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DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO AULA 06 – CITAÇÃO / INTIMAÇÃO / NOTIFICAÇÃO / SENTENÇA Futuros Aprovados, Sejam bem vindos a mais uma aula! Hoje veremos mais alguns tópicos fundamentais para a sua PROVA. Vamos tratar de temas que, apesar de serem de fácil entendimento, muitas vezes são deixados de lado pelos candidatos. Sendo assim, motive-se, pois os assuntos desta aula poderão fazer grande diferença. Bons estudos! *********************************************************** 6.1 – CITAÇÃO 6.1.1 CONCEITO Citação é o ato processual que tem por finalidade dar conhecimento ao réu da existência da ação penal, do teor da acusação, bem como cientificá-lo do prazo para apresentação de resposta escrita. Para Hélio Tornaghi, a citação "é o chamamento do réu para se defender", já para o professor Fernando Tourinho Filho a "citação é o ato processual pelo qual se leva ao conhecimento do réu a notícia de que contra ele foi intentada ação penal, para que possa defender-se". A citação tem por base os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, isto porque nenhuma pessoa poderá ser processada sem que lhe seja dada ciência da acusação e a oportunidade de se defender, salientando que a falta da citação será motivo de nulidade insanável no processo. Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: [...] III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO [...] e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; Observação: No caso de comparecimento espontâneo do réu, considera-se sanado o vício proveniente da não citação. Observe o julgado: Do exposto, podemos afirmar que a citação possui dupla função: 1 – CIENTIFICAR (sobre a ação penal); 2 – CHAMAR (o acusado para se defender). Por fim, cabe ressaltar que nos termos do art. 363 do Código de Processo Penal, a citação é necessária para que se considere completa a formação do processo. Veja: Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado. 6.1.2 ESPÉCIES DE CITAÇÃO A doutrina classifica a citação em dois tipos: a real, também chamada pessoal, e a ficta. Dá-se a citação real quando o ato é feito diretamente à pessoa do acusado. Pode ser efetivada através de mandado, de carta precatória, de carta rogatória ou carta de ordem. Já a citação ficta ocorre quando, esgotados todos os meios possíveis para a citação pessoal, a ciência do conteúdo do ato é feita indiretamente ao acusado, presumindo-se, por ficção normativa, que o mesmo tenha tido conhecimento da imputação. STF, RHC 87.699/RJ, DJ 26.06.2009, Informativo 552 O comparecimento espontâneo e oportuno do réu, mediante defensor constituído, supre a falta ou a nulidade de citação realizada por editais. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO A citação ficta é realizada por intermédio de edital e pela citação com hora certa, inserida no processo penal após a lei nº. 11.719/08. Trata-se, esta última (a citação ficta), de uma exceção à regra geral da citação pessoal, devendo ser utilizada subsidiariamente. 6.1.2.1 CITAÇÃO POR MANDADO No direito processual brasileiro, a citação pessoal é feita por meio de mandado, expedido, regra geral, pelo juiz da causa. Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado. Diz-se regra geral, pois pode a citação ser levada a termo por carta precatória (art. 353, CPP), rogatória (art. 368) e de ordem (prevista nas leis de organização judiciária e regimentos internos dos tribunais), resultando de um ato de cooperação jurisdicional. Veremos estas espécies um pouco mais a frente. A citação por mandato é realizada por um oficial de justiça. Este deve procurar o acusado nos endereços constantes nos autos e, ao encontrá-lo, ler o que está escrito. Além disso, deverá entregar ao réu a contrafé (ou a recusa do réu em recebê-la. É essa “certidão que faz prova da citação, sendo desnecessário que o citando tenha colocado o “ciente” ou que tenha assinado o mandado. Art. 357. São requisitos da citação por mandado: I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação; II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa. DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO CONTRAFÉ CÓPIA DO MANDADO, ENTREGUE AO RÉU PELO OFICIAL DE JUSTIÇA, POR OCASIÃO DA CITAÇÃO. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Observe abaixo, somente a título de conhecimento e fixação do aprendizado, um exemplo da certidão que faz prova da cotação: DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Bom, Caro (a) Aluno (a), vamos entender de forma prática o que foi apresentado até agora: Imaginemos que foi iniciada, através de denúncia, uma ação penal contra Tício. Neste caso, Tício terá que ser cientificado deste fato e, a primeira opção do magistrado deverá ser a citação por mandado. Mas o que é esse tal de mandado? Nada mais é do que um pedaço de papel que, nos termos do art. 352 do Código de Processo Penal, deve conter os seguintes requisitos: 1. O NOME DO JUIZ; 2. O NOME DO QUERELANTE NAS AÇÕES INICIADAS POR QUEIXA; 3. O NOME DO RÉU, OU, SE FOR DESCONHECIDO, OS SEUS SINAIS CARACTERÍSTICOS; 4. A RESIDÊNCIA DO RÉU, SE FOR CONHECIDA; 5. O FIM PARA QUE É FEITA A CITAÇÃO; 6. O JUÍZO E O LUGAR, O DIA E A HORA EM QUE O RÉU DEVERÁ COMPARECER; 7. A SUBSCRIÇÃO DO ESCRIVÃO E A RUBRICA DO JUIZ. Ainda na supracitada situação, imaginemos que Mévio, oficial de justiça, foi designado para levar o mandado para Tício. Ao chegar à residência de Tício, Mévio deverá ler todo o mandado e dirá para Tício: “Prezado acusado, agora vou te entregar uma cópia do mandado, ok?” “Ah! E, por favor, você poderia assinar a minha cópia e atestar que está ciente?” Caso Tício responda que sim, ou seja, que pode assinar, o trabalho de Mévio estará completo e ele voltará “feliz e contente” para a repartição onde trabalha. Mas e se Tício se recusar a assinar? Neste caso, Mévio voltará “feliz e contente” do mesmo jeito, pois o próprio oficial de justiça, por possuirpresunção de legitimidade e veracidade quanto aos seus atos, poderá assinar e atestar que o réu foi devidamente citado. Por fim. Cabe ressaltar que a citação poderá ocorrer em qualquer dia, inclusive nos sábados e domingos, e em qualquer hora, do dia ou da noite. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 6.1.2.2 CITAÇÃO POR PRECATÓRIA Vimos na nossa aula 03 que cada juiz tem uma parcela de competência dentro do conceito de jurisdição e é exatamente por isso que existe a citação através da chamada carta precatória. Vamos compreender: Nos termos do Código de Processo Penal, a citação é feita por intermédio de carta precatória quando o réu reside em comarca diversa daquela em que tramita o processo. Observe: Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, será citado mediante precatória. Assim, por exemplo, se o processo está ocorrendo em São Paulo e o acusado está no Rio de Janeiro, o juízo de SP, também chamado de deprecante, deverá enviar ao juízo deprecado (RJ) uma carta precatória solicitando que o réu seja citado. A precatória deverá indicar: 1. O JUIZ DEPRECADO E O JUIZ DEPRECANTE; 2. A SEDE DA JURISDIÇÃO DE UM E DE OUTRO; 3. O FIM PARA QUE É FEITA A CITAÇÃO, COM TODAS AS ESPECIFICAÇÕES; 4. O JUÍZO DO LUGAR, O DIA E A HORA EM QUE O RÉU DEVERÁ COMPARECER. Ao receber a precatória, o juízo deprecado deverá expedir mandado determinando que um oficial de justiça proceda a citação do réu. Depois de cumprida a precatória será ela devolvida ao juízo de origem. Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado do juiz deprecado. É possível, contudo, que o acusado não esteja mais no território de competência do juiz deprecado, tendo-se mudado para outra área DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO de jurisdição. Nesses casos, deverá o juiz deprecado encaminhar a precatória para ser cumprida pelo juiz em cujo território se encontra o acusado. Essa é a chamada precatória itinerante, cuja previsão legal encontra-se no §1° do artigo 355 do CPP: Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado do juiz deprecado. § 1o Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação. Não havendo tempo hábil para o cumprimento da precatória ou na hipótese de ter o acusado retornado ao território do juiz deprecante ou, ainda, verificando-se que o réu se oculta para não ser citado (art. 355, §2°, CPP), o juiz deprecado, certificado os motivos, restituirá a precatória à origem para as providências cabíveis. Art. 355 [...] § 2o Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida, para o fim previsto no art. 362. Autoriza ainda o CPP que, em caso de urgência, seja a precatória expedida por via telegráfica, na forma prescrita no artigo 356. Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em resumo os requisitos enumerados no art. 354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois de reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora mencionará. 6.1.2.3 CITAÇÃO POR ROGATÓRIA A citação por carta rogatória dá-se quando o réu está no exterior EM LUGAR SABIDO, qualquer que seja a infração penal praticada. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Encontra embasamento no art. 368 do Código de Processo Penal nos seguintes termos: Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo- se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento. Além da supracitada hipótese, também é cabível a carta rogatória quando a citação tiver que ser feita em legações estrangeiras (consulado ou embaixada). Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória. Na citação por rogatória, remetida ao exterior, a carta deverá ser encaminhada ao Ministério da Justiça, a quem caberá solicitar ao Ministério das Relações Exteriores o seu cumprimento, deste último seguirá a rogatória, pela via diplomática, à justiça rogada. 6.1.2.4 CITAÇÃO POR CARTA DE ORDEM A carta de ordem é a determinação de um órgão de grau superior mandando que um órgão jurisdicional inferior jurisdicionalmente àquele cumpra com a citação em seu âmbito de competência. Em casos de competência por foro especial, em razão do cargo que exerce o réu, se ele for processado, por exemplo, por um Tribunal Superior em Brasília, mas reside em Recife, o STJ ordenará que o Tribunal de Justiça de Pernambuco cumpra a determinação. Em regra, são ordens expedidas pelo STF, STJ, TSE, TRE’s, TRF’s ou Tribunais de Justiça estaduais, pelos processos que têm competência originária. OBSERVAÇÃO CONFORME SE RETIRA DO ART. 368 DO CPP, EXPEDIDA A CARTA ROGATÓRIA, FICARÁ SUSPENSO O CURSO DO LAPSO PRESCRICIONAL ATÉ SEU CUMPRIMENTO. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 6.1.2.5 CITAÇÃO POR HORA CERTA Com a alteração introduzida pela lei 11.719/08, o Código de Processo Penal passa a contar com uma nova figura: a citação por hora certa. Não podemos dizer que esta espécie de citação foi uma novidade criada pela citada lei, pois já existia no âmbito do Processo Civil. Assim, para a correta compreensão desta importantíssima espécie de citação FICTA, vamos analisar inicialmente os dispositivos legais para, posteriormente, esquematizar o tema. O novo artigo 362 do CPP dispõe: Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. Desse modo, conforme os referidos dispositivos do Código de Processo Civil: Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizara diligência. § 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO § 2o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência. Vamos resumir o assunto: 1 – O OFICIAL DE JUSTIÇA PROCURA O RÉU EM SEU DOMICÍLIO POR PELO MENOS TRÊS VEZES E NÃO O ENCONTRA. 2 – O OFICIAL DE JUSTIÇA, DIANTE DE TAL SITUAÇÃO, SUSPEITA QUE O RÉU ESTÁ SE OCULTANDO. 3 – VISANDO DAR INÍCIO AO PROCEDIMENTO DE CITAÇÃO POR HORA CERTA, INTIMA ALGUÉM DA FAMÍLIA DO ACUSADO, OU, EM SUA FALTA, QUALQUER VIZINHO, DE QUE NO DIA IMEDIATO ELE VOLTARÁ PARA CONCRETIZAR A CITAÇÃO, EM UMA DETERMINADA HORA. 4 – NO DIA SEGUINTE: 4.1 ENCONTRA O RÉU ��� NESTE CASO, REALIZA A CITAÇÃO PESSOAL. 4.2 NÃO ENCONTRA O RÉU ��� NESTE CASO, TENTA SE INFORMAR DO MOTIVO DA AUSÊNCIA DO ACUSADO E DÁ POR FEITA A CITAÇÃO, 5 – POR FIM, DEIXA CONTRAFÉ DA CERTIDÃO DA OCORRÊNCIA COM ALGUÉM DA FAMÍLIA OU VIZINHO. OBSERVAÇÃO PERCEBA QUE, O PARÁGRAFO ÚNICO DO JÁ VISTO ART. 362 DEIXA CLARO QUE, APÓS A CITAÇÃO POR HORA CERTA, CASO NÃO HAJA O COMPARECIMENTO DO ACUSADO A UM ATO PROCESSUAL, SER-LHE-Á NOMEADO DEFENSOR DATIVO. ISTO SIGNIFICA QUE O PROCESSO NÃO FICARÁ SUSPENSO PELO NÃO COMPARECIMENTO DO RÉU, DIFERENTEMENTE DO QUE OCORRIA NO REGIME PROCESSUAL ANTERIOR À LEI Nº 11.719/2008 DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 6.1.2.6 CITAÇÃO POR EDITAL A partir de agora vamos tratar da modalidade mais conhecida e tradicional de citação FICTA: A citação editalícia. Tal espécie de citação encontra cabimento nas seguintes hipóteses: 1 – Quando o réu não for encontrado para a citação � Neste caso o oficial de justiça deverá tentar localizar o acusado em todos os lugares possíveis, tais como no domicílio, no trabalho etc. “Mas e se o réu estiver viajando, vai ser citado por edital?” Neste caso, segundo entendimento jurisprudencial, a resposta é negativa, devendo ser aguardado o término da viagem. Por fim, cabe ressaltar um importante cuidado que deve ter o magistrado antes de determinar a citação por edital: A Súmula 351 do Supremo Tribunal Federal estabelece que: “É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce sua jurisdição”. Assim, antes de o juiz determinar a citação por edital, deve ele providenciar a expedição dos ofícios competentes para descobrir se o acusado se encontra em qualquer dos estabelecimentos prisionais do Estado no qual se desenrola o processo. Tal regra é reforçada pelo próprio CPP: Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. Para este primeiro caso de aplicabilidade da citação editalícia, o prazo do edital é de 15 dias. Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. 2 - Quando inacessível o lugar em que o réu se encontra. Ex.: epidemia, guerra, enchente etc. � Apesar de ter sido revogado o art. 363, I, do Código de Processo Penal, que tratava desta hipótese, entende-se que ele continua aplicável porque permanece em vigor o DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO art. 364 que regulamenta o prazo do edital em tal situação e, principalmente, por aplicação analógica ao Código de Processo Civil, que, em seu art. 231, II, prevê a citação por edital quando inacessível o local em que se encontra o réu. O prazo do edital será fixado pelo juiz entre 15 e 90 dias, dependendo do caso. Observe Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circunstâncias [...]. 6.1.2.6.1 REQUISITOS DO EDITAL O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo (fórum) e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito, e a publicação, provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da publicação. Art. 365. [...] Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da publicação. Os requisitos de validade do edital são os mesmos do mandado de citação já estudados, devendo constar, ainda, o prazo do edital, que será contado do dia da publicação na imprensa, se houver, ou da sua afixação. Observe o texto legal: Art. 365. O edital de citação indicará: I - o nome do juiz que a determinar; II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se constarem do processo; DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO III - o fim para que é feita a citação; IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação. 6.1.3 REVELIA Estabelece o art. 367 do Código de Processo Penal que será decretada a revelia do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato processual, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou mudar de residência sem comunicar o novo endereço ao juízo. Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo. Ao contrário do que ocorre no processo civil, a revelia penal não implica presunção de veracidade dos fatos contidos na peça inicial acusatória (denúncia ou queixa). Assim, como decorrência do princípio da verdade real, a acusação continua a ter o ônus da prova em relação ao fato imputado ao réu. A revelia não impede que o acusado produza normalmente sua defesa, sendo seu único efeito fazer com que o réu não mais seja intimado dos atos processuais posteriores. Seu defensor, entretanto, será intimado da realização de todo e qualquer ato. Apesar da revelia, o réu sempre deverá ser intimado da sentença. DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO REVELIA A REVELIA É A SITUAÇÃO EM QUE SE ENCONTRA A PARTE QUE, CITADA, NÃO COMPARECE EM JUÍZO PARA SE DEFENDER.DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO A revelia será levantada (revogada) se o réu, posteriormente, voltar a acompanhar os atos processuais. 6.1.4 SUSPENSÃO DO PROCESSO Se o réu, citado por edital, não comparecer (não apresentar resposta) e não constituir defensor, ficarão suspensos o curso do processo – qualquer que seja o crime apurado e o procedimento – e o decurso do lapso prescricional. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. Uma vez decretada a suspensão do processo, o juiz deverá verificar se é conveniente a decretação da prisão preventiva (para assegurar a aplicação da lei penal), nos termos dos arts. 312 e 313 do Código de Processo Penal. Durante o período de suspensão, o juiz poderá determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes, assim entendidas aquelas que, pelo decurso do tempo, possam desaparecer ou tornarem-se inócuas. Apesar de o art. 366, § 1º, do Código de Processo Penal ter sido revogado pela Lei n. 11.719/2008, é intuitivo que essa produção antecipada de provas deve ser produzida na presença do Ministério Público e do defensor dativo, já que isso decorre do princípio constitucional do contraditório. Sendo decretada a suspensão do processo, ficará também suspenso o decurso do prazo prescricional (art. 366, caput). Se, posteriormente, o acusado comparecer de forma espontânea ou em razão de prisão, revoga-se a suspensão do processo para que este prossiga até seu final. Perceba, portanto, que tal suspensão somente será revogada se o réu comparecer em juízo, pessoalmente ou por meio de advogado nomeado, hipótese em que será considerado citado pessoalmente ou, ainda, se for preso e procedida a sua citação pessoal. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Questão mais intrigante é saber quanto deve durar a suspensão do prazo prescricional. Contudo, apesar de terem existido várias correntes em torno do tema, tem prevalecido aquela segundo a qual a suspensão deve durar exatamente o tempo do prazo prescricional pelo máximo da pena em abstrato (art. 109 do CP). Assim, suponha-se um delito que tenha pena máxima de 02 anos. Tal delito prescreve em 04 anos. Ora, sendo decretada a suspensão do processo e da prescrição, ficará esta última suspensa exatamente por 04 anos. Findo esse período, voltará a correr o prazo prescricional, por mais 4 anos, continuando suspenso o processo. Ao término desse prazo, será decretada extinta a punibilidade do agente pela prescrição da pretensão punitiva. “Mas professor, isso é um absurdo!!! O réu foge, fica escondido, não atende ao chamado por edital e, ainda tem a punibilidade extinta??? Não concordo!!!” Eu também não concordo e, exatamente pelo fato de muitos considerarem isso um absurdo é que foi inserida no Código de Processo Penal, como já vimos, a citação por hora certa, aplicável aos casos em que o réu se oculta. Resolve totalmente o problema? Claro que não, mas atenua bastante! 6.1.5 CITAÇÃO DO MILITAR O artigo 358 do CPP estabelece que a citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço. Guilherme Nucci justifica tal providência tendo em vista o resguardo das dependências militares, bem como da hierarquia e da disciplina inerentes à conduta militar. Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço. Na citação do militar, portanto, o oficial de justiça não irá ao quartel à procura do acusado. O juiz, preservando a intangibilidade da área militar, não expedirá um mandado, mas apenas um ofício diretamente ao superior do acusado, DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO que o fará chegar ao destinatário, dando-lhe ciência de todos os termos do ato citatório. Para tanto, deverá o ofício encaminhado conter todos os requisitos do mandado, evitando-se, assim, qualquer prejuízo à defesa. Regra geral, o militar superior comunica ao juiz que autorizou o comparecimento do subordinado no dia e hora marcados. Assevera Mirabete que se for comprovado que não houve tal autorização, a citação não é válida, devendo ser expedido um outro ofício. Se o militar estiver em território não afeto ao exercício jurisdicional do juiz da causa, deverá ser expedida carta precatória, solicitando-se ao juiz deprecado que expeça o ofício requisitório. Caso o superior hierárquico informe que o militar se encontre em lugar incerto e não sabido, caberá a citação por edital. 6.1.6 CITAÇÃO DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO O funcionário público será citado regularmente por mandado. Contudo, visando a evitar que a falta do mesmo traga graves danos ao serviço público e também no intuito de que seu chefe superior possa substituir o funcionário quando de sua ausência, preceitua o artigo 359 do CPP que: Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição. Note-se que há dupla exigência: mandado para o funcionário público e ofício requisitório à sua chefia. De acordo com Nucci, "faltando um dos dois, não está o funcionário obrigado a comparecer, nem pode padecer das conseqüências de sua ausência, como a revelia". Mirabete afirma que se o funcionário estiver afastado do cargo, temporária (férias, licença, suspensão, etc.) ou definitivamente (aposentadoria, exoneração, etc.), não será necessária a comunicação ao superior hierárquico. Vamos, agora, esquematizar o assunto CITAÇÕES para facilitar os seus estudos: DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO ENDEREÇO CONHECIDO? NÃO SIM CITAÇÃO POR EDITAL PRAZOS (arts 361 e 363) CITAÇÃO PESSOAL NÃO ENCONTRADO E NÃO SE OCULTA EDITAL FIXADO NO FÓRUM E PUBLICADO RÉU COMPARECE OU CONSTITUI ADVOGADO? NÃO PROCESSO E PRAZO PRESCRICIONAL SUSPENSOS RÉU ENCONTRADO OU RÉU COMPARECE PROCESSO SEGUE NORMALMENTE OFICIAL ENCONTRA O RÉU E FAZ A CITAÇÃO? SIM O RÉU SE OCULTA PARA NÃO SER CITADO CITAÇÃO POR HORA CERTA (ARTS. 227 A 229 CPC) DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 6.2 – INTIMAÇÃO6.2.1 CONCEITO Uma das dúvidas mais recorrentes em sala de aula, aqui nos cursos do Ponto e nos e-mails é: “Professor... Qual a diferença entre citação e intimação?” Essa dúvida é constante, pois sua resposta não é encontrada no Código de Processo Penal, mas sim no Código de Processo Civil que dispõe: Art. 213, CPC. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. Art. 234, CPC. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa. Assim, diferentemente da citação, a intimação comunica as partes ou alguém dos atos e termos do processo para que, querendo, se manifeste. 6.2.2 CARACTERÍSTICAS Conforme disposto no art. 370 do Código de Processo Penal, as intimações seguem o mesmo regramento apresentado no que diz respeito a citação. Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior. “Mas, professor... Não há nenhuma característica especial?” As características especiais das intimações estão todas presentes nos 4 parágrafos do art. 370. Para responder melhor a este questionamento, vamos resumir em um exercício, tudo que você precisa saber sobre as intimações para sua PROVA: DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO (TJ-BA / Oficial de Justiça / 2006) Analise as seguintes assertivas, acerca da intimação no processo penal: I – A intimação do defensor nomeado pelo Juiz de Direito pode ser feita através de publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, sendo dispensável o nome do acusado. II – As intimações nunca podem ser feitas pelo escrivão. III – A intimação do advogado do querelante pode ser feita através de publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca. IV – A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á, sempre, por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. V – A intimação do Ministério Público será sempre pessoal. Estão corretas as assertivas: A) I, II e III. B) I, II e IV. C) I, IV e V. D) II, III e V. E) III e V. GABARITO: E COMENTÁRIOS: Analisando: Assertiva I � Incorreta � Nos termos do art. 370, § 1o, a intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. Art. 370 § 1o A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. CAIU EM PROVA!!! DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Assertiva II � Incorreta � Conforme se retira do art. 370, § 2o, as intimações, em alguns casos, poderão ser feitas pelo escrivão: Art. 370 [...] § 2o Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. Assertiva III � Correta � Está de acordo com o art. 370, § 1o. Art. 370 [...] § 1o A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. Assertiva IV � Incorreta � Essa questão confunde muitos candidatos, pois, praticamente, reproduz o parágrafo 1º do art. 370. Ocorre, todavia que a palavra SEMPRE torna a questão incorreta, pois, conforme dispõe o art. 370, § 3º: Art. 370 [...] § 3o A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude o § 1o Assertiva V � Correta � Está de acordo com o art. 370, § 4o. Art. 370 [...] § 4o A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal. 6.3 – NOTIFICAÇÃO Alguns editais trazem como exigência a citação, a intimação e a notificação. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Ao verificarmos no CPP, não encontramos o tema notificação e, este assunto também não é tratado na maioria dos livros. Doutrinariamente diferencia-se intimação de notificação, distinção não observada no Código de Processo Penal e, exatamente por isso, desconhecida pela maioria dos candidatos Na verdade, o que se costuma denominar-se de intimação se trata de notificação, pois intimação é a comunicação de ato processual já efetuado, enquanto que a notificação serve para comunicar ato ainda a ser realizado. Assim, intima-se de algo já produzido e notifica-se para ato a ser cumprido. A intimação volta-se ao passado, ao passo que a notificação volta-se ao futuro. Exemplificando, intima-se de uma decisão judicial, enquanto que se notifica uma testemunha ou um perito para depor. Frederico, por exemplo, escreveu que a “notificação projeta-se no futuro, visto que leva ao conhecimento do sujeito processual, ou de outra pessoa que intervenha no processo, pronunciamento jurisdicional que determine um facere ou um non facere. A intimação, ao revés, se relaciona com atos pretéritos”. Tourinho Filho também diferencia: “A intimação é, pois, a ciência que se dá a alguém de um ato já praticado, já consumado, seja um despacho, seja uma sentença, ou, como diz Pontes de Miranda, é a comunicação de ato praticado. Assim, intima-se o réu de uma sentença (note-se que o réu está sendo cientificado de um ato já consumado, já praticado, isto é, a sentença). “A notificação, por outro lado, é a cientificação que se faz a alguém (réu, partes, testemunhas, peritos etc.) de um despacho ou decisão que ordena fazer ou deixar de fazer alguma coisa, sob certa cominação. Assim, a testemunha é notificada, porque se lhe dá ciência de um pronunciamento do Juiz, a fim de comparecer à sede do juízo em dia e hora designados, sob as cominações legais. Se não comparecer, estará ela sujeita àquelas sanções a que se referem os arts. 218 e 219 do CPP”. Como se disse, porém, esta diferenciação não foi observada pelo nosso Código de Processo Penal, fazendo que a parte da doutrina também assim procedesse. O CPP ora se refere à intimação, ora à notificação, sem levar em conta a diferenciação doutrinária realmente existente. ***************************************************** Caro(a) aluno(a), Parabéns por mais um tema vencido. Agora, respire fundo e vamos adquirir mais e mais conhecimento! Bons estudos! DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSORPEDRO IVO 6.4 SENTENÇA A sentença é uma forma de manifestação intelectual, lógica e formal emitida pelo Estado através de seus órgãos jurisdicionais, com o principal intuito de por fim a um conflito de interesses 6.4.1 SENTENÇAS EM SENTIDO AMPLO (DECISÕES) Podemos definir as sentenças em sentido amplo como todos os tipos de decisões proferidas pelo magistrado. Podem ser classificadas em: 1. INTERLOCUTÓRIAS SIMPLES ��� São decisões que não se referem, diretamente, ao mérito da causa. Funcionam como uma forma de garantir a regularidade do rito procedimental. Exemplos: Decretação da prisão preventiva e recebimento da denúncia. 2. INTERLOCUTÓRIAS MISTAS (DECISÕES COM FORÇA DE DEFINITIVAS) ��� São decisões que, julgando ou não o mérito, encerram uma etapa do procedimento processual ou a própria relação do processo. São divididas em: a. INTERLOCUTÓRIAS MISTAS TERMINATIVAS ��� São aquelas que põem fim ao processo, sem que haja o julgamento de mérito. Exemplos: Decisão que rejeita a denúncia, impronúncia e procedência das exceções de coisa julgada e de litispendência. b. INTERLOCUTÓRIAS MISTAS NÃO TERMINATIVAS ��� São aquelas que encerram uma etapa procedimental. Exemplo: Decisão de pronúncia nos processos do júri popular. 6.4.2 SENTENÇAS EM SENTIDO ESTRITO Podemos conceituar a sentença stricto sensu como a decisão definitiva que o juiz profere solucionando a causa. As sentenças em sentido estrito podem ser classificadas como: DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 1. CONDENATÓRIA ��� São aquelas que acolhem a pretensão punitiva estatal, ainda que parcialmente. Podem ter como efeitos a prisão do réu, a inserção do nome do réu no rol dos culpados, obrigação de reparar o dano etc. 2. ABSOLUTÓRIAS ��� São aquelas que não acolhem a pretensão punitiva estatal. Podem ter como efeito a colocação imediata do réu em liberdade, a devolução da fiança etc. As sentenças absolutórias dividem-se em: a. PRÓPRIAS ��� Quando não acolhem a pretensão punitiva, não impondo qualquer restrição ao acusado. b. IMPRÓPRIAS ��� Quando, apesar de absolutórias, impõe ao réu medida restritiva, qual seja a medida de segurança. 3. TERMINATIVAS DE MÉRITO ��� São aquelas que julgam o mérito da causa, sem, contudo, condenar ou absolver o acusado. É o que ocorre na sentença que declara a extinção da punibilidade. Por fim, cabe ressaltar que, quanto ao órgão que profere as sentenças, podemos classificá-las em: 1. SUBJETIVAMENTE SIMPLES ��� Quando proferidas por apenas um juiz (juízo monocrático ou singular). 2. SUBJETIVAMENTE PLÚRIMAS ��� Quando proferidas pelos órgãos colegiados homogêneos. Exemplo: acórdão que, julgando apelação da defesa, absolve o réu. 3. SUBJETIVAMENTE COMPLEXAS ��� são aquelas que resultam do pronunciamento simultâneo de mais de um órgão monocrático, importando em prevalência do que for decidido pela maioria. Exemplo: Tribunal do júri. 6.4.3 REQUISITOS FORMAIS DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO A sentença tem certas formalidades que precisam ser observadas, sob pena, até mesmo, de sua anulação. Por ser um ato jurídico de extrema importância, está sujeita ao perfeito atendimento dos seguintes requisitos formais: 1. RELATÓRIO (EXPOSIÇÃO OU HISTÓRICO) ��� Resumo do processo com o histórico da sua marcha e seus incidentes mais importantes. O CPP exige: o nome das partes (ou as indicações possíveis para identificá-las) e a exposição sucinta da acusação e da defesa. A ausência do nome da vítima ou da data do crime, por exemplo, não é causa de nulidade da sentença (erro material). Art. 381. A sentença conterá: I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las; II - a exposição sucinta da acusação e da defesa; 2. FUNDAMENTAÇÃO (OU MOTIVAÇÃO) ��� Desenvolvimento do raciocínio do juiz para chegar à conclusão, mediante a análise das provas dos autos. Exame do fato em sua amplitude e pormenores juridicamente apreciáveis e do direito aplicável à espécie. O CPP exige a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão. Sentença vazia é aquela possível de anulação por falta de fundamentação. Art. 381. A sentença conterá: OBSERVAÇÃO A LEI Nº 9.099/95, AO DISPOR SOBRE OS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS, PREVÊ QUE É DISPENSÁVEL O RELATÓRIO NOS CASOS DE SUA COMPETÊNCIA. ASSIM, PODEMOS AFIRMAR QUE REPRESENTA UMA EXCEÇÃO AO ART. 381, II, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO [...] III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; Cabe ressaltar que, não é necessário que o magistrado, na sentença, transcreva toda a argumentação das partes, mas apenas que, sucintamente, exponha os fatos para não causar prejuízo a estas. 3. CONCLUSÃO (DECISÃO OU DISPOSITIVO) ��� Dispositivo final de indicação dos artigos de lei aplicados e outros dispositivos. É a subsunção da espécie à lei. Art. 381. A sentença conterá: [...] IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; V - o dispositivo; Parte autenticada - data e assinatura do juiz. FUNDAMENTAÇÃO “PER RELAZIONE” Denomina-se fundamentação "per relazione" aquela em que o juiz ou Tribunal adota como suas as razões de decidir ou de argumentar de outra decisão judicial ou de alguma manifestação da parte ou do Ministério público, enquanto custos legis. Embora deva ser evitada, tal prática não nulifica a sentença ou acórdão, uma vez que, feita a menção, é como se a fundamentação referida estivesse sendo incorporada à decisão, ou seja, como se estivesse sendo citada entre aspas, não podendo ser acoimada de carente de motivação. Ex.: "O Tribunal de Justiça de São Paulo nega provimento ao apelo do réu, mantendo a r. Sentença condenatória, pelos seus próprios e judiciosos fundamentos, os quais são adotados neste acórdão como razão de decidir, sem necessidade de qualquer acréscimo". DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 6.4.4 SENTENÇA SUICIDA Conforme o aplaudido professor Fernando Capez, a sentença suicida é a denominação dada quando a parte dispositiva - ou seja, de conclusão - do provimento sentencial contraria as razões invocadas na fundamentação. Esse tipo de sentença é nula dependendo da amplitude do seu vício, ou estará sujeita a oposição de embargos de declaração de cunho infringente (art. 382 do CPP) para a correção de erros conclusivos decorrente da contradição. Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declarea sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão. Cabe ressaltar que você não deve confundir a sentença suicida com a sentença vazia. Trata-se, esta última, de sentença que não incorpora a necessária fundamentação, afrontando o art. 93, IX, da Constituição Federal e o art. 381, III e IV, do Código Processual Penal. 6.4.5 PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO (CONGRUÊNCIA) O princípio da correlação determina que deve haver adequação entre o fato narrado na denúncia e aquele pelo qual o réu é condenado. Assim, por exemplo, réu denunciado pela prática de crime de roubo não pode, sem obediência ao disposto no art. 384 do CPP (analisarmos mais a frente), ser condenado pela prática de receptação, o que viola o princípio da correlação entre a denuncia e a sentença, garantia fundamental do acusado, que não pode ser condenado por crime não descrito na peça acusatória. Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Com esse entendimento, o TJMG, dando provimento a recurso interposto pelo Ministério Público de Montes Claros, anulou decisão de primeiro grau em que o julgador havia condenado pela prática de receptação um réu denunciado pela prática de roubo. Sustentou o Ministério Público no seu arrazoado recursal, em síntese, que houve violação ao princípio da correlação entre acusação e sentença, com ofensa aos princípios do contraditório, ampla defesa e do devido processo legal, uma vez que a denúncia relatou ter o denunciado subtraído, para si, mediante grave ameaça um par de tênis da vítima, enquanto o juízo singelo o condenou nas iras do art. 180 do CP (receptação), por entender que o réu não participou da subtração da res furtiva e que a elementar do crime de receptação estaria implícita na denúncia, sem, contudo, abrir, antes, nova oportunidade para a defesa se pronunciar sobre os novos fatos trazidos aos autos. No mérito, buscou ainda o Parquet a condenação do réu pela prática de roubo cometido contra a vítima. O acórdão foi assim ementado: Para que exista a devida correlação, prevê o código de Processo dois institutos que devem ser observados pelo magistrado, de acordo com o que o caso exigir. É o que veremos a seguir. APELAÇÃO CRIMINAL - DENÚNCIA PELO DELITO DE ROUBO - CONDENAÇÃO PELO CRIME DE RECEPTAÇÃO - VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO - SENTENÇA ANULADA. Os fatos descritos na denúncia delimitam o campo de atuação do poder jurisdicional, coibindo, sob pena de nulidade, julgamento ‘extra’ ou ‘ultra petita’. Segundo o princípio da correlação o fato imputado ao réu, na denúncia, deve guardar correspondência com o fato reconhecido pelo magistrado, na sentença, sob pena de grave violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. Havendo violação ao princípio da congruência entre a acusação e a sentença, outra decisão deve ser proferida, com observância do disposto no art. 384 do CPP. (TJMG - AC 1.0433.05.146782-0 - 1a C.Crim. - Rel. Fernando Starling - j. 26.05.2009) DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 6.4.6 EMENDATIO LIBELLI Emendatio libelli pode ser conceituada como a redefinição judicial da classificação jurídica contida na peça acusatória, denúncia ou queixa. Nesse caso, o juiz analisa os fatos ali descritos e atribui-lhes sua própria definição, de acordo com sua compreensão sobre eles, adequando-os a um tipo penal diverso do inicialmente imputado pelo promotor ou querelante. O instituto não é recente no ordenamento jurídico brasileiro. O Código de Processo Penal já o previa com a seguinte redação: Art. 383. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que constar da queixa ou da denúncia, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. A recente modificação introduzida pela Lei nº 11.719, de 20 de junho de 2008, adotou a seguinte redação: Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. § 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. § 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. Com essa alteração, ressaltou-se a IMPOSSIBILIDADE de modificar a descrição dos fatos descritos na peça acusatória. Além disso, foram inseridos os parágrafos 1º e 2º, que apenas consolidaram na legislação uma prática já adotada pela jurisprudência. Assim, se em decorrência da nova classificação houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo (art. 89 da lei nº 9.099/95), o magistrado deverá adotar as medidas previstas para sua propositura (§ 1º). Se, entretanto, verificar que se trata de infração da competência de outro juízo, encaminhará a este os autos (§ 2º). DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Exemplo: A denúncia narra que o sujeito, empregando violência, empurrou a vítima ao chão e arrebatou a corrente de seu pescoço, tendo o membro do Ministério Público classificado o fato como furto. Nada impede que o juiz corrija a classificação jurídica para roubo e condene o réu por tal delito. Cabe ressaltar que não há que se pensar em prejuízo para a defesa, pois, o réu se defende dos fatos e não da classificação legal. 6.4.7 MUTATIO LIBELLI Ao tratar do instituto em tela o art. 384 do CPP dispõe: Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. § 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. § 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. § 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo. § 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, noprazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. § 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. Aqui não se trata apenas de mudança na capitulação do delito, mas implica o surgimento de uma prova nova de elemento ou circunstância da infração penal não contida na inicial, que altera a definição do fato. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Ocorrendo esta situação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa subsidiária, no prazo de CINCO dias, podendo arrolar até três testemunhas. Em seguida, será ouvido o defensor do acusado, também no prazo de CINCO dias, podendo arrolar até três testemunhas. Caso admita o aditamento, o magistrado, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para a audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado e realização de debates e julgamento. Faz-se mister destacar que a sentença do juiz estará adstrita aos termos do aditamento. Exemplo: Tício é acusado e processado pelo delito de receptação, pois sabia estar na posse de carro objeto de roubo. Com a descoberta de novas provas, verifica-se que ele não sabia exatamente, mas deveria saber. Assim, o fato deixou de ser doloso para culposo, ensejando a medida em estudo. Cabe ressaltar que, da mesma forma que tratamos ao estudarmos a Emendatio Libelli, se em decorrência da nova classificação houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo (art. 89 da lei nº 9.099/95), o magistrado deverá adotar as medidas previstas para sua propositura (§ 1º). Se, entretanto, verificar que se trata de infração da competência de outro juízo, encaminhará a este os autos (§ 2º). Observação: Caso o MP não proceda o aditamento, o juiz encaminhará os autos ao Procurador Geral, nos termos do art. 28 do CPP (analisamos quando tratamos do arquivamento do inquérito policial). Relembre: Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 6.4.8 EMENDATIO LIBELLI E MUTATIO LIBELLI – CABIMENTO NA 2ª INSTÂNCIA A Emendatio libelli pode ser feita em 2º grau, salvo se o recurso for exclusivo da defesa, pois é vedada a reformatio in pejus. Apesar de haver divergências, para a sua PROVA, a Mutatio libelli não pode ser aplicada em segunda instância, nos termos da súmula 453 do STF: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do código de processo penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa. 6.4.9 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA Como vimos, absolutórias são as sentenças que julgam improcedente a pretensão punitiva. A sentença é, então, absolutória quando se julga improcedente a acusação e ocorre nas hipóteses mencionadas no art. 386 do CPP. Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I - estar provada a inexistência do fato; II - não haver prova da existência do fato; III - não constituir o fato infração penal; IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; VII – não existir prova suficiente para a condenação. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO De acordo com o mencionado dispositivo, a absolvição será decretada desde que o juiz reconheça “estar provada a inexistência do fato” (inc. I). Tendo ficado comprovado que o fato imputado ao acusado não ocorreu, impõe-se a absolvição. Assim, para que haja a absolvição pelo inciso I do referido preceito, é necessário que fique minudentemente demonstrado que o fato, no qual a denúncia é embasada, nunca existiu. Eis o exemplo clássico da pseudovítima de um homicídio que reaparece sem apresentar qualquer dano a sua integridade física. Ou um exemplo em que a coisa que se pretendia ter sido subtraída (furtada), a coisa tida como objeto do furto, é encontrada posteriormente no interior do automóvel do pseudo-ofendido. Também tem lugar a absolvição quando o juiz reconhece “não haver prova da existência do fato” (inc. II). Nessa hipótese o fato criminoso pode ter sucedido, acontecido, mas não se esclareceu devidamente a sua ocorrência. Exemplificando: na acusação de furto não se comprovou ter havido subtração de coisa alguma da vítima; na acusação de estupro ou corrupção de menores não haver elementos seguros na prova pericial de que houve conjunção carnal afirmada pela vítima. É absolvido, ainda, o acusado quando “não constituir o fato infração penal” (inc. III). Embora o fato tenha ocorrido, não é ele típico, não está caracterizado por nenhuma descrição abstrata da lei penal. É a hipótese, por exemplo, de se concluir por fraude civil em acusação de estelionato, ou de se verificar que a vítima de sedução já tinha mais de 18 anos na época do fato. Pode a absolvição se dar por “estar provado que o réu não concorreu para a infração penal” (inc. IV) ou por “não haver prova de ter o réu concorrido para a infração penal” (inc. V). Não ficando evidenciado que o acusado tenha executado o crime ou tenha participado dele inexiste a prova da autoria ou da participação, o que enseja a sua absolvição. Também é absolvido o acusado quando “existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência)”. (inc. VI). Refere-se esse preceito às causas excludentes da antijuridicidade ou ilicitude (justificativas) e às causas excludentes da culpabilidade (dirimentes). DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO As causas excludentes de ilicitude são as causas em que não há crime, previstas no art. 23 do CP (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito). As causas excludentes da culpabilidade estão previstas nos artigos 21 e 22, 26 e 28 do CP (coação irresistível, obediência hierárquica, inimputabilidade por doença mental, desenvolvimento mental incompletoe desenvolvimento mental retardado e embriaguez fortuita completa). Por último, o réu deve ser absolvido se “não existir prova suficiente para a condenação” (inc. VII). Neste caso, as provas não são seguras de modo a amparar decisão condenatória; apesar de existirem provas, elas não autorizam juízo de certeza para condenação. Por fim, cabe ressaltar que o réu absolvido pode apelar da decisão definitiva absolutória para obter a modificação do fundamento legal de sua absolvição quando preenchido os necessários pressupostos do recurso que são o interesse e a sucumbência (prejuízo sofrido). Assim, por exemplo, se absolvido o réu por insuficiência de prova, pode pretender o reconhecimento da inexistência do fato ou de não constituir o fato uma infração penal. 6.4.9.1 EFEITOS SENTENÇA ABSOLUTÓRIA Os possíveis efeitos da sentença absolutória estão descritos no parágrafo único do art. 386 do código de Processo Penal. Segundo o citado dispositivo, na sentença absolutória, o juiz: � MANDARÁ, SE FOR O CASO, PÔR O RÉU EM LIBERDADE; � ORDENARÁ A CESSAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES E PROVISORIAMENTE APLICADAS; � APLICARÁ MEDIDA DE SEGURANÇA, SE CABÍVEL. 6.4.10 SENTENÇA CONDENATÓRIA Como já analisamos, sentença condenatória é aquela que reconhece a responsabilidade criminal do réu em virtude de infração a uma norma penal incriminadora, imputando-lhe, em consequência, uma pena. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Exige, assim, comprovação plena acerca da autoria e da materialidade do crime imputado, não bastando mero juízo de possibilidade ou probabilidade. 6.4.10.1 EFEITOS SENTENÇA CONDENATÓRIA Podemos dividir os efeitos penais da sentença penal em primários (principais) e secundários (reflexos). Vamos começar, analisando o efeito primário. É ele: 1. IMPOSIÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE, RESTRITIVA DE DIREITOS OU MULTA. Vamos passar agora ao estudo dos efeitos penais reflexos, também chamados de secundários: 1. REVOGAÇÃO DO SURSIS E DO LIVRAMENTO CONDICIONAL ��� Uma condenação transitada em julgado poderá acarretar a revogação do sursis e do livramento condicional, autorizados devido à condenação em outro processo. 2. REINCIDÊNCIA ��� O indivíduo apenas será considerado reincidente se for condenado a fato praticado no máximo até cinco anos após o cumprimento da pena imposta devido a condenação anterior. 3. REGRESSÃO DO REGIME CARCERÁRIO. 4. OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO � Podemos dizer que a sentença condenatória vincula o juízo cível. Assim, ao transitar em julgado, a sentença assume a característica de título executivo judicial, podendo ser executada pela vítima ou por seus herdeiros. É importante ressaltar que com o advento da lei nº 11.719/08 o art. 387, IV do CPP passou a dispor: DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: [...] IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; Este arbitramento do quantum indenizatório definido pelo juiz ao proferir a sentença, apesar de não impedir a vítima de apurar, no juízo cível, o prejuízo efetivamente sofrido, faz com que a sentença penal assuma, desde logo a função de título executivo líquido, proporcionando que o ofendido ajuíze, logo apões o trânsito em julgado, a ação de execução. 5. PERDA EM FAVOR DA UNIÃO, DOS INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA PRÁTICA DO CRIME, DESDE QUE CONSISTAM EM OBJETOS QUE ESTEJAM EM SITUAÇÃO DE ILEGALIDADE NOS INSTANTES QUE ANTECEDERAM A PRÁTICA DA INFRAÇÃO. 6. PERDA EM FAVOR DA UNIÃO DOS BENS ADQUIRIDOS COM O PRODUTO DA INFRAÇÃO PENAL 6.4.11 INTIMAÇÃO DA SENTENÇA A sentença é ato jurisdicional pronto e acabado quando o juiz a publica em mão do escrivão (art. 389) ou quando é assinado o termo de audiência em que foi proferida. Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o juiz a rubricará em todas as folhas. Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim. A publicação em mão do escrivão é a entrega formal ao serventuário que torna a sentença pública, devendo, em seguida, haver a intimação das partes, o que, todavia, não mais interfere em sua integridade. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO A intimação é ato posterior, para conhecimento das partes, mas a sentença já é ato perfeito e acabado a partir do momento da entrega, devendo o escrivão lavrar termo de registro em livro próprio. É nessa data que fica interrompida a prescrição, independentemente da data da futura intimação. A intimação, que é ato de comunicação processual, tem por finalidade dar ciência às partes do teor da sentença, para que possam, se quiserem, recorrer, e para que possa, inexistindo recurso ou esgotado este, ocorrer a coisa julgada. Os arts. 390 a 392 disciplinam a intimação da sentença, instituindo regras que devem ser observadas estritamente a fim de que ocorra o efeito acima apontado. Essas regras devem ser cumpridas independentemente da situação de presença ou revelia do réu anteriormente no processo, devendo, cada situação prevista, ser verificada no momento da intimação da própria sentença. O primeiro a ser intimado da sentença deve ser o Ministério Público, no prazo de 03 dias, e como nas suas demais intimações deve ela ser feita pessoalmente, com os autos, neles apondo seu "ciente". O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede do juízo, a intimação será feita mediante edital com o prazo de 10 dias, afixado no lugar de costume (art. 391). Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede do juízo, a intimação será feita mediante edital com o prazo de 10 dias, afixado no lugar de costume. A intimação da sentença condenatória ao réu obedece às regras do art. 392, que prevê situações específicas com procedimentos específicos e que não podem ser substituídos, sob pena de a sentença não transitar em julgado. Assim, vamos verificar o texto legal e,posteriormente, analisar o dispositivo: Art. 392. A intimação da sentença será feita: I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso; DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança; III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandadode prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça; IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça; V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver constituído também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça; VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça. § 1o O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos. § 2o O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste artigo. As situações são as seguintes: 1. Se o réu estiver preso a intimação será sempre pessoal. Mas e se o acusado estava solto e durante o andamento de outra forma de citação vem a ser preso: Neste caso, sendo preso, a intimação pessoal passa a ser obrigatória. 2. Se o réu estiver solto e não for expedido mandado de prisão, a intimação será feita ou ao réu pessoalmente, ou ao defensor constituído. O inc. II do art. 392 refere à prestação de fiança e a hipótese de o acusado livrar-se solto, apenas. Com as modificações ocorridas no sistema da liberdade provisória, devemos entender o dispositivo como aplicável a todas as hipóteses em que não é expedido mandado de prisão, ainda que fora das hipóteses originariamente previstas. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 38 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO A intimação, no caso, é alternativa, e, se feita em ambas as pessoas, não tem ordem determinada, mas o prazo de recurso começa a correr a partir da última. 3. Se foi expedido mandado de prisão e o acusado não foi encontrado, faz-se a intimação na pessoa do advogado constituído. O oficial de justiça, no caso, deve certificar que o acusado não foi encontrado, concluindo-se, pois, que deve ser tentada, primeiro, a intimação pessoal. 4. Nas demais situações não previstas expressamente nos itens anteriores, a intimação far-se-á por edital, e essas situações são as seguintes: � Não foi expedido mandado de prisão e não é encontrado nem o réu nem o defensor constituído, após certificar essas ocorrências o oficial de justiça; � Foi expedido mandado de prisão e não se encontra o réu nem o advogado constituído, assim certificando o oficial de justiça; � O acusado não tem defensor constituído e não é encontrado, com certidão do oficial de justiça. Nesta última situação, o advogado dativo pode e deve ser intimado, podendo, também, recorrer, mas a intimação do dativo não dispensa a intimação do réu, pessoalmente ou por edital. Se a intimação do réu, por uma dessas formas, não for feita, a sentença não transitará em julgado e o eventual recurso do dativo não poderá ser examinado enquanto ela não se efetivar. No caso de necessidade de intimação por edital, o seu prazo será de 90 dias se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano e de 60 dias nos outros casos. O prazo para apelação corre após o término do prazo fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação por uma das outras formas, pessoalmente ao réu ou ao constituído, formas de intimação que têm precedência. No direito brasileiro não existe o processo contumacial como concebido na legislação italiana, na qual a sentença. resultante de processo que se desenvolveu à revelia, tem meios diferentes e mais amplos de impugnação. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 39 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Assim, feita a citação por edital, nos casos e obedecidas as formalidades legais, bem como feita a intimação correta da sentença, esta tem a mesma eficácia e pode sofrer os mesmos meios de impugnação da sentença produzida em processo que se desenvolveu em contraditório pleno. *********************************************************** Caro(a) Aluno(a), Mais um passo dado rumo a tão sonhada aprovação. Agora é hora de consolidar os conceitos com os exercícios e seguir em frente com força total. Lembre-se sempre que o seu sucesso só depende de você!!! Abraços e bons estudos, Pedro Ivo A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos. Charles Chaplin DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 40 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS 1. (CESPE / Analista - TJ-RO / 2012) A lei processual penal determina que as intimações do defensor constituído e do representante do MP sejam feitas pessoalmente, por força de mandado. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: De acordo com o art. 370 e seus parágrafos, a intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal. 2. (CESPE / Analista - TJ-RO / 2012) Se o acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, deverá o magistrado suspender o processo, bem como o curso do prazo prescricional, sem prejuízo da realização de provas antecipadas. GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (ART. 366). 3. (CESPE / Analista - TJ-AC / 2012) Tratando-se de oitiva de testemunhas por carta precatória, basta a intimação da expedição da carta, sendo, portanto, desnecessária a intimação da data de audiência no juízo deprecado, inclusive nos casos de réus defendidos por defensor público. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Como regra, é desnecessária a intimação, pelo juízo deprecado, da data da audiência, se a parte foi intimada da expedição da carta precatória. Assim leciona a Súmula 273 do STJ. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 41 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Contudo, em se tratando da Defensoria Pública o entendimento não se aplica, em especial pela prerrogativa de intimação pessoal. O STF, no informativo nº 686, assim já se manifestou. Veja: “Em razão da peculiaridade do caso, a 1ª Turma deu provimento a recurso ordinário em habeas corpus para reconhecer nulidade processual em face da não intimação da Defensoria Pública do local de cumprimento de carta precatória. Na espécie, o juízo deprecado nomeara
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