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AUTONOMIA DO EGO 
1. Autonomia do ego 
Freud via o ego como a instância que tenta mediar entre as exigências do id (instintos), 
do superego (moral e normas) e da realidade. 
Quanto mais o ego consegue equilibrar essas forças sem ser dominado por nenhuma 
delas, mais autônomo ele é. 
“Onde estava o id, o ego deve advir.” 
Essa frase clássica de Freud (em O Ego e o Id, 1923) simboliza o processo de 
autonomização psíquica — o sujeito ganhando consciência e controle sobre impulsos 
inconscientes. 
⚖️ 2. Autonomia e autoconhecimento 
Para Freud, tornar-se autônomo envolve trazer o inconsciente à consciência. 
Enquanto o sujeito é guiado por desejos reprimidos, repetições e defesas inconscientes, 
ele não é livre — apenas repete padrões sem saber por quê. 
A psicanálise permitiria, então, que a pessoa assumisse a direção de si mesma, com 
mais liberdade de escolha. 
“O homem não é senhor em sua própria casa.” (Introdução ao Narcisismo, 1914) 
Freud reconhece a limitação da autonomia humana, mas ao mesmo tempo propõe que o 
autoconhecimento é o caminho para ampliar essa liberdade. 
️ 3. Autonomia e o conflito interno 
Freud também acreditava que a autonomia não é total — o inconsciente sempre existirá 
e influenciará o comportamento. 
Mas o objetivo é reduzir o domínio dos impulsos inconscientes e fortalecer o ego 
para lidar com eles de forma madura. 
Ou seja, a autonomia freudiana é relativa, nunca absoluta. 
🛋️ 4. Autonomia como resultado do processo analítico 
Durante o tratamento, o analista ajuda o paciente a reconhecer seus conflitos, repetições 
e resistências. 
Ao compreender suas próprias motivações e emoções, o indivíduo passa a agir com 
mais consciência, não apenas reagindo automaticamente. 
Isso é o que Freud chamaria de uma conquista de autonomia interna. 
 
🌱 1. Quem foi Winnicott e sua visão sobre o cuidado 
Donald Woods Winnicott foi um pediatra e psicanalista britânico, discípulo de Freud e 
colaborador de Melanie Klein. Diferente dos que centravam o olhar na patologia, 
Winnicott voltou-se para o que sustenta a saúde psíquica: a relação entre o bebê e 
quem o cuida. 
Para ele, o ser humano só se torna um “eu” porque foi cuidado — porque alguém o 
segurou, o entendeu, o viu e respondeu de modo sensível às suas necessidades. 
A mãe (ou cuidador principal) oferece algo que Winnicott chamou de “holding”, ou 
seja, sustentação emocional e física. Esse cuidado constante e suficientemente bom 
cria no bebê uma sensação de continuidade e segurança, permitindo que o self (o “eu 
verdadeiro”) se desenvolva de maneira espontânea. 
Quando esse cuidado falha de forma grave, o sujeito aprende a se proteger criando um 
“falso self”, uma máscara que se adapta às expectativas externas, mas perde o contato 
com sua autenticidade. 
Versão simbólica — Freud falando à alma sobre autonomia 
Freud diria que a autonomia não nasce do silêncio das sombras, mas da coragem de 
escutá-las. O ser humano acredita ser livre quando decide, mas, muitas vezes, é o 
inconsciente quem sussurra o caminho e move os pés. 
A verdadeira autonomia, para ele, começa quando a pessoa reconhece seus impulsos, 
medos e desejos reprimidos, e não quando tenta negá-los. 
Autonomia, então, não é ausência de conflito, mas consciência sobre ele. 
É quando o ego, fortalecido, aprende a dialogar com o id e o superego, equilibrando 
instinto, moral e realidade. 
Freud veria o homem autônomo como aquele que assume o timão da própria psique, 
mesmo sabendo que o mar inconsciente é vasto e jamais será totalmente domado. 
Em suas palavras não ditas, ele talvez dissesse: 
“Ser autônomo é fazer as pazes com o que em ti é humano, contraditório e profundo.” 
 
📚 Versão acadêmica — Freud e o conceito de autonomia psíquica 
Embora Freud não tenha abordado diretamente o termo “autonomia” no sentido 
moderno, o conceito é subentendido em sua teoria do aparelho psíquico. Para Freud, a 
autonomia está relacionada à fortalecimento do ego, instância responsável por mediar 
as exigências do id, do superego e da realidade. 
Em O Ego e o Id (1923), ele expressa essa ideia ao afirmar: 
“Onde estava o id, o ego deve advir.” 
Essa frase resume o ideal de uma mente que, ao tornar consciente o que era 
inconsciente, conquista maior domínio sobre seus impulsos. Assim, a autonomia 
freudiana refere-se à capacidade do sujeito de agir com base em seu 
autoconhecimento, reduzindo a influência das forças inconscientes. 
No entanto, Freud reconhece que essa autonomia é relativa, já que o inconsciente 
jamais será completamente acessível. O processo analítico, portanto, tem como objetivo 
ampliar o campo da consciência e favorecer a autodeterminação psíquica, sem 
pretender eliminar os conflitos que fazem parte da condição humana. 
 
2. A ética do cuidado em Winnicott 
A ética do cuidado, na perspectiva winnicottiana, não é apenas uma moral do “fazer o 
bem”. É uma atitude de presença, empatia e responsabilidade afetiva. 
Cuidar, para Winnicott, significa oferecer espaço para o outro existir — sem invadi-
lo e sem abandoná-lo. 
O cuidado ético não impõe, mas acolhe; não domina, mas sustenta. 
No campo psicanalítico, o analista que adota essa ética oferece um ambiente em que o 
paciente pode “regredir” com segurança, revisitar partes feridas de si e reconstruir seu 
próprio self. 
Essa ética é, portanto, relacional e criadora: o cuidado é um gesto de fé no potencial de 
crescimento do outro. 
🌼 3. Cuidar como base da autonomia 
Winnicott e Freud se encontram aqui: a autonomia nasce do cuidado. 
Só pode ser autônomo aquele que, um dia, foi suficientemente amparado. 
O bebê que viveu um ambiente previsível e amoroso internaliza essa experiência e passa 
a cuidar de si mesmo. 
Assim, a ética do cuidado não é contrária à liberdade, mas o caminho que a torna 
possível. 
✨ Resumo 
Para Winnicott, o cuidado é o alicerce do humano. A ética do cuidado é uma forma de 
reconhecer que o outro existe em sua vulnerabilidade e que nossa presença tem poder de 
sustentar ou ferir. 
Cuidar é um gesto ético, porque é reconhecer a dependência e a dignidade do outro 
— e, ao mesmo tempo, aprender a lidar com as nossas próprias fragilidades.

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