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Geopolítica Mundial Pós Guerra Fria, com análise aprofundada da China

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Geopolítica 
 
Prova Final, 2015.2 
Professor Raphael Padula 
Avaliação realizada por Felipe Mazza 
Tema: Geopolítica pós Guerra Fria do mundo, com abordagem especial sobre a China. 
 
 
 O final da Guerra Fria marca o termino da bipolaridade hegemônica. A longa 
disputa entre os dois Impérios, Estados Unidos e União Soviética, chegam ao desfecho 
mudando o equilíbrio de poder de todo o globo. Os EUA saem vitoriosos e entra no 
século XXI ainda como a mais forte superpotência mundial. No entanto, sua hegemonia 
global vem perdendo espaço aos poucos para Estados que anteriormente não tinham o 
atual poder dentro dessa disputa, competindo por mercados, acordos políticos, acesso a 
recursos naturais ou domínio militar. 
 Para que os Estados Unidos sustentem seus interesses, não basta possuir apenas 
o seu poder econômico e tecnológico, dependendo, mesmo no pós Guerra Fria, de uma 
intensa presença militar no globo. Diante da necessidade de justificar a manutenção de 
suas bases militares presente em todos os continentes, foram apresentadas as Novas 
Ameaças, que substituem a Ameaça Vermelha do comunismo já derrotado. Essas novas 
ameaças globais apresentadas pelos EUA são o terrorismo, o narcoterrorismo, 
narcotráfico, e os Rogue States (Estados que se relacionam diretamente com o 
terrorismo). Sendo os norte-americanos ditos defensores globais da democracia e dos 
mais fracos, havendo aí uma clara influência calvinista, eles vestem o véu de salvadores 
enquanto dominam diversos territórios. Geralmente mascarando sobre isso outros 
interesses político-estratégicos dos mesmos. 
 Os estados presentes na América Latina, não apresentam força para disputar com 
os estadunidenses pela hegemonia regional. Portanto, até o então não apresentam grande 
autonomia política e se subordina, a uma intensa presença militar norte-americana, 
justificada principalmente pelo combate ao narcotráfico e narcoterrorismo. No entanto, 
alguns pontos dominados por esta presença colocam em cheque se o interesse deles não 
está ligado ao controle indireto de determinados recursos naturais. Tomando por 
exemplo o posicionamento estadunidense sobre a Região Amazônica onde eles se 
encontram como o maior detentor da força, podendo facilmente ocupar as nascentes do 
rio Amazonas em uma situação de crise ou guerra e no presente garantindo a eles um 
enorme controle político. 
 Após algum tempo seguindo o plano estadunidense direcionado aos sul-
americanos, parte destes mudaram um pouco os seus caminhos. Partindo de uma 
política mais protecionista, menos liberal, alguns Estados subdesenvolvidos das 
Américas começaram a se unir e se ajudar. Dando menos atenção aos problemas de 
interesses norte-americanos e focando mais para alguns perigos internos. O Mercosul 
foi um dos mecanismos que desenvolveu esse protecionismo, além de alguns acordos 
bilaterais entre os Estados desse continente. Esta medida na realidade não se restringiu a 
América Latina, mas também houve a formação de outros grupos e blocos econômicos 
de países em desenvolvimento que estão buscando dar voz as mazelas presentes dentro 
dos seus territórios. 
 Do começo do século XX até os dias atuais o petróleo passou a ser um 
importantíssimo recurso estratégico, e de lá para cá este vem se tornando ainda mais 
fundamental. Sendo ele de extrema necessidade para a mobilidade urbana e militar de 
maior parte do Globo. A dimensão da dependência desta fonte de energia é tão grande 
que para os estadunidenses qualquer forma de prejudicar o seu abastecimento de óleo é 
visto como uma direta ameaça ao seu poder bélico e o American Way of Life, a forma de 
vida americana. Sendo assim, o exército americano tem um papel importante nas 
transações de petróleo que o abastecem. Esta política vem desde antes do final da 
Guerra Fria, como pode ser visto claramente com a Doutrina Carter. 
 Determinados locais da África e do Oriente Médio, são importantes fornecedores 
do Ouro Negro que abastecem as principais economias mundiais, incluindo nestes os 
mais poderosos Estados da ainda não mencionada Europa. Estes países fornecedores 
sofreram e sofrem o abusivo poder das grandes economias. Enriquecendo apenas a elite 
local, muitas vezes mantida no poder sobre auxílio indireto dos EUA ou de outras 
potências, e depredando o território dos menos afortunados que vivem nesses países. 
Assim como os explorando população com baixos salários e condições indignas. 
Geralmente a política adotada pelos Estados fortes nessas regiões é a extração do 
petróleo na forma bruta, que tem pouco valor monetário atribuído, e ocorrendo a 
refinação desse óleo apenas sobre seus territórios. Essa exploração levou a instalação de 
ditaduras nacionalistas, principalmente em território africano, que nacionalizaram o óleo 
presente nos seus respectivos territórios, sofrendo forte pressão externa e sanções 
diversas, mas protegendo parte dos seus recursos naturais. 
 A Rússia atualmente é um país extremamente importante para o abastecimento 
de energia de diversas fontes, como por exemplo o Gás Natural, para a Europa. O que 
dá a este país um poder político interessante. Também vale ressaltar que mesmo pós 
Guerra Fria, o território russo ainda não cedeu espaço para a instalação militar dos 
EUA. O que enfatiza para a sua autonomia. Ela também disputa espaços importantes no 
território europeu com os americanos. Buscando acesso ao mar mediterrâneo e o 
domínio bélico de determinados pontos estratégicos. É importante lembrar que mesmo 
com a queda da URSS, nem tudo que esta desenvolveu foi anulado, deixando o seu 
arsenal bélico nuclear para a atual Rússia. Isso a concede um forte poder militar, 
consequentemente também uma maior força política. Como foi dito anteriormente, 
alguns países em desenvolvimento criaram grupos ou blocos econômicos a fim de 
proteger os seus interesses internos. Devemos então lembrar dos BRICS, bloco o qual 
insere também o Brasil, e que faz com que estes países que antes separados não tinham 
direito a voz em determinados locais, adquiram esta voz como um grupo que defende 
juntos alguns interesses em comum. 
 Há dois conceitos geopolíticos que estão diretamente ligados ao poder ainda 
existente dos estadunidenses e também vem reforçando e ampliando a presença chinesa 
na disputa de poder a nível global. Conceitos estes explorados exaustivamente por 
Mackinder, o poder marítimo e o poder terrestre. Ambos os estados citados apresentam 
imensas fronteiras continentais e oceânicas o que os concede uma vocação dupla para o 
desenvolvimento de ambos os poderes. O Brasil também possui esta dualidade, mas 
ainda muito pouco desenvolvida. 
 No caso dos Estados Unidos, seu poder marítimo é notório, conta com duas 
extensas frentes de acesso a dois diferentes oceanos que os conecta com a Ásia e 
Oceania, Oceano Pacífico, e com a Europa e Áfria, Oceano Atlântico. Este poder é 
fundamental para assegurar a força da sua economia e a sua presença global. O poder 
terrestre certifica a sua hegemonia regional nas Américas. No tempo de Mackinder o 
poder aéreo não tinha a magnitude atual, mas este não precisará ser abordado de forma 
direta nessa análise, estando presente junto ao poder econômico e militar sempre que 
estes forem observados. 
 Chegando finalmente a China, podemos encontrar novamente esta dualidade de 
vocações. Sendo a terrestre marcada por uma forte interdependência regional que atinge 
vários níveis: político, econômico, cultural, entre outros. Na Ásia Central, há disputa de 
poder com a Rússia, sendo ambas potenciais terrestres próximas da região é natural que 
isto ocorra. Mas o Estado chinês vem conseguindo cada vez mais reforçar sua presença 
através de laços com asrepúblicas presentes neste entorno. Incentivando e consolidando 
esses países como exportadores majoritariamente de matéria prima e recursos 
energéticos para abastecer principalmente as indústrias chinesas. Há toda uma 
infraestrutura de transporte aéreo, ferroviário e rodoviário que fortalecem essa relação 
regional. Sendo Urumqi, uma das mais importantes cidades chinesas para o transporte 
interno de mercadorias. Também estão sendo estabelecidas medidas como redução de 
barreiras alfandegárias para commodities de origem centro-asiática que entram no país. 
 O poder marítimo fortalece e muito as exportações chinesas. Sua indústria tem 
um escoamento intenso de produtos que se espalham por todo o globo. Vale se ressaltar 
que uma significativa parcela das suas exportações de produtos manufaturados se 
destina a própria Ásia, incluindo os países da Ásia Central abordados no parágrafo 
anterior. Ressalta se que é tão difícil competir mercado com os produtos de origem 
chinesa, devido principalmente aos seus baixos custos, que a indústria de produtos 
acabados em muitos lugares do mundo apresentam dificuldade em se desenvolver, este 
efeito ainda é redobrado próximo a fronteira chinesa. 
 Fazendo agora uma análise mais geográfica da China, temos uma nação imensa 
territorialmente. Contendo latitudes semelhantes as do território Norte Americano, o 
que implica em ambos terem uma diversidade climatológica e a possibilidade de 
diversas formas de interação produtiva com as respectivas variações clima-solo de cada 
região. O que leva a ser um erro julgar que sua geografia se assemelha com a russa, o 
que ocorre devido a proximidade quantitativa das suas extensões territoriais. 
Ao observarmos os indicadores de 2014, a China apresenta quase 19% da 
população mundial. Majoritariamente concentrada na costa do pacífico, nas planícies 
fluviais e nos vales aluviais presentes mais ao centro do país. Este grande contingente 
populacional resulta um forte mercado interno que auxiliou no crescimento da indústria 
e de toda a economia nacional. Ao contrário dos EUA, esse país veste poucas defesas 
pelos direitos humanos. O que dentro da sua tirania dá espaço para o abuso exaustivo de 
algumas camadas da sua sociedade. Tanto na área agrária quanto industrial. 
Apesar de a economia chinesa apresentar surpreendentes índices de crescimento, 
estes não deverão se sustentar tão no topo nos próximos anos. As projeções indicam o 
contínuo crescimento dessa nação. Mas esse desenvolvimento deve se estabilizar em 
porcentagens um pouco menores do que as dos últimos anos. Também vale ressaltar 
outra limitação chinesa, o seu soft power que é ainda bem fraco no mundo. Tendo 
perspectiva de projeção para os países vizinhos, mas ainda sem apresentar força. Nos 
dias de hoje a maior valorização em questão ao estilo de vida e modo de agir está 
claramente no ocidente, ora sobre as potências do Antigo Continente, Inglaterra, França 
e Alemanha, ora sobre os Estados Unidos da América. 
As chances de conflito militar entre os norte-americanos e os chineses é bem 
remota. No entanto, o desenvolvimento militar que a China vem apresentando ameaça o 
poder global dos EUA. Sua política tem buscado uma integração militar-civil, e um 
poder bélico que sustente a sua economia. De fato, comparando o poder econômico 
chinês com o militar, este ainda está níveis atrás, e é este cenário que o Estado chinês 
vem trabalhando para modificar. Caso a China se torne uma superpotência bélica a 
disputa por poder como um todo no globo se reestabilizará num novo cenário. 
Em suma, após a Guerra Fria o mundo se estabeleceu multipolar. Com todos os 
Estados lutando pelo poder que está ao seu alcance, sujeito a se subordinar a 
dependências ou reagir se projetando como possível, mas sempre sofrendo as reações 
dos outros. Determinadas nações possuem uma hegemonia local, a qual não possui 
garantias de manutenção, e deve estar sempre lutando para assegurar os seus interesses. 
Todos estão sujeitos a intensa interdependência global. Sofrendo consequências diante a 
ação de cada Estado e buscando parcerias e meios de chegar até a década seguinte ainda 
mais forte ou sem abrir mão do que já foi conquistado.

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