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DISPEPSIA . 
 
1- Definir dispepsia e diferenciar as formas orgânica e funcional. 
A dispepsia é uma síndrome clínica caracterizada por sintomas persistentes ou recorrentes 
relacionados ao trato gastrointestinal superior, especialmente à região epigástrica. Os sintomas 
incluem: 
 
• Dor ou desconforto epigástrico 
• Plenitude pós-prandial (sensação de estômago cheio após comer) 
• Saciedade precoce 
• Queimação epigástrica 
• Náuseas, eructações e distensão abdominal 
 
 
Dispepsia Funcional 
 
Na dispepsia funcional, os sintomas estão presentes, mas não há uma causa identificável após 
exames como a endoscopia. Não são observadas alterações estruturais visíveis. A condição pode 
estar relacionada a fatores como estresse, hipersensibilidade gástrica ou alterações na motilidade do 
estômago. 
 
• Representa cerca de 75% a 80% dos casos de dispepsia C. 
• Não há evidência de doença estrutural ou metabólica. 
• Subdividida em: 
- Síndrome de dor epigástrica 
- Síndrome de desconforto pós-prandial 
 
• Fatores psicossociais como ansiedade e depressão podem estar envolvidos A B. 
 
Dispepsia Orgânica 
Na dispepsia orgânica, há uma causa identificável por meio de exames, como lesões ou doenças 
estruturais no trato gastrointestinal. 
• Representa cerca de 20% a 25% dos casos C. 
• Causas incluem: 
- Doença ulcerosa péptica 
- DRGE 
- Neoplasias gástricas 
- Doenças sistêmicas (diabetes, doenças da tireoide) 
- Uso de medicamentos como AINEs, antibióticos e digitálicos B. 
 
Avaliação Diagnóstica 
 
A distinção entre os dois tipos exige: 
 
• História clínica detalhada 
• Exame físico 
• Exames complementares (endoscopia, testes para H. pylori, exames laboratoriais) 
 
 
 
 
A presença de sinais de alarme (como perda de peso, vômitos persistentes, anemia ou sangramento 
gastrointestinal) sugere dispepsia orgânica e exige investigação imediata C. 
 
 
 
 
2- Identificar os sintomas e causas de cada tipo de dispepsia e seus sinais de alarme. 
Dispepsia Funcional 
 
- Sintomas 
 
• Dor ou queimação epigástrica 
• Plenitude pós-prandial (sensação de estômago cheio após comer) 
• Saciedade precoce 
• Náuseas leves 
• Perda de apetite ocasional 
• Sintomas recorrentes, geralmente semanais 
 
Os sintomas não costumam piorar com o tempo e não estão associados a perda de peso ou vômitos 
persistentes B. 
 
- Causas 
 
• Alterações na motilidade gástrica 
• Hipersensibilidade visceral 
• Distúrbios da flora gástrica 
• Fatores psicossociais: ansiedade, depressão, estresse 
• Predisposição genética 
 
Dispepsia Orgânica 
 
- Sintomas 
 
• Dor epigástrica intensa 
• Queimação que piora com alimentos ou à noite 
• Vômitos frequentes 
• Perda de peso 
• Hematêmese (vômito com sangue) ou melena (fezes negras) 
• Anemia 
 
Os sintomas são mais graves e progressivos, podendo indicar doenças estruturais como úlcera 
péptica, gastrite, DRGE ou neoplasias C. 
 
Causas 
 
• Úlcera gástrica ou duodenal 
• Gastrite por H. pylori 
• Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) 
• Neoplasias gástricas 
• Uso de medicamentos (AINEs, antibióticos, corticoides) 
 
 
• Doenças sistêmicas (diabetes, doenças hepáticas) 
 
 
Sinais de Alarme (Red Flags) 
 
Esses sinais indicam risco de doença orgânica grave e exigem investigação imediata: 
 
• Perda de peso inexplicada (>5–10% do peso corporal) 
• Sangramento digestivo (hematêmese ou melena) 
• Disfagia/Odinofagia (dificuldade ou dor ao engolir) 
• Vômitos persistentes 
• Anemia ferropriva 
• Massa abdominal palpável 
• Histórico familiar de câncer gástrico 
• Início recente dos sintomas em pacientes >60 anos 
 
A presença de qualquer um desses sinais justifica a realização de exames como endoscopia 
digestiva alta A. 
 
 
3- Conhecer os fatores de risco associados à dispepsia. 
 
Fatores de Risco para Dispepsia 
 
- Fatores Psicossociais 
 
• Ansiedade, depressão e estresse crônico estão fortemente associados à dispepsia funcional. 
• Estudos mostram que pacientes com transtornos emocionais têm maior percepção de dor visceral e 
pior resposta ao tratamento. 
 
- Hábitos Alimentares 
 
• Dietas hipersódicas, ricas em gordura ou alimentos ultraprocessados podem agravar sintomas 
dispépticos. 
• Ingestão excessiva de café, álcool e alimentos condimentados também está relacionada à piora dos 
sintomas. 
 
- Uso de Medicamentos 
 
• Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) como ibuprofeno e diclofenaco aumentam o risco de 
dispepsia orgânica por irritação gástrica. 
• Ácido acetilsalicílico (AAS) e corticoides também são implicados. 
 
- Infecção por Helicobacter pylori 
 
• A presença da bactéria H. pylori é um dos principais fatores de risco para dispepsia orgânica, 
especialmente úlceras gástricas e duodenais C. 
 
- Tabagismo e Etilismo 
 
• O tabagismo compromete a barreira mucosa gástrica e favorece a colonização por H. pylori. 
• O consumo excessivo de álcool causa irritação direta da mucosa gástrica. 
 
 
- Idade e Sexo 
 
• A dispepsia é mais comum em mulheres e em pessoas com mais de 40 anos. 
• A prevalência aumenta com a idade, especialmente em idosos com múltiplas comorbidades. 
 
- Histórico Familiar 
 
• Ter parentes de primeiro grau com câncer gástrico ou úlcera péptica aumenta o risco de dispepsia 
orgânica. 
 
- Baixa Escolaridade e Condições Socioeconômicas 
 
• Estudos apontam que baixa escolaridade e acesso limitado a cuidados médicos estão associados a 
maior prevalência de dispepsia funcional. 
 
 
 
4- Entender os critérios diagnósticos e os exames complementares necessários. 
 
Critérios Diagnósticos da Dispepsia 
 
Definição segundo o Consenso de Roma IV 
 
A dispepsia é diagnosticada quando há um ou mais dos seguintes sintomas persistentes por pelo 
menos 3 meses, com início há 6 meses: 
 
• Dor ou queimação epigástrica 
• Plenitude pós-prandial 
• Saciedade precoce 
 
Esses sintomas devem ocorrer na ausência de doença orgânica identificável que explique o 
quadro clínico. 
 
Subtipos de Dispepsia Funcional 
 
• Síndrome da dor epigástrica: dor ou queimação localizada na região epigástrica, não relacionada à 
alimentação. 
• Síndrome de desconforto pós-prandial: plenitude pós-refeição e saciedade precoce. 
 
 
Exames Complementares 
 
A escolha dos exames depende da presença de sinais de alarme e da idade do paciente: 
 
Avaliação Inicial 
 
• História clínica detalhada e exame físico 
• Investigação de uso de medicamentos (AINEs, AAS, corticoides) 
• Avaliação de fatores psicossociais 
 
 
 
 
 
Exames indicados 
 
 
 
 
Em pacientes jovens ( 60 anos com início recente dos sintomas 
 
Indicações de Endoscopia Digestiva Alta 
•ou recorrente. Ela se divide 
em: 
● Dispepsia funcional: sem causa orgânica identificável após investigação adequada. 
● Dispepsia orgânica: associada a doenças como úlcera péptica, gastrite, refluxo 
gastroesofágico, neoplasias ou infecção por Helicobacter pylori. 
 
💊 Tratamento da Dispepsia Funcional 
1. Inibidores da bomba de prótons (IBPs) 
● Medicamentos: Omeprazol, Pantoprazol, Lansoprazol, Esomeprazol. 
● Dose: Omeprazol 20 mg/dia, pela manhã em jejum. 
● Tempo de uso: 4 a 8 semanas. 
● Indicação: Síndrome da dor epigástrica. 
● Contraindicações: Hipersensibilidade ao fármaco, uso prolongado pode causar 
hipomagnesemia, deficiência de vitamina B12 e risco de fraturas. 
2. Procinéticos 
● Medicamentos: Domperidona, Metoclopramida, Bromoprida. 
● Dose: 
○ Domperidona: 10 mg, 3 vezes ao dia, 30 minutos antes das refeições. 
○ Metoclopramida: 10 mg, 3 vezes ao dia. 
● Tempo de uso: 2 a 4 semanas (evitar uso prolongado). 
● Indicação: Síndrome do desconforto pós-prandial. 
● Contraindicações: Parkinson, histórico de discinesia tardia, uso com antidepressivos 
tricíclicos. 
3. Antidepressivos tricíclicos (em casos refratários) 
● Medicamento: Amitriptilina. 
● Dose: 10 a 25 mg à noite. 
● Tempo de uso: Avaliação após 4 semanas. 
● Indicação: Dispepsia funcional com componente visceral ou psicossomático. 
 
 
● Contraindicações: Arritmias, glaucoma de ângulo fechado, retenção urinária. 
4. Abordagem psicoterapêutica 
● Psicoterapia cognitivo-comportamental pode ser indicada em pacientes com sintomas 
persistentes e associação com ansiedade ou depressão. 
 
💊 Tratamento da Dispepsia Orgânica 
1. Erradicação do Helicobacter pylori 
● Esquema padrão: 
○ Omeprazol 20 mg 2x/dia 
○ Amoxicilina 1 g 2x/dia 
○ Claritromicina 500 mg 2x/dia 
● Tempo de uso: 14 dias. 
● Contraindicações: Alergia a penicilinas ou macrolídeos. 
2. Tratamento da úlcera péptica 
● IBP: Omeprazol 20–40 mg/dia por 4 a 8 semanas. 
● Anti-H. pylori: conforme esquema acima, se positivo. 
● Evitar AINEs: suspender ou substituir por alternativas seguras. 
3. Tratamento da gastrite 
● IBPs ou antagonistas H2: Ranitidina 150 mg 2x/dia ou Omeprazol 20 mg/dia. 
● Tempo de uso: 4 a 8 semanas. 
● Evitar irritantes gástricos: álcool, tabaco, alimentos condimentados. 
4. Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) 
● IBPs: Omeprazol 20–40 mg/dia. 
● Tempo de uso: 8 semanas, podendo ser estendido conforme resposta. 
● Medidas posturais e dietéticas: evitar refeições volumosas, não deitar após comer, elevar 
cabeceira da cama. 
 
Medidas Gerais e Não Farmacológicas 
● Fracionar refeições e evitar alimentos gordurosos, cafeína, álcool e tabaco. 
● Praticar atividade física regular. 
● Reduzir estresse e ansiedade. 
● Evitar uso indiscriminado de medicamentos como AINEs e antibióticos. 
 
Investigação Diagnóstica 
● Endoscopia digestiva alta: indicada em pacientes com sinais de alarme (perda de peso, 
anemia, vômitos persistentes, disfagia). 
 
 
● Teste para H. pylori: teste respiratório, sorologia ou antígeno fecal. 
Reavaliação 
• Se os sintomas persistirem após 8 semanas de tratamento, é necessário reavaliar o diagnóstico, 
repetir exames ou considerar causas menos comuns (como intolerância alimentar ou distúrbios 
funcionais complexos). 
 
 
Critério ROMA IV 
 
B. Distúrbios Gastroduodenais 
 
B1. DISPEPSIA FUNCIONAL * 
 Critérios diagnósticos 
 
1. Um ou mais dos seguintes: 
1. Plenitude pós-prandial incômoda 
2. Saciedade precoce incômoda 
3. Dor epigástrica incômoda 
4. Queimação epigástrica incômoda 
 
2. Nenhuma evidência de doença estrutural (incluindo na endoscopia digestiva alta) que possa 
explicar os sintomas 
 
- Deve preencher os critérios para B1a, PDS e/ou B1b, EPS. 
- Critérios preenchidos nos últimos 3 meses com início dos sintomas pelo menos 6 
meses antes do diagnóstico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CEFALEIAS . 
 
 
1- Compreender a definição e classificação das cefaleias (primárias e secundárias). 
 
Definição de Cefaleia 
Cefaleia é o termo médico para dor de cabeça. Trata-se de uma das queixas mais comuns em 
unidades de saúde e pode ter causas variadas, desde condições benignas até doenças graves. O 
diagnóstico é predominantemente clínico, baseado na história e exame físico. 
 
Classificação das Cefaleias 
A Classificação Internacional das Cefaleias (ICHD-3), traduzida pela Sociedade Brasileira de 
Cefaleia, divide as cefaleias em três grandes grupos: 
1. Cefaleias Primárias 
São aquelas que não têm uma causa estrutural ou metabólica identificável. A dor é a própria doença. 
● Enxaqueca (Migrânea): Dor pulsátil, unilateral, moderada a intensa, com duração de 4 a 72 
horas. Pode vir acompanhada de náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e som. Cerca de 
20% dos casos apresentam aura (sintomas visuais, disfasia, parestesias). 
● Cefaleia Tensional: Dor em pressão ou aperto, geralmente bilateral, de leve a moderada 
intensidade. 
● Cefaleias Trigêmino Autonômicas: Incluem a cefaleia em salvas, caracterizada por dor 
intensa unilateral associada a sintomas autonômicos (lacrimejamento, congestão nasal). 
2. Cefaleias Secundárias 
São causadas por outras condições clínicas. A dor é sintoma de uma doença subjacente. 
● Trauma craniano ou cervical 
● Distúrbios vasculares (ex: AVC, dissecção arterial) 
● Infecções (ex: meningite, sinusite) 
● Distúrbios psiquiátricos 
● Uso excessivo de medicamentos (cefaleia por abuso de analgésicos) 
● Distúrbios metabólicos ou tóxicos 
A presença de sinais de alerta como início súbito, dor progressiva, alterações neurológicas ou febre 
pode indicar cefaleia secundária e exige investigação imediata. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2- Identificar os principais tipos de cefaleias primárias (enxaqueca, cefaleia tensional, cefaleia 
em salvas). 
 
 
Cefaleias Primárias: Definição Geral 
As cefaleias primárias são aquelas que não têm causa estrutural ou metabólica identificável. A 
dor é a própria doença. Elas são diagnosticadas clinicamente, com base na história e exame físico, 
e representam a maioria dos casos atendidos em ambulatórios de neurologia. 
 
Enxaqueca (Migrânea) 
Características 
● Dor: Pulsátil, unilateral (mas pode ser bilateral), intensidade moderada a forte. 
● Duração: 4 a 72 horas. 
● Sintomas associados: Náuseas, vômitos, fotofobia, fonofobia. 
● Aura (em 20–30% dos casos): sintomas visuais (escotomas cintilantes), parestesias, 
disfasia. 
Diagnóstico 
● Clínico, baseado nos critérios da ICHD-3. 
● Requer pelo menos 5 crises com as características descritas. 
Tratamento 
● Agudo: AINEs, triptanos, antieméticos. 
● Profilático: Betabloqueadores, anticonvulsivantes, antidepressivos tricíclicos, anticorpos 
anti-CGRP. 
 
Cefaleia Tensional 
Características 
● Dor: Em pressão ou aperto ("capacete"), bilateral, leve a moderada. 
● Duração: 30 minutos a 7 dias. 
● Sintomas associados: Ausência de náuseas ou vômitos; pode haver fotofobia ou fonofobia 
(não ambas). 
Diagnóstico 
● Clínico. Requer pelo menos 10 episódios com as características descritas. 
Tratamento 
 
 
● Agudo: Analgésicos simples (paracetamol, dipirona). 
● Profilático: Antidepressivos tricíclicos (amitriptilina). 
● Não farmacológico: Fisioterapia, técnicas de relaxamento, psicoterapia. 
 
Cefaleia em Salvas 
Características 
● Dor: Intensa, unilateral, orbitária ou temporal. 
● Duração: 15 a 180 minutos. 
● Frequência: Até 8 vezes por dia, em períodos ("salvas") que duram semanas. 
● Sintomas autonômicos ipsilaterais: lacrimejamento, congestão nasal, ptose, miose, 
sudorese facial. 
Diagnóstico 
● Clínico. Requer pelo menos 5 crises com os critérios descritos. 
Tratamento 
● Agudo: Triptanos subcutâneos ou intranasais, oxigênio 100% por máscara facial. 
● Profilático: Verapamil (primeira escolha), lítio, corticoides em curto prazo. 
 
Quadro Comparativo 
Tipo de Cefaleia Dor Duração Sintomas 
AssociadosTratamento 
Agudo 
Enxaqueca Pulsátil 4–72h Náuseas, 
fotofobia, aura (±) 
Triptanos, AINEs 
Tensional Pressão/aperto 30min–7 dias Sem náuseas, ± 
fotofobia/fonofobi
a 
Analgésicos 
simples 
Em Salvas Intensa, orbital 15–180min Lacrimejamento, 
ptose, congestão 
Triptanos, 
oxigênio 
 
 
 
CAUSAS 
Enxaqueca (Migrânea) 
Causas e Fatores Desencadeantes 
● Genética: Forte componente hereditário. Alterações na excitabilidade cortical e no sistema 
trigeminovascular. 
 
 
● Fatores hormonais: Variações nos níveis de estrogênio (ex: menstruação, 
anticoncepcionais). 
● Alimentação: Queijos curados, chocolate, cafeína, álcool (especialmente vinho tinto). 
● Privação ou excesso de sono 
● Estresse emocional 
● Estímulos sensoriais: Luzes fortes, cheiros intensos, ruídos. 
● Jejum prolongado 
● Mudanças climáticas ou altitude 
Esses fatores não são causas únicas, mas gatilhos que ativam mecanismos neurovasculares em 
indivíduos predispostos. 
 
 
Cefaleia Tensional 
Causas e Fatores Desencadeantes 
● Tensão muscular: Contração prolongada dos músculos do couro cabeludo, pescoço e 
ombros. 
● Estresse psicológico: Ansiedade, sobrecarga emocional. 
● Postura inadequada: Uso prolongado de computador, má ergonomia. 
● Fadiga ocular 
● Privação de sono 
● Bruxismo ou disfunção temporomandibular 
A cefaleia tensional está associada à hipersensibilidade periférica e central, com menor 
envolvimento de mecanismos vasculares. 
 
Cefaleia em Salvas 
Causas e Fatores Desencadeantes 
● Disfunção do hipotálamo: Relacionada ao ritmo circadiano — explica a periodicidade das 
crises. 
● Ativação do sistema trigeminovascular 
● Alterações autonômicas: Ativação do sistema parassimpático. 
● Álcool: Principal gatilho durante o período de salvas. 
● Histamina e nitroglicerina: Podem induzir crises em pacientes predispostos. 
● Mudanças de temperatura ou altitude 
Apesar de intensa, a cefaleia em salvas não tem causa estrutural identificável, mas envolve 
circuitos neurológicos específicos.
 
 
 
 
 
 
 
 
3- Conhecer os principais sinais de alerta (red flags) que indicam a necessidade de 
investigação mais aprofundada. 
Sinais de Alerta nas Cefaleias (Red Flags) 
Os sinais de alerta são elementos clínicos que indicam a possibilidade de cefaleia secundária, ou 
seja, causada por uma condição subjacente potencialmente grave. A presença de qualquer red flag 
exige investigação complementar imediata, como neuroimagem ou exames laboratoriais. 
 
Mnemônico Clássico: SNOOPP ou SNNOOP10 
Utilizado internacionalmente para lembrar os principais red flags. A versão expandida SNNOOP10 é 
recomendada por sociedades como a International Headache Society e adaptada pela Sociedade 
Brasileira de Cefaleia. 
Letra Significado Exemplos clínicos 
S Sintomas sistêmicos Febre, perda de peso, HIV, 
câncer 
N Neurológicos Déficits focais, confusão, 
papiledema 
N Início recente Primeira crise, início abrupto 
O Idade de início 50 anos 
O Padrão diferente Mudança na frequência, 
intensidade ou tipo 
P Posicional Piora ao deitar ou levantar (ex: 
hipertensão intracraniana) 
P Pós-trauma Após queda ou acidente 
P Piora com esforço Tosse, atividade sexual, 
manobra de Valsalva 
P Papiledema Sinal de hipertensão 
intracraniana 
P Progressiva Dor que piora com o tempo 
P Presença de aura prolongada 
ou atípica 
Aura >1h, sintomas motores 
 
Exemplos de Condições Associadas 
● Hemorragia subaracnoide: cefaleia súbita e intensa (“pior dor da vida”) 
● Tumores cerebrais: dor progressiva, piora com posição, papiledema 
● Meningite/encefalite: febre, rigidez de nuca, confusão 
 
 
● Arterite temporal: dor em idosos, sensibilidade na artéria temporal, perda visual 
● Glaucoma agudo: dor ocular intensa, midríase, hiperemia 
● Dissecção arterial: dor cervical associada a déficit neurológico 
 
Condutas Recomendadas 
● Solicitar neuroimagem (TC ou RM) em qualquer paciente com red flag. 
● Exame físico completo, incluindo fundo de olho. 
● História clínica detalhada: início, padrão, fatores desencadeantes, sintomas associados. 
● Encaminhamento urgente para neurologia ou emergência, se necessário. 
 
 
4- Saber as opções de tratamento não farmacológico e farmacológico para cefaleias. 
Tratamento das Cefaleias Primárias 
1. Enxaqueca (Migrânea) 
Tratamento Não Farmacológico 
● Evitar gatilhos: jejum, estresse, privação de sono, alimentos como chocolate, queijos 
curados, vinho. 
● Higiene do sono: regularidade e qualidade. 
● Técnicas de relaxamento: meditação, biofeedback, psicoterapia. 
● Exercícios físicos regulares: aeróbicos leves. 
● Acupuntura: evidência moderada de benefício. 
Tratamento Farmacológico 
a) Crise aguda 
Medicamento Dose Contraindicações Efeitos adversos 
Paracetamol 500–1000 mg VO Hepatopatias graves Hepatotoxicidade 
Dipirona 500–1000 mg VO Alergia, 
agranulocitose 
Náuseas, hipotensão 
Ibuprofeno 400–600 mg VO Úlcera, insuficiência 
renal 
Dispepsia, 
sangramento 
 
 
Triptanos 
(Sumatriptana) 
50–100 mg VO ou 6 
mg SC 
Cardiopatia 
isquêmica, AVC 
Vasoconstrição, 
tontura 
b) Profilático 
Medicamento Dose Indicação Efeitos adversos 
Propranolol 40–160 mg/dia Crises frequentes Bradicardia, fadiga 
Amitriptilina 10–75 mg/dia Dor crônica, insônia Sonolência, ganho de 
peso 
Topiramato 25–100 mg/dia Obesidade, epilepsia Parestesias, perda de 
peso 
Flunarizina 5–10 mg/dia Migrânea sem aura Sonolência, 
depressão 
 
2. Cefaleia Tensional 
Tratamento Não Farmacológico 
● Fisioterapia e alongamentos cervicais 
● Psicoterapia cognitivo-comportamental 
● Correção postural 
● Evitar sobrecarga emocional 
● Massoterapia e técnicas de relaxamento 
Tratamento Farmacológico 
a) Crise aguda 
Medicamento Dose Contraindicações Efeitos adversos 
Paracetamol 500–1000 mg VO Hepatopatias Hepatotoxicidade 
 
 
Dipirona 500–1000 mg VO Alergia Agranulocitose 
Ibuprofeno 400–600 mg VO Úlcera, insuficiência 
renal 
Dispepsia 
b) Profilático 
Medicamento Dose Indicação Efeitos adversos 
Amitriptilina 10–75 mg/dia Dor crônica Sonolência, boca seca 
Mirtazapina 15–30 mg/dia Ansiedade associada Sedação, ganho de 
peso 
 
3. Cefaleia em Salvas 
Tratamento Não Farmacológico 
● Evitar álcool durante o período de salvas. 
● Evitar nitroglicerina e histamina. 
● Manter rotina de sono regular. 
Tratamento Farmacológico 
a) Crise aguda 
Medicamento Dose Contraindicações Efeitos adversos 
Sumatriptana SC 6 mg Cardiopatia, AVC Vasoconstrição 
Oxigênio 100% 7–10 L/min por 15 min DPOC grave Secura nasal 
b) Profilático 
 
 
Medicamento Dose Indicação Efeitos adversos 
Verapamil 240–480 mg/dia Primeira escolha Constipação, 
bradicardia 
Prednisona 60–100 mg/dia por 
5–10 dias 
Curto prazo Hiperglicemia, insônia 
Lítio 300–900 mg/dia Salvas crônicas Tremor, 
hipotireoidismo 
 
 
5- Estratégias gerais de manejo e prevenção. 
 
Objetivo da Prevenção 
A prevenção das cefaleias visa: 
● Reduzir a frequência, intensidade e duração das crises. 
● Melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade do paciente. 
● Diminuir o uso excessivo de medicamentos abortivos. 
● Evitar a cronificação da dor. 
 
Indicações para Tratamento Preventivo 
Segundo o Protocolo Nacional de Cefaleias (2018), o tratamento preventivo está indicado quando: 
● O paciente apresenta ≥2 crises de enxaqueca por mês com impacto funcional. 
● Há falha ou contraindicação ao tratamento agudo. 
● Presença de aura prolongada ou incapacitante. 
● Uso excessivo de analgésicos (>10 dias/mês). 
● Cefaleia crônica diária ou refratária. 
 
Estratégias Não Farmacológicas 
Essenciais para todos os tipos de cefaleia, especialmente como base da prevenção. 
1. Educação do paciente 
 
 
● Explicar o tipo de cefaleia, gatilhos e plano terapêutico. 
● Incentivar o uso de diário de cefaleia. 
2. Identificação e controle de gatilhos 
● Alimentação:evitar chocolate, queijos curados, cafeína, álcool. 
● Sono: manter rotina regular e evitar privação. 
● Estresse: técnicas de relaxamento, psicoterapia. 
● Ambiente: evitar luzes intensas, ruídos, odores fortes. 
3. Mudança de estilo de vida 
● Atividade física regular (aeróbica leve a moderada). 
● Evitar jejum prolongado. 
● Redução do tabagismo e álcool. 
4. Terapias complementares 
● Acupuntura (evidência moderada para enxaqueca e tensional). 
● Biofeedback e terapia cognitivo-comportamental. 
● Fisioterapia para cefaleia tensional. 
 
Estratégias Farmacológicas Preventivas 
A escolha depende do tipo de cefaleia, comorbidades e perfil do paciente. 
Enxaqueca 
Classe Medicamento Dose Indicações Efeitos 
adversos 
Contraindica
ções 
Betabloquead
ores 
Propranolol 40–160 
mg/dia 
Ansiedade, 
hipertensão 
Fadiga, 
bradicardia 
Asma, 
bradicardia 
Antidepressiv
os tricíclicos 
Amitriptilina 10–75 mg/dia Insônia, dor 
crônica 
Sonolência, 
ganho de 
peso 
Arritmias, 
glaucoma 
Anticonvulsiva
ntes 
Topiramato 25–100 
mg/dia 
Obesidade, 
epilepsia 
Parestesias, 
perda de peso 
Nefrolitíase, 
glaucoma 
Antagonistas 
de canal de 
cálcio 
Flunarizina 5–10 mg/dia Migrânea sem 
aura 
Sonolência, 
depressão 
Parkinsonism
o 
Anticorpos 
anti-CGRP 
Erenumabe, 
Fremanezuma
be 
Dose mensal 
SC 
Migrânea 
crônica 
Constipação, 
dor local 
Custo elevado 
Cefaleia Tensional 
 
 
● Amitriptilina: primeira escolha (10–75 mg/dia). 
● Mirtazapina: alternativa em pacientes com ansiedade. 
● Terapia combinada com psicoterapia e fisioterapia é altamente eficaz. 
Cefaleia em Salvas 
Medicamento Dose Indicação Efeitos adversos 
Verapamil 240–480 mg/dia Primeira escolha Constipação, 
bradicardia 
Prednisona 60–100 mg/dia por 
5–10 dias 
Curto prazo Hiperglicemia, insônia 
Lítio 300–900 mg/dia Salvas crônicas Tremor, 
hipotireoidismo 
 
 
6- Entender a importância do acompanhamento e seguimento dos pacientes com cefaleias na 
Atenção Primária à Saúde (APS). 
Por que é importante acompanhar pacientes com cefaleia na APS? 
● Alta prevalência e impacto funcional 
A cefaleia é uma das queixas mais comuns nos serviços de saúde. Pode afetar 
significativamente a produtividade, o bem-estar emocional e as relações sociais dos 
pacientes. 
● Identificação precoce de sinais de alarme 
O seguimento permite detectar mudanças no padrão da dor, como cefaleias progressivas, 
que acordam o paciente ou associadas a sintomas neurológicos, podendo indicar causas 
secundárias graves. 
● Evita cronificação e uso abusivo de medicamentos 
O acompanhamento contínuo ajuda a prevenir o uso excessivo de analgésicos, que pode 
levar à cefaleia por uso excessivo de medicação (medication-overuse headache). 
● Educação e empoderamento do paciente 
Informar sobre gatilhos, estratégias de prevenção e opções terapêuticas fortalece a relação 
médico-paciente e melhora a adesão ao tratamento. 
● Encaminhamento adequado 
A APS é o primeiro ponto de contato e pode identificar casos que necessitam de avaliação 
especializada, como neurologistas, garantindo o fluxo correto na rede de atenção. 
 
 
 
 
 ANEMIAS . 
 
 
1- Compreender a fisiopatologia das anemias e sua relação com as manifestações clínicas. 
 
 
 
 
O que é anemia? 
Anemia é definida como a redução da concentração de hemoglobina no sangue, abaixo dos valores 
de referência para idade, sexo e altitude. A hemoglobina é uma proteína encontrada no glóbulos 
vermelhos responsável pelo transporte de oxigênio, e sua deficiência compromete a oxigenação 
tecidual. 
 
Fisiopatologia das anemias 
A anemia pode surgir por três mecanismos principais: 
1. Diminuição da produção de hemácias 
● Deficiência de ferro: afeta a síntese de hemoglobina. 
● Deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico: prejudica a síntese de DNA, levando à 
anemia megaloblástica. 
● Doenças da medula óssea: como aplasia medular ou infiltração por neoplasias. 
● Doença renal crônica: reduz a produção de eritropoetina. 
2. Aumento da destruição de hemácias (hemólise) 
● Anemias hemolíticas hereditárias: como talassemias e anemia falciforme. 
● Anemias hemolíticas adquiridas: como a anemia autoimune ou por microangiopatia. 
3. Perda sanguínea 
● Aguda: trauma, cirurgia, hemorragia digestiva. 
● Crônica: sangramentos gastrointestinais, menstruação intensa. 
 
Relação com as manifestações clínicas 
As manifestações clínicas dependem da velocidade de instalação, da gravidade e do tipo de anemia: 
Sintomas gerais (comuns a todas as anemias) 
● Fadiga 
● Palidez cutâneo-mucosa 
● Tontura 
● Dispneia aos esforços 
● Taquicardia 
Sintomas específicos por tipo de anemia 
Tipo de Anemia Fisiopatologia Manifestações Clínicas 
Específicas 
Ferropriva Deficiência de ferro → ↓ 
hemoglobina 
Glossite, queilite, pica (vontade 
de comer terra, gelo) 
 
 
Megaloblástica Deficiência de B12/folato → ↓ 
síntese de DNA 
Neuropatia periférica, 
parestesias, ataxia (B12) 
Hemolítica Destruição precoce de 
hemácias 
Icterícia, esplenomegalia, urina 
escura 
Anemia por doença crônica Inflamação → ↓ ferro 
disponível e ↓ eritropoetina 
Sintomas discretos, 
geralmente associada à 
doença de base 
Aplásica Falência medular → ↓ 
produção de todas as 
linhagens 
Infecções recorrentes, 
sangramentos, palidez intensa 
 
 
 
2- Dominar a classificação das anemias (microcíticas, normocíticas, macrocíticas) e suas 
causas. 
 
 
Classificação Morfológica das Anemias 
A classificação morfológica é baseada no volume corpuscular médio (VCM) das hemácias, medido 
no hemograma: 
Anemias Microcíticas (VCM 100 fL) 
Fisiopatologia: Alterações na síntese de DNA, levando à produção de hemácias grandes e imaturas. 
Principais causas: 
● Deficiência de vitamina B12: afeta a síntese de DNA e pode causar sintomas neurológicos. 
● Deficiência de ácido fólico: comum em gestantes, alcoólatras e desnutridos. 
● Doenças hepáticas: alteração no metabolismo dos precursores eritroides. 
● Hipotireoidismo: desaceleração do metabolismo celular. 
● Uso de medicamentos: zidovudina, metotrexato, hidroxureia. 
● Síndromes mielodisplásicas: alterações clonais da medula óssea. 
 
Abordagem Diagnóstica 
A investigação deve incluir: 
● Hemograma completo (VCM, HCM, RDW) 
● Reticulócitos 
● Ferritina, ferro sérico, transferrina 
● Dosagem de B12 e folato 
● Testes de função renal e hepática 
● Mielograma (em casos suspeitos de aplasia ou mielodisplasia) 
 
Classificação das Anemias pela Morfologia Eritrocitária 
A classificação morfológica das anemias é baseada no volume corpuscular médio (VCM) das 
hemácias, medido no hemograma: 
Tipo de Anemia VCM (fL) Características Principais Causas 
Microcítica - 
Talassemias - 
Anemia 
sideroblástica - 
Intoxicação por 
chumbo - Anemia 
da doença crônica 
(em fases avançadas) 
Normocítica80–100 Hemácias de tamanho 
normal 
- Hemorragia 
aguda - Anemia 
por doença 
crônica - Doença 
renal crônica (↓ 
eritropoetina) - 
 
 
Anemia aplásica - 
Anemia hemolítica 
Macrocítica > 100 Hemácias grandes, 
geralmente 
normocrômicas 
- Deficiência de 
vitamina B12 - 
Deficiência de ácido 
fólico - Doenças 
hepáticas - 
Hipotireoidismo - 
Uso de drogas (ex: 
zidovudina, 
metotrexato) - 
Síndromes 
mielodisplásicas 
Relação com a fisiopatologia 
Cada tipo de anemia reflete um mecanismo fisiopatológico distinto: 
● Microcítica: Deficiência na síntese de hemoglobina (ferro ou globina). 
● Normocítica: Perda aguda de hemácias, destruição acelerada ou falência medular. 
● Macrocítica: Alteração na síntese de DNA, levando à produção de hemácias maiores e 
imaturas. 
 
 
3- Saber interpretar exames laboratoriais como hemograma completo e contagem de 
reticulócitos. 
 
Interpretação do Hemograma Completo 
O hemograma é dividido em três grandes componentes: 
1. Eritrograma (série vermelha) 
Avalia os glóbulos vermelhos (hemácias) e sua capacidade de transportar oxigênio. 
Parâmetro Significado Interpretação 
Hemácias (RBC) Número total de eritrócitos ↓ em anemias; ↑ em 
policitemias 
Hemoglobina (Hb) Proteína que transporta 
oxigênio 
↓ define anemia; ↑ em hipoxias 
crônicas 
Hematócrito (Ht) Percentual de sangue ocupado 
por hemácias 
↓ em anemias; ↑ em 
desidratação 
 
 
VCM (Volume Corpuscular 
Médio) 
Tamanho médio das hemácias 100 fL 
= macrocítica 
HCM (Hemoglobina 
Corpuscular Média) 
Quantidade média de Hb por 
hemácia 
↓ em hipocrômicas 
CHCM (Concentração de Hb 
Corpuscular Média) 
Concentração de Hb nas 
hemácias 
↓ em hipocrômicas 
RDW (Red Cell Distribution 
Width) 
Variação no tamanho das 
hemácias 
↑ em anemias com anisocitose 
(ex: ferropriva) 
Importante: A combinação de VCM e HCM permite classificar a anemia como microcítica 
hipocrômica, normocítica normocrômica ou macrocítica. 
 
2. Leucograma (série branca) 
Avalia os leucócitos (glóbulos brancos), responsáveis pela defesa imunológica. 
Parâmetro Significado Interpretação 
Leucócitos totais Número total de leucócitos ↑ em infecções, leucemias; ↓ 
em imunossupressão 
Neutrófilos Defesa contra bactérias ↑ em infecções bacterianas; ↓ 
em neutropenias 
Linfócitos Defesa viral e imunológica ↑ em viroses; ↓ em 
imunodeficiências 
Eosinófilos Defesa contra parasitas e 
alergias 
↑ em alergias e parasitoses 
Basófilos Reações alérgicas ↑ em doenças 
mieloproliferativas 
Monócitos Fagocitose ↑ em infecções crônicas 
 
3. Plaquetograma 
Avalia as plaquetas, responsáveis pela coagulação. 
Parâmetro Significado Interpretação 
Plaquetas Número total ↓ em púrpuras, ↑ em estados 
inflamatórios 
Volume Plaquetário Médio 
(VPM) 
Tamanho médio das plaquetas ↑ em produção aumentada; ↓ 
em destruição periférica 
 
 
 
Contagem de Reticulócitos 
Os reticulócitos são hemácias jovens que ainda contêm RNA ribossômico. Sua contagem avalia a 
atividade da medula óssea frente à anemia. 
Valores de referência: 
● Reticulócitos (%): 0,5% a 2,0% 
● Reticulócitos absolutos: 25.000 a 75.000/mm³ 
Interpretação clínica: 
Situação Reticulócitos Significado 
Anemia com ↑ reticulócitos Regenerativa Medula responde à perda ou 
destruição (ex: hemólise, 
sangramento) 
Anemia com ↓ reticulócitos Não regenerativa Falência medular ou 
deficiência de insumos (ex: 
ferro, B12, folato) 
Importante: A medula leva de 3 a 5 dias para aumentar a produção de reticulócitos após uma 
agressão. Em anemias agudas, a resposta pode demorar. 
Técnica laboratorial: 
● Utiliza corante supravital (ex: azul de cresil brilhante). 
● Permite visualizar o RNA residual. 
● Pode ser feita manualmente ou por automação. 
 
FERRO 
O que é: 
O ferro é um micronutriente essencial para o corpo humano, presente principalmente na 
hemoglobina das hemácias, na mioglobina muscular e em diversas enzimas. 
Para que serve: 
● Transporte de oxigênio: o ferro é o componente central da hemoglobina, que carrega 
oxigênio dos pulmões para os tecidos. 
● Respiração celular: participa de reações bioquímicas nas mitocôndrias. 
● Síntese de DNA e divisão celular: essencial para a replicação celular, especialmente na 
medula óssea. 
Deficiência: 
Pode causar anemia ferropriva, caracterizada por fadiga, palidez, queda de cabelo e dificuldade de 
concentração. 
 
 
 
FERRITINA 
O que é: 
A ferritina é uma proteína de armazenamento de ferro. Ela guarda o ferro dentro das células, 
especialmente no fígado, baço e medula óssea. 
Para que serve: 
● Reserva de ferro: mantém ferro disponível para quando o corpo precisar. 
● Indicador clínico: o nível de ferritina no sangue reflete as reservas de ferro do organismo. 
Interpretação laboratorial: 
● Ferritina baixa: indica deficiência de ferro. 
● Ferritina alta: pode indicar inflamação, sobrecarga de ferro (hemocromatose), ou doenças 
hepáticas. 
Importante: A ferritina é uma proteína de fase aguda, ou seja, pode estar elevada em processos 
inflamatórios mesmo com deficiência de ferro. 
 
TRANSFERRINA 
 O que é: 
A transferrina é uma glicoproteína plasmática que transporta o ferro pelo sangue até os tecidos 
que o utilizam, como a medula óssea. 
Para que serve: 
● Distribuição do ferro: leva o ferro absorvido no intestino até os locais de uso ou 
armazenamento. 
● Regulação da absorção: seu nível aumenta quando há deficiência de ferro, como tentativa 
de captar mais ferro disponível. 
Interpretação laboratorial: 
● Transferrina alta: comum em deficiência de ferro. 
● Transferrina baixa: pode ocorrer em doenças crônicas, hepáticas ou desnutrição. 
Outro exame relacionado é a saturação de transferrina, que mostra o percentual de transferrina 
ocupada por ferro. Valores baixos indicam deficiência de ferro; valores altos sugerem sobrecarga. 
 
Relação entre os três 
 
 
Componente Função principal Situação na deficiência de 
ferro 
Ferro Transporte de oxigênio ↓ ferro sérico 
Ferritina Armazenamento ↓ ferritina 
Transferrina Transporte ↑ transferrina; ↓ saturação 
 
 
Se a hemoglobina estiver normal e a ferritina estiver baixa, isso indica uma deficiência de ferro 
sem anemia instalada — também chamada de depleção de estoques de ferro ou fase inicial da 
deficiência de ferro. 
 
Se a transferrina estiver muito baixa, isso geralmente indica uma redução na capacidade de 
transporte de ferro pelo sangue, e pode estar associada a condições clínicas específicas. 
O que é a transferrina? 
A transferrina é uma glicoproteína plasmática produzida pelo fígado, responsável por transportar 
o ferro absorvido no intestino até os tecidos que o utilizam, como a medula óssea. 
 
Transferrina baixa: o que significa? 
Causas principais: 
Condição clínica Mecanismo 
Doença hepática crônica ↓ síntese hepática de proteínas, incluindo 
transferrina 
Desnutrição proteica ↓ substrato para produção de transferrina 
Síndrome nefrótica Perda urinária de proteínas, incluindo 
transferrina 
Inflamação crônica Transferrina é uma proteína negativa de fase 
aguda (↓ em processos inflamatórios) 
Hemocromatose ↓ transferrina como resposta à sobrecarga de 
ferro 
Importante: Ao contrário da ferritina (que aumenta na inflamação), a transferrina diminui em estados 
inflamatórios e hepáticos. 
 
Interpretação laboratorial 
● Transferrina baixa + ferritina alta: comum em anemia da doença crônica. 
 
 
● Transferrina baixa + ferro alto: pode indicar hemocromatose ou intoxicação por ferro. 
● Transferrina baixa + ferro baixo: pode ocorrer em doença hepática avançada ou 
síndrome nefrótica. 
Saturação de transferrina: 
● Valores normais: 20–50% 
● Saturação baixa: deficiência de ferro 
● Saturação alta: sobrecarga de ferro 
 
 
 
4- Saber conduzir o diagnóstico e tratamento das anemias mais prevalentes. 
Diagnóstico das anemias mais prevalentes 
A avaliação começa com o hemograma completo, seguido de exames complementaresconforme o 
tipo suspeito de anemia: 
1. Anemia ferropriva (microcítica hipocrômica) 
● Hemograma: ↓ hemoglobina, ↓ VCM, ↓ HCM 
● Ferritina: ↓ (principal marcador de reserva de ferro) 
● Transferrina: ↑ com ↓ saturação 
● Causas comuns: perdas crônicas (menstruação, sangramento GI), dieta pobre em ferro, má 
absorção 
2. Anemia por doença crônica (normocítica normocrômica) 
● Hemograma: ↓ hemoglobina, VCM normal 
● Ferritina: normal ou ↑ (proteína de fase aguda) 
● Transferrina: ↓ 
● Causas: doenças inflamatórias, infecciosas ou neoplásicas 
3. Anemia megaloblástica (macrocítica) 
● Hemograma: ↑ VCM, ↓ hemoglobina 
● Dosagem de vitamina B12 e ácido fólico: ↓ 
● Causas: deficiência nutricional, alcoolismo, uso de medicamentos (metotrexato, zidovudina) 
4. Anemias hemolíticas 
● Hemograma: anemia normocítica, ↑ reticulócitos 
● Bilirrubina indireta: ↑ 
● LDH: ↑ 
● Haptoglobina: ↓ 
● Causas: autoimune, hereditária (falciforme, talassemia), microangiopática 
 
Tratamento das anemias mais prevalentes 
 
 
Anemia ferropriva 
● Reposição de ferro oral: sulfato ferroso, fumarato ou glicinato (120 a 180mg) 
● Duração: 3–6 meses após normalização da hemoglobina 
● Correção da causa: tratar sangramentos, melhorar dieta, investigar má absorção 
Anemia por doença crônica 
● Tratar a doença de base 
● Eritropoetina: em casos selecionados (ex: doença renal crônica) 
● Evitar ferro se ferritina estiver normal ou elevada 
Anemia megaloblástica 
● Vitamina B12: via oral ou intramuscular (dependendo da causa) 
● Ácido fólico: suplementação oral 
● Investigar causas de má absorção: anemia perniciosa, doença celíaca 
Anemias hemolíticas 
● Corticóides: em casos autoimunes 
● Imunossupressores ou esplenectomia: em casos refratários 
● Transfusões: se necessário 
● Tratamento específico: para causas hereditárias (ex: hidroxiureia na falciforme) 
 
 
5- Estudar a Anemia Falciforme. 
 
O que é a Anemia Falciforme? 
 
A anemia falciforme é uma doença genética hereditária causada por uma mutação no gene da 
β-globina, que leva à produção da hemoglobina S (HbS). Quando desoxigenada, a HbS forma 
polímeros que deformam os glóbulos vermelhos em forma de foice, tornando-os rígidos e propensos 
à hemólise e obstrução vascular. 
 
Epidemiologia 
 
• Originária da África, disseminou-se pelas Américas com a diáspora africana. 
• No Brasil, é mais prevalente nas regiões com maior população afrodescendente, como o Nordeste. 
• Estima-se que existam mais de 2 milhões de portadores do traço falciforme (HbAS) e cerca de 8 mil 
pessoas com a forma homozigótica (HbSS) B. 
• A triagem neonatal é obrigatória no Brasil desde 2001, permitindo diagnóstico precoce. 
 
 
Diagnóstico 
 
• Triagem neonatal: realizada por eletroforese de hemoglobina ou HPLC (cromatografia líquida de 
alta performance). 
• Perfis hemoglobínicos ao nascimento: Hb FS (anemia falciforme), Hb FSC, Hb FSA, Hb 
FSD-Punjab. 
• Após 6 meses, repete-se o exame para confirmar o diagnóstico. 
• Exames complementares: hemograma, dosagem de HbF, HbA2, estudo familiar. 
 
 
 
 
Apresentação Clínica 
 
• Anemia hemolítica crônica: fadiga, icterícia, palidez. 
• Crises vaso-oclusivas: dor intensa, principalmente em ossos longos, tórax e abdômen. 
• Infecções recorrentes: devido à asplenia funcional precoce. 
• Complicações sistêmicas: AVC, priapismo, necrose de cabeça femoral, úlceras de perna, 
retinopatia. 
 
 
Crises Álgicas Vaso-Oclusivas 
 
• Episódios de dor aguda causados por obstrução de pequenos vasos por hemácias falcizadas. 
• Fatores desencadeantes: infecções, desidratação, frio, estresse. 
• Tratamento: hidratação, analgesia (inclusive opioides), oxigenoterapia, repouso. 
 
 
Síndrome Torácica Aguda 
 
• Complicação grave e potencialmente fatal. 
• Caracteriza-se por dor torácica, febre, tosse, hipoxemia e infiltrado pulmonar novo. 
• Causas: infecção, embolia gordurosa, infarto pulmonar. 
• Tratamento: antibióticos, oxigênio, transfusão sanguínea, suporte ventilatório se necessário. 
 
 
Tratamento 
 
1. Hidroxiureia (HU) 
 
• Primeira linha para pacientes com HbSS e Sβ⁰-talassemia. 
• Reduz crises vaso-oclusivas, síndrome torácica aguda, necessidade de transfusões e 
hospitalizações A. 
• Aumenta HbF, reduz hemólise e inflamação. 
• Monitoramento regular é essencial. 
 
 
2. Transfusões de sangue 
 
• Indicadas em casos de AVC, síndrome torácica aguda, anemia grave. 
• Pode ser crônica em prevenção secundária de AVC. 
 
 
3. Transplante de medula óssea 
 
• Único tratamento curativo. 
• Indicado em casos graves com doador compatível. 
 
 
4. Cuidados gerais 
 
• Vacinação (pneumocócica, meningocócica, influenza). 
 
 
• Penicilina profilática até os 5 anos. 
• Acompanhamento multidisciplinar. 
 
6- Explanar as complicações das anemias. 
 
 
Complicações das Principais Formas de Anemia 
1. Anemia Ferropriva 
Causada pela deficiência de ferro, é a forma mais comum. 
● Complicações: 
○ Déficit cognitivo e atraso no desenvolvimento em crianças 
○ Fadiga crônica e redução da capacidade de trabalho 
○ Alterações imunológicas (maior suscetibilidade a infecções) 
○ Síndrome das pernas inquietas 
○ Em gestantes: risco aumentado de parto prematuro e baixo peso fetal 
2. Anemia Megaloblástica (deficiência de B12 ou folato) 
Resulta de alterações na síntese de DNA. 
● Complicações: 
○ Neuropatia periférica (formigamento, perda de sensibilidade) 
○ Demência ou alterações cognitivas 
○ Glossite e diarreia 
○ Em casos graves: degeneração combinada subaguda da medula espinhal 
3. Anemia Hemolítica 
Caracterizada pela destruição precoce dos glóbulos vermelhos. 
● Complicações: 
○ Icterícia e cálculos biliares (por excesso de bilirrubina) 
○ Esplenomegalia (aumento do baço) 
○ Crises hemolíticas agudas (febre, dor abdominal, insuficiência renal) 
○ Em casos autoimunes: risco de trombose 
4. Anemia Falciforme 
Doença genética que altera a forma dos glóbulos vermelhos. 
● Complicações: 
○ Crises vaso-oclusivas (dor intensa) 
○ AVC isquêmico, especialmente em crianças 
○ Priapismo, úlceras de perna 
○ Síndrome torácica aguda (comprometimento pulmonar grave) 
○ Insuficiência renal crônica 
5. Talassemias 
 
 
Doenças genéticas que afetam a produção de hemoglobina. 
● Complicações: 
○ Sobrecarga de ferro (por transfusões frequentes) 
○ Deformidades ósseas (especialmente faciais) 
○ Hepatomegalia e cirrose 
○ Hipotireoidismo e diabetes secundários à hemossiderose 
6. Anemia Aplástica 
Falência da medula óssea na produção de células sanguíneas. 
● Complicações: 
○ Infecções graves (por neutropenia) 
○ Hemorragias (por plaquetopenia) 
○ Anemia profunda com risco de insuficiência cardíaca 
○ Evolução para síndromes mielodisplásicas ou leucemia 
 
 
 
	Outros exames complementares 
	Contraindicações: 
	Dispepsia: Definição e Classificação 
	💊 Tratamento da Dispepsia Funcional 
	1. Inibidores da bomba de prótons (IBPs) 
	2. Procinéticos 
	3. Antidepressivos tricíclicos (em casos refratários) 
	4. Abordagem psicoterapêutica 
	💊 Tratamento da Dispepsia Orgânica 
	1. Erradicação do Helicobacter pylori 
	2. Tratamento da úlcera péptica 
	3. Tratamento da gastrite 
	4. Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) 
	Medidas Gerais e Não Farmacológicas 
	Investigação Diagnóstica 
	Definição de Cefaleia 
	Classificação das Cefaleias 
	1. Cefaleias Primárias 
	2. Cefaleias Secundárias 
	Cefaleias Primárias: Definição Geral 
	Enxaqueca (Migrânea) 
	Características 
	Diagnóstico 
	Tratamento 
	Cefaleia Tensional 
	Características 
	Diagnóstico 
	Tratamento 
	Cefaleia em Salvas 
	Características 
	Diagnóstico 
	Tratamento 
	Quadro Comparativo 
	Enxaqueca (Migrânea) 
	Causas e Fatores Desencadeantes 
	Causas e Fatores Desencadeantes 
	Cefaleia em Salvas 
	Causas e Fatores Desencadeantes 
	Sinais de Alerta nas Cefaleias (Red Flags) 
	Mnemônico Clássico: SNOOPP ou SNNOOP10 
	Exemplos de Condições Associadas 
	Condutas Recomendadas 
	Tratamento das Cefaleias Primárias 
	1. Enxaqueca (Migrânea) 
	Tratamento Não Farmacológico 
	TratamentoFarmacológico 
	2. Cefaleia Tensional 
	Tratamento Não Farmacológico 
	Tratamento Farmacológico 
	3. Cefaleia em Salvas 
	Tratamento Não Farmacológico 
	Tratamento Farmacológico 
	Objetivo da Prevenção 
	Indicações para Tratamento Preventivo 
	Estratégias Não Farmacológicas 
	1. Educação do paciente 
	2. Identificação e controle de gatilhos 
	3. Mudança de estilo de vida 
	4. Terapias complementares 
	Estratégias Farmacológicas Preventivas 
	Enxaqueca 
	Cefaleia Tensional 
	Cefaleia em Salvas 
	6- Entender a importância do acompanhamento e seguimento dos pacientes com cefaleias na Atenção Primária à Saúde (APS). 
	Por que é importante acompanhar pacientes com cefaleia na APS? 
	O que é anemia? 
	Fisiopatologia das anemias 
	1. Diminuição da produção de hemácias 
	2. Aumento da destruição de hemácias (hemólise) 
	3. Perda sanguínea 
	Relação com as manifestações clínicas 
	Sintomas gerais (comuns a todas as anemias) 
	Sintomas específicos por tipo de anemia 
	Classificação Morfológica das Anemias 
	Anemias Microcíticas (VCM 100 fL) 
	Abordagem Diagnóstica 
	Classificação das Anemias pela Morfologia Eritrocitária 
	Relação com a fisiopatologia 
	Interpretação do Hemograma Completo 
	1. Eritrograma (série vermelha) 
	2. Leucograma (série branca) 
	3. Plaquetograma 
	Contagem de Reticulócitos 
	Interpretação clínica: 
	Técnica laboratorial: 
	FERRO 
	O que é: 
	Para que serve: 
	Deficiência: 
	FERRITINA 
	O que é: 
	Para que serve: 
	Interpretação laboratorial: 
	TRANSFERRINA 
	 O que é: 
	Para que serve: 
	Interpretação laboratorial: 
	Relação entre os três 
	O que é a transferrina? 
	Transferrina baixa: o que significa? 
	Causas principais: 
	Interpretação laboratorial 
	Saturação de transferrina: 
	Diagnóstico das anemias mais prevalentes 
	1. Anemia ferropriva (microcítica hipocrômica) 
	2. Anemia por doença crônica (normocítica normocrômica) 
	3. Anemia megaloblástica (macrocítica) 
	4. Anemias hemolíticas 
	Tratamento das anemias mais prevalentes 
	Anemia ferropriva 
	Anemia por doença crônica 
	Anemia megaloblástica 
	Anemias hemolíticas 
	Complicações das Principais Formas de Anemia 
	1. Anemia Ferropriva 
	2. Anemia Megaloblástica (deficiência de B12 ou folato) 
	3. Anemia Hemolítica 
	4. Anemia Falciforme 
	5. Talassemias 
	6. Anemia Aplástica

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