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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS – UFSCAR CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA – CCET DEPARTAMENTO DE FÍSICA Métodos de Caracterização – Prof. Dr. Waldir Avansi Junior RELATÓRIO 2 – MICROSCOPIA ELETRÔNICA Alunos autores Julianna Vieira – 496316 Vanessa Silva – 496154 São Carlos, 03 de junho de 2015 1. INTRODUÇÃO TEÓRICA 1.1 - História da Microscopia As primeiras lentes surgiram com o desenvolvimento de óculos, a partir disso apareceram os primeiros microscópios na Itália em 1280. A partir disso as tecnologias foram evoluindo até que o primeiro microscópio foi desenvolvido pelo Holandês Zacharias Jansen o qual continha duas lentes e aumento máximo de 9x. Já no século XVII Antoni Van Leeuwenhock desenvolveu um microscópio com aumento superior a 200x isso porque a diferença estava na qualidade das lentes as quais evitavam aberrações(cromáticas e esféricas). E em 1877 Ernst Abbe teve uma importante conclusão a respeito do poder de resolução dos microscópios, este conclui que o poder de resolução dependia da abertura numérica da lente e do comprimento de onda da luz utilizada. A partir disso os pesquisadores perceberam que com a microscopia ótica eles estavam limitados com o comprimento de onda da luz, chegaram a conclusão de que se conseguissem diminuir este comprimento de onda poderiam aumentar o poder de resolução e assim ter um maior aumento das imagens estudadas. A partir destas conclusões que no século XX foi desenvolvida a microscopia eletrônica. 1.2 – Microscopia Na microscopia ótica utiliza-se radiações de ondas luminosas com comprimento de onda na faixa do visível do espectro. Estas radiações são refratadas através de lentes de vidro sendo que a área observada apresenta-se iluminada e a imagem do objeto observado se apresenta com um tom mais escuro. Microscópios óticos apresentam aumento em torno de 1.000 X. Na microscopia eletrônica a radiação emitida é a de feixe de elétrons, sendo que este é refratado por lentes eletrônicas. Microscópios eletrônicos produzem aumentos que variam de aproximadamente 200.000 a 400.000 vezes, e tendo o poder de resolução cerca de 100 vezes maior que o de um microscópio ótico. Os microscópios eletrônicos são divididos em dois tipos: O microscópio eletrônico de varredura e o microscópio eletrônico de transmissão. Tanto o microscópio Eletrônico de varredura quanto o Microscópio Eletrônico de transmissão têm seu poder de resolução ligado diretamente com o comprimento de onda empregado. Quanto maior a Voltagem empregada, menor será o comprimento de onda, além do que, com uma maior abertura numérica obtida em função da diminuição da distância focal menor será o comprimento de onda, maior a resolução. A partir das equações é possível observar a relação entre o comprimento de onda e a voltagem(aceleração): 𝜆 = ℎ √2𝑚0𝑒𝑉 𝑃𝑜𝑑𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 = 0.61𝜆 𝐴𝑁 Sendo λ o comprimento de onda, e AN a abertura numérica. Figura 1: Comparação estrutural entre microscópio ótico e Microscópio eletrônico de varredura 1.3 - Microscópio Eletrônico de Varredura O princípio de funcionamento do MEV consiste na emissão de feixes de elétrons por emissão termoiônica ou por fonte de emissão de campo(FEG), mediante a aplicação de uma diferença de potencial que pode variar de 0,5 a 30 KV. Essa variação de voltagem permite a variação da aceleração dos elétrons, e também provoca o aquecimento do filamento no caso de emissão termoiônica. A parte positiva em relação ao filamento do microscópio atrai fortemente os elétrons gerados, resultando numa aceleração em direção ao eletrodo positivo. A correção do percurso dos feixes é realizada pelas lentes condensadoras que alinham os feixes em direção à abertura da objetiva. A objetiva ajusta o foco dos feixes de elétrons antes dos elétrons atingirem a amostra analisada. O feixe interagindo com a amostra produz elétrons e fótons que podem ser coletadas por detectores adequados. Quando o feixe primário incide na amostra, parte dos elétrons difunde-se e constitui um volume de interação cuja forma depende principalmente da tensão de aceleração e do número atômico da amostra, conforme figura2. Neste volume, os elétrons e as ondas eletromagnéticos produzidos são utilizados para formar as imagens ou para efetuar análises físico-químicas. Para serem detectados, as partículas e/ou os raios eletromagnéticos resultantes da interação do feixe eletrônico com a amostra devem retornar à superfície da amostra e daí atingirem o detector. A profundidade máxima de detecção, portanto, a resolução espacial, depende da energia com que estas partículas ou raios atingem o detector, ou são capturadas pelo mesmo. A imagem formada a partir do sinal captado na varredura eletrônica de uma superfície pode apresentar diferentes características, uma vez que a imagem resulta da amplificação de um sinal obtido de uma interação entre o feixe eletrônico e o material da amostra. Diferentes sinais podem ser emitidos pela amostra. Dentre os sinais emitidos, os mais utilizados para obtenção da imagem são originários dos elétrons secundários e/ou dos elétrons retroespalhados. Figura 2:Volume de interação (MEV) Ao interagir com a amostra os elétrons possuem dois tipos de espalhamento: Elástico e Inelástico. Espalhamento elástico: É responsável pelo retroespalhamento. Estes influenciam na trajetória do elétron, porém não alteram a energia do mesmo. Espalhamento inelástico: Este é responsável pela geração de elétrons secundários, Auger, raio X e catodoluminescência. Influencia na trajetória do elétron e faz com que o mesmo perca energia cinética. Elétrons Secundários São elétrons resultantes da interação superficial do feixe com o material. Estes possuem baixa energia e formam imagens de alta resolução (3 a 5 nm). São responsáveis por fornecer informações a respeito do relevo, topografia da amostra. A imagem gerada é em 3 dimensões. Elétrons retroespalhados (BSE) O sinal de BSE é resultante das interações ocorridas mais para o interior da amostra e proveniente de uma região do volume de interação abrangendo um diâmetro maior do que o diâmetro do feixe primário. A imagem gerada por esses elétrons fornece diferentes informações em relação ao contraste que apresentam: além de uma imagem topográfica (contraste em função do relevo) também obtém-se uma imagem de composição (contraste em função do número atômico dos elementos presentes na amostra). 1.4 - Detector EDS (Energy Dispersive Spectroscopy ) O EDS é um acessório essencial no estudo de caracterização microscópica de materiais. Quando o feixe de elétrons incide sobre um material, os elétrons mais externos dos átomos e os íons constituintes são excitados, mudando de níveis energéticos. Ao retornarem para sua posição inicial, liberam a energia adquirida a qual é emitida em comprimento de onda no espectro de raios-x. Um detector instalado na câmara de vácuo do MEV mede a energia associada a esse elétron. Como os elétrons de um determinado átomo possuem energias distintas, é possível, no ponto de incidência do feixe, determinar quais os elementos químicos estão presentes naquele local e assim identificar em instantes que mineral está sendo observado. O diâmetro reduzido do feixe permite a determinação da composição mineral em amostras de tamanhos muito reduzidos (< 5 µm), permitindo uma análise quase que pontual. 1.5 - Estrutura MEV Figura 3: Estrutura MEV Fonte de elétronsA fonte de elétrons pode ser termoiônica, ou seja precisa de calor para a emissão de elétrons ou pode ser por campo, que no caso necessita de um campo eletromagnético para a emissão de elétrons. A fonte termoiônica se divide em dois tipos: filamento de tungstênio (W) ou de hexaboreto de lantânio. O filamento de tungstênio necessita de maior energia, porém apresenta menor preço, já o hexaboreto de lantânio necessita de menor energia, porém é mais caro. A fonte de emissão de campo do tipo (FEG) não necessita de energia térmica e fonte de resfriamento, fornecendo maior brilho. Porém, tem um alto custo e é sensível a qualquer variação de tensão da rede. O FEG necessita de um vácuo muito melhor na ordem de aproximadamente 10 -10 Torr. Conjunto de lentes o Lentes condensadoras O papel principal da lente condensadora é controlar o tamanho do feixe e, para um determinado tamanho de abertura de objetiva, determina o número de elétrons no feixe que atingirão a amostra. A lente condensadora controla o tamanho do "crossover" e o ângulo de divergência do feixe de elétrons que passa para a lente objetiva. o Lente objetiva A intensidade da corrente na lente objetiva varia a posição do ponto no qual os elétrons são focalizados na amostra. Este ponto pode ser focado em diferentes distâncias de trabalho, definida como a distância entre a peça polar da lente objetiva e o ponto de foco sobre a amostra. Para que a imagem final esteja em foco, o porta-amostra deve ser ajustado de forma que a amostra esteja na mesma altura que o ponto de focal do feixe de elétrons. Figura 4:Esquemático das lentes Condensadoras e Objetivas Abertura objetiva Abertura objetiva restringe a trajetória do feixe de elétrons que irão passar pela lente objetiva, permitindo tamanhos de feixe finos (spot size). Figura 5: Abertura Objetiva Detectores Coletam o sinal emitido pelos diferentes tipos de interações entre o feixe primário e a amostra (elétrons secundários ou retroespalhados, raios-X, elétrons Auger, etc) que ficam ligados a uma tela de visualização e um sistema de gravação de imagens. 1.6 - Microscópio Eletrônico de Transmissão Esse tipo de microscópio é comumente chamado de microscópio eletrônico direto ou de transmissão (MET) pelo fato da imagem do espécimen ser formada simultaneamente à passagem do feixe de elétrons através dele. O MET possui sistemas de iluminação e vácuo que produz feixes de elétrons de alta energia (energia cinética), que ao incidir sobre uma amostra de tecido ultrafina (na espessura de nanométro*), fornece imagens planas, imensamente ampliadas, possuindo a capacidade de aumento útil de até um milhão de vezes e assim permitindo a visualização de moléculas orgânicas, como o DNA, RNA, algumas proteínas, etc. Possui um sistema a vácuo o qual é responsável por remover o ar e outras moléculas de gás da coluna do microscópio, evitando assim que ocorra erosão do filamento e propiciando a formação de uma imagem com excelente qualidade e contraste. A imagem é projetada em um anteparo fluorescente, que poderá ser redirecionada para uma chapa fotográfica para registro, ou ainda a imagem pode ser captada por um sistema computadorizado de captação de imagens e armazenada em CD-Rom para futura análise. O MET é capaz de exibir imagens a uma resolução significativamente maior em comparação com os microscópios óticos e microscópio eletrônico de varredura devido ao pequeno comprimento de onda dos elétrons e a maior tensão empregada. Tal característica permite ao usuário examinar detalhes ínfimos, até mesmo uma simples coluna de átomos, a qual é dezenas de milhares vezes menor do que o menor objeto reconhecível em um microscópio ótico. O MET é um dos principais métodos de análise em uma vasta gama de campos científicos, tanto em ciências físicas quanto biológicas. A pequenas ampliações, o contraste na imagem deve-se à absorção de elétrons pelo material, como consequência da sua espessura e composição. 4 A ampliações maiores, a intensidade da imagem é resultante de um conjunto complexo de interações de ondas, o que requer a análise das imagens obtidas por parte de peritos. A alternância entre estas formas de uso permite observar através do MET modulações na composição química, orientação de cristais, estrutura eletrônica e a indução da mudança da fase eletrônica bem como as comuns imagens baseadas na absorção do material. Em comparação com o MEV, o MET é um instrumento para estudar os detalhes mais finos de uma estrutura, porém o preço de conseguir alta resolução, entretanto, é que o instrumento é complexo, os espécimes devem ser extremamente finos, é difícil obter informação sobre estruturas em três dimensões, além do que o instrumento sofre grande influência sob vibrações externas e apresenta maior preço de compra. O MEV, por outro lado, é ideal para estudar a topografia de superfície de objetos sólidos mas fornece pouca, ou nenhuma informação sobre a estrutura interna. Seu poder separador não se iguala ao do microscópio de transmissão, embora seja adequado para muitos propósitos. Figura 6: MET (Microscópio eletrônico de transmissão) Estrutura do MET Figura 7: Esquemático - Estrutura MET Todo o instrumento opera em alto vácuo, aproximadamente 10-7 Torr.; Feixe de elétrons é produzido e acelerado no canhão eletrônico; Sofrem o “crossover”; Lentes condensadoras C1 e C2: são ajustadas para iluminar a amostra; Abertura (diafragma):controla a coerência, intensidade e paralelismo do feixe; Lentes magnéticas objetivas: capturam o feixe espalhado que atravessou a amostra; 1.7 – Aberrações O fato de que resolução obtida em microscopia eletrônica é muito pior que as prometidas teoricamente deve-se ao fato de que as lentes eletrônicas, assim como as lentes de vidro, apresentam defeitos. Esses defeitos interferem no poder de resolução do microscópio eletrônico e são denominados Aberrações. Aberração esférica Raios periféricos incidentes na direção do eixo óptico convergem em pontos diferentes Figura 8: Aberração Esférica Astigmatismo Feixe de incidência oblíqua em relação ao eixo óptico.Raios que atravessam a lente passando pelo eixo a-b formam imagem em S, raios que atravessam a lente passando pelo eixo c-d formam imagem em T. Figura 9: Astigmatismo Cromática Ocorre porque o índice de refração depende do comprimento de onda.O feixe azul apresenta maior desvio que o vermelho, por isso converge para um ponto mais próximo da lente. Figura 10: Aberração Cromática A solução adotada para minimizar esse problema reside em se trabalhar apenas com a porção central da lente, e isso se consegue construindo nela uma abertura de pequeno diâmetro. 2. RESUMO Duas amostras de Pentóxido de Vanádio foram caracterizadas por difração de raios X (DRX) e apresentaram a fase ortorrômbica. Após isso, foram analisadas por microscopia eletrônica (MEV e MET). Uma das amostras apresentou formato não definido e presença de aglomerados. Já a outra, apresentou formato de nanofitas e homogeneidade. 3. ANÁLISE DOS RESULTADOS Duas amostras foram submetidas a diferentes tratamentos. Com a finalidade de determinar quais elementos químicos estão presentes nesses materiais, que nesse caso são os mesmos para cada amostra, de uma delas foi obtido o sinal de EDX. O equipamento utilizado possui as seguintes características: Tabela 1: Detector de EDX Detector de EDXMarca Thermo-Noran Acoplado ao microscópio JEOL JEM 2010 URP O padrão obtido segue no gráfico abaixo: Gráfico 1: Espectroscopia por dispersão de energia de raios X relacionando intensidade com energia dos fótons (E) em keV Os picos correspondem às seguintes energias: Tabela 2: Picos relacionados com suas respectivas energias (E) em keV Pico E [keV] 1 0,27 2 0,51 3 1,05 4 4,95 5 5,42 6 8,04 7 8,89 Através dos dados fornecidos pelo X-Ray Data Booklet, que relaciona as energias de emissão com os elementos da tabela periódica, foi possível identificar o elemento correspondente a cada pico do gráfico. Gráfico 2: EDX - Elementos químicos correspondentes a cada pico de energia (E) Para essa análise, uma das amostras foi depositada sobre uma grade de cobre (Cu) contendo um filme fino de carbono (C), picos bem evidentes no gráfico. O pico de sódio (Na) possui uma intensidade relativa muito baixa, o que provavelmente indica uma impureza presente na substância. Por fim, restam os picos de Vanádio (V) e oxigênio (O), os prováveis elementos presentes nas amostras. Para identificar demais informações, como fase e estrutura cristalina, as amostras foram submetidas a uma difração de raios X (DRX), nas seguintes condições experimentais: Tabela 3: DRX - Condição experimental - Amostra 1 AMOSTRA 1 Tubo de raios X Alvo Cu Voltagem 40 kV Corrente 30 mA Varredura Faixa de varredura 10° - 80° Modo de varredura Contínua Velocidade de varredura 2 (grau/min) Campo de amostragem 0,02 (grau) Tempo pré-definido 0,6 (s) Tabela 4: DRX - Condição experimental - Amostra 2 AMOSTRA 2 Tubo de raios X Alvo Cu Voltagem 40 kV Corrente 30 mA Varredura Faixa de varredura 5° - 70° Modo de varredura Contínua Velocidade de varredura 1 (grau/min) Campo de amostragem 0,02 (grau) Tempo pré-definido 1,2 (s) Os padrões de difração seguem abaixo: Gráfico 3: DRX - Relação entre intensidade e ângulo de difração (2θ), para a amostra 1 e amostra 2 Pelo gráfico anterior, são observados muitos picos que sofrem convolução e é direta a análise de que os picos, das duas amostras, são coincidentes, o que pode ser verificado pelo gráfico seguinte, com superposição dos padrões: Gráfico 4: Padrões de difração de raio X superpostos Pelos gráficos 3 e 4, tem-se que os picos de intensidade da amostra 2 são maiores que os da amostra 1, o que indica que as amostras, possivelmente, possuem morfologias diferentes. Consultando no banco de dados do software Match! , as amostras correspondem à substância Pentóxido de Vanádio, fórmula química V2O5. Para as duas amostras, foram obtidas as mesmas informações acerca desse composto, como esperado. A ficha cristalográfica utilizada possui as seguintes informações: Tabela 5: Ficha cristalográfica Informação Banco de Dados Número da Ficha 1011291 Referência COD (Crystallography Open Database); http://sdpd.univ- lemans.fr/cod/index.html Bibliografia Ketelaar, J A A Die Kristallstruktur des Vanadiumpentoxyds Zeitschrift fuer Kristallographie, Kristallgeometrie, Kristallphysik, Kristallchemie (-144,1977), 1936, 95, 9-27 Baseado na ficha, tem-se as seguintes informações quanto à estrutura do V2O5: Tabela 6: Estrutura Cristalina - V2O5 Estrutura Cristalina Fase Ortorrômbica Parâmetros de rede [A] a = 11.5030 b = 4.3690 c = 3.557 Ainda pela ficha, é possível indexar os planos, para cada amostra, obtendo os seguintes gráficos: Gráfico 5: Picos de difração com os correspondentes planos indexados Pelos gráficos de DRX, observa-se que aparecem muitos planos da família (h00) para a amostra 2, indicando a presença de uma orientação preferencial, podendo implicar uma morfologia com crescimento preferencial nessa direção. Para fins comparativos, utilizando a equação de Scherrer, calcula-se o tamanho de cristalito. 𝜏 = 0,9𝜆 𝐵𝑡 cos 𝜃𝐵 Onde: 𝜃𝐵 − Ângulo de Bragg 𝜆 = 1,540598 𝐴, fonte de Cu. 𝐵𝑡 = √𝐵𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 2 − 𝐵𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 2 – Largura a meia altura. Nesse caso, para fins comparativos, será desconsiderado o Bpadrão. Fazendo o ajuste gaussiano, apenas para o pico de difração mais intenso, para cada amostra, é possível obter o valor da largura a meia altura, nesse caso Bt = Bamostra. Gráfico 6: Ajuste gaussiano para o pico de difração mais intenso Os dados obtidos foram: Tabela 7: Largura a meia altura graus radianos Bamostra1 0,21392 0,00373 Bamostra2 0,21483 0,00375 Os ângulos de Bragg em que ocorre o pico mais intenso, para cada caso, são dados pela tabela abaixo: Tabela 8: Ângulo de difração do pico mais intenso θ1 [graus] θ2 [graus] 20,23 20,26 cos (θ1) cos (θ2) 0,9383 0,9381 Por fim, o tamanho de cristalito, de cada amostra, é: Tabela 9: Tamanho de cristalito (t), para a amostra 1 e 2 t1 [nm] 39,6 t2 [nm] 39,4 Logo, pela equação de Scherrer, as substâncias quimicamente idênticas possuem cristalito de tamanho similar. Para complementar a análise, verificando o tamanho das partículas e morfologia, foram usadas as técnicas de microscopia eletrônica de varredura (MEV) e transmissão (MET). A amostra 1 foi submetida a uma análise no MEV JEOL JSM-7500f contendo um canhão de emissão de campo (FEG), com uma tensão de aceleração de 5kV. A figura 11A fornece uma visão geral do material, onde é possível observar que as partículas não possuem forma definida e tamanho regular, já pela figura 11B, verifica- se a formação de aglomerados na região destacada. Figura 11: Imagem de FE-MEV: A – aumento x7000; B – aumento x13000 O tamanho das partículas foi estimado com base em contagem manual. No total foram analisadas 6 partículas, como mostra a figura 12. Figura 12: Imagem de FE-MEV - contagem tamanho de partícula A contagem retornou um tamanho de partícula médio de (2,5 ± 0,6) [µm]. É observado um desvio padrão muito grande, pois a amostra não é homogênea, com partículas de tamanhos muito variados, além do pequeno espaço amostral analisado. A B Além disso, é observada divergência com o resultado dado pela equação de Scherrer, que pode ser explicado pelo fato dessa expressão ter validade, no geral, apenas para cristais menores que 0,1µm. Por último, a amostra 2 foi submetida a uma análise no MET Zeiss VP Supra 35 contendo um canhão de emissão de campo (FEG). Pela figura 13, é observado que a amostra possui formato de nanofitas e é homogênea, sem aglomerados como a amostra anterior. E pela figura 13A é possível observar que os tamanhos não são uniformes. Figura 13: Imagem de FE-STEM – Nanofitas Para estimar o tamanho das partículas, fez-se uma estimativa por contagem manual. No total, foram analisadas 9 partículas diferentes. A B Figura 14: Imagem de FE-STEM - Contagem tamanho de partícula O tamanho médio obtido foi de (0,6 ± 0,4) [µm]. O desvio padrão observado é muito grande, porque as nanofitas não possuem tamanhos uniformes e o espaço amostral analisado é muito pequeno. Adiciona-se ainda, que o tamanho médio é muito divergente do resultado obtido pela equação de Scherrer. Quando a comparação se dá entre as amostras, percebe-se que as partículas possuem tamanhos de partículas diferentes em uma ordem grandeza, ou seja, não possuem tamanhos quase que idênticos como obtido pela equação de Scherrer. Além disso, são notáveis as diferenças morfológicas entre as amostras. A amostra 1 não apresentauma forma definida e possui aglomerados, já a amostra 2 apresenta forma de nanofitas e é homogênea. Como as amostras são quimicamente idênticas e estão na mesma fase, as diferenças são possivelmente frutos de diferentes formas de síntese do material, maneiras de depositar sobre o substrato, tratamentos térmicos, interação entre amostra e substrato e, até mesmo, preparação da amostra para a análise no microscópio. 4. CONCLUSÃO As amostras, a princípio desconhecidas, tratavam-se do Pentóxido de Vanádio (V2O5). Pela análise em DRX, os materiais estavam na fase ortorrômbica e a amostra 2 apresentou uma orientação preferencial, indicando possuir uma morfologia diferente da amostra 1. Calculando o tamanho de cristalito pela equação de Scherrer, os materiais apresentaram tamanhos similares, sendo (39,6) [nm] para a amostra 1 e (39,4) [nm] para a amostra 2. Analisando a amostra 1 no MEV, observou-se um material não homogêneo e sem uma morfologia definida, com um tamanho de partículas médio de (2,5 ± 0,6) [µm], o que é um resultado impreciso, já que o material não possui partículas de tamanho regular e o espaço amostral foi pequeno, de 6 partículas. A amostra 2 foi analisada em MET. Pelas imagens, observou-se que o material possui formato de nanofitas e é homogêneo, apresentando um crescimento preferencial em uma das direções, como esperado pelo gráfico 3. Analisando 9 nanofitas, o tamanho médio obtido foi de (0,6 ± 0,4) [µm]. Novamente, tem-se uma medida imprecisa, refletida pelo pequeno espaço amostral e não regularidade no tamanho das partículas. Ambos os materiais analisados, possuem tamanho de cristalito não compatível com o resultado da equação de Scherrer, o que pode ser explicado pelo fato dessa expressão ter validade, no geral, apenas para cristais menores que 0,1µm. Comparando as amostras entre si, percebe-se que possuem morfologia diferente, como esperado pela análise em DRX, pois os picos possuíam intensidades diferentes para um mesmo ângulo de difração. Embora as amostras sejam do mesmo material e estejam na mesma fase cristalina, elas apresentaram diferenças quanto à morfologia, o que se deve a diferentes formas de sintetizar os compostos, diferença entre as técnicas de deposição e preparação da amostra para análise. 5. BIBLIOGRAFIA LEAL, L. H. Monteiro. Fundamentos de microscopia, Rio de Janeiro: EdUERJ, 2000. MANNHEIMER, Walter A. Microscopia dos materiais, Rio de Janeiro: E- papers Serviços Editoriais, 2002. http://www.degeo.ufop.br/laboratorios/microlab/mev.htm acessado em 03/07/2015 às 10:51; http://fap01.if.usp.br/~lff/mev.html acessado em 03/07/2015 às 10:51; http://www.pucrs.br/edipucrs/online/microscopia.pdf acessado em 03/07/2015 às 08:15; http://pointer.esalq.usp.br/departamentos/leb/aulas/lce1302/Microscopio_Eletron ico.pdf acessado em 03/07/2015 às 09:10; http://www.frf.br/website/index.php/2013-08-15-22-02-41/132-microscopia- eletronica-de- varredura-com-emissao-de-campo-mev-feg-de-materiais- nanoestruturados acessado em 03/07/2015 às 07:51;
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