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Sociologia do Direito

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Adam Smith
1758 – Teoria dos sentimentos Morais
1786 – Riqueza das nações
Em Teoria dos sentimentos morais se extrai a sua concepção de ser humano. Foi reeditado até a sua morte (1790). Na riqueza das nações se observa a sua concepção das instituições. 
Smith combate o sistema econômico do mercantilismo. 
Preliminares
Economia política: riqueza e felicidade pública
Smith foi o fundador da disciplina de economia política. 
A economia política é o ramo da ciência da legislação (ciência das instituições). Tem por finalidade maximizar a renda seja do soberano, seja das pessoas. 
“os homens não desejam o dinheiro por ele mesmo, mas sim por aquilo que podem adquirir com ele”. 
O que Smith fez foi destacar a dimensão econômica do bem comum. Com a modernidade, aliás, essa dimensão passou a ser central. 
Que a maioria tenha acesso aos bens vitais (alimentos, moradia e vestuário) é uma questão de equidade.
Categorias centrais na economia política: trabalho e consumo
A riqueza das nações não consiste no dinheiro, mas sim nos bens de consumo produzidos pelo trabalho da sociedade. “A liberdade total é a única maneira de tornar essa produção a maior possível”. 
Na idade média havia uma classe que não produzia. Com a sociedade moderna, isso não existe mais: todos são trabalhadores e consumidores. O agente econômico, então, acaba tendo uma dupla qualidade – trabalho e consumo.
“O trabalho constitui a verdadeira medida do valor”. 
O consumo é o único fim e propósito da produção, e o interesse do consumidor é preponderante em face do interesse do produtor. “isso é tão evidente que é um absurdo tentar provar”.
O problema do mercantilismo é que se privilegia o produtor (e não todos os produtores – apenas os poucos que tem o monopólio).
Instituições
Smith compara a situação das colônias britânicas às espanholas e portuguesas. O sistema econômico destes é agrícola. Por isso a condição das terras e do clima é preponderante.
Todavia, na América do Norte, as instituições políticas são mais avançadas. E isso acaba tendo resultados ainda melhores.
A política se coloca em posição anterior à própria economia. 
O projeto liberal
SMITH se coloca contra o antigo regime. 
Ele prega a liberdade, igualdade e justiça.
Antropologia de SMITH
Simpatia e imparcialidade
 “Por mais egoísta que seja o ser humano, ele tem algum interesse na felicidade dos outros”. 
É um princípio da natureza humana a piedade/compaixão. É fato que ficamos tristes com a tristeza alheia. Esse sentimento se faz presente em todos – é um princípio da natureza humana.
A imaginação: causa instrumental da empatia
A imaginação é o meio pelo qual se dá a empatia. Por meio da imaginação, nos colocamos no lugar do outro, formando assim uma ideia das suas sensações.
Tanto o prazer quanto a dor alheia são sentidos tão instantaneamente que não há como eles se deem por razões egoístas. 
A simpatia é o princípio da natureza humana que permite a sociabilidade. 
Simpatia e imparcialidade
É claro, existe uma diferença de grau entre a simpatia que eu tenho da dor alheia. Mas, ainda que sejam diferentes em grau, há uma certa correspondência. E essa correspondência permite a vida em sociedade.
Assim, embora os sentimentos não serem idênticos, eles são concordes. Isso é tudo o que é necessário para que a sociedade subsista.
A fim de produzir essa concordância, o espectador tenta se colocar na situação do sofredor (sufferer). Mas o sufferer também se coloca na situação do espectador. Existem julgamentos concomitantes. E o espectador, imaginando que o outro imagina o seu pensamento, ele modera seus sentimentos.
		Existe uma dialética na empatia.
A imparcialidade é o ponto de vista de lugar nenhum. A imparcialidade se dá quando alguém gradua a sua postura ao se colocar no lugar do outro ao ver sua ação original.
A ideia de liberdade de Smith está vinculada à sua imparcialidade. Se o cara não consegue fazer um juízo sobre si mesmo, ele não é livre. Sem imparcialidade não há liberdade.
É o fato de conseguir sentir com o outro é que se obtém a racionalidade. A racionalidade só se dá depois que alguém consegue se distanciar de seus próprios sentimentos.
“A humanidade não almeja ser eminente, mas ser amada. A maior parte da felicidade humana surge da consciência de ser amado”.
O outro, então, não é um obstáculo à felicidade, mas sim um pressuposto para ela.
“Quando me esforço para analisar a minha própria conduta (...) tudo se passa como se eu me dividisse em duas pessoas, em que eu, examinador e juiz, fosse uma outra pessoa”. 
Toda a busca de riqueza, para SMITH, no fundo, busca o reconhecimento. “É a vaidade, e não o bem estar” que interessa. Mas a vaidade sempre se funda sobre a crença de que somos objetos de observação e afeição. 
Conclusão quanto à antropologia em SMITH
Seriam duas as dimensões do ser humano: a primeira relacional – cujo princípio seria a simpatia; a segunda seria a imparcialidade, que tem origem na razão.
A sociedade mercantil
Gênese da divisão do trabalho (especialização)
A possibilidade da troca de excedente leva à especialização.
A propensão para a troca
A propensão para a troca se funda no logos.
A divisão do trabalho não é fruto da sabedoria humana (não é um planejamento consciente). A divisão do trabalho é uma inclinação necessária da razão e da linguagem. 
		Todos os povos têm essa propensão para a troca.
Dependência e relacionabilidade
O ser humano, mesmo na maioridade, não é auto-suficiente.
Necessidade e justiça
 “seria vão esperar o auxilio dos demais com base na sua bondade”. É necessário, para que eu satisfaça meus interesses, que eu desperte o interesse alheio.
“Dá-me isso que eu quero e terás isto que tu queres” (do ut des)
“Não é da bondade do açougueiro, cervejeiro e do padeiro (...)”, mas da vantagens que propicio a eles. Numa troca, eu não falo dos meus interesses – mas dos interesses que os outros satisfarão com a troca. 
		SMITH não fala, mas está tratando da justiça comutativa (o justo das trocas).
Nessas condições, o instituto da troca tem como pressuposto que eu me coloque no lugar do outro – ou seja, exerça a simpatia. 
(*) Então, o mercado força a empatia.
Divisão do trabalho e causa da invidualização das pessoas
A diferença de talento natural entre os seres humanos é muito menor do que pensamos. O que acontece é que a divisão do trabalho torna as pessoas diferentes.
		É a estrutura social que torna as pessoas diferentes. 
Sob essa perspectiva, a diferença aproxima as pessoas. O fato de um ter que buscar, na troca, o outro.
Os seres humanos aproveitam as suas dessemelhanças. O médico se aproveita das diferenças que ele nutre para com um engenheiro. 
Mercado e sociedade
Todos os homens vivem da troca, tornando-se, até certo ponto, mercadores, e a própria sociedade vai se tornando uma sociedade mercantil.
“Os ricos consomem pouco mais que os pobres e a despeito de seu natural egoísmo e inclinações predatórias, embora eles pensem tão somente em suas comodidades (...) apesar disso, dividem com os pobres o produto de todas as suas melhorias. São conduzidos por uma mão invisível, e assim, sem intenção, sem saber, promovem os interesses da sociedade”. (T. dos sentimentos morais).
O rico, para satisfazer um interesse seu, ele, ao buscar a sua própria felicidade, irá beneficiar os outros.
“Cada indivíduo trabalha para que a sua produção tenha o máximo valor, mas, deste modo, cada um trabalha para a renda total da sociedade” (no fundo, vai aparecer no PIB do país). “Na realidade, ele não pretende promover o bem público. Na verdade, nem sabe que está fazendo isso”. (...) “e nestes, está sendo guiado por uma mão invisível”.
Simpatia
(Theodor Adorno – um marxista da Escola de Frankfurt) “Essa universalidade da atividade de troca leva a que nenhum individuo fique encerrado a si mesmo, limitado ou endurecido pelo seus próprios interesses”.
O indivíduo entra na troca visando o seu autointeresse. Todavia, na troca, exercerá sua simpatia e imparcialidade.Obstáculos ao mercado
SMITH aponta como problemas ao mercado:
A ideia de Estado planejador:
É evidente que cada individuo individual sabe como melhor investir o seu dinheiro. Então, o estadista que se coloca na posição de decidir o que as pessoas precisam, não está fazendo só uma coisa inútil (já que todos sabem), mas está assumindo uma autoridade.
São dois os problemas então: o fato de o Estaod não ser onisciente e não saber de tudo. Por isso, o Estado é incapaz de fazer isso.
O segundo problema é a autoridade. 
Os monopólios e os cartéis 
Todos os monopólios são extremamente prejudiciais. “A riqueza de um Estado consiste que as coisas que são necessárias para a vida são acessíveis”. “Por sua vez, a pobreza consiste na inacessibilidade dos bens vitais”.
O critério de riqueza das nações é a acessibilidade dos bens básicos. Os bens básicos, para SMITH, são moradia, alimentação e vestuário.
Os monopólios, então, constituem um óbice ao acesso aos bens básicos. Igual, torna os bens de pior qualidade.
O cartel é a associação de pessoas de um mesmo setor para majorar os preços. “É raro que as pessoas que exercem as mesmas atividades se encontrem.
Os manufatureiros/mercadores como classe
Os mercadores, individualmente, são benéficos. 
O interesse dos comerciantes sempre é diferente ao interesse do povo – e muitas vezes são opostos a ele. O objetivo do comerciante é (a) alargar o mercado e (b) diminuir a concorrência.
O alargamento do mercado é benéfico ao povo; mas a diminuição da concorrência é sempre desvantajosa.
O preconceito
O princípio humano que leva à troca não é visto como algo amável. É algo mesquinho.
		SMITH coloca esse princípio ao lado da fome, sede e sexo.
A completa liberdade nunca será possível, pois esbarra nos preconceitos do público: as pessoas iriam optar por produtos nacionais, etc.
Esquema histórico econômico
Em lectures of jurisprudence, Smith aponta 4 fases da humanidade. Esse esquema foi comum entre os iluministas escocês. Isso depois vai ser apontado por MARX também – que a realidade econômica tem consequências no direito.
Das relações econômicas (modo de produção ele inferia consequências para as outras áreas – especialmente o direito.
Era dos caçadores
Era dos pastores
Eras da Agricultura
Era do Comércio
Relação da economia com o direito
Na era dos caçadores não há a regulação da propriedade. E como não há propriedade, não há roubo.
Na era dos pastores, os bens econômicos são facilmente objeto de roubo. Por isso, as consequências do roubo são extremas: na Tartária, o roubo ensejava a pena de morte.
Na era do comércio, tudo passa a ser objeto de apropriação. Por isso, as leis se proliferam. Quanto mais objetos existem no mercado, maior será o numero de leis e regulações para se manter a justiça.
Relação da economia com a política: 
Na era dos caçadores, não há o governo. Existe uma relação estrita entre governo e propriedade.
Na era dos pastores, começa o governo. A propriedade faz o governo absolutamente necessário. (nessa era,) “é absolutamente necessário que a mão do governo seja levantada”.
Nesse modelo de Smith, a liberdade necessita do Estado. Depois, no século XX, passou-se a contrapor a liberdade ao Estado.
Smith traça uma relação entre o consumo de bens de luxo e a perda de poder político dos Senhores Feudais. Para obter, por meio da troca, bens frívolos, os senhores feudais se desfizeram de seus servos. ‘Os grandes proprietários deixaram de ser um óbice à realização da justiça’. ‘Estabeleceu-se um governo popular, sem que ninguém pudesse questioná-lo’.
A economia de mercado, então, passa a induzir a centralização política. A mais importante consequência do mercado foi uma consequência política e jurídica. A expansão do mercado, com a centralização estatal.
A era do comércio dispersa as riquezas. Os 
Os clássicos distinguiam as repúblicas antigas das republicas modernas. Nas repúblicas clássicas, como havia o trabalho escravo, os cidadãos podiam passar o dia inteiro deliberando na ágora. Nas repúblicas modernas (Genova, pequenas repúblicas do norte das Itália renascentista), como não havia escravos, enseja a democracia representativa.
Projeto liberal
Há quem diga que SMITH foi o primeiro a autor a utilizar a palavra liberal. Outros dizem que surgiu com a Constituição de Cajes (?).
O projeto liberal é: Igualdade, liberdade e justiça.
 ‘O direito ao comércio livre, à liberdade de matrimônio... constitui um direito que cada um tem ao uso livre de sua pessoa. Em uma palavra: fazer o que pensa quando isto não se mostra prejudicial para qualquer outra pessoa’.
Barzotto diz que se pode vislumbrar duas dimensões da liberdade: uma primeira que significa imunidade – a não interferência às ações dos demais. A segunda dimensão seria a liberdade como capacidade – o poder efetivo de realizar alguma coisa.
Ex: sou livre para ler um texto. Ninguém pode me impedir de fazer isso. A outra acepção seria a capacidade de fazer isso – saber ler.
Por essa percepção, a intervenção do Estado às vezes se faz necessária para possibilitar a capacidade.
Para SMITH, a propriedade mais importante que o homem possui é a sua propriedade sobre o seu trabalho. Todas as demais propriedades se fundam sobre a propriedade que eu possuo sobre o meu trabalho. Por isso, ela seria a mais sagrada e inviolável das propriedades. 
A liberdade é vislumbrada pro Smith como relacional. Diminuir a liberdade de um comerciante vender algo tem reflexo por diminuir também a minha liberdade – eu não posso comprar mais dele.
Pelos liberais clássicos, a propriedade possui um função social. A propriedade tem por finalidade possibilitar a liberdade tanto de um individuo (proprietário) quanto de toda a comunidade.
Uma propriedade inútil (riquezas ociosas, ex: mansão) obsta a livre circulação de riquezas.
Então, a propriedade irá ensejar o bem comum de um modo ou de outro: primeiro, por aumentar a liberdade dos outros empregando de forma produtiva o capital; do outro, por meio da tributação.
(*) Relembrando, a riqueza das nações não é privada. A riqueza pertence a toda a comunidade.
Igualdade: 
Onde o comércio se desenvolve, há a tendência a que as riquezas se movimentem. Numa sociedade com comércio não desenvolvido, é comum que as riquezas fiquem sempre nas mãos de uma mesma famíllia. Por outro, quando há o comércio desenvolvido, há a tendência de que se torre o dinheiro. Por isso,
Em suma, o mercado tende a produzir uma sociedade mais igualitária.
Obs: quanto maior a igualdade entre as pessoas, maior a simpatia (HUME). 
Justiça:
“As mais sagradas leis das justiça são as leis que protegem a vida e a pessoa do nosso próximo. A seguir vêm as que protegem a sua propriedade e posses. Por último, as que protegem os que se chama de os seus direitos pessoais ou o que lhe é devido pelas promessas de outros”. 
As regras da justiça são as únicas regras morais precisas, ao passo em que as regras de todas as outras virtudes são imprecisas (vagas). As regras da justiça podem ser comparadas às regras da gramática; as outras, podem ser comparadas às regras de estilo.
A justiça é essencial para que uma sociedade subsista. 
Justiça e mercado: o mercado é vislumbrado pelos indivíduos como um observador imparcial. 
09/09/13
O Estado Liberal
Preliminares: 
A ideia de cidadania:
A cidadania é o ethos político. 
		Ethos é um conjunto de crenças e atitudes.
“O patriota renuncia a sua vida pela segurança da sua sociedade. Age de modo correto. Revela ver-se à luz que o espectador imparcial o vê, ou seja, como apenas um no meio da multidão, que não é, aos olhos desse juiz equânime, mais importante que qualquer um dentre esta.” (Teoria dos Sentimentos Morais).
A dimensão econômica não é tudo para SMITH. A dimensão política, em algumas circunstancias, exige sacrifícios.
“A todo o momento, o homem virtuoso está disposto a sacrificar o seu interesse particular ao interesse do seu grupo. E a todo momento ele está disposto ao sacrificar o seu grupo pela Commonwealth” 
		SegundoMICHELON, a melhor tradução para Commonwealth seria república. 
Em suma, a ideia de imparcialidade e, em primeiro lugar, o todo (antes das partes).
Os deveres da Commonwealth (Estado)
Segundo o sistema da liberdade natural, o Estado tem apenas três deveres: Defesa, Justiça e subsidiariedade.
Sobre a justiça: 
“O dever de proteger todos os membros da sociedade da injustiça e da opressão de qualquer outro membro ou o dever de estabelecer administração exata da justiça” (Riqueza das Nações)
“A liberdade na Inglaterra está assegurada pela grande exatidão e precisão do direito e das decisões apoiadas nele. Os juizes na Inglaterra tem menos poder para corrigir o direito do que em qualquer outro lugar”.
Se o direito não é claro e exato, não há liberdade.
Smith se pergunta sobre a razão do desenvolvimento da Inglaterra. A grande resposta dele:
“as causas parecem ser o seguinte: primeiro, liberdade de comércio. Segundo, liberdade para exportar. Terceiro, liberdade para transportar. Mas, acima de tudo, essa prosperidade deve-se à administração da justiça igualitária e imparcial, que torna (...). E, que garantindo a cada um os frutos do seu próprio trabalho, fornece o maior estímulo para o seu desenvolvimento econômico”.
		Qual o ânimo que o cara tem para investir quando há a incerteza? 
“O comércio e as manufaturas dificilmente poderão se desenvolver num estado em que não haja uma administração exata da justiça, em que o povo não se sinta seguro da posse da sua propriedade, em que a boa fé dos contratos não seja apoiada pelo direito, em que a autoridade do estado não seja devidamente empregue para obrigar as pessoas a pagar as suas dívidas, sempre que o possam fazê-lo”.
		O ethos do jurista é a ordem. O direito tem que garantir previsibilidade.
Sobre a subsidiariedade:
A subsidiariedade visa preservar a liberdade e a autonomia. A subsidiariedade engloba tanto a intervenção quanto a não intervenção.
O que o município pode fazer, o Estado não se mete. 
A ideia de subsidiariedade é de que se deixe desempenhar uma atividade quando essa pessoa o consegue; quando não consegue, ajuda-se.
Em SMITH, é possível se vislumbrar liberdade em 3 níveis: imunidade, capacidade e como bem comum.
‘Quando as instituições não se podem manter ou não são mantidas pela contribuição particular das pessoas que mais são beneficiadas por elas, a falta deve ser, em grande parte dos casos, compensada pelo recurso à contribuição geral’. “A renda geral da sociedade deve compensar o déficit de renda de muitas partes da sociedade”. 
“O papel do Estado é criar e preservar certos serviços públicos e certas instituições públicas que nunca poderão ser criadas ou preservadas no interesse de um indivíduo ou grupo de indivíduos, já que o lucro não recompensaria a atividade realizada”.
Ou seja, SMITH é explicito quanto da necessidade do Estado. A dizer, o mercado não se autorregula em todos os aspectos.
Dentre as atividades a serem desempenhadas pelo Estado, SMITH elenca: 
Abastecimento de água; 
Estradas e comunicação;
Judiciário
Educação – “a despesa para a educação é igualmente para o benefício de toda a sociedade, podendo, sem injustiça, ser pago pela contribuição geral”.
“A comunidade pode impor a todo o povo a necessidade de adquirir essas partes mais essenciais da educação (ler, escrever e contar), obrigando todo homem a realizar uma prova antes de exercer uma profissão”. Dá para se dizer, então, que Smith era menos 
O Ethos mercantil 
Os costumes do homem comerciante são: (i) frugalidade;
Frugalidade – todo o pródigo é um inimigo público e todo o frugal é um benfeitor público. O dinheiro usado exclusivamente para o consumo não é investido.
O capitalismo do Smith era um capitalismo focado na produção; o nosso é um capitalismo voltado para o consumo.
Solidariedade – “o comércio naturalmente deve ser, tanto entre as nações como entre os indivíduos, um laço de união e de amizade”. 
Na economia globalizada, mesmo a contragosto, a crise na Grécia efeta a todos.
(*) Smith admite que a cobiça faz com que os homens criem monopólios. Daí que o comércio, que deveria ser algo que instiga a amizade, se tornou fonte de discórdia.
Probidade e pontualidade
Para Smith, existe uma relação entre o comércio, probidade e pontualidade. O comércio faria com que as pessoas fossem mais probas e pontualidade.
		Um povo comercial valoriza a pontualidade e a probidade. O comerciante que 
“Onde as trocas são frequentes, um homem não espera ganhar tanto por um contrato singular. Então o comerciante, que é sensível ao seu interesse, prefere ceder do que passar por desonesto”.
O mercado, então, induz a uma determinada ética.
Segurança
“Não é tanto a polícia que previne os crimes, como ter poucas pessoas vivendo às custas de outros. Nada tem de tanto a corromper a humanidade como a dependência, ao passo em que a independência aumenta inclusive a honestidade das pessoas. O estabelecimento do comércio e das manufaturas é o que proporciona essa independência, sendo, portanto, o melhor meio para reduzir os crimes”. 
Conclui-se, então, que o problema da segurança deve ser visto por um viés econômico.
Amor à humanidade
Narrando sobre a rivalidade entre França e Inglaterra, ele diz que uma nação “invejar a prosperidade da outra (...)” melhora a condição de todos. “Cada nação deveria não só se esforçar para ser a melhor, mas, por amor à humanidade, por promover – e não escurecer – a melhora de todos”. 
Amor a humanidade, então, é uma virtude que faz parte do ethos da sociedade mercantil.
As patologias da sociedade mercantil
Alienação:
“Entre os inconvenientes que surgem de um espírito comercial, o primeiro que devemos notar é que ele limita a perspectiva dos seres humanos. Onde a divisão do trabalho foi levada à perfeição, todo homem tem somente uma operação a realizar. A isso se limita toda a sua atenção e poucas ideias passam por sua cabeça que não tenham imediata conexão com aquela”. 
Prejuízo à educação:
“Outro defeito do comércio é que a educação se descuida enormemente. Nas nações ricas e comerciais, a divisão do trabalho proporciona empregar crianças muito cedo”. 
A falta da educação para os pobres é certamente uma das suas maiores desgraças. O pobre, que não teve educação, quando sai do seu trabalho, não tem como se ocupar. Ele só tem um destino “embriaguês e os comportamentos desenfreados”.
A escócia sempre teve baixos índices de analfabetismo. A primeira biblioteca pública foi lá. Smith explica isso justamento pelo fato de não ter 
Extinção do espírito marcial
MONTESQUIEU já dizia que o comércio suavizava os costumes. SMITH diz que o comércio faz com que as pessoas não queiram defender o seu país. 
Conclusão: “estas são as desvantagens de um espírito comercial. O pensamento do homem se contrai. A educação é descuidada e o espírito marcial se extingue quase por completo
(*) Smith afirma que o pior dos governos é o governo dos mercadores. O governo dos mercadores é necessariamente um governo despótico. Um mercador, com o poder político, não terá a menor concepção da esfera pública. Irá usar o poder para satisfazer os seus interesses. 
Alexys de Tocqueville (1805-1859)
A sociedade democrática (A democracia da América 1835 e 1840)
		Antigo Regime e Revolução 1856 (?)
Foi juiz Francês26-27 foi para os EUA para visitar o sistema prisional. 
Preliminar:
Por democracia Tocqueville entende um tipo de sociedade.
O tema dele é a passagem de uma sociedade aristocrática para uma sociedade democrática. 
A questão que ele se coloca é como passar de uma sociedade aristocrática (onde existe a desigualdade no que toca ao poder/riqueza/cultura) para uma sociedade democrática (onde há igualdade).
A desigualdade numa sociedade aristocrática se dá no que toca ao acesso ao poder, à riqueza e à cultura. Poder/riqueza/cultura estão concentrados em um grupo. Barzotto chama isso de uma sociedade fechada: os bens sociais não são acessíveis a todos.
Já na sociedade democrática, o poder/riqueza/cultura encontram-sedispersos em toda a sociedade. Barzotto chama de uma sociedade aberta.
A igualdade como sentido da história:
“O gradual desenvolvimento da igualdade é uma realidade com as seguintes características: é universal, é permanente, é imune à interferência humana. Todos os acontecimentos, assim como todos os seres humanos servem ao seu desenvolvimento”.
Em outros termos, Tocqueville diz que o sentido da história se dá em direção da igualdade.
Por quê os EUA? No século 19, os EUA representam a sociedade mais igualitária. “É um país do mundo em que a grande revolução social parece ter chegado pouco a pouco nos seus limites naturais”. Parece que pouco a pouco vamos (Europa) chegar lá.
“Admito que na América eu vi mais que a América”. Na América ele encontrou um exemplar de o que é uma sociedade igualitária e o que será a sociedade do futuro. Na América ele viu o que é uma sociedade democrática.
Tocqueville vê um conceito natural humano de igualdade. Ele toma a igualdade como um fato (em todo os lugares do mundo estamos nos tornando mais iguais)
“Aqueles que acham que estou propondo as leis e os costumes dos americanos, estão cometendo um erro”. Ele não propõe os EUA como modelo ideal – ele apenas diz que olhando para lá podemos ilustrar um modo de se alcançar a igualdade sem perder a liberdade.
(O problema não é nos tornarmos iguais: isso vai acontecer. A questão é nos tornarmos iguais sem que percamos a liberdade).
‘Nada é mais difícil do que ensinar a liberdade. O despotismo muitas vezes se apresenta como o salvador de todos os males possíveis. Muitas vezes ele propõe a igualdade’.
		O tirano pode dar respostas rápidas quanto à igualdade.
“Os povos dormem no meio da prosperidade passageira e, quando despertam, se acham miseráveis”.
Mas, quanto à liberdade, isso não se aprende de um dia para o outro. 
Conceito de igualdade em Tocq:
Conceito de igualdade em 4 níveis:
Igualdade ética (é uma igualdade de reconhecimento – “nós nos consideramos iguais”)
Igualdade econômica (igualdade de condições)
Igualdade política (democracia)
Igualdade jurídica (é igualdade perante a lei)
Metodologia: a análise social de Tocqueville.
Para se fazer uma análise social, é necessário se analisar uma série de questões. Elas estão listadas em ordem de importância.
Geografia: a geografia explica porque nunca houve proletariado nos EUA. Havia abundancia de terras. Igual, a geografia permitia que não houvesse um grande contingente de exército terrestre, para defender
Leis (instituições): 
Costumes (cultura): “por costumes entende-se também as opiniões e as crenças”. Sem ideias comuns, não há ação comum. E sem ação comum, não há uma sociedade.
Os americanos tem as mesmas ideias sobre a liberdade, sobre a igualdade, sobre a imprensa, sobre o júri e sobre a responsabilidade dos agentes políticos. “Não afirmo que todas essas opiniões sejam justas. Mas elas são americanas”.
Situação social: “ a situação social é a causa primeira da maior parte das leis, dos costumes e das ideias que regem as condutas das nações. Aquilo que ela não produz, ela o modifica. Para conhecer a legislação e os costumes de um povo, convêm começar, por isso mesmo, analisando a sua situação social.
A situação social nos EUA seria definida como uma sociedade de classe média, de iguais. Ex: nos EUA não tem moda. Isso existe nas sociedades aristocráticas por que lá os modos mostravam de qual classe se era. Como nos EUA eles eram iguais, não.
Explica também o porquê da literatura lixo. A situação social gera costumes e leis.
A situação social aristocrática:
A situação social aristocrática é a de uma sociedade hierárquica, desigual.
Gênese: a violência
Para se fundar a desigualdade social como princípio, isso só pode se dar pela coerção. “Todas as aristocracias da idade médica são filhas da conquista: o vencedor era o nobre; o vencido era o servo”. 
	A desigualdade começa sempre com a força. 
(*) Esse é um dos motivos para se dizer que a humanidade caminha em direção da igualdade. A igualdade não precisa de justificação. Já a desigualdade, ela só vai se justificar pela força.
Hierarquia e desigualdade ética (não reconhecimento)
Quando as condições sociais são muito desiguais, os indivíduos se tornam de tal ponto dessemelhantes que se diria haver tantas humanidades distintas quanto a classes sociais. 
Quanto maior a desigualdade, menos podemos ver uma humanidade em comum.
‘Nada me aponta mais claramente a verdade do que estou dizendo do que a opinião (...). Os maiores gênios da Roma e da Grécia nunca chegaram a a simples ideia de que todos somos iguais’. Esses gênios se esforçavam para explicar a escravidão. Todos esses gênios faziam parte da aristocracia dos senhores. Por isso, o espírito deles ficava socialmente preso à realidade social deles’ (ex: Aristóteles).
Em suma, a situação social aristocrática limita o reconhecimento. Quem está numa sociedade aristocrática, não consegue ver os outros como iguais.
A indiferença com o bem estar material
O rico nunca pensa na riqueza. Numa sociedade aristocrática, ele vai morrer rico. O pobre, do mesmo modo: nunca vai alcançá-la (aliás, ele nem sequer a conhece o suficiente para deseja-la).
Situação social democrática:
A igualdade de condições
 ‘Nos EUA, nada me impressionou mais vivamente do que a igualdade de condições’.
	Tocqueville vincula tudo à igualdade de condições. Esse seria o seu grande principio.
A grande vantagem dos EUA foi a de eles terem nascidos iguais, de modo a não terem sido obrigados a se tornarem iguais.
‘Quanto maior a igualdade, mais a menor de uma desigualdades se torna mais imperante’. A menor das diferenças incomoda mais. Fica cada vez mais difícil sustentar uma desigualdade.
	Quanto mais igualitária uma sociedade, mais difícil é de se justificar uma desigualdade. 
Em suma, quanto mais igualdade se tem, mais igualdade se quer. 
(*) Isso novamente conduz a ideia de que a humanidade caminha em direção da igualdade.
O gosto pelo bem estar material
 “Entre as paixões que a igualdade faz nascer, a mais importante é o amor ao bem estar”. 
Nas sociedades democráticas, o desejo de adquirir riquezas se apresenta aos pobres. Igual, os ricos tem medo de perderem as suas riquezas. Por isso, essa mobilidade
A paixão por riquezas é essencialmente das classes médias. Quem está lá embaixo nem sonha em ser rico.
A valorização do conhecimento
“Quando não existem mais riquezas hereditárias, ou privilégio de nascimento, em que cada um só tira a sua força de si mesmo, torna-se visível que a inteligência faz a principal diferença entre as pessoas”. Por isso, tudo o que serve para fortificar a inteligência, é valorizado. A utilidade do saber torna-se evidente a todos.
Os costumes democráticos
A importâncias dos costumes (cultura): os costumes precedem as leis (instituições). Os bons constumes podem tirar partido da pior das leis; por outro, a melhor das leis será inútil frente aos maus costumes.
São os costumes que tornam os americanos capazes de viver na democracia. 
Os costumes (cultura) dos americanos
São os costumes democráticos:
Autonomia e subsidiariedade: a crença dos americanos é de que cada individuo está dotado de razão necessária para atuar sozinho nas questões dos seus interesses.
‘Se eu tenho um problema, eu não preciso dos outros. Eu posso resolver isso’. Sobre essa máxima se funda todo o Estado. Igual, a família.
O espírito de associação: “depois da liberdade de agir sozinho, a coisa mais natural do ser humano é a de se associar com os seus semelhantes para alcançar objetivos comuns”. “Os americanos, de todas as idades, de todas as condições, estão constantemente se unindo”.
Já, na França, quando tem um grande empreendimento – pode ter certeza: o Estado está por trás.
Espírito de associação e democracia política:
Para sustentar uma democracia em sentido político é necessário o habito de se resolver os problemas mediante uma discussão, bem como findar a solução por meio de um procedimento majoritário.
Em suma éo habito de discutir e de se deliberar por meio de um procedimento majoritário que sustenta a democracia política
Doutrina moral do interesse bem compreendido: “o amor esclarecido por si mesmo leva-os incessantemente a ajudarem-se entre si”. Segundo essa doutrina, o meu interesse é o interesse dos outros, bem como o interesse dos outros é o meu interesse.
“O todo é do meu interesse”. Por isso, um cidadão abre mão do seu tempo e do seu dinheiro em prol da sociedade. O coletivo se reverte em proveito.
“A doutrina do interesse bem compreendido sugere a cada dia pequenos sacrifícios. Por si mesma, não seria capaz de melhorar um homem (torná-lo virtuoso), mas ela é capaz de formar uma multidão de cidadãos moderados. E, embora não leve diretamente à virtude, aos poucos vai se aproximando da virtude”.
“A doutrina do interesse bem compreendido parace-me a mais adequada a uma sociedade democrática. Nada pode impedir que a igualdade de condições leve o espírito humano ao útil” e ao seu autointeresse.
Isso leva a uma sociedade atomizada. Os iguais vão se fechando em si mesmo, cada vez mais.
Todavia, há dois modos de se buscar o autointeresse: (a) o modo burro, que é fechar-se a si mesmo; (b) o modo esclarecido, 	que vê que é do interesse individual o bem de todos.
A sociologia da religião nos Estados Unidos
(*) Aqui também se está a tratar de costumes, mas especificamente no que toca às religiões.
“Foi a religião que deu nascimento à sociedade anglo-americano. É preciso nunca esquecer disso”. 
		O dia de ação de graças é um feriado religioso instituído pela lei civil!
		Até hoje, na posse do presidente, ele coloca a mão na bíblia e jura.
Igual, até hoje os EUA são o lugar onde há mais templos / habitantes;
Os puritanos são simultaneamente revolucionários e conservadores.
	Revolucionários
	Conservadores
	Eles são revolucionários no sentido político. 
	Todavia, no sentido moral, eles eram conservadores.
	A política é o âmbito da deliberação, logo, a instabilidade.
	No âmbito da moral reina a estabilidade.
	Liberdade politica
	Liberdade de consciência
As seitas americanas tendem a se multiplicar. O modelo tradicional do estado dos sul é uma igreja para os brancos e outro para os negros.
Separação entre igreja e estado
Na França e na Europa em geral, o espírito de liberdade está em contraposição com o espírito de religião.
Mas nos EUA, Tocqueville constata que isso não acontecia lá. Afinal de contas, eles saíram da Europa para ter
A grande diferença é que nos EUA a religião não se vinculou com o poder do estado.
Já na Europa, Estado e religião se confundem.
A grande sacada é que a vinculação da religião com o poder político enfraquece a religião dentro da sociedade.
Em certa medida isso se coaduna com o nosso pensamento atual – a religião é um fenômeno privado.
Religião e liberdade política
“A religião, que entre os americanos, nunca se confunde com o governo, deve ser considerada a primeira de suas instituições políticas”.
Isso se dá porque as religiões protestantes colocam os assuntos morais sob a competência da consciência individual. Ou seja, existe um limite para o que está sujeito à deliberação.
A ideia de que a consciência individual se coloca como um limite ao estado (assunto que não cabe ao estado) se encontra também no fato 
A utilidade da religião
Os americanos sabem da importância da religião para a comunidade (‘não sei se os americanos de fato acreditam... ótima passagem’).
O american way of life depende do cristianismo. Os missionários não estavam preocupados apenas com a eternidade – eles tinham também um interesse político. Como a liberdade política que floresceu nos Estados do Leste se deu sob a religião católica. Se, na expansão pelo leste, vier a surgir uma tirania, ela pode ser exportada para cá.
Então, para cortar o mal pela raiz, eles mandaram missionários. Daí surgirá lá uma cultura política adequada com a dos estados no leste.
Segundo
As instituições democráticas
Instituições (leis) e costumes:
Depende das instituições democráticas criarem uma cultura democrática. As instituições levam aos costumes. Boas instituições levam a bons costumes.
O autogoverno local: as comunas e os estados
Como praticar a liberdade nas grandes coisas se as pessoas não estão acostumadas a exercitar a liberdade nas pequenas coisas?
Quando se coloca o cidadão para decidir coisas que lhe estão próximas, ele consegue ver como o interesse da comunidade afeta o seu autointeresse. É facilmente ver o vínculo que existe entre o meu interesse e o interesse de todos.
É justamente esse liame entre o autointeresse e o interesse da comunidade que estimula o patriotismo.
Liberdade de imprensa
A liberdade de imprensa é outra instituição democrática.
Onde reina a soberania do povo, a censura não é um perigo – é um absurdo. Se a pessoa é livre para escolher o governo, ela tem que ter acesso às informações. Se o povo é livre para se governar, como não seria capaz de escolher suas opiniões?
Para Tocqueville, em matéria de liberdade de imprensa, não há meio termo.
Direitos Políticos
Em razão do sufrágio universal, a vontade do povo se expressa na instituições políticas.
Diz ele que há uma relação entre a forma com que se faz as eleições (sufrágio universal ou não). Na Europa, como parte das população não integram as instituições políticas, o uso da violência se faz mais comum.
Os direitos políticos integram as instituições democráticas.
“O meio mais eficaz (...) de fazer os homens se manifestarem pela sua pátria é” fazer as pessoas participarem do governo. 
É o exercício dos direitos políticos que leva ao patriotismo, civismo e a cidadania. Fazendo um individuo participar da vida política
O patriotismo americano se explica pelos direitos políticos. O homem do povo americano compreendeu que o bem individual depende do bem comum. “Ademais, acostumou-se a encarar essa prosperidade geral como obra sua”.
		Ou seja, não é o inverso.
“estou longe de crer que basta ensinar os homens a ler e escrever para fazê-los cidadãos. Os verdadeiros conhecimentos políticos nascem da experiência política”. É participando da legislação que o americano aprende a legislar. 
Universalização dos direitos
Um dos problemas que o fato de se dar o poder político a todos é o fato de haver a possibilidade de que eles extinguem certos direitos. Esse problema pode resultar na autofagia da democracia.
Mas esse problema foi resolvido por meio da universalização dos direitos.
A dizer: o discurso de “acabar com o direito de propriedade” não vende nos EUA, eis que todos tem a propriedade.
“O melhor meio de difundir a ideia dos direitos é proporcionar a todos o seu exercício”. “No mundo político, verifica-se a mesma coisa: todos valorizam os direitos políticos.
A corporação dos juristas
A ultima instituição democrática a ser abordada é a dos juristas.
Preliminares:
“Os juristas formam um corpo”. A formação jurídica forma os juristas uma classe a parte. Os juristas tem um discurso unificado com valores comuns, eis que tiveram uma formação comum.
Mas, no caso do Common Law, quem não é jurista não consegue entender o discurso dos juristas. Isso gera no Common Law uma autoridade maior diante do povo.
Ainda, os juristas se qualificam por serem mais conservadores.
Influência dos juristas
“Na América, não existe nobres nem literatura, e o povo desconfia dos ricos”.
As classes mais influencias do ponto de vista política na Europa eram os intelectuais, os ricos e os nobres.
Da primeira asserção, então, se tira que nos EUA não tem nenhuma classe destinada naturalmente ao exercício do poder político. 
Como não sobrou ninguém, os juristas constituem a classe naturalmente chamada a ocupar a maior parte das funções públicas. Porque os juristas são o único grupo de pessoas instruídas e esclarecidas aos quais o povo pode recorrer para escolher seus lideres.
O jurista, não é um mero intelectual. É um saber prático, e que dá resultado. Numa sociedade pragmática, se temuma ciência que vai ser respeitada, é uma vinculada com a práxis.
Caráter aristocrático do staff jurista
“Se me perguntassem onde está a democracia americana (... não é nos ricos)... seria nos bancos dos tribunais”. 
O que aproxima o jurista da aristocracia? (a) ambos estão ligados à ideia de ordem – são conservadores; (b) ambos são formalistas; (c) o amor à tradição.
Isso é importante pois “o espírito jurídico, pelas suas qualidades e defeitos, é apto a neutralizar os vícios inerentes ao governo popular”.
Ou seja, os juristas vão ser o elemento aristocrático que vai contrabalancear com os aspectos democráticos, de modo a torná-la mais perfeita. (isso já estava em Aristóteles!).
	Povo
	Jurista
	Amor à novidade
	Amor pela tradição
	Antiformalista
	Formalista (a formalidade serve de barreira entre o forte e fraco)
	O povo é passional
	O jurista age com base nos argumentos
	Imediatista
	Ponderação
Controle de constitucionalidade
Malbory vs. Madson é de 1803. Tocqueville foi para os EUA em 1830 e poucos. Ele viu o controle de constitucionalidade em prática.
“O juiz americano é revestido de um imenso poder polico, porque os juízes podem se recusar a aplicar uma lei por esta ser incompatível com a Constituição”. Isso lhes dá um poder político. 
“Quase não existe questão política nos EUA que cedo ou tarde não se resolva como questão judicial”. 
Isso, na concepção do Tocqueville é positivo. Isso constitui uma das barreiras mais poderosas contra a tirania da maioria. 
A Suprema Corte
“A Suprema corte está situada numa posição em que jamais algum tribunal se situou”. A suprema corte decide sobre coletividades. 
“Nas mãos dos juízes da suprema corte repousam constantemente a paz, prosperidade e a própria existência do país”. 
Logo, que tipo de membro deve haver na suprema corte. Tem que ser um estadista. 
‘O presidente pode falhar. O congresso também pode errar. Mas se algum dia a Suprema Corte for composta de homens imprudentes’,é certo que vai ter guerra civil.
O júri
O júri torna o tribunal extremamente rigoroso. Isso se dá pois o povo vê as decisões judiciais como decisões suas. Desobedecer o judiciário é desobedecer também o povo – é um elemento de legitimidade do judiciário.
Além disso, Tocqueville diz que o júri é extremamente útil para a educação do povo, eis que lhes ensina:
O que é um direito e a respeitar a coisa julgada.
Sem o respeito aos direitos e a coisa julgada, a liberdade é só uma paixão destruidora.
O que é a imparcialidade. Ao uma questão ir para o júri, o cidadão aprende a se colocar no lugar do outro.
Difusão do conhecimento do direito – o júri é uma escola gratuita do direito.
O júri ensina a cada cidadão a assumir a responsabilidade pelas consequências de seus atos
O júri ensina a governar – a tomar decisão por consenso (isso é só no modelo deles. No nosso, os jurados não podem se comunicar).
As patologias democráticas
São apontados como vícios das sociedades naturais:
	Igualitarismo
	Tirania das maiorias
Individualosmo
O igualitarismo
“Se encontra no coração humano um depravado gosto pela igualdade, que leva os homens a preferir a igualdade na servidão à desigualdade na liberdade”.
		Há uma tendência natural à igualdade em relação à liberdade.
O vício moral dominante numa democracia é a inveja. Quando as condições se igualam, a menor das desigualdades é insuportável.
Nas sociedades aristocráticas a inveja não existe. O vassalo nem sonha em se comparar com o senhor.
A tirania da maioria
Se divide em 3 pontos: 
O cartesianismo americano:
“Cada americano apela para o esforço individual da sua razão”. Era isso que Descartes mandava fazer: não confie na tradição. Atribua a verdade apenas às teses verificadas pela tua razão.
Antes se confiava na autoridade e na tradição. Mas, mudando a situação social. Numa sociedade igualitária, as pessoas não percebem nos outros uma verdade inquestionável. Assim, cada um considera que a sua própria razão é a fonte mais próxima da verdade. 
Nas sociedades aristocráticas, a verdade é norteada pela autoridade. Todavia, numa sociedade democrática, sendo todos iguais, não há uma referencia absoluta.
(*) Esse método cartesiano se dá em razão da mudança da situação social.
O efeito colateral do cartesianismo popular: a autoridade da maioria.
“Nas épocas de igualdade, as pessoas não tem fé uns nos outros” porque todos são semelhantes. Mas essa mesma similitude lhes dá uma confiança quase ilimitada no julgamento do público. 
Se todos são iguais, provavelmente a verdade está no lado da maioria.
“Não conheço país onde reine em geral menos independência de espírito”. Isso é irônico, considerando que é uma democracia em que há a liberdade de expressão. Todavia, ninguém tem coragem de pensar diferente dos outros.
Os americanos só quebram a onipotência da maioria ou por um estrangeiro ou pela sua própria experiência.
A onipotência da maioria
“É da própria essência dos governos democráticos que o império da maioria seja absoluto, pois fora da maioria das democracias não existe coisa alguma que subsista”. “Pensava-se até hoje que o despotismo fosse odioso; mas descobriu-se em nosso mundo que existem tiranias legítimas e santas injustiças, desde que fossem feitas em nome do povo”.
Vox populi, Vox dei.
Decorre, então, o provável risco de que a maioria destrua com as minorias.
O individualismo
Conceito de individualismo
 “Individualismo é uma expressão recente, que nasceu em razão de uma ideia nova”. O individualismo é um fenômeno recente na história.
O que é antigo é o egoísmo, que é o amor exagerado por si mesmo, que leva o homem a preferir-se sempre.
O individualismo é de origem democrática. O individualismo é um sentimento refletido e pacífico, que leva cada cidadão a isolar-se da massa de seus semelhantes. 
O individualismo se expressa no direito de ficar sozinho; de se isolar e de criar uma pequena sociedade para si (composta por sua família e amigos).
O egoísmo extermina todas as virtudes; o individualismo, inicialmente, só afeta as virtudes públicas (o individualista pode ser um cara temperante; todavia, ele nunca vai ser um bom cidadão). 
Todavia, depois de um tempo, o individualismo “ataca e destrói todas as virtudes”, vindo a desenvolver-se no egoísmo. Depois que o individualismo se instaura, ele afeta todas as virtudes e a todas destrói.
A inexistência do individualismo nos povos aristocráticos
 “Entre os povos aristocráticos, as famílias permanecem durante séculos no mesmo lugar”. Isso faz com que todas as gerações fossem, de certa forma, contemporâneas: o homem conhece quase todos os seus antepassados e os respeita. “Crê já conhecer os seus bisnetos e os ama; cria para si de bom grado deveres para si e para outros” (e se sacrifica por seus herdeiros).
Ademais, as instituições aristocráticas vinculam um homem aos demais cidadãos (vínculos de vassalagem, etc). São instituições que vinculam as pessoas.
“Por isso, os homens que vivem nos séculos aristocráticos são sempre vinculados entre si (...)” muitas vezes se mostrando inclinados a esquecerem a si mesmos. 
Individualismo e igualdade de condições
“nos povos democráticos se esquece facilmente daqueles que vieram antes”, bem como não se faz muita questão das gerações futuras.
À medida que a situação se iguala, se encontra o maior numero de indivíduos que adquiriram e conservaram muitos recursos para poderem bastar-se a si mesmos. “Estes nada devem a ninguém”, mas também não esperam nada de ninguém. Habituam-se a se encontrar sempre isoladamente.
Assim, a democracia faz o homem separar-se de seus antepassados, seus dependentes e de seus contemporâneos. 
A solução americana: as associações
O que salva a sociedades democráticas é o espírito de associação.
“A moral e a inteligência de um povo democrático correria perigo se o governo começasse a tomar o lugar das associações”.
 “O sentimento e as ideias não se renovam e a mente não se desenvolve a não ser pela ação recíproca de um sobre o outro”.Em suma, se o governo toma o espaço das associações, inicia-se o coitadismo social.
Mas as associações só se fazem possíveis porque o governo não mete a mão. Isso cria uma cultura de autogoverno, que é cíclica.
Individualismo e bem estar material
A paixão dominante numa sociedade democrática é a de aquisição. Como tudo é móvel e tudo depende do esforço de cada um...
Os homens dos séculos democráticos, preocupados em fazer fortuna, não mais percebem o extremo laço que une a prosperidade de cada um à prosperidade de todos.
		Em suma, os homens desvinculam o público do privado, de modo que:
O exercício de seus deveres políticos parece-lhes uma perda de tempo. As pessoas passam a não se tornar capazes de desperdiçar seu tempo com a política (ou qualquer res pública). Essas pessoas acham que estão seguindo a doutrina do interesse. Todavia:
“A felicidade da coletividade depende da felicidade de cada um”. Bem comum de Tomás de Aquino.
		Relembrando, doutrina do interesse bem compreendido.
Desprezando a política, “eles desprezam a preocupação principal, que é continuar sendo senhor de si mesmo” (preservar a liberdade).
Qual é o corretivo americano?
Liberdade e bem estar.
“Os americanos, na verdade, veem na sua liberdade o melhor instrumento para o seu bem estar”. 
Os americanos amam estas duas coisas: amam o bem estar e amam a sua liberdade.
Significa dizer: eles não abririam mão da liberdade em prol do bem estar. Não bastasse isso, eles veem a liberdade política como meio mais eficaz para se alcançar o bem estar.
Individualismo e despotismo
A igualdade põe os homens uns ao lado dos outros, sem laço comum a mantê-los. O despotismo leva barreira entre eles e os separa. O despotismo coloca as pessoas a não pensarem nunca em seus semelhantes, e faz da indiferença uma virtude.
Então, o indivualismo e o despotismo se aproximam: quanto menos se interessam as pessoas pelo bem público, mais fácil de surgir um déspota.
Qual é o corretivo americano? A liberdade política.
“Quando os cidadãos são forçados a se ocupar dos negócios públicos, são necessariamente tirados da consideração de seus interesses privados”. A partir do momento em que o cidadão trata em comum das coisas em comuns, ele percebe que não está isolado.
Os americanos combateram por meio da liberdade o individualismo que a igualdade faz nascer: e os venceram.
		Bowling alone (Robert Putman, 1990).

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