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MECANISMOS INESPECÍFICOS E ESPECÍFICOS DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS Profa Dra Rúbia de Aguiar Alencar A imunidade significa proteção contra doenças infecciosas. As células e moléculas responsáveis pela imunidade constituem o sistema imune, e sua resposta coletiva e coordenada à introdução de substâncias estranhas no organismo é chamada resposta imune. Sistema Imunológico Tecidos Linfoides • Baço • Medula vermelha: onde os eritrócitos velhos e lesionados são destruídos. • Medula branca: contém concentrações de linfócitos. • Linfonodos • Distribuídos por todo o corpo; • Unidos por canais e capilares linfáticos, os quais removem o material estranho antes de penetrarem na corrente sanguínea; • Centros de proliferação das células imunes. • As tonsila, adenoides e outros tecidos linfoides • Contém células imunes que defendem o organismo contra os microrganismos. A medula óssea, também conhecida como tutano, é um tecido gelatinoso que preenche a cavidade interna de vários ossos. Antígeno • É toda a partícula ou molécula capaz de iniciar uma resposta imune, a qual começa pelo reconhecimento pelos linfócitos e acumula com a produção de um anticorpo específico. Anticorpo • Anticorpo - são proteínas grandes denominadas de imunoglobulinas sintetizadas e excretadas por células plasmáticas derivadas dos linfócitos B. • Presentes no plasma, tecidos e secreções que atacam proteínas estranhas ao corpo, chamadas de antígenos. • Realizando assim a defesa do organismo e produzindo anticorpos específicos. Há cinco classes de imunoglobulina com função de anticorpo: IgA, IgD, IgE, IgG e IgM. • Uma única bactéria, mesmo uma molécula grande, como uma toxina (toxina diftérica ou tetânica), pode apresentar vários desses antígenos, ou marcadores de superfície, induzindo o corpo a produzir inúmeros anticorpos distintos. • Um vez produzido, o anticorpo é liberado dentro da corrente sanguínea e transportado até o organismo agressor, quando então se combina ao antígeno, ligando- se a ele. Resposta a Invasão • Quando o corpo é invadido ou atacado por bactérias, vírus ou outros patógenos, existem três meios para se defender: • A resposta imune fagocítica; • A resposta imune humoral ou por anticorpos; • A resposta imune celular. A resposta imune fagocítica • É a primeira linha de defesa, a resposta imune fagocítica envolve os leucócitos (granulócitos e macrófagos), que possuem a capacidade de ingerir partículas estranhas. • Essas células deslocam-se até o ponto de agressão, onde elas englobam e destroem os agentes agressores. Célula fagocítica A resposta imune humoral • É considerado a segunda resposta protetora; • Também chamado de resposta de anticorpos; • Começam com os linfócitos B, que se transformam em células plasmáticas produtoras de anticorpos em resposta a um antígeno específico; • São transportados pela corrente sanguínea e tentam incapacitar o agressor. A resposta imune celular • É o terceiro mecanismo de defesa; • Esses linfócitos passam um período no timo, onde eles são programados para se transformarem em células T, em vez de linfócitos B produtores de anticorpos. • Há vários tipos de de células T, cada uma com funções designadas na defesa de bactérias, vírus, fungos e parasitas. Exemplo: células T citotóxicas especiais (ou Killer), célula T helper. • Elas atacam diretamente os invasores, em vez de produzir anticorpos. Resposta Imune Fagocítica Humoral Celular 1º linha de defesa 2º linha de defesa 3º linha de defesa Leucócitos (granulócitos e macrófagos) Linfócito B (Células B) Linfócito T (Células T) Possuem a capacidade de ingerir partículas estranhas. Produz Anticorpos e tentam incapacitar o agressor. Células T citotóxicas, célula T helper. Atacam diretamente os invasores O organismo defende-se de infecções por meio da: • Imunidade Natural (inespecífica) • Imunidade Adquirida (específica) Imunidade Natural (inespecífica) • Fornece uma resposta inespecífica a qualquer invasor estranho, independente da composição do invasor. • A base dos mecanismos de defesa natural é apenas diferenciar entre: “próprios” e “não-próprios” / “amigo” e “inimigo”. • Incluem: • Barreiras físicas e químicas; • Ação dos leucócitos; • Respostas inflamatórias. Barreiras físicas e químicas • Pele e mucosas íntegras; • Cílios do trato respiratório (em conjunto com as respostas da tosse e espirro); • Suco gástrico; • Substâncias das secreções sebáceas e sudoríparas; Barreiras físicas e químicas • As enzimas das lágrimas e saliva; • Interferon – uma proteína viricida naturalmente produzida pelo organismo e capaz de ativar outros componentes do sistema imune. Ação dos leucócitos • Os leucócitos granulosos ou granulócitos (agem liberando mediadores celulares como histamina, bradicinina e prostaglandinas – fagocitando os corpos estranhos ou toxinas): • Neutrófilos – primeiras células a chegarem no local onde ocorre a inflamação. • Eosinófilos e basófilos – ocorre aumento durante as reações alérgicas e respostas ao estresse. Leucócitos granulosos (aspecto granular) Ação dos leucócitos • Os leucócitos não-granulosos: • Monócitos ou macrófagos – células fagocíticas • Linfócitos B e T • Tem participação nas respostas imunes natural e adquirida. Leucócitos não-granulosos Resposta Inflamatória • Provocada em resposta à lesão tecidual ou aos organismos agressores. • Os mediadores químicos auxiliam essa resposta por minimizar a perda sanguínea, isolar o organismo agressor, ativar os fagócitos e promover a formação de tecido cicatricial fibroso e a regeneração do tecido lesionado. Abcesso na mandíbula Imunidade Adquirida (específica) • Consiste em repostas imunológicas que não estão presentes ao nascimento, mas são adquiridas durante a vida; • Pode ser Ativa ou Passiva; • Ambos os tipos de imunidade adquirida envolvem respostas imunológicas humorais (linfócitos B) e celulares (linfócitos T). Imunidade Adquirida Ativa • Desenvolve-se em consequência da imunização; • Quando se contrai uma doença, que gera uma resposta imune protetora. Semanas ou meses depois da exposição à doença ou à vacina, o corpo produz uma resposta imune que é suficiente para defender contra a doença durante a reexposição a ela. Doença Imunização Imunidade Adquirida Ativa • As defesas imunológicas são desenvolvidas pelo próprio corpo do indivíduo; • Geralmente perdura por muitos anos ou, até mesmo, por toda a vida. VACINA É um antígeno devidamente tratado que ao ser introduzido no organismo provoca uma resposta imunológica. A vacina é responsável por fornecer uma imunidade mais prolongada ao indivíduo. Algumas vacinas proporcionam imunidade para toda a vida e outras necessitam de reforço a cada 10 anos. Imunidade Adquirida Passiva • É uma imunidade temporária transmitida a partir de uma outra fonte, que desenvolveu a imunidade através da doença prévia ou imunização. Pode ser natural ou artificial. • Natural: É conferida ao recém-nascidopor anticorpos que atravessaram a placenta durante a vida intrauterina e também por anticorpos presentes no leite materno e no colostro; Imunidade Adquirida Passiva Natural Imunidade Adquirida Passiva Artificial: anticorpos contidos nos soros. • Homólogos: obtidos a partir de doador da mesma espécie do receptor (imunoglobulinas humanas); • Heterólogo: são obtidos a partir de doador de espécie diferente do receptor (soro). • Confere imunidade específica mas não é duradoura, sem desenvolvimento de memória imunológica. Soro Homólogo (imunoglobulina humana) Imunoglobulina humana de dois tipos: a imunoglobulina normal e a imunoglobulina humana específica. • A imunoglobulina normal, também denominada gamaglobulina - é extraída do plasma de doadores de sangue, adultos e sadios. O plasma desses doadores contém os anticorpos específicos (gamaglobulinas) . • Gamagloblulina: é utilizada para a profilaxia e tratamento de casos de deficiência de anticorpos. Soro Homólogo (imunoglobulina humana) • A imunoglobulina humana específica são obtidas a partir do soro de doadores humanos selecionados (pessoas submetidas à imunização ativa, recentemente, ou convalescentes de doença infecciosa) ou de doadores especiais, nos quais foram constatadas grandes concentrações de anticorpos da doença contra a qual se pretende proteger. Imunoglobulina humana hiperimune antitetânica (IGHAT), Imunoglobulina humana antirrábica (IGHAR), Imunoglobulina humana antivaricela zóster (IGHAVZ), Imunoglobulina humana anti-hepatite tipo B (IGHAHB) Soro Heterólogo (soro) • As imunoglobulinas são obtidas a partir do sangue de animais cujo organismo foi previamente estimulado com antígenos, constituídos por pequenas quantidades de toxinas (ou de toxinas modificadas, denominados toxóides) ou de venenos. • Exemplos: soro antitetânico (SAT), soro anti-rábico (SAR), soro antidiftérico (SAD), Soros específicos contra venenos de animais peçonhentos. Imunidade Adquirida Passiva Artificial Imunidade às infecções bacterianas • Bactérias podem ser eliminadas, quer pela imunidade natural (inespecífica), quer pela resposta imune humoral ou celular. • A ligação do anticorpo às bactérias facilita sua ingestão pelos linfócitos. • Anticorpos também podem levar a bactéria a lise. • A neutralização de toxinas bacterianas é efetuada pelos anticorpos. Imunidade às infecções bacterianas • Algumas bactérias desenvolvem mecanismos de evasiva: • Síntese de cápsula externa que não adere facilmente às células fagocíticas; • Secretam substâncias antifagocíticas (exotoxinas), lesivas para leucócitos; • Escapam da fagocitose aderindo e colonizando superfícies de mucosas. Imunidade aos parasitas • A maioria dos parasitas é capaz de resistir às defesas naturais, podendo muitos deles se replicarem no interior de macrófagos. • Parasitas intracelulares, como Toxoplasma gondii, e Trypanossoma cruzi, são combatidos principalmente pela resposta imune celular. • Linfócitos T produzem citocinas que estimulam os macrófagos a eliminar tais parasitas. Imunidade às infecções virais • A imunidade contra às infecções virais é mediada por mecanismos imunes celular e humoral, além da imunidade natural proveniente da produção direta de citocinas, como principalmente, o interferon do tipo 1, que age bloqueando a replicação viral. • A imunidade humoral e a fagocitose somente são eficazes na fase inicial da infecção viral, antes da penetração na célula. Após a infecção intracelular, apenas mecanismos imunes celulares poderão neutralizar o processo. Embora cada tipo de imunidade desempenhe uma função distinta na defesa do organismo contra os invasores, os vários componentes geralmente atuam de uma maneira interdependente. O organismo defende-se de infecções por meio da: • Imunidade Natural (inespecífica): está presente ao nascimento e não depende de exposição prévia ao patógeno. • Imunidade Adquirida (específica): desenvolve- se após o nascimento, sendo induzida pelo agente agressor. Mecanismos de Proteção Mecanismos de Proteção Mecanismos Inespecíficos (Imunidade Natural) Barreiras físicas e químicas; Ação dos leucócitos; Respostas inflamatórias Mecanismos Específicos (Imunidade Adquirida ou Imunidade Específica) Ativa Vacinação / Infecção prévia Passiva Natural Amamentação Artificial Soro homólogo e Soro heterólogo Imunidade Natural ou Adquirida Imunidade Natural Imunidade Adquirida Quando ocorre No nascimento Após o nascimento Proteção Inespecífica Específica Relação Próprio x não próprio Antígeno x Anticorpo Exposição ao patógeno Não depende Depende Características Barreiras físicas, químicas, ação de leucócitos e respostas inflamatórias Ativa – vacinação, infecção prévia Passiva – soro homólogo (imunoglobulina) e soro heterólogo (soro) Referências • Brunner & Suddarth. Tratado Médico-Cirúrgico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. • Colombrini MRC, Marchiori AGM, Figueiredo RM. Enfermagem em infectologia. São Paulo: Atheneu, 2009. 466p. • Lopes CRC, Berezin EN. Fatores de risco e proteção à infecção respiratória aguda em lactentes. Rev. Saúde Pública. 2009 43(6); 1030-34. • Manual de Normas de Vacinação. 3.ed. Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde; 2001 72p. • Mattos AG, Lacaz CS, Zacchi MAS, Gorga P. Proteção do recém-nascido contra o tétano pela imunização ativa da gestante com antitoxina tetânica: estudo original de 1953. Rev Paul Pediatr 2008;26(4):315-20. • Mendes NF, Mendes MC. Mecanismos imunes de defesa. In: Veronesi R, Focaccia R. organizadores. Tratado de Infectologia. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. v.1, p. 9-11. • Sousa M. Assistência de Enfermagem em Infectologia. Rio de Janeiro: Atheneu, 2004. 351p.
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