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Função Social e Princípio da Solidariedade

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PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE E FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA: adoção de políticas sustentáveis, com ênfase no Banco Bradesco SA[1: Paper Final apresentado à disciplina Teoria do Direito Empresarial e Societário da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB.2 Alunas do Curso de Direito da UNDB.3 Professor da disciplina Teoria da Empresa e Direito Societário da UNDB.]
Kananda Magalhães Santos2
Sara Sousa Leite
Daniel Rodrigues3
RESUMO
A relação empresa-meio-ambiente sempre foi bastante conturbada, principalmente no que tange à questão do paralelo entre crescimento econômico e desenvolvimento sustentável, pontos que, ao longo da história, ocuparam polos opostos. A empresa, desde o seu advento, preocupou-se com o lucro, tendo na natureza a sua primeira e principal fonte de recursos. A utilização inadequada desses recursos, fomentada pela falsa noção de infinidade, levou-nos a uma crise ambiental cada vez maior e a uma escassez de recursos naturais. Diante desta grave situação, a empresa tem buscado adequar seu interesse monetário à necessidade de uma utilização mais consciente daquilo que a natureza dispõe. Os exemplos de grandes empresas que adotam políticas sustentáveis têm crescido consideravelmente, e em virtude disto, esta pesquisa propõe-se a questionar de que forma as empresas têm aplicado o princípio da solidariedade e da função social no que diz respeito a políticas sustentáveis. Daremos atenção especial ao Banco Bradesco SA, haja visto sua importante figuração no âmbito das grandes empresas brasileiras que difundem políticas pautadas em noções de crescimento econômico aliado ao desenvolvimento sustentável. Quanto aos seus objetivos, esta pesquisa classifica-se como exploratória, pois visa aprofundar seu entendimento acerca de determinado tema. Quanto aos procedimentos, a pesquisa caracteriza-se como bibliográfica, pois as suas fontes constituem-se em livros, artigos, revistas e sites.
Palavras-chave: Direito. Empresa. Sustentabilidade. Solidariedade. Função Social. Recursos. Crescimento econômico.
1 INTRODUÇÃO
Somos conhecedores do fato de que desde as antigas civilizações o homem explora a natureza. Tal exploração não se baseia em um mero aspecto volitivo, mas em uma necessidade de sobrevivência, visto que é do meio-ambiente que advém praticamente todas as condições que propiciam a preservação da vida humana.
Porém, desde os tempos remotos, fomos condicionados a pensar inconscientemente que os recursos naturais seriam eternos, utilizando-nos desses recursos de forma extremamente abusiva. 
A produção de produtos e prestação de serviços realizados pelas empresas sempre necessitou do usufruto dos recursos naturais, realizado de forma descabida e despreocupada. O respeito ao meio-ambiente sempre foi ofuscado pela busca do lucro.
Entretanto, chegamos, historicamente, a um ponto caótico, em que nos vemos diante de um grave desequilíbrio ambiental, causado por nossa própria imprudência.
Diante de tal fato, a sustentabilidade tornou-se assunto recorrente, como uma forma de garantir a nossa própria sobrevivência, porém, respeitando as necessidades das gerações que ainda estão por vir.
Se as empresas possuem grande parcela de responsabilidade quanto à situação ambiental da atualidade, fica mais do que claro a necessidade da implementação de políticas sustentáveis, baseando-se não apenas em uma conscientização, mas no exercício da função social da empresa, que não se resume meramente à obediência às normas estipuladas, mas também em propiciar melhorias na sociedade, contribuindo para a elevação da qualidade de vida.
Portanto, é de grande relevância que compreendamos o papel da empresa no seio social, a forma como esse papel é desempenhado e qual comportamento a empresa deve ter frente à questão da conciliação do crescimento econômico com o desenvolvimento ambiental, tomando como referência o Banco Bradesco e sua atuação como empresa difusora de políticas ambientais. 
É cada vez mais comum a escassez (ou a iminência da escassez) de determinados recursos naturais, que podem pôr em risco a atuação de grande parte das empresas, levando a economia a vivenciar uma crise sem precedentes. Portanto, diante dessa grave situação, tornou-se necessária a existência das chamadas Políticas Sustentáveis, que seriam responsáveis por aliar crescimento econômico à preservação e respeito à natureza, usufruindo somente do necessário e garantindo que as futuras gerações também possam usufruir destes recursos.
O número de empresas que adotam políticas sustentáveis tem subido consideravelmente, no entanto, devemos analisar detidamente se tais empresas, de fato, adquiriram uma consciência ambiental, ou se todo esse comportamento não passa de uma fachada com vistas a manter uma boa reputação no mercado. 
No Brasil, o Banco Bradesco é considerado um referencial no campo das empresas que aderiram a práticas sustentáveis, com campanhas que promovem ações sociais, como prestação de auxílio a populações ribeirinhas, e até preservação de florestas tropicais, divulgando anualmente relatórios de sustentabilidade. A utilização de recursos naturais feita pelo banco segue regras rigorosas, além de se realizar altos investimentos financeiros em projetos de cunho ambiental, através de parcerias com outras organizações e criação de marcas próprias da empresa para reverter fundos para esses projetos de preservação.
Sendo assim, diante da atual situação do meio-ambiente e do papel que a empresa exerce, ou deveria exercer, e tomando como referência o Banco Bradesco, questionamos de que forma a empresa executa sua função social e aplica o princípio da solidariedade no que tange à adoção de políticas sustentáveis. 
Objetivamos, também, compreender mais amplamente os conceitos do princípio da solidariedade e a função social da empresa, obter um breve histórico da relação empresa-meio-ambiente, além de aprofundar nosso entendimento acerca da sustentabilidade e de sua razão de ser, dando ênfase à política sustentável do Banco Bradesco.
De acordo com Gil (2002), esta pesquisa é classificada com base em seus objetivos e nos procedimentos técnicos. Quanto aos objetivos, exploratória, em razão de “ter como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.” (GIL, 2002, p. 41). Quanto aos procedimentos técnicos, bibliográfica, em razão de “ser desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.” (GIL, 2002, p. 44)
2 HISTÓRICO DA RELAÇÃO DA EMPRESA COM O MEIO AMBIENTE
Desde os tempos mais remotos o homem necessitou da natureza e do que ela podia oferecer, senda esta uma questão de sobrevivência, e não meramente de volição. Desde as ferramentas necessárias para se caçar, até as formas de trocas de mercadorias entre as civilizações primitivas, a atividade econômica sempre esteve presente, e sempre atrelada aos recursos naturais, tendo em vista que é do meio ambiente que retiramos quase tudo que é necessário para a manutenção da vida em sociedade.
Ao longo do tempo, conforme as civilizações foram evoluindo, houve, também, o aprimoramento da atividade econômica, que foi tornando-se cada vez mais organizada, deixando de lado o aspecto da “sobrevivência” e assumindo o intuito do lucro como ponto principal. À medida que as atividades econômicas cresciam, o meio ambiente foi sendo cada vez mais explorado – exploração embasada na falsa noção de infinidade dos recursos naturais -, acarretando no estopim de um problema que só seria percebido a longo prazo. 
Na relação empresa e meio ambiente há um ponto que sempre divergiu: a possibilidade da existência do chamado desenvolvimento sustentável em conjunto com o crescimento econômico. Historicamente, as empresas têm sido alvo de críticas pelo mal-uso dos recursos naturais e pelas consequências refletidas no meio ambiente. Sabemos que o problema da poluição é algo quase inerente à nossa história, no entanto,o problema começou a agravar-se a partir da Revolução Industrial, com a crescente urbanização não-planejada e o surgimento de diversas indústrias. (ARAÚJO; FARIAS; LEAL, 2008).
O primeiro impacto ambiental produzido pela Revolução Industrial deu-se com a mudança paisagística, haja visto a substituição da camada vegetal por construções utilizadas pelas indústrias. A questão dos detritos, da produção de lixo (que a partir da Revolução Industrial elevou-se sobremaneira) também se configurou em grave problema, tendo em vista que a maneira inadequada como é feito o descarte. 
A poluição do meio ambiente e sua degradação agravou-se absurdamente em virtude do aumento da atividade empresarial, e, claro, da exploração dos recursos naturais, “(...) isso não apenas porque a Indústria é a principal responsável pelo lançamento de poluentes no meio ambiente, mas também porque a Revolução Industrial representou a consolidação e a mundialização do capitalismo.” (ARAÚJO; FARIAS; LEAL, 2008, p. 04).
O capitalismo, sistema socioeconômico que rege praticamente todo o mundo, estabeleceu o lucro como objetivo principal dentro da atividade econômica, o que levou a empresa a explorar os recursos que a natureza tem a oferecer.
Foi com a obra “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith, que surgiu o conceito de crescimento econômico, no ano de 1776. Para Smith, o crescimento econômico era imprescindível para se chegar ao desenvolvimento. O conceito de desenvolvimento, tal como é debatido atualmente, é fruto do período pós-guerra, quando a Europa passava por uma crise gigantesca, com falta de emprego, mercado enfraquecido e economia decaída. Surgiu aí a necessidade de uma política desenvolvimentista, que trouxesse novamente o crescimento econômico. (MATOS; ROVELLA, 2006).
Desta feita o capitalismo veio assumir papel principal na economia mundial, o que não acarretou bons resultados para os recursos naturais e o meio ambiente, que passou a sofrer cada vez mais com a poluição e a escassez que estava por vir.
Tendo em vista a grande degradação ambiental que se estabeleceu e a consequente escassez dor recursos naturais por conta de sua exploração desenfreada, a Organização das Nações Unidas (ONU), em 1972, realizou a primeira conferência sobre o meio ambiente, com o intuito de tratar do tema da poluição. Posteriormente, no Brasil, em 1992, em mais uma conferência da ONU sobre o meio ambiente, o chamado “Relatório Brundtland” trouxe o conceito de Desenvolvimento Sustentável oficialmente. (BOURSCHEIDT; DALCOMUNI, 2010).
Desde então o Desenvolvimento Sustentável passou a fazer cada vez mais parte dos debates no cenário mundial, e as empresas não poderiam escapar à essa questão. Diversos são os exemplos de empresas que buscam adotar políticas de gerência sustentáveis, com as quais possam aliar o crescimento econômico. É verdade, porém, que muitas delas apenas mascaram suas verdadeiras intenções, sem de fato preocupar-se com a sustentabilidade, mas objetivando maior publicidade e, consequentemente, aumento nos lucros.
3 O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE E A FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA
“Apesar de a responsabilidade social não corresponder a um bom negócio a curto prazo, a necessidade de conciliar a maximização do lucro com a preocupação social é, atualmente, imprescindível, pois as empresas não têm mais como objetivo apenas o lado financeiro; também possuem uma função social a cumprir”. (SIQUEIRA, [?], p.4)
A Função Social da Empresa é o compromisso que a empresa deve assumir com a sociedade, assim como com o mercado. Requião (2015) traz como característica do direito comercial a onerosidade, o intuito de lucro, todavia, a responsabilidade do empresário em obter o lucro é acompanhada com a responsabilidade perante a sociedade. Coelho (2012) contribui ao escrever que a empresa cumpre com a sua responsabilidade e função ao utilizar as suas ferramentas para promover o progresso social, econômico e igualmente, proteger o meio ambiente e os direitos daqueles que fazem uso desse.
Tem-se que tanto Requião (2015) como Coelho (2012) trabalham com o Princípio da Função Social da Empresa como sendo implícito. Quer dizer que ele não está expresso na Constituição Federal e é presumido no Direito Comercial, com isto tem-se não a imposição dos sentimentos de altruísmo ou caridade, mas a condição para o comportamento da empresa com relação ao que é externo a ela, através das obrigações previstas na Constituição Federal, da qual se extrai das entrelinhas o referido princípio.
O princípio da Solidariedade consistiria no conjunto de instrumentos necessários a garantir uma existência digna a todos os cidadãos, partes de uma sociedade que se pretende construir livre e justa. O valor fundamental do ordenamento deixou de ser a autonomia da vontade individual, de cunho eminentemente patrimonial (“ter”), para dar lugar às situações existenciais, em que o valor essencial é a pessoa humana em sua dignidade (“ser”). (SIQUEIRA, [?], p. 9)
O princípio da Solidariedade é o responsável pela concretização da Função Social da Empresa, em razão dele ser contrário a desigualdade gerada não apenas pela má distribuição de recursos, como também pela individualidade, pelo egoísmo e abuso de autonomia e liberdade. 
4 A NOÇÃO DE SUSTENTABILIDADE E SUA RAZÃO DE SER
“O compromisso das empresas com o meio ambiente está diretamente relacionado à sua responsabilidade social, uma vez que ambas as diretrizes visam o ser humano como ator principal.” (GONÇALVES, 2005). 
Na relação empresa e meio ambiente há um ponto divergente: a possibilidade da existência do chamado desenvolvimento sustentável. As empresas têm sido alvo de críticas pelo mal-uso dos recursos naturais e pelas consequências refletidas no meio ambiente. 
Conquanto, Zanoti (2006) lembra que na prática, “preservar o meio ambiente envolve custos adicionais, fato que se coloca em rota de colisão com os objetivos primordiais da empresa”. A realidade da empresa coloca em cheque a sustentabilidade do meio ambiente, o que questionaria o porquê preservar, uma vez tido que assumir um compromisso com o meio ambiente, e com a sociedade, mudaria os rumos dos planejamentos estratégicos e do ambiente de negócios da empresa e como consequência, colocaria a empresa em uma posição diferente. Todavia, não seria essa posição favorável a própria empresa?
De acordo com outra fonte bibliográfica desta pesquisa, a Revista Estudos Avançados, publicada quadrimestralmente pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, o conceito de Desenvolvimento Sustentável surgiu no pós-guerra, mais precisamente no ano de 1972, quando ocorreu a primeira conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente. Nesse período o mundo se dividiu, pois, haviam aqueles que defendiam o desenvolvimento econômico a todo custo, com a implantação de indústrias em massa. Eram os “desenvolvimentistas”. Opondo-se a estes últimos haviam aqueles que pregavam que o desenvolvimento econômico levaria a grandes catástrofes ambientais, e que, portanto, deveria ser reduzido a zero, completamente estagnado. Eram os chamados “zeristas”. (ROMEIRO, 2012, p. [?])
Observa-se que durante toda a história, a relação empresa e meio-ambiente foi vivida ao extremo. Entretanto, dificilmente se estudou a respeito de uma conciliação que favorecesse o meio ambiente tanto quanto a empresa e trouxesse a sustentabilidade como uma realidade não mais distante e com uma boa razão para ser.
Deste objetivo, nos atentaremos aos conceitos e considerações das autoras Claro citado por Hart at. al. (2014, p. 1). Temos a sustentabilidade empresarial como um método adaptado para abordar uma ampla sucessão de negócios e projetos referentes aos interesses do meio ambiente, dos trabalhadores, do consumidor, dos fornecedores, da comunidade local, do governo, entre outros stakeholders e refere-se aos investimentos ligados ao core business (negócio central) da empresa e baseiam-se nas restrições e nos problemas ambientais e sociais existentes. As atividades de uma empresa em relaçãoa questões ambientais e sociais podem influenciar tanto os interesses dos stakeholders como o próprio desempenho econômico-financeiro no longo prazo. Nesse sentido, sustentabilidade empresarial não é irreconciliável com crescimento econômico; ao contrário, é uma importante fonte de vantagem competitiva e de geração de valor para acionistas e partes interessadas no longo prazo. 
O país tem vivido uma crise econômica que até o momento tem acarretado apenas prejuízos para a empresa e para a sociedade, e que aparentemente não produzem nenhum tipo de benefício para aquelas. Ademais, Claro (2014) apresenta a existência do lado positivo da empresa que investe na sustentabilidade: a medida com que a sustentabilidade é feita de forma estratégica e com visão a longo prazo, a empresa fica blindada e protegida dos efeitos da crise financeira ao passo que se beneficia da vantagem competitiva, uma vez que as empresas com visão de curto prazo (mantêm investimentos de cunho filantrópico) retiram seus respectivos investimentos em sustentabilidade e abrem caminho para aquelas empresas atuarem. Tal fato depende apenas da postura adotada por cada empresa. 
Então, se tratando de um quadro econômico delicado como o atualmente vivenciado e de um desempenho a longo prazo, a sustentabilidade estratégica é um bom investimento para o crescimento e preparação da empresa. As empresas que seguem a abordagem estratégica de sustentabilidade buscam identificar os problemas ambientais e sociais e os transformam em oportunidades de negócio. Além disso, a sustentabilidade estratégica minimiza custos e riscos provenientes do consumo excessivo, da poluição e da geração de lixo, pois melhora o uso de recursos (isto é, quantidade e tipos) e leva a ganhos generalizados de eficiência no negócio. (CLARO, apud HART; MILSTEIN, 2014, p. 292)
5 A ATUAÇÃO EMPRESARIAL NO CAMPO DAS POLÍTICAS SUSTENTÁVEIS, TENDO POR REFERÊNCIA AS PRÁTICAS DO BANCO BRADESCO
Como já foi dito, hoje o conceito de Desenvolvimento Sustentável está presente em grande parte das nossas vidas, e no mundo empresarial não poderia ser diferente, ainda mais se levarmos em conta o fato de que a atividade econômica é uma das grandes responsáveis pela atual degradação do meio ambiente e pela falta de recursos naturais.
Sendo assim, como as empresas têm se posicionado quanto às questões ambientais, e como têm trabalhado o princípio da solidariedade e a sua função social nesse ponto? É o que buscaremos abordar, partindo de uma visão ampla de empresas brasileiras que adotam políticas sustentáveis até nos atermos ao Banco Bradesco.
Na década de 1960 surge no Brasil a Associação Cristã de Dirigentes de Empresa, que foi a responsável por introduzir um contexto de responsabilidade social entre as empresas brasileiras. No final dos anos 80 e nos anos 90 surgiram diversas organizações cujo intuito era estabelecer entre as empresas um compromisso com a sociedade, como a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES), de 1986, e o Grupo de Instituições, Fundações e Empresas (GIFE), de 1995, que difundiram a ideia de responsabilidade social no meio empresarial. Porém, foi o Instituto Ethos (1998) o responsável por colocar as empresas brasileiras em um meio em que pudessem trocar experiências, ideias e estratégias quanto à responsabilidade social e ao desenvolvimento sustentável. (RIBEIRO, 2011).
Hoje são inúmeras as empresas brasileiras que adotam políticas sustentáveis, haja visto que não há aqui somente uma preocupação com a sua função social ou com o meio ambiente, mas também a necessidade de se manter no mercado. 
De um modo geral, “a responsabilidade social empresarial defende o objetivo de maximização do lucro até o limite que isso não destrua o meio ambiente, promova exploração do trabalho, pratique atos imorais de corrupção e etc.” (NETO, 2010). Assim pode-se afirmar que o mercado está passando por uma reestruturação da ética empresarial nas grandezas econômicas, sociais e ambientais, o que faz necessário a articulação com o Estado, movimentos sociais e a sociedade. (RIBEIRO, 2011, p. 21-22). 
O Banco Bradesco é considerado empresa de referência quando se trata de políticas sustentáveis. Fundado na década de 1940 por Amador Aguiar, o banco nasceu com a perspectiva de ser uma empresa democrática e ativa socialmente, vindo a alcançar o posto de líder entre os bancos privados brasileiros na década de 1950. Somente no ano 2000 é que sua política socioambiental é consolidada, quando adere aos Princípios do Equador e ao Pacto Global e cria o Banco do Planeta, responsável por estabelecer um novo posicionamento da empresa quanto às questões socioambientais. (Portal Bradesco, 2015).
As políticas ambientais do Bradesco contam com a chamada Governança da Sustentabilidade, que consiste em um grupo responsável pelas discussões e ações de sua política sustentável. Este grupo conta com a participação de um Conselho de Administração, formado por um Comitê de Sustentabilidade, que reúne-se, pelo menos, trimestralmente. (Portal Bradesco Sustentabilidade, 2015).
Interessante notar que a questão da sustentabilidade perpassa outros colegiados da empresa, tais como o Comitê de Conduta Ética e os Comitês Executivos de Crédito e de Eficiência, além de a pauta estar presente no planejamento de todas as outras diretorias do Bradesco. O banco também adota indicadores ambientais nacionais e internacionais, como o  Dow Jones Sustainability Index (DJSI), o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE, da BM&FBovespa) e o Índice Carbono Eficiente (ICO2, também da BM&FBovespa), além das diretrizes e indicadores da Global Reporting Initiative (GRI) e do Carbon DisclosureProject (CDP). (Portal Bradesco Sustentabilidade, 2015).
O Banco do Planeta (como se auto intitula o Bradesco) também adota o chamado Programa Gestão da Ecoeficiência, que visa oferecer serviços e bens satisfazendo as necessidades humanas e melhorando a qualidade de vida, procurando reduzir impactos ambientais a um ponto em que se estabeleça um equilíbrio. Para isso foi criado um Plano Diretor, em 2010, que estabelece metas acerca de temas como energia, água, papel, resíduos, plásticos e gases de efeito estufa, cuja implementação é feita para os 5 anos seguintes. O Banco também estabelece diretrizes específicas e constantemente atualizadas, a saber a Política Coorporativa de Sustentabilidade e a Norma de Responsabilidade Socioambiental, além de disponibilizar publicamente um relatório anual de Sustentabilidade. (Portal Bradesco Sustentabilidade, 2015).
Claro que, por se tratar de uma empresa, haverá sempre interesse fiscal, tendo em vista que, hoje, adotar políticas sustentáveis é questão de sobrevivência no mercado, no entanto, é de se perceber a participação ativa do Bradesco em questões ambientais, aliando seus serviços a metas sustentáveis e buscando adequar-se ao conceito de desenvolvimento sustentável.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho objetivou não menos que o apresentado: analisar a atuação da empresa no exercício de sua função social e do princípio da solidariedade na adoção de políticas de sustentabilidade, dando ênfase ao Banco Bradesco; explicar do que se trata o Princípio da Solidariedade e a Função Social da empresa; observar a história da relação da empresa com o meio-ambiente e o uso dos recursos naturais; compreender a noção de sustentabilidade e a sua razão de ser; demonstrar a atuação empresarial no campo das políticas sustentáveis, tendo por referência as práticas do Banco Bradesco e, trazer à tona todas as variadas vertentes de um debate histórico e ao mesmo tempo atual, no qual procurou-se aplicar uma visão que pudesse ver as diversas possibilidades de conclusões.
REFERÊNCIAS
BANCO Bradesco. 2015. Disponível em: <http://www.bradesco.com.br/html/classic/index.shtm> Acesso em: 02 set. 2015.
BOURSCHEIDT, Deise Maria; DALCOMUNI, Sonia Maria. Do Crescimento Econômico ao Desenvolvimento Sustentável: aspectos conceituais e marcos importantes.2011. <www.urcamp.edu.br/congrega2010/revista/artigos/421.pdf> Acesso em: 05 nov. 2015.
BRADESCO Sustentabilidade. Disponível em: < http://www.bradescosustentabilidade.com.br> Acesso em: 05 nov. 2015.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. 16. ed. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2012.
CLARO, Danny Pimentel; CLARO, Priscila Borin de Oliveira. Sustentabilidade estratégica: existe retorno no longo prazo? REVISTA de Administração, São Paulo, v. 49, n. 2, p. 291-306, abr./mai./jun. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-76122015000200473&script=sci_arttext Acesso em: 09 de set. 2015.
GIL, Antônio Carlos. Como classificar as pesquisas? In:______. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas S.A., 2002. Cap. 4, p. 41-44.
GONÇALVES, Benjamin S. (coordenação e edição). O Compromisso das Empresas com o Meio Ambiente: a Agenda Ambiental das Empresas e a Sustentabilidade da Economia Florestal. São Paulo: Instituto Ethos, 2005.
LEAL, Georla Cristina Souza de Gois; FARIAS, Maria Sallydelandia Sobral de; ARAÚJO, Aline de Farias. O Processo de Industrialização e Seus Impactos no Meio Ambiente Urbano. QUALITAS Revista Eletrônica, Paraíba, v. 7, n.1. 2008. Disponível em: http://www.revista.uepb.edu.br/index.php/qualitas/article/viewFile/218/194. Acesso em: 05 set. 2015.
MATOS, Richer de Andrade; ROVELLA, Syane Brandão Caribé. Do Crescimento Econômico ao Desenvolvimento Sustentável: conceitos em evolução. 2006. Disponível em: < http://www.opet.com.br/faculdade/revista-cc-adm/pdf/n3/DO-CRESCIMENTO-ECONOMICO-AO-DESENVOLVIMENTO-SUSTENTAVEL-CONCEITOS-EM-EVOLUCAO.pdf> Acesso em: 05 nov. 2015.
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial: volume 1. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
RIBEIRO, Mabel Nyland do Amaral. Desempenho da Sustentabilidade Empresarial no Brasil. 2011. <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/49182/000826277.pdf?sequence=1> Acesso em: 05 nov. 2015.
ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Desenvolvimento sustentável: uma perspectiva econômico-ecológica. REVISTA Estudos Avançados, São Paulo, v. 26, n.74. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-401420120001&lng=es&nrm=iso. Acesso em: 06 set. 2015
SIQUEIRA, Maria Rita Braga. A Função Social Da Empresa À Luz Do Princípio Da Solidariedade. Disponível em: http://wwww.doctum.com.br/unidades/leopoldina/graduacao/direito/artigos/artigo20. Acesso em: 09 set. 2015.
YOUNG, Carlos Eduardo Frickmann. Sustentabilidade e competitividade: o papel das empresas Disponível em: http://www.academia.edu/3017852/Sustentabilidade_e_Competitividade_O_Papel_das_Empresas. Acesso em: 08 set. 2015.
ZANOTI, Luis Antonio Ramalho. A Função Social da Empresa Como Forma De Valorização da Dignidade da Pessoa Humana. Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Direito da Universidade de Marília, Marília. 2006.

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