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Dissertacao NEUZA MELO ECLETISMO PARNAIBANO Neuza Melo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ-UFPI 
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO-PRPPG 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS-CCHL 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DO BRASIL - PPGHB 
MESTRADO EM HISTÓRIA DO BRASIL - MHB 
 
 
 
 
 
Neuza Brito de Arêa Leão Melo 
 
 
 
 
 
 
 
O ECLETISMO PARNAIBANO: hibridismo e tradução cultural na paisagem da cidade na 
primeira metade do século XX 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teresina (PI) 
2011 
 2 
NEUZA BRITO DE ARÊA LEÃO MELO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ECLETISMO PARNAIBANO: hibridismo e tradução cultural na paisagem da cidade na 
primeira metade do século XX 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em História do Brasil, do Centro de 
Ciências Humanas e Letras da Universidade 
Federal do Piauí como requisito à obtenção do 
título de Mestre em História do Brasil. 
Orientadora: Profa. Dra. Juliana Lopes Aragão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teresina (PI) 
2011 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
Universidade Federal do Piauí 
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco 
Serviço de Processamento Técnico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 M528e Melo, Neuza Brito de Arêa Leão 
 O Ecletismo Parnaibano: hibridismo e tradução cultural na 
paisagem da cidade na primeira metade do século XX /Neuza 
Brito de Arêa Leão Melo. – 2011. 
 200 fls. 
 
 Dissertação (Mestrado em História do Brasil) – Universidade 
 Federal do Piauí, 2011. 
 Orientação: Profª. Drª. Juliana Lopes Aragão 
 
 1.Parnaíba-História. 2.Arquitetura. 3.Ecletismo. I. Título. 
 
CDD: 981.228 
 4 
NEUZA BRITO DE ARÊA LEÃO MELO 
 
 
 
 
 
O ECLETISMO PARNAIBANO: 
hibridismo e tradução cultural na paisagem da cidade na primeira metade do século XX 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em História do Brasil, do Centro de 
Ciências Humanas e Letras da Universidade 
Federal do Piauí como requisito para obtenção 
do título de Mestre em História do Brasil. 
Área de Concentração: História do Brasil 
 
 
Avaliada em : ______ de ______________ de 2011 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_________________________________________________ 
Profª Dra. Juliana Lopes Aragão (Orientadora) - UFPI 
Presidente 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. George Felix Cabral de Souza - UFPE 
Examinador 
 
 
_________________________________________________ 
Profª Dra. Áurea da Paz Pinheiro - UFPI 
Examinador 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. Francisco Alcides do Nascimento - UFPI 
 Suplente 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Miguel e Ana Maria, pelo 
carinho e por me darem o melhor exemplo que eu 
poderia ter. 
Aos meus filhos, Evandro Filho e Ana Luíza, 
para que eles compreendam que a sabedoria é a 
maior das virtudes. 
Ao meu marido, Evandro, por compreender 
a ausência e o isolamento tantas vezes necessários 
para o alcance deste objetivo, e por ser minha 
constante fonte de incentivo, dedicação e força. 
 6 
AGRADECIMENTOS 
A Deus, por guiar meus passos e iluminar minha trajetória na busca dessa conquista. 
Aos meus irmãos, Alexandre, Ana Maria e, especialmente à Suzy, pelo constante 
carinho, apoio e compreensão. 
À minha orientadora, Profa. Dra. Juliana Lopes Aragão, pelo incentivo, paciência, por 
ajudar a superar minhas limitações, e por compartilhar seus valorosos conhecimentos. 
Aos professores do Programa de Mestrado em História do Brasil da UFPI 
(Universidade Federal do Piauí) – e especialmente à Profa. Dra. Teresinha Queiroz – que 
contribuíram para o enriquecimento deste trabalho. 
À Diva Figueiredo, que me fez, desde o início, acreditar nesse ideal. A ela, minha 
sincera gratidão. 
A todos os meus amigos – em especial à Líllian – colegas do mestrado, colegas 
professores, alunos, sempre presentes nos momentos difíceis, transmitindo solidariedade e 
apoio. 
À cidade de Parnaíba (PI) e a seus habitantes, que permitiram a execução desta 
pesquisa. 
A todas as pessoas que torceram e que, de algum modo, viabilizaram a execução deste 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A cidade se embebe como uma esponja 
dessa onda que reflui recordações e se dilata... 
Mas a cidade não conta o seu passado, ela o 
contém como as linhas da mão, escrito nos 
ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos 
corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-
raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento 
riscado por arranhões, serradelas, entalhes, 
esfoladuras. 
 Ítalo Calvino 
 
 8 
RESUMO 
A presente dissertação analisou a História através da arquitetura eclética, produzida no sítio 
histórico da cidade de Parnaíba-PI, na primeira metade do século XX. Trata-se de um 
patrimônio arquitetônico que se ressalta por sua riqueza e diversidade; por isso constitui 
valorosa fonte de pesquisa para os estudos transdisciplinares. Desse modo, a História, bem 
como o Ecletismo parnaibano foi estudado a partir dos aspectos sociais, culturais e 
econômicos. Para tanto, procurou-se demonstrar a relação entre essa arquitetura e a Belle-
Époque, bem como detalhar os diversos estilos e movimentos que o influenciaram. Ao 
analisar suas características, em especial, sua singularidade, foi dada ênfase, principalmente, 
aos variados estilos empregados, a um método próprio que o particularizou e que constituiu 
uma tipologia própria aqui denominada de “Associação de Categorias”. Para destacar a 
importância do Ecletismo como formador da identidade da cidade de Parnaíba e constituinte 
de uma de suas mais valorosas particularidades ─ a diversidade ─ foram utilizadas pesquisas 
comparativas, levantamentos arquitetônicos pré-existentes, bem como fontes iconográficas, 
fontes hemerográficas e também fontes bibliográficas. Por fim, objetivou-se constatar o que 
foi o Ecletismo parnaibano, como esse estilo, preponderante na arquitetura do sítio histórico 
local, foi executado de maneira singular e, ainda, como esse fato permanece importante para 
constituir o cenário, a História e a identidade da cidade. 
Palavras-chaves: Parnaíba. História. Arquitetura. Ecletismo. Identidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
ABSTRACT 
The present work analysed the History through the eclectic architecture found at the historical 
site of the city of Parnaiba- Pi, in the first half of the XX centure. It is an architectural 
patrimony that stands out for its wealth and diversity; therefore it constitutes a rich source of 
research for a wide range of subjects. So, History as the Eclecticism inParnaiba was studied 
starting from the social, cultural and economical aspects. For that, this study tried to detach 
the relationship between that architecture and the Belle-Epoch, as well as to detail the several 
styles and movements that influenced it. When analyzing their characteristics, especially its 
singularity, emphasis was given, mainly, to the varied used styles and the proper method that 
particularized it, what constituted a proper typology here denominated of “Association of 
Categories”. To detach the importance of the Eclecticism as an expression of the identity of 
the city of Parnaiba and one of its worthy particularities - the diversity – comparative 
researches, pre-existent architectural surveys were used as well iconographical sources, 
printed sources, and also bibliographical sources. Finally, this study aimed at establishing 
what the Eclecticism was in Parnaiba, how this style, preponderant in the architecture of the 
historical site of the city, was accomplish in a singular way and, still, continues important to 
establish the History and scenery of the city. 
 
Keywords: Parnaiba - History - Architecture - Eclecticism - Identity 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 – Carta Cartográfica da Capitania do Piauhi e parte das adjacentes 
levantada por João Antonio Galucil, em 1761................................ 
 
 
36 
Figura 2 – Esquemas da implantação das igrejas e praças no Piauí................. 
 
37 
Figura 3 – Detalhe da Praça do Pelourinho na Vila de São João da Parnaíba, 
cópia de Joze Pedro Cezar de Menezes, em 1809.......................... 
 
 
38 
Figura 4 Mapa da Villa de São João da Parnaíba em 1798, acrescentado as 
nomenclaturas dos logradouros atualmente.................................... 
 
 
41 
Figura 5 – Mapa da Villa de São João da Parnaíba em 1809, acrescentado as 
nomenclaturas dos logradouros atualmente.................................... 
 
 
42 
Figura 6 – Fachada principal do solar da “Casa Inglesa”................................ 
 
46 
Figura 7 – Detalhe da antiga pintura da sala da Casa Inglesa.......................... 
 
46 
Figura 8 – Fotografia mostrando o embarque do babaçu no Porto Salgado, 
próximo à Rua Grande, no Almanaque de 1924............................. 
 
 
48 
Figura 9 – Sede do Banco do Brasil na Praça da Graça, no Almanaque de 
1924................................................................................................ 
 
 
50 
Figura 10 – Cine Teatro Éden, no Almanaque de 1926..................................... 
 
51 
Figura 11 – Parte da Rua Grande, atual Av. Getúlio Vargas, com a Casa 
Inglesa ao fundo, na década de 1930.............................................. 
 
 
52 
Figura 12 – Casa sito a Av. Presidente Getúlio Vargas, 956, Parnaíba, PI, 
década de 1930................................................................................ 
 
 
53 
Figura 13 – Fotografia do jardim Landri Sales, no Almanaque de 1937........... 
 
53 
Figura 14 – Fotografia do jardim Landri Sales, no Almanaque de 1937........... 
 
53 
Figura 15 – Teatro Municipal de São Paulo, em 1920....................................... 
 
67 
Figura 16 – Ópera de Paris, séc. XXI................................................................. 
 
67 
Figura 17 – Os novos edifícios da Avenida Central em fase de construção, 
em 1905, por João Martins Torres.................................................. 
 
 
69 
Figura 18 – Teatro Municipal do Rio de Janeiro, c. de 1909............................. 
 
70 
 11 
Figura 19 – Ópera de Paris, séc. XXI................................................................. 
 
70 
Figura 20 – Fotografia da Avenida Presidente Getúlio Vargas nos anos 1930, 
em Parnaíba, PI............................................................................... 
 
 
73 
Figura 21 – Fotografia da Avenida Presidente Getúlio Vargas nos anos 1930, 
em Parnaíba, PI............................................................................... 
 
 
74 
Figura 22 – Fotografia da Avenida Presidente Getúlio Vargas nos anos 1930, 
em Parnaíba, PI............................................................................... 
 
 
74 
Figura 23 – Fotografia da Avenida Presidente Getúlio Vargas nos anos 1930, 
em Parnaíba, PI............................................................................... 
 
 
75 
Figura 24 – Residência situada à Rua Pires Ferreira, 783, Parnaíba, PI............ 
 
76 
Figura 25 – Casa de tipologia eclética sito à Rua Cel. José Narciso, 844, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
78 
Figura 26 – Planta de residência na primeira fase do Ecletismo........................ 
 
80 
Figura 27 – Planta Baixa da Mansão Figner, em São Paulo.............................. 
 
81 
Figura 28 – Planta Baixa da Mansão Figner, em São Paulo.............................. 
 
81 
Figura 29 – Detalhe da fachada do sobrado Simplício Dias, sito à Av. 
Presidente Getúlio Vargas, 308, Parnaíba, PI................................. 
 
 
84 
Figura 30 – Sobrado Mirante, sito à Rua Duque de Caxias, 614 e 618, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
84 
Figura 31 – Casa Inglesa, sito à Av. Presidente Getúlio Vargas, 235, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
87 
Figura 32 – Casa de tipologia proto-eclética, sito à Av. Presidente Getúlio 
Vargas, 164, Parnaíba, PI................................................................ 
 
 
88 
Figura 33 – Chalé em Olinda, Pernambuco....................................................... 
 
88 
Figura 34 – Chalé sito à Av. Presidente Getúlio Vargas, 458............................ 
 
88 
Figura 35 – Casa de tipologia chalé, sito à Av. Presidente Getúlio Vargas, 
684, Parnaíba, PI............................................................................. 
 
 
90 
Figura 36 – Memorial de Medicina de Pernambuco.......................................... 
 
93 
Figura 37 – Casa com dois pavimentos de tipologia neocolonial, sito à Av. 
Presidente Getúlio Vargas, 694, Parnaíba, PI................................. 
 
 
93 
 12 
Figura 38 – Casa no estilo Missões em Uberlândia, MG................................... 
 
94 
Figura 39 – Casa sito à Rua Humberto de Campos, 686, Parnaíba, PI.............. 
 
94 
Figura 40 – Foto antiga da Casa Inglesa, primeira metade do século XX......... 
 
103 
Figura 41 – Fachadas do Sobrado Mirante, sito à Rua Duque de Caxias, 614 
e 618, Parnaíba, PI.......................................................................... 
 
 
109 
Figura 42 – Detalhe das telhas e cobertura do Sobrado Mirante, sito à Rua 
Duque de Caxias, 614 e 618, Parnaíba, PI...................................... 
 
 
109 
Figura 43 – Planta baixa do primeiro pavimento do Sobrado Mirante, sito à 
Rua Duque de Caxias, 614 e 618, Parnaíba, PI.............................. 
 
 
110 
Figura 44 – Planta baixa do segundo pavimento do Sobrado Mirante, sito à 
Duque de Caxias, 614 e 618, Parnaíba, PI...................................... 
 
 
110 
Figura 45 – Casa Inglesa, sito à Av. Presidente Getúlio Vargas, 235, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
112 
Figura 46 – Detalhe da platibanda e do coruchéuna Casa Inglesa, sito à Av. 
Presidente Getúlio Vargas, 235, Parnaíba, PI................................. 
 
 
112 
Figura 47 – Casa do Coronel José de Moraes Correa sito à rua a Grande, em 
Parnaíba, PI. Fotografia do Almanaque de Parnaíba de 1926........ 
 
 
113 
Figura 48 – Casa do Dr. Samuel Santos, em Parnaíba, PI. Fotografia do 
Almanaque de Parnaíba de 1926.................................................... 
 
 
113 
Figura 49 – Casa sito a Av. Presidente Getúlio Vargas, 956, Parnaíba, PI, 
década de 1930................................................................................ 
 
 
114 
Figura 50 – Casa de tipologia eclética, sito à Av. Presidente Getúlio Vargas, 
515, Parnaíba, PI............................................................................. 
 
 
114 
Figura 51 – Casa de tipologia eclética, sito à Av. Presidente Getúlio Vargas, 
657, Parnaíba, PI............................................................................. 
 
 
114 
Figura 52 – Casa de tipologia eclética, sito a Av. Presidente Getúlio Vargas, 
956, Parnaíba, PI............................................................................. 
 
 
115 
Figura 53 – Casa de tipologia eclética, sito à Rua D. Pedro II, 1140, Parnaíba, 
PI..................................................................................................... 
 
 
115 
Figura 54 – Casa de tipologia eclética, sito à Rua Cel. José Narciso, 844, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
115 
Figura 55 – Planta baixa e de situação de residência eclética com afastamento 
 
 
 13 
lateral, sito à Rua Cel. José Narciso, 844, Parnaíba, PI.................. 115 
Figura 56 – Casa de tipologia eclética, sito à Rua Ademar Neves, 1470, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
116 
Figura 57 – Planta de situação de residência sito à Rua Ademar Neves, 1470, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
116 
Figura 58 – Detalhe do porão na residência sito à Av. Presidente Getúlio 
Vargas, 657, Parnaíba, PI................................................................ 
 
 
116 
Figura 59 – Detalhe do óculo na residência sito à Rua Av. Presidente Getúlio 
Vargas, 657, Parnaíba, PI................................................................ 
 
 
116 
Figura 60 – Detalhe da cobertura na residência sito à Av. Presidente Getúlio 
Vargas, 657, Parnaíba, PI................................................................ 
 
 
117 
Figura 61 – Detalhe das telhas na residência sito à Rua Cel. José Narciso, 
606, Parnaíba, PI............................................................................. 
 
 
117 
Figura 62 – Detalhe de forro ripado na residência sito à Av. Presidente 
Getúlio Vargas, 657, Parnaíba, PI................................................... 
 
 
117 
Figura 63 – Detalhe do forro em zinco na residência sito à Rua Cel. José 
Narciso, 844, Parnaíba, PI.............................................................. 
 
 
118 
Figura 64 – Detalhe da janela e bandeira com vidros coloridos, na residência 
sito à Av. Presidente Getúlio Vargas, 657, Parnaíba, PI................ 
 
 
119 
Figura 65 – Detalhe do painel importado na residência sito à Av. Presidente 
Getúlio Vargas, 657, Parnaíba, PI................................................... 
 
 
119 
Figura 66 – Detalhe da janela trazida de Belém – PA, na residência sito à Av. 
Presidente Getúlio Vargas, 515, Parnaíba, PI................................. 
 
 
119 
Figura 67 – Planta baixa de situação de residência sito à Av. Presidente 
Getúlio Vargas, 515, Parnaíba, PI................................................... 
 
 
120 
Figura 68 – Casa de tipologia eclética, sito à Rua Cel. José Narciso, 606, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
121 
Figura 69 – Casa térrea de tipologia chalé, sito à Rua Riachuelo, 966, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
122 
Figura 70 – Casa com dois pavimentos, de tipologia chalé, sito à Rua Vera 
Cruz, 747, Parnaíba, PI................................................................... 
 
 
122 
Figura 71 – Detalhe da inclinação do telhado no chalé sito à Av. Presidente 
Getúlio Vargas, 458, Parnaíba, PI................................................... 
 
 
123 
 14 
Figura 72 – Detalhe de telhado chanfrado em residência sito à Av. Presidente 
Getúlio Vargas, 474, Parnaíba, PI................................................... 
 
 
123 
Figura 73 – Planta baixa do chalé térreo, sito à Rua Riachuelo, 966, Parnaíba, 
PI..................................................................................................... 
 
 
123 
Figura 74 – Casa térrea de tipologia neocolonial, sito à Rua Desembargador 
Freitas, 878, Parnaíba, PI................................................................ 
 
 
124 
Figura 75 – Casa com dois pavimentos de tipologia neocolonial, sito à Av. 
Presidente Getúlio Vargas, 694, Parnaíba, PI................................. 
 
 
124 
Figura 76 – Casa chamada de bungalow, sito à Rua Humberto de Campos, 
686, Parnaíba, PI............................................................................. 
 
 
124 
Figura 77 – Detalhe do gradil da residência sito à Av. Presidente Getúlio 
Vargas, 694, Parnaíba, PI................................................................ 
 
 
125 
Figura 78 – Planta baixa do primeiro pavimento de residência neocolonial 
sito à Av. Presidente Getúlio Vargas, 694, Parnaíba, PI................ 
 
 
125 
Figura 79 – Casa com tipologia Associação de Categorias, sito à Rua Cel. 
José Narciso, 740, Parnaíba, PI....................................................... 
 
 
126 
Figura 80 – Casa com tipologia Associação de Categorias, sito à Rua D. 
Pedro II, 1478, Parnaíba, PI............................................................ 
 
 
126 
Figura 81 – Casa com tipologia Associação de Categorias, sito à Av. 
Presidente Getúlio Vargas, 769, Parnaíba, PI................................. 
 
 
127 
Figura 82 – Casa com tipologia Associação de Categorias, sito à Rua 
Simplício Dias, 265, Parnaíba, PI................................................... 
 
 
127 
Figura 83 – Detalhe dos beirais de residência sito à Rua Simplício Dias, 265, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
128 
Figura 84 – Detalhe da fachada de residência sito à Rua Simplício Dias, 265, 
Parnaíba, PI..................................................................................... 
 
 
128 
Figura 85 – Planta baixa da residência de tipologia Associação de Categorias, 
sito à Rua Simplício Dias, 265, Parnaíba, PI.................................. 
 
 
128 
Figura 86 – Fotografia da Praça da Graça, no Almanaque de 1937................... 
 
130 
Figura 87 – Meia-morada, sito à Rua Duque de Caxias, 824............................. 
 
132 
Figura 88 – Casa de tipologia eclética, sito à Av. Presidente Getúlio Vargas, 
657, Parnaíba, PI............................................................................. 
 
 
132 
 15 
Figura 89 Casa de tipologia eclética, sito à Av. Presidente Getúlio Vargas, 
657, Parnaíba, PI.............................................................................133 
Figura 90 Planta baixa de situação de residência sito à Av. Presidente 
Getúlio Vargas, 515, Parnaíba, PI................................................... 
 
 
133 
Figura 91 Casa com dois pavimentos de tipologia neocolonial, sito à Av. 
Presidente Getúlio Vargas, 694, Parnaíba, PI................................. 
 
 
134 
Figura 92 Estudo de Proteção do sítio histórico de Parnaíba realizado pelo 
IPHAN-PI em 2006........................................................................ 
 
 
138 
Gráfico 1 – 1 - Descaracterizadas / 2 - Caracterizadas...................................... 
 
99 
Gráfico 2 – 1- Residencial / 2 - Comercial e Residencial / 3 - Comercial /4 - 
Institucional / 5 - Igrejas ou Templos............................................. 
 
 
99 
Gráfico 3 – 1 - Período Colonial / 2 - Proto-Ecletismo / 3 – Ecletismo / 4 - 
Chalé 5 - Neocolonial / 6 - Associação de categorias / 7 - Art 
Déco / 8 - Modernismo................................................................... 
 
 
 
101 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
SUMÁRIO 
 1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 18 
 
2 PARNAÍBA: História e memória................................................................ 25 
2.1 História, cidades e Arquitetura.................................................................... 25 
2.2 Formas e significados na construção de Parnaíba..................................... 29 
2.3 Parnaíba: Política, Economia e Urbanismo................................................ 34 
2.3.1 Os primeiros momentos.................................................................................. 34 
2.3.2 O desenvolvimento econômico e urbano de Parnaíba.................................... 44 
 
3 O MÉTODO ECLÉTICO PARNAIBANO: hibridismo e tradução 
cultural........................................................................................................... 
56 
3.1 O Ecletismo: aspectos conceituais relevantes............................................. 56 
3.2 O Ecletismo e a Belle Époque ...................................................................... 63 
3.3 O Ecletismo e a Belle Époque em Parnaíba................................................ 72 
3.4 Mudanças e transformações que caracterizam o Ecletismo..................... 76 
3.5 Antecedentes e inspirações: o Ecletismo em Parnaíba.............................. 83 
3.5.1 A Arquitetura Tradicional............................................................................... 83 
3.5.2 Arquitetura Neoclássica.................................................................................. 85 
3.5.3 A inspiração no Chalé..................................................................................... 88 
3.5.4 O Neocolonial................................................................................................. 90 
3.5.5 O Art Déco...................................................................................................... 94 
 
4 O ECLETISMO EM PARNAÍBA: a construção do método eclético 
local................................................................................................................. 
 
97 
4.1 O Ecletismo: aspectos comparativos........................................................... 97 
4.2 A residência.................................................................................................... 102 
4.3 O método eclético parnaibano...................................................................... 104 
4.4 As tipologias do Ecletismo parnaibano....................................................... 106 
4.4.1 Tipologia “Período Colonial” e “Proto-Ecletismo”: antecedentes do 
Ecletismo em Parnaíba.................................................................................... 107 
4.4.2 Tipologia Ecletismo........................................................................................ 112 
4.4.3 Tipologia Chalé: a principal inspiração parnaibana........................................ 121 
4.4.4 A tipologia Neocolonial.................................................................................. 123 
4.4.5 A tipologia “Associação de Categorias”......................................................... 126 
 17 
4.5 As residências ecléticas parnaibanas: o patrimônio cultural da cidade... 129 
4.5.1 As relações e o programa das residências ecléticas em Parnaíba................... 129 
4.5.2 O patrimônio cultural parnaibano................................................................... 135 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 140 
 
 REFERÊNCIAS............................................................................................ 143 
 APÊNDICES................................................................................................... 149 
 ANEXOS......................................................................................................... 197 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
1 INTRODUÇÃO 
A presente dissertação analisou a relação entre a História e a Arquitetura produzida em 
Parnaíba, cidade do Norte do Piauí, localizada a 336 km da capital Teresina, na primeira 
metade do século XX. Enfatizou a arquitetura eclética residencial, presente no sítio histórico,
1
 
a partir da qual se procurou refletir sobre fatores como economia, política, cultura e, também, 
sobre as relações no âmbito dessas residências parnaibanas, que contribuíram para a 
configuração do social, dentro dos recortes espaciais e temporais estudados. 
O tema proposto, dentro do campo historiográfico, relaciona-se com a História das 
Cidades. Quanto à Arquitetura e Urbanismo, diz respeito à História da Arquitetura, que elege 
o conjunto urbano central de Parnaíba, considerando, principalmente, seu antigo casario, de 
onde se podem recolher elementos característicos dos edifícios construídos na primeira 
metade do século XX, quando a arquitetura local recebeu diversas influências. A escolha do 
tema e do contexto empírico foi motivada pela riqueza e diversidade da arquitetura produzida 
durante o período mencionado, no cenário do sítio histórico da cidade, e pela carência de 
estudos científicos nesta área, no cenário acadêmico piauiense, ou seja, que tratem da história 
da arquitetura local. 
A partir dessa constatação e à luz da História Cultural, que se destaca pelas múltiplas 
abordagens, pelos mais variados problemas de estudo, e, principalmente, pela 
interdisciplinaridade, este trabalho viabilizou a união entre História, Arquitetura e o objeto 
Cidades, no caso específico, Parnaíba. Como afirma Leonardo Benévolo,
2
 a noção de cidade 
enquanto corpo físico da vida humana é objeto dos arquitetos e historiadores da arquitetura; e 
a noção de cidade enquanto corpo social é, principalmente, o objeto dos historiadores em 
geral. 
Assim, o que se pretendeu nesta pesquisa foi a junção dessas duas noções. Também 
Lúcia Silva
3
 corrobora com esse pensamento quando explica: 
 
1
 Sítio histórico é o local das primeiras manifestações, das primeiras intervenções humanas; espaço criado e 
transformado pela atividade humana, ao longo do tempo e da história; termo utilizado no sentido em que 
corresponde ao perímetro definido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – 19ª 
Superintendência Regional (IPHAN-PI), para a uma proposta de proteção municipalsolicitada pela Prefeitura 
Municipal de Parnaíba, em 2006. 
2
 BENÉVOLO, Leonardo. A cidade e o arquiteto: método e história na arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 
2006. 
3
 SILVA, Lúcia. A cidade do Rio de Janeiro nos anos 20: urbanização e vida urbana. In: FENELON, Déa (Org.). 
Cidades. São Paulo: Olho d‟água e Programa de história/PUC-SP, 1999. p. 56-57. 
 19 
[...] Analisar a cidade a partir do fato urbano, que se constrói na imbricação 
das temporalidades das relações sociais sobre os espaços, remetendo-se ao 
território, é o primeiro passo para dar inteligibilidade ao território citadino, 
além, é claro, de construir o tão desejado diálogo interdisciplinar. O 
arquiteto ao salientar que os problemas urbanos devem ser entendidos à luz 
das questões sociais, mesmo que não consiga caracterizá-los ou defini-los 
historicamente, busca uma aproximação com a história. Cabe ao historiador 
analisar minuciosamente como se conforma e se caracteriza a sociedade que 
produziu esses problemas, articulando as questões estéticas e técnicas aos 
problemas sociais. Ao fazer isto, pode-se dizer que pelo menos com os 
arquitetos e urbanistas esse diálogo se tornará mais fecundo. 
O recorte espacial da pesquisa é o sítio histórico urbano de Parnaíba, local de maior 
desenvolvimento da arquitetura eclética na cidade. Essa produção ocorreu, principalmente, na 
primeira metade do século XX, que é o recorte temporal abordado. Deve-se enfatizar, porém, 
que, desde o século XVIII, Parnaíba foi uma cidade que prosperou, devido à sua economia 
baseada, sobretudo, no comércio de exportação, efetuado com parte do País e alguns países da 
Europa, como Inglaterra e Portugal, pelas vias fluvial e marítima, dos produtos do 
extrativismo local. 
Deste modo, manteve contato não apenas com o restante do País, Estados como Belém 
e Rio Grande do Sul, mas também com a Europa e Estados Unidos. Foi através das trocas 
comerciais estabelecidas que a arquitetura produzida nas mais diferentes regiões do mundo foi 
conhecida na cidade. E essa comunicação se deu não só pelas ligações comerciais, mas ainda 
pela sociedade local que, ao mesmo tempo ávida pelo progresso e por participar do contexto 
mundial, não abandonou totalmente os vínculos com o passado, cujos traços ficaram 
expressos de alguma forma nesta produção. 
Os setores economicamente dominantes em Parnaíba, na primeira metade do século 
XX, no esforço por distinguir-se socialmente, utilizaram suas residências como símbolos de 
ascensão social, afinal, a linguagem arquitetônica expressa não apenas a função utilitária, mas 
também a função simbólica, como afirma Bresciani: 
[...] A despeito do grotesco quase sempre presente na maioria das 
construções sublimes não se pode negar que o ecletismo no estilo, a profusão 
de objetos díspares, colunas, arcadas, rotundas, recortes, nichos, divisões 
internas e externas tem uma função aparente, gradeados de ferro retorcendo-
se sempre no mesmo eterno desenho e as luzes em quantidades suficientes 
para estabelecer um forte contraste entre o claro e o sombrio, produzisse nas 
pessoas que as frequentavam uma sensação de perplexidade devota.
4
 
 
4
 BRESCIANI, M. S. M. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. 3. ed. São Paulo: 
Brasiliense, 1985. p. 43. 
 20 
A partir do século XIX, as construções mais antigas do sítio histórico parnaibano 
cederam lugar à nova arquitetura, e as residências da cidade passam a mostrar os vários 
momentos e influências do Ecletismo, um movimento arquitetônico que se caracterizou pelas 
mais variadas formas oriundas de diferentes regiões e de épocas ditintas da História da 
Arquitetura. Muito difundido nas fachadas, reuniu vários estilos, empregando-os em um 
mesmo edifício de maneira livre. 
Parnaíba, na primeira metade do século XX, era uma das cidades piauienses mais 
desenvolvidas economicamente, e, através de suas relações econômicas, buscou espelhar-se 
nos grandes centros, nas grandes metrópoles. Ao Ecletismo produzido na cidade foram 
acrescentadas marcas que conferiram a singularidade dessa produção em relação à arquitetura 
eclética, que aconteceu em outras cidades e países, como, por exemplo, em Belém ou no Rio 
de Janeiro; afinal, quando determinado estilo chega e encontra uma produção já existente, 
essa arquitetura se adapta, molda-se às especificidades de cada lugar. 
Também é nesse período que um bom arquiteto deveria conhecer o maior número de 
estilos possíveis, para, desse modo, atender à grande diversidade de gostos deste extrato 
social, ansioso por escolher o estilo que mais lhe agradava. Acrescente-se que, mesmo não 
dispondo de todos os materiais, técnicas construtivas e profissionais adequados à realização 
dos projetos, parte da população desse referido extrato social fez com que as construções e 
transformações arquitetônicas, em Parnaíba, ganhassem significativo impulso entre o início e 
meados do século passado. 
De acordo com esse panorama, e com a premissa de que o Ecletismo é a tipologia 
arquitetônica predominante nas edificações residenciais situadas no sítio histórico da cidade, 
apresentam-se, para este trabalho, as seguintes questões norteadoras: ─ O que singulariza o 
Ecletismo parnaibano? O que o torna único, particular e o distingue em relação às outras 
produções arquitetônicas ecléticas? Historicamente, como seria possível explicar esta 
singularização? O Ecletismo parnaibano poderia ser um meio para expressar marcos 
característicos da cidade de Parnaíba e de sua sociedade, ou seja, seria um componente 
formador da identidade local? Quais as relações entre as condições econômicas, sociais, 
políticas e culturais existentes na cidade de Parnaíba, na primeira metade do século XX e os 
aspectos do Ecletismo local? 
Após expostos os questionamentos norteadores, elencam-se os objetivos da pesquisa, 
quais sejam: ─ estudar a arquitetura parnaibana produzida na primeira metade do século XX, 
no sítio histórico urbano da cidade, destacando as edificações residenciais de tipologia 
eclética que contribuem para o estudo; oferecer respostas quanto à importância da arquitetura 
 21 
para a constituição dos espaços sociais, tendo em vista que “o espaço é o lugar praticado” e 
que “existem tantos espaços quantas experiências espaciais distintas”;5 identificar e estudar 
características sociais, econômicas e culturais na cidade durante a primeira metade do século 
XX, período em que se expande a Belle-Epoque na cidade, para, a partir daí, interpretar as 
possíveis relações com as especificidades do Ecletismo praticado em Parnaíba; e indagar 
sobre as diversas relações que estão implicadas no fazer arquitetônico. 
Nesse momento, deve ser esclarecida então a hipótese aqui levantada, o problema 
proposto, que trata do Ecletismo híbrido parnaibano e que objetiva compreender a construção 
arquitetônica do método eclético local; ou seja, a maneira particular com a qual o Ecletismo 
ocorreu na cidade, uma arquitetura que, mesmo originária da Europa e dos principais centros 
do País, ao chegar a Parnaíba, transformou-se. 
A partir de estudos como os de Hall,
6
 Woodward,
7
 e Santos,
8
 entendeu-se que esse 
hibridismo, as especificidades tão presentes na produção arquitetônica local são importantes 
para enxergar parte do fazer-se da identidade parnaibana, deixando claro que, na conceituação 
de identidade aqui abordada, foi considerada aquela que não é única, mas sim plural, 
construída pelas diferenças e, portanto, que se expressa através das mesmas. Desejou-se 
mostrar que a diversidade é um dos principais componentes formadores da produção 
arquitetônica em Parnaíba na primeira metade do séc. XX.Para melhor compreensão do tema, foi feita uma contextualização do período em 
estudo, o que se costuma nomear de Belle-Epoque. Essa abordagem é muito importante para 
que se entendam as relações que ocorrem nos mais variados campos que permeiam as cidades, 
como o histórico, o social e o arquitetônico. Foram detalhados, ainda, os diversos estilos e 
movimentos ocorridos na arquitetura local deste período, suas características e as principais 
influências recebidas, destacando sua importância como representante de uma época, e 
levando-se também em consideração aspectos históricos, sociais e econômicos. 
Para tanto, utilizou-se inicialmente o método cartesiano de estudar esta produção 
arquitetônica do geral para o particular, pesquisando como estes estilos e movimentos se 
manifestaram no contexto ocidental, no Brasil, até chegar a Parnaíba, bem como procurou-se 
 
5
 CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano 1. Artes de Fazer. Petrópolis: Vozes, 2008. 
6
 HALL, S. Quem precisa de identidade? In: SILVA, T. T.da. (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos 
estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. 
7
 WOODWARD, K. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, T. T. da (Org.). 
Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. 
8
 SANTOS, R. N. L. dos. A cidade de Timon (MA) na década de 80 do século XX. In: NASCIMENTO, F. A. 
do.; VAINFAS, R. (Org.). História e historiografia. Recife: Bagaço, 2006. 
 22 
entender os estilos e influências arquitetônicas anteriores, e conhecer a história local, 
abordando-a a partir da história da ocupação do território piauiense. 
Todas as informações pertinentes, necessárias à pesquisa, foram obtidas através de 
fontes iconográficas, o que compreendeu acervos fotográficos do período em estudo ─ 
primeira metade do século XX; acervos fotográficos contemporâneos, pois o método 
comparativo foi importante para a pesquisa; acervos fotográficos que tratam de exemplares do 
Ecletismo praticado em outras cidades brasileiras, bem como em outros países nesse período; 
e ainda cartões postais de Parnaíba que retratam a cidade no momento abordado na pesquisa. 
Foram utilizadas também fontes hemerográficas que compreenderam: exemplares do 
“Almanaque da Parnaíba”, principalmente aqueles publicados no período pertinente à 
pesquisa, e também alguns números posteriores, mas que contêm matérias relevantes para 
compreender a vida social, econômica e cultural da cidade. 
Destaca-se que, para entender a construção da história da cidade de Parnaíba, fez-se 
necessário recorrer à história e historiografia piauiense, a fim de recolher fragmentos para 
entender a história parnaibana. Também foram procurados documentos, como os registros 
cartoriais do período, e partes da legislação municipal que pudessem conter itens como 
Código de Postura e a Lei Orgânica do município, mas nada foi encontrado. Esse 
esclarecimento foi antecipado, visto que o leitor pode notar a ausência dessas informações no 
decorrer do trabalho. Verificou-se que não existiam ainda esses instrumentos normativos no 
período e tampouco qualquer documentação pertinente. 
Deve ser ressaltada a importância de alguns levantamentos de dados preexistentes 
sobre as edificações de Parnaíba pelas instituições locais – como o Instituto do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – e dados especialmente levantados in loco para este 
estudo, o que possibilitou formar uma base de informações cadastrais que permitiu a análise 
das características dessas edificações erguidas na primeira do século XX. 
Assinale-se que também foram muito caros ao estudo os levantamentos arquitetônicos, 
as análises comparativas das tipologias estilísticas existentes no sítio histórico e dos 
exemplares de maior relevância dentro de cada tipologia predominante no tecido urbano deste 
sítio, elaborados com base no que se entende como o ponto de partida desse trabalho, a 
monografia constituída como trabalho final de Graduação, exigido para a conclusão do Curso 
de Arquitetura e Urbanismo do Instituto Camillo Filho, intitulada “Parnaíba Cosmopolita: um 
estudo da sua arquitetura vinculada às formas tradicionais e às inovações da segunda metade 
do século XIX e primeira metade do século XX”. 
 23 
O corpo desta dissertação está dividido nas seguintes partes: 1 Introdução, com os 
esclarecimentos norteadores. 2 Parnaíba: história e memória, onde foi realizada uma 
abordagem sobre as relações entre História, cidades e Arquitetura; também são enfatizados 
alguns conceitos relevantes para o bom entendimento da pesquisa, tais com memória, 
identidade, espaço; traz, por fim, um panorama da história política, econômica e urbanística 
da cidade desde os tempos primeiros, bem como o desenvolvimento econômico e urbano do 
período em questão. 3 O Método Eclético Parnaibano: hibridismo e tradução cultural, aqui 
foram relatados os aspectos conceituais relevantes do Ecletismo; sua relação com a Belle-
Epoque; como esses acontecimentos se deram em Parnaíba; e as mudanças e transformações 
que caracterizam o Ecletismo, assim como seus antecedentes e influências, necessários para o 
bom entendimento do movimento. 4 O Ecletismo em Parnaíba: a construção do método 
eclético local. Nesta parte do trabalho, foram expostos dados relacionados à quantidade, por 
exemplo, e que contribuem para a compreensão do método eclético local; e ainda 
identificadas as tipologias existentes no sítio histórico urbano, suas principais características, 
bem como a importância enquanto patrimônio cultural da cidade. 
Por último, as “Considerações Finais”, seguidas das “Referências”, que constituem o 
embasamento teórico fundamental, juntamente com os “Apêndices”, que trazem diversas 
informações como fichas cadastrais e arquivos de fotos; e os “Anexos”, contendo fontes 
iconográficas, como os mapas da cidade e do sítio histórico de Parnaíba. 
Espera-se com este estudo aprimorar o conhecimento não só acerca da produção 
arquitetônica em Parnaíba, mas também no contexto regional. A partir de pesquisas como 
esta, pode-se contribuir também para a adoção de políticas urbanas, setoriais ou específicas, 
que resultem na preservação, na salvaguarda do patrimônio cultural edificado no sítio 
histórico da cidade. Pesquisas deste gênero podem ainda colaborar nos estudos sobre a 
arquitetura piauiense, para que estudantes e profissionais tenham mais fontes de estudo que 
possibilitem melhor desenvolvimento dos trabalhos, e para que haja maior conscientização 
quanto à importância da conservação do patrimônio edificado. 
Ressalte-se que a História, e, também nesse caso, a História da Arquitetura 
possibilitam a compreensão da cultura, dos hábitos das pessoas. No que diz respeito à 
Arquitetura e Urbanismo, entende-se que somente com esses conhecimentos pode-se projetar 
edifícios que atendam às expectativas e às necessidades da sociedade, ao tempo em que 
 24 
conservem a identidade desses espaços. Ao entender suas raízes e formação cultural, as 
pessoas podem preservar seu passado e construir melhor o presente.
*
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*
 Ao longo do texto, para sua construção, foram utilizadas citações originadas de periódicos, entre outras fontes, 
nas quais se manteve, na íntegra, a ortografia usada à época. Dito de outro modo, não se usou, nesta dissertação, 
o recurso grifo meu/nosso em palavras escritas assim, por exemplo, vae, horisontes, espansões etc. 
(ALMANAQUE DA PARNAÍBA. Parnaíba: RanulphoTorres Raposo, 1937. p. 67). 
 25 
2 PARNAÍBA: História e memória 
2.1 História, cidades e Arquitetura 
Esta pesquisa foi constituída a partir da Escola dos Annales, quando os historiadores 
saíram à busca de novos temas, novos campos de estudo, novas questões, novos problemas, 
de modo a se distanciar da visão totalizante da história. Para tanto, reformularam 
metodologicamente o trabalho com fontes novas e outras já utilizadas, iniciando assim a 
História Cultural, que, de acordo com Peter Burke,
9
 caracterizou-se, sobretudo, pela 
multiplicidade da abordagem e do objeto, proporcionando uma visão histórica pautada na 
diversidade. 
A Nova História Cultural, assim chamada por Lynn Hunt,
10
 buscou uma nova forma 
de trabalhar a cultura, pensá-la como um conjunto de significados construídos e partilhados 
pelos homens, para explicar o mundo, um modo de expressão e tradução da realidade que se 
fez de forma simbólica.
11
 
Nesse contexto, o presente trabalho buscou dialogar com a complexidade da Cidade e 
sua Memória. Tal complexidade construiu sentidos e significados que só puderam ser 
compreendidos a partir do entendimento de que “[...] a história cultural tem por principal 
objeto identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade 
social é construída, pensada, dada a ler. Uma tarefa desse tipo supõe vários caminhos [...]”.12 
A História é dinâmica e cada historiador faz interpretações de acordo com sua própria 
natureza e suas experiências pessoais; ou seja, não há padrões absolutos e sim perspectivas 
relativas, como explica Rezende ao dizer: 
[...] o olhar do historiador sobre o passado carrega as imagens de sua época, 
as indefinições do seu tempo, as cores pouco nítidas das suas inquietações. O 
seu olhar busca a possibilidade de conseguir contribuir para conhecer o 
labirinto em que se encontra, a eterna busca de saídas, apesar do refazer 
constante de labirintos. Mesmo contextualizando e definindo bem seu objeto, 
o historiador não deve silenciar a diversidade, produzir um discurso 
homogêneo, porém mostrar como as histórias se interpenetram, se chocam e, 
 
9
 BURKE, P. Variedades de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 
10
 HUNT, L. A nova história cultural. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 
11
 PESAVENTO, S. J. História & história cultural. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. 
12
 CHARTIER, R.. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1988. p. 17. 
 26 
sobretudo, na perspectiva das representações, na construção do imaginário 
[...].
13
 
Debruçar-se sobre o passado não significa encontrar modelos determinados, mas sim 
buscar perguntas dentro das próprias vivências, de modo que se perceba o objeto a partir de 
um lugar histórico próprio de cada historiador. Valéry
14
 afirma que é necessário historicizar o 
tempo histórico, do contrário correr-se-ia o risco de construir uma história anacrônica. 
Para Benévolo,
15
 o termo cidade pode ser empregado em dois sentidos: para indicar 
uma organização concentrada e integrada ─ a sociedade; ou como uma situação física ─ o 
espaço onde se inseriu esta sociedade. Em muitos casos, o espaço construído é mais durável 
do que a existência temporal de um grupo, e, desse modo, esse espaço construído contém 
muitas informações sobre as características da sociedade. Por isso é tão importante o estudo 
do passado através das construções, haja vista que, além das informações impressas em suas 
partes físicas, seus espaços podem também ser experimentados, pois ainda fazem parte do 
presente. Daí por que os edifícios antigos são testemunhos da memória da cidade. 
Dessa forma, a cidade passou a ser um dos principais temas de análise da História, que 
conta agora com a transdisciplinaridade de outros campos, como, por exemplo, a Literatura, a 
Sociologia, a Antropologia, a Arte e, como no presente estudo, com a Arquitetura e o 
Urbanismo, que, através de suas técnicas e ferramentas, estabelece amplo diálogo com a 
História e ajuda a perceber as diversas maneiras de ler as cidades. 
Sobre o assunto, Pesavento afirma que “a cidade é, por excelência, um objeto de 
múltiplos olhares, escritas e leituras, que traduzem, por sua vez, uma pluralidade de saberes e 
sensibilidades sobre o fenômeno urbano”.16 Compreende-se assim que a História das Cidades 
envolve os mais diversos campos e cada vez mais é objeto de reflexão de mais estudiosos. 
Desde as primeiras tentativas de planejamento urbano e da busca pela cidade ideal, 
alguns autores refletiram acerca do passado das cidades, das formas de ordenamento e das 
funções enquanto urbe ao longo do tempo.
17
 Grandes contribuições para o estudo das cidades 
trouxeram também os trabalhos de Walter Benjamin, sobre a Paris do século XIX e a respeito 
de Charles Baudelaire, o flâneur por excelência. Recorrendo à Literatura europeia do século 
 
13
 REZENDE, A. P. Desencantos modernos: histórias da cidade do Recife na década de XX. Recife: 
FUNDARPE, 1997. p. 15. 
14
 VALÉRY, P. Variedades. São Paulo: Iluminuras, 1957. 
15
 BENÉVOLO, L. A cidade e o arquiteto: método e história na arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 2006. 
16
 PESAVENTO, S. J. O imaginário da cidade: visões literárias do urbano: Paris, Rio de Janeiro, Porto Alegre. 
2. ed. Porto Alegre: Universidade/UFRGS, 2002. p. 282. 
17
 RAMINELLI, R. História urbana. In: CARDOSO, C. F.; VAINFAS, R. Domínios da história. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 1997. 
 27 
XIX, para pensar as transformações provocadas pela modernidade, Walter Benjamin inovou, 
ao tomar a cidade como objeto de estudo, e a partir da qual diversas podem ser as variáveis de 
observação, lendo a cidade dentro de seu próprio tempo e ritmo. 
A definição de cidade, que por muito tempo na historiografia permaneceu ligada a 
aspectos econômicos e políticos, a partir dos anos de 1970, ganhou novos olhares. Segundo 
Ítalo Calvino,
18
 as cidades são vistas sob a ótica dos símbolos, dos significados da existência 
humana; a cidade nasce da confluência dos desejos, que faz surgir diversas cidades em uma 
só, e do resultado das ações de quem governa, projeta e de quem a vivencia. Esse pensamento 
de Calvino, que entende as “cidades invisíveis” construídas a partir da experiência de seus 
usuários, foi associado à Parnaíba, que, aos poucos, se transformou em razão do fazer oficial 
de quem a governava, mas principalmente através da invenção e transformações impostas por 
quem a experimentava.
19
 
Como diz Aldo Rossi,
20
 “a arquitetura é a cena fixa das vicissitudes do homem, 
carregada de sentimentos de gerações, de acontecimentos públicos, de tragédias privadas, de 
fatos novos e antigos”. Os edifícios, através da linguagem arquitetônica, apresentam dados 
que refletem não só a função utilitária, mas também os significados, os desejos, as ambições, 
a cultura de quem os usufrui. 
A partir do final da década de 1960, a História da Arquitetura e do Urbanismo também 
ampliou seus horizontes, e passou a perceber que as cidades são permeadas por outros muitos 
aspectos que não só os racionais e físicos, mas psicológicos, sociais, culturais. A partir de 
obras como a “História da Arquitetura Moderna”, de Leonardo Benévolo, a “A Imagem da 
Cidade” de Kevin Lynch, e a “Arquitetura da Cidade” de Aldo Rossi, a cidade passa a ser 
entendida como um bem histórico e cultural. Rossi vê a cidade como arquitetura, mas não só 
de imagem, mas sim de construção da cidade ao longo do tempo, da criação do ambiente onde 
vive a coletividade; entende ainda a arquitetura como a chave daleitura e da interpretação dos 
fatos urbanos. Este autor entende 
[...] a arquitetura em sentido positivo, como uma criação inseparável da vida 
civil e da sociedade em que se manifesta; ela é, por natureza, coletiva. Do 
mesmo modo que os primeiros homens construíram habitações e na sua 
primeira construção tendiam a realizar um ambiente mais favorável a sua 
vida, a construir um clima artificial, também construíram de acordo com 
 
18
 CALVINO, Í. As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. 
19
 CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de Fazer. Petrópolis: Vozes, 2008. 
20
 ROSSI, A. A arquitetura da cidade. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 3. 
 
 28 
uma intencionalidade estética. Iniciaram a arquitetura ao mesmo tempo que 
os primeiros esboços das cidades; a arquitetura é, assim, inseparável da 
formação da civilização e é um fato permanente, universal e necessário 
[...].
21
 
O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), criado em 1964, 
redigiu, em 1986, na cidade de Washington (Estados Unidos da América-EUA), a Carta 
Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas, ou Carta de Washington, na qual se 
difundiu a ideia de que toda cidade é histórica e de que suas edificações são como dados em 
um livro aberto, prontos a serem pesquisados, pois todas foram criadas e desenvolvidas a 
partir da ação humana, deixando com isso um legado para a posteridade.
22
 
As cidades são um misto de natureza e construções, público e privado, razão e 
sentimentos, memórias, diálogos, experiências, comportamentos, crenças, desejos, conflitos, 
enfim, diferentes aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais. Nela, passado, presente e 
futuro convivem com os mais diferentes personagens e protagonistas de uma História que, 
como se compreende nos dias atuais, foi construída dia a dia e nos mais variados espaços. 
São, portanto, além de locais de manipulação do poder, espaços sociais, repletos de 
pluralidade, de diferenças e de transformações que deixam marcas e constituem as memórias 
e a identidade do local. Todas essas mudanças, que ocorreram ao longo do tempo, ficaram 
gravadas nos edifícios, nos monumentos, nas ruas e avenidas. 
As cidades são consideradas, portanto, verdadeiras fontes de informações, 
documentos. Por meio da análise de sua produção arquitetônica, podem ser percebidos 
elementos constituintes de sua identidade; ou seja, um conjunto de caracteres próprios, 
resultado dos costumes, tradições e ações do homem no seu meio cultural, que vão qualificá-
las e torná-las reconhecíveis. As edificações carregam consigo valores culturais, sociais e 
econômicos de determinada época, e, através da arquitetura, é possível perceber muitas 
informações capazes de decifrar a atmosfera sob a qual foram construídas. Como afirma 
Raquel Rolnik,
23
 “[...] é como se a cidade fosse um imenso alfabeto, com o qual se montam e 
desmontam palavras e frases [...]”. 
Em busca do fazer historiográfico, foi relevante compreender que os edifícios, apesar 
de serem inanimados e funcionarem como marcos de orientação, são, ao mesmo tempo, 
espécies de organismos vivos que marcam os capítulos na trajetória das cidades, conferindo 
 
21
 ROSSI, op. cit., 2001, p. 1. 
22
 MELO, N. B. A. L. Parnaíba cosmopolita: um estudo da sua arquitetura vinculada às formas tradicionais e às 
inovações da segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX. Monografia (Graduação em 
Arquitetura e Urbanismo) – Instituto Camillo Filho-ICF, Teresina, 2007. 
23
 ROLNIK, R. O que é cidade. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 18. 
 29 
legitimidade, mostrando a formação e as transformações ocorridas. Por estar em processo de 
uso, estão sempre se modificando e agregando os vestígios das várias épocas percorridas.
24
 
2.2 Formas e significados na construção de Parnaíba 
Neste momento da pesquisa, é importante fazer alguns breves esclarecimentos para 
que se possa dar segmento ao trabalho, como, por exemplo, no que diz respeito às edificações, 
que surgem através de suas próprias formas físicas, mas também a partir do contexto que as 
cerca, das formas urbanas. Ao mesmo tempo em que contribuem para as formas urbanas das 
cidades, elas próprias são também formas urbanas. As formas são a parte material perceptiva. 
Mas há algo mais que permeia os edifícios, sobretudo as residências ─ os significados ─ que 
passam a fazer parte do inconsciente e do emocional de cada indivíduo, ligado de algum 
modo àquela construção. Assim, as formas passam a fazer parte da memória individual e/ou 
coletiva. 
A partir da união entre forma e significado, surgem os símbolos, que representam 
conteúdo material ou imaterial. Assim, as cidades, como os edifícios são, por sua vez, 
símbolos. Como afirma Rama,
25
 “uma cidade, antes de aparecer na realidade, existe como 
representação simbólica”. 
Os edifícios são concebidos para significar algo, como condição social, por exemplo. 
É o que ocorre na produção arquitetônica eclética, principalmente nas residências das pessoas 
economicamente mais favorecidas, pois “nas habitações destinadas às camadas mais 
abastadas tendia-se à utilização máxima de materiais importados e ao emprego das formas 
arquitetônicas como símbolo de posição social”.26 
Quando os símbolos identificam ou indicam algo tornam-se signos. A obra “Cidades 
Invisíveis”, de Ítalo Calvino, traz a descrição das supostas cidades percorridas por Marco 
Polo, conquistadas pelo império mongol de Kublai Khan. Algumas dessas cidades descritas 
são marcadas pelos símbolos, como é o caso de Tamara: 
[...] Se um edifício não contém nenhuma insígnia ou figura, a sua forma e o 
lugar que ocupa na organização da cidade bastam para indicar a sua função: 
o palácio real, a prisão, a casa da moeda, a escola pitagórica, o bordel. 
Mesmo as mercadorias que os vendedores expõem em suas bancas valem 
não por si próprias mas como símbolos de outras coisas: a tira bordada para 
a testa significa elegância; a liteira dourada, poder; os volumes de Averróis, 
sabedoria; a pulseira para o tornozelo, voluptuosidade. O olhar percorre as 
 
24
 MELO, N. B. A. L., op. cit., 2007. 
25
 RAMA, Angel. A cidade das letras. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 29. 
26
 REIS FILHO, N. G. Quadro da arquitetura no Brasil. 10. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004. p. 180. 
 30 
ruas como se fossem páginas escritas: a cidade diz tudo o que você deve 
pensar, faz você repetir o discurso, e, enquanto você acredita está visitando 
Tamara, não faz nada além de registrar nomes com os quais ela define a si 
própria e todas as suas partes. Como é realmente a cidade sob esse carregado 
invólucro de símbolos, o que contém e o que esconde, ao se sair de Tamara é 
impossível saber. [...]
27
 
Acerca do termo “identidade” são muitas as discussões. Segundo a visão dos 
antropólogos, a identidade é como uma reunião que nunca se concluirá de signos, referências, 
influências, ou seja, de aspectos que definem ou caracterizam algo ou alguém. Para entedê-la, 
é necessário o confronto e a identificação dos contrastes, das diferenças entre os pares. 
Para os historiadores, as identidades são um campo de pesquisa para a História 
Cultural. A identidade relaciona-se à noção de alteridade, que parte do pressuposto que é 
necessário que existam diferentes coisas ou seres com diferentes características, para que, 
assim, se encontrem as diferenças ou semelhanças entre os grupos ou elementos individuais. 
Em outras palavras, a identidade é construída a partir da diferença;28
 de modo que “identidade 
e diferença são inseparáveis, pois uma depende da outra. A identidade constrói a diferença, e 
a diferença constrói a identidade.”29 
A noção de identidade do centro de Parnaíba se formou a partir dos edifícios existentes 
e da memória que foi sendo construída, muitas vezes no silêncio, nas particularidades do 
lugar. Ou seja, quando se utiliza o termo “Ecletismo Parnaibano”, refere-se a essa cidade dos 
fins do século XIX até metade do século XX, localizada no extremo Norte do Estado do Piauí, 
e que, por um condicionante de riqueza extrativista e de uma localização geográfica favorável, 
absorveu e reelaborou um estilo arquitetônico praticado na Europa. Entende-se que a noção de 
identidade não é uma condição posta, ao contrário, ela se modifica com as ações humanas e 
ambientais, configurando uma situação de constante dinamismo. O Ecletismo ocorre na 
arquitetura local a partir da transformação, configurando uma prática arquitetônica 
particularizada, carregada de referências próprias do espaço de Parnaíba. 
São utilizados, para os termos “espaço” e “lugar”, os conceitos de Michel de 
Certeau,
30
 para quem “o espaço é um lugar praticado”. O lugar é uma configuração 
instantânea de posições, e, desse modo, implica estabilidade. Já o espaço é algo que implica 
 
27
 CALVINO, Í., op. cit., 1990, p. 17-18. 
28
 WOODWARD, K. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, T. T. da. (Org.). 
Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. 
29
 SANTOS, R. N. L. dos. A cidade de Timon (MA) na década de 80 do século XX. In: NASCIMENTO, F. A. 
do.; VAINFAS, R. (Org.). História e historiografia. Recife: Bagaço, 2006. p. 385. 
30
 CERTEAU, M. de., op. cit., 2008, p. 202. 
 31 
variedade de direção, velocidade e tempo; é animado pelos vários movimentos que nele se 
encontram. 
A proposta é identificar, reconhecer os espaços, através das transformações 
arquitetônicas e da “usança”; ou seja, os espaços nos edifícios residenciais do sítio histórico 
de Parnaíba foram percebidos e considerados, ressaltando seus aspectos físicos, bem como 
seus significados. 
Os edifícios, as residências são alguns dos “lugares da memória”;31 são referências 
importantes, registros, expressões coletivas ou individuais, porque as memórias estão ligadas 
aos espaços em que vivem os indivíduos e às relações desenvolvidas por eles, e que, por sua 
vez, constroem os espaços. Como afirma Rossi,
32
 “a cidade e a região [...], enquanto pátria 
artificial e coisa construída, também são testemunhos de valores, são permanência e 
memória”. 
Duarte
33
 entende que a memória coletiva é a memória da sociedade, da totalidade, 
onde se inscrevem e transcorrem as memórias pessoais, e que, por sua vez, são os elos da 
cadeia maior. Segundo os estudos de Maurice Halbwachs,
34
 a memória particular é aparente e 
remete a um grupo, pois o indivíduo possui lembranças, mas está sempre interagindo com a 
sociedade. Dessa forma, a memória individual é constituída em comunhão com a memória de 
outros grupos. 
Discutir memória também é relevante para o trabalho porque as memórias, coletivas 
ou individuais, ajudam a formar as identidades, e também porque a História da Arquitetura 
utiliza não só as próprias edificações como também muitas imagens; e as imagens, assim 
como os textos e os próprios edifícios são um dos principais artifícios utilizados para guardar 
ou disseminar tais experiências. 
As memórias compõem a História. A História encontra na memória o suporte que as 
transformará em registros. Cada indivíduo, grupo ou ainda geração relata suas memórias de 
modo diferente, fazendo com que novos elementos sejam agregados ao patrimônio e passem a 
fazer parte de uma porção da realidade que não muda de um momento para o outro, mas que é 
permanente e que não se deixa atingir pelo tempo. 
 
31
 Criada pelo historiador francês Pierre Nora, a expressão “lugares de memória” significa os locais materiais ou 
imateriais nos quais se encarnam ou cristalizam as memórias de uma nação e onde se cruzam memórias pessoais, 
familiares e de grupo: monumentos, uma igreja, uma residência, um sabor, uma árvore centenária podem 
constituir-se em “lugares de memória”, como espelhos nos quais, simbolicamente, um grupo social ou um povo 
se “reconhece” e se “identifica”, mesmo que de maneira fragmentada. 
32
 ROSSI, A. op. cit., 2001, p. 22. 
33
 DUARTE, L. F. D. Memória e reflexividade na cultura ocidental. In: ABREU, R. CHAGAS, M. (Org.). 
Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos. 2. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009. 
34
 HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Vertice, 1990. 
 32 
Uma das maneiras de se preservar, registrar a memória é através das imagens e elas 
carregam inúmeros significados diferentes. Os edifícios ou suas imagens são considerados 
símbolos e signos, porque sempre representam e identificam ou indicam algo a alguém.
35
 As 
fontes visuais são verdadeiros receptáculos de informações, as quais podem ser decifradas de 
acordo com o interesse do observador; ou seja, uma pintura, por exemplo, pode fornecer 
dados sobre a arquitetura, sobre os aspectos sociais, sobre determinado período, sobre o seu 
autor e assim por diante. 
Tendo em vista que o estudo a relação história e imagem é relevante para a pesquisa, 
faz-se necessário porém entender como e por que o uso de imagem será aqui tão enfatizado, 
sobretudo o uso de desenhos arquitetônicos (levantamentos físicos, como plantas baixas, por 
exemplo), cartografias, gráficos e de fotografias, sendo as últimas um dos principais 
instrumentos de análise deste trabalho, pois 
[...] a fotografia é, antes de tudo, um olhar que recorta, seleciona, escolhe; 
um olhar subjetivo cheio de emoção e de uma idéia de mundo: um olhar que 
interpreta. E ao mesmo tempo um olhar que usa uma técnica e que precisa, 
de alguma forma, dominar a máquina. Mas a fotografia supõe, ainda, outro 
olhar: o olhar do apreciador, com sua história de vida, sua cultura, sua 
emoção. Não consigo pensar fotografia apenas como índice, metonímia, 
duplo do real e, apesar de reconhecer nela essa qualidade, vejo-a para além 
do índice, como possibilidade metafórica, texto indireto e cheio de 
reentrâncias, onde a coisa retratada pode esconder-se, e, no mais das vezes, 
esconde-se, para além da imagem, no imaginário.
36
 
As fontes iconográficas aqui utilizadas servem para identificar os aspectos urbanísticos 
e arquitetônicos. As imagens não estão isoladas do contexto histórico, pelo contrário, elas 
fazem parte desse contexto. Mapas, fotografias, gráficos substituem, dentro do possível, o 
real; são um valioso elo entre o verbal e o visual; e é com base nesse pressuposto que são aqui 
utilizados e analisados. Importa o conteúdo que as imagens trazem, pois um trabalho no qual 
se busca entender a história de uma cidade através de sua arquitetura necessita da visualização 
de pelo menos parte dessa produção arquitetônica e do espaço onde ela se encontra. Cadiou
37
 
afirma que “[...] a imagem é um signo, ou um conjunto de signos, que traduz uma visão da 
realidade e transmite um sistema de valores”. 
 
 
35
 COLIN, S. Uma introdução à arquitetura. Rio de Janeiro: UAPÊ, 2000. 
36
 PINHEIRO, J. Antropologia, arte, fotografia: diálogos interconexos. In: Cadernos de Antropologia e 
Imagem. Rio de Janeiro: UERJ, 2000, v.10, n.1, p.130. 
37
 CADIOU, F. et al. Como se faz a história: historiografia, método e pesquisa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. p.148. 
 33 
É necessário que a imagem seja entendida dentro da rede de imagens em que foi 
produzida; deve ser, assim como toda fonte histórica, analisada, considerando o momento em 
que foi produzida, e, se possível, descobrir o máximo de informação sobre esta. Entende-se 
ainda que as imagens não se limitam à representação do real, mesmo que ela seja seletiva. 
Mais que isso, a imagem produz um discurso sobre o real e, de acordo com o interesse e com 
os variados pontos de vista, podem ser interpretados vários significados diferentes, sendo uma 
fonte valiosa de pesquisa. 
Outras relações consideradas pertinentes à pesquisa são as relações de poder. Para 
Michel Foucault, o poder não é apenas centralizado, institucional, mas existe uma 
multiplicidade de poder, uma rede de micropoderes que permeia toda a existência da 
sociedade, e que também se encontra no sítio histórico de Parnaíba. Esses micropoderes 
interferem ativamente na configuração dos espaços construídos na referida cidade. 
A proposta aqui apresentada propõe aguçar o olhar sobre a arquitetura residencial 
produzida a partir da segunda metade do século XX, no sítio histórico da cidade de Parnaíba, 
para, desse modo, através das variadas informações obtidas, contribuir para o fazer 
historiográfico local. Para essa discussão, é importante compreender também o que é sítio 
histórico. 
Para Rossi,
38
 sítio histórico é o local onde se manifestam os fatos urbanos, onde se 
encontram partes substanciais da arquitetura. De acordo com o Icomos e a Carta de 
Petrópolis, redigida em 1987 no Rio de Janeiro, sítio histórico urbano é o espaço onde se 
concentram os testemunhos do fazer cultural da cidade em suas diversas manifestações. É 
definido também como o espaço formado pelo ambiente natural, o ambiente construído e a 
vivência dos habitantes, a “usança”, onde os diversos valores do passado e do presente se 
encontram e se transformam. 
Cada cidade possui seu sítio histórico, pois essa é a área inicial, é o espaço das 
primeiras adaptações, dos primeiros critérios de instalação e de apropriação do solo. Muitas 
vezes coincide com o termo Centro Histórico. Em se tratando de Parnaíba, é a área 
correspondente ao tecido tradicional entre a região do Porto das Barcas, nas margens do rio 
Igaraçu
39
 e a ferrovia. Esse perímetro, que constitui o Conjunto Histórico e Paisagístico de 
 
38
 ROSSI, A., op. cit., 2001. 
39
 O rio Igaraçu é um dos principais braços constituintes do Delta do Parnaíba; e, desde as primeiras ocupações 
do território, ainda no séc. XVI, foi adequado à navegação. Através dele, Parnaíba se comunicava com outros 
portos, nacionais e estrangeiros, mantendo, desse modo, contato com as novidades e tendências artísticas e 
tecnológicas, tornando-se, portanto, uma das cidades mais importantes do Estado, bem como do Nordeste do 
Brasil. 
 34 
Parnaíba foi tombado a nível federal em 2008 devido à relevância histórica, arquitetônica e 
urbanística do sítio considerado. 
Neste trabalho nenhum aspecto foi preterido, posto que todos são importantes na 
construção histórica. Acredita-se que os diferentes aspectos são relevantes para a 
compreensão da arquitetura de Parnaíba, mesmo aqueles que configuram a história positivista, 
pautada em acontecimentos e registros oficiais, já que durante a pesquisa foram necessárias 
informações que balizassem o aspecto contextual do trabalho. 
De acordo com Barros,
40
 dentre as novas ênfases surgidas para o estudo do fenômeno 
urbano no século XX, a dimensão econômica das cidades constitui uma das primeiras linhas 
de destaque; e o econômico implica em produção, distribuição e consumo, ou seja, atividades 
industriais, atividades comerciais e relações de consumo. O autor explica também que as 
formações urbanas não devem ser vistas isoladas do sistema socioeconômico no qual se 
inserem. 
Entretanto o fator econômico não foi visto isolado nem de modo determinante, ao 
contrário, esse foi um dos fatores que fez parte do processo de construção desta pesquisa para 
a compreensão de Parnaíba até meados do século XX. Os diversos fatores muitas vezes 
coincidem ou se distanciam. Dito de outro modo, economia e cultura estão simultaneamente 
próximos, e em alguns momentos distantes; entretanto, eles contribuem para a existência da 
urbe de Parnaíba. 
2.3 Parnaíba: Política, Economia e Urbanismo 
2.3.1 Os primeiros momentos 
Desde o final do século XVII, Portugal buscou assegurar a posse efetiva do território 
brasileiro, pois os exploradores, ao penetrar no interior da Colônia, começaram a controlar as 
terras e a representar uma ameaça à autoridade da Corte portuguesa, que não mantinha 
controle sobre eles, nem acerca das grandes extensões de terras sobre as quais esses mesmos 
exploradores passaram a exercer intensa autoridade.
41
 
Parnaíba, uma das mais importantes cidades do Estado do Piauí, localiza-se próximo 
ao “Delta do Parnaíba”, caracterizada por ser uma região em mar aberto, e que, desde cedo, 
também foi alvo dos primeiros conquistadores da colonização brasileira. De acordo com 
 
40
 BARROS, J. D. A. Cidade e história. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. 
41
 DELSON, R. M. Novas vilas para o Brasil Colônia: planejamento espacial e social no Século XVIII. 
Brasília: Alva-Ciord, 1997. 
 35 
Adrião Neto,
42
 o navegador português Estevão de Frois esteve na região em 1514; Desseliers 
fez o primeiro mapa indicando o curso do rio Parnaíba, em 1550; Nicolau de Rezende 
naufragou no Delta do Parnaíba e passou a viver com os índios do local, os Tremembés, em 
1571. Segundo o IPHAN,
43
 há registro da presença de jesuítas na região, os padres Francisco 
Pinto e Luis Figueira, em 1607. Martim Soares Moreno adentrou pelo litoral e navegou o rio 
Parnaíba, em 1613. Leonardo de Sá desbravou a região entre o rio Igaraçu e a Serra da 
Ibiapaba, travando um forte combate com os Tremembés, em 1669. Contudo, a navegação ao 
longo desse trecho, era muito difícil, porque existiam poucos locais acessíveis à atracação de 
navios. 
Diante da necessidade portuguesa de controlar o território da Colônia e do difícil 
acesso pelo litoral costeiro nessa região, entre o Piauí e o Maranhão, fez-se necessária uma 
rota alternativa de ligação entre as duas unidades administrativas do Brasil, à época, o Estado 
do Maranhão e o Estado da Bahia, ou seja, entre São Luís e Salvador, suas respectivas 
capitais. Desse modo, foi criada uma rota que penetrou o sertão do Piauí por exploradores em 
busca de terras para a criação de gado e que se espalharam pela região, criando fazendas e 
pequenos povoados. Segundo Rodrigues,
44
 o desbravamento do Piauí foi efetivado, portanto, 
através dos feitos de bandeirantes, como Domingos Jorge Velho, em 1662, e Domingos 
Afonso Mafrense, em 1674, que vindo da Bahia, da Casa da Torre dos Garcia d‟Ávila, 
penetrou os sertões, dizimou índios e fundou várias fazendas de gado e um dos maiores 
latifúndios do País à época. 
O Conselho Ultramarino determinou, em 1699, a sondagem do rio Parnaíba, a 
viabilidade da construção de um porto e do erguimento de uma vila na região do Delta, que 
era um local de passagem de muitos comerciantes e contrabandistas do Pará, Bahia e 
Pernambuco.
45
 
Em 1701, ocorreu a necessidade de criar um entreposto para guardar animais e 
mercadorias de trocas, à margem direita do rio Igaraçu, o “Porto das Barcas” ou “Porto 
Salgado”, que se desenvolveu em função da necessidade do acondicionamento da carne 
 
42
 ADRIÃO NETO. Geografia e história do Piauí para estudantes: da Pré-História

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