Contudo, sendo aplicável subsidiariamente o Código de Processo Civil, podem ser utilizados todos os recursos disponíveis no processo civil ordinário) 
 	Estão legitimados para recorrer às partes do processo, o Ministério Público nos casos de derrota parcial ou total do cidadão, o terceiro prejudicado quando houver sucumbência 
X- DA EXECUÇÃO
 Transitada em julgado a sentença constitui título para execução popular. 
 	Havendo condenação para se restituir bens ou valores, a execução será para entrega de coisa certa, enquanto que poderá ser por quantia certa, caso relativa a perdas e danos, ou se determinar reposição de débitos, ou se impuser pagamento devido.
 	Ao réu condenado que percebe dos cofres públicos, a execução far-se-á pelo desconto em folha e pagamento até que se atinja o valor do dano causado, se assim convier ao interesse público. 
Poderão promover a execução popular: o autor, qualquer cidadão, representante do Ministério Público e as entidades chamadas na ação. 
***O representante do Ministério Público promoverá a execução se após 60 dias transcorridos da publicação do julgado condenatório seja constatada a inércia do autor ou de qualquer cidadão. Caso não o faça nos próximos 30 dias ficará sujeito a pena de falta grave

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