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AD1 01.2016 GABARITO (1)

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Fundação CECIERJ/ UFF 
Graduação em Letras 
 
Disciplina: Teoria da Literatura II 
Coordenadora: Profa. Diana Klinger 
AD1- 1º semestre de 2016 
GABARITO 
_______________________________________________________________ 
 
QUESTÃO ÚNICA: Quais argumentos utiliza Aristóteles para reverter as 
críticas que Platão faz à mimese? 
 
Diferente de Platão, Aristóteles dá à mimese (ou “representação”) um 
lugar especial em sua análise, ao estabelecer, a partir desse conceito, uma 
concepção estética para as artes. Em se tratando de um procedimento geral, a 
mimese implica a ação que distingue os homens dos animais e constitui-se 
como um princípio da natureza humana. “A tendência para a imitação é 
instintiva no homem, desde a infância. Neste ponto distinguem-se os humanos 
de todos os outros seres vivos: por sua aptidão muito desenvolvida para a 
imitação. Pela imitação adquirimos nossos primeiros conhecimentos, e nela 
todos experimentamos prazer” (p. 4). A imitação também decorre da ação, da 
verossimilhança e da necessidade de que o poeta dispõe para criar. 
Desse modo, a mimese para Aristóteles traduz a condição do processo de 
conhecimento e de invenção do próprio homem, uma vez que a experiência 
sensível também se faz por ela e com ela. “Os seres humanos sentem prazer 
em olhar para as imagens que reproduzem objetos. A contemplação delas os 
instrui, e os induz a discorrer sobre cada uma, ou a discernir nas imagens as 
pessoas deste ou daquele sujeito conhecido” (p. 5). 
Para Platão, a imitação do artista não passa de uma forma de corromper 
a capacidade de raciocínio do homem, uma vez que este, através da 
representação, deixa-se levar pelos sentidos e pelas emoções, e não pela 
Razão que é a única via de acesso à verdade. Platão argumenta que a 
representação artística está duplamente afastada da verdade, pois o pintor ou 
o poeta imitam os objetos da realidade e esta já seria uma imitação dos 
conceitos, que são abstratos e universais. Daí que, para Platão, a filosofia seja 
mais importante na República, enquanto a poesia não serviria à educação dos 
cidadãos. Já Aristóteles valoriza a mimese como forma de conhecimento e 
aprendizado e também, sobretudo, como forma de catarse, isto é, expurgação 
dos instintos ruins dos cidadãos. O conceito aristotélico mostra que não há 
afastamento da verdade, pois a arte não visa contar “o que aconteceu” e sim “o 
que poderia acontecer”, isto é, não visa à verdade e sim à verossimilhança. A 
representação não teria compromisso com a verdade, e, portanto, não poderia 
ser falsa como propunha Platão. Essa ideia também traz a diferença entre 
poesia e história, em que cabe ao poeta narrar “o que poderia ter acontecido, o 
possível, segundo a verossimilhança ou a necessidade” (p.14), enquanto 
compete à história a narração do que realmente aconteceu. Assim, a história 
visaria ao particular, enquanto a poesia visaria ao universal, assim como a 
filosofia. Do ponto de vista de Aristóteles, não há hierarquia entre poesia e 
filosofia. 
Por fim, a Arte Poética de Aristóteles registra a primeira sistematização da 
natureza da poesia e sua organização em gêneros, “a epopeia e a poesia 
 
 
trágica, assim como a comédia, a poesia ditirâmbica, a maior parte da aulética 
e da citarística, consideradas em geral, todas se enquadram nas artes de 
imitação” (p. 1). 
 
 
Referência 
Aristóteles. Arte poética. Disponível em PDF, na plataforma.

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