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Pandora: Edição Nº 50 - Arte, Teatro, Literatura e Moda

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Pandora
EDIÇÃO Nº 50
Teatro Literatura Artes
Plásticas
Arquitetura
Especial Cinema Moda Dança
Música Sociedade Corrêspon-
dências
Lazer
5
História Cíclica do 
Declínio da Comédia
6
Crítica Cênica
7
Para os Pequenos
8
Semana de Arte
Moderna
9
Indicações da Vez
10
Bisbilhotices 
Literárias
11
Entrevista com 
Pierre Laurent
13 
Para Ver
14
Arquitetura da
 Beleza
15
Justos Aplausos
16
Desvendando o 
Tesouro da Comu-
nicação
20
Louise Brookes
21
Notícias de Cinema
21 Palpites do Mês
22 
Celebridades Cin-
ematográficas 
23 
Melindrosas
25
Inspirações
25 
Apostas
25
Dicas de Moda
26
Novos Tempos:
A Dança Livre da 
América
27
Josephine Baker
29 
Samba
31
III Festival Brasileiro 
de Choro
32
Informações sobre 
Cândido Portinari, Jo-
sephine Baker, Zilah de 
Moura Brito e outras 
apresentações
4
Carta da Editora
29
Carta dos Leitores
34
Charge
34 
Pegadinhas
34 
Palavras-Cruzadas
 Há cerca de três anos, eu trabalhava como redatora 
na revista L’Esprit Noveau em Paris. Tive a sorte de fa-
zer parte do núcleo de Le Cobusier, um dos mais reno-
mados arquitetos da atualidade e também exímio pin-
tor. Lembro que sempre que íamos a alguma exposição de 
arte para elaborar reportagens sobre a mostra, Cobusier di-
zia: “Noter, critiquer, accepter ou nier, mais respect” (algo 
como “observar, criticar, aceitar ou negar, mas respeitar”).
 A essa filosofia do arquiteto coube, perfeitamen-
te, o intuito presente no movimento da Pandora: o Pan-
dorismo. A ideia de fornecer espaço e destaque a todas as 
formas de expressão artística, por mais utópica que pare-
ça, é absolutamente incrível e inovadora – como a maio-
ria das ideias que surgiram desde o início desta década.
 Nesta 50ª edição da revista (um selo histórico na Edi-
tora Otelo Castro – a única publicação que também chegou 
a 50 publicações é o Jornal Canário, com 456 edições), é 
fornecido aos leitores um verdadeiro tesouro artístico: o re-
dator João Gardel participou de uma calorosa roda de sam-
ba para entrevistar o músico Paulo da Portela; a produtora 
Mary Morris preparou uma série de informações sobre os 
ritmos dançantes que estão conquistando a América; Anasta-
sia Nápoles compôs um belo texto que ilustra as dificuldades 
por trás da inesquecível Semana de 22; Cipriano Silvestre 
trouxe, após sua viagem à França, uma entrevista completa 
com uma das maiores promessas das Artes Plásticas, Pier-
re Laurent; Amélie Lepritié preparou uma matéria sobre as 
tão charmosas e admiradas melindrosas; na Matéria Especial, 
nossa equipe procurou desvendar as estratégias da Comuni-
cação que prometem avanços para a próxima década. Feita 
com toda a intensidade e originalidade dignas de pando-
ristas, a edição que chega agora às suas mãos é um convi-
te às vanguardas estéticas e movimentos artísticos que fer-
vilham no Rio de Janeiro e no mundo. Para uma leitura 
preciosa, receptiva e sempre, é claro, com muito respeito.
REALIZADORES:
Amélie Lepritié
Corretora
Cipriano Silvestre
Redator
Mary Morris
Produtora
Anna Marie Shearer
Diagramadora
Anastasia Nápoles
Corretora
Preciosa 
Delon
Editora-Chefe
João Gardel
Redator
Luciana Sodré
Diagramadora
 SOBRE TESOUROS E RESPEITO
Carta da Editora
5
HISTÓRIA CÍCLICA DO DECLINIO DA 
COMÉDIA
Como Chegamos a Esse Ponto?
Teatro 
 Como sabe-se, 
no início da história cê-
nica só havia a tragédia 
no gênero teatral. Sófo-
cles, Eurípedes, Ésquilo e 
outros autores discursa-
vam sobre assuntos como 
a religião, em Prometeu 
Acorrentado; a força do 
destino sobre a vida dos 
homens, em Édipo Rei; a 
saga de heróis, em Ulis-
ses e, também, de derro-
tados, em As Troianas. 
No entanto, com ex-
ceção de uma peça ou 
outra, como Os Persas, 
as tragédias nunca ou-
savam intrometer-se no 
cotidiano dos homens, 
nos acontecimentos da 
vida ou na atualidade do 
mundo. 
 Um século depois, 
nasce a comédia grega 
— hoje conhecida prin-
cipalmente pelas obras 
de Aristófanes, o “Pai 
da Comédia” — que 
tem como foco princi-
pal a política de Atenas, 
as inovações e os acon-
tecimentos do cotidia-
no. Outrossim, Aristófa-
nes incluiu Sócrates em 
uma de suas peças e foi 
um crítico da sociedade. 
Afinal, a comédia nasce 
junto à crítica social. 
 Devido ao nascimento de 
Roma, a comédia perde o cunho 
crítico e passa a ser puro entreteni-
mento, satisfazendo a política Panem 
et Circenses dos patrícios romanos, 
que consistia em alimentar e diver-
tir o povo para diminuir a insatisfa-
ção popular. Mas o gênero logo seria 
substituído por espetáculos maiores e 
sangrentos, como a luta de gladiado-
res, e, assim, o teatro tornou-se uma 
esquecida arte.
 Mais tarde, como pode-se 
presumir, as representações tornam a 
fazer parte da vida humana, lançan-
do talentosos escritores pós-Roma 
Antiga, como William 
Shakespeare, Giovanni 
Boccaccio, Gil Vicen-
te e tantos outros. Bo-
caccio, por exemplo, é 
o responsável por colo-
car novamente em foco 
a comédia nos moldes 
gregos, como faz em De-
camerão – que fala sobre 
a Peste que se propaga-
va pela Europa naqueles 
anos.
 Pode-se, por-
tanto, observar períodos 
em que o humor cêni-
co é inteligente, crítico 
e benéfico à sociedade. 
Em épocas como a que 
vivemos, a comédia for-
nece diversão entorpe-
cente — uma continu-
ação da política Panem 
et Circenses. Não raro, 
ressurge a discussão en-
tre o “Teatro Sério” e o 
“Teatro de Comédia”. 
O Brasil é digno do te-
atro intelectual ou das 
comédias pastelão? A 
audiência popular res-
ponde: para a felicidade 
de Aristófanes, Ésquilo, 
Sófocles e os demais au-
tores gregos, as comédias 
ainda perdurarão por 
bastante tempo.
6
 Baseada em O Espetáculo russo de 
Nicolay Okhlopkov e adaptada para o con-
texto e cenário brasileiros, a peça Retiran-
tes, de Alexandre Menezes, narra a história 
de uma família de emigrantes sem nome 
– todos são identificados apenas por seus 
atributos físicos e relações de parentesco. 
Na família de pessoas que viajam do ser-
tão brasileiro à cidade de São Paulo bus-
cando uma vida melhor, há, por exemplo, 
uma personagem chamada de “tia” pelos 
sobrinhos, de “irmã” pela irmã, e de “cao-
lha” pelo cunhado.
RETIRANTES 
O TOQUE ABRASILEIRADO À ARTE DE 
OKHLOPKOV
Crítica Cênica
 A obra original de Okhlopkov, um 
dos marcos do atual teatro russo por colocar 
problemas do cotidiano nos palcos, é um dos 
grandes sucessos do teatro brasileiro. Além 
de exibir problemas do dia a dia de milhares 
de pessoas distantes dos pólos econômicos 
e culturais do país, a peça dá voz à popu-
lação longínqua e, não raro, esquecida pelos 
próprios brasileiros. Os retirantes nordesti-
nos ganham voz, através dos textos da obra, 
que denunciam a precariedade da vida e a 
miséria em que encontra-se o nordeste.
 Como se não bastassem tantas ino-
vações, Retirantes, assim como a peça 
original, promove inovações estéticas 
ao teatro brasileiro: ela não é encenada 
no palco. Pelo contrário, acontece na 
plateia. As cadeiras e o piso ganham a 
aparência de terra e o teatro é tomado 
pela atmosfera imaginária de secura e 
calor. É nesse espaço que os atores ficam 
espalhados, cada qual em seu lugar, mas 
ainda junto à plateia. Essa nova estra-
tégia de encenação aumenta a imersão 
do espectador na peça. Assistir a Retiran-
tes é poder caminhar pelo sertão junto 
aos atores e vivenciar, de perto, o so-
frimento do esquecido povo sertanejo. 
 
Apresentações no Teatro Arthur de 
Moraes — Avenida Rio Branco, Centro 
da Cidade, Rio de Janeiro, RJ. Todas 
sextas e sábados. De 11 de junho a 14 
de agosto. 
7
Para os Pequenos
 Excelente montagem para crianças, a peça 
“Três Amores de Circo” passa-se emum circo 
e conta a história de três assistentes de mágico 
apaixonadas pelo mesmo palhaço. A obra, desti-
nada ao público infantil, escrita por Igor Augusto 
em 1921, volta aos palcos após oito anos em uma 
moderna e agradável remontagem. Abordando 
o tema amor de maneira inteligente e divertida, 
promete arrancar gargalhadas não só da criança-
da, como também dos adultos que as acompa-
nharem.
Teatro Flexa Ribeiro — Rua São Clemente, Bota-
fogo, Rio de Janeiro, RJ
Sábados e Domingos às 17 horas
8
Literatura
A OUSADIA DE 22
Não se sabe certamente como e quan-
do a Literatura Brasileira iniciou-se. Há 
quem defenda a teoria de que a sua origem 
é recente - na era romântica - e há outros 
que apoiam a ideia de que o seu berço é 
remoto, debutando com os escritores bar-
rocos. Longínqua ou não, irradiada ou pou-
co conhecida, está sendo formada uma nova 
concepção da Literatura: ela é a mais terna 
chave para conhecer-se o mundo.
Há tempos, o Rio de Janeiro é a me-
trópole cultural e intelectual deste país. Em 
1808, quando D. João VI apresentou-se com 
a Côrte Portuguesa, o Distrito Federal não 
perdeu o crédito de ser a cidade do saber, 
muito embora São Paulo, Minas e San-
ta Catarina também sejam magníficos eixos 
eruditos. Tal título possui real mérito: aqui 
se instituíram as primeiras escolas superiores 
e jornais, além das primordiais missões cul-
turais europeias e companhias de teatro. O 
Rio de Janeiro sempre inspirou temas para a 
poesia, o teatro, a crônica e a ficção. 
As arrojadas transformações ar-
tísticas
Ainda no início deste século, a Lite-
ratura do Brasil tinha franca preocupação 
em conservar a tradição e os purismos das 
tendências clássicas. Poucos anos atrás, en-
quanto aconteciam as Vanguardas Europeias, 
o país ainda rejeitava a renovação e a nova 
estética. Por essa causa a arte acabou sendo 
considerada arcaica. 
No entanto, não eram todos os com 
pensamentos fechados para as inovações. 
Oswald de Andrade, ao chegar em São Pau-
lo, acabando de regressar do Velho Mundo, 
trouxe em seus pensamentos colossais ideias 
que floresceram do novo modo europeu 
de concepção da arte. Para o brasileiro, es-
sas ideias significavam o caos e a quebra de 
convenções. 
O ofício de Oswald não foi fácil, as 
novas propostas – inclusive as suas - foram 
recusadas pela intelectualidade oficial e os 
desafios foram numerosos. Todavia, para ele 
não convinha o desespero e uma resposta 
negativa. Oswald não estava sozinho, junto a 
ele agregavam-se outros escritores seden-
tos por reformular os modelos tradicionais, 
muito embora, como o próprio disse, “Nós 
não sabemos o que queremos, mas sabemos 
o que não queremos.”. E eles não estavam 
dispostos a desistir: a modernidade seria al-
cançada. 
A Semana de Arte Moderna foi consi-
derada um marco: o momento em que dis-
tintos artistas, juntos, conseguiram libertar-
-se da camisa de força que lhes foi imposta. 
9
licioso. 
José Oswald de Sousa Andrade
Inspirador e organizador da Semana 
de 22, é um dos mais significativos auto-
res do Manifesto da Poesia Pau-Brasil e do 
Manifesto Antropófago. Ainda mais arroja-
do que Mário de Andrade, é conhecido por 
sua polêmica. Explora o coloquialismo, o 
humor e a ironia. Oswald revolucionou os 
conceitos tradicionais da arte: quer que as 
palavras tenham liberdade, que a sintaxe não 
seja levada de forma tão rígida. Sua poesia 
“Vício de fala” demonstra claramente as suas 
intenções:
“Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mio
Para pior pio
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.”
“A Farewell to Arms”, Ernest Hemingway
Ernest Hemingway lançou mais um livro: 
“A farewell to arms”. A história acontece na 
Itália e na Suíça, durante a Grande Guerra 
e conta a vida do médico Frederic Henry, 
que se voluntaria para trabalhar no exército 
italiano. Um dia, o Alto Comando Italia-
no decide por enviar a sua infantaria para 
um ataque nas terras austríacas. Mas o que 
Frederic não esperava nesse momento era se 
apaixonar pela enfermeira inglesa Catherine. 
Questões graves escoltam a história, como 
acidentes e a derrota italiana na batalha. Ao 
ler o livro, vê-se certa semelhança com a 
Foi o momento da nova geração de talentos 
trazer a renovação à arte brasileira e obter 
vitória em sua causa. Mas a recompensa não 
foi unicamente deles: a cultura brasileira, 
desde então, tem sido renovada com novos 
modos de pensar.
A mesmice da arte brasileira precisava 
ser abandonada e a poesia formal, modifica-
da. Ainda que fuja à compreensão de mui-
tos, esse aparentemente pequenino avanço 
na arte propiciou ao Brasil ponderosos pas-
sos rumo ao desenvolvimento. Como ex-
pôs Menotti, em 22 houve a eclosão “de um 
movimento de independência nacional que 
vinha de longe”.
Os autores foram capazes de notar quão 
sedenta a sociedade estava por mudanças e 
inovações. Em músicas, livros, quadros e ou-
tras artes foi refletida a grande aflição da vida 
dos artistas e a instabilidade do próprio país. 
Ao que parece, a verdadeira arte está sendo 
alcançada: livre, natural e germinada do in-
consciente.
Mário Raul de Morais Andrade
 Conhecido como Mário Sobral, quis 
libertar-se do espírito conservador e, por 
isso, juntou-se ao movimento de renovação 
da estética. Publicou, em 1917, o livro “Há 
uma gota de sangue em cada poema”, que 
considerado foi “arrojado e cheio de im-
propriedades e exageros, sem falar em versos 
frouxos e rimas defeituosas, que afeiam, por 
toda a parte, as estrofes.”. Rico em inova-
ções, o jovem Mário acabou por ser muito 
criticado pela sua ousadia: abrasileirou a lin-
guajar dando-lhe um vasto cunho popu-
lar. Publicou “Paulicéia desvairada” e, ainda, 
“Macunaíma” que, por sua vez, foi a obra 
mais atrevida, chegando a difundir a expres-
são popular; com o personagem que é um 
herói sem caráter, ilógico, preguiçoso e ma-
Indicações da vez
10
Literatura
Bisbilhotices literárias
própria vida do autor, que teve participação 
na Guerra – embora bem menos do que o 
protagonista. Hemingway acrescenta que, na 
vida, há poucos finais felizes. No universo 
da Guerra, “A Farewell to Arms” se apre-
senta como uma história de amor e hero-
ísmo, além de suscitar a questão: realmente 
vale tudo para se viver um grande amor?
“Im Westen Nichts Neues”, Erich Maria 
Remarque
Após anos sem uma obra publicada, Erich 
Maria Remarque causa grande impacto com 
o lançamento de seu novo livro. O romance 
é narrado por Paul Baumer, um jovem e in-
teligente alemão, e relata a época da Grande 
Guerra. É descrito no livro a atrocidade das 
trincheiras – com as armas, gases e explosões 
-, os hospitais repletos de pessoas feridas e, 
além disso, o modo desumano com que elas 
eram tratadas. Também é relatado o perfil 
psicológico dos soldados que lutaram e, nis-
so, evidenciam-se os horrores que a Guerra 
trouxe a tais seres humanos. Trata-se de um 
relato lastimável com algumas reflexões do 
autor, que merece ser lido atentamente. É, 
também, baseado nas próprias experiências 
de Erich enquanto combatente. É certo: o 
coração será o primeiro alvo.
 A preocupação excessiva 
com doenças fazia com que 
o escritor de origem tcheca 
Franz Kafka usasse roupas 
leves e só dormisse de ja-
nelas abertas – para que o ar 
circulasse -, mesmo no ri-
goroso inverno de Praga.
 Mário de Andrade tam-
bém tem as suas manias. 
O autor de Macunaíma e 
Paulicéia Desvairada é ob-
cecado por cartas. Mário 
responde a todas as corres-
pondências que recebe. 
 Existe uma lenda de que 
o poeta Álvares de Azevedo 
nasceu na biblioteca da Fa-
culdade de Direito de São 
Paulo. A verdade, no entan-
to, é que o autor de Lira dos 
Vinte Anos veio ao mundo 
na casa do seu avô materno.
 A caligrafia do escritor 
Machadode Assis era tão 
ruim que, às vezes, até ele ti-
nha dificuldade de entender 
o que escrevia.
 Ainda sobre Machado de 
Assis: exímio jogador de xa-
drez, o escritor publicou um 
dos primeiros simulados do 
jogo em jornais.
 A poetisa goiana Cora Co-
ralina só não participou da 
Semana de Arte Moderna 
de 1922 porque seu marido 
não permitiu. Dom Quixote, 
obra-prima do espanhol Mi-
guel de Cervantes, obteve um 
sucesso tão grande na época da 
sua publicação que um anô-
nimo escreveu uma segunda 
parte do romance.
11
 Pierre Laurent é 
defensor da ideologia de 
que toda arte deve ser 
intrinsecamente política 
e criticar a realidade do 
mundo em que está situ-
ada. Seu trabalho assume 
uma posição inovadora 
e ousada no mundo das 
artes visuais. Movimento 
de um homem só, ele se 
denomina mais moder-
no tribal e, a sua arte, ele 
prefere denominar como 
“Neo Rupestre”.
Sua nascença se deu em 
1895, em uma vila no 
norte da França, com sua 
colossal família à volta: pai, 
mãe, três irmãos e uma 
irmã mais velha - além de 
uma mais nova. Viveram 
nesse lugarejo até que a 
Grande Guerra finalmente 
os alcançou e, então, após a 
morte de seu pai e de dois 
irmãos, Pierre mudou-se 
para Paris com o restante 
de sua parentela.
Na nação parisiense, ini-
ciou os estudos na Éco-
le Nationale Supérieu-
re des Beaux-Arts, onde 
estabeleceu contato com 
novas ideias e com a 
efervescência da classe artís-
tica francesa. Logo começou a 
expor seus trabalhos em gale-
rias e museus por toda França e 
optou por partir para o restante 
da Europa. Hoje, é um dos mais 
aclamados artistas da contem-
poraneidade e, por excelência, 
foi convidado para ser um dos 
primeiros a expor suas obras 
na inauguração do MoMa em 
Nova Iorque.
Nesta entrevista, concedida 
exclusivamente à Revista Pan-
dora, Pierre conta sobre sua in-
fância, seu trabalho atual, quais 
são suas previsões para o futu-
ro e como é ser um dos artistas 
plásticos mais conceituados da 
atualidade.
Pandora: Pierre, como é fa-
zer parte de um grupo sele-
to de artistas escolhidos para 
inaugurar o que prenuncia 
ser um dos maiores museus 
do mundo?
Pierre Laurent: É realmen-
te incrível. Poder divulgar 
meu trabalho para além da 
Europa, para a população 
da América, ainda que por 
enquanto seja apenas Nova 
Iorque, e ainda estar ao lado 
de grandes artistas como Van 
Gogh, Gauguin e Cézan-
ne é uma grande honra, pois 
nunca achei que chegaria a 
tal ponto. Quando pequeno, 
alguns pensamentos me le-
varam a crer que trabalharia 
no campo, como meu pai.
Pandora: Já que comentou 
sobre seu pai, como foi che-
gar a Paris em meio à guerra, 
tendo perdido quase metade 
da família?
Pierre Laurent: Foi extre-
mamente árduo para todos 
nós. Minha mãe chegou a 
Paris sem saber aonde seria 
o seu ofício, mas, coinci-
dentemente, rememoramos 
que tínhamos um paren-
te distante que nos conce-
deu, temporariamente, um 
ENTREVISTA COM PIERRE 
LAURENT
O percursor da arte neo-rupestre
Artes Plásticas
Pierre Laurent em sua última exposição 
L’Homme Qui homme, em Marseille, sul 
da França
12
pequeno apartamento de sua posse. Como 
esclareci, minha mãe não tinha emprego e 
mesmo que trabalhasse não iria conseguir 
sustentar a nós cinco sozinha. Por causa dis-
so, eu e meu irmão também passamos à la-
buta, inicialmente como bagageiros na esta-
ção de trem.
Pandora: E como você ingressou na École 
Nationale Supérieure des Beaux-Arts?
Pierre Laurent: Pois então, transcorridos 
alguns anos desde que havíamos chegado a 
Paris, não ocorreu de nenhum de nós per-
dermos o emprego durante a Guerra e, por 
isso, conseguimos juntar algum dinheiro. 
Nessa época, o apartamento cedido já havia 
sido devolvido. Meu irmão casou-se com 
uma dama que cursava a École dês Beaux 
Arts e não estou inteirado do exato moti-
vo, mas ela recomendou que eu me aplicasse 
para uma bolsa. Demorei a acostumar-me 
com a ideia, mas com o decorrer do tem-
po pude amadurecer a sugestão e resolvi me 
aplicar. Não atingi uma bolsa integral, então 
tive que conciliar o estudo e o trabalho para 
que pudesse dar conta de pagar o restante.
Pandora: Muito envolvente, Pierre. So-
bre seu trabalho atual, o movimento “Neo 
Rupestre”, lembro-me de ter lido, em um 
dado momento, o seu argumento de que o 
homem não progrediu nada desde o tempo 
em que andávamos nas cavernas. Como ex-
plica, então, esse chamado “progresso”, tão 
comentado por outrem?
Pierre Laurent: Veja bem, essa ideia exis-
tente de progresso humano, que tanto é di-
fundida pelos quatro cantos do mundo, é 
simplesmente errônea. Qual o seu concei-
to de progresso? Construir prédios cada vez 
mais altos? Carros ainda mais velozes? Armas 
cada vez mais letais? Certamente, não é mi-
“CANUDOS”
 Ocorre, no Rio de Janeiro, até o fim 
deste mês, a exposição “Canudos”, que bus-
ca retratar o horror e a barbárie presencia-
dos na batalha, tanto pelos soldados quanto 
pelos revoltosos. A exposição é um traba-
lho de Josué Alexandre com curadoria de 
Mirian Bartyr. Composta por mais de 100 
ilustrações em preto e branco, feitas em car-
vão, a mostra retrata muito bem a aura de 
mistério e sombra que o episódio desperta 
na população brasileira. Não perca! 
No Museu do Açude, Alto da Boa Vista, até 
4 de junho. Entrada gratuita.
nha visão de melhoria. Na minha concep-
ção, o homem só progride quando se en-
xerga como parte de um todo, parte de um 
único sistema, depreende? O ser humano 
deve contemplar-se como parte integrante 
do homem ao seu lado e que, por conse-
guinte, está ao lado de outro homem, que 
está ao lado de outro – e a linha de pen-
samento prossegue. Somos um só, as nossas 
vidas estão conectadas por um fio pratica-
mente invisível que transmite — um a um 
— todos os pensamentos e todas as ações (e 
até a ausência delas) dos humanos do mun-
do. É somente no fim que o homem percebe 
que sua vida não é somente sua, mas tam-
bém é de todos que habitam e habitarão o 
universo depois dele.
Pandora: E em que momento a sua filosofia, 
se assim podemos denominá-la, encaixa-se 
na estética do seu trabalho?
Pierre Laurent: Na minha atividade, bus-
co sempre germinar essa “filosofia” na ca-
beça dos indivíduos. Como amostra, temos 
em “Home pega o Carro” a típica pintura 
rupestre, com elementos claramente atuais 
como o carro, e também a superfície de ro-
cha na qual é feita a obra. Tenho como ob-
jetivo instigar a confusão no observador ao 
analisar a arte e a atualidade do tema e com-
pará-las com a antiguidade da tecnologia 
usada. Desejo que ele se questione “Por que 
isso parece uma pintura de um homem das 
cavernas?” e que, a partir disso, consiga ela-
borar o pensamento até que alcance alguma 
conclusão. Entretanto, se será ela a mesma a 
qual cheguei? Não sei. 
Pandora: Qual a sua previsão para os próxi-
mos anos, seja nas artes ou no mundo?
Pierre Laurent: No que diz respeito às ar-
tes plásticas, creio que os renomados artistas 
contemporâneos continuarão produzindo 
seus trabalhos de modo que eles ainda per-
maneçam atuais por dez anos ou em torno 
disso. Quanto ao que tange a política, estou 
receoso com o que ocorre na Alemanha e na 
Itália, visto que tais governos cooptam, cada 
vez mais, a população para seus regimes se-
gregacionistas. Aliás, as eleições alemãs já es-
tão abeirando, veremos no que resultará.
SOB OLHAR ARTÍSTICO, A BARBÁRIE
PARA VER
13
14
Parque Lage
 Aos pés do morro do Corcovado e 
às margens da lagoa que banha a cidade do 
Rio de Janeiro, encontra-se um exemplo 
da arquitetura que toma cada vez mais força 
no exterior: a mescla entre urbano e natural. 
 Após recuperar a propriedade – a qual 
permaneceu longe do domínio da família 
Lage durante sete anos – que era de seu 
avô,Henrique Lage iniciou um processo de 
remodelação da estética do palacete com autoria 
do original arquiteto italiano Mario Vodret. 
Com estilo bastante diferente do usual, Vodret 
mesclou diversas tendências – o que reforça a 
fama de sua arte, conhecida como “eclética”. 
 Pensando em agradar a sua amada, a 
esplêndida cantora lírica Gabriela Benzazoni, 
Henrique Lage construiu, junto ao arquiteto, 
um pátio com piscina no centro da chácara e, na 
fachada, um pórtico muitíssimo proeminente. 
Os jardins também receberam especial 
atenção, sendo concebidos geometricamente 
(de acordo com a grandiosidade da mansão). 
Exemplar da maravilhosa e moderna 
arquitetura que se solidifica nos tempos atuais, 
a mansão dos Lage é, hoje, uma das mais belas 
construções da cidade carioca.
Museu do Açude
 A inauguração do Museu do Açude 
ocorreu na tarde de ontem, 27 de maio, para 
a alegria dos apreciadores da boa arte e de 
um novo modelo arquitetônico que vem 
conquistando as principais cidades do mundo. 
O proprietário e responsável pela reforma foi 
Raymundo Ottoni de Castro Maya e o lugar 
será administrado pelo Instituto Brasileiro de 
Museus.
 Propondo uma nova concepção 
arquitetônica, a ideia consiste em tornar o espaço 
físico do ambiente parte do conjunto da obra, 
proporcionando aos visitantes a harmônica 
sensação de contemplação representada 
pela comunhão entre o patrimônio físico 
e natural – que, segundo Castro Maya, é 
o trinômio Museu-Natureza-Cidade. 
 Uma das primeiras obras modernas 
da nossa “Paris Tropical” tem aspecto de 
residência Neocolonial, situada em uma 
área de mais de 151 km², em plena Floresta 
da Tijuca. O Museu do Açude conserva 
um acervo amplo e diversificado, com 
peças adquiridas pelo próprio Castro Maya 
e, também, outras herdadas de seu pai. 
Arquitetura
ARQUITETURAS DA BELEZA
INFORMAÇÕES SOBRE AS MAIS ENCANTADORAS 
CONSTRUÇÕES DO RIO DE JANEIRO
15
 Inaugurada há mais de 
30 anos, a prestigiadíssima 
Confeitaria Colombo 
é, sem dúvidas, um dos 
projetos arquitetônicos 
mais esplêndidos do Rio de 
Janeiro. Homens de negócios, 
damas elegantes, cavalheiros 
intelectuais e as formosas 
melindrosas lá se reúnem nos 
fins de tarde para longas prosas 
regadas aos mais deliciosos 
doces e saborosos aperitivos 
de que se tem notícia na 
sociedade carioca. O local é, 
talvez, a representação mais 
próxima no Brasil do que 
vem a ser o luxo inglês e o 
estilo parisiense.
 Com influências 
europeias, a chamada Art 
Nouveau trouxe novas formas 
para a arquitetura, urbanismo 
e decoração da cidade. 
Atrevo-me a suspeitar que a 
própria urbanização – que já 
começa a ser caótica naquela 
região – ocorre desse modo 
justamente para estimular a 
população a prestigiar e ser 
prestigiada pelo belíssimo 
monumento material que 
é a confeitaria. Pois muito 
bem, a região central do Rio 
de Janeiro, que possui ruas 
onde os charmosos bondes 
da cidade mal podem circular, 
parece de algum modo 
convidar os pedestres a entrar 
na indescritível Colombo e 
simplesmente sonhar com 
um paraíso açucarado na 
Terra, deliciando-se com os 
melhores vinhos e especiarias 
da casa.
 A charmosa confeitaria 
foi fundada em 1894 pelos 
portugueses Joaquim Borges 
de Meirelles e Manoel José 
Lebrão. Sua construção tem 
ornamentação floral estilizada 
e um peculiar aspecto 
palaciano, que relembram os 
tempos de império do país. 
Os quatro andares possuem 
amplos salões decorados 
com espelhos bisotados (isto 
é, chanfrados com bisel), 
bancadas em mármore italiano, 
cadeiras, molduras e vitrines de 
jacarandá e palhinha, luxuosas 
luminárias e ricos entalhes 
de madeira. No quarto andar, 
há uma ampla claraboia em 
mosaicos coloridos que banha 
todo o restaurante com luz 
natural, fornecendo-lhe 
um ar ainda mais refinado.
 No fim de mais uma 
coluna, deixo o meu convite a 
todos os leitores: convoco-os 
a usufruir deste mágico lugar, 
como faço no exato instante em 
que escrevo esta matéria. Pois 
além dos lanches maravilhosos 
que a Colombo oferece, 
despedimo-nos daqui com a 
sensação de que a vida é bem 
mais doce após provarmos o 
delicioso pudim em calda com 
uvas passas. Aliás, confesso que 
também levo alguns docinhos 
no bolso do paletó para que não 
me falte nunca essa sensação.
 João Gardel
UMA DOCE ARQUITETURA
Justos Aplausos: por João Gardel
Todo o charme e elegância da confeitaria mais refinada do Rio de Janeiro
16
 A música escapa das 
salas de concerto. O cine-
ma ganha cores e amadu-
rece a ponto de começar a 
falar. A notícia é instantânea. 
Aparelhos como o rádio e 
a televisão estão em pleno 
andamento e podem apa-
recer a qualquer momento 
na imprensa. Jornais e re-
vistas aumentaram as suas 
tiragens. Os espartilhos são 
deixados de lado, as roupas 
femininas já descartam os 
pesados enfeites e focam-se 
no funcionalismo das peças. 
Depois da guerra, veio a di-
versão. A vontade de viver 
todo e qualquer momen-
to da maneira mais inten-
sa possível. E os modos de 
comunicação acompanham 
essa energia que rege a se-
gunda década do século XX.
 Paul Forman Godley, 
Mário de Andrade, Gabrielle 
Bonheur Chanel, John Lo-
gie Baird, Walter Benjamin, 
Josephine Baker, Charles 
Spencer Chaplin, Gracilia-
no Ramos, Tarsila do Ama-
ral e tantos outros talentos 
DESVENDANDO O TESOURO DA 
COMUNICAÇÃO
O MOVIMENTO PANDORISTA MERGULHA NO FUNDO DAS 
VANGUARDAS E TRAZ À TONA O MAIOR TESOURO DAS 
SETE ARTES: A POSSIBILIDADE DE COMUNICAÇÃO
Por Preciosa Delon e Amélie Lepritié
da década que se encerra ao 
fim deste ano constituíram 
o verdadeiro “Apogeu da 
Comunicação”, jamais visto 
em outros anos. Através de 
inéditos traços em desenhos, 
diferentes cortes nas roupas, 
animadas danças nos salões 
e modos de narração com-
pletamente distintos de tudo 
o que já foi divulgado, o 
mundo cultural experimen-
tou, a partir de 1920, cami-
nhos da comunicação ini-
magináveis há tempos atrás.
 Seguindo a tendên-
cia do Manifesto Pandorista, 
pessoas de todos os ramos da 
arte buscam as mais legíti-
mas formas de expressão. E 
todos esses meios de expor 
pensamentos e sentimen-
tos merecem ser revelados à 
sociedade. Abrir a “caixa de 
Pandora”, descobrir os te-
souros escondidos em meio a 
aparentes ferrugens e outros 
objetos oxidados que me-
recem ser descartados e va-
lorizar a arte genuinamente 
verdadeira é função de todo 
e qualquer pandorista. Atra-
vés do cinema, teatro, pin-
tura, da fala, desenho, dança, 
música, moda e até mesmo 
das construções dispersas 
pela cidade, estão presentes 
as intenções do autor da arte.
O CINEMA APREN-
DE A FALAR
 A introdução do som 
no cinema ainda provo-
ca certo desconforto em 
muitos atores e cineastas. 
Incluir diálogos nos filmes 
pode destruir a personali-
dade de certos personagens, 
prejudicar alguns atores e, 
ainda, acrescentar barrei-
ras à universalidade que 
propicia o cinema mudo: 
a linguagem dos gestos.
 Ao lançar, há dois 
anos, o filme “The Jazz Sin-
ger” (O Cantor de Jazz), 
a produtora Warner Bross 
lançou-se em um arrisca-
do e desconhecido caminho. 
Mas a voz do protagonista, 
Al Jolson, ecoou pelas salas 
de exibição e encantou as 
plateias do mundo – fazen-
Matéria Especial
17
18
Acima, cineastas em frente à Casa Branca; abaixo, damas brasileiras
 ouvem notícias no rádio
do tanto sucesso que ajudou a salvar a War-
ner da falência. Hoje, a produção de filmes 
falados já representa 51% das obras cinema-
tográficas feitas em terras norte-americanas.
 A inserção do áudio é tão importan-
te e vem contando com a adesão de tantos 
estúdios que está reformulando não só os 
fundamentos da linguagem cinematográfi-
ca como também a forma de interpretação 
do público sobre as mensagens dos filmes. 
Sedutorase atraentes, as imagens acompa-
nhadas de sonoridade produzem fascínio 
e aproximação com os espectadores, al-
terando a forma de comunicação dos fil-
mes que imperava há alguns anos atrás.
OS APARELHOS QUE MUDA-
RÃO O FUTURO
 Em julho no ano passado, o jornal 
inglês Television anunciou o incerto lança-
mento de dois aparelhos que, segundo espe-
culações, mudarão os ramos da comunicação 
no planeta. São eles: o rádio e a televisão.
 O primeiro não é figura nova no 
Brasil. Em 1922, um pequeno grupo de 
brasileiros privilegiados ouviu o pronun-
ciamento do então presidente da Re-
pública Epitácio Pessoa e a ópera “O 
Guarani”, de Carlos Gomes (que fora trans-
mitida diretamente do Teatro Municipal). 
 Cada vez mais popular como um 
meio de comunicação rápido e eficiente, o 
rádio adquire uma crescente importância 
na vida cotidiana dos brasileiros. O gran-
de responsável por impulsionar essa difusão 
foi Roquette Pinto. Intelectual e visionário, 
ele convenceu a Academia Brasileira de Ci-
ências a comprar os equipamentos necessá-
rios para montar uma rádio genuinamen-
te brasileira. Assim, em 1923, surge a Rádio 
19
Sociedade do Rio de Janeiro. Inicialmen-
te, a programação ainda era constituída de 
recitais de ópera, poesia e palestras cultu-
rais. Tudo era mantido por doadores, já que 
ainda não havia permissão para a veiculação 
de publicidade. Somente em 1927 entraram 
em cena os anúncios, que ajudaram a man-
ter as emissoras e a popularizar a progra-
mação – já que o público ouvinte tornara-
-se maior.cem fora da realidade brasileira. 
Ainda em fase experimental, esses aparelhos 
são capazes de transmitir imagens e sons em 
suas telas e prometem sublevar as relações 
entre público e notícia, emissor e receptor.
 Invenção brilhante, a televisão conta 
com o trabalho de inúmeros pesquisadores ao 
longo de vários anos e prepara-se para trans-
formar as simulações de transmissão em situ-
ações reais. As poucas pessoas que já tiveram 
acesso a tal fenômeno garantem que nunca 
viram nada mais hipnotizante do que uma 
TV. Resta a espera para a averiguação do fato.
 A década que termina neste ano 
viu nascer, entre tantas outras mani-
festações artísticas, ideológicas e cul-
turais, o som nos filmes, as narrações 
no rádio e as primeiras transmissões 
dos televisores de Baird. É custoso 
prever os rumos que a Comunicação 
das artes irá levar nos próximos anos. 
Contudo, se há algo certo e valiosís-
simo é o legado que estes anos tão 
“loucos” terminam deixamna rela-
ção interpessoal das novas gerações.
Acima, cineastas em frente à Casa Branca; abaixo, damas brasileiras
 ouvem notícias no rádio
20
s20
Pele como porcelana, cabelos negros e lisos, olhos en-
voltos em sombras e um talento inquestionável trans-
formaram Louise Brooks em uma das personagens mais 
fascinantes do cinema moderno. Estrela em ascensão, 
Brooks chega às telas de cinema este ano protagoni-
zando dois filmes do magnífico diretor George Wi-
lhelm Pabst: Pandora e Diário De Uma Garota Perdida.
Com interpretação naturalista e despojada em com-
paração às demais atrizes americanas, a presen-
ça magnética de Brooks pôde ser contemplada em 
O Drama De Uma Noite, de 1919, A Vênus Ame-
ricana, de 1926 e vários outros belíssimos filmes de 
anos anteriores. Mas, ao que parece, somente ago-
ra, em produções alemãs, Brooks tem consegui-
do papeis protagonistas que fazem jus ao seu talento.
Agora, na Alemanha, Louise Brooks une-se a George Pabst, grande nome do expres-
sionismo alemão, e promete surpreender o público em suas novas e ousadas emprei-
tadas cinematográficas – que já sofreram cortes em algumas cenas, . a depender do país 
em que são exibidas. Suas mais recentes personagens (Lulu, de A Caixa de Pandora e 
Thymian, de Diário de Uma Garota Perdida) abordam a vida de prostitutas e o meio 
ao qual suas situações degradantes se relacionam com a decadência geral da sociedade.
A ácida crítica Lotte Eisner disse, certa vez: “Basta deixar que Louise evolua na tela, sem 
que seja necessário dirigi-la, pois sua simples presença realiza a essência de uma obra de 
arte”. Para o crítico surrealista Ado Kyrou: “Louise é a única mulher que possui o talen-
to de transformar em obra prima qualquer filme”. Nem mesmo Henri Langlois escapou 
dos encantos de Brooks: “Sua arte é tão pura que se torna invisível”. Entre as gravações de 
A Caixa de Pandora e Diário De Uma Garota Perdida, a Paramount empenhou-se, de-
sesperadamente, em fazer contato com Louise para que ela fizesse a sonorização de seus 
antigos filmes, propondo-lhe pagar quantias cada vez mais elevadas. Brooks recusou todas 
e, dizem, está sofrendo ameaças de Schulberg: “Volte ou você nunca mais trabalhará em 
Hollywood”. “Quem quer trabalhar em Hollywood?”, teria respondido ela. Diante das 
negativas, a Paramount chamou Margaret Livingston, que realizou uma das piores dubla-
gens da história em O Drama De Uma Noite. Seria essa a vingança de Louise?
Artista de real merecimento e talento esplêndido, é impossível ignorar a singular vida 
pessoal de Brooksie (como dizem os mais chegados): amiga de Peggy Fears e Pepi Lede-
rer, já foi namorada de Charlie Chaplin. Corre o mundo que a atriz também teria passado 
“uma noite experimental” com Greta Garbo.
Cintilante, leve e dona de uma personalidade de extrema intensidade, essa é Louise Brooks: 
um dos maiores talentos que Hollywood já deixou escapar.
LOUISE BROOKS
A ESTRELA QUE DISSE NÃO A HOLLYWOOD
NOTÍCIAS DE CINEMA
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21
Filme Barro Humano
O primeiro filme de ro-
teiro e direção de Adhemar 
Gonzaga possui um elenco 
repleto de beldades como 
Lelita Rosa, Gracia More-
na, Eva Schnoor e Carmen 
Violeta. Relata a história 
de um rico jovem dividido 
entre três mulheres: uma 
desperta-lhe amor; outra, 
pecado; e a terceira é desi-
ludida amorosamente. Um 
drama de criaturas reais 
que amam, odeiam, pecam 
e se arrependem.
Filme Acabaram-se Os 
Otários
No segundo semes-
tre deste ano estreará o 
primeiro filme falado do 
cinema brasileiro: Aca-
baram-se Os Otários. 
A produção de Luís de 
Barros, estrelada por Ge-
nésio Arruda e Tom Bill, 
é baseada na história do 
escritor paulista Menotti 
Del Picchia e narra o caso 
de dois caipiras e um co-
lono italiano que chegam 
a São Paulo e são enga-
nados por malandros.
PALPITES DO MÊS
Na presente gravura é possível ver a primeira cerimônia de entrega dos Prêmios de Méri-
to da Academia, no Hotel Roosevelt, em Hollywood
 Idealizada em 1927 por Louis B. Mayer, a Academia de Artes e Ciências Cinemato-
gráficas entregou, no último dia 16 de maio, troféus para filmes da temporada 1927/28. A 
apresentação do evento foi feita pelo astro e presidente da Academia, Douglas Fairbanks e 
pelo esplêndido diretor William C. DeMille, contando com 250 convidados para um luxu-
oso banquete. Também chamado informalmente de Oscar, o Prêmio de Mérito da Acade-
mia nomeou Aurora como Melhor Filme, Asas como Melhor Produção, Paixão e Sangue 
como Melhor Roteiro Original, Emil Jannings como Melhor Ator, Janet Gaynor como 
Melhor Atriz, dentre outros. Com real merecimento O Circo, de Charlie Chaplin, dividiu 
o prêmio especial de Menção Honrosa com O Cantor de Jazz, de Alan Crosland. Entre as 
inúmeras celebridades presentes, encontravam-se a “namoradinha da América” e mulher 
de Douglas Fairbanks, Mary Pickford, além de Gloria Swanson, Louise Dresser e Ted Wild.
s20
22
Mary Pickford
Atriz mais bem remunera-
da do cinema, a “namora-
dinha da América” cortou 
seus famosos cachos e de-
clarou-se contra o cinema 
sonoro: “Adicionar som a 
filmes seria como colocar 
batom na Vênus de Milo”.
CELEBRIDADES CINEMATOGRÁFICAS
 E O NOVO CINEMA
Charlie Chaplin
O famoso Carlitos não se 
abala com o surgimen-
to de um novo cinema e, 
aparentemente, irá man-
ter a resistência: “A açãoé, 
geralmente, mais entendida 
que as palavras e o cinema é 
uma arte pictórica”.
Laurel e Hardy
Em março deste ano, o 
“Gordo e o Magro” entra-
ram em estúdio para gravar 
seu primeiro filme falado, 
Vizinhas Camaradas, e, di-
zem, suas vozes são mais en-
graçadas do que se imagina! 
O sotaque britânico de Stan 
fornece franca hilaridade 
extra às palavras.
Norma Talmadge
Apesar de ter trabalhado 
com os melhores treinado-
res de voz e uma boa atu-
ação em seu primeiro fil-
me falado, Noites de Nova 
York, a elegante Norma 
parece não se adaptar ao 
novo cinema: o filme Du-
Barry, Mulher de Paixão foi 
um fracasso.
 Olga Baclanova
Musa do notável sucesso As 
Docas de Nova York e O 
Homem Que Ri, a “Ti-
gresa Russa” não está se 
adaptando muito bem ao 
cinema falado devido ao 
seu inglês com forte sota-
que russo.
Douglas Fairbanks
O “Rei de Hollywood” e 
eterno Zorro tem tido di-
ficuldade para decorar suas 
falas dos filmes sonoros. 
Apesar disso, ainda este ano 
será lançado A Máscara de 
Ferro, filme em que é pos-
sível ouvir sua voz no pró-
logo e epílogo.
23
Por dentro, modernas, de espírito li-
vre, graciosas e espontâneas. Por fora, pernas 
e braços à mostra, cabelos curtos à la gar-
çonne, bocas e olhos bem marcados, pele 
alva e sobrancelhas delineadas a lápis. Essas 
são as melindrosas, figurinha fácil nos centros 
urbanos de nossa década e, no final desta, 
dedicamos este artigo a elas. 
Tudo começou na França, mais pre-
cisamente em Saumer, no ano de 1883, 
quando nascia Gabrielle Chanel, hoje co-
nhecido como Coco Chanel. A menina 
pobre, criada em orfanato, hoje veste as mu-
lheres mais chiques do mundo e é um ícone 
da moda dos anos 20. Arriscamos dizer, aliás, 
que Chanel veio para ficar e nossas gerações 
vindouras falarão e vestirão o nome dela
A estilista abandonou o corsete e 
adotou a maneira elegante e ao mesmo 
MELINDROSAS: UM RETRATO DA NOSSA DÉCADA
O ESTILO QUE INICIOU EM 1920 CONTINUA À TODA!
tempo confortável de vestir, contribuindo 
diretamente para a composição do estilo de 
vida das melindrosas. Elas precisam movi-
mentar-se livremente, olhar para frente e 
sentir-se desejadas. Para isso, recorrem às 
criações de Chanel que oferecem cortes 
simples usando tecidos leves, usam os cha-
péus tipo cloche que se ajustam à cabeça, e 
saias mais curtas.
As melindrosas estão presentes nas 
principais cidades. J. Carlos, um de nossos 
grandes ilustradores tem verdadeira adoração 
por elas e foi o primeiro artista a ilustrá-las. “A 
melindrosa é uma figurinha essencialmente 
decorativa. Enfeita a cidade. Gosto de pintá-
-la!” Disse ao jornal “O Jornal”, em 1926. 
E você, concorda com o artista? Na próxi-
ma página oferecemos uma gama de fotos 
e ilustrações dessa figura icônica para você 
conferir. Identifique-se, inspire-se, admire!
Charmosas melindrosas passeando pela Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro
Moda
24
INSPIRAÇÕES
25
 APOSTA
Mena Fiala: a talentosa jovem pe-
tropolitana.
 Philomena Pagani Seller nasceu em 
Petrópolis, a 05 de julho de 1908. Com 
apenas 20 anos a modista já é uma apos-
ta da moda brasileira. Mena Fiala, como é 
mais conhecida, começou a trabalhar con-
feccionando chapéus, uma arte que apren-
deu com as irmãs Falconi. Ao casar-se com 
o austríaco Anton Fiala, em 1928, D. Mena 
mudou-se para o Rio de Janeiro, para 
nossa sorte. Seu ateliê de chapéus está lo-
calizado na Rua Sete de Setembro e conta 
com clientes da alta sociedade. 
Tudo indica que a jovem ainda contribuirá 
muito para a moda brasileira. Vamos aguar-
dar
Mary Pickford:
 a atriz se rendeu ao corte à la gar-
çonne. Renda-se também!
 Gladys Marie Smith, de nome artístico 
Mary Pickford, é a queridinha da América. 
A atriz foi descoberta pelo gênio do cinema, 
David Griffith e já filmou mais de cem filmes.
 Além de todo seu talento, a estrela é 
também um ícone de estilo para muitas mu-
lheres. Conhecida como “A moça com os ca-
chos” foi com grande surpresa que o mundo 
assistiu a artista adotar o corte à la garçonne.
O termo surgiu no romance “La 
Garçonne”, de Victor Margueritte, em que a 
heroína usava cabelos curtos e roupas mas-
culinas. É um símbolo da mulher ativa e mo-
derna de nossa época. O corte popularizou-
-se depois da guerra, quando as mulheres se 
viram sozinhas em casa e precisaram ir traba-
lhar em fábricas e indústrias para manter-se. 
Daí a necessidade de cortar os cabelos bem 
curtos, para facilitar esse novo dia-a-dia.
De necessidade a estilo, foi um pulo! 
Se até a “moça dos cachos” adotou, quem 
somos nós para resistir?
 Você já reparou nos olhos das es-
trelas do cinema? Provavelmente sim, pois 
eles são extremamente expressivos. Tal ex-
pressividade não se deve apenas ao talen-
to das moças, mas também às sobrancelhas 
delineadas a lápis e olhos bem marcados. 
 Para copiar o estilo, é bem simples. 
Basta ter um pouco de atitude e raspar a 
sobrancelha, fazendo um delineado dela no 
lugar. Para completar, marque bem os olhos 
com lápis e se quiser ousar ainda mais, capriche 
na boca de carmim, desenhando um coração.
 
DICAS DE MODA
26
Charleston 
 A Grande Guerra acabou e deixou 
marcas de alegria em nossos companhei-
ros norte-americanos. Vitoriosos, eles ce-
lebram da melhor forma o fim de tempos 
difíceis: dançando. Em Charleston, na Ca-
rolina do Sul, uma dança popular, apesar de 
ser de origem afro-americana, faz sucesso 
na cidade. Assim, o ritmo chegou às grandes 
telas do cinema no musical “Runnin Wild” 
estrelando a belíssima Josephine Baker. Na 
música “The Charleston” a artista mostra, 
com muito talento, a dança que ganhou o 
mesmo nome da cidade.
 O ritmo é enérgico e utiliza os pés e 
as mãos. Com movimentos de braços con-
trários aos das pernas, as quais se cruzam 
num balanço para frente e para trás, o dan-
çarino pode aproveitar sozinho ou com um 
companheiro. Pistas de clubes são lugares 
perfeitos para achar seu par, já que elegan-
tes rapazes e belas melindrosas estão sempre 
aproveitando a noite.
 O espetáculo teatral “Dinah”, em Nova York, 
traz para toda sociedade a dança que se tornou uma 
sensação atual. Ela é originária de New Orleans, 
mas tomou conta dos Estados Unidos e está se 
espalhando para outros países. No teatro Apollo, 
na cidade de Harlem, a bailarina Ann Penning-
ton interpreta esse bailar desde o ano passado.
 O Black Bottom é uma dança alegre com 
marcações bem definidas. O dançarino deve es-
tar a todo o momento quicando: dar pequenos 
chutes com a perna no ar nas diagonais frente e trás, levantar o joelho encurvando as costas 
e empurrá-lo simultaneamente, cada perna de uma vez. É mais comum dançá-la sozi-
nho, mas nada impede a formação de pares ou grupos para tornar tudo mais divertido. 
 Black Bottom
Dança
27
Josephine Baker 
 A “Deusa de Ébano” nascida em Saint 
Louis, no Missouri, aprendeu a dançar nas 
ruas, casas e quintas da sua cidade. Batalhando 
muito e sempre em busca de trabalho, alcançou 
grandes conquistas por conta do seu talento 
que, agora, está se espalhando pelo mundo. 
 Começou sua carreira numa trupe de 
circuito negro de teatro de variedades, os 
Dixie Steppers. Com a falência dos mesmos, 
pegou o pouco dinheiro que tinha e foi para 
Nova York tentar atuar no grupo de teatro 
negro Shuffle Along. Depois de fazer o teste, 
conseguiu uma vaga de coadjuvante. Passado 
o tempo, com o fim do grupo, entrou em outro 
show da companhia The Chocolate Dandies, 
na qual ganhava um dos maiores salários.
 Cada vez mais, ela se destacava e crescia 
no cenário mundial. Isto porque, quando a 
companhia Dandies encerrou suas atividades 
e ela foi para o Plantation Club, na esquina 
da Broadway Street, lhe foi oferecida uma 
chance. Apesar de sua fama ser feita pela es-
tranha capacidade defazer movimentos mi-
rabolantes com o corpo e, ao mesmo tempo, 
manter seus olhos vesgos, foi convidada para 
o espetáculo de La Révue Nègre, na França. 
 A estreia na Cidade das Luzes foi 
no dia 2 de outubro de 1925, no teatro 
Champs-Élysées. Moderna e eletrizan-
te, Joshepine contagiou plateias com a sua 
dança enérgica, sempre sorrindo e explo-
rando todos os espaços existentes no pal-
co. Ela transbordava liberdade, vitalidade e, 
principalmente, novidade ao público fran-
cês. O jazz, o black bottom e o Charleston 
faziam parte do seu repertório. São dan-
ças que utilizam todas as partes do cor-
po, sempre muito puladas e muito rápidas. 
 Usar muitas roupas não é uma das 
características de Baker. A “Vênus Ne-
gra” sempre gostou de mostrar a sensu-
alidade do corpo, apesar de ser criticada. 
Agora, ainda residente na França, faz sho-
ws no Cassino de Paris e no Follies Ber-
géres quase desnuda, somente com tangas 
e acessórios feitos com frutas. Dança, na 
maioria das vezes, com os seios à mostra. 
 A dançarina já disse que futuramente 
fará apresentações fora da França e viajará 
pela Europa. Há rumores de uma apresen-
tação na América do Sul e, quem sabe, no 
Brasil. Porém, com apresentação ou não, ela 
confirmou sua vinda ao Brasil e na, próxima 
semana, ministrará aulas no Rio de Janeiro. 
28
Local: Academia de Dança 
Carmem Miranda
Rua do Ouvidor, número 
20, Centro, Rio de Janeiro.
Imperdível: aulas com
 Josephine na Capital 
A ilustre Josephine Baker chega em nosso país 
na próxima semana para uma oficina de dança. 
Serão três dias: nos dois primeiros, ela ministrará 
uma aula com duração de duas horas cada e no 
último haverá uma competição, na qual ela será 
jurada. Os interessados em participar da com-
petição devem informar na hora da inscrição no 
curso. Haverá prêmios para primeiro, segundo e 
terceiro lugares. Maiores informações no local.
Dia / hora / modalidade:
07/06: 14 horas – Charleston 
08/06: 14 horas – Black Botton
09/06: 16 horas – Competição 
29
SAMBA
A NOVA ARTE BRASILEIRA GANHA VOZ
 Mudanças importantes começam a 
ocorrer na realidade carioca e, posteriormente, 
no país. Percebe-se a ascensão de um 
novo ritmo que cativa e encanta um 
número crescente de pessoas e adquire, 
aos poucos, o seu espaço: é o Samba.
 No dia 20 de janeiro deste ano, ocorreu 
na Cidade do Rio de Janeiro o I Concurso 
Entre Escolas de Samba do Brasil. Um ritmo 
novo, oriundo das classes menos favorecidas, 
construído com elementos peculiares da 
influência africana aos cidadãos alforriados. O 
samba já conta com suas primeiras escolas, onde 
tal legado começa a ser passado de geração 
a geração e festejado em rodas de lazer e 
reflexão, chamadas pelos próprios constituintes 
do movimento como rodas de samba.
 Contrariando a opinião de diversos 
estudiosos, críticos de cultura e alguns membros 
da sociedade, o samba não é composto apenas 
por batuques sem razão ou raras referências 
ideológicas. Muito menos seria um movimento 
desprezível, elaborado pelos netos ou bisnetos 
dos antigos escravos. Existe, nessa música, 
uma espécie de contágio irresistível que leva 
até o mais sisudo dos cavalheiros a testar seus 
dotes rítmicos; conduz a mais séria das damas 
a movimentar, discretamente, seu corpo para 
acompanhar a alegria que a melodia irradia.
 No primeiro concurso de sambas, a 
vitória foi dada ao bloco carnavalesco Conjunto 
Oswaldo Cruz, deixando as demais participantes 
– Mangueira, Estácio e Unidos da Tijuca – a ver 
navios. Mas, ao que parece, os pioneiros desse 
ritmo estão empenhados em levar o samba a 
um status mais elevado: os preparativos para os 
novos enredos do ano que vem já começaram.
 Paulo Benjamim de Oliveira, Paulo da 
Portela para os mais próximos, é o fundador da 
escola da samba campeã deste ano: Conjunto 
Oswaldo Cruz. Na manhã de um domingo, 
embalando uma calorosa roda de samba 
instalada em sua casa, Paulo da Portela recebe 
a equipe da Pandora para um cativante almoço 
acompanhado por prosas serenas. O sambista 
explica a mudança de nome da agremiação 
(agora chamada Portela), conversa sobre 
essa nova vanguarda criada por ele e alguns 
amigos (Natal e Heitor dos Prazeres) e as 
suas pretensões no cenário musical brasileiro.
Roda de Samba, quadro pintado pela promessa baiana das artes, Carybé
Música
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Pandora: Antes das outras perguntas, 
não posso deixar de demonstrar-me 
admirado com os teus trajes. O que te 
leva a vestires-te de forma tão elegante 
em um lugar simples como este?
Paulo da Portela: Uso terno, gravata e 
chapéu, assim como vários dos meus 
companheiros. Não gosto de ver a 
comunidade comportando-se mal e procuro 
dar um bom exemplo ao povo. Acredito 
que o samba é importante e é uma forma 
de representação da gente do subúrbio. Não 
quero que a imagem do sambista torne-
se algo como “um malan drovadio perse-
guido pela polícia”.
P a n d o r a : 
Também não 
posso deixar 
de mencionar 
as letras das 
tuas canções. 
Apesar da baixa 
e s c o l a r i d a d e 
e adversas 
condições de 
vida, consegues 
expressares-te 
muitíssimo bem.
Paulo da Portela: Agradecido. Procuro ler 
muito. De todo e qualquer material que 
pouse sobre minhas mãos, procuro extrair 
alguma coisa. Acredito que as minhas letras 
exprimam o jeito simples da vida suburbana, 
cantem o amor da forma mais singela e terna.
Pandora: Onde pretendes chegar com 
o samba? Achas possível que esse gênero 
ganhe força entre as outras classes e culturas 
e popularize-se na cultura brasileira?
Paulo da Portela: Tenho consciência de que 
isso que fazemos é rico, poderoso. Afinal, a 
alma do povo está no samba. Gosto de ver 
os pés e os pescoços das pessoas ocupados. 
Não posso prever o que acontecerá e dizer 
se o samba será apenas mais um movimento 
musical sufocado ou se perdurará na realidade 
do país. Mas espero que a sociedade enxergue 
a preciosidade que está nesse tipo de música 
para além das condições so-ciais ou estéticas 
desse ritmo. O samba consegue levar 
felicidade através de um simples acorde. E é 
isso que eu espero que os outros enxerguem.
Pandora: Pensas em viver do samba? Isto é, 
usar a música como instrumento de trabalho?
Paulo da Portela: Bem, aqui não fazemos 
música para ganhar dinheiro ou para ser 
melhor que alguém. Não penso em enriquecer 
com o samba 
e acredito que 
ninguém aqui 
pense isso. Tenho 
consciência de 
que a arte que 
fazemos é rica 
e pode tornar-
se profissional.
Eu apenas 
quero emergir 
a voz do povo. 
Quero cantar 
as necessidades 
do morro, o pensamento do subúrbio. 
Mas, acima de qualquer interesse social 
ou financeiro, quero cantar as causas 
humanas, as dores e alegrias de quem 
ama, de quem sofre e de quem chora.
Pandora: Notei que as pessoas que aqui 
estão, utilizam muito a palavra “majestade’’ 
para se referirem ao senhor. És o criador 
dessa agremiação?
Paulo da Portela: [risos] Majestade é um 
apelido carinhoso que damos à nossa 
escola. Portela: a Majestade do samba.
 Ao observar a fluidez dos acontecimentos 
na roda de samba e na simples – mas animada 
– casa de Paulo da Portela, percebe-se que a 
história dessa arte não há de ser breve. Uma 
nova linhagem cultural surge não só nos 
subúrbios cariocas, como no país. Talvez os 
moradores de Madureira e Oswaldo Cruz 
não tenham muita noção da revolução que 
estão propondo, mas o fato é que esse ritmo 
(entre outros), de cunho extremamente 
popular, está assustando alguns, encabulando 
outros e até mesmo horrorizando parte da 
sociedade. Entretanto, outra grande parte 
da população vem sendo conquistada pela 
boa música feita no quintal e rodeada de 
requebrados febris das suntuosas mulatas. A 
influência indígena e africana nos acordes, 
tambores e melodias mescla sorrisos, simpatiae a felicidade, tão típica do povo brasileiro.
III FESTIVAL BRASILEIRO DE 
CHORO
A Secretaria Municipal de Música Popular 
divulga seu III Festival Brasileiro de Choro. 
 O evento acontecerá no dia 1º de ju-
nho, a partir das 17h, na praça XV de No-
vembro, localizada em frente ao Paço Impe-
rial (próximo à Igreja da Candelária). Sendo 
um dos eventos mais aguardados do calen-
dário cultural da cidade, a grande expectativa 
do festival será a apresentação de uma roda de 
choro pelos Batutas. Liderado por Pixingui-
nha, o grupo, que divide opiniões na crítica 
e imprensa brasileiras, promete novas versões 
dos sucessos “Carinhoso” e “Lamentos”. 
Ambas as canções, gravadas no fim do ano 
passado, dividiram a percepção da críti-
ca sobre o formato e a estrutura sono-
ra do choro de Pixinguinha e Os Batutas. 
Após a viagem de 1922 a Paris, os músicos 
colheram referências e influências musi-
cais, criando uma espécie de choro brasileiro 
miscigenado ao jazz europeu. Pois bem: no 
próximo dia primeiro, cada cidadão poderá 
tirar as suas próprias conclusões sobre o re-
sultado dessa exótica mistura de estilos.
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CARTAS DOS LEITORES
SUGESTÕES, DÚVIDAS, CRÍTICAS E OPINIÕES DOS LEITORES DA PANDORA
 Foi inaugurada, no dia 15 
do mês corrente e estará aber-
ta até a próxima semana, a ex-
posição de pintura de Cândido 
Portinari: o artista laureado que 
brevemente partirá para a Euro-
pa, viagem recebida como prê-
mio da Escola Nacional de Belas 
Artes. A solenidade estreante da 
exposição do jovem pintor bra-
sileiro, no salão do Palace Hotel, 
constituiu um acontecimento de 
arte e elegância.
 A ilustre e já notável pia-
nista Maria Antônia estreará, com 
um recital, a temporada lírica do 
Theatro Municipal. Apesar de 
sua juventude, ela pôde aperfei-
çoar os seus estudos na Europa e, 
como se isso não satisfizesse, se 
fez ouvir em diversos concertos, 
tendo sido aplaudida com en-
tusiasmo. Há, por isso, nas rodas 
artísticas do Rio, um grande in-
teresse pelo seu recital.
 No próximo mês, a mul-
tiartista afro-americana Jose-
phine Baker virá ao Brasil para 
uma temporada de apresenta-
ções, que estão previstas para 
o Rio de Janeiro - no Teatro 
Cassino - e também para São 
Paulo.
 Josephine Baker
 Na sua Festa de Outono, 
que se realizou sexta-feira (24) à 
noite na sede da “Cruzada Espi-
ritualista”, o Grêmio Carioca de 
Letras e Artes recebeu a célebre 
escritora Rachel Prado. Nes-
se cenário, a senhorita realizou 
interessante palestra, subordina-
da ao tema: “O Valor da Arte e 
das Letras em todos os tem-
pos”.
 Acaba de ser finaliza-
da, na Praça Mauá, a constru-
ção do pomposo arranha-céu 
“A Noite”, de 22 andares, 
que será a nova instalação 
dos nossos colegas do jornal 
homônimo. Predizendo ser a 
maior construção de concreto 
armado de todos os tempos, o 
projeto estrutural foi assina-
do por Emílio Baumgart e o 
projeto arquitetônico por Eli-
siário da Cunha Bahiana e Jo-
seph Gire - arquiteto francês 
que projetou o Copacabana 
Palace Hotel há alguns anos 
atrás. A inauguração, no dia 25, 
foi uma solenidade graciosa 
que acolheu grande parte do 
jornalismo carioca, além de 
ícones de alta representação 
do mundo das finanças, 
política, letras e das artes que 
se aprouveram com a vista 
deslumbrante para a Baía de 
Guanabara.
 Zilah de Moura Brito 
é a jovem pianista auferida da 
Medalha de Ouro do Instituto 
Nacional de Música que, no 
próximo sábado, 1° de Junho, 
realizará um recital no salão 
nobre do mesmo Instituto. A 
artista brasileira interpreta-
rá Bach, Beethoven, Chopin, 
Brahms, Strauss, Charley La-
chmund, Gernshein e Liszt.
 O Club dos Bandei-
rantes ofereceu uma homena-
gem à Miss Paraná, a senho-
rita Didi Caillet, que resultou 
em uma peripécia mundana de 
grande brilho. A esse encon-
tro compareceram as misses Rio 
Grande do Sul e Minas Gerais e, 
ainda, as figuras mais distintas da 
nossa alta sociedade.
Didi Caillet
 A grandiosa e magnífica 
exposição de rádio, inaugura-
da no dia 16 do atual mês nos 
amplos salões do Beira-Mar 
Casino, ultrapassou a melhor 
expectativa dos dignos e esfor-
çados promotores desse empre-
endimento. O êxito obtido, não 
só pelos resultados mais diretos 
e imediatos como também pelo 
aspecto imponente que ofere-
ce a exposição à curiosidade da 
grande massa que ali tem com-
parecido, foi bem maior que o 
previsto. Fizeram-se representar 
diversas empresas desta capital, 
notadamente a Philips do Bra-
sil S. A., que tanto tem contri-
buído para o desenvolvimento e 
progresso da radiotelefonia neste 
lugar, além de inúmeras outras 
companhias.
 O cineasta, roteirista e es-
critor Mário Peixoto regressou 
de sua viagem ao Velho Mundo, 
na qual diz ter se inspirado para 
realizar uma produção cinema-
tográfica de vanguarda que se 
chamará Limite.
Sociedade
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Curiosamente, esse ano chega às telas um 
filme alemão de nome A Caixa de Pando-
ra, estrelado pela talentosa Louise Brooks 
(como pode-se averiguar na página 20).
Pandora, editora, redatores, corretores, 
repórteres, fotógrafos e demais partici-
pantes da equipe: parabéns pela revista 
tão esplêndida que vocês fazem! Atra-
vés dela tomo conhecimento das últimas 
inovações estéticas e ideológicas em to-
dos os ramos da cultura. Justos aplau-
sos à revista mais completa da nação! 
Confesso que sou uma nervosa admira-
dora da equipe que dá vida à Pandora.
Olga Maria Pinheiro, 19 anos – Rio de Janeiro
Derretemos-nos em agradecimento pe-
los seus elogios, Olga! Para informar 
leitores tão dedicados como você é que fa-
zemos a Pandora com todo o carinho e 
competência que nos cabe. Agradecidos!
Cumprimentos à revista Pandora! Soli-
cito a vocês mais informações sobre as 
melindrosas. Adoraria saber mais de-
talhes dessa moda e fazer parte das da-
minhas mais espirituosas da sociedade.
Ana Francisca Peixoto, 21 anos – Petrópolis
Querida Ana Francisca, a redatora Amélie 
Lepritié preparou uma matéria especialís-
sima sobre as figurinhas mais originais da 
década. É possível descobrir segredos de be-
leza e vestuário nas páginas 23 e 24 desta 
edição.
Mande também a sua correspondência 
para a Pandora:
Editora Otelo Castro (Gabinete Pandora) 
Avenida Rio Branco, nº 726, sala 5 
Centro da Cidade - Rio de Janeiro, RJ
Olá, redação! Desde que me tornei 
leitor assíduo da revista, pergunto-
-me o porquê do nome Pandora. Há 
algum motivo específico para esse tí-
tulo? Aproveito para parabenizar as pu-
blicações, sempre tão modernas e re-
pletas de interessantíssimos assuntos.
Danilo Alves Nascimento, 27 anos – Cabo Frio
Ficamos gratos pelo elogio, Danilo! Sobre 
o nome da revista, rondam as mais diver-
sas teses e opiniões nos bastidores de nossa 
redação. Mas segundo o jornalista Ote-
lo Castro, grande idealizador e primeiro 
editor da revista, o nome procede da anti-
ga lenda grega sobre a caixa de Pandora.
Na mitologia da Grécia, Pandora foi a pri-
meira mulher criada por Zeus e que aos nove 
anos ganhou uma caixa do pai, na qual po-
deria guardar todos os bens do mundo, con-
tanto que não fossem materiais. Certo dia, 
a jovem guardou no caixote um colar que 
recebeu de presente de seu pai, Zeus. O que 
para ela tinha valor sentimental, na ver-
dade tratava-se de um bem material que, ao 
entrar em contato com a arca, autodestruiu-
-se. Desde então, a caixa não pode mais ser 
aberta, com o risco de liberar à humanidade 
diversas informações (algumas malignas).
Portanto, o nome Pandora faz referên-
cia a algo que gera curiosidade, que é me-
lhor não ser revelado. E a função que nós, 
como jornalistas, temos é essa: “abrir a 
caixa de Pandora” e revelar ao público to-
das as formas de expressão artística pos-
síveis. Ousadas, inovadoras, tradicionais 
ou formais, todas as notícias, ideologias,modas e mistérios que rondam a cultura 
mundial merecem ser libertados para os 
leitores julgarem-nos como lhes convir. 
CARTAS DOS LEITORES
SUGESTÕES, DÚVIDAS, CRÍTICAS E OPINIÕES DOS LEITORES DA PANDORA
Correspondência
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Lazer
Verticais:
3. Utilizado nas artes plásticas por Pierre Laurent, o novo estilo busca inspiração nas mais pri-
mitivas formas de representação humana.
4. Ideologia defendida pela revista Pandora, que visa revelar à sociedade todas as diferentes for-
mas de expressão cultural.
7. Gênero teatral que abusa do humor e provoca risos na plateia.
8. A multiartista afro-americana de 
sobrenome Baker, que virá ao Bra-
sil para uma temporada de aulas e 
apresentações.
Horizontais:
1. Estilo de dança que envolve mo-
vimentos rápidos das mãos e pés, 
criado pelos negros americanos.
2. Figurinhas fáceis nos centros ur-
banos, são moças modernas, gracio-
sas e espontâneas.
5. Sobrenome comum aos mais po-
lêmicos artistas do Modernismo 
brasileiro.
6. Ritmo genuinamente brasileiro 
que mistura instrumentos indígenas 
e influências africanas.
Por que o namoro da goiabada e 
do queijo não deu certo?
Porque o queijo era fresco.
Qual o castigo da bigamia?
Ter duas sogras.
O que o livro de Matemática 
disse para o de Português?
Pare de contar historinhas 
porque eu já estou cheio de 
problemas.
PIADINHAS

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