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DA PROVA
1.Conceito
Prova é todo elemento trazido ao processo, pelo juiz, pelas partes ou por terceiros (exemplo: peritos), destinado a comprovar a realidade de um fato, a existência de algo ou a veracidade de uma afirmação. Sua finalidade é fornecer subsídios para a formação da convicção do julgador.
2. Objeto de Prova
São objetos de prova os fatos principais e secundários capazes de influenciar a responsabilidade criminal do réu, a aplicação da pena e a medida de segurança. Alguns fatos, entretanto, não podem ser objetos de prova. São eles:
O direito não pode ser objeto de prova, pois o juiz o conhece (iura novit curia); salvo se for direito consuetudinário, estrangeiro, estadual ou municipal.
Os fatos axiomáticos, evidentes. 
Os fatos notórios. O fato axiomático é diferente do fato notório, que é aquele de conhecimento geral, que faz parte da história e refere-se a fatos políticos, sociais ou fenômenos da natureza.
Os fatos irrelevantes, ou seja, aqueles incapazes de influenciar a responsabilidade criminal do réu no caso concreto.
Os fatos sobre os quais incide presunção absoluta (iuris et de iure). Exemplo: incapacidade do menor de 18 anos de entender o caráter criminoso do fato; não se admite prova em contrário.
Atenção: no Processo Penal, os fatos incontroversos também são objeto de prova; não se aplica a regra que incide no Processo Civil.
3. Classificação das Provas
Prova Direta: refere-se diretamente ao tema probandu. Exemplo: testemunha presencial, exame de corpo de delito.
Prova Indireta: refere-se indiretamente ao tema probandu. Exemplo: álibi apresentado pelo acusado.
Prova Pessoal: a prova emana de uma pessoa. Exemplo: interrogatório, testemunha.
Prova Documental: a prova é produzida por meio de documentos. 
Prova Material: refere-se a objetos. Exemplo: instrumentos do crime, arma do crime.
Prova Plena: é a prova que conduz a um juízo de certeza.
Prova Não Plena: é a prova que conduz a um juízo de probabilidade. Para a decisão de pronúncia aceita-se a prova não plena, mas para a condenação é necessária a prova plena. 
4. Meios de Prova
Meios de prova são os métodos por meio dos quais a prova pode ser levada ao processo. Os meios de prova podem ser:
nominados: são os documentos, acareações, reconhecimento de pessoas e objetos, interceptação telefônica, interrogatório. São todos os meios de prova previstos na legislação;
inominados: são aqueles meios de prova que não estão previstos expressamente na legislação. Exemplo: juntar fita de vídeo, contendo imagens de um programa de TV em que o acusado aparece, a fim de mostrá-lasaos jurados.
5. Sujeitos da Prova
Os sujeitos da prova são as pessoas incumbidas de levar ao juiz os meios de prova. São as testemunhas, com o depoimento; o réu, com o interrogatório; o perito, com o laudo etc.
6. Princípios Relativos à Prova
Princípio da Comunhão da Prova: uma vez trazida aos autos, a prova se incorpora ao processo. Por essa razão, a prova trazida por uma das partes pode ser usada pela parte contrária. Além disso, uma vez admitida a prova, para que a parte desista dela, deve haver anuência da parte contrária.
Princípio da Audiência Contraditória: à parte contrária sempre deve ser dado o direito de impugnar a prova produzida pelo ex adverso.
Princípio da Liberdade dos Meios de Prova: no Processo Penal são admitidos todos os meios de prova, nominados ou inominados, em homenagem ao princípio da verdade real. Esse princípio, contudo, não é absoluto, pois não se admitem as provas ilegais, que se subdividem em provas ilícitas e ilegítimas. 
Prova ilícita é a prova produzida com desrespeito à regra de direito material. Exemplo: confissão mediante tortura. Prova ilegítima é a prova produzida com desrespeito à regra de direito processual. Exemplo: exibição em plenário de documento sem dar ciência à parte contrária com pelo menos três dias de antecedência. 
No Brasil adota-se a “teoria dos frutos da árvore envenenada” trazida do direito norte-americano. Segundo essa teoria, a prova, ainda que lícita, mas decorrente de outra prova ilícita, não pode ser aceita. Exemplo: o réu, mediante tortura, aponta três testemunhas. Essas testemunhas são chamadas a Juízo. A oitiva dessas testemunhas, apesar de lícita, será considerada ilícita, pois se originou de uma prova ilícita. Não poderá ser aceita. 
7. Ônus da Prova
O ônus da prova é o encargo que recai sobre as partes, impondo-lhes o dever de provar algo, sob pena de suportar uma situação processual adversa.
A acusação deve fazer prova da autoria e da materialidade do delito. Deve fazer prova plena desses elementos. Compete, ainda, à acusação fazer prova do elemento subjetivo, isto é, do dolo da ação ou do elemento normativo, ou seja, a culpa: provar que o agente agiu com imprudência, negligência ou imperícia. 
A defesa deve provar os fatos impeditivos (excludentes de ilicitude), extintivos (causas de extinção da punibilidade) ou modificativos (desclassificação ou causas de diminuição da pena) do direito do autor. A defesa não precisa produzir prova plena, basta o juízo de probabilidade. 
8. Sistemas de Apreciação da Prova
Sistema Primitivo (hoje abandonado). Utilizavam-se dois sistemas: o sistema religioso e o sistema étnico ou pagão. O sistema religioso invocava a divindade para apreciar as provas, qualquer que fosse o julgamento (duelos etc.). No sistema étnico ou pagão, a apreciação das provas era feita de forma empírica, sem qualquer regra.
Sistema Moderno. São três os sistemas modernos:
Sistema da íntima convicção ou da certeza moral do julgador. Nesse sistema, a decisão fica a cargo do juiz, que decide observando certas regras, porém, não há necessidade de fundamentação do julgamento. Dá ensejo a abusos.
Sistema da prova legal ou da certeza moral do legislador. A lei fixa um regime tarifado de provas, preestabelecendo o valor de cada prova. 
Sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional do juiz. Nesse sistema, o julgador tem liberdade para decidir, formando sua convicção pela livre apreciação das provas, porém, com a obrigação de fundamentar seu julgamento.
O Código de Processo Penal adota o sistema do livre convencimento motivado. Há uma exceção estabelecida no Código: para o Tribunal do Júri aplica-se o sistema da íntima convicção, uma vez que os jurados não podem fundamentar suas decisões.
DAS PROVAS EM ESPÉCIE
Exame do Corpo de Delito e Perícias em Geral
Corpo de Delito:
São as alterações materiais deixadas pela infração penal. Nos crimes que deixam vestígio, o exame pericial, ou exame de corpo de delito, é indispensável, sob pena de nulidade (CPP, art. 564, III, “b”). A lei pode prever exames específicos para determinados crimes, como é o caso do exame necroscópico na hipótese de homicídio.
O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora (CPP, art. 161).
Perícia:
É um exame que exige conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos e que é realizado para verificar o estado de uma coisa, ou um fato. São tipos de perícia o exame, a vistoria e a avaliação.
Há a possibilidade de buscar o vestígio, colher os elementos de convicção e não submetê-los posteriormente a perícia. Ex.: crime de imprensa (difamação publicada em jornal), a cópia do
jornal é o próprio corpo do delito que, neste caso, dispensa perícia.
Vestígios:
Os vestígios dependem de perícia. Caso não tenha sido feita perícia em vestígio, a prova é considerada nula. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado (CPP, art. 158).
Prova da Materialidade do Fato:
São três os caminhos para se provar a materialidade do fato:
exame direto: vestígios do crime;
exame indireto: informações que cercam o fato;
prova oral: relatos subjetivos sobre o fato (não se confundem com o exame indireto).
A perícia deve ter relação com o caso a ser julgado. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridadepolicial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade (CPP, art. 184).
01.Exame Direto:
Quando os peritos têm os elementos sensíveis da infração. O exame direto pode ser realizado sobre pessoa ou coisa, os meios ou instrumentos empregados ou ainda outros elementos materiais de convicção.
02.Exame Indireto:
Quando os peritos não têm uma base considerável, procuram reconstituir o fato a partir de outros elementos, tais como:
informações do ofendido;
informações das testemunhas;
informação do indiciado ou acusado;
outros elementos não materiais de convicção: acareações, reconhecimentos, reconstituição e outros.
Prova Testemunhal:
Se os vestígios desapareceram, impossibilitando o exame de corpo de delito, poderá este ser suprido pela prova testemunhal (CPP, art. 167). Como por exemplo, no homicídio em que o corpo da vítima foi efetivamente ocultado.
Peritos Oficiais:
O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior (CPP, art. 159). Perito oficial compreende o perito criminal e o médico legista que trabalham para o Estado, conforme ficou estabelecido pela Lei 8.862/94.
Peritos não Oficiais:
Não havendo perito oficial, o exame deverá ser realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo.
Assistentes Técnicos:
É facultado ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.
Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico (CPP, art. 159, § 7º).
Divergência Entre Peritos:
Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro. Se este, entretanto, divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos (CPP, art. 180).
Laudo Pericial:
Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados (CPP, art. 160). No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementá-la ou esclarecer o laudo.
A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente (CPP, art. 181). O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou
rejeitá-lo, no todo ou em parte (CPP, art. 182). Compõe-se o laudo pericial de:
preâmbulo: sujeito e objeto da perícia;
exposição: histórico, antecedentes e narração do que foi observado;
discussão: análise ou crítica;
conclusões: respostas aos quesitos genéricos e específicos.
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
Autópsia:
Autópsia é o exame de um cadáver, para conclusões judiciais. A autópsia será feita pelo menos 6 horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes deste prazo, o que declararão no auto. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante
(CPP, art. 162).
Exumação de Cadáver:
Exumação é o desenterramento do cadáver para ser examinado (exame cadavérico). Em caso de exumação, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado (CPP, art. 163).
Cadáveres:
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime (CPP, art. 164). Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados (CPP, art. 165). Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver (CPP, art. 166).
Exame Complementar:
O exame complementar não é somente para o caso de lesões corporais, serve também para classificar a tentativa de homicídio. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo (CPP, art. 168).
A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
Preservação do Local:
Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos (CPP, art. 169).
Perícias de Laboratório:
Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas (CPP, art. 170).
Instrumentos para a Qualificação do Furto:
O crime de furto qualificado é aquele em que há o rompimento ou destruição de obstáculo à subtração da coisa ou pelo emprego de escalada. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado (CPP, art. 171).
Avaliação de Objetos:
Esta avaliação tem relevância para classificar certos crimes, como o furto privilegiado (furto de coisas de pequeno valor). Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências (CPP, art. 172).
Perícia em Incêndio:
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato (art. 173).
Exame Grafotécnico:
São os exames para a comparação de caligrafia. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato,se for encontrada;
para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;
quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado (se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever).
Instrumentos da Infração:
É o exame dos instrumentos usados para a prática do crime. A falta desta perícia, ao contrário do exame do corpo de delito, não constitui motivo de nulidade da ação penal. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência (CPP, art. 175).
Formulação dos Quesitos:
Quesitos são questionamentos de natureza técnica que deverão ser respondidos pelo perito e apreciados pelo juiz e pelas partes. Durante o curso do processo judicial, é permitido à autoridade e as partes formular quesitos até o ato da diligência (CPP, art.176).
Exame por Precatória:
No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante (CPP, art. 177). Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.
Interrogatório do Acusado
Noções Iniciais:
O interrogatório é o ato processual pelo qual o acusado dispõe como oportunidade para apresentar suas explicações e a sua versão sobre o fato em julgamento. É um direito, mais do que uma obrigação do réu, comparecer para o interrogatório e, por isso, a sua falta injustificada no processo é causa de nulidade. No interrogatório, o réu pode negar a imputação do fato criminoso, confessar ou até mesmo permanecer em silêncio (CF, art. 5°, inc. LXIII e CPP, art. 186).
Momento do Interrogatório:
O interrogatório é visto por parte da doutrina (Fernando da Costa Tourinho) como uma oportunidade de autodefesa do réu. Outros entendem que o interrogatório é um meio de prova (Hélio Tornaghi, Mirabete e Frederico Marques). Os que entendem o interrogatório como um meio de defesa, defendem que este deve ser colhido após a oitiva das testemunhas, possibilitando que o réu se manifeste pessoalmente sobre as declarações feitas pelas testemunhas.
O Código de Processo Penal estabelece o interrogatório antes da oitiva das testemunhas, mas a Lei dos Juizados Criminais Especiais (Lei 9.099/95, art. 81) inverte esta ordem, prevendo a oitiva antes do interrogatório do réu e permitindo que o acusado apresente sua própria versão sobre os fatos relatados pelas testemunhas.
Revelia:
Se o réu for citado e não comparecer, é decretada a revelia, mas se o réu aparece no curso do processo, o juiz é obrigado a interrogá-lo, pois a palavra do réu sempre que possível deve ser trazida para o processo.
A Lei n° 10.792, de 1° de dezembro de 2003, reformou o Código de Processo Penal no tocante ao interrogatório com o objetivo de adequar este ato processual ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa. Com as modificações, passou-se a admitir a possibilidade de o acusado trazer para o processo todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade e ter a assistência do seu defensor nesta fase.
Procedimento do Interrogatório:
O interrogatório deve ser realizado no curso do processo penal quando o acusado comparecer perante a autoridade judiciária (CPP, art. 185). O acusado deve ser interrogado e qualificado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. Assim, o defensor deve ser intimado para acompanhar o acusado e, antes do interrogatório, tem direito de reunir-se reservadamente com o acusado para permitir a orientação da defesa.
O interrogatório do acusado preso será feito no estabelecimento prisional em que se encontrar, em sala própria, desde que estejam garantidas a segurança do juiz e auxiliares, a presença do defensor e a publicidade do ato (CPP, art. 185, § 1°).
Interrogatório por Videoconferência:
Excepcionalmente, o juiz pode realizar o interrogatório do acusado através do sistema de videoconferência, através do qual as imagens e sons são transmitidos em tempo real para ambos, não havendo, portanto a necessidade de estarem presentes no mesmo local. Esta medida pode ser estabelecida de ofício pelo juiz ou a requerimento das partes, porém deve estar fundamentada e as todas partes deverão ser intimadas com 10 dias de antecedência.
Todos os atos deverão ser acompanhados pelo defensor do acusado, ficando também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que
esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do fórum, e entre este e o preso. Além do interrogatório, a videoconferência pode ser utilizada para a realização de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido.
Requisitos da Videoconferência:
Conforme o § 2° do art. 185 do CPP, só deve ser realizado o interrogatório por videoconferência se for para atender a uma das seguintes finalidades:
prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência;
responder à gravíssima questão de ordem pública.
O interrogatório por videoconferência foi uma novidade introduzida pela Lei 11.900/2009 e teve como objetivo evitar o transporte de presos perigosos dos presídios até as salas de audiência nos fóruns, tanto por questões de segurança, como de economia, devido ao grande dispêndio de recursos e policiais. A videoconferência tem ainda a vantagem de permitir que seja registrado o interrogatório para posterior consulta pelo juiz ou partes. Entretanto, alguns criticam a demasiada impessoalidade do sistema, uma vez que isto poderia prejudicar na formação da convicção do juiz.
Silêncio do Réu:
Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. A falta deste aviso é causa de nulidade relativa. O silêncio do réu não deverá ser visto como uma confissão, nem poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. O réu não é responsabilizado criminalmente se mentir no interrogatório, pois no Brasil não existe o chamado crime de perjúrio. As testemunhas, por outro lado, não podem mentir, mediante o compromisso estabelecido pelo art. 203 do Código de Processo Penal.
Perguntas do Interrogatório:
O interrogatório deve ser dividido em duas partes: primeiro será sobre a pessoa do acusado e depois sobre os fatos. Na primeira parte ocorrem as chamadas “perguntas de individualização”, que devem ser respondidas corretamente. Na segunda parte deverão ser feitas somente perguntas relacionadas com o fato em julgamento.
Reperguntas:
Após as perguntas do juiz, é possibilitada à acusação e à defesa a participação no interrogatório formulando perguntas adicionais ao réu, chamadas de reperguntas. Para tanto, é adotado o sistema presidencialista, ou seja, sistema no qual o juiz preside as reperguntas, não se permitindo que oréu seja questionado diretamente pelas partes.
Negativa da Acusação:
Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas (CPP, art. 189).
Interrogatório em Separado:
Havendo mais de um acusado, estes serão interrogados separadamente (CPP, art. 191).
Interrogatório do Deficiente:
Conforme o art. 192 do Código de Processo Penal, o interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte:
ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente;
ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito;
ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas.
Interrogatório de Estrangeiro:
Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio de intérprete (CPP, art. 193).
Falta de Assinatura:
Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no termo (CPP, art. 195).
Repetição do Interrogatório:
A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório do réu, de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes (CPP, art. 196). A repetição do interrogatório deve ser realizada quando surgirem no processo novos elementos que exigem explicação do réu.
Confissão
Noções Iniciais:
Confissão é o reconhecimento, pelo réu, da autoria dos fatos que lhe são imputados. Tem o mesmo valor, pelo menos em tese, que qualquer outra prova, devendo ser confrontada com os demais elementos dos autos. Se o réu confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração, e quais sejam (CPP, art. 190).
Valor da Confissão:
O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.
Silêncio do Acusado:
O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá servir de elemento para a formação da convicção do juiz (CPP, art. 198). 
Confissão Fora do Interrogatório:
A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos autos e se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no termo.
Divisibilidade e Retratabilidade:
A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto (CPP, art. 200). A confissão sendo retratável pode ser retirada, e sendo divisível pode ser aceita em parte e não obrigatoriamente no todo.
Perguntas ao Ofendido
Ofendido:
O ofendido é a própria vítima, não devendo ser confundido com testemunha. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações (CPP, art. 201). O ofendido não é computado no rol de testemunhas, não presta o compromisso de dizer a verdade e nem responde pelo crime de falso testemunho. Tem, porém, a obrigação de prestar declarações, podendo ser conduzido coercitivamente, se for intimado e deixar de comparecer sem motivo justo.
Fala-se “declaração” em relação ao ofendido e “depoimento” quando for testemunha.
Comunicação dos Atos Processuais:
A Lei 11.690/2008 promoveu algumas alterações no Código de Processo Penal em relação ao ofendido, com o objetivo de promover uma maior participação sua no processo. O ofendido deverá ser comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. Estas comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do próprio ofendido, o uso de meio eletrônico.
Medidas Protetivas:
Foram implementadas também pela Lei 11.690/2008 algumas medidas para a proteção do ofendido. Antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado espaço separado para o ofendido. O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação.
Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado.
Testemunhas
Testemunha:
Testemunha é a pessoa que presenciou o fato criminoso ou fatos relacionados com este e é capaz de depor. Toda pessoa poderá ser testemunha (CPP, art. 202). As testemunhas podem ser:
numerárias: são as arroladas pelas partes no processo, dentro do limite permitido;
referidas: são as apontadas por outras testemunhas, sendo ouvidas se ao juiz parecer conveniente.
E quanto ao objeto do testemunho podem ser:
próprias: as que depõem sobre os fatos do processo;
impróprias ou instrumentárias: são as chamadas para assistir a determinado ato formal, como a lavratura de um auto de prisão em flagrante, por exemplo.
Compromisso Legal:
Compromisso legal é o ato pelo qual a testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
As pessoas que não prestam o compromisso de dizer a verdade são o ofendido, os que podem recusar-se a depor, os doentes ou deficientes mentais e os menores de 14 anos. Os informantes também não prestam compromisso e não se incluem no rol de testemunhas.
Oralidade do Depoimento:
O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito (CPP, art. 204).
Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos.
Identidade da Testemunha:
Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo (CPP, art. 205).
Testemunhas Desobrigadas a Depor:
A testemunha não pode recusar-se a depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que separado judicialmente, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias (CPP, art. 206).
É direito do advogado recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional (Lei 8.906/94, art. 7º).
Pessoas Proibidas de Depor:
São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho (CPP, art. 207).
Testemunhas Não Indicadas e Referidas:
O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa (CPP, art. 209).
Inquirição:
As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juizadverti-las das penas cominadas ao falso testemunho (CPP, art. 210).
Falso Testemunho:
Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito (CPP, art. 211).
Perguntas das Partes:
As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição (CPP, art. 212).
Manifestação Pessoal:
A apreciação subjetiva da testemunha sobre o fato não deve ser transcrita no termo do depoimento, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato (CPP, art. 213).
Contradita ou Arguição da Testemunha:
Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha, indicando circunstância que a torne suspeita de parcialidade, como, por exemplo, a amizade íntima ou inimizade capital. Poderão também arguir defeito que a torne indigna de fé, como, por exemplo, uma testemunha já condenada anteriormente por falso testemunho (CPP, art. 214).
Depoimento:
O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de ambos. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases (CPP, arts. 215 e 216).
Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. A adoção de qualquer destas medidas deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram (CPP, art. 217).
Não Comparecimento:
Se a testemunha, após ter sido intimada, deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar que seja conduzida coercitivamente ao tribunal. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a pena de multa, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligência (CPP, art. 218 e 219).
As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem (CPP, art. 220).
Testemunha Ouvida por Carta Precatória:
A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes. A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal. Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos (CPP, art. 222 e parágrafos).
Assim como no caso do interrogatório através de videoconferência, a oitiva de testemunha também poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.
Carta Rogatória:
A carta rogatória é relativa aos atos realizados em juízos de jurisdição diferentes, como as de países estrangeiros. De acordo com o art. 222-A, as cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. No resto, aplicam-se a elas as mesmas regras das cartas precatórias.
O art. 222-A foi incluído pela Lei n° 11.900/2009 com o fim de se evitar os gastos excessivos na operacionalidade das cartas rogatórias e as traduções envolvidas.
Mudança de Residência:
As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não-comparecimento (CPP, art. 224).
Depoimento Antecipado:
Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento (CPP, art. 225).
Reconhecimento de Pessoas e Coisas
Reconhecimento de Pessoas:
Conforme o art. 226 do Código de Processo Penal, quando houver necessidade de se fazer o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.
Reconhecimento de Coisas:
No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas estabelecidas para o reconhecimento de pessoas, no que for aplicável (CPP, art. 227).
Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas (CPP, art. 228).
Acareação
Acareação:
A acareação (confrontação ou acareamento) é uma técnica jurídica que consiste em se apurar a verdade no depoimento ou declaração das partes, confrontando-as frente a frente e levantando os pontos divergentes, até que se chegue às alegações e afirmações verdadeiras.
A acareação destina-se ao esclarecimento de pontos divergentes em depoimentos e declarações. Ela será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
Solução de Divergências:
Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente (CPP, art. 230).
Os Documentos
Apresentação dos Documentos:
Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo (CPP, art. 231).
Exceções são, por exemplo, o art. 406, § 2º (não se pode juntar documento por ocasião das alegações, no procedimento do Júri), ou o art. 475 (não é permitida a exibição ou a leitura de documento no plenário do Júri sem a ciência antecipada, de 3 dias, da parte contrária.
Documento:
Documento é qualquer objeto que contenha marca ou sinal. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original (CPP, art. 232).
Cartas Particulares:
Ascartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo. Somente poderão ser exibidas em juízo as cartas se for pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário (CPP, art. 233).
Existência de Documentos:
Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível (CPP, art. 234).
Autenticidade:
A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autenticidade (CPP, art. 235).
Documentos em Língua Estrangeira:
Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade (CPP, art. 236).
Públicas-Formas:
Públicas-formas são cópias de documentos, extraídas pelo tabelião ou escrivão. As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o original, em presença da autoridade (CPP, art. 237).
Devolução:
Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos autos (CPP, art. 238).
Indícios
Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias (CPP, art. 239). Os indícios servem geralmente como começo de prova, mas podem servir também como meio regular de prova. Como começo de prova, servem os indícios para fundamentar várias medidas legais, como a prisão preventiva (CPP, art. 312), a pronúncia (CPP, art. 408) ou o sequestro de bens (CPP, art. 126). O inquérito policial pressupõe a existência de indícios da infração penal e da autoria, sem o quê poderá ser trancado por falta de justa causa, mediante habeas corpus. Como meio regular de prova, podem os indícios fundamentar a condenação. Neste caso, porém, não se poderá aceitar um indício isolado,
sendo necessário que exista uma soma harmônica de vários indícios ponderáveis.
Busca e Apreensão
Noções Gerais
Busca:
A busca consiste na procura de pessoas ou coisas úteis ao processo. Busca-se apreender, por exemplo, criminosos, objetos do crime em poder de criminosos, produtos do crime, apetrechos para falsificações, armas ou as próprias vítimas do crime. A busca não se confunde com a apreensão.
Produto do crime:
Produto do crime é aquilo que o infrator obtém com a sua atividade delinquente (ex.: dinheiro roubado de um banco). Não se confunde com proveito do crime, que é o resultado econômico obtido do produto da infração (ex.: dinheiro proveniente da venda de drogas).
A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes (CPP, art. 242).
Apreensão:
A apreensão consiste na tomada de pessoa ou de coisa de poder de quem tem, para fins penais ou processuais penais. Seu objetivo é colher as provas e também evitar o seu desaparecimento.
Espécies de Busca:
Conforme o lugar, a busca será domiciliar ou pessoal (CPP, art. 240). Embora o Código de Processo Penal mencione duas espécies, devemos acrescentar a busca feita em local público.
Mandado de Busca:
Em geral, é necessário mandado para a realização da busca, o qual deverá:
indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
mencionar o motivo e os fins da diligência;
ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.
Apreensão de Documento em Poder do Defensor:
Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.
Busca Negativa:
Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer. A negativa da busca é assim um meio de prova e a pessoa que a sofreu pode requerer um certificado.
Busca em Outra Jurisdição:
A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta (CPP, art. 250).
Correspondência:
Não vale a violação de carta destinada ao acusado ou em seu poder. Mas a carta pode ser apreendida com o consentimento do acusado, ou se a mesma constituir instrumento de crime, como, por exemplo, no tráfico de drogas por meio de cartas.
Busca Domiciliar ou Varejamento
Busca Domiciliar:
Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
prender criminosos;
apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
apreender pessoas vítimas de crimes;
colher qualquer elemento de convicção.
Domicílio:
Entende-se o lugar em que se mora ou se trabalha. Não é aberto ao público (lugar aberto ao público é aquele em que se pode transitar abertamente, como um bar por exemplo). A busca pode proceder em lugar distinto de casa, que não pertence a ninguém. A busca domiciliar só pode ser feita de dia, entre o raiar e o cair do sol. De noite o acesso à casa só é possível com o consentimento do morador, ou na ocorrência de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro.
Mandado para Busca Domiciliar:
Tanto a Constituição Federal como o Código de Processo Penal (art. 241) estabelece que quando se trata de busca domiciliar, deve a autoridade policial necessitar de uma autorização judicial genérica (para o inquérito que está sendo realizado), sem o que não será possível. Não vale, portanto, a prova obtida em busca domiciliar feita sem ordem judicial, vez que só o juiz pode ordenar a diligência.
A busca domiciliar depende de mandado judicial, salvo quando:
a) for feita pessoalmente pela autoridade judiciária;
b) o morador autorizar;
c) estiver ocorrendo flagrante delito no interior do domicílio.
Busca Pessoal ou Revista
A busca pessoal deve realizar-se mediante mandado ou independente deste quando houver fundada suspeita que alguém porta alguma arma ou objetos ou papéis que evidenciem um crime. A busca pessoal pode ocorrer durante a prisão em flagrante ou no curso da busca domiciliar.
A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência (CPP, art. 249)

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