Buscar

1ª AULA PROC. PENAL AMBIENTAL

Prévia do material em texto

1/18 
 
1ª AULA: TEORIA GERAL DO PROCESSO PENAL 
- CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
Art. 1º, § Único da CF: 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, 
formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se 
em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, 
que o exerce por meio de representantes eleitos 
ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
 
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fontes do 
processo 
penal 
MATERIAIS 
FORMAIS 
- União; 
- Estado (se houver delegação por lei 
complementar) 
FONTES 
IMEDIATAS 
FONTES 
MEDIATAS 
 Constituição Federal; 
 Legislação Federal 
infraconstitucional; 
 Tratados, Convenções e 
regras do Direito 
Internacional. 
 
 Costumes; 
 Princípios gerais do 
direito; 
 Analogia; 
 Doutrinas; 
 Jurisprudência; 
 Direito Comparado. 
 
2/18 
 
FONTES MATERIAIS DO PROCESSO PENAL 
 
- União: A fonte material por excelência é a União, 
isto a luz do artigo 22, inciso I da Constituição 
Federal, vejamos: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União 
legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, 
processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho; 
 
- Estado: Excepcionalmente, o Estado também gera 
fonte material do direito, desde que haja autorização 
da União para legislar a respeito de determinado 
assunto. O Estado poderá criar leis que tratem de 
assuntos específicos de processo penal, isto a luz do 
Parágrafo Único da Constituição Federal, que diz: 
 
Parágrafo único. Lei complementar poderá 
autorizar os Estados a legislar sobre questões 
específicas das matérias relacionadas neste 
artigo. 
 
Como se vê, os Estados possuem competência 
concorrente. O “caput” do artigo 22 da Constituição 
Federal deixa estreme de dúvidas que a competência é 
exclusiva, e não privativa. Assim sendo, é 
perfeitamente possível o Estado legislar em 
determinados assuntos sobre direito processual penal. 
 
Para corroborar o acima ventilado, podemos trazer o 
artigo 24 da Constituição Federal, que nos ensina: 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao 
Distrito Federal legislar concorrentemente 
sobre: 
I - direito tributário, financeiro, 
penitenciário, econômico e urbanístico; 
II - orçamento; 
III - juntas comerciais; 
IV - custas dos serviços forenses; 
V - produção e consumo; 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação 
da natureza, defesa do solo e dos recursos 
naturais, proteção do meio ambiente e controle 
da poluição; 
3/18 
 
VII - proteção ao patrimônio histórico, 
cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio 
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de 
valor artístico, estético, histórico, turístico 
e paisagístico; 
IX - educação, cultura, ensino e desporto; 
X - criação, funcionamento e processo do 
juizado de pequenas causas; 
XI - procedimentos em matéria processual; 
XII - previdência social, proteção e defesa da 
saúde; 
XIII - assistência jurídica e Defensoria 
pública; 
XIV - proteção e integração social das pessoas 
portadoras de deficiência; 
XV - proteção à infância e à juventude; 
XVI - organização, garantias, direitos e 
deveres das polícias civis. 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a 
competência da União limitar-se-á a estabelecer 
normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar 
sobre normas gerais não exclui a competência 
suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas 
gerais, os Estados exercerão a competência 
legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades. 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre 
normas gerais suspende a eficácia da lei 
estadual, no que lhe for contrário. 
 
 
DAS FONTES FORMAIS IMEDIATAS DO DIREITO 
- Constituição Federal: Trata-se da maior norma a ser 
respeitada. Promulgada em 1988 dá as diretrizes a 
serem seguidas, bem como limita o poder estatal para 
evitar abusos e arbitrariedades. 
 
- Legislação infraconstitucional: trata-se, 
normalmente, de leis editadas pelo Congresso 
nacional, em face da competência privativa da União 
para legislar sobre processo penal (art. 22, I da 
CF). 
 
- Os Tratados, Convenções e regras de Direito 
Internacional: Como já vimos, trata-se de fonte 
4/18 
 
formal imediata de direitos (art. 5º, §§ 2º e 3º da 
CF.). Os tratados e convenções são de cunho 
supralegal, ou seja, está abaixo da Constituição 
Federal, e acima das normas infraconstitucionais, 
desde que a lei seja anterior ao tratado. Se após do 
tratado vier uma norma infraconstitucional, prevalece 
esta última, ou seja, a nova lei. 
 
 
DAS FONTES FORMAIS MEDIATAS DO DIREITO 
 
 
- Costumes: São as regras reiteradas às quais se 
agrega uma consciência de obrigatoriedade. Para a 
elaboração de determinada norma, deve-se ater o 
legislador aos costumes da comunidade ou sociedade. 
 
- Princípios Gerais do Direito: embora não esteja 
escrito nas normas, esses princípios existem de forma 
implícita. Ex. o direito não acolhe aos que dorme; 
ninguém pode se valer da própria torpeza, etc. 
 
 
- Analogia: Consiste em entender a um caso não 
previsto aquilo que o legislador previu para outro 
caso, desde que em igualdade de condições. 
 
- Doutrina: Consiste na opinião manifestada pelos 
operadores do direito ou estudiosos sobre determinado 
tema. 
 
- Jurisprudência: É o entendimento consubstanciado em 
decisões judiciais reiteradas sobre determinado 
assunto. 
 
- Direito Comparado: Embora, normalmente, não possuem 
aplicação no direito brasileiro, as normas jurídicas 
existentes em outras nações fornecem, em muitos 
casos, subsídios importantes para a solução de 
problemas comuns em vários países, inclusive 
inspirando a produção de leis sobre assunto 
específicos. 
 
 
 
5/18 
 
PRINCÍPIO DO DIREITO PROCESSUAL PENAL: 
- O que é princípio? 
É a base das normas, e, por muitas vezes, por ter 
cunho inicial, tem maior valor que a própria norma. É 
a origem de tudo, base para legislar e julgar 
determinados atos. 
 
- Princípio da Verdade Real: também conhecido como 
princípio da verdade material ou da verdade 
substancial. Para o processo penal, o que interessa 
na realidade é a verdade dos fatos, ou seja, o que 
efetivamente aconteceu em determinado caso. Daí, por 
vezes, vemos que embora o acusado tenha confessado 
determinado delito, acaba por ser absolvido. 
É justamente o contrário do direito civil, que por 
sua vez vige o princípio da verdade ficta. Noutras 
palavras é dizer que, no direito civil não importa a 
verdade de fato, mas sim se o requerido não responder 
a ação civil, o juiz pode entender serem verdadeiros 
os fatos narrados na inicial. 
 
- Princípio da Iniciativa das Partes: as partes estão 
obrigadas a cumprir com suas obrigações processuais. 
Ex. o Promotor de Justiça tem o dever, se assim 
entender ser o fato definido como crime e sua 
autoria, denunciar o acusado. Por outro lado, o 
acusado tem que defender-se. 
 
- Princípio do Devido Processo Legal: está consagrado 
em nossa Constituição Federal em seu artigo 5º, 
incisos LIV e LV, que diz: 
 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no Paísa inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de 
seus bens sem o devido processo legal; 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com 
os meios e recursos a ela inerentes; 
6/18 
 
 
 
Para que um indivíduo possa ser condenado ou 
absolvido, tem de se respeitar o devido processo 
legal, pois, do contrário, o processo é 
manifestamente nulo, podendo, inclusive, ser 
reiniciado a partir do vício (do erro ou da 
inobservância deste princípio e de outros). 
Ex. Caso a denúncia feita pelo Promotor de Justiça 
não tenha a prova da materialidade do crime que deixa 
vestígio, esta não poderá ser recebida pelo 
Magistrado; o acusado ser interrogado antes das 
oitivas das testemunhas (seja de acusação ou de 
defesa), também gera nulidade absoluta; processo 
conduzido por juiz suspeito ou impedido, etc. 
 
 
- Vedação à Utilização de Provas Ilícitas: provas 
obtidas por meios ilícitos, como tal consideradas 
aquelas que afrontam direta ou indiretamente 
garantias tuteladas pela Constituição Federal, não 
poderão, em regra, ser utilizadas no processo 
criminal como fator de convicção do juiz. 
O artigo 157 do Código de Processo Penal no traz: 
 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser 
desentranhadas do processo, as provas ilícitas, 
assim entendidas as obtidas em violação a 
normas constitucionais ou legais. 
 
 
Ex. a intercepção telefônica sem ordem da autoridade 
competente; confissão mediante tortura, etc. 
 
No entanto, há entendimento majoritário na doutrina 
que admite a produção de prova ilícita em favor do 
acusado, isto quando for o único meio de provar sua 
inocência, pois, como é cediço, não há direito com 
proteção absoluta. 
 
 
- Princípio da Presunção de Inocência: também chamado 
de princípio da não culpabilidade ou estado de 
inocência. 
7/18 
 
Trata-se de um desdobramento do princípio do devido 
processo legal. 
Tal princípio está esculpido em nossa Constituição 
Federal em seu artigo 5º, inciso LVII: 
 
LVII - ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
 
Todo acusado é presumidamente inocente, podendo ser 
considerado culpado somente após o término definitivo 
do processo penal. 
Em razão deste princípio, acaba por ocorrer a 
inversão da prova, ou seja, é o promotor de justiça 
que deve provar que o acusado/réu é culpado, e não o 
acusado provar que é inocente. 
Caso haja dúvidas quanto a autoria ou materialidade 
do crime, (se foi o acusado quem praticou o crime, ou 
se o fato existiu), a melhor decisão é a absolvição 
com base no artigo 386, incisos II, V e VII do Código 
de Processo Penal, que diz: 
 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando 
a causa na parte dispositiva, desde que 
reconheça: 
II - não haver prova da existência do fato; 
V – não existir prova de ter o réu concorrido 
para a infração penal; 
VII – não existir prova suficiente para a 
condenação. 
 
Noutras palavras é dizer que a dúvida favorece 
exclusivamente a defesa, mas nunca a acusação. 
Havendo dúvidas, o acusado deve ser absolvido. 
 
 
- Princípio da obrigatoriedade de motivação das 
decisões judiciais: Tal exigência se encontra no 
artigo 93, inciso IX da Constituição Federal: 
 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do 
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o 
Estatuto da Magistratura, observados os 
seguintes princípios: 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade, 
8/18 
 
podendo a lei limitar a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e a seus 
advogados, ou somente a estes, em casos nos 
quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o 
interesse público à informação; 
 
Caso o magistrado não motive e fundamente suas 
decisões, esta deve ser anulada, não gerando efeitos 
no mundo jurídico. 
Aliás, é proibido o magistrado formar sua convicção 
em provas produzidas exclusivamente em campo de 
inquérito policial, artigo 155 do Código de Processo 
Penal: 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela 
livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar 
sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, 
ressalvadas as provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas. 
 
 
As provas produzidas em campo de inquérito policial 
devem ser ratificadas em juízo, pois o inquérito 
policial não está sob o crivo do contraditório e da 
ampla defesa. 
 
 
- Princípio da Publicidade: como regra, todo processo 
penal e inquérito policial são público, salvo a 
algumas exceções. 
Tem por finalidade este princípio a transferência que 
o Estado deve ter, demonstrando a imparcialidade e 
lisura que conduz os procedimentos e processos. 
 
- Princípio da imparcialidade do juiz: todo juiz deve 
ser imparcial, julgar sem a intenção de favorecer ou 
prejudicar quem quer que seja. 
No entanto, caso o juiz seja suspeito ou impedido, 
não poderá julgar a causa sob pena de violação deste 
princípio. 
 
 
 
9/18 
 
Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério 
Público, os serventuários ou funcionários de 
justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-
ão de servir no processo, quando houver 
incompatibilidade ou impedimento legal, que 
declararão nos autos. Se não se der a 
abstenção, a incompatibilidade ou impedimento 
poderá ser argüido pelas partes, seguindo-se o 
processo estabelecido para a exceção de 
suspeição. 
 
 
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição 
no processo em que: 
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, 
consangüíneo ou afim, em linha reta ou 
colateral até o terceiro grau, inclusive, como 
defensor ou advogado, órgão do Ministério 
Público, autoridade policial, auxiliar da 
justiça ou perito; 
II - ele próprio houver desempenhado qualquer 
dessas funções ou servido como testemunha; 
III - tiver funcionado como juiz de outra 
instância, pronunciando-se, de fato ou de 
direito, sobre a questão; 
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, 
consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral 
até o terceiro grau, inclusive, for parte ou 
diretamente interessado no feito. 
 
 
 
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se 
não o fizer, poderá ser recusado por qualquer 
das partes: 
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de 
qualquer deles; 
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou 
descendente, estiver respondendo a processo por 
fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja 
controvérsia; 
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, 
consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, 
inclusive, sustentar demanda ou responder a 
processo que tenha de ser julgado por qualquer 
das partes; 
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, 
de qualquer das partes; 
VI - se for sócio, acionista ou administrador 
de sociedade interessada no processo. 
 
10/18 
 
 
O que se busca com base neste princípio é justamente 
uma decisão correta, justa, eficaz e desprovida de 
qualquer fato ou ato que possa gerar prejuízo ao 
acusado ou a sociedade. 
 
 
- Princípio da Isonomia Processual: As partes, em 
juízo, devem contar com as mesmas condições, 
oportunidadese tratamento, tudo de forma 
igualitária. 
Há quem sustente o seguinte entendimento: “tratar os 
iguais com igualdade, os desiguais com desigualdade 
na medida de sua desigualdade”. 
Ex. um juiz de direito não pode ser julgado por um 
juiz de 1º grau, mas sim pelo Tribunal de Justiça. 
Percebe-se neste caso que, embora todos são iguais 
perante a lei, há algumas situações de que há 
diferença em determinados casos. 
 
- Princípio do Contraditório: este princípio 
apresenta-se com um dos mais importantes no sistema 
acusatório. Trata-se do direito assegurado as partes 
de serem cientificadas de todos os atos e fatos 
havidos no curso do processo, podendo manifestar-se a 
respeito e produzir provas necessárias antes de ser 
prolatada a sentença penal. 
O direito ao contraditório, sob a ótica do réu, 
guarda estreita relação com a garantia da ampla 
defesa. 
Entretanto, comparadas as duas garantias, o 
contraditório possui maior abrangência do que a ampla 
defesa, visto que alcança não apenas o polo 
defensivo, mas também o polo acusatório, na medida em 
que a este também deva dar ciência e oportunidade de 
contrariar os fatos praticados pela parte ex adversa. 
 
- Princípio da Ampla Defesa: Consagrada no artigo 5º 
da Constituição Federal, a ampla defesa traduz um 
dever que assiste o Estado de facultar ao acusado 
toda a defesa possível quanto a imputação que lhe foi 
realizada. 
Este princípio, como já estudamos anteriormente, 
guarda intrínseca relação com o contraditório. 
11/18 
 
O acusado tem o direito de produzir todas as provas 
pertinentes a acusação, desde que lícitas, ou, como 
já vimos, ilícitas se for o único meio de provas sua 
inocência. 
 
- Princípio do Dublo Grau de jurisdição: Este 
princípio se concretiza mediante a interposição de 
recursos, decorrente da necessidade de possibilitar a 
determinados órgãos do Poder Judiciário a revisão de 
decisões proferidas por juízes ou tribunais sujeitos 
a sua jurisdição. 
 
Tanto a defesa, quanto a acusação tem como regra o 
direito de recorrer da decisão que lhe venceu, ou, 
noutras palavras, não foi a decisão mais acertada de 
acordo com seus interesses. 
 
- Princípio do Juiz Natural: este princípio decorre 
do artigo 5º, inciso LIII da Constituição Federal, 
que diz: 
 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado 
senão pela autoridade competente; 
 
 
Compreende-se, assim, da análise do inciso LIII que a 
pretensão a ele incorporada objetiva assegurar ao 
acusado o direito de ser submetido a processo e 
julgamento não apenas pelo juízo competente, mas 
também, pelo órgão do Poder Judiciário regularmente 
investido e imparcial. 
 
 
- Princípio do Promotor Natural: tem a mesma previsão 
legal que do princípio do juiz natural, uma vez que 
no dispositivo constitucional é utilizado o verbo 
“processado”. 
Não se olvidando de que quem é titular da ação penal 
nas ações públicas incondicionada é a pessoa do 
promotor de justiça, o acusado tem o direito de saber 
que o acusará, sendo defeso a nomeação de determinado 
promotor para atuar especialmente em determinados 
casos. 
Na verdade, a ofensa ao princípio do promotor natural 
ocorre nas hipóteses que presumem a figura do 
12/18 
 
acusador de exceção, lesionando o exercício pleno e 
independente das atribuições no Ministério Público. 
 
 
PRINCÍPIOS QUE INFORMAM O PROCESSO PENAL 
 
 
- Princípio da legalidade ou da obrigatoriedade: os 
órgãos aos quais é atribuída a persecução criminal 
não possuem poderes discricionários para agir ou 
deixar de agir em determinadas situações segundo o 
critério da oportunidade e conveniência. 
Todo ato administrativo e judicial, deve estar 
amparado em lei e devidamente motivado e 
fundamentado. 
Ex. o delegado de polícia, ao receber uma notícia de 
um crime, não está desobrigado a instaurar o 
inquérito policial, ao contrário, é dever de ofício, 
está obrigado a instaurar o inquérito policial; o 
promotor, ao receber o inquérito policial, está 
obrigado a oferecer a denúncia, desde que presentes 
os requisitos para tanto. 
 
- Princípio da oficiosidade: Trata-se de 
desdobramento da legalidade, significando que a 
autoridade policial e o Ministério Público devem agir 
ex officio visando à apuração dos crimes de ação 
penal pública, não devendo, salvo as hipóteses que 
exigem representação do ofendido ou requisição do 
Ministro da Justiça, aguardar a provocação de 
eventuais interessados (artigos 5º, §§ 4º e 5º, e 24 
do Código de Processo Penal). 
 
- Princípio do Impulso Oficial: uma vez instaurado o 
processo criminal, o juiz, de ofício, ao encerrar 
cada etapa procedimental, deve determinar que se 
passe à seguinte, sem que, para esse fim, seja 
necessário requerimento das partes. Justifica-se o 
princípio na circunstância de que ao Estado compete o 
jus puniendi, sendo que o seu interesse em exercê-lo 
independe de ser titular da ação penal o Ministério 
Público ou particular. 
 
 
13/18 
 
- Princípio da oficialidade: possui fundamento legal 
nos artigos 129, I, e artigo 144, § 4º, ambos da 
Constituição Federal, bem como no artigo 4º do Código 
de Processo Penal. Importa no sistema vigente, em 
atribuir a determinados órgãos do Estado a apuração 
de fatos delituosos (persecução penal), bem como a 
aplicação da pena que vier, eventualmente, a ser 
fixada. 
Para apuração de crime, somente o Estado tem poderes 
e competência para tanto, jamais o particular. 
 
- Princípio da Indisponibilidade: consagrado em 
vários dispositivos do Código de Processo Penal, como 
por exemplo, o artigo 17 do mesmo “codex”, que proíbe 
o delegado de polícia arquivar o inquérito policial; 
o artigo 42, que estabelece que o Ministério Público 
não poderá desistir da ação penal pública, e o artigo 
576, que impede o Ministério Público de desistir do 
recurso que haja interposto. 
 
- Princípio da identidade física do juiz: consiste na 
vinculação do juiz aos processos cuja instrução 
tivesse iniciado, de sorte que não poderia o feito 
ser sentenciado por outro magistrado distinto, isto a 
luz do artigo 399, § 2º do Código de Processo Penal, 
que diz: 
 
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o 
juiz designará dia e hora para a audiência, 
ordenando a intimação do acusado, de seu 
defensor, do Ministério Público e, se for o 
caso, do querelante e do assistente. 
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá 
proferir a sentença. 
 
 
 
Não se aplica este princípio em casos de convocação 
para outra instância, licenciado, afastado por 
qualquer motivo, promovido ou aposentado. 
 
- Princípio do in dubio pro reo ou favor rei: 
Em caso de dúvida, é de rigor a absolvição, como já 
visto no princípio da inocência. 
 
 
14/18 
 
 
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
 
No direito comparado, são três espécies de sistemas 
processuais (tipos de processo penal): sistema 
acusatório, sistema inquisitivo e sistema misto. 
 
- Sistema Acusatório: próprio dos regimes 
democráticos, sistema acusatório caracteriza-se pela 
distinção absoluta entre as funções de acusar, 
defender e julgar, que deverão ficar a cargo de 
pessoas distintas. 
Chama-se sistema acusatório porque ninguém poderá ser 
chamado em juízo sem que haja uma acusação, por meio 
da qual o fato imputado seja narrado com todas as 
suas circunstâncias. 
Assegura-se o contraditório e ampla defesa, sendo 
garantido neste sistema que a defesa se manifeste 
somente após a manifestação da acusação. 
 
- Sistema Inquisitivo: típicodos sistemas 
ditatoriais, contempla um processo judicial em que 
podem estar reunidas na pessoa do juiz as funções de 
acusar, defender e julgar. 
O acusado, praticamente, não possui garantias no 
decorrer do processo criminal (ampla defesa, 
contraditório e devido processo legal etc.). 
 
- Sistema Misto: classicamente, define-se sistema 
processual misto como aquele que abrange duas fases 
processuais distintas: uma a fase inquisitiva, 
destituída de contraditório, publicidade e ampla 
defesa, na qual são realizadas uma investigação 
preliminar e uma instrução preparatória, sob o 
comando do juiz; e outra, a fase de julgamento, em 
que são asseguradas ao acusado todas as garantias do 
processo acusatório, em especial a isonomia, o 
direito de manifestar-se após a acusação e a 
publicidade. 
 
No Brasil, a corrente majoritária entende que o 
sistema adotado no Brasil é o sistema acusatório. 
 
 
 
15/18 
 
DOS RITOS PROCESSUAIS 
 
Temos o rito sumaríssimo, sumário e o ordinário. 
Diferencia-se um rito do outro em razão da pena 
aplicada ao delito. 
 
- Sumaríssimo: quando a pena for de até dois anos ou 
contravenção penal. 
O número de testemunha que pode ser arrolada é até o 
número de três, se contravenção, pois, se for 
considerado crime, é possível arrolar até cinco 
testemunhas. 
 
- Sumário: quando a pena for superior a dois e não 
ultrapasse a quatro anos. 
Neste rito é permitido arrolar até cinco testemunhas. 
Ex. homicídio culposo. 
 
- Ordinário: quando a pena for superior a quatro 
anos. 
Neste rito é permitido arrolar até 8 testemunhas. 
Obs. No rito do Tribunal do Júri, que é um rito 
especial, é permitido arrolar oito testemunhas na 
primeira fase e cinco na segunda, totalizando 13 
testemunhas. 
Exceção: Crimes de tóxicos, que são cinco 
testemunhas. 
 
TIPO DE AÇÕES PENAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AÇÃO PENAL 
PÚBLICA 
CONDICIONADA 
PÚBLICA 
INCONDICIONAD
A 
PRIVADA 
 A Representação do 
ofendido ou (CADE); 
 Requerimento do Ministro 
da Justiça 
Independe de representação 
ou requerimento. 
Propriamente dita: queixa 
crime. Prazo de 6 meses. 
Subsidiária da pública: 
quando o Promotor de 
Justiça fica inerte. 
Prazo de 6 meses. 
Ação Penal Privada 
Personalíssima. Prazo de 6 
meses. (art. 236 do CP.) 
16/18 
 
 
 
 
Como regra, todas as ações penais referentes ao crime 
ambiental são de ação penal pública incondicionada, 
isto a luz do artigo 26 da Lei nº 9.605, de 12 de 
fevereiro de 1998, que diz: 
 
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta 
Lei, a ação penal é pública incondicionada. 
 
 
 
No entanto, por força do artigo 29 do Código de 
Processo Penal, é possível a interposição de ação 
subsidiária da pública, vejamos: 
 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes 
de ação pública, se esta não for intentada no 
prazo legal, cabendo ao Ministério Público 
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia 
substitutiva, intervir em todos os termos do 
processo, fornecer elementos de prova, interpor 
recurso e, a todo tempo, no caso de negligência 
do querelante, retomar a ação como parte 
principal. 
 
 
O prazo para o Ministério Público propor a ação penal 
através da denúncia é de cinco dias, se o réu estiver 
preso, ou de quinze dias se réu solto. 
 
 
COMPETÊNCIA PARA AÇÃO PENAL 
 
De acordo com o artigo 109, inciso I da Constituição 
Federal, os Juízes Federais podem julgar crimes 
quando estes forem praticados contra a União. 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar 
e julgar: 
I - as causas em que a União, entidade 
autárquica ou empresa pública federal forem 
interessadas na condição de autoras, rés, 
assistentes ou oponentes, exceto as de 
falência, as de acidentes de trabalho e as 
17/18 
 
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do 
Trabalho; 
 
 
Caso o crime tenha sido praticado contra o Estado, 
caberá a Justiça Estadual julgar. 
Noutras palavras é dizer que a competência se dá em 
razão do sujeito passivo (vítima). 
 
 
FASES DA AÇÃO PENAL NO RITO ORDINÁRIO 
 
A ação penal, seja ela de competência da justiça 
federal ou estadual, deve seguir o disposto no Código 
de Processo Penal. No entanto, se for crime de menor 
potencial ofensivo, apenas até dois anos, o rito é da 
Lei 9099/95. 
 
A Ação penal, em primeiro grau, inicia-se com o 
recebimento da denúncia ofertada pelo Ministério 
Público e termina com a sentença penal prolatada pelo 
Magistrado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No entanto, a Lei de crimes ambientais (Lei nº 
9.605, de 12 de fevereiro de 1998), prevê casos de 
transação penal, isto a luz dos artigos 27 e 28 e 
seus incisos, vejamos: 
 
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial 
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 
da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente 
poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia 
Oferecimento 
da denúncia 
Recebimento 
da denúncia 
Prazo de 10 
dias para 
resposta a 
acusação 
Oitiva de 
testemunhas 
de acusação 
Oitiva de 
testemunhas 
de defesa 
Interrogatório 
do acusado 
Diligências 
Interrogatório 
do acusado 
Memoriais 
Sentença 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
10 
9 
18/18 
 
composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da 
mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. 
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 
de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor 
potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes 
modificações: 
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que 
trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de 
laudo de constatação de reparação do dano ambiental, 
ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° 
do mesmo artigo; 
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não 
ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do 
processo será prorrogado, até o período máximo previsto 
no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, 
com suspensão do prazo da prescrição; 
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as 
condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo 
mencionado no caput; 
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à 
lavratura de novo laudo de constatação de reparação do 
dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser 
novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo 
previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto 
no inciso III; 
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração 
de extinção de punibilidade dependerá de laudo de 
constatação que comprove ter o acusado tomado as 
providências necessárias à reparação integral do dano.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes