Buscar

RESENHA CRITICA - Entre coxias e recreios

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Um autor/pesquisador dentre vários
	O livro Entre coxias e recreios reúne dez pensadores que contam suas vivências nos seus campos de trabalho, no qual nós ficaremos com André Luiz Porfiro que ao longo de 04(quatro) meses, numa escola municipal da cidade do Rio de Janeiro, desenvolve uma pesquisa baseada nos quatro pilares da educação para o século XXI – UNESCO escrito por Jacques Delors, n’Os setes saberes necessários para a educação do futuro (2000), de Edgar Morin sob o pensamento de Jean-Pierre Ryngaert.[1: Nascido em Paris, 20 de Julho de 1925, é um político europeu de nacionalidade francesa, tendo sido presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995 e foi autor/organizador do relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, intitulado: Educação, um Tesouro a descobrir (1996), em que se exploram os Quatro Pilares da Educação.][2: Paris, 8 de Julho 1921, formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. Autor de mais de trinta livros, entre eles: O método (6 volumes), Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro.][3: Professor de Estudos Teatrais na Universidade de Paris III, onde atua na graduação, na formação de pesquisadores e formação profissional continuada.]
	O autor inicia com uma epígrafe que metaforiza a dificuldade da prática teatral no ensino fundamental das escolas públicas, especificando a que ele trabalhara, onde busca-se metodologias que possam unir os “conhecimentos enraizados em teatro”(PORFIRO,2006, p. 114) com as formas de saberes hegemônicos. Para que isso se estabeleça numa época de acesso exacerbado à informação, é preciso que se ordene uma maneira de desconstrução da informação para reconstruí-la, enquanto forma de conhecimento, sem que seja posto de lado os saberes históricos, culturais e pessoais dos grupos sociais menos favorecidos. 
	Os alunos da rede municipal, em sua maioria, só entram em contato com o teatro através da televisão e do cinema da cultura em massa, quando não em igrejas ou alguma atividade comunitária. A arma utilizada para desconstruir esse patrimônio teatral sob a perspectiva televisiva para a criação de uma nova visão ou alfabeto cênico, termo utilizado pelo autor, é o jogo dramático. Pois é a partir desse momento que a presença de um professor autoritário deve sumir para dar vazão a uma dinâmica educacional em que o grupo faz do jogo um sistema prazeroso de aprendizado. Esse processo de transformação do olhar do indivíduo é algo que na atualidade (salvo os trabalhos de arte-educação) vem sendo feita de maneira incoerente, pois pretende-se dar uma chance de humanização e integração, mas vemos projetos que criam uma distância ainda maior com esse alvo, apenas criando cartazes e panfletos de conscientização, dando palestras e aulões, e cada vez mais o individuo toma uma forma passiva, criando um bloqueio para que esse conhecimento de socialização não chegue até ele. É aqui que entra o jogo, que em seu sentido etimológico significa divertimento, passatempo sujeito a regras e deve ser observada enquanto se joga. Desde os primórdios que o jogo é tratado como um dos principais fatores para a aprendizagem, dentro e fora do ambiente escolar. 
	A alfabetização cênica propõe uma leitura sobre o teatro que se encaixe com as necessidades do coletivo, e que o mesmo seja causador de uma resolução dos conflitos criados por este grupo. A prática de jogos redimensiona a maneira de ver o ambiente escolar, inclusive a sala de aula, isso proporciona uma maior autoestima para os alunos, que passarão a se ver construtores de uma experiência teatral. 
O processo de aprendizagem no sistema dos jogos teatrais estrutura-se a partir da resolução de problemas de atuação que vão sendo apresentados pelo coordenador, para que o grupo, e cada um de seus integrantes, elabore respostas próprias. (DESGRANGES, p. 111)
	Ao criar formas para que o aluno entenda o seu mundo a partir de criações simbólicas, a alfabetização cênica encaminha o aluno para uma experiência onde quem define é quem joga, vai mais longe e amplia os seus olhares quem se permitir inclusive o próprio rompimento dos limites impostos pelos jogos pode acontecer, podendo sempre ser um processo de reconstrução. Outro ponto que merece destaque no texto é o ato de reconstruir, fazer com que o aluno seja emancipado a desconstrução de uma ideia e passe a pensar em como ele, um ser autônomo, pode criar, essa autonomia lhe trará, através do desconforto, a autoestima necessária para permanecer na busca de novas reconstruções.
	A experiência foi dividida em quatro fases, cuja primeira explica o início do contato dos alunos com o universo teatral, pois o Luiz teria lecionado aula de artes cênicas no semestre anterior e isso traria uma facilidade para o trabalho que iria ser desenvolvido. Assim como sugerido por Spolin (2008, p. 289): “Se o direto estiver engajado num projeto comunitário (...) ele deve dar aos atores um problema e sugerir a situação ou estrutura, ou fazer seus atores trabalharem sobre o tema”. O primeiro encontro foi baseado na pergunta Qual a origem do seu bairro? As respostas que surgiram vinham de mitos que teriam sido contados a eles, nenhum é certo a verdadeira história, em seguida tiveram que buscar novas histórias com seus familiares, das histórias recolhidas foram criadas imagem na qual servirão para a construção de cenas mais adiante. Nessas imagens foram utilizados os corpos individuais, coletivos e depois adicionando objetos às imagens, dessa maneira, os objetos acrescentavam na construção e ao mesmo tempo contribuía para a compreensão e assimilação da linguagem teatral.
	Na segunda fase, preocupa-se com a dramaturgia, que toma um direcionamento com base nos jogos improvisados a partir das imagens criadas pelas histórias da origem do bairro. Na criação de um roteiro de ações, foi proposta ao grupo a elaboração de desenhos que contivessem nove arquétipos, no qual provocam a vida afetiva e representacional do grupo, visto que esses arquétipos eram símbolos culturais. Da junção dos materiais criados, formou-se um acervo simbólico suficiente para transpor em linguagem teatral. Em grupos, os alunos criaram duas histórias baseadas no acervo imagético, nos jogos e nos desenhos que teriam sido feitos até o momento, elegendo apenas uma para então criar o roteiro de ações. Feito isso, o próximo passo foi a transformação espacial, que diferentemente das outras, esta fase foi trabalhada de maneira própria, no qual os alunos teriam que utilizar os materiais da sala para criar os ambientes pedidos na dramaturgia, mas sempre de forma livre para a experimentação, construção e reconstrução da cena. Na penúltima fase do processo, que se deu na transição entre jogos dramáticos e processo de montagem, após todos os elementos do acervo trabalhado a partir dos jogos, fez-se o que foi chamado de produto criativo.
A apresentação leva à fruição de todo o processo criativo de fazer uma peça e a plateia deve ser envolvida neste processo. A plateia é o último raio que completa a roda, e sua relação não apenas com a peça, mas também com a atuação é de maior importância. A resposta da plateia pode ajudar a avaliar a sua produção. (SPOLIN, p.109)
A apresentação foi realizada na mesma sala onde aconteciam os encontros dentro de uma amostra de teatro das escolas públicas em três sessões, na plateia teve-se a comunidade escolar, jurados da mostra e público em geral. O mais importante foi a conexão da identidade cultural dessa minoria com uma história criada a partir de suas raízes, onde atuantes e espectador caminham juntos numa experiência de reconhecimento com o produto final. Ainda é de extrema importância refletir sobre a posição que os alunos tomam diante a comunidade presente, pois a partir do trabalho que eles foram ativos na construção atingiu-se o teatro e a sua linguagem essencial. 
Referências Bibliográficas
____________. O jogo teatral no livrodo diretor. Trad. Ingrid Dormien Koudela e Eduardo José de Almeida Amos. São Paulo. Perspectiva, 2001.
DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do teatro: provocação e dialogismo. São Paulo: Editora Hucitec: Edições Mandacaru, 2006.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Trad. Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya – 2. ed. – São Paulo. Cortez. Brasília, DF : UNESCO, 2000.
NEVES, Libéria Rodrigues. O uso dos jogos teatrais na educação: Possibilidades diante do fracasso escolar. São Paulo: Papirus, 2009.
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. Trad. Ingrid Dormien Koudela e Eduardo José de Almeida Amos. São Paulo. Perspectiva, 2008.
TAVARES, Renan. Entre coxias e recreios: recortes da produção carioca sobre o ensino do teatro.Org. Renan Tavares. São Paulo: Yendis Editora, 2006.
Sites:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Delors;
http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Morin;
http://editora.cosacnaify.com.br/Autor/369/Jean-Pierre-Ryngaert.aspx
3
4

Outros materiais