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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá, Bom dia. Hoje vamos cuidar dos poderes administrativos, conforme o seguinte: AULA 03: 4 Poderes da administração pública. 4.1 Hierarquia; poder hierárquico e suas manifestações. 4.2 Poder disciplinar. 4.3 Poder de polícia. 4.4 Polícia judiciária e polícia administrativa. 4.5 Liberdades públicas e poder de polícia. 4.6 Principais setores de atuação da polícia administrativa. Então, vamos nessa. O Prof. José dos Santos Carvalho Filho conceitua poderes administrativos como “o conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins”. Devemos compreender que o ordenamento jurídico confere aos agentes públicos, para o exercício de suas funções e a consecução dos fins públicos, um conjunto de prerrogativas, poderes. E, por força disso, também estabelece uma série de restrições, de deveres. Percebe-se, portanto, que esses poderes são outorgados aos agentes públicos no sentido de que cumpram suas atribuições voltadas ao atendimento do interesse coletivo. Então, é até por isso, pode-se enumerar duas características que lhe são peculiares, ou seja, tais poderes são irrenunciáveis e devem ser obrigatoriamente exercidos. Em razão desse duplo aspecto, os poderes administrativos impõem ao administrador o exercício das Poderes Administrativos PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 2 prerrogativas e vedam a inércia, eis que o exercício dessas prerrogativas é obrigatório tendo em vista o atendimento dos anseios coletivos. Significa dizer que ao ser conferido certo poder, o é em razão do exercício da atribuição, de modo que o agente público não poderá ficar inerte, não poderá se omitir, deverá realizar suas funções. É que, enquanto o particular quando titular de uma prerrogativa tem a faculdade de exercê-la, o administrador tem o poder-dever de agir. Isto é, conforme destaca Bandeira de Mello, “tais poderes são instrumentais: servientes do dever de bem cumprir a finalidade a que estão indissoluvelmente atrelados. Logo, aquele que desempenha função, tem, na realidade, deveres-poderes”. Quando se utiliza desses poderes de forma normal diz- se que há o uso do poder. Porém, o uso indevido, anormal, ilegítimo, configura o abuso de poder. Assim, abuso de poder é, conforme lição de Carvalho Filho “a conduta ilegítima do administrador, quando atua fora dos objetivos expressa e implicitamente traçados na lei”. O abuso de poder pode se constatado sob duas vertentes ou espécies, sendo: o excesso de poder e o desvio de poder. O excesso de poder ocorre quando o agente atua fora dos limites da competência que lhe foi atribuída. Já o desvio de poder ocorre quando o agente, muito embora seja competente, atua em descompasso com a finalidade estabelecida em lei para a prática de certo ato. Excesso de Poder Abuso de Poder Desvio de Poder (desvio de finalidade) PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 3 O desvio de poder também é conhecido como desvio de finalidade, que corresponde à conduta do agente público que dá ao ato finalidade diversa daquele prevista na lei. Cito como exemplo, a remoção de um subordinado pelo superior hierárquico, para comarca distinta, sob a alegação de necessidade do serviço, mas com o fim único de persegui-lo, puni-lo. Tanto quando há excesso ou desvio de poder diz-se que ocorreu abuso de poder, o que configura ilícito administrativo, além de ilícito penal tipificado na Lei nº 4.898/65 (abuso de autoridade), além de ser ato de improbidade administrativa, conforme art. 11, inc. I, da Lei nº 8.429/92, que assim dispõe: Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência; Ademais, como ressaltado, se é dever atuar, também haverá abuso de poder quando o agente deixar de praticar o ato, ou seja, ficar inerte, omisso. Com efeito, o abuso de poder é conduta, omissiva ou comissiva, que afronta os princípios da legalidade, finalidade, moralidade, dentre outros, sujeitando-se, pois, ao controle administrativo (autotutela) ou judicial (mandado de segurança, por exemplo). Outrossim, ao mesmo tempo que são conferidos poderes, também são fixados deveres, restrições, aos agentes públicos, tal com o dever de probidade, o dever de prestar contas, o dever de eficiência, dentre outros. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 4 De modo geral, a doutrina destaca a existência de diversos poderes administrativos, de modo que é possível enquadrá- los nas seguintes modalidades ou espécies: a) poder discricionário/vinculado; b) poder regulamentar; c) poder hierárquico; d) poder disciplinar; e) poder de polícia. Configura-se o poder discricionário quando a lei não traça todos os parâmetros para atuação do agente público, cabendo- lhe avaliar a conveniência e oportunidade de se realizar determinado ato em atendimento ao interesse público. Na discricionariedade há margem para valoração da conduta, ou seja, valorar quais as condições e o melhor momento para realizar a conduta. Que dizer, é o poder para decidir o que é conveniente, oportuno para a Administração Pública na condução do interesse coletivo. Poder discricionário, assim, é o poder concedido para mensurar acerca de se praticar ou realizar determinado ato, considerando a conveniência e oportunidade, diante de duas ou mais condutas possíveis, cabendo ao agente eleger aquela que melhor atenda ao interesse público. É importante destacar que a conveniência diz respeito às condições para se praticar o ato. Já a oportunidade, por outro lado, refere-se ao momento em que o ato deve ser praticado. Assim, tome como exemplo, a necessidade de a Administração adquirir material de consumo (caneta, papel etc). A lei determina que seja licitado, mas o momento (oportunidade) e as condições (conveniência) para tanto será definida pelo administrador, com base no seu planejamento administrativo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 5 Vê-se que o poder discricionário encontra-se na margem de espaço permitida pela própria lei. No entanto, em que pese essa abertura, o poder discricionário possui limitação, de modo que pode sofrer controle administrativo e judicial. É que no âmbito da discricionariedade permitida, deve-se observar a adequação da conduta ao alcance da finalidade (razoabilidade / proporcionalidade) expressa em lei. Também devem ser observados os motivos que inspiraram a prática do ato, de modo que é dever do agente expor os fundamentos de fato e de direito que deram ensejo ao ato, a fim de que se possa verificar sua validade. Por isso, discute-se se é possível o controle judicial dos atos com base no poder discricionário. Nesse sentido, com base nos limites impostos,é permitido que o Poder Judiciário afira a legalidade do exercício do poder discricionário, considerando em especial a razoabilidade e proporcionalidade dos atos. O que se veda ao Judiciário é que se faça o juízo de conveniência e oportunidade, substituindo a vontade do administrador, conduta que ensejaria a invasão em esfera de competência adstrita ao agente público, ou seja, redundaria em violação ao princípio da separação de poderes. Porém, é dado ao Poder Judiciário, como destacado, apreciar o ato, inclusive no seu aspecto de liberdade, a fim de verificar se não houve violação aos limites legais, isto é, se o ato não é arbitrário, abusivo, ilegal ou ilegítimo. Veja que é essa a orientação que vem sendo adotada no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, cf. Informativo 337 (MS-23981) e REsp 443.310/RS (Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21.10.2003, DJ 03.11.2003 p. 249). PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 6 De todo forma, devemos lembrar que todos os atos administrativos são passíveis de controle judicial. Quanto aos atos discricionários o controle é mais limitado, mas é sempre possível. É que poderá sofrer controle acerca dos seus elementos vinculados (competência, finalidade e forma) que estarão previstos na norma, bem como no mérito para verificar a compatibilidade com os princípios constitucionais (razoabilidade, proporcionalidade), ou seja, a adequação aos limites legais. Portanto, a discricionariedade está baseada nos limites legais, de modo que não há discricionariedade contra legem por ser prática arbitrária. É preciso, no entanto, distinguir o que seja discricionariedade, daquilo que se denomina de conceito jurídico indeterminado. Os conceitos jurídicos indeterminados, conforme explica Carvalho Filho, são termos ou expressões contidos em normas jurídicas, que, por não terem exatidão em seu sentido, permitem que o intérprete ou o aplicador possam atribuir certo significado, mutável em função da valoração que se proceda diante dos pressupostos da norma. É que sucede com expressões do tipo ‘ordem pública’, ‘bons costumes’, ‘interesse público’, ‘segurança nacional’. São, portanto, expressões previstas no âmbito da norma, que já estabelece seus efeitos, cabendo apenas a concretização ou interpretação pelo aplicador. A discricionariedade reside no campo da aplicação da norma, de forma que permite ao administrador, dentro da margem legal, observando a oportunidade e conveniência, ponderar os interesses concorrentes dando prevalência ao que melhor atenda o fim perseguido. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 7 Por outro lado, o Poder é vinculado ou regrado quando a lei define todos os elementos e requisitos necessários à prática de ato, não havendo qualquer margem de liberdade para atuação do administrador, devendo realizar o que exatamente estabelece a lei, quando e como ela determina. De todo modo, é bom ressaltar que para alguns autores, tal como a Profa. Zanella Di Pietro, os poderes discricionários e vinculados “não existem como poderes autônomos; a discricionariedade e a vinculação são, quando muito, atributos de outros poderes ou competências administrativas”. Para autora só existiria os poderes normativo, disciplinar, hierárquico e de polícia. E, nesse sentido, para o Prof. Carvalho Filho só o regulamentar, discricionário e de polícia. De todo modo, como disse inicialmente, em geral, tem-se aceito os poderes discricionário, vinculado, regulamentar, hierárquico, disciplinar e de polícia. O Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos normativos de caráter abstrato e geral visando dar aplicabilidade à lei. Trata-se de poder no sentido de praticar atos de natureza derivada (secundário) tendo em vista complementar o alcance da lei, decorrente da função normativa. Com efeito, como salienta Carvalho Filho, “o poder regulamentar é subjacente à lei”, ou seja, deve observar as balizas legais, de modo a não contrariar seu sentido e comando. Quer dizer, não pode criar direitos, nem obrigações que não decorram diretamente da Lei. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 8 É exemplo de este poder os decretos e regulamentos, conforme prevê o art. 84, incisos IV e VI, da CF/88, que por simetria aplica-se a todas as esferas federativas. Assim, muito embora não haja entendimento uniforme, é possível destacar duas espécies de decretos ou regulamentos. Os denominados decretos de execução e os autônomos. Os decretos de execução, no âmbito brasileiro, estariam previstos no art. 84, inc. IV, da CF/88, que seriam utilizados para dar fiel execução às leis, conforme o seguinte: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Por outro lado, os chamados decretos autônomos são utilizados para tutelar hipótese que decorre diretamente da Constituição, ou seja, não estão subordinados à lei em sim à CF. A doutrina tem indicado como hipótese de decreto autônomo a disposição contida no art. 84, inc. VI, da CF/88, ao estabelecer que compete ao chefe do Executivo, mediante decreto, dispor sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. No entanto, como disse, trata-se de tema controvertido na doutrina. Assim, em defesa dos decretos autônomos está a Profa. Di Pietro, Hely Lopes, dentre outros. No sentido de o ordenamento Constitucional não prevê tal espécie estão os Profs. Celso Bandeira, Carvalho Filho, por exemplo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 9 Contudo, o Supremo Tribunal Federal vem admitindo a figura do decreto autônomo, após a EC 32/01, nos termos do art. 84, inc. VI, da CF/88, nos seguintes termos: INFORMATIVO Nº 324 TÍTULO: Liberação de Recursos: Autorização Presidencial PROCESSO: ADI - 2564 ARTIGO: Julgado improcedente o pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B contra o Decreto 4.010/2001, que vincula a liberação dos recursos para pagamento dos servidores da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, à expressa autorização do Presidente da República. O Tribunal considerou não caracterizada, na espécie, a alegada ofensa ao princípio da reserva legal - dado que o art. 84, VI, da CF, na redação dada pela EC 32/2001 permite ao Presidente da República dispor, por decreto, sobre a organização e o funcionamento da administração federal quando isso não implicar aumento de despesa ou criação de órgãos públicos -, afastando, ainda, a argumentação do requerente de que a norma impugnada privaria os ministros de Estado da atuação nas áreas de sua competência, já que, na forma prevista nos artigos 76 e 84, II, da CF, o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, com o auxílio dos ministros de Estado. ADI 2.564-DF, rel. Ministra Ellen Gracie, 8.10.2003. (ADI-2564) INFORMATIVO Nº 217 TÍTULO: Guerra Fiscal PROCESSO: ADI - 2155 ARTIGO Julgando o pedido de medida liminar em açãodireta de inconstitucionalidade requerida pelo Governador do Estado de São Paulo contra o Decreto 2.736/96 do Estado do Paraná (Regulamento do ICMS do Paraná) - que concede crédito presumido de ICMS, incentivos e benefícios fiscais -, PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 10 o Tribunal, preliminarmente, rejeitou a articulação de não- cabimento da ação por entender que tal norma caracteriza-se como decreto autônomo revestido de conteúdo normativo, e não como simples ato regulamentar. Prosseguindo no julgamento, o Tribunal entendeu relevante a fundamentação jurídica do pedido por aparente contrariedade ao art. 155, § 2º, XII, g, da CF, que só admite a concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais por deliberação dos Estados e do Distrito Federal, mediante lei complementar. O Tribunal não conheceu da ação quanto a diversos dispositivos por se tratarem de normas temporárias, cujos efeitos já se exauriram. ADInMC 2.155-PR, rel. Min. Sydney Sanches, 15.2.2001.(ADI-2155) Fala-se, ainda, em poder regulatório ou normativo técnico ou regulamentar delegado. É o poder conferido, por exemplo, às agências reguladoras, ao Conselho Nacional de Justiça, ao CADE, ao Conselho Monetário Nacional, dentre outros órgãos e entidades da Administração para, conforme permissão legal, estabelecer normas técnicas acerca de sua área de atuação. Nesses casos há uma delegação legislativa no sentido de permitir a criação de disposições técnicas. Contudo, esse poder não é de inovar na ordem jurídica, está calcando em pormenorizar tecnicamente os aspectos legais (o que se tem chamado de discricionariedade técnica), com a expedição de Instruções Normativas por uma Agência, quanto à edição de uma Resolução por um órgão administrativo, por exemplo. Dessa forma, o poder regulamentar ou o regulatório (normativo técnico) não podem ultrapassar os limites da lei, criando situação jurídica não tutelada na norma, ou seja, devem apenas esclarecer, explicitar, pormenorizar ou viabilizar a operacionalidade técnica da lei. Ademais, cumpre lembrar que cabe ao congresso nacional, nos termos do art. 49, inc. V, da CF/88, sustar os atos do poder executivo que exorbitem o exercício do poder regulamentar. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 11 Poder Hierárquico é o poder que decorre da organização hierárquica da Administração Pública, ou seja, da relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes. Trata-se de relação de subordinação entre os vários órgãos e agentes componentes de uma estrutura administrativa. São poderes implícitos ou decorrentes do poder hierárquico no sentido de permitir ao superior comandar (estabelecer normas), ordenar (dar ordens), coordenar (gerenciar, distribuir atividades, delegar ou avocar funções), controlar (fiscalizar e exigir o cumprimento das ordens) e corrigir (rever os atos, anulando ou revogando) as atividades administrativas. Notadamente, a hierarquia é o poder de comando, de orientação, de coordenação, de fiscalizar das atividades desempenhadas no cotidiano administrativo. O poder comando ou de direção é o de orientar as atividades administrativas, mediante a expedição de atos gerais e determinações específicas através dos quais, como ressaltamos, são repartidas e escalonadas as funções dos agentes e órgãos públicos, com o objetivo de assegurar seu exercício harmônico e coordenado da função administrativa. Assim, o poder de direção subjacente ao poder hierárquico será exercido através da expedição de atos normativos que vinculam a atuação do agente em determinadas situações, de modo a realizar certas condutas (instruções) ou por ordens concretas individualizadas (portarias) a fim de que os órgãos inferiores observem o direcionamento dado pelos órgãos de comando. Por isso, recorde-se que é dever funcional observar as ordens superiores, somente podendo descumpri-las se forem manifestamente ilegais. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 12 Não se deve, no entanto, confundir subordinação com vinculação administrativa. A subordinação decorre do poder hierárquico, a vinculação resulta do poder de supervisão ministerial (tutela) sobre a entidade vinculada e é exercida nos limites legais, não retirando a autonomia administrativa da entidade, sendo controle apenas de finalidade, de resultado, ou seja, dos fins da entidade. Dessa relação de subordinação administrativa (hierarquia) decorre o poder de autotutela, ou seja, do superior rever os atos do subordinado anulando-o quando ilegais ou revogando quando inconvenientes ou inoportunos, seja de ofício ou por meio de recurso hierárquico. O poder disciplinar é a faculdade conferida à Administração Pública no sentido de punir no âmbito interno os ilícitos funcionais de seus agentes, bem como de outras pessoas sujeitas à disciplina da Administração. É uma decorrência do poder hierárquico, porém não se confunde com este na medida em que o poder hierárquico induz à ideia de escalonamento de funções e subordinação entre os diversos graus. O poder disciplinar, por outro lado, é o poder de controlar e fiscalizar no âmbito interno o exercício dessas funções, de modo a responsabilizar o agente pelos ilícitos cometidos, aplicando penalidades. Então, o poder disciplinar é o poder conferido à Administração para responsabilizar os agentes, órgão ou entidade, ou ainda demais pessoas submetidas à disciplina interna da Administração. Observe, portanto, que o poder disciplinar pode incidir sobre agentes públicos (regime disciplinar) ou mesmo sobre pessoas particulares que mantenham vínculo contratual com a Administração (poder disciplinar contratual) ou pessoas sob sujeição especial, tal como os alunos em escola pública, detentos, pessoas internadas em hospitais públicos etc. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 13 Funcional (aplica-se aos servidores) Pode Disciplinar Contratual (aplica-se aos contratados pela Adm.) Especial (regime especial de sujeição: Preso, Estudantes) No entanto, se não houver nenhum vínculo com a Administração, não poderá incidir o poder disciplinar. Eventual sanção a ser aplicada decorrerá do poder de polícia. Com efeito, conforme menciona a Profa. Raquel Melo Urbano, “esclareça-se que o poder disciplinar não abrange as sanções impostas a terceiros estranhos ao quadro de pessoal do Poder Público. Particulares que não foram investidos em cargos, empregos ou funções públicas não estão sujeitos à disciplina punitiva da Administração”. Significa dizer que se o particular não tem qualquer vínculo com a Administração (funcional, contratual ou sujeição especial), não poderá sofrer sanção em razão do poder disciplinar da Administração, mas poderá em razão do poder de polícia (fiscalização de atividade, por exemplo). Lembre-se, no entanto, se esse particular tiver algum vínculo com o Estado (contrato de prestação de serviço, concessionário, permissionário) sofrerá sanção disciplinar (multa, advertência, suspensão etc), e se não tiver qualquer vínculo somente poderá sofrer sanção decorrente do poder de polícia. Temos ainda o poder de polícia. O poder de polícia é a prerrogativa de que dispõe a Administração Pública para condicionare restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 14 Esse poder tem por fundamento, conforme lição da Profa. Di Pietro, no princípio da predominância do interesse público sobre o particular, que dá a Administração posição de supremacia sobre os administrados, na medida em que a Administração dispõe de prerrogativas especiais para a consecução de seus fins. Com efeito, a definição de poder de polícia fora positivada no Código Tributário Nacional, em seu artigo 78, ao expressar que: Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividade econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos. O poder de polícia pode ser visto numa acepção ampla ou numa acepção restrita. Em sentido amplo compreende toda a atividade estatal de condicionar, restringir, direitos individuais em prol do interesse coletivo. Assim, compreenderia, por exemplo, a atividade legislativa, isto é, a criação de leis restritiva de direitos. Em sentido estrito corresponde à atividade administrativa que impõe restrições à atividade, liberdade e à propriedade, por meio de intervenções abstratas ou concretas da Administração Pública, sendo denominado de polícia administrativa. Com efeito, o poder de polícia pode ser preventivo ou repressivo. É preventivo quando destina a evitar condutas que PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 15 violem o interesse da coletividade. É repressivo quando destinado a combater ilícitos que redundem em afronta ao interesse público. Significa dizer que no exercício da polícia administrativa preventiva a Administração expedirá os atos normativos (regulamentos, portarias etc), ou seja, atos gerais e abstratos, que delimitarão a atividade e o interesse dos particulares em razão do interesse público. No tocante ao poder de polícia repressivo a Administração irá atuar no sentido de fiscalizar atividades e bens, verificando a existência de infrações às disposições preventivas e punindo as condutas ilícitas administrativas. No primeiro caso, ou seja, do exercício do poder de polícia preventivo podemos citar a necessidade, por exemplo, de se requerer o alvará de funcionamento para abertura de bares ou restaurantes. No segundo caso, polícia repressiva, temos a fiscalização estatal a fim de verificar se os bares e restaurantes têm os referidos alvarás e se cumprem as regras inerentes à segurança, saúde etc. Nesse sentido, distingue-se a polícia administrativa, que incide sobre bens, atividades ou direitos, da polícia judiciária que atua sobre pessoas, voltada ao combate de ilícitos criminais. A Polícia Judiciária atua no sentido de manter a ordem e a segurança da sociedade, combatendo a criminalidade, atuando por meio de órgãos de defesa (Polícia Civil, Polícia Federal e a PM nos IPM’s). Então, podemos dizer que a polícia judiciária tem atuação predominantemente voltada para as pessoas, no combate à criminalidade, à repressão penal, à segurança pública. A polícia administrativa, por outro lado, não incide sobre pessoas, incide sobre bens, atividades, e liberdades individuais, tanto preventiva quanto repressivamente, ou seja, atua PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 16 no combate a ilícitos administrativos, anti-sociais, na fiscalização dos diversos setores sociais (comércio, sanitário, meio ambiente etc). Portanto, enquanto a polícia administrativa é regida pelo Direito Administrativo, a polícia judiciária deve observar as normas de direito criminal (processuais e penais). Assim, como o poder de polícia, a polícia administrativa, é atividade conferida ao Estado para impor restrições a esfera particular, devemos entender que se trata de prerrogativa especial, e como tal, goza de atributos diferenciados. Assim, o poder de polícia goza dos seguintes atributos específicos: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade (DAC). A discricionariedade deve ser entendida no sentido de que cabe à Administração definir quando e onde exercitar seu poder de fiscalização e controle, ou seja, a oportunidade e conveniência de exercer o poder de polícia, aplicando as sanções e os meios necessários à proteção do interesse público. Contudo, deve-se ressaltar que o poder de polícia é em regra discricionário, isso porque a lei pode estabelecer o modo e a forma de sua realização quando, então, não haverá margem de escolha da Administração, sendo, pois, vinculado, tal como a concessão de licença para dirigir (habilitação). Com efeito, a licença é ato de polícia vinculado, ou seja, ocorre quando o indivíduo, preenchidos os requisitos, tem o direito de praticar o ato, por isso são atos vinculados (licença para construir, para dirigir etc). A autorização, por outro lado, é ato decorrente do poder de polícia discricionária, ou seja, dependerá da conveniência e oportunidade da administração em permitir ou conceder o ato (ex. porte arma), podendo, portanto, ser revogada. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 17 Assim, podemos concluir que nem todo ato do poder de polícia é discricionário. A autoexecutoridade é a prerrogativa conferida à Administração para decidir e executar diretamente suas decisões, por seus próprios meios, sem intervenção do Poder Judiciário. Veja que a Administração para praticar seus atos condizentes com o poder de polícia não necessita de autorização judicial, de modo que por si mesma pode executá-los. A coercibilidade é o atributo que confere à Administração poder de impor obrigações ou condutas aos particulares, de forma a exigir seu cumprimento, sob pena de a Administração fazer-se cumprir pelo uso da força. Quanto à titularidade do poder de polícia, é importante observar que a competência para exercê-lo decorre diretamente do sistema de partilha de competências constitucional. Assim, em regra, a competência é da pessoa política a qual a Constituição conferiu o poder de regular a matéria. Portanto, tratando-se de assuntos de interesses nacionais, a competência é da União. De assuntos estaduais, a competência é do Estado-membro. E, regionais, a competência é do Município. Porém, devemos lembrar que haverá a possibilidade de exercício concorrente, daí a necessidade de atuação em sistema de gestão associada, conforme prescreve o art. 241, CF/88. Nesse sentido, quando o poder de polícia é exercido diretamente pela pessoa política, ou seja, pela Administração Pública direta, por seus órgãos e agentes, fala-se em poder de polícia originário. Contudo, quando outorgado (delegação feita por lei) à pessoa jurídica integrante da Administração Indireta, tal como as autarquias, denomina-se poder de polícia delegado ou outorgado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIADIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 18 Daí a grande celeuma no âmbito dessa matéria. Pode o poder de polícia ser delegado? É preciso ter cuidado, pois acabamos de ver que a resposta é positiva, desde que a delegação ocorra por força de lei. Agora, a delegação poderá ocorrer para pessoa jurídica de direito privado? E para particulares? Bem, aí a questão é um pouco mais complexa. A jurisprudência tem pacificado o entendimento de que o poder de polícia é atividade exclusivamente estatal, por isso, não poderia ser delegado a particulares. Nesse sentido, entende o professor Celso Antônio Bandeira de Mello que, em regra, não se pode delegar os atos de poder de polícia a particulares e essa tem sido a orientação jurisprudencial do próprio Supremo Tribunal Federal (ADI 1.717/DF) e do Superior Tribunal de Justiça. Ilustrativamente: PROCESSUAL CIVIL – CONFLITO DE COMPETÊNCIA – CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO – PROCESSO LICITATÓRIO – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. O Supremo Tribunal Federal, na ADIn 1.717/DF, declarou a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei 9.649/98, que alteraram a natureza jurídica dos conselhos profissionais por ser indelegável a entidade privada atividade típica de Estado, que abrange até poder de polícia, de tributar e de punir, no que concerne ao exercício das atividades profissionais regulamentadas. 2. Mantida a natureza autárquica dos conselhos profissionais permanece competente a Justiça Federal para julgar mandado de segurança, ainda que o ato impugnado seja de gestão e não de delegação, como in casu. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 19 3. Conflito conhecido para declarar-se competente o Juízo Federal, suscitado. (CC 54.780/RR, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/06/2006, DJ 07/08/2006 p. 197) Contudo, o ilustre professor ressalva o caso de capitães de navios, em que há o exercício do poder de polícia por pessoa privada. No entanto, trata-se de uma excepcionalidade, segundo o próprio mestre. Destaca-se, todavia, que é possível que se permita ao particular, pessoa privada, a prática de atos materiais que precedam os atos jurídicos do poder de polícia, que é a instrumentalização do poder de polícia, tal como colocação de fotossensores, radares, pardais, detectores de produtos ilícitos ou metais em aeroportos etc, conforme orientação jurisprudencial. Vejamos: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE TRÂNSITO. NECESSIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE. AUTO DE INFRAÇÃO. 1. Nos termos do artigo 280, § 4º, do Código de Trânsito, o agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência. O aresto consignou que toda e qualquer notificação é lavrada por autoridade administrativa. 2. "Daí não se segue, entretanto, que certos atos materiais que precedem atos jurídicos de polícia não possam ser praticados por particulares, mediante delegação, propriamente dita, ou em decorrência de um simples contrato de prestação. Em ambos os casos (isto é, com ou sem delegação), às vezes, tal figura aparecerá sob o rótulo de "credenciamento". Adílson Dallari, em interessantíssimo estudo, recolhe variado exemplário de "credenciamentos". É o que sucede, por exemplo, na fiscalização do cumprimento de normas PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 20 de trânsito mediante equipamentos fotossensores, pertencentes e operados por empresas privadas contratadas pelo Poder Público, que acusam a velocidade do veículo ao ultrapassar determinado ponto e lhe captam eletronicamente a imagem, registrando dia e momento da ocorrência" (Celso Antônio Bandeira de Mello, in "Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 15ª edição, pág. 726): 3. É descabido exigir-se a presença do agente para lavrar o auto de infração no local e momento em que ocorreu a infração, pois o § 2º do CTB admite como meio para comprovar a ocorrência "aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual (...)previamente regulamentado pelo CONTRAN." 4. Não se discutiu sobre a impossibilidade da administração valer-se de cláusula que estabelece exceção para notificação pessoal da infração para instituir controle eletrônico. 5. Recurso especial improvido. (REsp 712.312/DF, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2005, DJ 21/03/2006 p. 113) Mas, e se essa pessoa jurídica de direito privado for integrante da Administração Pública? Bem, o entendimento era no sentido de que pessoa jurídica de direito privado não poderia exercer atos do poder de polícia, por ser atividade tipicamente estatal, ou seja, que deveria ser exercida por pessoa jurídica de direito público. Contudo, em recente decisão o STJ passou a entender que o poder de polícia, que atualmente é desmembrado em quatro atividades, qual seja: legislação, consentimento, fiscalização e sanção -, poderá ser delegado à pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Pública, no tocante às atividades de consentimento e fiscalização. Significa dizer que, para o STJ, as atividades de consentimento (tal como expedição de alvará, carteira de motorista, PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 21 dentre outras) e de fiscalização (fiscalização de trânsito, postura, obras, sanitária etc) podem ser delegadas às entidades de direito privado. No entanto, conforme entendimento do STJ não poderá ser delegado atividades de legislação e aplicação de sanções, por se caracterizar como atividades intrínsecas do campo administrativo. Nesse sentido, vale transcrever a notícia veiculada no âmbito do STJ: "A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela possibilidade de a Empresa de Transporte de Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) exercer atos relativos à fiscalização no trânsito da capital mineira. Entretanto, os ministros da Turma mantiveram a vedação à aplicação de multas pela empresa privada. A Turma decidiu reformar, parcialmente, decisão de novembro último que garantiu ao poder público a aplicação de multa de trânsito. Na ocasião, os ministros acompanharam o entendimento do relator, ministro Mauro Campbell Marques, de ser impossível a transferência do poder de polícia para a sociedade de economia mista, que é o caso da BHTrans. Ele explicou que o poder de polícia é o dever estatal de limitar o exercício da propriedade e da liberdade em favor do interesse público. E suas atividades se dividem em quatro grupos: legislação, consentimento, fiscalização e sanção.” O prof. Carvalho Filho, neste aspecto, diverge, pois entende que qualquer pessoa administrativa também poderá exercer a atividade de fiscalização e aplicar sanção. A propósito, são sanções decorrentes do poder de polícia as multas, interdição de atividades, embargo de obras, cassação de patentes, demolições, proibição de fabricar, suspensão ou cassação de direito, por exemplo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 22 De toda sorte, por ser ato administrativo,os atos de poder de polícia se submetem ao controle administrativo, de autotutela, bem como ao controle judicial de legalidade. Ademais, vale destacar que a Lei nº 9.873/99 estabelece prazo prescricional de cinco anos para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no exercício do poder de polícia, conforme determina o art. 1º: Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. Observe que esta lei não se aplica às infrações de natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária, conforme art. 5º, mas ao exercício do poder de polícia. Vamos às questões. QUESTÕES COMENTADAS 1. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Há excesso de poder quando o agente público decreta a remoção de um servidor não como necessidade do serviço, mas como punição. Comentário: Ocorre o abuso de poder quando há uma conduta ilegítima do agente público, seja por extrapolar os limites de sua competência (excesso de poder), seja por usar sua competência PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 23 para finalidade diversa daquele visada pela norma (desvio de poder ou de finalidade). Assim, tendo em vista que o excesso ou desvio dizem respeito mais especificamente a elementos do ato administrativo, vamos estudar tais vícios de forma mais abrangente lá. De toda sorte, há desvio de poder e não excesso quando o agente decreta a remoção como medida punitiva, já que utiliza sua competência não para atender a finalidade pública, mas para outros fins. Gabarito: Errado. 2. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – STM – CESPE/2011) Caso autoridade administrativa deixe de executar determinada prestação de serviço a que por lei está obrigada e, consequentemente, lese o patrimônio jurídico individual, a inércia de seu comportamento constitui forma omissiva do abuso de poder. Comentário: É importante perceber que o abuso de poder pode ocorrer tanto por ação, como por omissão, sobretudo quando o agente deixa de praticar ato, visando causar prejuízo a terceiros. Gabarito: Certo. 3. (INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL – PC/CE – CESPE/2012) O abuso do poder pela autoridade competente invalida o ato por ela praticado, devendo a invalidade ser reconhecida somente por controle judicial. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 24 Como se sabe, o abuso de poder invalida o ato, na medida em que se tem um ato ilegítimo (com excesso ou desvio de poder). Contudo, a invalidade pode ser decretada tanto administrativamente, quanto por controle judicial. Gabarito: Errado. 4. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/AL – CESPE/2012) Segundo a doutrina, o abuso de poder, que pode assumir duas formas, comissiva ou omissiva, efetiva-se quando a autoridade competente, ao praticar ou omitir ato administrativo, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas, circunstâncias em que o ato do agente somente poderá ser revisto pelo Poder Judiciário. Comentário: De fato, é entendimento doutrinário no sentido de que o abuso de poder, que pode assumir duas formas, comissiva ou omissiva, efetiva-se quando a autoridade competente, ao praticar ou omitir ato administrativo, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas. Todavia, tais circunstâncias podem ser revistas administrativa ou judicialmente. Gabarito: Errado. 5. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ/RR – CESPE/2012) Caracteriza desvio de finalidade, espécie de abuso de poder, a conduta do agente que, embora dentro de sua competência, se afasta do interesse público, que deve nortear todo o desempenho administrativo, para alcançar fim diverso daquele que a lei lhe permitiu. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 25 O desvio de finalidade é espécie do gênero abuso de poder e se caracteriza pela conduta do agente que, embora dentro de sua competência, se afasta do interesse público, que deve nortear todo o desempenho administrativo, para alcançar fim diverso daquele que a lei lhe permitiu. Gabarito: Certo. 6. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Forma de conferir liberdade ao administrador público, o poder discricionário permite que a autoridade, mediante os critérios de conveniência e oportunidade, opte pela ação que melhor propicie a consecução do interesse público, atuação que se sobrepõe aos limites da lei. Comentário: O poder discricionário permite ao agente público uma margem de liberdade para atuar. Tal margem de liberdade diz respeito à valoração da conduta sob os aspectos da conveniência e oportunidade a fim de satisfazer o interesse público. Contudo, tal valoração ou liberdade não se sobrepõe aos limites legais. É que o poder discricionário deve se pautar pelos limites impostos expressas ou implicitamente na lei, sob pena de ilegalidade do ato. Gabarito: Errado. 7. (ADMINISTRADOR – TJ/RR – CESPE/2012) Define-se poder discricionário como o poder que o direito concede à administração para a prática de atos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo, estando a administração, no exercício desse poder, imune à apreciação do Poder Judiciário. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 26 Comentário: De fato, entende-se que no âmbito do poder discricionário há margem de liberdade para decidir acerca da conveniência, oportunidade e conteúdo do ato. Contudo, não está imune à apreciação judicial os atos praticados no exercício desse poder, na medida em que pode ser verificado os aspectos de legalidade. Gabarito: Errado. 8. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à administração pública de editar atos de caráter geral que visam complementar ou alterar a lei, em face de eventuais lacunas e incongruências. Comentário: Como bem destaca o Prof. Carvalho Filho, o poder regulamentar é subjacente à lei e pressupõe a existência desta. Trata-se de poder no sentido de praticar atos de natureza derivada, ou seja, tendo em vista complementar o alcance da lei. Assim, o poder regulamentar é poder conferido no sentido de esclarecer, explicitar, detalhar o alcance da norma, nunca no sentido de preencher lacunas ou corrigir incongruências. Pois tal tarefa é dada ao intérprete, utilizando instrumentos de aplicação da lei, tal como a analogia, os princípios gerais de direito, ou ao próprio legislador na formulação de novas leis. Gabarito: Errado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 27 9. (ANALISTA MINISTERIAL – MPE/PI – CESPE/2012) No exercício do poder regulamentar, os chefes do Executivo não podem editar atos que contrariem a lei ou que criem direitos e obrigações que nela não estejam previstos, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. Comentário: De fato, o poder regulamentaré subjacente à lei, ou seja, não confere aos chefes do Executivo o poder de editar atos que contrariem a Lei ou que criem direitos e obrigações que nela não estejam previstos. Gabarito: Certo. 10. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) O poder regulamentar consiste na possibilidade de o chefe do Poder Executivo editar atos administrativos gerais e abstratos, expedidos para dar fiel execução da lei. Comentário: De acordo com o art. 84, inc. IV, da CF/88 compete ao Chefe do Poder Executivo editar decretos regulamentares, de conteúdo geral e abstrato, para dar fiel execução à lei. Gabarito: Certo. 11. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Decorrente diretamente do denominado poder regulamentar, uma das características inerentes às agências reguladoras é a competência normativa que possuem para dispor sobre serviços de suas competências. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 28 Tem-se como expressão do poder regulamentar, sob aspecto geral ou mais amplo, a existência do poder regulatório ou normativo, conferido, por exemplo, às autarquias reguladoras (agências reguladoras), ao Conselho Nacional de Justiça, ao CADE, ao Conselho Monetário Nacional, dentre outros órgãos e entidades da Administração. De toda sorte, como ressaltado, o poder regulamentar não pode ultrapassar os limites da lei, criando situação jurídica não tutelada na norma, ou seja, deve apenas esclarecer, explicitar, pormenorizar, viabilizar a operacionalidade técnica da lei. Gabarito: Certo. 12. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) De acordo com o entendimento do STF, quando o Poder Executivo expede regulamento, ato normativo de caráter não legislativo, não o faz no exercício de função legislativa, mas no de função normativa, sem que haja derrogação do princípio da divisão dos poderes. Comentário: O STF tem entendimento consolidado no sentido de que a expedição de atos normativos pelo Poder Executivo é expressão do poder regulamentar ou da função da normativa, conforme o seguinte: INFORMATIVO Nº 650 TÍTULO: Salário mínimo e decreto presidencial (Transcrições) PROCESSO: MS - 30604 ARTIGO Salário mínimo e decreto presidencial (Transcrições) (v. Informativo 646) ADI 4568/DF* RELATORA: Ministra Cármen Lúcia VOTO DO MINISTRO LUIZ FUX AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO DO TRABALHO. GARANTIA PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 29 FUNDAMENTAL DO SALÁRIO MÍNIMO (CF, ART. 7, IV). LEI Nº 12.381/11. FIXAÇÃO DO VALOR DO SALÁRIO MÍNIMO PARA O ANO DE 2011. DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO PARA O PERÍODO DE 2012 A 2015. SISTEMÁTICA DE REAJUSTE E MAJORAÇÃO DO PODER AQUISITIVO. ART. 3º DO DIPLOMA. FENÔMENO DA DESLEGALIZAÇÃO. DECRETO DO PODER EXECUTIVO AO QUAL COMPETIRÁ CONSOLIDAR A APLICAÇÃO DOS INDÍCES PREVISTOS NA LEI. CONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE (CF, ART. 5º, II, E 37, CAPUT) E DA SEPARAÇÃO DE PODERES (CF, ART. 2º). CONTEXTO DE “CRISE DA LEI FORMAL”. DIÁLOGO INSTITUCIONAL ENTRE OS PODERES LEGISLATIVO E EXECUTIVO. FUNÇÃO LEGISLATIVA DESEMPENHADA ATRAVÉS DA FIXAÇÃO DE DIRETRIZES PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS. ESPAÇO NORMATIVO VIRTUOSO DO PODER EXECUTIVO NO DESENVOLVIMENTO E NA CONCRETIZAÇÃO DO CONTEÚDO DA LEI. CONHECIMENTO TÉCNICO E DINAMISMO NA RESPOSTA AOS NOVOS DESAFIOS REVELADOS PELA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA. HABILITAÇÃO NORMATIVA DO PODER EXECUTIVO. RISCO DE DELEGAÇÃO EM BRANCO. PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO. DEVER DE FIXAÇÃO, EM LEI, DE PARÂMETROS DE CONTEÚDO QUE LIMITEM A ATUAÇÃO DO PODER EXECUTIVO (“INTELLIGIBLE PRINCIPLE DOCTRINE”). PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL RELATIVOS AO DOMÍNIO TRIBUTÁRIO, PENAL E ADMINISTRATIVO. SISTEMÁTICA DA LEI QUE SE VOLTA A PROMOVER A EFETIVIDADE DA GARANTIA FUNDAMENTAL DO TRABALHADOR. PERIODICIDADE SIMILAR À DO PLANO PLURIANUAL (CF, ART. 165, § 1º, C/C ART. 35, § 2º, I, DO ADCT). ELEVAÇÃO DA VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO COMO POLÍTICA DE ESTADO. INOCORRÊNCIA DE SILENCIAMENTO DO PODER LEGISLATIVO. POSSIBILIDADE DE QUE, A QUALQUER TEMPO, SOBREVENHA NOVO DIPLOMA REVOGANDO A DESLEGALIZAÇÃO OPERADA PELA LEI Nº 12.382/11. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO REGIME CONSTITUCIONAL PARA A EDIÇÃO DE LEI DELEGADA (CF, ART. 68, CAPUT E §§). DECRETO DO PODER EXECUTIVO QUE, NA SISTEMÁTICA DA LEI Nº 12.381/11, CARACTERIZA PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 30 ATO NORMATIVO DE NATUREZA SECUNDÁRIA, DIVERSAMENTE DO QUE SE PASSA COM A LEI DELEGADA. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. Gabarito: Certo. 13. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – CESPE/2011) Um regulamento autorizado pode disciplinar matérias reservadas à lei. Comentário: Lembre-se que o poder regulamentar, mesmo em sua expressão poder normativo técnico, não pode extrapolar os limites da lei, ou seja, não pode invadir campo reservado à lei em sentido formal, sob pena de violação ao princípio da separação de poderes. Gabarito: Errado. 14. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) O poder normativo da administração pode ser expresso por meio de deliberações e de instruções editadas por autoridades que não o chefe do Poder Executivo, as quais podem inovar no ordenamento jurídico, criando direitos e impondo obrigações. Comentário: Observamos que é no âmbito da Administração Pública teremos o poder regulamentar conferido ao Chefe do Executivo e o poder normativo (especialmente o técnico) conferido a algumas entidades ou a alguns órgãos da Administração, distintos daquela autoridade. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 31 Contudo, esse poder não poderá ultrapassar os limites legais, de modo que não poderá criar direito ou impor obrigações, inovando na ordem jurídica. Gabarito: Errado. 15. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) O poder regulamentar permite que o ato normativo derivado inove e aumente os direitos e obrigações previstos no ato de natureza primária que o autoriza, desde que tenha por objetivo o cumprimento das determinações legais. Comentário: Como já observado, o poder regulamentar não pode inovar na ordem jurídica criando direitos ou obrigações para além do que foi previsto no ato primário (Lei). Gabarito: Errado. 16. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/AL – CESPE/2012) O poder regulamentar da administração pública manifesta-se por meio de atos de natureza normativa, instituidores de direito novo de forma ampla e genérica, com efeitos gerais e abstratos, expedidos em virtude de competência própria dos órgãos estatais. Comentário: A questão é muito boa, de certo modo seria isso mesmo, ou seja, o poder regulamentar da administração pública manifesta-se por meio de atos de natureza normativa, com efeitos gerais e abstratos, expedidos em virtude de competência própria dos órgãos estatais. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 32 Contudo, o poder regulamentar não é instituidor de direito novo de forma ampla e genérica, na medida em que não pode extrapolar os limites legais. Gabarito: Errado. 17. (ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA – TRE/MS – CESPE/2013)O poder regulamentar é prerrogativa de direito público conferida à administração pública de exercer função normativa para complementar as leis criadas pelo Poder Legislativo, podendo inclusive alterá-las de forma a permitir a sua efetiva aplicação. Comentário: No exercício do poder regulamentar a Administração tem a prerrogativa de explicitar, detalhar, complementar as leis, mas não pode alterá-las ou criar direitos ou obrigações que dela (Lei) na decorra. Gabarito: Errado. 18. (AGENTE ADMINISTRATIVO – PRF – CESPE/2012) Em decorrência do poder regulamentar, a administração pública pode utilizar o regulamento autorizado para fixar normas técnicas, de forma que um regulamento sobre temática não prevista em lei, por exemplo, será considerado válido. Comentário: O poder regulamentar é subjacente à lei, ou seja, não pode ir além do que a lei estabelece. Portanto, nem mesmo os regulamentos autorizados podem regulamentar situação não prevista ou decorrente da própria lei, sob pena de ser inválido. Gabarito: Errado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 33 19. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/SE – CESPE/2012) O poder regulamentar permite que a administração pública crie os mecanismos de complementação legal indispensáveis à efetiva aplicabilidade da lei, sendo ilegítima a fixação, realizada pelo poder regulamentar, que crie obrigações subsidiárias (ou derivadas) — diversas das obrigações primárias (ou originárias) contidas na própria lei. Comentário: De fato, o poder regulamentar permite que a administração pública crie os mecanismos de complementação legal indispensáveis à efetiva aplicabilidade da lei. No entanto, não é ilegítima a fixação de obrigações subsidiárias (ou derivadas), ainda que diversas das obrigações primárias (originárias) contidas na própria lei. Nesse sentido, bem explica o Prof. Carvalho Filho que é “legítima, porém, a fixação de obrigações subsidiárias (ou derivadas) – diversas das obrigações primárias (ou originárias) contidas na lei”. Dou um exemplo prático. A fim de comprovar a condições de hipossuficiente (carente de recursos), conforme obrigação originária estabelecida pela lei para ser atendido pela Defensoria, estabeleceu-se em resolução que é necessário apresentar a declaração de imposto de renda ou de isento, contracheque, carteira de trabalho, dentre outros documentos, que podem ser exigidos no caso concreto. Observe que a lei não estabeleceu como obrigação originária que tais documentos fossem apresentados, exigiu-se que a pessoa seja hipossuficiente, porém foram criadas obrigações subsidiárias (derivadas), diversas da regra originária. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 34 O importante observar é que essas regras chamadas derivadas não extrapolem os limites legais, ou seja, a razoabilidade e proporcionalidade, bem como a finalidade legal. Gabarito: Errado. 20. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PI – CESPE/2012) As leis que trazem a recomendação de serem regulamentadas não são exequíveis antes da expedição do decreto regulamentar correspondente, mesmo após decorrido o prazo para que o Poder Executivo edite o referido decreto. Comentário: Não se deve confundir norma constitucional de eficácia limitada com a fiel aplicabilidade da lei no âmbito da Administração Pública. No entanto, é possível que a lei transfira à Administração a obrigação de regulamentá-la (condição suspensiva de exequibilidade da lei). Nesse caso, o dispositivo pendente de regulamentação não terá exequibilidade até que o regulamento seja expedido. Contudo, em tais casos, a própria lei estabelece o prazo para que o ato administrativo normativo seja expedido, de modo que ultrapassado o limite temporal, a lei se torna plenamente exequível. Gabarito: Errado. 21. (ADVOGADO – AGU – CESPE/2012) O AGU, utilizando-se do poder regulamentar previsto na CF, pode conceder indulto e comutar penas, desde que por delegação expressa do presidente da República. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 35 O CESPE considerou esta questão como correta. No entanto, ao meu sentir, deveria ter sido anulada. É que, primeiro, conceder indulto ou comutar penas são atos do Presidente da República no exercício do poder político do Estado (art. 84, inc. XII), e não se confunde com o poder regulamentar previsto no art. 84, inc. IV, (exercício da função administrativa). Assim, embora a concessão de indulto ou comutação pena seja passível de delegação (art. 84, parágrafo único), tais atos não são expedidos com a finalidade de regulamentar Lei, trata-se de interferência estatal em processos criminais (execução penal). EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA. EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO. CRIME HEDIONDO. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 5º, XLII, E 84, XII, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALEGADA ILEGALIDADE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 8.072/90 E DO DECRETO 5.993/06. INOCORRÊNCIA. CONCESSÃO DE FAVORES QUE SE INSEREM NO PODER DISCRICIONÁRIO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. NÃO- CABIMENTO DE HC CONTRA LEI EM TESE. IMPETRAÇÃO NÃO CONHECIDA I - Não cabe habeas corpus contra ato normativo em tese. II - O inciso I do art. 2º da Lei 8.072/90 retira seu fundamento de validade diretamente do art. 5º, XLII, da Constituição Federal. III - O art. 5º, XLIII, da Constituição, que proíbe a graça, gênero do qual o indulto é espécie, nos crimes hediondos definidos em lei, não conflita com o art. 84, XII, da Lei Maior. IV - O decreto presidencial que concede o indulto configura ato de governo, caracterizado pela ampla discricionariedade. V - Habeas corpus não conhecido. (HC 90364, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 31/10/2007, DJe-152 DIVULG 29-11-2007 PUBLIC 30-11- 2007 DJ 30-11-2007 PP-00029 EMENT VOL-02301-03 PP- 00428 RTJ VOL-00204-03 PP-01210) PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 36 Por fim, o poder regulamentar é exclusivo do Chefe de Governo, sendo que o poder normativo, ou seja, a edição de atos normativos não pode ser objeto de delegação (art. 13 da Lei nº 9.784/99). Por tudo isso, entendo que a questão deveria ter sido anulada ou considerada incorreta. No entanto, o CESPE a considerou correta sob o fundamento de que se trato de ato discricionário do Presidente e pode ser delegada. Gabarito: Certo (*) 22. (AGENTE ADMINISTRATIVO – PRF – CESPE/2012) Ao aplicar penalidade a servidor público, em processo administrativo, o Estado exerce seu poder regulamentar. Comentário: Aplicar penalidade em processo disciplinar a servidor público é manifestação do exercício do poder disciplinar. Gabarito: Errado. 23. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) Caso se determine, por meio de lei, a certa autoridade a competência para editar atos normativos secundários, essa competência pode ser objeto de delegação. Comentário: Nos termos da Lei nº 9.784/99, artigo 13, não se pode delegar a edição de tos de competência normativa. Gabarito: Errado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 37 24. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) O poderregulamentar formaliza-se por meio de decretos e regulamentos. Nesse sentido, as instruções normativas, as resoluções e as portarias não podem ser qualificadas como atos de regulamentação. Comentário: Poder regulamentar é a prerrogativa conferida, em especial, ao Chefe do Executivo para editar atos gerais visando dar aplicabilidade à lei que, como regra, formaliza-se por meio de decretos e regulamentos. Contudo, como já ressaltado, o poder normativo (gênero) engloba o poder regulamentar e o poder normativo técnico. Assim, no âmbito de algumas entidades e órgãos que exercem o poder normativo (regulamento técnico) são expedidas resoluções, instruções normativas que são atos de regulamentação. As portarias podem ser atos regulamentares (exemplo das Portarias Interministeriais) ou atos ordinatórios (exemplo de portaria determinando a realização de certo serviço) a depender de sua finalidade. Gabarito: Errado. 25. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/AL – CESPE/2012) A prerrogativa de que dispõe a administração pública para não só ordenar e coordenar, mas também para corrigir as atividades de seus órgãos e agentes resulta do poder hierárquico, cujo exercício limita-se ao controle de legalidade. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 38 O poder hierárquico compreende, além dos poderes de ordenar e coordenar, também o rever os atos realizados pelos subordinados, de modo que alcançará também os aspectos de mérito, ou seja, de conveniência e oportunidade. Gabarito: Errado. 26. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ/RR – CESPE/2012) Como fator que decorre do poder hierárquico, a relação de subordinação tem caráter interno e se estabelece entre órgãos de uma mesma pessoa administrativa; a vinculação, ao contrário, possui caráter externo e resulta do poder de supervisão que os órgãos detêm sobre as entidades a eles vinculadas, como, por exemplo, o que uma secretaria de estado exerce sobre uma autarquia. Comentário: De fato, a hierarquia administrativa estabelece uma linha de subordinação interna no âmbito dos diversos órgãos de uma mesma pessoa. E a vinculação é decorrência da supervisão (supervisão ministerial) que a Administração direta realiza sobre a indireta. Gabarito: Certo. 27. (AGENTE ADMINISTRATIVO – PRF – CESPE/2012) No âmbito interno da administração direta do Poder Executivo, há manifestação do poder hierárquico entre órgãos e agentes. Comentário: A hierarquia administrativa estabelece uma linha de subordinação, que pode ser entre órgãos, entre agentes, e entre órgãos e agentes. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 39 Gabarito: Certo. 28. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) O poder hierárquico que exerce a administração pública é amplo, estendendo-se da administração direta para as entidades componentes da administração indireta. Comentário: Não há hierarquia, ou seja, subordinação entre a administração direta e a indireta. Gabarito: Errado. 29. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/AL – CESPE/2012) No âmbito do Poder Legislativo, o poder hierárquico manifesta-se mediante a distribuição de competências entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Comentário: Não há hierarquia entre Câmara e Senado, de modo que a distribuição de competência entre tais órgãos não é manifestação do poder hierárquico. Gabarito: Errado. 30. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/AL – CESPE/2012) As delegações administrativas emanam do poder hierárquico, não podendo, por isso, ser recusadas pelo subordinado, que pode, contudo, subdelegá-las livremente a seu próprio subordinado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 40 Comentário: As delegações e avocações são emanações do poder hierárquico. Assim, de fato, o subordinado não pode recusá-la. Contudo, não poderá subdelegá-la livremente, pois o ato delegação especifica os limites e condições da própria atuação. Gabarito: Errado. 31. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Do poder hierárquico decorre a possibilidade de os agentes públicos delegarem suas competências, devendo haver sempre responsabilização do delegante pelos atos do delegado, por agirem em seu nome. Comentário: Do poder hierárquico decorrem poderes implícitos, tal como o poder de dar ordens, de fiscalizar seu cumprimento, de delegar e avocar atribuições e, ainda, de rever atos dos subalternos. No entanto, de acordo com a Lei nº 9.784/99, em seu art. 14, § 3º, as decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado, de modo que este responde pelos atos praticados. Gabarito: Errado. 32. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) A delegação de competência administrativa, que consiste na transferência definitiva de competência de seu titular para outro órgão ou agente público, decorre do exercício do poder hierárquico. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 41 A delegação de competência não consiste na transferência definitiva da competência. Trata-se de transferência parcial e temporária do exercício da competência, que ainda se mantém cumulativamente em poder do titular delegante, que, ademais, poderá a qualquer momento revogar o ato de delegação. Gabarito: Errado. 33. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) A hierarquia é atribuição exclusiva do Poder Executivo, que não existe na esfera do Poder Judiciário e do Poder Legislativo, pois as funções atribuídas a esses últimos poderes são apenas de natureza jurisdicional e legiferante. Comentário: Devemos sempre lembrar que os Poderes Legislativo e Judiciário, além de suas funções típicas, possuem funções atípicas e dentre estas temos a função administrativa. Não só o Poder Executivo é a Administração Pública, pois conforme estabelece o art. 37, caput, da CF/88, temos a Administração Pública do três Poderes. Assim, o poder hierárquico, observando no âmbito da função administrativa, é também observado na atuação dos Poderes Legislativo e Judiciário, quando realizam tal função, podendo, portanto, delegar ou avocar atribuições. Gabarito: Errado. 34. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) O poder disciplinar consiste em distribuir e escalonar as funções, ordenar e rever as atuações e PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 42 estabelecer as relações de subordinação entre os órgãos públicos, inclusive seus agentes. Comentário: Veja que o poder de distribuir, escalonar funções, ordenar e rever as atuações, assim como as relações de subordinação entre os órgãos públicos e seus agentes é o poder hierárquico. Gabarito: Errado. 35. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – CESPE/2011) O ato de aplicação de penalidade disciplinar deverá ser sempre motivado. Comentário: Nos termos do art. 50, inc. II, da Lei nº 9.784/99, os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções. Gabarito: Certo. 36. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/AL– CESPE/2012) A administração, no exercício do poder disciplinar, apura infrações e aplica penalidades aos servidores e particulares sujeitos à disciplina administrativa, por meio do procedimento legal, assegurados o contraditório e a ampla defesa. Comentário: Como se observa, o poder disciplinar permite aplicar penalidade aos agentes públicos e às demais pessoas submetidas à PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 43 disciplina interna da Administração, observando, conforme mandamento legal (art. 2º, caput, da Lei nº 9.784/99) e constitucional, o contraditório e ampla defesa, de acordo com o art. 5º, inc. LV, da CF/88: LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Gabarito: Certo. 37. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – IBAMA – CESPE/2012) Mesmo estando no exercício do poder disciplinar, a autoridade competente não pode impor penalidade administrativa ao agente público sem o devido processo administrativo. Comentário: De acordo com o mandamento constitucional é assegurado o contraditório e ampla defesa. Aliás, é importante dizer, que não se aplica no âmbito dos processos administrativos o instituto da verdade sabida, ou seja, não se aplica penalidades diretamente, sem o devido processo legal, nos termos do art. 5º, inc. LIV, CF/88. LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Gabarito: Certo. 38. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) Caso determinada autoridade pública presencie a prática de um ilícito administrativo por um subordinado, a aplicação da PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 44 penalidade ao autor do ilícito não dependerá de processo administrativo, incidindo o princípio da autotutela administrativa. Comentário: É sempre necessária a observância do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, conforme determinação constitucional. Portanto, o processo administrativo é inerente à determinação constitucional. Gabarito: Errado. 39. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/AL – CESPE/2012) O poder disciplinar da administração pública autoriza-lhe a apurar infrações e a aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa, assim como aos invasores de terras públicas. Comentário: De fato, o poder disciplinar autoriza a administração a apurar ilícitos administrativos e aplicar punições aos servidores e demais pessoas subordinadas à disciplina interna da Administração. Funcional (aplica-se aos servidores) Pode Disciplinar Contratual (aplica-se aos contratados pela Adm.) Especial (regime especial de sujeição: Preso, Estudantes) Todavia, se não houver nenhum vínculo com a Administração, não poderá incidir o poder disciplinar. Com efeito, conforme menciona a Prof. Raquel Melo Urbano, “esclareça-se que o poder disciplinar não abrange as sanções impostas a terceiros estranhos ao quadro de pessoal do Poder Público. Particulares que não foram investidos em cargos, empregos PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 45 ou funções públicas não estão sujeitos à disciplina punitiva da Administração”. Portanto, o invasor de terra pública não está submetido à disciplina interna da Administração, incidindo, na hipótese, o poder de polícia. Gabarito: Errado. 40. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – CESPE/2010) No exercício do poder disciplinar, cabe à administração apurar e aplicar penalidades aos servidores públicos e às demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa. Comentário: De fato, o poder disciplinar confere à Administração o poder de punir no âmbito interno os ilícitos funcionais de seus agentes, bem como de outras pessoas sujeitas à disciplina da Administração. Gabarito: Certo. 41. (AGENTE ADMINISTRATIVO – PRF – CESPE/2012) Suponha que um particular vinculado à administração pública por meio de um contrato descumpra as obrigações contratuais que assumiu. Nesse caso, a administração pode, no exercício do poder disciplinar, punir o particular. Comentário: Observe que o particular está sujeito à disciplina administrativa em razão de sua vinculação contratual. Então, por descumprimento do contrato, eventual penalidade a ser aplicada decorre do poder disciplinar. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 46 Gabarito: Certo. 42. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÕES – DPU – CESPE/2010) O poder disciplinar é aquele pelo qual a administração pública apura infrações e aplica penalidades aos servidores públicos e a pessoas sujeitas à disciplina administrativa, sendo o processo administrativo disciplinar obrigatório para a hipótese de aplicação da pena de demissão. Comentários: De fato, no âmbito do poder disciplinar a Administração tem poderes para apurar infrações e aplicar penalidades aos seus agentes e demais pessoas sujeitas à disciplina interna, sendo que, no âmbito das infrações administrativa de seus servidores é necessário, para aplicação de penalidade de demissão a abertura de processo administrativo disciplinar. Gabarito: Certo. 43. (ANALISTA MINISTERIAL – MPE/PI – CESPE/2012) Como resulta do sistema hierárquico, o poder disciplinar existe no âmbito do Poder Executivo, mas não no dos poderes Legislativo e Judiciário, nos quais não há relações de hierarquia ou de subordinação. Comentários: O poder disciplinar, como sabemos, decorre da hierarquia administrativa, que estabelece uma relação de subordinação e hierarquia administrativa. Fato é que este poder existe não só no âmbito do Poder Executivo, mas dos Poderes Legislativo e Judiciário, que PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 47 quando atuam como Administração Pública também estão submetidos a este sistema hierarquizado. Não há hierarquia e subordinação no âmbito desses Poderes no que diz respeito a sua atividade-fim, mas a atividade administrativa estará submetida a tal sistema. Gabarito: Errado. 44. (ANALISTA DE TRANSPORTES – ADVOGADO – CETURB/ES – CESPE/2010) Segundo entendimento do STJ, o poder disciplinado é sempre vinculado, não havendo qualquer espaço de escolha para o administrador, quer quanto à ocorrência da infração, que quanto à pena a ser aplicada, razão pela qual o ato pode ser revisto em todos os aspectos pelo Poder Judiciário. Comentários: Observe que, diante de um ilícito administrativo, não há discricionariedade em escolher em punir ou não punir, ou seja, deverá incidir o poder disciplinar admoestando as condutas que violem a ordem interna. Ademais, em que pese à norma disciplinar configurar tipos abertos (ou seja, não estabelece em todos os casos, como na lei penal, penas específicas para os ilícitos administrativos), deve o administrador, sopesando as circunstâncias agravantes e atenuantes, aplicar as penalidades previstas em lei. No entanto, na fixação da pena a autoridade deve levar em consideração a razoabilidade e proporcionalidade, limitações ao exercício do poder discricionário. Por isso, fala-se
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