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Consciência Histórica Sobre a Amazônia

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- Revista EDUCAmazônia - Educação Sociedade e Meio Ambiente, Humaitá, LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA – 
ISSN 1983-3423 – IMPRESSA – ISSN 2318 – 8766 – CDROOM – ISSN 2358-1468 - DIGITAL ON LINE 
 
 
 
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Ano 8, Vol XV, Número 2, Jul-Dez, 2015, Pág. 294-311. 
CONSCIÊNCIA HISTÓRICA SOBRE A AMAZÔNIA – DESAFIO DA 
CIDADANIA BRASILEIRA 
Suely Aparecida do Nascimento Mascarenhas & César Martins de Souza 
RESUMO 
O texto apresenta um estudo bibliográfico sobre a história da Amazônia e um estudo de campo sobre 
percepções de habitantes do Amazonas sobre sua realidade histórica. Os resultados apontam que a 
influencia das diversas culturas que migraram para a região impactaram em diferentes medidas sobre os 
indicadores de desenvolvimento e inserção socioeconômica na região. 
Palavras- chave: Consciência histórica, Amazônia, Inserção socioeconômica, cidadania. 
RESUMEN 
El texto presenta un estudio bibliográfico sobre la historia de la Amazonía y un estudio de campo sobre 
las percepciones de los habitantes de la Amazonia en su realidad histórica. Los resultados indican que la 
influencia de las diferentes culturas que han emigrado a la región afectada en diferentes medidas en los 
indicadores de inserción y desarrollo socio-económico de la región. 
Palabras clave: conciencia histórica, la ciudadanía amazónica, Inclusión Social. 
“... No fim de 1499,, Pinzón (...) acabou dando em um 
estranho mar de água doce, reconhecido logo como o estuário de um 
grande rio. Ao rio majestoso, cuja foz acabava de ser atingida, Pinzón 
chamou de “Santa Maria de la Mar Dulce”(...) Muito embora Vicente 
Yañez Pinzón não tenha sido um “explorador”, o certo é que ele foi o 
primeiro europeu a tocar o atual território brasileiro, e a meter a proa 
de suas caravelas contra a corrente impetuosa do maior rio do mundo” 
(BRASIL, 1996, p.11). 
A história é uma Ciência que tem como objeto narrar os fatos ocorridos na vida 
dos povos, em particular da humanidade em geral. É o conjunto de conhecimentos 
adquiridos através da tradição e/ou mediante documentos, acerca da evolução do 
passado da humanidade. O objetivo deste artigo é realizar uma breve revisão sobre a 
história da Amazônia ainda em construção, associando-a ao desafio de construção de 
uma consciência nacional e regional sobre as raízes históricas da Amazônia no Brasil. 
A Amazônia ainda é uma região pouco estudada do ponto de vista histórico. Em 
nosso entendimento a Amazônia é portadora de um vasto tesouro histórico a ser 
revelado em prol do bem comum da humanidade e de seus povos tradicionais ou 
primeiros que ainda a habitam. O que pode ser verificado possivelmente pelas 
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pesquisas, apesar da presença dos descendentes dos colonizadores europeus, do oriente 
e escravizados da África que passaram a habitar seu território nos últimos séculos. 
O cenário histórico cultural vivenciado na atualidade é resultado das raízes 
históricas e culturais que o constituiu. E para que seja compreendido precisa ter 
desvendadas suas origens, bem como refletidas as intenções e interesses dominantes do 
ponto de vista da cidadania e do bem comum que constituem objetivos nacionais 
previstos na Constituição Nacional do Brasil. 
A Ciência História não procura apenas estabelecer fatos ou leis, mas também 
compreender o sentido das ações humanas. O conhecimento histórico é, portanto, uma 
ciência da interpretação. Como então construir o conhecimento histórico da Amazônia, 
sem mergulhar nas culturas de seus povos primeiros, ancestrais? Como conhecer a 
história da Amazônia sem mapear os conhecimentos que foram trazidos pelos 
colonizadores da Europa, do Oriente Médio e da Ásia? Os conhecimentos dos africanos 
e Nordestinos trazidos para o trabalho estes últimos para os trabalhos nos seringais? 
Incorporar os conhecimentos dos descendentes dos povos primeiros, imigrantes, 
migrantes e os que nasceram no século atual já em contexto de consolidação da História 
da Nação Brasileira? 
Cabe destacar que a História tem um sentido no duplo sentido de significações e 
de direção. Ela tende para um fim que é universal realizado. Este fim é também o 
advento e o início de uma nova história, da qual os homens serão os senhores e os 
sujeitos conscientes (CLÉMENT, DEMONQUE, HANSE-LOVE & KAHN, 1997). 
Homens de todos os tempos dos antigos e dos atuais. 
Segundo Souza, Reis e Mascarenhas (2015), na Amazônia, a economia da 
borracha foi orquestrada pelas necessidades das indústrias europeias e dos Estados 
Unidos, no que demandaram trabalhadores para a extração do látex das seringueiras 
nativas existentes na floresta amazônica. Do nordeste migraram milhares de brasileiros 
para a região, entendida nas entrelinhas como “terra de degredo” para onde viajam 
“homens e mulheres sem volta”, o que pode ser ilustrado pelo trecho abaixo. 
 
 
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“Escuta! Sei que agora não ligas para nada, mas eu quero que sejas senhor de 
tua sina. Não é fugir não que não és homem para isso. Estás vendo a passar 
levas e mais levas de desesperados em direção aos Amazonas em busca da 
fortuna nos seringais? Poucos sobrevivem. Não queria esse destino pro meu 
melhor amigo, mas se tens que morrer, pelo menos que morra lutando. Lá é 
outro mundo (...) Sei que tens algum dinheiro, mas não compre passagem não 
para não deixar rastro e vai, vai anônimo no meio dessa cambada de 
desesperados”(NUNES, 2003, p. 33). 
Diante dos fatos e dados revisados e relatados associados ao ambiente 
amazônico, indagamos: 
O atual cenário da sociedade amazônica não está desvinculado da história do 
Brasil. Não podemos esquecer que o presente nunca é apenas presente, um estado 
temporal fechado em si mesmo, mas que lhe é de uma natureza flexível e não cessa de 
solicitar o passado e o porvir. Nossa vida se estende antes do seu início, rumo ao 
passado pelo viés da lembrança, e adiante numa perspectiva de esperanças voltadas para 
o porvir. O indivíduo embora seja modelado por suas experiências sociais, jamais é 
redutível a uma só dessas (LORIGA, 2011). 
Por outro lado, a História da Amazônia é marcada por extremos de exploração e 
injustiça social em meio a um ambienta rico e diverso. O modelo de desenvolvimento 
prioritariamente adotado na região Amazônica está baseado na extração e exploração 
insustentável dos recursos naturais, que prioriza o lucro imediato dos exploradores. 
Caracteriza-se por um modelo fundado na apropriação do espaço e na exploração das 
riquezas, sem conservar culturas locais existentes e dinâmicas naturais que regem os 
ecossistemas existentes (GUTBERLET, 2002). 
“A Amazônia é um bioma extremamente complexo 
e diversificado quando vista sob o ponto de vista social, 
cultural, ecológico e econômico. È uma região marcada 
pelas exuberantes e extensas riquezas e belezas naturais e, 
ao mesmo tempo, pela degradação e devastação ambiental 
e pelo quadro de pobreza econômica e miséria social sem 
precedentes. São, portanto, realidades antagônicas e que 
provocam revolta e conflito” (GUTBERLET, 2002, P. 
157). 
De acordo com Gutberlet (2002), o estilo de desenvolvimento praticado há 
séculos na Amazônia traz para a região transformações rápidas com severas 
consequências socioambientais a médio e longo prazo e em larga escala. Impactando em 
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importantes indicadores de pobreza econômica, exclusão social e degradação ambiental 
o que se verifica tanto em contexto urbano como rural. 
No cenário econômico da atualidade, há quem entenda que a Zona Franca de 
Manaus é um reconhecimento da necessidade de reparação e compensação econômica 
uma vez que a Região historicamente foi objeto de um processo de exploração sem 
contrapartida de oferta de serviços públicos à sua população. Exploração que os 
habitantes da região sofreram e sofrem ao longo do processo de colonização que em 
grande medida ainda está em curso. 
Os atuais e históricos indicadores sociais, políticos, educacionais, econômicos da 
Amazônia, desfavoráveis em relação ao de outras Regiões do Brasil provocam „dor 
política‟ que na concepção defendida por Farge (2011) tem o seguinte significado: 
“A dor, sensação física e emocional – que não pode se separar 
da mágoa -, é uma forma de relação com o mundo. Nisso ela 
entra na paisagem cultural, política, afetiva e intelectual de uma 
sociedade. Esse contexto pode receber, rejeitar, agredir ou 
apaziguar essa dor: a história social se constrói nesse movimento 
incessantemente cambiante. A dor não é uma invariante, uma 
consequência inevitável de situações dadas, é um modo de ser 
no mundo”(FARGE, 2001, p. 19). 
Há um mal estar na sociedade brasileira quando o assunto à tona recai sobre as 
desigualdades regionais. Como podemos viver com bem-estar em uma sociedade/nação 
assim? Sem conhecer a nossa verdadeira história de sociedade/nação? Seria essa a razão 
do mal estar entre as regiões “brasileiras” na atualidade? Ou seja, estaria no 
encobrimento dessa história vergonhosa do ponto de vista ético a explicação da visão da 
Amazônia construída pelos brasileiros do centro sul e do Brasil pelos brasileiros do 
norte nordeste? Se somos uma nação que nasceu na mesma data, e na mesma família, 
como podem ser explicadas as extremas diferenças no IDH índice de desenvolvimento 
Humano e IDS Índice de Desenvolvimento Social entre a Amazônia e as demais 
regiões do Brasil? 
Como apagar a Cabanagem da memória social da nação brasileira? Como apagar 
os efeitos sobre a cognição social da nação brasileira? Como podemos (nação brasileira) 
continuar negando, invisibilizando o passado que não tem como passar, pois está no 
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sangue dos ancestrais derramado por liberdade, justiça e igualdade? Sangue que não 
pode ser esquecido pelos sobreviventes dos conflitos e massacres ao longo dos séculos 
de nossa história nacional? (Souza, Reis e Mascarenhas, 2015) 
Os retalhos históricos evidenciam aspectos associados à formação do Estado 
nacional. Estado que no contexto amazônico deve se materializar pela prestação de 
serviços públicos educação, saúde, estradas, habitação, segurança e outros indicadores 
de respeito aos direitos da cidadania brasileira. Serviços que em localidades sediadas 
nas profundezas do interior amazônico são insuficientes e incompletos agravando o ato 
de omissão da Nação sobre a falta de acesso a direitos que em outras regiões em 
especial a região sul são naturalmente ofertados desde séculos passados. A cidadania na 
Amazônia está esquecida e em grande medida abandonada há séculos como 
demonstram os atuais indicadores de IDS e IDH oficiais. 
 Lembrando que de acordo com a Teoria Geral do Estado, o Estado é sempre 
“considerado na totalidade dos seus aspectos, apreciando-o como um conjunto de fatos 
integrados numa ordem e ligados a fundamentos e fins, em permanente movimento” 
(DALLARI, 1995, p.5). 
Da concepção oficial de Estado, remetemo-nos à formação social que o constitui 
relevando que “os fenômenos estão sujeitos a uma interação causal, uma vez que a vida 
social está sempre submetida a um processo dialético que faz da vida social uma 
permanente criação” (DALLARI, 1995, p.6). 
 Queremos nos aproximar do processo de construção/formação histórica da 
região para que possam nos ajudar a compreender as raízes causais para os fenômenos 
sociais hoje testemunhados nos diferentes contextos do Estado Nacional Brasileiro, 
tendo em vista que o ser humano se constitui pela sua consciência histórica e cultural 
que são determinantes de sua identidade. 
 
 
 
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Ainda de acordo com princípios da Teoria Geral do Estado, sabe-se que: 
(...) A sociedade humana tem por finalidade o bem comum, isso 
quer dizer que ela busca a criação de condições que permitam a 
cada homem e a cada grupo social a consecução de seus 
respectivos fins particulares. Quando uma sociedade está 
organizada de tal modo que só promove o bem de uma parte de 
seus integrantes, é sinal de que ela está mal organizada e 
afastada dos objetivos que justificam sua existência (DALLARI, 
1995, p.20). 
A pessoa, entendida também como “célula” da sociedade somente pode ser 
entendida a partir dos seus antecedentes históricos e culturais tanto do ponto de vista 
individual, como coletivo. Este texto procura refletir sobre tópicos da história da 
Amazônia que possam contribuir para ajudar explicar o atual cenário sociocultural da 
população local, considerando que o comportamento tem duas origens: ou é inato ou é 
aprendido na interação do sujeito com o meio ambiente, tanto físico, como social, 
inclusive o psicossocial, o moral e o político, materializados pela Realidade que é 
sempre Histórica. 
E os autóctones, os que se querem nascidos da terra onde estão, os que nasceram 
e cresceram na terra antes da chegada dos colonizadores europeus? E os que nasceram e 
cresceram na terra após a chegada dos europeus? A ONU já procura diferenciar 
autóctones de „povos primeiros‟. No caso do Brasil, “povos tradicionais”, ou “povos 
primeiros”. Diante da complexidade dos efeitos do fato a sociedade nacional cala, não 
vê. Mantém-se o silêncio nacional, não se abre o diálogo, não há espaço para a fala, a 
escuta do outro. O que gera sofrimento psicossocial, sofrimento e dor política. É mais 
simples manter o discurso sobre a necessidade de construção e consolidação de uma 
identidade nacional harmônica desde sua origem e pacífica. 
Ora, a sociedade nacional e a humanidade como um todo carece de uma 
presença de conduta séria, não abrindo mão de seus direitos e deveres, muito menos da 
história da sua constituição. Neste cenário histórico de conflitos e desigualdades, diante 
dos direitos da pessoa humana, há silêncios, omissões, desacertos e acertos, todavia, é 
preciso a criação de políticas públicas que superem o sistema, que coloquem o lucro 
acima da pessoa humana. sistema que diverge dos valores dos povos amazônidas onde 
a família, a convivência em ambientes naturais prevalecem sobre o acúmulo de capital. 
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Segundo os povos primeiros, em documento publicado no encontro latino 
americano das organizações indígenas, outubro de 1998 em Bogotá, Colômbia, a 
invasão ainda não acabou, 
“ Nossa história nãocomeçou há 500 anos. Nossa história 
aprofunda raízes num passado milenar. (...) a vida que surgia de 
nossos povos, foi destruída. A invasão teve como consequência o 
saque da mãe terra. (...) a invasão não acabou, continua até hoje, 
por meio de uma ideologia da dominação que tenta 
enganosamente negar nosso direito de existir de falar e de 
escolher nosso caminho (HERK & PREZIA, 1999, p. 33-34). 
Para a pessoa humana, ter uma história significa existir. É preciso promover o 
descobrimento da História da Amazônia em grande medida encoberta desde o início do 
processo de invasão oficial em 1499 pelos povos ibéricos ( Espanhóis e Portugueses), 
(Brasil, 1996) . Segundo Souza (2009), a Amazônia é constituída por um povo com 
visão de mundo própria, pluricultural e plurinacional mesmo antes de existir de modo 
formal. Destaca que no início sua formação foi fruto de um processo histórico herdado, 
imposto, como as línguas europeias, pelas quais se materializou. Souza (2009) refere: 
Assim, na Amazônia, a História foi fruto de um impacto 
colonial; a História do povo amazônico foi sendo construída até 
se tornar uma real expressão da identidade. É a trajetória que vai 
da chegada do homem à região aos dias atuais (SOUZA, 2009, 
p. 16). 
Sabe-se que mudanças inevitavelmente ocorrem e danificam as coisas, 
produzem dor, angústia e desespero, mas nunca perdemos a esperança na renovação, 
pois quando a desordem finalmente termina um dos ciclos de mudanças, anuncia o 
começo de um tempo renovado num mundo renascido. Assim, a História é o resultado 
de muitos ciclos de vida que surgem, mudam, entram em decadência e se destroem para 
voltarem a renascer... Os povos da Amazônia sempre souberam que o mundo está 
mudando e que cada ciclo exige respostas adequadas às contingências do momento 
(MEDINA, 2003). 
Para Gondin, (2007, p. 13), em grande medida ”(...) Amazônia não foi 
descoberta, sequer foi construída (...)” . Podemos afirmar que apenas foi batizada. 
Somente em 1801 os portugueses conseguiram formalizar seu “domínio” com o tratado 
de Badajós/Madri. Constituindo o vice-reino do Grão Pará, como colônia paralela ao 
Brasil. Há 213 anos. O que significa que dos 514 anos do início da gestão Ibérica 
(Portuguesa/Espanhola) deste território, 301 foram oficialmente geridos por Portugueses 
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do lado da Costa do Atlântico e 301 por Espanhóis do lado do Sertão Amazônico. E, 
após 1801, todo o território passou oficialmente a ser administrado por 
portugueses/brasileiros isso por 213 anos. Depois de mais de dois séculos de 
convivência nacional, já podemos nos considerar todos histórica e culturalmente 
brasileiros? Impossível. Como revelam os conflitos continuados registrados em toda a 
história e regiões da nação. Como explicar as desigualdades regionais do País? 
Entendemos que pelo exame e análise dos antecedentes históricos consultados para este 
estudo, as diferenças entre as regiões do Brasil podem ser explicadas. “O desafio é 
encontrar um caminho em que haja igualdade de qualidade de vida em todos os 
quadrantes do planeta, sem que esta igualdade seja ameaçada pela exaustão dos recursos 
naturais” (SOUZA, 2009, p.25). 
A incorporação oficial do território amazônico ao Império do Brasil em 1801 
(via tratado de Madri) e em 1823 com o vitória sobre as forças rebeldes (SANTOS, 
2010) oficialmente iniciou um processo de integração histórico cultural de duas 
sociedades distintas que ainda hoje não se veem como únicas. O que pode ser 
demonstrado pelos indicadores oficiais de desigualdades regionais em todas as esferas 
dos direitos de cidadania. O fato gera insatisfação, e, certa “dor política” por não poder 
exercer os direitos assegurados a todos os brasileiros neste contexto histórico e 
geográfico próprio que é a Amazônia brasileira. 
A dor que a ofensa ao direito provoca no homem encerra em seu 
íntimo a confissão forçada, mas intuitiva, do que representa para 
o indivíduo, mas também do que representa para a sociedade 
humana. Esse momento singular, sob a forma de uma reação 
psicológica, do sentimento humano (...) Quem nunca sentiu essa 
dor, em si mesmo ou em outrem, ainda não compreendeu o que 
é o direito, mesmo que saiba de cor todo o corpus júris. Não é o 
raciocínio, mas o sentimento que pode dar-nos essa 
compreensão, e é por isso mesmo que o sentimento de justiça 
costuma ser designado com toda razão como fonte psicológica 
primordial do direito (...) A força do direito reside no 
sentimento, tal qual a força do amor. (IHERING,1891 2008, p. 
54). 
Segundo pesquisadores, os povos classificados como primitivos consideram-se 
parte da natureza, nem superiores nem inferiores às outras criaturas (MEGGERES, 
1987), de onde destaca-se que: 
 
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A dificuldade de compreender o lugar do homem na biosfera é 
dificultada por um grave problema: nossa incapacidade de nos 
olharmos sem preconceito. Sendo que a cultura sempre encobre 
ou desvia nossas percepções em virtude de nossas próprias 
idéias, atitudes e crenças, e os processos de pensamento estão 
integralmente vinculados ao fenômeno que pretendemos estudar. 
(MEGGERS, 1987, p..25). 
No que se refere à adaptação dos habitantes tradicionais ao bioma amazônico, 
considera-se que a abundância da região é reflexo do equilíbrio da adaptação 
conseguido pelos mesmos. O que remete a constatação de que “a Amazônia, longe de 
ser a terra da promissão, não passa de um paraíso ilusório” (MERGGERS, 1987, p. 
172). 
O mais grave é que o império do Brasil via a Amazônia apenas 
como um espaço geopolítico, demonstrando incapacidade para 
superar o tradicional relacionamento colonial por algo mais 
condizente com o estatuto de uma região pertencente a um país 
independente. (SOUZA, 2009, p. 209). 
Após a Cabanagem, desabafo dos fracos contra os fortes, se instalou o silêncio 
imposto pela desilusão e pela repressão que matou no nascedouro a cultura solidária, 
meio ibérica e meio indígena fazendo surgir uma cultura pragmática e alienada. É 
possível dizer que a população amazônica encontrou um estilo para resistir, uma 
maneira de enfrentar a voracidade de tantos projetos e até mesmo para resistir às elites 
regionais. Esse estilo que é uma demonstração de superioridade cultural pode ser 
chamado de leseira (SOUZA, 2009). 
A leseira como fenômeno comportamental verificado em cenário amazônico 
pode ser entendido como resistência e até resiliência frente a valores que lhes são 
estrangeiros 
(...) Leseira como um estilo de resistência. Segundo o autor, os 
nativos da Amazônia sabem que não formam feitos para 
obedecer certas leis, especialmente as econômicas. Pode ser uma 
forma de esnobismo ou uma ironia. Entende a leseisa como uma 
prática existencial poderosa que ainda vai livrar a região de tanta 
solidariedade não solicitada, pois há uma exata medida de 
leseira em todos os escalões, em todas as classes sociais, em 
todas as almas. (SOUZA, 2009, p..230-231). 
Na Amazônia, “ (...) O homem adaptado não é um estranho à natureza, e sim, 
um prolongamento do meio ambiente (...)” (HUGO, 1995, p.19). O sofrimento dos 
brasileiros e das brasileiras da Amazônia privados e privadas de acesso aos direitos da 
cidadania nacional básicos como: água tratada, educação, saúde, habitação dentreoutros 
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acumula sofrimentos. Sofrimentos que devem ser superados por qualidade de vida e 
acesso a serviços básicos de cidadania e inserção socioeconômica. 
Em suma, a História é o fundamento de todo o conhecimento geral. Nossos 
pensamentos têm uma forma temporal, e a trama dos nossos relatos e de nossas 
conversações é sempre inevitavelmente histórica. Desta forma, a pessoa não faz nada 
além de representar a história. O que dizemos é apenas seu relato; bem mais, nesse 
sentido mais amplo, nossa vida espiritual inteira se edifica sobre ela, todos os seres 
humanos têm uma história, neste sentido, todos somos historiadores (LORIGA, 2001). 
Acreditamos que este texto pode ser útil para ampliar a compreensão do 
comportamento das unidades psicofísicas da história nacional impressas na memória de 
cada integrante da sociedade nacional atual. Pois 
...Na justa memória, o presente se reconcilia com o passado pela 
rememoração no espaço público, pela expressão pública do 
sofrimento das vítimas. (...) A proposta seria um esforço de 
verdade e reconciliação, o presente fez emergir uma memória 
que pede perdão ao outro e o Ocidente precisa perder a sua 
arrogância e reconhecer o mal feito ao outro. (...) E o que dizer 
do planeta: se o perdão só pode ser um dom da vítima, será que 
os ditos indígenas das Américas, africanos e asiáticos poderão 
esquecer e perdoar o ocidente/os europeus? (...) Em Ricoeur, o 
desafio da história seria o perdão ou a justiça? (REIS, 2013, 
p.446). 
Cabe refletir e indagar sobre a quais interesses e valores serve a visão de um 
projeto de nação que silencia sobre os conflitos da formação do mapa e das fronteiras 
nacionais, construindo um imaginário de um país sem conflitos, e potencialmente 
próspero? Sabe-se que o Brasil é 
...Um país que se faz de maneira harmônica e consensual a partir 
de contribuições diversas de seu povo, mas também um Brasil 
que exige abnegação e recusa, uma vez que em tais formulações, 
os dilemas pessoais e locais não devem jamais se interpor diante 
do projeto nacional (...) essa perspectiva escamoteia e omite os 
conflitos étnicos, religiosos, regionais e de classe que sempre 
estiveram presentes na sociedade brasileira ao longo de sua 
história. (PINHEIRO, 2000, p.83). 
Salienta-se que esta perspectiva é artificial, produz silêncios e consensos e 
“unifica” uma memória de nação até mesmo onde ela não existe. O desafio é ajustar o 
currículo do sistema educacional no sentido de ensinar aos brasileiros a história da 
formação do Estado Nacional Brasileiro, de modo a que o conteúdo curricular sobre a 
integração do então vice-reino do Grão Pará / Maranhão ao Império do Brasil seja 
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aportado à memória desbotada das atuais gerações, e que possamos trilhar o caminho de 
construção da identidade nacional brasileira, de modo a integrar o pais, tendo os seus 
habitantes como cidadãos portadores de direitos e deveres que esses possam ser 
efetivamente exercidos em condição de igualdade em termos de IDH (Índice de 
Desenvolvimento Humano) e IDS (Índice de Desenvolvimento Social), via implantação 
de novas políticas públicas afirmativas para o acesso a serviços públicos de qualidade 
para todos. 
Tal perspectiva poderá favorecer o protagonismo coletivo para construção de 
uma nação brasileira fundada na verdade de suas raízes e que se constrói historicamente 
como um país menos desigual e justo do que o que histórica e atualmente vivenciamos. 
Seria oportuno buscar refugio na explicação de que temos duas sociedades desiguais 
que integram a mesma nação Brasileira, nação que reconhece suas desigualdades no 
texto fundamental quando estabelece como um dos objetivos nacionais a busca da 
superação das desigualdades regionais. 
Neste artigo apresentamos resultados de pesquisa de campo desenvolvida com a 
participação de estudantes universitários do Amazonas visando captar percepções sobre 
consciência histórica associada à região e em que medida os antecedentes históricos 
regionais determinam ou influenciam a realidade atual do cenário estudado. 
Há quem entenda que a desigualdade social da região se deve ao fato de se criar 
um imaginário no centro sul do país de que a “Região só tem índios” e que sua 
população carrega um estigma desfavorável em relação ao estigma dos habitantes de 
outras regiões nacionais. 
MÉTODO 
Participantes 
Participaram da pesquisa 41 estudantes universitários de ambos os sexos que 
responderam ao instrumento após serem informados dos seus objetivos, observando 
procedimentos éticos vigentes. 
Instrumento 
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a Escala sobre “Contexto 
histórico, cultural e desenvolvimento social e econômico” (MASCARENHAS, 2015). A 
escala é constituída por 6 itens, organizados em escala likert de 5 pontos 1. Não 
influenciou em nada, 2. Influenciou muito pouco, 3. Influenciou pouco, 4. Influenciou 
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bastante e 5. Influenciou muitíssimo ou totalmente. A escala também conta com dois 
itens para comentários e um item de resposta objetiva sim ou não. 
Procedimento de coleta de dados 
Os dados foram coletados em horário de aula cedido pelos professores, por 
pesquisadores treinados que acompanharam os participantes instruindo-os quanto aos 
procedimentos de respostas, observando aspectos éticos vigentes. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Da análise das informações aportadas pela pesquisa, verificou-se frágil 
conhecimento sobre aspectos históricos que determinam a materialização da realidade 
amazônica na atualidade. Por outro lado, constatou-se forte percepção dos participantes 
sobre o impacto do processo de imigração e migração para a região sobre aspectos 
culturais existentes na realidade regional. 
Tabela 1: Percepção sobre a influência de aspectos históricos Tratado de 
Tordesilhas (1498) e Tratado de Madri (1750) sobre o desenvolvimento da Região 
Amazônica. 
Item F % Válida % Acumulada 
Não influenciou em nada 5 12,2 12,2 
Influenciou muito pouco 2 7,3 19,5 
Influenciou pouco 21 51,2 70,7 
 Influenciou muitíssimo ou totalmente 
Total 
 
2 
41 
4,9 
100 
100 
Fonte: Base de dados LAPESAM, UFAM. 
 
 Conforme Tabela 1, quanto ao conhecimento do fato histórico registrado no 
item 1. “A Região Amazônica até 1750 pertencia à Espanha, de acordo com o Tratado 
de Tordesilhas. Em 1750 com o Tratado de Madri passou a pertencer a Portugal como o 
segundo vice-reinado na América do Sul. Em que medida esse fato histórico pode ter 
afetado as diferenças culturais e de desenvolvimento social e econômico, em 
comparação com as demais regiões do Brasil?” 12,2% dos participantes acreditam que “ 
não influenciou em nada”, 7,3% que influenciou muito pouco, 51,2% que “”influenciou 
pouco”, 24,4% que “influenciou bastante”, 4,9% que influenciou muitíssimo ou 
totalmente. 
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Tabela 2: Percepção de habitantes do Amazonas sobre o impacto dos processos de 
migração sobre a economia da região Amazônica. 
Item F % Válida % Acumulada 
Não influenciou em nada 2 4,9 4,9 
Influenciou muito pouco 5 12,2 17,1 
Influenciou pouco 18 43,9 61,0 
Influenciou bastante 9 22,0 82,9 
Influenciou muitíssimo ou totalmente 7 17,1 100,0 
Total 41 100 
Fonte: Base de dados LAPESAM, UFAM. 
 Conforme Tabela 2, as respostas ao item 2. “O processo de migração em 
função dos ciclos da borracha, do ouro e da agricultura influenciaram mudanças 
econômicas, culturais e soc. em contexto amazônico com o fortalecimento do setor 
produtivo, criação de novas cidades, assentamentos e indústrias” demonstram que para 
4,9% dos participantes “não influenciou em nada”, para 12,2% influenciou muito 
pouco”, para 43,9%” influenciou pouco”, para 22% “influenciou bastante”, para 17,1% 
“influenciou muitíssimo ou totalmente”. 
 A percepção dos participantes sobre o item 3. “A criação da UEA e a 
instalação da UFAM e IFAM´s no interior do estado do Amazonas influenciaram 
positivamente os indicadores de qualidade de vida, educação, cidadania e inserção 
socioeconômica “indica que para 4,9% dos participantes “não influenciou em nada” 
para 4,9%” influenciou muito pouco”, para 41.5% “ influenciou pouco”, para 17,1% 
“influenciou bastante” e para 31,7% “influenciou muitíssimo ou totalmente” (Tabela 3). 
 
Tabela 3: Percepção de habitantes do Amazonas sobre o impacto da instalação da 
UEA, UFAM e IFAM´s os processos de migração sobre a economia da região 
Amazônica. 
Item F % Válida % Acumulada 
Não influenciou em nada 2 4,9 4,9 
Influenciou muito pouco 2 4,9 9,8 
Influenciou pouco 17 41,5 51,2 
Influenciou bastante 7 17,1 68,3 
Influenciou muitíssimo ou totalmente 13 31,7 100,0 
Total 41 100 
Fonte: Base de dados LAPESAM, UFAM. 
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 Quanto às respostas ao item 4. “O processo de migração de populações do 
sul, nordeste e outras regiões do Brasil para o Amazonas influenciam mudanças 
culturais, econômicas, políticas e sociais onde se instalam”, 4,9% entende que” não 
influenciou em nada”, 9,8 que “influenciou muito pouco”, 39% que “influenciou 
pouco”, 19,5% que “influenciou bastante” e 26,8% que “influenciou muitíssimo ou 
totalmente” (Tabela 4). 
Tabela 5: Percepção de habitantes do Amazonas sobre em que medida o impacto 
da chegada de migrantes de outras regiões ao estado do Amazonas influenciou no 
fortalecimento das tradições e cultura regional, influenciando a valorização dos 
costumes e tradições locais. 
Item F % Válida % Acumulada 
Não influenciou em nada 2 4,9 4,9 
Influenciou muito pouco 5 12,2 17,1 
Influenciou pouco 20 48,80 65,9 
Influenciou bastante 8 19,5 85,4 
Influenciou muitíssimo ou totalmente 6 14,6 100,0 
Total 41 100 
Fonte: Base de dados LAPESAM, UFAM. 
 As respostas ao item 5. “A chegada de migrantes de outras regiões ao estado 
do Amazonas contribui para o fortalecimento das tradições e cultura regional, 
influenciando a valorização dos costumes e tradições locais”, 4,9% entende que não 
influenciou em nada; 12,2% que influenciou pouco; 48,8% que influenciou pouco, 
19,5% que influenciou bastante e 14,6% que influenciou muitíssimo ou totalmente 
(Tabela 5). 
Tabela 6: Percepção de habitantes do Amazonas sobre em que medida o impacto 
da convivência com espanhóis, portugueses e brasileiros influenciou a cultura e os 
costumes dos povos primeiros (indígenas) que habitam a região desde antes da 
chegada de espanhóis, portugueses e brasileiros.”. 
Item F % Válida % Acumulada 
Não influenciou em nada 3 7,3 7,3 
Influenciou muito pouco 4 9,8 17,1 
Influenciou pouco 19 46,3 63,4 
Influenciou bastante 8 19,5 82,9 
Influenciou muitíssimo ou totalmente 7 17,1 100,0 
Total 41 100 
Fonte: Base de dados LAPESAM, UFAM. 
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 Respostas ao item 6 .” A convivência com espanhóis, portugueses e brasileiros 
influenciou a cultura e os costumes dos povos primeiros ( indígenas) que habitam a 
região desde antes da chegada de espanhóis, portugueses e brasileiros.”, 7,3% dos 
participantes entendem que não influenciou em nada; 9,8% que influenciou muito 
pouco, 45,3% que influenciou pouco, 19,5% que influenciou bastante e 17,1% que 
influenciou muitíssimo ou totalmente (Tabela 6). 
 Quando perguntados no item 7 do questionário “Você sabia que a nossa região 
não pertencia ao Brasil desde 1500, mas à Espanha desde 1498?” 41.5% respondeu que 
sim e 58,5% que não. O que sugere a necessidade de fortalecer o currículo da educação 
básica no que se refere aos antecedentes históricos da formação do estado brasileiro em 
especial no que se toca à incorporação do país estrangeiro Grão Pará ao Brasil, após o 
tratado de Madri entre 1750 e 1823. 
Quanto às perguntas abertas dois participantes responderam: 
P X:“Eu não sabia e ponto final” e PY: “Todos esses acontecimentos ocorreram 
acentuando o quanto fragilizados somos”. A realidade que não é dita é sentida na 
violência nacional que excluí tratando desiguais como iguais ampliando o abismo de 
exercício da cidadania entre as regiões nacionais em desvantagem para a Região 
Amazônia como se colônia fosse da Nação. O colono não se pertence. A riqueza da 
Amazônia parece que não pertence aos amazônidas; o que pode ser constatado nos 
indicadores de acesso a educação básica, superior (graduação e pós-graduação), saúde, 
habitação, saneamento básico, segurança pública, urbanização. O difícil começo precisa 
ser revisitado, refletido e reparado por meio de políticas públicas afirmativas que 
contribuam para a elevação dos indicadores de IDH e IDS da região em comparação 
com os das demais regiões em especial as localidades isoladas às margens de rios nas 
profundezas do interior Amazônico brasileiro. Eis o desafio da construção da 
consciência histórica lançado há século e ainda não superado. 
CONCLUSÃO 
Da análise dos dados e informações aportados na pesquisa é possível afirmar que 
a região recebeu influencia do processo de migração impactando fortemente sobre sua 
cultura. E que em grande medida o fato faz parte das percepções de suas populações. O 
que pode ser aprimorado por meio da promoção de um processo intencional e 
sistemático de revisão histórica por parte das instituições promotoras da educação 
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formal, informal e de comunicação de massa. Por outro lado também foi possível 
constatar que aspectos históricos importantes são desconhecidos de boa parte dos 
participantes. A riqueza e a complexidade sociocultural da Amazônia costumam ser 
desconsideradas nos processos e formulação de políticas para ordenamentos e políticas 
de desenvolvimento regional. O que é insustentável. É pouco valorizado o 
conhecimento local das populações tradicionais da Amazônia. Esse conhecimento é 
transmitido entre as gerações por via oral e não são registrados, não sendo considerado 
conhecimento acadêmico. Eis o desafio para o seu adequado registro científico emprol 
da preservação do conhecimento da humanidade que certamente será ampliado 
significativamente quando a ele for incorporado os conhecimentos dos povos primeiros 
que habitam o contexto Amazônico. 
A descoberta da América foi o acontecimento 
fundacional da Revolução Científica. Não apenas ensinou 
os europeus a preferirem observações presentes a tradições 
passadas, mas o desejo de conquistar a América também 
obrigou os europeus a buscarem novos conhecimentos o 
mais rápido possível. Se eles realmente quisessem 
controlar os vastos territórios, precisariam coletar uma 
enorme quantidade de dados sobre geografia, o clima, a 
flora, a fauna, as línguas, a cultura e a história do novo 
continente. As Escrituras cristãs, os velhos livros de 
geografia antigas tradições orais eram de pouca ajuda. Daí 
em diante, não só os geólogos europeus como também os 
estudiosos europeus em quase todas as áreas de 
conhecimento começaram a desenhar mapas mundí com 
espaços a serem preenchido. Começaram a admitir que 
suas teorias não eram perfeitas e que havia coisas 
importantes que eles não ainda não conheciam (HARARI, 
2015, p. 298-299). 
A instalação da universidade federal no interior da Amazônia favorece a criação 
de condições para a realização de pesquisas nos diferentes campos do conhecimento, 
inclusive o Conhecimento Histórico de modo a aportar a enriquecer o seu conjunto. O 
que certamente poderá contribuir para o resgate da identidade histórica da região ainda 
encoberta, em grande medida invisível e desconhecida pela conhecimento acadêmico 
científico na atualidade. O que poderá ainda contribuir para o fortalecimento da 
construção da consciência histórica da população amazônica e brasileira sobre suas 
raízes históricas nacionais. 
 
 
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LORIGA, Sabrina. O pequeno X da biografia à história. Belo Horizonte: Autêntica, 
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gênese do cenário de desigualdade nacional, capítulo 1, páginas11-31. In 
MASCARENHAS, S. A DO N. (Coord.). Em busca de justiça social, cidadania, 
democracia sustentabilidade e qualidade de vida em contextos amazônicos, 
pesquisa em educação, psicologia, sociedade e ambiente. São Paulo: Edições Loyola, 
2015. 
SOUZA, Márcio. História da Amazônia, Manaus: Valer, 2009. 
 
Sobre os autores: 
Suely A do N Mascarenhas -Professora DE, UFAM, doutora em psicopedagogia, 
Universidade da Corunha, Espanha. 
 
E-mail: suelyanm@ufam.edu.br 
 
César Martins de Souza -Professor DE, UFPA, doutor em História, Universidade 
Federal Fluminense. 
E-mail: cesar@ufpa.br 
 
 
 
Recebido em: 10/1/2015. Aceito: 20/5/2015.

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