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Construção do conhecimento e Metodologia da pesquisa

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Prévia do material em texto

Marlise There Dias
Construção do Conhecimento
e Metodologia da Pesquisa
UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD
Construção do Conhecimento e 
Metodologia da Pesquisa
Livro-texto EaD
Natal/RN
2010
D541c Dias, Marlise There. 
 Construção do conhecimento e metodologia da pesquisa /
 Marlise There Dias. – Natal: [s.n.], 2010.
 256p. : il. ; 20 cm
 
 1. Metodologia científi ca. 2. Metodologia da 
 pesquisa.I.Título.
RN/UnP/BCSF CDU 001.8
DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Reitoria
Sâmela Soraya Gomes de Oliveira
Pró-Reitoria de Graduação e Ação Comunitária
Sandra Amaral de Araújo
Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação
Aarão Lyra
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Coordenação Geral 
Barney Silveira Arruda
Luciana Lopes Xavier
Coordenação Pedagógica
Edilene Cândido da Silva
Coordenação de Produção
de Recursos Didáticos
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Coordenação de Produção de Vídeos
Bruna Werner Gabriel
Coordenação de Logística 
Helionara Lucena Nunes
Revisão de Linguagem
e Estrutura em EaD
Priscilla Carla Silveira Menezes
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
Úrsula Andréa de Araújo Silva
Apoio Acadêmico
Flávia Helena Miranda de Araújo Freire
Assistente Administrativo
Eliane Ferreira de Santana
Gabriella Souza de Azevedo 
Gibson Marcelo Galvão de Sousa
Giselly Jordan Virginia Portella
Marlise There Dias
Construção do Conhecimento e 
Metodologia da Pesquisa
Livro-texto EaD
Natal/RN
2010
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO
Delinea Tecnologia Educacional
Coordenação Pedagógica
Margarete Lazzaris Kleis
Coordenação de Editoração
Charlie Anderson Olsen
Larissa Kleis Pereira
Revisão Gramatical e Linguagem em EaD
Simone Regina Dias
Diagramação
Alexandre Alves de Freitas Noronha
Ilustrações
Alexandre Beck
Coordenação de Produção de Recursos Didáticos da UnP
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Ilustração do Mascote
Lucio Masaaki Matsuno
MARLISE THERE DIAS
Sou graduada em Ciência da Computação pela Universidade 
do Vale do Itajaí - UNIVALI (1997). Em 2003, recebi o grau de 
especialista em Desenvolvimento de Software para Web também 
pela UNIVALI. Realizei meu mestrado em Ciência da Computação 
no ano de 2009 na UNIVALI. 
Desde 1999, atuo como docente na Universidade do Vale do 
Itajaí, em disciplinas da área de ciência da computação e relacionadas 
ao conhecimento. Durante este período, já ministrei disciplinas 
específicas da computação, fui professora da disciplina de estágio 
no curso de Administração e também de metodologia em vários 
cursos presenciais. Atuei como docente também na disciplina de 
metodologia da pesquisa no curso de administração - modalidade 
a distância - dentre várias outras disciplinas nesta modalidade. 
Atualmente, sou docente nas disciplinas de Metodologia da 
Pesquisa (curso de Ciências Contábeis) e Administração de Sistemas 
de Informação (curso de Administração). Na modalidade de ensino 
a distância, atuo como professora responsável pelos estágios nos 
cursos Ciências Contábeis e Administração, sendo também docente 
da disciplina de Estágio.
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CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E 
METODOLOGIA DA PESQUISA
Para tratar sobre esta disciplina, começo questionando você 
sobre o que deseja ao ler este material. O que você buscou quando 
se matriculou em um curso superior? Acredito que, rapidamente, 
você pensou em respostas como: aprender, conhecer, descobrir, 
e se não foram exatamente estas palavras, pensou em outras 
semelhantes. Afinal, se considerarmos nossas vidas, veremos que 
estas são palavras presentes durante todo o tempo em nossa casa, 
com nossa família, no trabalho e ainda mais na academia. Isso 
mesmo, academia. E o significado é diferente daquele que, num 
primeiro momento, pode ter passado pela sua mente.
Pensar em meio acadêmico, em academia, nos remete ao 
conhecimento e à pesquisa. Um lugar em que buscamos, queremos 
conhecer coisas novas, andar por caminhos não percorridos e 
alçar novas descobertas. Chamo sua atenção para não pensar em 
academia apenas pelo fato de estar matriculado em um curso 
superior. Você será considerado um acadêmico de verdade se 
conseguir, ao longo dos anos de estudo, colher frutos que lhe farão 
um profissional no curso superior escolhido. 
Acredito que, neste momento, tenha sentido um “frio na barriga” 
e esteja questionando a si próprio se conseguirá obter êxito nesta 
empreitada. Pode até estar com vontade de questionar: “mas professora, 
como eu consigo isto? Será que consigo?” Sim, isto é totalmente possível 
e ocorrerá se você, durante os anos de curso superior, se empenhar para 
ter um contato muito próximo com o máximo de conhecimento. 
Então, lembre-se que você, ao ingressar em um curso superior 
e almejar um título de graduação, se coloca na posição de estudante. 
E o que significa ser um estudante do ensino superior? Facilmente, 
estou ouvindo: “essa é fácil, professora – é alguém que estuda 
para obter o referido título”. Muito bem! Resposta correta! Mas 
não pode ser uma resposta vazia, é preciso que você compreenda 
realmente o significado dela e é por isso que falaremos sobre a 
“construção do conhecimento e metodologia da pesquisa”.
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Esta disciplina mostrará a você o que significa ser um estudante de um curso 
superior, um acadêmico. Você perceberá que é relevante estar sempre buscando 
conhecimento e que também é possível, no meio acadêmico, produzi-lo. Para tanto, 
estudaremos nesta disciplina as formas pelas quais você pode fazer isto.
Veremos a origem da busca pelo conhecimento, partindo de conceitos 
básicos de filosofia à identificação da natureza do conhecimento. Compreender 
conceitos relacionados à ciência e pesquisa e conhecer as formas de estudo e leitura 
e de divulgação de conhecimento auxiliarão você no processo de investigação e 
descoberta durante todo o curso superior. 
Agora, convido você a mergulhar neste oceano de descobertas e vislumbrar 
as mais variadas formas de conhecer que serão apresentadas durante os capítulos 
desta disciplina.
CURSO: NEaD - DISCIPLINAS DE GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA: CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 
E METODOLOGIA DA PESQUISA
PROF. AUTOR: MARLISE THERE DIAS
MODALIDADE: A DISTÂNCIA
1 IDENTIFICAÇÃO
A filosofia, o conhecimento e as ciências. Epistemologia da 
pesquisa. Fundamentos metodológicos de pesquisa. Metodologias 
de pesquisa. Métodos de pesquisa. Técnicas de pesquisa. Estratégias 
metodológicas. Projeto de pesquisa.
2 EMENTA
 • Compreender a natureza do conhecimento científico como 
objeto da pesquisa científica.
 • Compreender os procedimentos da metodologia da 
pesquisa para elaboração de trabalhos técnico-científicos 
que vislumbrem a pesquisa para produção de conhecimento 
científico na referida área de estudo.
3 OBJETIVOS
 • Competências: ao final da disciplina, o aluno deve ser 
capaz de compreender os conceitos relacionados à ciência, 
conhecimento e pesquisa; reconhecer os diferentes tipos de 
trabalhos acadêmico-científicos e sua estrutura; desenvolver 
trabalhos acadêmico-científicos; compreender e utilizar 
técnicas apresentadas buscando leitura proveitosa de 
referências; reconhecer fontes de pesquisa adequadas; 
identificar os diferentes tipos de métodos e pesquisas 
existentes; aplicar os conceitos desenvolvendo um projeto de 
pesquisa.
 • Habilidades: desenvolver trabalhos acadêmico-científicos e 
projetode pesquisa de acordo com a estrutura apresentada.
4 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
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O aluno deve ser despertado para atividades de leitura e pesquisa em busca do 
conhecimento científico, levando-se em conta uma postura ética.
5 VALORES E ATITUDES
UNIDADE I
 • Noções de filosofia e aspectos da filosofia contemporânea.
 • Relação entre a construção do conhecimento e as ciências.
 • Epistemologia da pesquisa: fundamentos filosóficos aplicados à pesquisa e 
à construção do conhecimento.
 • Metodologias de pesquisa: pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa 
suas técnicas e recursos.
UNIDADE II
 • Estratégias metodológicas: a pesquisa bibliográfica, a pesquisa de opinião, 
o estudo de caso, pesquisa-ação, pesquisa-intervenção, o trabalho de campo 
(a observação participante, o questionário, a entrevista, diário de campo).
 • Trabalhos científicos. Memorial. Monografia. TCC. Artigos.
 • As fontes de pesquisa. Normas da ABNT na elaboração de trabalhos 
científicos, resumos, resenhas, citações e referências.
 • Projeto de pesquisa: estrutura e finalidade. Introdução. Objeto de estudo. 
Problema de pesquisa. Metodologia. Referencial teórico. Cronograma de 
pesquisa.
6 CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
 • Utilização de material didático impresso (livro-texto).
 • Interação através do Ambiente Virtual de Aprendizagem.
 • Utilização de material complementar (sugestão de filmes, livros, sites, 
músicas, ou outro meio adequado à realidade do aluno).
7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
 • Pontualidade e assiduidade na entrega das atividades propostas no material 
didático impresso (livro-texto) e solicitadas pelo tutor no Ambiente Virtual 
de Aprendizagem.
 • Realização das avaliações presenciais obrigatórias.
8 ATIVIDADES DISCENTES
A avaliação ocorrerá em todos os momentos do processo ensino-aprendizagem 
considerando:
 • leitura do de material didático impresso (livro-texto);
 • interação com tutor através do Ambiente Virtual de Aprendizagem;
 • realização de atividades propostas no material didático impresso (livro-
texto) e/ou pelo tutor no Ambiente Virtual de Aprendizagem;
 • aprofundamento de temas em pesquisa extra material didático impresso 
(livro-texto).
9 PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO
AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: descubra como é fácil e 
agradável elaborar trabalhos acadêmicos. 11. ed. São Paulo: Hagnos, 2001.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: 
Pearson, 2007.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
10.1 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
10 BIBLIOGRAFIA
MARCONI, M. A.; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: 
Atlas, 2007.
SANTOS, B. de S. Um discurso sobre as ciências. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
10.2 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
10.3 BIBLIOGRAFIA INTERNET
Associação Brasileira de Normas Técnicas: http://www.abnt.org.br/
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq):
http://www.cnpq.br/
Capítulo 1 - Noções de fi losofi a e aspectos da fi losofi a
contemporânea ........................................................................................... 17
1.1 Contextualizando .......................................................................................................... 17
1.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 17
 1.2.1 Noções de fi losofi a ............................................................................................. 17
 Origem ..................................................................................................................................................19
 Períodos da fi losofi a grega ............................................................................................................20
 1.2.2 O que é fi losofi a? ................................................................................................. 25
 1.2.3 Filosofi a contemporânea ................................................................................. 28
 1.2.4 A razão e a verdade ............................................................................................ 36
 Razão .....................................................................................................................................................36
 Verdade .................................................................................................................................................40
1.3 Aplicando a teoria na prática .................................................................................... 42
 1.3.1 Resolvendo ............................................................................................................ 43
1.4 Para saber mais .............................................................................................................. 44
1.5 Relembrando .................................................................................................................. 45
1.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................ 46
Onde encontrar ..................................................................................................................... 47
Capítulo 2 - A ciência e a pesquisa ............................................................. 49
2.1 Contextualizando .......................................................................................................... 49
2.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 49
 2.2.1 Natureza do conhecimento ............................................................................ 49
 Conhecimento empírico (vulgar ou de conhecimento do povo) ....................................51
 Conhecimento fi losófi co ................................................................................................................53
 Conhecimento teológico ...............................................................................................................54
 Conhecimento científi co ................................................................................................................55
 2.2.2 A ciência e a fi losofi a .......................................................................................... 57
 Classifi cação das ciências ...............................................................................................................61
 2.2.3 Noções gerais sobre pesquisa ........................................................................ 66
 Áreas de pesquisa .............................................................................................................................70
 2.2.4 Etapas da pesquisa ............................................................................................. 72
2.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 73
 2.3.1 Resolvendo ............................................................................................................ 74
2.4 Para saber mais .............................................................................................................. 75
2.5 Relembrando .................................................................................................................. 75
2.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................ 76
Onde encontrar ..................................................................................................................... 77
Capítulo 3 - Métodos de pesquisa .............................................................79
3.1 Contextualizando .......................................................................................................... 79
3.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 80
 3.2.1 Métodos de pesquisa ........................................................................................ 80
 3.2.2 Relevância do método ...................................................................................... 88
 3.2.3 Métodos científi co e racional ......................................................................... 91
 3.2.4 Métodos dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético ........... 92
 3.2.5 Métodos experimental, observacional, estatístico e comparativo ... 97
3.3 Aplicando a teoria na prática ...................................................................................101
SU
M
Á
RI
O
SU
M
Á
RI
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 3.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................101
3.4 Para saber mais .....................................................................................................................................102
3.5 Relembrando .........................................................................................................................................103
3.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................104
Onde encontrar ............................................................................................................................................105
Capítulo 4 - Pesquisa ....................................................................................................107
4.1 Contextualizando .................................................................................................................................107
4.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................108
 4.2.1 Pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa: origem, 
características e recursos .........................................................................................................108
 4.2.2 Níveis de pesquisa .....................................................................................................................112
 4.2.3 Estratégias ou delineamentos de pesquisa ......................................................................116
 Pesquisa bibliográfi ca .................................................................................................................................................117
 Pesquisa de opinião ....................................................................................................................................................119
 Pesquisa-ação ................................................................................................................................................................119
 Pesquisa-intervenção .................................................................................................................................................120
 Estudo de caso ..............................................................................................................................................................121
 Trabalho de campo .....................................................................................................................................................121
 4.2.4 Métodos de coleta de dados .................................................................................................123
 Observação participante ...........................................................................................................................................123
 Entrevista ........................................................................................................................................................................125
 Questionário e formulário .........................................................................................................................................127
 Diário de campo ...........................................................................................................................................................129
 4.2.5 Análise de dados ........................................................................................................................129
 Análise estatística .........................................................................................................................................................129
 Análise de conteúdo ...................................................................................................................................................130
 Análise de discurso ......................................................................................................................................................130
 Análise qualitativa .......................................................................................................................................................131
4.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................131
 4.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................132
4.4 Para saber mais .....................................................................................................................................133
4.5 Relembrando .........................................................................................................................................133
4.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................134
Onde encontrar ............................................................................................................................................136
Capítulo 5 - Estudo e leitura .........................................................................................137
5.1 Contextualizando .................................................................................................................................137
5.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................138
 5.2.1 Fontes de pesquisa ....................................................................................................................138
 5.2.2 Resumos ........................................................................................................................................148
 5.2.3 Resenhas .......................................................................................................................................150
 5.2.4 Fichamento ..................................................................................................................................153
5.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................157
 5.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................159
5.4 Para saber mais .....................................................................................................................................160
5.5 Relembrando .........................................................................................................................................162
5.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................162Onde encontrar ............................................................................................................................................165
Capítulo 6 - Trabalhos acadêmico-científi cos .............................................................167
6.1 Contextualizando .................................................................................................................................167
6.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................168
 6.2.1 Trabalhos científi cos ..................................................................................................................168
 6.2.2 Memorial .......................................................................................................................................173
 6.2.3 Monografi a ...................................................................................................................................174
 6.2.4 TCC ...................................................................................................................................................179
 6.2.5 Dissertação ...................................................................................................................................180
 6.2.6 Tese ..................................................................................................................................................182
 6.2.7 Artigo .............................................................................................................................................184
6.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................188
 6.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................189
6.4 Para saber mais .....................................................................................................................................190
6.5 Relembrando .........................................................................................................................................192
6.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................193
Onde encontrar ............................................................................................................................................195
Capítulo 7 - Apresentação de trabalhos acadêmico-científi cos ................................197
7.1 Contextualizando .................................................................................................................................197
7.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................198
 7.2.1 Estrutura de trabalhos acadêmico-científi cos .................................................................198
 7.2.2 Citações .........................................................................................................................................210
 7.2.3 Referências ...................................................................................................................................214
7.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................221
 7.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................222
7.4 Para saber mais .....................................................................................................................................222
7.5 Relembrando .........................................................................................................................................223
7.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................223
Onde encontrar ............................................................................................................................................224
Capítulo 8 - Projeto de pesquisa ..................................................................................225
8.1 Contextualizando .................................................................................................................................225
8.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................226
 8.2.1 Estrutura e fi nalidade ...............................................................................................................226
 8.2.2 Introdução: tema, problema de pesquisa, objetivo de estudo, justifi cativa ........230
 8.2.3 Metodologia da pesquisa .......................................................................................................237
 8.2.4 Referencial teórico .....................................................................................................................242
 8.2.5 Orçamento e cronograma de pesquisa .............................................................................244
8.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................246
 8.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................247
8.4 Para saber mais .....................................................................................................................................248
8.5 Relembrando .........................................................................................................................................249
8.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................250
Onde encontrar ............................................................................................................................................252
Referências .....................................................................................................................................................253
17Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
1.1 Contextualizando
Conhecer a origem do que estudaremos nos permite uma melhor visualização 
para o aprendizado, fazendo que estejamos situados no conteúdo. Este capítulo 
ajudará na compreensão de como chegamos a pensar em conhecer algo, a nos intrigar 
com o que é apresentado. Você verificará que o ser humano pode passar de um 
estado em que simplesmente recebe informações para uma posição de questionador.
O texto mostrará que, quando você passa a exigir maiores explicações a 
respeito de fatos e acontecimentos, está na situação de alguém em busca da 
verdade ou em busca de questioná-la. 
O capítulo 1 apresentará a você noções de filosofia e um pouco da história desta 
área tão intrigante e interessante, que revelou os maiores pensadores da história, 
inclusive de tempo atuais. Você perceberá o quanto os filósofos questionaram a 
sociedade, o que era imposto ao ser humano, sem aceitar tudo o que lhes era dito. 
Espera-se que, ao final do estudo, você seja capaz de definir filosofia, 
conheça sua origem, alguns filósofos e, principalmente, consiga visualizar 
porque este assunto é apresentado nesta disciplina.
1.2 Conhecendo a teoria
1.2.1 Noções de fi losofi a 
Se você é daqueles que, quando ouve falar que determinado sujeito 
é filósofo, já faz uma cara insinuante e acha que se trata de algum louco, 
NOÇÕES DE FILOSOFIA E ASPECTOSDA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
CAPÍTULO 11
Capítulo 1
18 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
este tópico pretende mostrar o que realmente pretende a filosofia. Os 
filósofos são, muitas vezes, estigmatizados como humanos que escrevem e 
falam coisas que não são compreendidas por outros de sua espécie, ou que 
estariam sempre fora da realidade. 
Esta atitude preconceituosa e de julgamento faz com que muitos 
estudantes não se sintam à vontade quando ouvem falar sobre tal área de 
conhecimento. Porém, pretendo mostrar a você o quão relevante são os 
conceitos da filosofia para sua vida acadêmica. 
Pensando bem, todos nós filosofamos, pois estamos sempre tentando 
dar sentido às coisas. De acordo com os pensamentos de Gramsci (1978, apud 
ARANHA e MARTINS, 1993, p. 74), “não se pode pensar em nenhum homem 
que não seja também filósofo, que não pense, precisamente porque pensar 
é próprio do homem como tal”. As escolhas que fazemos em nosso cotidiano 
fazem parte de nossa filosofia de vida, a forma como nos alimentamos, como 
fomos educados e educamos, a nossa rotina, etc. 
Durante nosso desenvolvimento, acabamos por nos acomodar em 
conhecimentos que nos são apresentados facilmente. Algumas atividades de 
nossa rotina são realizadas de maneira tão automática que nem pensamos em 
questionar o porquê de estarmos realizando daquela forma. 
Chauí (2003) apresenta o desenvolvimento automático destas 
atividades cotidianas para nos mostrar que o fato de não questionarmos 
significa que aceitamos algo como real. E exemplifica: quando você 
pergunta a alguém as horas está confirmando que acredita que o tempo 
existe, acredita nas horas, e também na idéia de que o passado não volta 
mais. Os aspectos em que você acredita o fazem diferente de outra pessoa 
que pode ter suas próprias crenças. 
Agora pense no seu dia-a-dia com seus colegas e relembre se, em 
determinado momento, frente a uma brincadeira, um questionamento, 
uma frase bonita dita por alguém, você não se viu dizendo: “fulano está 
filosofando”. Quando uma pessoa resolve perguntar ou discutir a respeito 
de algo considerado muito normal, é comum ser julgada ou estigmatizada, 
quando, na verdade, apenas está querendo conhecer. É essa capacidade de 
questionar verdades que a filosofia pode despertar.
Capítulo 1
19Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Procure refletir a respeito de sua vida cotidiana, 
as atividades que desenvolve, as atitudes que 
toma e reflita: você é um agente que questiona 
ou apenas aceita o que o mundo lhe apresenta? 
Como está sua relação com o conhecimento, 
com o saber hoje? Você o ama, o respeita?
REFLEXÃO
Origem
O surgimento da filosofia para os historiadores data do final do século VII 
a.C. e durante o século VI a.C. na Grécia, em uma cidade chamada Mileto, tendo 
como primeiro filósofo Tales de Mileto (ARANHA e MARTINS, 1996). Filosofia 
é uma palavra grega composta de philo e sophos. A primeira palavra significa 
amizade, amor fraterno e a segunda quer dizer sabedoria. Desta forma, fica fácil 
compreender o significado literal da palavra como sendo: amor à sabedoria.
Tales de Mileto é o primeiro filósofo ocidental 
de que se tem notícia. De ascendência fenícia, 
nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na 
Ásia menor, atual Turquia, por volta de 625 
a.C. e faleceu aproximadamente em 547 a.C. - 
segundo o historiador grego Diógenes Laércio, 
morreu com 78 anos durante a 58ª Olimpíada. 
Tales é apontado com um dos sete sábios da 
Grécia antiga e foi o fundador da Escola Jônica.
BIOGRAFIA
Os primeiros filósofos chamaram-se pré-socráticos por surgirem antes de 
Sócrates, figura central na filosofia grega (MARTINS FILHO, 2000). Seus pensamentos 
fizeram ruir uma realidade na Grécia antiga conhecida como mitologia.
Você deve conhecer alguns personagens relacionados à mitologia, como 
Eros, o Deus do amor, e já deve ter ouvido a expressão “deuses do Olimpo”. 
Estes se referem a mitos cultuados na época do surgimento da filosofia. 
Capítulo 1
20 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Pode-se compreender o mito como a narrativa sobre a origem de algo, 
como a geração dos seres naturais, como o ar frio, por exemplo. A palavra 
Mito tem origem grega mythos, formada da junção de dois verbos: narrar algo 
(mytheyo) e anunciar, conversar (mytheo).
O povo grego considerava mito um pronunciamento público realizado 
por alguém indicado e autorizado pelos deuses. Assim, havia uma confiança 
total no que era proferido sem espaço para qualquer questionamento.
No entanto, o pensamento dos filósofos rompe a realidade onde não se 
questiona e apresenta aquela em que se problematiza e se convida a discutir. 
A filosofia entende o sobrenatural como irreal e não cultiva, nem crê nas 
explicações divinas (ARANHA e MARTINS, 1993).
O surgimento dos primeiros filósofos, os questionadores, não ocorreu 
como um milagre grego. De acordo com Chauí (2003), alguns acontecimentos 
históricos favoreceram a origem da filosofia. Em resumo, pode-se citar:
 • as viagens marítimas: em que os gregos puderam verificar que não 
havia deuses nos lugares indicados; 
 • a invenção do calendário: por mostrar a percepção do tempo 
como algo natural em que fatos se repetem e não mais como 
poder divino; 
 • o surgimento da vida urbana: que diminuiu o prestígio dos aristocratas 
criadores dos mitos para interesse próprio; 
 • e a invenção da política: que institui a lei como vontade coletiva, o 
direito de cada cidadão, e não mais a vontade dos deuses e o estímulo 
ao pensamento compreensível por todos.
Períodos da fi losofi a grega
Os primeiros estudos da filosofia fixaram-se em conhecer a origem do 
mundo natural e suas transformações. Este período chamou-se pré-socrático 
ou cosmológico.
Capítulo 1
21Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
LEMBRETELEMBRETE
Caro(a) acadêmico(a): lembre-se que o período 
pré-socrático apresenta esta nomenclatura 
pelo fato da divisão da filosofia grega ter 
como referência o filósofo Sócrates de Atenas 
(MARTINS FILHO, 2000).
A palavra cosmologia surge da junção de cosmos e logia. A primeira 
faz referência ao mundo organizado e a segunda tem como significado 
o pensamento racional. Observando o objeto inicial da filosofia, você 
pode perceber porque o primeiro período denomina-se cosmológico. 
Alguns filósofos deste período forma Tales de Mileto, Pitágoras de Samos e 
Zenão de Eléia.
O período seguinte é denominado socrático, em função do surgimento 
do filósofo Sócrates, ou ainda chamado antropológico (do grego ântropo = 
Homem), por se preocupar com temas relacionados à realidade humana, como 
o estudo da ética, política e técnicas.
A educação sofre interferência neste período. Os aristocratas, enquanto 
donos do poder, possuem como padrão a educação baseada em poetas que 
consideravam o guerreiro belo o homem perfeito. Com o surgimento da 
democracia, prima-se por uma educação em que o padrão ideal é o bom 
orador. Com isso, surgem os sofistas (sophos = sábio = professor de sabedoria), 
considerados filósofos pioneiros neste período; em troca de pagamento, os 
sofistas ensinavam aos filhos dos aristocratas a nova educação, contestando as 
ideias dos filósofos do período pré-socrático. 
No período socrático, os filósofos sofistas 
que mais se destacaram foram: Protágoras 
de Abdera, Górgias de Leontini e Isócrates de 
Atenas.
SAIBA QUE
Capítulo 1
22 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
As afirmações cultuadas pelos primeiro filósofos do período em seus 
ensinamentos fizeram com que Sócrates, filósofo conceituado e considerado o 
pai da filosofia, levantasse uma bandeira contra os sofistas.Acusava os sofistas 
de não serem filósofos por não demonstrarem amor e respeito à sabedoria e 
à verdade (CHAUÍ, 2003).
O filósofo considerado patrono da filosofia não 
deixou qualquer documento que discorra a respeito 
de seus pensamentos, suas posições ou inquietudes. 
Por isso, os relatos de Sócrates (469–399 a.C) 
são descritos por outros filósofos, como Platão, 
Xenofonte e Aristóteles. Alguns historiadores, 
inclusive, afirmam que só se pode falar de Sócrates 
como um personagem de Platão, por ele nunca ter 
deixado nada escrito de sua própria autoria.
CURIOSIDADE
Figuras 1 e 2 - Bustos de Aristóteles e Platão
Fonte: <http://images.google.com>.
A proposta de Sócrates direcionava a filosofia para a preocupação com 
o homem. O filósofo acreditava que, antes de conhecer a origem do mundo, 
era necessário ao homem conhecer a si próprio. Para Sócrates, as percepções 
sensoriais nunca chegam à verdade; são sempre questionadas e fonte de 
mentira ou erro (CHAUÍ, 2003).
Outro filósofo deste período é Platão, que cultua o processo de 
compreensão do real e cria a palavra ideia (eidos). Para este filósofo, existe 
Capítulo 1
23Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
um mundo imutável e um mundo real que sofre interferência do imutável. Em 
seu livro A república, Platão utiliza-se do Mito da caverna para demonstrar seu 
pensamento relativo aos dois mundos.
Platão (427-347 a.C.), filho de aristocratas e discípulo de Sócrates, 
escreveu mais de 30 obras, como Menexeno; Ménon; Crátilo; O 
banquete; A república; dentre outras. Basicamente, suas obras eram 
escritas em forma de diálogos. Curiosamente, esses diálogos não 
apresentam Platão como personagem principal, e, sim, Sócrates.
BIOGRAFIA
Para melhor entender as ideias de Platão, vamos viajar em seus 
pensamentos conhecendo a alegoria da caverna. Concentre-se na leitura para 
que possa compreender as relações realizadas pelo autor.
Neste trecho do livro, o filósofo descreve seres acorrentados desde a 
infância em uma caverna subterrânea. A forma como estão algemados não 
permite que tenham acesso à entrada, ficando obrigados a enxergar apenas 
o fundo da caverna. Por não estar totalmente fechada, uma luz adentra 
proveniente de uma fogueira e é possível ver apenas as sombras do que está 
se passando às suas costas. As sombras mostram homens carregando objetos - 
e como isto é a realidade que conhecem, para eles, tudo é verdadeiro. Afinal, 
por estarem ali desde que nasceram, é a única coisa que viram.
Figura 3 - Mito da caverna
Fonte: < http://media.photobucket.com >
Capítulo 1
24 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Agora imagine que um destes homens consiga se libertar das correntes e 
sair da caverna. É o que Platão descreve a seguir e questiona o que aconteceria, 
o que ele faria. Provavelmente, no primeiro momento, todos os movimentos do 
homem trariam algum tipo de problema a ele, como dor no corpo, e olhar para 
luz com certeza lhe causaria incômodo. Apesar disso, o homem questionaria tudo 
o que vê tentando compreender o que ocorre fora da caverna. Seria possível a 
ele perceber que a fogueira, na verdade, era a luz do sol e que, refletida, gerava 
as sombras vislumbradas por todos no fundo das cavernas.
Acredita-se que o homem, ansioso por contar aos outros o que vira, retorne 
à caverna atrapalhado pela escuridão e conte o que vislumbrou. Na caverna, 
alguns acreditariam que as imagens que viam não eram retrato da realidade, 
outros o questionariam, o teriam como louco, sendo capazes até de matá-lo.
Esta alegoria demonstra que Platão acredita que a caverna é nosso 
mundo, o prisioneiro que sai da caverna é o filósofo, que vislumbra a luz do 
sol, que seria a verdade (CHAUÍ, 2003).
O objetivo da filosofia seria incitar a busca de novas descobertas 
e conhecimento e o mito das cavernas demonstra que você pode ficar 
em sua zona de conforto com o que já conhece ou empreender esforços para 
mudar a realidade, agregando conhecimento e partindo para um novo mundo.
Vejamos se você está atento. Estamos agora no terceiro período chamado 
de período sistemático, que tem como principal filósofo Aristóteles (nascido 
na Macedônia) e discípulo de Platão. Possui como discurso agregar todas as 
áreas de pensamento (o saber total) como uma forma de conhecer tudo aquilo 
que existe no mundo.
Apesar de ser discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles escrevia de forma 
sistemática diferente de seu mestre, que o fazia em forma de poesia e analogias. Há 
também diferenças entre seus pensamentos, pois Aristóteles não aceitava o mundo 
das ideias. O filósofo afirmava que era necessário compreender como o pensamento, 
de forma geral, funcionava, independente do conhecimento. E com este objeto de 
estudo, deu origem à Lógica, que é uma das áreas da filosofia atualmente.
Aristóteles, por suas crenças, institui uma classificação filosófica de áreas 
de conhecimento, incluindo as ciências produtivas – em que há ação humana 
para produção de algo, como exemplo, arquitetura, medicina, escultura, 
Capítulo 1
25Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
poesia, etc.; as ciências práticas – estudam a prática humana, sendo o próprio 
ato realizado, como a ética e a política; e as ciências teoréticas – destinam-se 
à compreensão de coisas que existem sem a influência do ser humano, como 
exemplos, a física, biologia, psicologia, teologia, entre outras (CHAUÍ, 2003). 
Para Santos (2009), atualmente ainda há resquícios da forma aristotélica de 
pensar em relação à ciência, embora haja um novo paradigma científico, com 
uma melhor observação de fatos e visão de mundo. 
Por fim, temos o período helenístico da filosofia, em que se afirma que o 
mundo é a sua cidade e que somos cidadãos do mundo. Constitui-se a filosofia 
de grandes doutrinas, buscando explicar a natureza, o homem e a relação 
entre os dois. Neste período, há uma preocupação com a ética, com a física, 
com a teologia e com a religião.
Estes períodos apresentam o início da filosofia e os pensamentos dos 
primeiros filósofos. Esse entendimento permite que você compreenda a busca 
incessante do ser humano pelo conhecimento, apesar de apresentar foco 
diferenciado em cada um dos períodos apresentados. 
 Em Nova York, no zoológico do Bronx, um 
grande espaço é destinado aos primatas como 
chimpanzés e gorilas. Em uma das jaulas, 
separadas das outras e muito protegida, há 
um letreiro informando que ali você pode 
encontrar o primata mais perigoso e destruidor 
do mundo. Quando você se aproxima vê sua própria imagem em um 
espelho. O zoo chama a atenção para o fato de tudo que o homem 
já causou à natureza e a si mesmo. Pretende que o ser humano pare 
e se questione sobre como está vivendo e o que vem fazendo para o 
bem ou mal deste planeta (MATURANA e VARELA, 2001).
CURIOSIDADE
1.2.2 O que é fi losofi a?
Agora que você já teve acesso a algumas informações referentes à filosofia 
e sua origem, seria capaz de dizer o que compreende por filosofia? Você já 
está convencido do conceito desta ciência? Supondo que algumas dúvidas ainda 
pairem em seus pensamentos, vamos conversar um pouco sobre o que é filosofia. 
Porém, cabe alertá-lo que não há um conceito único e preciso para a ciência.
Capítulo 1
26 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Como vimos, em sua essência, a palavra filosofia vem do grego e 
significa amor e respeito à sabedoria. Pode-se dizer que, mesmo considerando 
a origem da filosofia cujo foco mudou no decorrer do tempo, o objeto se 
manteve. A filosofia é a ciência em que seus praticantes destinam seus estudos 
ao questionamento do que inicialmente é verdade.
Você pode encontrar em seus estudos diferentes definiçõespara a 
filosofia. Alguns filósofos famosos definiram filosofia de acordo com a época 
em que viveram: Platão apresenta a filosofia com um conhecimento verdadeiro 
a serviço da humanidade; Descartes a definiu como o estudo da sabedoria de 
todas as coisas necessárias à vivência humana; e Marx dizia que a filosofia 
deveria conhecer o mundo a fim de transformá-lo (CHAUÍ, 2003).
Se você perguntar a explicação da filosofia em rápidas palavras, diria 
que é um ato de pensar e ajuda no desenvolvimento de nossas habilidades 
mentais. Pensando em seu objeto e sua epistemologia, pode-se dizer que a 
filosofia é uma ciência que, caso não existisse, o mundo continuaria como é; 
ainda assim, é o mais útil de todos os saberes por fornecer à sociedade meios 
para ser consciente de si e de suas ações.
Pitágoras foi o criador da palavra filosofia e afirmava que “o filósofo 
[...] é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, 
as ações, a vida; em resumo pelo desejo de saber” (CHAUÍ, 2003, p. 25). Como 
você pode perceber, voltamos à origem da palavra filosofia.
O filósofo, em seus estudos, se baseia em problemas da existência, 
porém para compreendê-los, precisa afastar-se deles e encontrar maneiras de 
promover mudanças.
Como você acredita que está tendo uma atitude filosófica? No começo 
do capítulo, comentei sobre o julgamento que fazemos a colegas dizendo que 
está filosofando como sendo algo pejorativo. Espero que, neste momento, 
filosofar seja algo mais relevante para você. 
Se a partir de agora, você se concentrar mais nas atividades de sua rotina 
diária e começar a questionar certas verdades, você estará se afastando de 
si para compreender melhor aquilo no que acredita e julga correto. Assim, 
estará tendo uma atitude filosófica. 
Capítulo 1
27Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A nossa não aceitação direta ao que nos é imposto ou dito nos impulsiona ao 
ato de filosofar. O que está ao nosso redor pode não ser tão óbvio e a filosofia nos 
convida a jamais aceitar como verdade antes de uma investigação ou compreensão.
Você pode começar pela sua dedicação aos estudos nas disciplinas. 
Quando você não aceitar ou não se convencer de algum conceito ou definição 
de determinado autor, pode ter uma atitude filosófica em relação ao tema e 
buscar conhecimento suficiente para ter opinião a respeito e ter a sua verdade 
com compreensão real.
Morris (2000) afirma que a filosofia desenvolve três habilidades 
em quem a estuda, e justifica nisso a necessidade desta nos currículos escolares. 
Estas habilidades serão apresentadas para, mais uma vez, ajudar você a 
compreender o porquê de estudar filosofia. A primeira delas relaciona-se à 
necessidade imposta pela filosofia em analisar temas discutíveis. Ao estudar 
os filósofos mais conhecidos, você pode aprender com eles como desenvolver 
esta habilidade. Pode, assim, analisar aspectos de sua vida como: entender 
pensamentos negativos, quais são suas aptidões e como educar melhor seus 
filhos. Morris (2000) alerta: ao analisar, devemos ser imparciais e não deixar o 
sentimento atrapalhar os pensamentos em demasia.
E quando você se depara com situações conflitantes, como, por exemplo: 
está em uma loja e decide realizar uma compra, você pode se questionar se 
o objeto de compra é realmente necessário ou apenas está atendendo a um 
capricho seu. A sua habilidade de avaliação neste momento é crucial para que 
você tome uma decisão. Muitas vezes, nossos desejos não são necessidades, e 
precisamos ser capazes de avaliar.
Os pensamentos filosóficos podem ser avaliados se você realizar 
questionamentos como: é coerente? É completo? É correto? E demonstrar 
discernimento para obter uma afirmativa para as perguntas. 
A terceira habilidade desenvolvida pelo estudo da filosofia possibilita 
que você faça o uso correto do argumento na defesa ou refutação de um 
pensamento. Algumas pessoas podem confundir esta habilidade e achar 
que se trata de gritar mais alto do que quem possui outra posição, afirmar 
incisivamente o que acredita ou ainda fazer provações. O que se deseja do 
argumento é a exposição com conteúdos fundamentados, favorecendo a sua 
posição sobre determinado pensamento a fim de chegar a uma conclusão.
Capítulo 1
28 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Como você já descobriu, a relevância de estudar filosofia passa pelo 
desenvolvimento das habilidades de análise, avaliação e argumentação. E 
você deve se preocupar em ter atitudes filosóficas.
A tríade o que, como e por que demonstra que você tem atitude filosófica. 
Saber qual a realidade ou natureza do objeto identifica o primeiro questionamento 
da tríade. Em “como”, a filosofia busca qual estrutura e relações referem-se ao 
objeto. E a origem ou causa do objeto é questionada em “por quê”.
Além disso, autores afirmam que a filosofia pressupõe uma reflexão 
filosófica por parte de quem decide pensar com maior rigidez. Por sua 
definição, reflexão é um “movimento de retorno a si mesmo” (CHAUÍ, 
2003, p. 20). Na filosofia, o rigor da reflexão obriga ao filósofo indagar 
a si próprio, encontrar motivos para o que fazemos ou dizemos, chegar às 
últimas consequências até encontrar a conclusão ideal, conhecer o objetivo de 
determinado questionamento e entender o conteúdo sobre o qual estamos 
pensando, filosofando.
Cabe deixá-lo ciente de que, conforme Chauí (2003), a filosofia precisa de 
enunciados rigorosos, com obtenção de provas para apresentar resultados, e é 
sistemática, exigindo que seus questionamentos sejam válidos e verdadeiros, 
constituindo ideia verdadeira.
1.2.3 Filosofi a contemporânea
Este período envolve os conhecimento e direcionamento filosóficos até 
os dias atuais. Para que você compreenda de forma facilitada o que a filosofia 
atual discute, vou apresentar a cronologia dos períodos da história da filosofia 
e como os aspectos discutidos vão modificando. Os períodos apresentados 
serão os considerados por Chauí (2003): filosofia antiga, patrística, medieval, 
renascença, moderna, iluminista e contemporânea.
A filosofia antiga é datada do VI a.C. ao século VI d.C.; refere-se à fase 
de origem da filosofia, que discutimos incluindo o período pré-socrático, 
socrático, sistemático e helenístico.
Datada do século I ao século VII, a filosofia patrística (vem de 
padre) tem como objeto subsidiar a evangelização com base nas epístolas de 
João e Paulo, atividade antes esquecida devido à filosofia antiga (MARTINS 
Capítulo 1
29Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
FILHO, 2000). Este período trouxe à tona a ideia de pecado, de santíssima 
trindade, de criação do mundo ideias, que foram esquecidas na filosofia 
idealizada pelos gregos como Sócrates e Platão. Os principais filósofos que se 
destacam no período são: Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano.
Alguns autores dividem a filosofia medieval 
em patrística e escolástica (que seria o mesmo 
que medieval) e consideram que a patrística 
parte da medieval em função de apresentar 
temas que se sucedem. No entanto, estamos 
adotando a divisão sugerida por Chauí (2003), 
em que se tem a patrística e a medieval é 
também chamada escolástica. 
SAIBA QUE
A filosofia medieval surge com a queda do Império Romano e data 
do século VII ao século XIV, sendo uma especulação filosófica voltada ao 
teologismo. Neste período, culturalmente, o que regia a sociedade eram os 
valores cristãos e por isso surge, nesta época, o que se chamou filosofia cristã. 
Também chamada escolástica, a filosofia medieval sistematiza a teologia e 
filosofia ensinadas nas escolas medievais (MARTINS FILHO, 2000). 
Imagine você que, nesta época, a temática religiosaestava prevalecendo 
sobre a da razão; desejava-se que a fé fosse a justificativa da verdade. Com 
grandes temas, os filósofos medievais discutiam a relação humana e religiosa, 
como o corpo e alma, o que diferencia a razão da fé, e afirmavam que aquele 
que estava mais ligado a Deus era considerado ser superior. Assim, os padres 
estavam acima dos reis e autoridades. 
A exposição de ideias filosóficas era realizada por meio de apresentação 
de uma tese, que seria aceita ou não, com base em conceitos de outros 
filósofos, como Aristóteles ou até pelo que dizia a Bíblia. Esta técnica ficou 
conhecida como Disputa. Alguns filósofos de destaque da filosofia medieval 
foram: Santo Anselmo, Santo Alberto Magno, Roger Bacon e Averróis (árabe) 
e Maimônides (judaico).
Capítulo 1
30 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
No século XI, surgem as universidades espalhadas 
por toda a Europa, entre elas, a de Paris, de 
Bologna e de Oxford. As universidades são 
consideradas associações corporativas livres de 
alunos e professores. Havia duas vertentes: uma 
voltada à preparação filosófica; e a teológica, que 
estudava profundamente a sagrada escritura.
CURIOSIDADE
Figura 4 - Universidade de Oxford – Inglaterra
Fonte: <http://images.google.com>.
A seguir, temos a filosofia da Renascença, que trouxe a 
conhecimento obras de grandes filósofos, como as de Platão e novos 
conhecimentos deixados por Aristóteles. A filosofia da Renascença é o período 
da História da Filosofia que, na Europa, está entre a Idade Média e o Iluminismo.
As linhas de pensamento que predominavam eram de Platão, em que 
o homem faz parte da natureza e a ideia de dois mundos, como o mito da 
caverna; a ideia de defesa de ideais republicanos; e o homem como aquele 
que decide sua vida e seu destino. Alguns dos filósofos dessa época foram 
Dante, Maquiavel e Thomas Morus.
Conhecida também como Grande Racionalismo Clássico, a filosofia moderna 
data do século XVII e tem participação marcante de Lutero e Descartes. O primeiro 
foi responsável pela ruptura da religião, possibilitando o acesso livre à Bíblia. O 
segundo fez uma ruptura filosófica, criando novos alicerces para o pensamento.
Capítulo 1
31Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Na filosofia moderna, o pensamento passa a ter as marcas do racionalismo, do 
antropocentrismo e do saber ativo. Para os filósofos deste período, o conhecimento 
pode ser apresentado desde que seja relacionado com ideias que possam ser 
comprovadas de forma racional. Os conceitos e conhecimentos são formulados por 
quem os procura, os transforma e são completamente conhecidos por este.
Como antropocentrismo, entenda a necessidade do homem de estar 
no centro de tudo. Agora, os filósofos discutem se o ser humano pode 
descobrir qualquer coisa, desejam saber qual sua capacidade intelectual. O 
conhecimento foco da filosofia está naquele que aprende, e não mais apenas 
no objeto do conhecimento.
O conhecimento partindo da própria realidade - esta é submetida a 
experimento e volta à realidade - constitui o foco do saber ativo. O homem tem o 
poder de, por meio da observação e da razão do que acontece no Universo, conhecer 
e compreender os acontecimentos e transformar a realidade. Este pensamento 
implica no homem dominando, por meio de técnicas, a natureza e a sociedade.
Releia e pense no parágrafo anterior. Reflita 
e tente relacionar o saber ativo a algo que já 
conhece ou estudou. O que o saber ativo pode 
ter trazido para nosso cotidiano?
REFLEXÃO
A característica do pensamento moderno, relacionada ao saber ativo, 
diz respeito a vários aspectos de nossa realidade. Esta crença na capacidade 
da humanidade em transformar a realidade, em coletar dela informações, 
possibilitou a percepção do binômio teoria e prática, propondo os conceitos 
de experiência e tecnologia.
Ou seja, os estudiosos conseguiram teorizar o que viam na realidade e assim 
surgem algumas ciências ou base para estas, como a Matemática (geometria, 
cálculo, probabilidade), fenômenos elétricos, criação do barômetro, explicação 
da circulação sanguínea, entre outros. Destacam-se neste período pensadores 
como Fernat, Descartes, Newton, Leibniz, Hooke, Galileu, Pascal, Huygens.
Capítulo 1
32 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A filosofia iluminista, datada do século XVIII ao início do XIX, preocupava-
se pela relevância dada às ciências, principalmente a biologia como campo da 
filosofia de vida e pelas artes, consideradas expressões do progresso humano. 
Além disso, prepondera o questionamento sobre a riqueza do mundo e 
pensamentos sobre economia.
Chauí (2003) aponta aspectos que eram afirmados pela filosofia 
iluminista: a liberdade e a conquista social e política podem ser alcançadas 
com o uso da razão; seria possível o aperfeiçoamento, progresso e perfeição 
humana (não existiriam preconceitos ou medos) pelo uso da razão; a razão 
seria aperfeiçoada dependendo da evolução e progresso das civilizações; e 
por fim, entendia que a natureza era formada por suas leis e pelas relações de 
causa e efeito e nenhuma relação existia com a civilização. Assim, o homem 
livre apresenta, por sua vontade, perfeição moral, política e técnica. Como 
principais pensadores, temos: Rousseau, Kant, Fichte e Voltaire.
Agora que você está situado no tempo da filosofia e conseguiu 
vislumbrar as abordagens adotadas em cada período filosófico, vamos 
conhecer a filosofia contemporânea.
Por muitos autores, ela é considerada a mais complexa das várias 
correntes existentes. Também é difícil de ser explanada por ainda estar em 
evolução, já que contempla até os dias atuais.
Na filosofia, este período, iniciado no século XIX, é marcado 
por descobertas no campo das artes, ciências, história do homem e 
da sociedade. Uma delas é que a humanidade progride acumulando 
conhecimentos e aperfeiçoando suas tecnologias, se comparado ao que 
existia em um período anterior. A filosofia apostava suas fichas no saber 
científico e tecnologia como forma de controlar a natureza e a sociedade. 
De certa forma, estas características do período demonstravam uma 
grande euforia em relação aos resultados que seriam alcançados por meio 
das ciências, gerando uma aversão à reflexão filosófica, pois o que se 
imagina eram respostas inquestionáveis e controle sobre a natureza e 
sociedade (SANTOS, 2009).
Este otimismo exagerado no progresso humano denominou-se 
positivismo e teve como pai, Augusto Comte. As teorias filosóficas do 
século XIX foram questionadas no século XX e os resultados esperados 
Capítulo 1
33Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
inicialmente não foram alcançados. Os questionamentos vieram em 
função de que a pregação do progresso permitia a legitimidade de que 
os mais adiantados poderiam dominar os atrasados, identificados como as 
ideias do colonialismo e imperialismo. Além disso, entendia-se que havia 
transformação contínua, acumulativa e progressiva da humanidade, o que 
foi negado pelos registros, já que cada época da história traz conhecimentos 
e práticas próprias do período.
O filósofo Augusto Comte concordava com as 
ideias otimistas do progresso e responsabilizava 
a ciência por esta possibilidade, prevendo que 
o desenvolvimento social aconteceria com base 
no conhecimento científico e controle científico 
da sociedade. Devido a isso, Comte criou o 
conhecido: ORDEM E PROGRESSO, que está na 
bandeira do Brasil (CHAUÍ, 2003).
CURIOSIDADE
Figura 5 - Bandeira do Brasil
Fonte: <http://images.google.com>.
Alguns filósofos desse período “apostam suas fichas” no saber científico e 
tecnológico como forma de manter controle sobre o ser humano, a sociedadee a natureza. Várias ciências foram pensadas como salvadoras neste período, 
como a sociologia (julgava-se, pelo conhecimento que teria do homem e da 
sociedade, que haveria controle racional sobre estes); e a psicologia (em que 
seria possível controlar as causas de emoções e comportamentos humanos). Com 
Capítulo 1
34 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
os acontecimentos do século XX – as guerras, bombas, devastação da natureza, 
sofrimentos mentais, problemas éticos e políticos –, ficou claro à filosofia (e à 
humanidade) que o otimismo relacionado à ciência e à tecnologia era demasiado.
Assim, surge uma vertente em que se teria a razão instrumental, voltada 
ao técnico-científico como meio de intimidação ao ser humano, e a razão 
crítica, considerando-se que as mudanças verdadeiras na sociedade só ocorrem 
quando há a busca pela emancipação do ser humano.
A desilusão com os ideais científicos e tecnológicos cedeu lugar à crença 
nos ideais revolucionários para a construção de uma sociedade mais justa e 
feliz. Porém, o surgimento, no século XX, do fascismo e nazismo fez os filósofos 
abandonarem estas ideias. Os questionamentos estavam em torno de saber se 
o ser humano seria mesmo capaz de criar a tão sonhada sociedade, justa e feliz.
Outra vertente da filosofia estava no reconhecimento da cultura como o 
exercício da liberdade possível, a sociedade que tornava os homens diferentes 
dos animais. No século XIX, os filósofos julgaram que cultura seria algo global, 
dado ao que se pensava neste século. Porém, como para falar de cultura seria 
necessário que o filósofo direcionasse suas atitudes para a busca, no passado, 
das tradições, já que cada povo tem uma maneira de se relacionar, tem sua 
própria linguagem e forma de expressão, a ideia de cultura universal na 
filosofia do século XX foi questionada.
Várias questões filosóficas ainda perduram, como a criada por Marx, 
chamada ideologia. O autor sustenta que a sociedade impõe, a você e a mim, 
determinada maneira de agir, que no nosso modo de pensar parece ser fruto 
de nossa vontade. Marx sustenta que as classes dominantes exercem seu 
poder sobre todas as classes de forma “que suas ideias pareçam ser universais” 
(CHAUÍ, 2003, p. 53) e todos que fazem parte daquela sociedade devem tê-las 
como verdade absoluta.
Outra descoberta realizada por Freud é a do inconsciente, conceituado 
como um poder invisível que domina o nosso consciente. Para Freud, o ser 
humano tem a ilusão de que tudo o que faz, sua forma de agir, suas escolhas, 
suas ambições, está plenamente controlado por sua consciência. Trata-se de 
uma forma de “[...] poder que domina e controla invisível e profundamente 
nossa vida consciente” (CHAUÍ, 2003, p. 53).
Capítulo 1
35Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Outros filósofos de nossos tempos são: Michel Foucault, Wittgenstein e 
Husserl. Alguns filósofos brasileiros de destaque são: Miguel Reale, Antonio 
Paim e Luis Washington Vita.
Atualmente, a filosofia possui seus conhecimentos limitados e possui 
seus próprios campos de reflexão. Pode-se citar: lógica, epistemologia, 
ontologia, ética, filosofia política, filosofia da história, filosofia da arte, 
filosofia da linguagem, história da filosofia e teoria do conhecimento 
(CHAUÍ, 2003).
Você pode observar que as descobertas realizadas por Marx e Freud, 
respectivamente, ideologia e inconsciente, promoveram uma retomada das 
ideias de ilusão e imaginação. Os conceitos do início da filosofia contemporânea 
foram colocados à prova e o fato de conhecer aspectos relacionados à razão 
começa a ser questionado.
Cervo, Bervian e Silva (2007) citam que a filosofia contemporânea propõe 
questões como: será o homem dominado pela técnica? A máquina substituirá 
os homens? Quando chegará a vez do combate contra a fome e a miséria? A 
tecnologia traz real benefício à sociedade?
PRATICANDOPRATICANDO
Lembrando dos períodos da origem da filosofia 
e da cronologia filosófica apresentada neste 
tópico, apresente o período da origem e da 
história da filosofia em que as ideias retomadas 
por Freud e Marx relacionadas à ilusão foram 
discutidas. Qual filósofo retratou a ilusão? Que 
recurso utilizou para demonstrá-la?
Ao conhecer as várias fases da filosofia, você entrou em contato com 
nomes que são conhecidos, atualmente, também como cientistas. Isto porque, 
durante certo tempo, não havia uma definição clara entre ciência e filosofia e 
também porque são os questionamentos sugeridos pela filosofia que, muitas 
vezes, levam a resultados científicos. Santos (2009) afirma que, por meio da 
reflexão, é possível aos cientistas adquirir competência e interesse filosófico 
em problematizar suas práticas científicas. Com isso, sugere que, atualmente, 
têm-se cientistas-filosóficos, como não se viu em outras épocas na história.
Capítulo 1
36 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
1.2.4 A razão e a verdade
Ao conhecer aspectos básicos da filosofia, você deve ter percebido 
que algumas palavras são comentadas durante vários períodos e momentos. 
Isto demonstra o grau de relevância desses termos para o estudo que 
você está realizando.
Razão e verdade são dois termos que, em vários momentos, são 
contestados, negados ou lembrados. Neste sentido, acredito que seja 
importante a você, acadêmico, compreender alguns aspectos relativos a 
estes conceitos.
Razão
A origem da palavra razão advém de duas fontes: o ratio, do latim, 
que significa juntar, calcular, reunir, e logos, que vem do grego, e apresenta 
semelhança no significado. Você consegue expor o que compreende até este 
momento por razão e o significado de sua origem?
Na filosofia, a razão foi exageradamente cultuada em uma das correntes 
filosóficas, o Iluminismo, sendo considerada a responsável pelo progresso da 
humanidade. Como vimos, Marx e Freud fizeram os filósofos repensarem a 
razão por meio de suas descobertas na filosofia contemporânea.
O que você pensa quando ouve a palavra razão? Que associações você 
consegue fazer? Acredito que uma das primeiras ideias que passam em sua 
cabeça seja o termo racional, isto é, eu, como ser humano, tenho razão 
diferente de um animal, considerado irracional. E que difere do emocional, da 
ilusão, do que diz a religião e do místico.
Chauí (2003) afirma que utilizamos a palavra razão de maneiras diferentes 
e podemos estar fazendo uso dela de forma parcial, considerando a amplitude 
de seu conceito (ARANHA e MARTINS, 1993). Reflita agora em que momentos 
de sua rotina você utiliza a palavra razão? Em quais situações faz uso dela?
Eu, por exemplo, utilizo esta palavra no supermercado, quando digo ao 
gerente que tenho razão de reclamar em função do mau atendimento. Posso 
fazer uso dela para argumentar com meu filho a razão de ter quebrado um 
brinquedo por vontade própria ou a razão de estar chorando por tanto tempo. 
Capítulo 1
37Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Em uma discussão de trânsito, quando alguém, distraído, bateu na traseira do 
carro, meu marido, muito exaltado, saiu do carro, começou uma discussão e eu 
disse a ele para se acalmar ou poderia perder a razão.
Ao afirmar o uso da palavra razão para tantas situações diferentes, estou 
contrapondo o que disse ser o pensamento da maioria das pessoas sobre a 
palavra, no segundo parágrafo deste tópico. Pascal (apud CHAUÍ, 2003, p. 60), 
lá no século XVII tem uma frase que você deve conhecer: “O coração tem 
razões que a razão desconhece”. A frase reafirma os diferentes sentidos da 
palavra razão, que para a filosofia pode ser: “certeza, lucidez, motivo, causa” 
(CHAUÍ, 2003, p. 60).
Você reconhece os dois significados diferentesda palavra razão na frase dita por Pascal: “O 
coração tem razões que a razão desconhece”? 
Explique. 
DESAFIO
Agora que já conversamos sobre alguns aspectos relacionados à razão, 
retomo a pergunta que fiz no primeiro parágrafo: considerando a origem da 
palavra e o que você compreende por razão, consegue vislumbrar a relação?
O significado, conforme a origem do termo, é juntar, calcular, reunir. 
Ao pensar sobre estas palavras, o que você compreende como atividades que 
faria para desenvolvê-las? Quando você faz uma prova de matemática e a 
questão apresentada pelo professor pede que você calcule os juros em uma 
determinada situação-problema, qual a sua atitude? A resposta pode ser: “eu 
entrego a prova, pois não sei nem por onde começar” ou você se concentra 
na atividade procurando ordenar seus pensamentos a fim de expor, em forma 
de palavras, a resposta. Lembro que, inicialmente, os gregos representavam 
número como letras.
E agora ficou mais fácil para você fazer a relação? Razão, de acordo 
com sua origem, refere-se ao pensamento e fala de maneira ordenada e 
clara, com possibilidade de compreensão para o outro (CHAUÍ, 2003). Morris 
Capítulo 1
38 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
(2000) afirma que a razão é o poder que o ser humano possui para organizar e 
interpretar a experiência adquirida ao longo da vida e a capacidade de chegar 
a conclusões confiáveis.
Russel (apud MORRIS, 2000, p. 45) diz que “a mente é uma máquina 
estranha capaz de combinar das formas mais espantosas os materiais que lhe 
são oferecidos”. Ou seja, tudo o que recebemos pode ser combinado com 
nossas experiências, gerando novos conhecimentos.
A filosofia divide a atividade racional em intuição e raciocínio. No 
primeiro caso, o conhecimento do objeto ou fato é geral e completo. 
Esse discernimento pode vir na forma do simples ato de reconhecer 
uma pessoa, um carro, uma bolsa e define a intuição sensível. Quando 
a percepção foca nas qualidades do objeto, como cor, forma, texturas, 
refere-se à intuição empírica.
A razão discursiva ou raciocínio são demonstrações que comprovam os 
resultados e conclusões obtidos no processo do conhecimento, e para isso, são 
possíveis três procedimentos: dedução, indução e abdução.
No caso de dedução o raciocínio parte de uma verdade global e se prova 
que todos os casos específicos (que são iguais) podem ser aplicados. Quando 
o raciocínio é o inverso, pensa-se em um fato particular e se busca encontrar 
a verdade geral; trata-se aqui de indução. A abdução, abordada por alguns 
autores, é como uma intuição que ocorre em etapas; este raciocínio acontece 
quando uma nova área está sendo descoberta.
A razão, por sua natureza, incorpora algumas características ao conceito, 
nomeados por alguns autores como princípios da razão. A identidade afirma 
que “eu sou eu”, ou seja, eu sou conhecida por ser esta pessoa e isto deve 
ser mantido desta forma para que eu tenha a minha identidade. Isso pode 
se relacionar às coisas, por exemplo, o que você conhece por uma caneta 
ou um dispositivo qualquer, com suas características exatas, será sempre 
reconhecido desta maneira.
A não-contradição também é explícita na razão. Exemplos: você não 
pode afirmar que está e não está com fome; que tem e não tem carteira de 
motorista; foi aprovado e não foi em determinada disciplina neste semestre; 
a razão não permite a afirmação e negação de uma coisa, em determinado 
Capítulo 1
39Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
momento, em determinada situação e determinada relação realizada. 
Diferente de afirmar que eu reprovei na disciplina neste semestre, mas serei 
aprovado no próximo.
A decisão de um dilema é foco no chamado excluído, em que se pode 
escolher entre duas situações apenas. Exemplos de exclusão ocorrem nas 
situações apresentadas: em determinado horário, em um dia da semana, 
você precisa decidir se naquele momento vai à praia ou ao futebol; se vai ao 
casamento com este ou aquele vestido.
A razão suficiente pressupõe que para algo acontecer há uma causa 
relacionada. Como exemplo, tem-se que, em uma partida de futebol 
decisiva (apenas um dos times precisa sair vencedor), um dos times irá 
ganhar e, consequentemente, o outro time perderá. Logo, se o time 1 
ganhar, necessariamente o time 2 perdeu, e se o time 2 perdeu é porque o 
time 1 ganhou.
Ao observar a teoria a respeito da razão, você percebe que tem atitudes 
racionais todos os dias desde o momento em que acorda, sejam intuitivas ou 
racionais. Mas você já se perguntou como recebeu capacidade de raciocínio?
A filosofia apresenta duas respostas para este questionamento. Uma 
delas afirma que, ao nascer, já trazemos as características referentes ao 
raciocínio e à inteligência, chamando esta vertente de inatismo. 
O empirismo contraria o inatismo e afirma que adquirimos a razão, as 
verdades e ideias. Acredita-se que o ser humano é como uma folha em branco 
e a razão é uma forma chegar ao conhecimento; a partir das experiências que 
vivenciamos, aprendemos e vamos escrevendo na folha em branco.
Ambas as respostas apresentam conflitos. No caso de a razão ser inata, 
não poderia sofrer influência externa e você jamais mudaria seu intelecto. No 
empirismo, a forma como é inserido o conceito impossibilita o conhecimento 
objetivo da realidade universal.
Lembre-se da viagem que fizemos à história da filosofia e como os 
aspectos discutidos pelos filósofos se modificaram, foram descartados e 
retornaram ao pensamento filosófico. Percebe-se que a compreensão da razão 
se altera conforme a perspectiva de leitura de mundo adotada.
Capítulo 1
40 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Verdade
Você compreendeu do que se trata a razão e suas características. 
Mas o que a razão pretende? Ou ainda, o que você pretende quando adota 
um ato racional? 
Ao tomar uma atitude racional, o ser humano pretende agir da melhor 
forma possível frente a uma situação. Você deve considerar que, ao raciocinar 
frente a determinado fato, está considerando suas crenças. Embora seu 
objetivo seja a busca pela justiça e verdade, como pressupõe a filosofia.
A forma como você percebe o mundo, como age, as atitudes que 
apresenta dependem de suas crenças. Estas proposições sobre o mundo nós 
temos em grande número e sua relevância pode ser vista quando um pai 
educa seu filho ou quando ocorre um atentado terrorista. Mas nem todas 
as crenças que temos são verdadeiras em virtude de falta de informação, 
distração ou apenas de não perceber a presença de determinado objeto 
(MORRIS, 2000).
Você já percebeu como deseja insistentemente que tudo aquilo no qual 
acredita seja verdade? Isto não é possível ao ser humano, pois sempre haverá 
alguma crença que não será verdade. Citando a religião, existe uma infinidade 
e apenas uma pode estar certa ou nenhuma ou concepções de várias delas. 
Quando você deseja que sua crença seja verdadeira e se torne algo 
verdadeiro a todos, pretende chegar ao conhecimento. Para isso, sua crença 
precisa ser justificada, pois a crença que considera verídica pode ser falsa. 
Podemos analisar filosoficamente uma crença para que esta seja justificada 
e você pode decompô-la em várias condições. Morris (2000) exemplifica esta 
situação utilizando como crença o que é um homem solteiro. Para tanto, o 
autor busca uma definição em que o solteiro é um ser humano, que não é 
casado, do sexo masculino e possui idade para casar. O próximo passo seria 
decompor as informações. Você consegue encontrar quatro condições?
São elas: ser humano, não casado, sexo masculino e idade para casar:
 • caso atenda apenas à condição do sexo, poderia ser um cachorro;

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