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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá, Boa tarde. Hoje vamos estudar o seguinte: AULA 11: 11 Responsabilidade civil do Estado. 11.1 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administração pública: evolução histórica e fundamentos jurídicos. 11.2 Teorias subjetivas e objetivas da responsabilidade patrimonial do Estado. 11.3 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administração pública no direito brasileiro. Vamos que vamos. Conforme ressalta Celso Antônio Bandeira de Mello “todos os povos, todas as legislações, doutrina e jurisprudência universais, reconhecem, em consenso pacífico, o dever estatal de ressarcir as vítimas de seus comportamentos danosos”. O Estado, assim como os demais sujeitos de direito existentes em uma sociedade, se sujeita às determinações proscritas no ordenamento jurídico. Não há qualquer sujeito que se intitule fora da ordem normativa, eis que é próprio do Estado Democrático de Direito à sujeição de todos à ordem jurídica. Com efeito, estando o Estado também submerso à incidência do ordenamento jurídico (princípio da jurisdicidade), é normal que ele responda pelos danos que causar, sobretudo, quando o causa em nome da coletividade e em detrimento de um ou de alguns. Nesse sentido, a título de curiosidade, os dois últimos a se sucumbirem à teoria da responsabilidade, foram Estados Unidos e Inglaterra, respectivamente em 1946 e 1947, entendendo que o Responsabilidade do Estado PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 2 Estado não está imune à responsabilidade de reparar danos causados a terceiros. Nos Estados Unidos a teoria da irresponsabilidade perdurou até 1946, quando por meio do Federal Tort Claim Act foi abolida, e na Inglaterra até 1947 quando foi editado o Crown Proceding Act. Nestes dois Estados passou-se a responder de forma subjetiva, ou seja, quando seus agentes tiverem causado o dano por culpa em sentido amplo. Dessa forma, com apoio na lição de Dirley da Cunha Junior, pode-se dizer que a responsabilidade extracontratual do Estado “é a obrigação que incumbe ao Estado de reparar os danos lesivos a terceiros e que lhe sejam imputáveis em virtude de comportamentos unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos”. Celso Antônio, sempre com maestria, assevera que se “entende por responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado a obrigação que lhe incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à esfera juridicamente garantida de outrem e que lhe sejam imputáveis em decorrência de comportamentos unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos”. Para a Profa. Di Pietro “a responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos”. Contudo, é importante percebemos que nem sempre vigeu a teoria da responsabilidade do Estado pelos seus atos, ou seja, evoluiu-se da irresponsabilidade para a responsabilidade, conforme veremos. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 3 Evolução: Teoria da Irresponsabilidade do Estado Então, como destacado, na origem dos Estados modernos, vigia o sistema de irresponsabilidade do Estado, visto que o Rei, representante divino e por vezes a própria divindade, jamais poderia errar ou cometer atos que supostamente fossem reprováveis sob qualquer aspecto, pois sua vontade era algo absolutamente irretocável. Portanto, não havia meios de responsabilizar o Estado pelos seus atos ou omissões. Nesse período, denominado absolutista, o Rei, que se confundia com a própria figura do Estado, não respondia por seus atos, portanto, insuscetível de qualquer reprovação, daí surgindo as expressões Le roi ne peut mal faire ou The king can do not wrong. Destarte, o Estado não respondia por quaisquer danos que causasse a seus súditos, porque se isso ocorresse era a própria manifestação do poder do Rei, da divindade. Nessa fase é possível verificar a evolução do sistema de responsabilidade, passando em alguns países a haver temperamentos, tal como na França, onde leis específicas passaram a prevê a responsabilidade do Estado (Lei do 28 pluvioso do Ano VIII) ou de seu agente, quando o ato pudesse ser imputado diretamente a ele. Obviamente que com a derrocada dos regimes absolutistas, impondo-se limitações ao Estado, submetendo-o ao regime das leis (Estado de Direito), passou-se a adotar a teoria da responsabilidade. Teoria da Responsabilidade PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 4 Responsabilidade por Culpa (Civilista) A teoria da responsabilidade surge sob a ideia da responsabilidade estatal baseada na culpa, discutia-se acerca da culpa do agente. Em primeiro momento havia distinção entre os atos chamados de império (no qual o Estado não respondia) e os chamados atos de gestão, sob os quais o Estado responderia. Nesse período entendeu-se que o Estado deveria responder quando ficasse demonstrada a culpa de seu agente e, portanto, sua culpa, em conformidade às regras de direito privado. O problema, no entanto, consistia em separar quando o agente estava atuando no exercício das funções estatais e quando não atuava investido em tais prerrogativas. Por isso, tal teoria não perduraria muito. Assim, a teoria da responsabilidade civilista do Estado evolui sob o auspício da jurisprudência francesa, à margem do tratamento legal, tendo como marco histórico o julgamento proferido pelo Tribunal de Conflitos Francês no caso Blanco (1873). Conforme narra a Profa. Di Pietro, “a menina Agnes Blanco, ao atravessar uma rua em Bordeaux, foi colhido por uma vagonete da Cia. Nacional de Manufatura do Fumo; seu pai promoveu ação civil de indenização, com base no princípio de que o Estado é civilmente responsável por prejuízos causados a terceiros, em decorrência de ação danosa de seus agentes. Suscitado conflito de atribuições entre a jurisdição comum e o contencioso administrativo, o Tribunal de Conflitos decidiu que a controvérsia deveria ser solucionada pelo tribunal administrativo, porque se tratava de apreciar a responsabilidade decorrente de funcionamento do serviço público. Entendeu-se que a responsabilidade do Estado não pode reger-se pelos princípios do Código Civil, porque se sujeita a regras PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 5 especiais que variam conforme as necessidades do serviço e a imposição de conciliar os direitos do Estado com os diretos privados". Vê-se aí a evolução da responsabilidade com esteio na culpa privada para a responsabilidade com base na culpa presumida, devendo-se ao memorável Conselheiro Davi, que apontou a necessidade de evolução no tocante à responsabilidade civil do Estado, distinguindo-a da estabelecida nas relações privadas, de maneira que não fosse necessário demonstrar a culpa individual, mas a culpa do serviço. Portanto, surge daí, em abandono a teoria civilista, a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado baseada na culpaadministrativa, culpa anônima, ou denominada faute du service. Responsabilidade por Culpa Administrativa Inicialmente passou a adotar a responsabilidade do Estado nos mesmos moldes da do indivíduo, ou seja, passou o Estado a responder toda vez que se demonstrasse a culpa. No entanto, verificou-se que demonstrar a culpa estatal era sempre algo complexo, de modo que a responsabilidade subjetiva passou a ser entendida como decorrência da denominada culpa administrativa ou culpa anônima. A teoria da culpa administrativa funda-se na ideia de que a responsabilidade do Estado não está vinculada a culpa individual (subjetiva) do agente público. O Estado responderá, mesmo que agente não seja culpado pelo evento danoso, mas quando em razão de falha na prestação de suas atividades puder decorrer um dano para terceiros. Trata-se de culpa administrativa ou anônima do serviço (culpa do serviço ou faute du service), que ocorre PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 6 quando: i) o serviço não existiu ou não funcionou quando devia funcionar; ii) serviço funcionou mal, iii) serviço atrasou. Nessas três hipóteses, diz-se que houve a culpa do serviço (faute du service). Em tal situação, poderá ocorrer de a vítima não ter como demonstrar a culpa do Estado, eis que estando fora do aparelho estatal não detém poder para buscar as informações que a comprove. Por isso, haverá a presunção de culpa. Com efeito, a vítima fica desobrigada a provar a culpa, ou seja, nessa modalidade a culpa é presumida, cabendo ao Estado, para afastar sua responsabilidade, demonstrar que ela não ocorreu. Teoria da Responsabilidade Objetiva A responsabilidade por culpa do serviço evolui para uma nova fase denominada responsabilidade publicista ou responsabilidade objetiva em que a obrigação de reparar o dano, por ato lícito ou ilícito, é cabível no caso de se comprovar a relação de causalidade entre o dano e o ato do agente. In casu, a responsabilidade objetiva não perpassa por análise de qualquer elemento subjetivo, isto é, não se verifica a necessidade de demonstrar que o ato se deu por culpa (culpa ou dolo), ainda que seja ela presumida. É que, na hipótese, não há que se perquirir acerca da culpa, basta que haja a relação entre o comportamento (conduta) e o dano para que o Estado seja responsabilizado por este. Com efeito, na teoria da responsabilidade objetiva não é necessário provar a culpa do Estado ou de seus agentes, basta que se prove a configuração de três elementos: o ato estatal, o dano e a nexo causal entre a ação e o dano. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 7 O ato estatal é ação imputada ao Estado, ou seja, decorre de conduta comissiva atribuída ao Estado. O dano poderá ser moral ou patrimonial. E o nexo de causalidade é demonstração de que o dano decorre da ação estatal. É importante observar que a teoria da responsabilidade objetiva evoluiu e se dividiu em duas teorias, a teoria do risco administrativo e a teoria do risco integral. É a teoria do risco que dá fundamento para responsabilidade objetiva, baseando-se no sentido de que se deve partir os benefícios gerados pela atuação do Estado. E, por isso, todos também devem suportar os encargos advindos dessa atuação (distribuição equânime dos bônus e dos ônus). Nessa teoria, a ideia de culpa é substituída pelo nexo de causalidade entre o comportamento estatal e o dano sofrido, sem se cogitar em culpa do serviço ou culpa do agente. Nesse sentido, a Constituição de 1988 em seu artigo 37, §6º introduz a chamada responsabilidade objetiva do Estado, calcada na teoria do risco administrativo, segundo a qual as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviço público, são responsáveis pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra responsável no caso de dolo ou culpa. Como se observa, nessa modalidade de responsabilidade, o particular lesionado não carece demonstrar a culpa ou dolo do agente público para que o Estado venha a PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 8 responder, basta apenas demonstrar o dano, o nexo de causalidade, e a conduta atribuída à Administração ou a seu agente. No entanto, alguns autores controvertem acerca desse assunto. Para uns a responsabilidade objetiva somente decorreria de ação estatal e, por isso, a responsabilidade por omissão seria subjetiva. O próprio Supremo Tribunal Federal, por vezes, vacila no tocante ao tema, vejamos: "A teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos documentos constitucionais brasileiros desde a Carta Política de 1946, confere fundamento doutrinário à responsabilidade civil objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes públicos houverem dado causa, por ação ou por omissão. Essa concepção teórica, que informa o princípio constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder Público, faz emergir, da mera ocorrência de ato lesivo causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo dano pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente de caracterização de culpa dos agentes estatais ou de demonstração de falta do serviço público. Os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade material entre o eventus damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente do Poder Público, que tenha, nessa condição funcional, incidido em conduta comissiva ou omissiva, independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 – RTJ 71/99 – RTJ 91/377 – RTJ 99/1155 – RTJ 131/417)." (RE 109.615, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 02/08/96) "Tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 9 dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. A falta do serviço — faute du service dos franceses — não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro. Latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um apenado que fugira da prisão tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do apenado e o latrocínio." (RE 369.820, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 27/02/04). No mesmo sentido: RE 409.203, Rel. Min. Carlos Velloso, Informativo 391. É fato, no entanto, que a corrente majoritária é no sentido de que a responsabilidade objetiva é decorrente de ação estatal, remanescendo a subjetiva, por culpa administrativa, no caso de omissão.De todo modo, a responsabilidade objetiva na modalidade risco administrativo diferencia-se da risco integral no sentido de que aquela (risco administrativo) admite a chamada excludente de responsabilidade, ou seja, casos em que fica afastada a responsabilidade estatal, sendo: culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. Entretanto, na hipótese de culpa concorrente, ou seja, se o dano advém também de conduta do terceiro e de conduta da Administração, a exemplo de uma pessoa que fura um sinal vermelho, enquanto uma viatura policial também fura de outro lado, vindo a colidir os dois veículos, o Estado deverá responder, porém de forma mitigada. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 10 É a denominada concausa, ou seja, a culpa concorrente não afasta a responsabilidade, somente atenua o quantum a ser indenizado. É claro que uma sendo obrigada a indenizar e a Administração, quando conseguir demonstrar a culpa do agente, poderá promover a ação de regresso para se ver ressarcida do que despendeu. Ademais, a responsabilidade do Estado pode advir de um ato administrativo, legislativo ou judicial. Celso Antônio Bandeira de Mello, citando lição do Professor Oswaldo Aranha, salienta que a responsabilidade objetiva do Estado será sempre por ação ou quando o Estado é o criador da situação que induz o risco (presídio em local habitável, paiol de munições etc). Outrossim, será subjetiva a responsabilidade decorrente de ato omissivo do Estado. De outro lado, é possível destacar que em certas situações, muito embora não se possa identificar uma ação condutora do dano, o Estado poderá propiciar que tal ocorra. É a denominada responsabilidade em razão de atuação propiciadora do Risco. Ocorre no caso de o Estado, embora não cause diretamente o dano, dá ensejo à situação propiciadora do risco. Ex. Depósito de material explosivo. Preso que mata outro detento. Preso que foge do presídio e comete vários crimes da fuga. Semáforo estragado. Em todas essas situações o Estado responderá objetivamente. Celso Bandeira de Mello salienta que o estágio a que se caminha a teoria da responsabilidade é para a teoria da PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 11 responsabilidade do risco social, onde o Estado seria responsável por condutas ainda que não fossem imputadas ao próprio Estado. Evolução da Responsabilidade do Estado no Brasil No Brasil, a teoria da responsabilidade também passou por algumas fases. No entanto, é assente na doutrina que no Brasil não se passou pelo período da irresponsabilidade do Estado, tendo sido adotada a teoria da responsabilidade. A Constituição de 1946, no seu artigo 194, no entanto, foi a primeira a prevê expressamente a responsabilidade do Estado por danos, seguindo-se pelas Constituições de 1967 (art. 105) e 1969 (art. 107). Em todas essas Constituições, na linha preconizada pelo Código Civil de 1916, utilizou-se a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado. No entanto, a Constituição de 1988 em seu artigo 37, §6º introduz a chamada responsabilidade objetiva do Estado, calcada na teoria do risco administrativo, segundo a qual as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviço público, são responsáveis pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra responsável no caso de dolo ou culpa. É isso. Então, vamos às questões. QUESTÕES COMENTADAS – CESPE PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 12 1. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O Brasil adotou a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado, segundo a qual a administração pública somente poderá reparar o prejuízo causado a terceiro se restar devidamente comprovada a culpa do agente público. Comentário: A Constituição Federal, conforme estabelece o art. 37, §6º, adota a teoria da responsabilidade civil objetiva, segundo a qual as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviços públicos, respondem, independentemente de culpa, pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros. É verdade, no entanto, que também se adota a responsabilidade subjetiva, nos casos de omissão estatal, desde que o Estado não tenha criado a situação de risco ou esteja na posição de garante (dever de cuidado, de proteção, tendo em vista a criação do risco), já que nestes casos o STF tem aplicado a teoria da responsabilidade objetiva. Observe: “Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da Constituição do Brasil. Latrocínio cometido por foragido. Nexo de causalidade configurado. Precedente. A negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da terceira fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o nexo de causalidade. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva nos termos do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição do Brasil.” (RE 573.595-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24- 6-2008, Segunda Turma, DJE de 15-8-2008.) A responsabilidade subjetiva, em regra, quando aplicada diz respeito à modalidade culpa administrativa, decorre de PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 13 fato de terceiros ou da natureza, em razão do mal funcionamento dos serviços, hipótese em que não é necessária a comprovação da culpa, pois o ônus se inverte, cabendo ao administrado provar apenas que o serviço não funcionou, funcionou mal ou não existiu. Assim, a Administração Pública poderá reparar o prejuízo causado a terceiro ainda que não demonstrada culpa do agente público, mas a culpa (falha) no serviço. Gabarito: Errado. 2. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) O ordenamento jurídico brasileiro adota a teoria da irresponsabilidade do Estado. Comentário: O ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria da responsabilidade e, em regra, a responsabilidade objetiva (art. 37, §6º, CF/88). Gabarito: Errado. 3. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A teoria da irresponsabilidade do Estado é aplicável no direito brasileiro. Comentário: A teoria da irresponsabilidade dispõe que o Estado não responde pelos danos que eventualmente cause aos administrados. Essa teoria baseia-se no fato de que o Estado não erra. Por isso, não se aplica no âmbito da Administração Pública brasileira na medida em que o Estado responde por ação ou omissão, dolosa ou culposa, por ato lícito ou ilícito, que cause dano a PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 14 terceiros. É que na atualidade incide a teoria da responsabilidade estatal. Gabarito: Errado. 4. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ/RR – CESPE/2012) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos respondem objetivamente pelos eventuais danos que seus agentes causarema terceiros ao prestarem tais serviços. Comentário: De fato, nos termos do art. 37, §6º, da Constituição Federal, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviços públicos, respondem, independentemente de culpa, pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros. Gabarito: Certo. 5. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) As empresas prestadoras de serviços públicos não respondem pelos prejuízos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Em tal hipótese, o ressarcimento do terceiro prejudicado deve ser feito diretamente pelo agente causador do dano. Comentário: Tanto as pessoas jurídicas de direito público, quanto as pessoas jurídicas de direito privado, neste caso quando prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes causarem nesta condição, conforme dicção do art. 37, §6º, da CF/88. Gabarito: Errado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 15 6. (ANALISTA – CÂMARA – CESPE/2012) As entidades de direito privado prestadoras de serviço público respondem objetivamente pelos prejuízos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Comentário: De fato, tanto as pessoas jurídicas de direito público, quanto às pessoas jurídicas de direito privado, neste caso quando prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes causarem nesta condição, conforme dicção do art. 37, §6º, da CF/88. Gabarito: Certo. 7. (INSPETOR DE POLÍCIA – PC/CE – CESPE/2012) As empresas públicas e as sociedades de economia mista que exploram atividade econômica respondem pelos danos que seus agentes causarem a terceiros conforme as mesmas regras aplicadas às demais pessoas jurídicas de direito privado. Comentário: Somente responderão de forma objetiva as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (art. 37, §6º, da CF/88). Portanto, as empresas estatais que explorem atividade econômica responderão sob o regime aplicável as demais pessoas jurídicas de direito privado. Gabarito: Certo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 16 8. (ANALISTA MINISTERIAL – MPE/PI – CESPE/2012) A regra da responsabilidade civil objetiva do Estado se aplica tanto às entidades de direito privado que prestam serviço público como às entidades da administração indireta que executem atividade econômica de natureza privada. Comentário: Somente respondem de forma objetiva as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (art. 37, §6º, da CF/88). Gabarito: Errado. 9. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) Segundo a CF, a responsabilidade civil do Estado abrange as pessoas jurídicas de direito público, as de direito privado prestadoras de serviços públicos e as executoras de atividade econômica. Comentário: A responsabilidade civil do Estado, de fato, aplica-se às pessoas jurídicas de direito público e às de direito privado prestadoras de serviços públicos, não alcançando, no entanto, as executoras de atividade econômica. Gabarito: Errado. 10. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/SE – CESPE/2012) Uma sociedade de economia mista que explore atividade econômica responde objetivamente pelos danos que causar a terceiros. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 17 Somente respondem de forma objetiva as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (art. 37, §6º, da CF/88). Gabarito: Errado. 11. (JUIZ – TJ/AC – CESPE/2012) Diferentemente das entidades estatais de direito privado que desempenham serviços públicos, as empresas privadas que prestam serviços públicos por delegação não se submetem ao regime da responsabilidade civil objetiva prevista no texto constitucional. Comentário: Nos termos do art. 37, §6º, CF/88, a responsabilidade civil do Estado aplica-se às pessoas jurídicas de direito público e às de direito privado prestadoras de serviços públicos. Gabarito: Errado. 12. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A marca característica da responsabilidade objetiva é a desnecessidade de o lesado pela conduta estatal provar a existência da culpa do agente ou do serviço, ficando o fator culpa desconsiderado como pressuposto da responsabilidade objetiva; a caracterização da responsabilidade objetiva requer, apenas, a ocorrência de três pressupostos: o fato administrativo; a ocorrência de dano e o nexo causal. Comentário: A responsabilidade objetiva, conforme se extrai do art. 37, §6º, CF/88, não depende de culpa, ou seja, a sua configuração depende da ocorrência de três pressupostos: a conduta (ação) estatal, a ocorrência de dano e o nexo causal. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 18 Gabarito: Certo. 13. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/SE – CESPE/2012) Para a configuração da responsabilidade objetiva, há necessidade de apenas três pressupostos: o fato administrativo, o dano e o nexo causal, sendo desnecessário que o lesado pela conduta estatal prove a existência de culpa do agente ou do serviço. Comentário: De fato, a configuração da responsabilidade objetiva depende de três elementos: (a) ato comissivo (ação atribuível ao Estado); (b) dano (causado a terceiros); (c) nexo de causalidade (entre a ação e o dano). Gabarito: Certo. 14. (INSPETOR DE POLÍCIA – PC/CE – CESPE/2012) A responsabilidade civil do Estado exige três requisitos para a sua configuração: ação atribuível ao Estado, dano causado a terceiros e nexo de causalidade. Comentário: De fato, a responsabilidade objetiva do Estado exige a configuração de três requisitos, sendo: (a) ato comissivo (ação atribuível ao Estado); (b) dano (causado a terceiros); (c) nexo de causalidade (entre a ação e o dano). Gabarito: Certo. 15. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – CNJ – CESPE/2013) Se do atributo da executoriedade do ato administrativo resultar dano ao particular em razão de PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 19 ilegitimidade ou abuso, o Estado estará obrigado a indenizar o lesado, uma vez configurados a conduta danosa, o dano e o nexo causal. Comentário: A responsabilidade civil do Estado, na modalidade objetiva, decorre de ato lícito ou ilícito, exigindo-se a demonstração de três requisitos, sendo: (a) ato comissivo (ação atribuível ao Estado); (b) dano (causado a terceiros); (c) nexo de causalidade (entre a ação e o dano). Gabarito: Certo. 16. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O nexo de causa e efeito não constitui elemento a ser aferido na apuração de eventual responsabilidade do Estado. Comentário: No âmbito da responsabilidade civil do Estado, como já observado, é necessária a verificação do nexo de causalidade entre a conduta comissiva ou omissiva estatal e o dano, sob pena de não se configura a responsabilidade pela interrupção do nexo causal. "A responsabilidade do Estado, embora objetiva por força do disposto no art. 107 da EC 1/1969 (e, atualmente, no § 6º do art. 37 da Carta Magna), não dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do nexo de causalidade entre a ação oua omissão atribuída a seus agentes e o dano causado a terceiros. Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no art. 1.060 do Código Civil, a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade é a teoria do dano direto e imediato, também denominada teoria da interrupção do nexo causal. Não obstante aquele dispositivo da codificação civil diga respeito a PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 20 impropriamente denominada responsabilidade contratual, aplica-se ele também à responsabilidade extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela que, sem quaisquer considerações de ordem subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas teorias existentes: a da equivalência das condições e a da causalidade adequada." (RE 130.764, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 12-5-1992, Primeira Turma, DJ de 7-8-1992.) Gabarito: Errado. 17. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Mediante expressa determinação legal, o Estado poderá responder civilmente por danos causados a terceiros, ainda que sua atuação tenha ocorrido de modo regular e conforme com o direito. Comentário: De acordo com o art. 37, §6º, CF/88, o Estado responderá por ação, seja lícita ou ilícita, que seja causadora de dano a terceiros, sob a modalidade objetiva, quer dizer independentemente de culpa. Gabarito: Certo. 18. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) A responsabilidade civil do Estado é objetiva, sendo obrigatória configuração da culpa para a eclosão do evento danoso. Comentário: Na responsabilidade objetiva não é necessário demonstrar culpa. Gabarito: Errado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 21 19. (ANALISTA PROCESSUAL – TJ/RO – CESPE/2012) A responsabilidade objetiva caracteriza-se pela necessidade de a pessoa lesada por conduta estatal provar a existência da culpa do agente ou do serviço. Comentário: No âmbito da responsabilidade objetiva não é necessário demonstrar culpa do agente ou do serviço. Gabarito: Errado. 20. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Os agentes que, por ação ou omissão, podem gerar a responsabilidade civil do Estado são os servidores estatutários, uma vez que apenas eles têm relação de trabalho que os vincula diretamente à administração. Comentário: A responsabilidade civil do Estado decorre de dano causado por agente, agindo nesta condição. Significa dizer que o agente público está atuando no exercício de suas funções ou em decorrência dela. A expressão agente, é importante destacar, deve ser concebida em sentido amplo, ou seja, de modo a compreender os agentes políticos, administrativos, honoríficos, credenciados e os delegados, não se restringindo apenas aos servidores públicos (estatutários). Gabarito: Errado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 22 21. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Para efeito de responsabilidade civil do Estado, considera-se agente o servidor que, em sua atuação, causar dano a terceiros. Exclui-se, assim, dessa noção as pessoas que não têm vínculo típico de trabalho com a administração e os agentes colaboradores e sem remuneração. Comentário: Na responsabilidade civil do Estado devemos entender a expressão agente sob alcance mais amplo, não se referindo somente aos servidores públicos, na medida em que engloba, inclusive, os funcionários das pessoas jurídicas de direito privado que exercem atividade interna na Administração, assim como os colaboradores (honoríficos, credenciados) que recebam ou não remuneração. Gabarito: Errado. 22. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) Para configurar a responsabilidade civil do Estado, o agente público causador do dano deve ser servidor público estatutário e possuir vínculo direto com a administração. Comentário: Na responsabilidade civil a expressão agente pública não diz respeito apenas ao servidor público típico, engloba qualquer agente que esteja no exercício de função administrativa ou prestando atividade para a Administração. Gabarito: Errado. 23. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) Para configurar a responsabilidade civil do Estado, o agente público causador do prejuízo a terceiros deve ter agido na qualidade PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 23 de agente público, sendo irrelevante o fato de ele atuar dentro, fora ou além de sua competência legal. Comentário: De fato, o agente público causador do prejuízo a terceiros deve ter agido na qualidade de agente público, sendo irrelevante o fato de ele atuar dentro, fora ou além de sua competência legal, mas em decorrência dela. Gabarito: Certo. 24. (JUIZ – TJ/AC – CESPE/2012) A doutrina e a jurisprudência têm reconhecido a obrigatoriedade de o Estado indenizar tanto os danos materiais quanto os danos morais, mas não os danos emergentes e os lucros cessantes. Comentário: Tanto a doutrina quanto a jurisprudência reconhecem que o dever do Estado de reparar dano atinge tanto os danos materiais quanto os danos morais, além dos danos emergentes e os lucros cessantes. PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ANISTIA (LEI 9.140/95). ALEGADA VIOLAÇÃO DO ART. 535, I E II, DO CPC. NÃO-OCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DO DECRETO 20.910/32. ACUMULAÇÃO DE REPARAÇÃO ECONÔMICA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO DO ART. 16 DA LEI 10.559/2002. PRECEDENTES. DESPROVIMENTO. 1. Não viola o art. 535, I e II, do CPC, nem importa negativa de prestação jurisdicional, o acórdão que decide, motivadamente, todas as questões argüidas pela parte, julgando integralmente a lide. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 24 2. A pretensão indenizatória decorrente de violação de direitos humanos fundamentais durante o Regime Militar de exceção é imprescritível. Inaplicabilidade da prescrição qüinqüenal prevista no art. 1º do Decreto 20.910/32. 3. A Lei 10.559/2002 proíbe a acumulação de: (I) reparação econômica em parcela única com reparação econômica em prestação continuada (art. 3º, § 1º); (II) pagamentos, benefícios ou indenizações com o mesmo fundamento, facultando-se ao anistiado político, nesta hipótese, a escolha da opção mais favorável (art. 16). 4. Não há vedação para a acumulação da reparação econômica com indenização por danos morais, porquanto se tratam de verbas indenizatórias com fundamentos e finalidades diversas: aquela visa à recomposição patrimonial (danos emergentes e lucros cessantes), ao passo que esta tem por escopo a tutela da integridade moral, expressão dos direitos da personalidade. Aplicação da orientação consolidada na Súmula 37/STJ. 5. Os direitos dos anistiados políticos, expressos na Lei 10.559/2002 (art. 1º, I a V), não excluem outros conferidos por outras normas legais ou constitucionais. Insere-se, aqui, o direito fundamental à reparação por danos morais (CF/88, art. 5º, V e X; CC/1916, art. 159; CC/2002, art. 186), que não pode ser suprimido nem cerceado por ato normativo infraconstitucional, tampouco pela interpretação da regra jurídica, sob pena de inconstitucionalidade.6. Recurso especial desprovido. (REsp 890.930/RJ, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/05/2007, DJ 14/06/2007, p. 267) Gabarito: Errado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 25 25. (JUIZ – TJ/AC – CESPE/2012) Em matéria de responsabilidade civil do Estado, é possível a cumulação de indenizações por dano material e dano moral que decorram de um só fato. Comentário: Não há vedação para acumulação de dano material e moral acerca da responsabilidade civil. É que o dano pode tanto dizer respeito a danos patrimoniais, quanto atingir a esfera da moral do terceiro. Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Administrativo. 3. Responsabilidade civil do estado. Indenização por danos morais e materiais. Prisão ilegal praticada por agente público. 4. Reexame de conteúdo fático- probatório. Incidência do Enunciado 279 da Súmula do STF. Precedentes. 5. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 6. Agravo regimental a que se nega provimento. (ARE 698782 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 21/08/2012) Gabarito: Certo. 26. (JUIZ – TJ/AC – CESPE/2012) Como a responsabilidade do poder público só se configura em face de atos lícitos, os atos contrários à lei, à moral ou ao direito podem gerar a responsabilidade penal e civil do agente público, mas não a responsabilidade civil do Estado. Comentário: A responsabilidade civil do Estado pode decorrer de ato lícito ou ilícito. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 26 Gabarito: Errado. 27. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Consoante a teoria do risco administrativo, consagrada no ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade objetiva do Estado por danos causados aos administrados baseia-se na equânime repartição dos prejuízos que o desempenho do serviço público impõe a certos indivíduos, não suportados pelos demais. Comentário: A responsabilidade objetiva, baseada na teoria do risco administrativo, funda-se na distribuição dos prejuízos, ou seja, no princípio da igualdade dos ônus ou encargos sociais, de modo que eventual prejuízo sofrido por um em razão de atuação do Estado, deve ser suportado por toda a coletividade. Esse é o entendimento do STF. Vejamos: "A responsabilidade civil do Estado, responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa do particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o dano e a ação administrativa. A consideração no sentido da licitude da ação administrativa é irrelevante, pois o que interessa, é isto: sofrendo o particular um prejuízo, em razão da atuação estatal, regular ou irregular, no interesse da coletividade, é devida a indenização, que se assenta no princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais." (RE 113.587, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 18-2-1992, Segunda Turma, DJ de 3-3- 1992.) PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 27 Gabarito: Certo. 28. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Caracterizada a responsabilidade subjetiva do Estado, mediante a conjugação concomitante de três elementos - dano, negligência administrativa e nexo de causalidade entre o evento danoso e o comportamento ilícito do poder público -, é inafastável o direito à indenização ou reparação civil de quem suportou os prejuízos. Comentário: O Estado pode responder sob a modalidade objetiva ou subjetiva. A responsabilidade subjetiva divide-se em culpa comum ou culpa administrativa. Na responsabilidade estatal por culpa comum é necessário demonstrar que o dano decorre de conduta estatal culposo ou dolosa, ou seja, é preciso demonstrar o elemento subjetivo. Já na responsabilidade por culpa administrativa, a culpa é anônima, isto é decorre da prestação do serviço que foi falha, que não existiu, ou que foi tardia. Nesse caso, demonstra-se a falha (ou falta) do serviço. De todo modo, na responsabilidade subjetiva deve estar presente: a conduta culposa, o dano e o nexo entre tal conduta e o dano. Gabarito: Certo. 29. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) A doutrina dominante é no sentido de que se aplica a teoria da responsabilidade subjetiva nos casos de ato comissivo estatal. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 28 A responsabilidade do Estado será objetiva ou subjetiva. Ocorre a responsabilidade objetiva diante de atos estatais, ou seja, diante de ato comissivo estatal. De outro lado, em regra, a responsabilidade subjetiva decorre da omissão estatal, ou seja, de atos omissivos. Gabarito: Errado. 30. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Na hipótese de conduta omissiva do Estado, incide a responsabilidade objetiva, bastando a comprovação do nexo causal entre a omissão e o prejuízo causado ao particular. Comentário: Diante da omissão estatal incide, em regra, a responsabilidade subjetiva. Gabarito: Errado. 31. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – CESPE/2011) Para se caracterizar a responsabilidade civil do Estado no caso de conduta omissiva, não basta a simples relação entre a omissão estatal e o dano sofrido, pois a responsabilidade só estará configurada quando estiverem presentes os elementos que caracterizem a culpa. Comentário: A responsabilidade subjetiva para ser configurada é necessária a demonstração da conduta (culposo ou dolosa), o nexo de causalidade, o dano. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 29 Assim, não basta provar que houve a omissão estatal, faz mister provar a configuração dos demais elementos, sobretudo que a omissão foi dolosa ou culposa (negligência, por exemplo). Gabarito: Certo. 32. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – PREVIC – CESPE/2011) Em se tratando de conduta omissiva, para configuração da responsabilidade estatal, é necessária a comprovação dos elementos que caracterizam a culpa, de forma que não deve ser aplicada absolutamente a teoria da responsabilidade objetiva. Comentário: A regra da responsabilidade objetiva não é absoluta. O Estado poderá responder sob a forma subjetiva. Nesta hipótese, em regra, por omissão, e desde que demonstrado os demais elementos ensejadores da responsabilidade, tal como dano, nexo, culpa ou dolo. Gabarito: Certo. 33. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessária a comprovação da negligência na atuação estatal, ou seja, a prova da omissão do Estado, em que pese o dever legalmente imposto de agir, além do dano e do nexo causal entre ambos. Comentário: Mais uma vez, reforça-se. O Estado por omissão responderá sob a forma da responsabilidade subjetiva, na qual se deve demonstrar a conduta omissiva, o dano, o nexo causal, bem como a culpa (negligência). PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br30 Gabarito: Certo. 34. (ANALISTA PROCESSUAL – TJ/RO – CESPE/2012) No caso de conduta omissiva do Estado, só haverá responsabilidade civil quando estiverem presentes os elementos que caracterizam a culpa. Comentário: De fato, a responsabilidade civil no tocante à omissão estatal é subjetiva, em regra. Portanto, exige que se demonstre a culpa. Gabarito: Certo. 35. (JUIZ – TJ/AC – CESPE/2012) Para que o Estado responda por danos causados por agente seu a particular, é necessário que a pessoa lesada faça prova da culpabilidade direta ou indireta da administração, tanto no caso de ação quanto no de omissão. Comentário: No caso de omissão, por se tratar de responsabilidade subjetiva, exige-se a demonstração de culpa. Gabarito: Errado. 36. (AGENTE DE POLÍCIA – PC/AL – CESPE/2012) Um agente público que produza dano ao particular obriga o Estado a indenizar o particular, desde que a vítima comprove que a omissão é a causa do prejuízo. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 31 Observe que o dano poderá vir de conduta omissiva (omissão) como comissiva (ação). Na omissão a responsabilidade é subjetiva e depende de se comprovar a culpa, mas na comissiva é objetiva e, neste caso, o dano não depende da comprovação de omissão estatal, mas de ação causadora do dano. Gabarito: Errado. 37. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) A responsabilidade civil do Estado refere-se à obrigação de reparar os danos causados por seus agentes a terceiros em decorrência de suas atuações, mas não por suas omissões. Comentário: A responsabilidade civil decorre de conduta comissiva (objetiva) ou omissiva (subjetiva). Gabarito: Errado. 38. (ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS – TRT 10ª REGIÃO – CESPE/2013) Todos os anos, na estação chuvosa, a região metropolitana de determinado município é acometida por inundações, o que causa graves prejuízos a seus moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores preponderantes causadores das enchentes são o sistema deficiente de captação de águas pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públicas. Considerando essa situação hipotética, julgue os itens subsequentes. De acordo com a jurisprudência e a doutrina dominante, na hipótese em pauta, caso haja danos a algum cidadão e reste provada conduta omissiva por parte do Estado, a responsabilidade deste será subjetiva. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 32 A responsabilidade civil por condutas omissivas, em regra, é subjetiva. Gabarito: Certo. 39. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) O Estado pode exercer o direito de regresso contra o agente responsável pelo dano praticado, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo. Comentário: Conforme estabelece o art. 37, §6º, CF/88 quando o Estado for obrigado a reparar o dano, deverá promover ação regressiva contra o agente que deu causa ao dano, isso quando ficar demonstrado que este agiu com dolo ou culpa. Gabarito: Errado. 40. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Direito de regresso é o assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o agente responsável pelo dano, independentemente de este ter agido com culpa ou dolo. Comentário: Direito de regresso é o direito conferido ao Estado para promover ação com a finalidade de se ver ressarcido do que eventualmente arcou no caso de danos causados a terceiros, em razão de conduta, dolosa ou culposa, de seus agentes. Gabarito: Errado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 33 41. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/RJ – CESPE/2012) Em caso de responsabilidade decorrente de ato praticado por servidor público, a obrigação de reparar o dano limita-se ao próprio servidor público. Comentário: Em caso de dano causado por servidor público a responsabilidade civil é do Estado que poderá promover ação de regresso contra o servidor. Gabarito: Errado. 42. (ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS – TRT 10ª REGIÃO – CESPE/2013) Todos os anos, na estação chuvosa, a região metropolitana de determinado município é acometida por inundações, o que causa graves prejuízos a seus moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores preponderantes causadores das enchentes são o sistema deficiente de captação de águas pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públicas. Considerando essa situação hipotética, julgue os itens subsequentes. Caso algum cidadão pretenda ser ressarcido de prejuízos sofridos, poderá propor ação contra o Estado ou, se preferir, diretamente contra o agente público responsável, visto que a responsabilidade civil na situação hipotética em apreço é solidária. Comentário: A responsabilidade não é solidária. Contudo, pode o particular propor ação direta contra o agente (responsabilidade subjetiva) ou contra o Estado (objetiva). Gabarito: Errado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 34 43. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) O Estado será responsável pelos danos que seus agentes causarem, sendo incabível a ação regressiva mesmo no caso de dolo e culpa do agente. Comentário: Na responsabilidade civil do Estado é cabível ação regressiva contra o agente, no caso de ter atuado com dolo ou culpa. Gabarito: Errado. 44. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A reparação do dano, na hipótese de prejuízo causado a terceiros pela administração, pode ser feita tanto no âmbito administrativo quanto no judicial. Comentário: É assente na doutrina que a reparação do dano pode ocorrer no âmbito da própria Administração, por meio de processo administrativo, uma vez demonstrado o dano, promovendo a própria Administração Pública a reparação do dano. De outro lado, como é cediço, acaso não ocorra a reparação no âmbito administrativo, poderá o prejudicado provocar o poder judiciário a fim de buscar a reparação. Gabarito: Certo. 45. (ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS – STM – CESPE/2011) A reparação do dano causado a terceiros pode ser feita tanto no âmbito judicial quanto no administrativo, mas, neste último caso, a administração é obrigada a pagar o montante indenizatório de uma só vez, em PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 35 dinheiro, de maneira a recompor plenamente o bem ou o interesse lesado. Comentário: De fato, a reparação do dano pode ocorrer de forma amigável, no âmbito da Administração, ou Judicialmente. Todavia, não há determinação alguma no sentido de que a Administração deva pagar o montante indenizatório de uma só vez. Gabarito: Errado. 46. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) A reparação de danos causados a terceiros somente pode ser feita no âmbito judicial, pois a administração não está legitimada a, por si só, reconhecer a sua responsabilidade e definir o valor de uma possível indenização. Comentário: Pois é? É exatamente igual às anteriores. Sabido que a reparação, indenização, pode ocorrer no âmbito Administrativo ou perante o Judiciário. Lembre-se do fatídico caso ocorrido no Rio de Janeiro, em que um ex-aluno, ceifou a vidade diversas criancinhas. A prefeitura reconhecendo sua responsabilidade convocou os familiares para, além de assumir as despesas com funeral, também indenizá-las pelo ocorrido. Gabarito: Errado. 47. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A responsabilidade civil do Estado no caso de morte de pessoa custodiada é subjetiva. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 36 Comentário: Quando o Estado assume a posição de garante, tal como no caso de crianças em escolas, pessoas encarceradas, pessoas em nosocômios etc., o Estado assume para si o ônus de garantir a integridade física e moral de alguém, a responsabilidade por dano, quando a pessoa estiver nessa situação, será objetiva. Nessa situação o Estado tem o dever de garantir a integridade física e moral, de modo que se algo acontecer a essas pessoas, responderá o Estado de forma objetiva, pois não cumpriu bem sua função. INFORMATIVO Nº 567 TÍTULO: Rebelião - Carandiru - Responsabilidade Civil Objetiva - Dever de Indenizar (Transcrições) PROCESSO: AI - 299125 ARTIGO Rebelião - Carandiru - Responsabilidade Civil Objetiva - Dever de Indenizar (Transcrições) AI 299125/SP* RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO (CF, ART. 37, § 6º). CONFIGURAÇÃO. REBELIÃO NO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DO CARANDIRU. RECONHECIMENTO, PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL, DE QUE SE ACHAM PRESENTES TODOS OS ELEMENTOS IDENTIFICADORES DO DEVER ESTATAL DE REPARAR O DANO. NÃO-COMPROVAÇÃO, PELO ESTADO DE SÃO PAULO, DA ALEGADA RUPTURA DO NEXO CAUSAL. CARÁTER SOBERANO DA DECISÃO LOCAL, QUE, PROFERIDA EM SEDE RECURSAL ORDINÁRIA, RECONHECEU, COM APOIO NO EXAME DOS FATOS E PROVAS, A INEXISTÊNCIA DE CAUSA EXCLUDENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER PÚBLICO. INADMISSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVAS E FATOS EM SEDE RECURSAL EXTRAORDINÁRIA (SÚMULA 279/STF). DOUTRINA E PRECEDENTES EM TEMA DERESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE AJUSTA À JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO IMPROVIDO. DECISÃO: O recurso extraordinário a que se refere o PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 37 presente agravo de instrumento foi interposto contra acórdão, que, confirmado, em sede de embargos de declaração (fls. 101/103), pelo E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, está assim ementado (fls. 96): “RESPONSABILIDADE CIVIL – DETENTO FALECIDO EM REBELIÃO OCORRIDA NA CASA DE DETENÇÃO – INDENIZAÇÃO DEVIDA – EMBARGOS INFRINGENTES COM VOTO VENCIDO QUE ENTENDE IMPROCEDENTE A AÇÃO – EMBARGOS REJEITADOS.” (grifei) O Estado de São Paulo, no apelo extremo em questão, alega que, “Ao apontar a responsabilidade estatal pelo episódio, desconsiderou o E. Tribunal o fato de que os agentes policiais agiram no estrito cumprimento do dever legal, em contraposição à injusta agressão dos amotinados, durante rebelião nas dependências da Casa de Detenção” (fls. 109 – grifei). O exame destes autos convence-me de que não assiste razão ao Estado ora agravante, quando sustenta que o estrito cumprimento de dever legal e a prática de legítima defesa - que, alegadamente, teriam pautado a conduta de seus agentes - bastariam para descaracterizar a responsabilidade civil objetiva do Poder Público a respeito do evento danoso em causa. Com efeito, a situação de fato que gerou o trágico evento narrado neste processo põe em evidência a configuração, no caso, de todos os pressupostos primários que determinam o reconhecimento da responsabilidade civil objetivada entidade estatal ora agravante. Como se sabe, a teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos documentos constitucionais brasileiros, desde a Carta Política de 1946, revela-se fundamento de ordem doutrinária subjacente à norma de direito positivo que instituiu, em nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil objetiva do Poder Público, pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, por ação ou por omissão (CF, art. 37, § 6º). Essa concepção teórica - que informa o princípio constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder Público, tanto no que se refere à ação quanto no que concerne à omissão do agente público - faz emergir, da mera ocorrência de lesão causada à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo dano moral e/ou patrimonial sofrido, PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 38 independentemente de caracterização de culpa dos agentes estatais, não importando que se trate de comportamento positivo (ação) ou que se cuide de conduta negativa (omissão) daqueles investidos da representação do Estado, consoante enfatiza o magistério da doutrina (HELY LOPES MEIRELLES, “Direito Administrativo Brasileiro”, p. 650, 31ª ed., 2005, Malheiros; SERGIO CAVALIERI FILHO, “Programa de Responsabilidade Civil”, p. 248, 5ª ed., 2003, Malheiros; JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, “Curso de Direito Administrativo”, p. 90, 17ª ed., 2000, Forense; YUSSEF SAID CAHALI, “Responsabilidade Civil do Estado”, p. 40, 2ª ed., 1996, Malheiros; TOSHIO MUKAI, “Direito Administrativo Sistematizado”, p. 528, 1999, Saraiva; CELSO RIBEIRO BASTOS, “Curso de Direito Administrativo”, p. 213, 5ª ed., 2001, Saraiva; GUILHERME COUTO DE CASTRO, “A Responsabilidade Civil Objetiva no Direito Brasileiro”, p. 61/62, 3ª ed., 2000, Forense; MÔNICA NICIDA GARCIA, “Responsabilidade do Agente Público”, p. 199/200, 2004, Fórum, v.g.), cabendo ressaltar, no ponto, a lição expendida por ODETE MEDAUAR (“Direito Administrativo Moderno”, p. 430, item n. 17.3, 9ª ed., 2005, RT): “Informada pela ‘teoria do risco’, a responsabilidade do Estado apresenta-se hoje, na maioria dos ordenamentos, como ‘responsabilidade objetiva’. Nessa linha, não mais se invoca o dolo ou culpa do agente, o mau funcionamento ou falha da Administração. Necessário se torna existir relação de causa e efeito entre ação ou omissão administrativa e dano sofrido pela vítima. É o chamado nexo causal ou nexo de causalidade. Deixa-se de lado, para fins de ressarcimento do dano, o questionamento do dolo ou culpa do agente, o questionamento da licitude ou ilicitude da conduta, o questionamento do bom ou mau funcionamento da Administração. Demonstrado o nexo de causalidade, o Estado deve ressarcir.” (grifei) É certo, no entanto, que o princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite abrandamento e, até mesmo, exclusão da própria responsabilidade civil do Estado nas hipóteses excepcionais (de todo inocorrentes na espécie em exame) configuradoras de situações liberatórias - como o caso fortuito e a força PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 39 maior - ou evidenciadoras de culpa atribuível à própria vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50 - RTJ 163/1107-1109, v.g.). Impõe-se destacar, neste ponto, na linha da jurisprudência prevalecente no Supremo Tribunal Federal (RTJ 163/1107-1109, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), que os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade material entre o “eventus damni” e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a oficialidadeda atividade causal e lesiva imputável a agente do Poder Público, que, nessa condição funcional, tenha incidido em conduta comissiva ou omissiva, independentemente da licitude, ou não, do seu comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 - RTJ 71/99 - RTJ 91/377 - RTJ 99/1155 - RTJ 131/417). A compreensão desse tema e o entendimento que resulta da exegese dada ao art. 37, § 6º, da Constituição foram bem definidos e expostos pelo Supremo Tribunal Federal em julgamentos cujos acórdãos estão assim ementados: “RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO - PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. - A teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos documentos constitucionais brasileiros desde a Carta Política de 1946, confere fundamento doutrinário à responsabilidade civil objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes públicos houverem dado causa, por ação ou por omissão. Essa concepção teórica, que informa o princípio constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder Público, faz emergir, da mera ocorrência de ato lesivo causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo dano pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente de caracterização de culpa dos agentes estatais ou de demonstração de falta do serviço público. - Os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade material entre o ‘eventus damni’ e o comportamento positivo PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 40 (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente do Poder Público, que tenha, nessa condição funcional, incidido em conduta comissiva ou omissiva, independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 - RTJ 71/99 - RTJ 91/377 - RTJ 99/1155 - RTJ 131/417). - O princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações liberatórias - como o caso fortuito e a força maior - ou evidenciadoras de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50). (...).” (RTJ 163/1107- 1108, Rel. Min. CELSO DE MELLO) “- Recurso extraordinário. Responsabilidade civil do Estado. Morte depreso no interior do estabelecimento prisional. 2. Acórdão que proveu parcialmente a apelação e condenou o Estado do Rio de Janeiro ao pagamento de indenização correspondente às despesas de funeral comprovadas. 3. Pretensão de procedência da demanda indenizatória. 4. O consagrado princípio da responsabilidade objetivado Estado resulta da causalidade do ato comissivo ou omissivo e não só da culpa do agente. Omissão por parte dos agentes públicos na tomada de medidas que seriam exigíveis a fim de ser evitado o homicídio. 5. Recurso conhecido e provido para condenar o Estado do Rio de Janeiro a pagar pensão mensal à mãe da vítima, a ser fixada em execução de sentença.” (RTJ 182/1107, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA - grifei) É por isso que a ausência de qualquer dos pressupostos legitimadores da incidência da regra inscrita no art. 37, § 6º, da Carta Política basta para descaracterizar a responsabilidade civil objetiva do Estado, especialmente quando ocorre circunstância que rompe o nexo de causalidade material entre o comportamento do agente público e a consumação do dano pessoal ou patrimonial infligido ao ofendido. Estabelecidas tais premissas, passo ao exame destes autos. E, ao fazê-lo, observo que as circunstâncias do presente caso PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 41 - apoiadas em pressupostos fáticos soberanamente reconhecidos pelo Tribunal “a quo” - evidenciam que todos os elementos identificadores da responsabilidade civil objetiva do Estado acham-se demonstrados no caso ora em análise, especialmente o nexo de causalidade material (que restou plenamente configurado) e cuja ruptura a parte ora agravante, que alegara a ocorrência de causa excludente de sua responsabilidade civil, não conseguiu demonstrar. Daí a correta observação feita pelo E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, quando do julgamento da apelação cível interposta pela parte ora agravante (fls. 81/82): “Com a prisão do indivíduo, assume o Estado o dever de cuidar de sua incolumidade física, quer por ato do próprio preso (suicídio), quer por ato de terceiro (agressão perpetrada por outro preso). Assim, ante a rebelião que eclodiu no Pavilhão 9, da Casa de Detenção, tinha o Estado o dever de proteger a incolumidade física dos presos e dos próprios revoltosos, uns dos atos dos outros. Sua intervenção no episódio era, portanto, de rigor. E ocorrendo ofensa à integridade física e morte do detento, é seu dever arcar com a indenização correspondente. A propósito, ressalta RUY BARBOSA: - ‘a legalidade do ato, ainda que irrepreensível, não obsta à responsabilidade civil da administração desde que haja dano a um direito’ (‘A Culpa Civil das Administrações Públicas’ – 1898, Rio, pág. 67). Tal dever somente restaria afastado se a ação causadora do evento danoso tivesse ocorrido em legítima defesa própria (entenda-se: - do agente policial) ou de terceiro (de outro preso) que, no momento, estaria sendo agredido ou na iminência de o ser, frise-se, pelo detento morto. Mas mesmo encontrando-se nessa situação lícita (legítima defesa), se tivesse produzido, com sua ação, a morte de outrem não envolvido no fato (‘aberratio ictus’), sua seria também a obrigação de indenizar, pois a ação, apesar de necessária, foi agressiva, atingindo quem não estava em posição de ataque (art. 1519 do Código Civil). Assim, para afastar sua obrigação de reparar o dano, deveria a Fazenda do Estado demonstrar que o detento falecido, Francisco Ferreira dos PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 42 Santos, estava, no momento de sua morte, agredindo os policiais ou outro preso. Mas esta prova não foi produzida (o ‘onus probandi’ é seu). Como não a produziu, certa é sua obrigação de indenizar.” (grifei) Inquestionável, desse modo, que o Tribunal de Justiça local – ao reconhecer não comprovada, pelo Estado de São Paulo, a ocorrência da alegada causa de exclusão da responsabilidade estatal – assim decidiu com apoio no conjunto probatório subjacente ao pronunciamento jurisdicional em referência. Esse dado assume relevo processual, pois a discussão ora suscitada pelo Estado de São Paulo - em torno da pretendida existência, na espécie, de causa excludente de responsabilidade - revela-se incabível em sede de recurso extraordinário, por depender do exame de matéria de fato, de todo inadmissível na via do apelo extremo. Como se sabe, o recurso extraordinário não permite que se reexaminem, nele, em face de seu estrito âmbito temático, questões de fato ou aspectos de índole probatória (RTJ 161/992 – RTJ 186/703). É que o pronunciamento do Tribunal “a quo” sobre matéria de fato reveste-se de inteira soberania (RTJ 152/612 – RTJ 153/1019 – RTJ 158/693, v.g.). Impende destacar, neste ponto, que esse entendimento(inadmissibilidade do exame, em sede recursal extraordinária, da existência, ou não, de causa excludente de responsabilidade), tratando-se do tema suscitado pela parte ora agravante, tem pleno suporte no magistério jurisprudencial desta Suprema Corte (AI 411.502/RJ, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – AI 586.270/RJ, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – RE 508.315/CE, Rel. Min. ELLEN GRACIE – RE 595.267/SC, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, v.g.): “ACÓRDÃO QUE DECIDIU CONTROVÉRSIA ACERCA DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO COM BASE NA PROVA DOS AUTOS. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 37, § 6.º, E 196 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Impossibilidade da abertura da via extraordinária em razão da incidência, na hipótese, do óbice das Súmulas 279, 282 e 356 desta Corte. Agravo desprovido.” (AI 391.371-AgR/RJ, Rel. Min. ILMAR GALVÃO - grifei) Cumpre ressaltar, por tal razão, em face do caráter soberano do acórdão recorrido (que reconheceu, com apoio no exame de fatos e provas, a ausência de PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 43 demonstração da ruptura do nexo causal sustentada pelo Estado de São Paulo), que o Tribunal de Justiça interpretou, com absoluta fidelidade, a norma constitucional que consagra, em nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil objetiva do Poder Público. Com efeito, o acórdão impugnado em sede recursal extraordinária, ao fazer aplicação do preceito constitucional em referência (CF, art. 37, § 6º), reconheceu, com inteiro acerto, no caso em exame, a cumulativa ocorrência dos requisitos concernentes (1) à consumação do dano, (2) à conduta dos agentes estatais, (3) ao vínculo causal entre o evento danoso e o comportamento dos agentes públicos e (4) à ausência de qualquer causa excludente de que pudesse eventualmente decorrer a exoneração da responsabilidade civil do Estado de São Paulo. Cabe acentuar, por relevante, que a colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar controvérsia virtualmente idêntica à versada nesta causa, proferiu decisão que se reflete, por igual, no presente julgamento (RTJ 140/636, Rel. Min. CARLOS VELLOSO). Essa orientação jurisprudencial - cabe enfatizar - reflete-se no magistério da doutrina (RUI STOCO, “Tratado de Responsabilidade Civil – Doutrina e Jurisprudência”, p. 1.204, 7ª ed., 2007, RT; ARNALDO RIZZARDO, “Responsabilidade Civil”, p. 362 e 369/371, 1ª ed., 2005, Forense; JOSIVALDO FÉLIX DE OLIVEIRA, “A Responsabilidade do Estado por ato lícito”, p. 74/82, Editora Habeas; GUILHERME COUTO DE CASTRO, “A responsabilidade civil objetiva no direito brasileiro”, p. 52/55, 3ª ed., 2000, Forense; CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, “Curso de Direito Administrativo”, p. 995/997, 1002 e 1026/1027, 26ª ed., 2009, Malheiros; GIANNA CARLA RUBINO LOSS, “Responsabilidade Civil do Estado por Atos Lícitos”, “in” Cadernos do Ministério Público do Paraná, vol. 8, nº 01, janeiro/março de 2005, p. 08/12, e JOSÉ ANTONIO LOMONACO e FLÁVIA VANINI MARTINS MARTORI, “A Responsabilidade Patrimonial do Estado por Ato Lícito”, “in” Revista Nacional de Direito e Jurisprudência nº 06, Ano 1, Junho de 2000, p. 23/24), valendo referir, ante a pertinência de suas observações, o preciso (e sempre valioso) entendimento de YUSSEF SAID CAHALI (“Responsabilidade PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 44 Civil do Estado”, p. 44, item n. 3.5, 3ª ed., 2007, RT): “A responsabilidade civil do Estado, com base no risco administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa do particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação administrativa; e c) desde que haja nexo causal entre o dano e a ação administrativa. A consideração no sentido da licitude da ação administrativa é irrelevante, pois o que interessa é isto: sofrendo o particular um prejuízo, em razão da atuação estatal, regular ou irregular, no interesse da coletividade, é devida a indenização, que se assenta no princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais.” (grifei) Sendo assim, e pelas razões expostas, nego provimento ao presente agravo de instrumento, eis que se revela inviável o recurso extraordinário a que ele se refere. Publique-se. Brasília, 05 de outubro de 2009. (21º Aniversário da promulgação da Constituição democrática de 1988) Ministro CELSO DE MELLO Relator * decisão publicada no DJE de 20.10.2009 Gabarito: Errado. 48. (ANALISTA – CÂMARA – CESPE/2012) O fato de um detento morrer em estabelecimento prisional devido a negligência de agentes penitenciários configurará hipótese de responsabilização objetiva do Estado. Comentário: De fato, conforme a jurisprudência do STF, no caso de morte de detento, ainda que tenha ocorrido por negligência de agente público, aplica-se a responsabilidade objetiva. Gabarito: Certo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 45 49. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – STM – CESPE/2011) Com referência à responsabilidade civil do Estado e supondo que um aluno de escola pública tenha gerado lesões corporais em um colega de sala, com uma arma de fogo, no decorrer de uma aula, julgue o item abaixo. No caso considerado, existe a obrigação do Estado em indenizar o dano causado ao aluno ferido. Comentário: Como sabido, o Estado assumiu a posição de garantidor da integridade física do aluno. Assim, qualquer dano que venha a sofrer quando estiver nessa condição o Estado será chamado a responder. Veja que esses absurdos ocorrem todos os dias. Certa vez, uma amiga foi chamada às pressas para buscar sua filha, pois tinha quebrado o braço na escola, porque um coleguinha havia empurrado. A direção da escola, absurdamente, não tomara as providencias de levar a criança até o hospital mais próximo, acreditou-se que era obrigação dos pais, tão-somente. Pois é, ainda hoje assistimos dessas coisas, isto é, pessoas despreparadas prestando serviços públicos. Gabarito: Certo. 50. (ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA – TRE/MS – CESPE/2013) Determinada professora da rede pública de ensino recebeu ameaças de agressão por parte de um aluno e, mais de uma vez, alertou à direção da escola, que se manteve omissa. Nessa situação hipotética, caso se consumem as agressões, a indenização será devida pelo Estado, desde que presentes os elementos que caracterizem a culpa. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br 46 Comentário: Na hipótese, de o aluno ameaçar a professora em sala de aula e ter ocorrido o alerta à Administração, diante da omissão pode-se dizer que a situação e responsabilidade subjetiva do Estado (pela omissão), caso a agressão tenha se concretizado. Contudo, em tais hipóteses, deve-se lembrar de que há uma relação especial de sujeição em que o aluno, cuja integridade é assegurada pelo Estado, também deve respeitar a integridade física do mestre. Com efeito, nessas hipóteses, quando o profissional da educação já alertara a Administração para possíveis consequências, temos a incidência também da responsabilidade objetiva do Estado visto que também deve ser assegurada a integridade física do professor perante o alunado. Nesse sentido, já decidiu o Supremo Tribunal Federal. Vejamos: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
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