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99
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Unidade II
5 MICOLOGIA CLÍNICA 
5.1 Importância clinica dos fungos e aspectos fisiopatológicos gerais
Fungos são microrganismos de distribuição mundial com uma diversidade de aproximadamente 
700 mil espécies na natureza, entre elas, cerca de 200 mil podem causar doenças, com tendência 
de aumento. 
As infecções causadas por fungos vão desde quadros simples de menor repercussão clínica, como as 
micoses superficiais, relativamente fáceis de curar, até a quadros mais graves, denominados de micoses 
sistêmicas e invasivas, as quais podem ameaçar a vida, principalmente quando associadas às condições 
de vida das populações atingidas, as quais afetam sobretudo o diagnóstico precoce, comprometendo 
um processo de terapia oportuna e eficaz. Outro fator que também merece o devido destaque é o 
aumento da resistência dos fungos, de diferentes espécies, aos antifúngicos disponíveis, o que dificulta 
ainda mais o tratamento.
Embora existam vários estudos sobre a frequência, incidência e prevalência de infecções fúngicas 
em alguns países, a maioria delas está geograficamente localizada, isso impede que a dimensão global 
do impacto na saúde humana seja totalmente conhecido. A incidência de micoses é maior nos trópicos 
e subtrópicos, em que, provavelmente, fatores como temperatura e umidade facilitam o crescimento e 
a transmissão dos agentes etiológicos. Outra consideração epidemiologicamente importante é que tais 
infecções afetam pessoas de qualquer condição social, idade e sexo; no entanto, pacientes com alterações 
no sistema imunológico, idade avançada, em tratamentos com corticosteroides, quimioterapia para 
câncer, diabetes e infecção por HIV/aids representam as principais condições de risco para agravamento 
nos casos de infecção.
As micoses superficiais são, talvez, as mais estudadas e para as quais a maioria dos dados está 
disponível a nível mundial. Por sua vez, as infecções fúngicas invasivas e disseminadas têm uma incidência 
muito menor do que as micoses superficiais; apesar de apresentar taxas de mortalidade muito mais 
elevadas, chegando, em alguns casos, a mais de 50% dos casos, independentemente da disponibilidade 
de diversos agentes antifúngicos no mercado. Estima-se que cerca de um milhão de pessoas morrem 
anualmente devido a infecções fúngicas invasivas, excedendo os números de mortalidade devido à 
tuberculose ou à malária em alguns paises.
A frequência de infecções por fungos filamentosos vem aumentando muito durante a última 
década, devido, sobretudo, a um aumento do número de pacientes com fatores de risco associado. Entre 
essas infecções, destaca-se a aspergilose e a fusariose com altas taxas de morbidade e mortalidade, 
principalmente em pacientes neutropênicos ou transplantados (de órgãos sólidos ou medula óssea).
100
Unidade II
Os fungos dos gêneros Candida, Aspergillus e Cryptococcus continuam sendo os principais agentes 
etiológicos de micoses invasivas e disseminadas. No entanto, espécies de outros gêneros vêm ganhando 
importância dentro da micologia médica, devido à incidência e mortalidade que causam ou a resistência 
que apresentam a um, ou mais antifúngicos.
No quadro a seguir, são apresentados os principais fungos causadores de micose, sua classificação 
quanto à morfologia, o mecanismo de infecção, o(s) órgão(s) alvo(s), estruturas que auxiliam no 
diagnóstico e o tempo que pode levar para o isolamento do fungo em cultura.
Quadro 10 – Principais agentes fúngicos patógenos a seres humanos
Fungo Fonte de infecção
Estrutura de 
infecção
Via de 
transmissão
Sítio de 
infecção
Tempo 
estimado de 
cultura (dias)
Aspergillus spp. Ambiente Conídios Inalação Pulmões, olhos, unhas e ouvido 1-6
Candida spp. Microbiota endógena Blastoconídeos
Invasão direta/
disseminação
Mucosa intestinal, vaginal, 
oral, unhas e sangue 1-2
Cryptococcus 
neoformans
Fezes de pombos 
(aves) Leveduras Inalação Meninges, pulmões, pele 3-4
Histoplasma 
capsulatum
Fezes de morcegos 
e aves Microconídeos Inalação
Pulmões, medula óssea, 
sangue, pele 10-30
Paracoccidioides 
brasiliensis Solo
Conídios e 
fragmentos de hifas Inalação Pulmões, pele, mucosas 10-45
Fungos 
dermatófitos 
Antropofílico, 
zoofílico, geofílico
Conídios e 
fragmentos de hifas Contato direto Pele, cabelo, unha 3-12
Fusarium spp. Solo e plantas Conídios e fragmentos de hifas Inalação
Pulmões, olhos, unhas e 
sangue 2-6
Malassezia spp. Microbiota endógena
Blastoconídeos e 
hifas
Direta a partir 
da microbiota
Pele, couro cabeludo, 
ouvido 3-14
As infecções fúngicas podem ser provocadas, veiculadas ou manifestar-se de formas distintas, entre 
as mais comuns, destacamos os quadros clínicos provocados pela ingestão de alimentos contaminados 
por fungos ou micotoxinas; ingestão acidental de fungos venenosos; reações alérgicas e micoses. 
A seguir, de modo geral, alguns desses quadros de infecção e doença. 
Quadros provocados por alimentos contaminados por fungos e ou micotoxinas
É sabido que a maior parte dos fungos toxicogênicos surge nas forragens e nos cereais estocados em 
silos, celeiros e depósitos. A frequência de infecção entre animais é substancialmente maior do que a revelada 
em humanos. O primeiro grande estudo sobre o assunto ocorreu em 1961, quando muitas aves, em especial 
perus e gansos de criação, foram encontradas mortas ou tiveram de ser abatidas por apresentarem sinais 
e sintomas típicos de toxicoinfecção. A partir dessa observação, numerosos pesquisadores demonstraram 
através de diferentes estudos que esses animais haviam sido alimentados com rações contaminadas pelo 
fungo Aspergillus flavus. Os eventos ocorreram em diversas partes do mundo em função da exportação 
das rações para diferentes portos. Logo em seguida, descobriu-se que o fungo em questão era produtor de 
uma toxina, batizada com o nome de aflatoxina, e que se mostrou em ensaios com cobaias de laboratório 
(patos jovens) capaz de produzir hiperplasia dos canais biliares e hepatoma. 
101
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
O gado bovino também se mostrou suscetível à ação da aflatoxina. Vacas alimentadas com alimentos 
contaminados revelaram substâncias tóxicas no leite, cujos efeitos, no homem, não foram ainda 
bem estudados. Alimentos contaminados por diversos aspergilos produziram variadas manifestações 
patológicas, a saber: transtornos hepáticos e renais nos bezerros, hiperqueratose no gado adulto, 
síndrome hapato-hemorrágica em porcos, bovinos, perus e outros animais. 
A Stachybotryotoxicosis, produzida pelo fungo Stachybotrys alternans, também é descrita associada 
à ingestão de grãos mofados por cavalos que ingeriram o alimento contaminado. Foi demonstrada a 
presença de irritação da mucosa oral, nasal ou laríngea, descamação epitelial, adenopatia submaxilar. 
Em alguns casos, notou-se o agravamento do quadro, com febre de 40 a 41 ºC, leucopenia progressiva 
e morte dentro de 1 a 5 dias, após grave agranulocitose. No homem, podem ocorrer eritema axilar, 
faringite, leucopenia leve (2.000 mm3). A toxina é absorvida pelo tegumento cutâneo ou inalada por 
manipulação do alimento.
O ergotismo também é uma manifestação clínica bastante conhecida e provocada pela ingestão 
de micotoxinas, nesse caso, associada ao fungo Claviceps purpurea, o qual invade o grão de centeio, 
aumenta seu volume, transformando-o no que os franceses chamam Ergot (esporão do centeio). 
O pão feito com esses grãos contaminados, misturados aos sadios, provocam desde simples transtornos 
circulatórios até a gangrena das extremidades.
Quadros provocados por ingestão acidental de fungos venenosos
A ingestão acidental, como o próprio nome sugere, resulta de um equívoco cometido pela vítima 
ao ingerir fungos supostamente comestíveis. De uma maneira geral, os fungos venenosos são muito 
semelhantes em termos de forma, cor e textura aos comestíveis. Somente profissionais e pessoas 
acostumadas com o trato de ambos são capazes de diferenciá-los. As substâncias tóxicas neles contidas 
atuampor suas propriedades hemolíticas, gastrotóxicas, hepatotóxicas, nefrotóxicas, neurotóxicas e 
psicotrópicas, sendo que alguns fungos podem apresentar uma superposição dessas propriedades, o 
que torna os quadros de infecção potencialmente mais graves. Denomina-se, portanto, de micetismos 
os quadros clínicos derivados da ingestão acidental por fungos venenosos e suas repercussões. Dessa 
forma, os micetismos são classificados em, a saber:
• Micetismo gastrintestinal: caracterizado por quadro clínico que envolve a presença de náuseas, 
vômitos, diarreia, cujos sintomas tendem a ser autolimitados, desaparecendo, em geral, em torno 
de 48 horas após a ingestão. Essa forma de micetismo normalmente está associada a fungos dos 
gêneros Russula sp., Boletus sp., Lactarius sp., Lepiota sp., Enteloma sp.
• Micetismo nervoso: caracterizado por uma ação depressiva sobre o coração, salivação profusa, 
lacrimejamento, cólicas abdominais, vômitos, diarreia, excitação nervosa, delírio e coma. Os sinais 
e sintomas normalmente aparecem, em média, após uma hora da ingestão de diversos fungos: 
Amanita muscaria, A. pantherina, Inocybe infelix, I. infida, Clitocybe illudens. A muscarina, substância 
presente nesses casos, estimula de forma vigorosa as terminações nervosas, mas, felizmente, seus 
efeitos podem ser suprimidos pelo emprego de atropina, razão pela qual o tratamento desses casos 
consiste, em primeira instância, de lavagem gástrica e emprego subsequente desse alcaloide. Em 
pequenas doses, a muscarina tem ação semelhante à da Cannabis indica (haxixe).
102
Unidade II
• Micetismo cerebral: provoca efeitos semelhante com os da psicose mimética, em que os indivíduos 
se identificam com os objetos do meio ambiente ou, então, com objetos psicodélicos, e acabam 
por despertar o potencial imaginativo latente no indivíduo. Podem, assim, ser encontrados em 
inúmeros ritos religiosos de diferentes culturas, sobretudo indígenas. Os sintomas são provocados 
pela ingestão dos alucinógenos, que são, por sua vez, encontrados em diversos fungos “comestíveis”, 
tais como Psilocybe mexicana (Psilocibina), Psilocybe cubensis (Psilocina), dos gêneros Paneolus 
e Conocybe. O fungo Claviceps purpurea é produtor de inúmeras substâncias com propriedades 
alucinógenas, entre a mais conhecida, destaca-se o LSD 25. Outra substância importante desse 
grupo é a mescalina, extraída de um cacto mexicano Lophophora williamsii. Todos esses produtos 
também são chamados psicomiméticos.
• Micetismo sanguíneo: vários fungos podem ser associados aos quadros denominados de 
micetismo sanguíneo, principalmente pela capacidade de muitos produzirem hemolisinas, enzimas 
importantes na fisiopatogenia da infecção, mas que felizmente podem ser destruídas pelo calor e 
pela digestão. No entanto, como toda regra, existe sempre uma exceção. Nesse caso, tratamos da 
hemolisina produzida pela Gyromitra esculenta, a qual apresenta-se como uma enzima resistente 
ao calor e em função de sua ação capaz de produzir hemoglobinúria transitória, desconforto 
abdominal, icterícia. Em linha geral, o prognóstico é bastante favorável, mas podem ocorrer óbitos. 
Reações alérgicas
Trata-se, em geral, de manifestações do aparelho respiratório, como rinites ou asma brônquica 
produzidas por fungos, especialmente quando as pessoas sensíveis vivem em ambiente quente e úmido, 
que favorece sobretudo a formação de bolor. Aspergillus sp., Alternaria sp., Penicillium sp., Cladosporium sp. 
(Hormodendrum), Curvularia sp. e outros são geralmente a causa.
Micoses
Os fungos causadores de micoses a seres humanos e animais são classificados como antropofílicos 
(quando causam doença ou o homem é seu hospedeiro), zoofílicos (quando causam doença ou os 
animais são seu hospedeiro), geofílicos (quando o solo é seu hospedeiro e pode ser veiculado através de 
sua manipulação). No entanto, alguns fungos podem simultaneamente ser encontrados em humanos e 
animais e, ao mesmo tempo, terem seu hábitat no solo. Portanto, essas características podem se somar 
a depender de cada agente. 
As micoses humanas e animais são classificadas de acordo com o local onde ocorrem, ou seja, sítio 
de infecção, a extensão da lesão e a frequência com que possam levar a situações de agravamento.
As micoses são classificadas em superficiais, cutâneas, subcutâneas, sistêmicas e oportunistas (micoses 
produzidas por fungos habitualmente saprófitos, que se tornam parasitas quando se defrontam com 
hospedeiros imunocomprometidos, portadores de doenças graves, crônicas, ou submetidos a medicação 
intensiva por antibióticos, corticosteroides, entre outras).
103
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
As micoses recebem a mesma denominação quando são comuns ao homem e a animais, como a 
esporotricose, a histoplasmose e as tinhas. Já as micoses vegetais apresentam denominações muito 
peculiares, são elas: os carvões, as ferrugens, entre outras. 
 Saiba mais
Além de os fungos serem importantes como agentes causadores de doença, 
sabe-se de sua importância peculiar na biotecnologia. A biotecnologia 
consiste no uso de sistemas celulares para o desenvolvimento de processos 
e produtos de interesse econômico ou social. Entre os sistemas celulares, 
os fungos são de grande interesse biotecnológico. Talvez sejam eles, entre 
os seres vivos, os que mais têm contribuído com produtos e processos de 
importância fundamental para o bem-estar da população. Para saber mais 
sobre a importância dos fungos aplicada à biotecnologia, leia:
SILVA, C.; MALTA, D. A importância dos fungos na biotecnologia. Caderno 
De Graduação - Ciências Biológicas e da Saúde, Pernambuco, v. 2, n. 3, 
p. 49, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3dyBYsz. Acesso em: 1º jul. 2021.
5.2 Características gerais das micoses 
5.2.1 Micoses superficiais e cutâneas 
São denominadas de micoses superficiais aquelas que afetam a pele e os anexos (cabelos e unhas) 
e as mucosas. São as mais frequentes e causadas principalmente por fungos do gênero Malassezia e do 
grupo dos dermatófitos. 
Entre os agentes mais comumente associados a micoses superficiais, destaca-se a Malassezia furfur, 
uma levedura lipofílica, a qual faz parte da microbiota normal da pele, especialmente das áreas mais 
ricas em ácidos graxos, como o couro cabeludo. Sob determinadas condições, esse fungo provoca um 
quadro de infecção leve e, em alguns casos, crônica, do estrato córneo, caracterizada por máculas 
despigmentadas em tórax, abdome e braços. A descamação das áreas atingidas é evento comum e a 
infecção cursa de forma bastante benigna.
Uma outra infecção fúngica tida como superficial é aquela promovida pela infecção pelo Hortaea 
werneckii e/ou Phaeoannellomyces werneckii, um fungo demáceo, associado a uma micose crônica mais 
frequente em mulheres. É uma infecção fúngica de característica estética, ou seja, não compromete a 
vida do paciente. É superficial e benigna, não contagiosa e apresenta-se como uma mancha de coloração 
acastanhada ou marrom escura, arredondada, não descamativa, com bordas delimitadas, podendo 
apresentar discreta elevação. Não há resposta inflamatória associada e o paciente, portanto, não refere 
dor, edema ou outro sinal típico desse processo.
104
Unidade II
As onicomicoses, conhecidas como micoses de unhas, são as mais comuns entre as micoses cutâneas 
e, embora ocorram em qualquer região do mundo, afetando aproximadamente 25% da população, a 
maioria dos casos é registrada em regiões tropicais.
Entre os dermatófitos causadores de micoses cutâneas, destacam-se Trichophyton rubrum e 
Trichophyton interdigitale (anteriormente conhecido como Trichophyton mentagrophytes), leveduras 
do gênero Candida e alguns fungos filamentosos não dermatófitos, principalmente envolvidos em 
casos de onicomicose, como Fusarium spp., Neoscytalidium (anteriormente denominado Scytalidium) 
dimidiatum, Aspergillus spp., Penicillium spp., Scopulariopsis spp. e Acremonium spp., estes últimos 
costumam ser resistentes aos tratamentos com antifúngicos sistêmicose responsáveis, portanto, por 
grande número de falhas terapêuticas.
Também se destacam como agentes causadores de micoses cutâneas e causadores de dermatomicoses 
os fungos do gênero Microsporum spp. com duas principais espécies, sendo elas M. canis e M. gypseum. 
O Microsporum canis é reconhecidamente um dermatófito zoofílico transmitido ao homem por 
animais domésticos, associado clinicamente a epidermofitíases e, em algumas situações, a onicomicoses 
(micose de unha), além de infecções do couro cabeludo, caracterizadas por placas de alopecia. As lesões 
típicas da infecção por M. gypseum ocorrem preferencialmente em partes descobertas do corpo e 
raramente parasitam o cabelo.
O T. rubrum é um fungo antropofílico, cosmopolita e um dos agentes mais comuns causadores de 
dermatofitoses no Brasil e no mundo. Tem predileção por infectar pelos, unhas e a pele. O Trichophyton 
interdigitale é considerado por muitos autores como a segunda ou terceira causa de dermatofitose, 
sendo classificado como um agente zoofílico e antropofílico, causador de epidermofitíases, onicomicoses, 
lesões de couro cabeludo e lesões interdigitoplantares.
Outro fungo causador de micoses cutâneas, responsável por um grande número de infecções, é 
o E. floccosum, configurando-se como um agente exclusivo de infecções cutâneas denominadas de 
pele glabra. É reconhecidamente um dermatófito antropofílico, e inúmeros autores o apontam como a 
quarta ou quinta causa de epidermofitíases de grandes pregas no mundo.
 Saiba mais
As infecções fúngicas superficiais dos cabelos, pele e unhas representam 
uma causa importante de morbidade no mundo. O tratamento nem sempre 
é simples, havendo dificuldade na escolha dos esquemas terapêuticos. Leia:
DIAS, M. et al. Atualização terapêutica das micoses superficiais artigo 
de revisão – parte I. An. bras. dermatol., v. 88, n. 5, out. 2013. Disponível em: 
https://bit.ly/3hrFara. Acesso em: 1º jul. 2021.
105
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
5.2.2 Micoses subcutâneas
As micoses subcutâneas envolvem principalmente a pele e o tecido subcutâneo. A infecção pode 
se tornar ainda mais grave, sobretudo em situações de imunossupressão que acabam por envolver a 
disseminação do fungo. 
A maior incidência de infecções subcutâneas ocorre em regiões tropicais, destacando-se entre elas 
a esporotricose (causada por espécies do complexo Sporothrix schenckii), cromoblastomicose (causada 
por vários agentes demáceos, como Fonsecaea pedrosoi, Phialophora verrucosa e Cladophialophora 
carrionii), eumicetomas (causados por uma variedade de fungos filamentosos, sendo Madurella 
mycetomatis, Madurella grisea, Pseudallescheria boydii e Leptosphaeria senegalensis responsáveis por 
aproximadamente 90% dos casos) e lobomicose (causada por Lacazia loboi) são as micoses subcutâneas 
mais importantes.
 Saiba mais
A esporotricose é um problema de saúde pública, uma vez que afeta 
também o homem, principalmente em áreas endêmicas. No Brasil, sabe-se 
que a doença não tratada nos animais tem relevante participação na 
sua disseminação. Por essa razão, é de extrema importância que haja 
conhecimento da importância dessa micose. Leia:
CAVALCANTI, E. et al. Esporotricose: revisão. Pubvet, v. 12, n. 11, p. 133, 
2018. Disponível em: https://bit.ly/3AgjQgJ. Acesso em: 1º jul. 2021.
5.2.3 Micoses sistêmicas 
As micoses sistêmicas configuram-se como um grupo de infecções fúngicas que, em sua maioria, 
ou são de evolução muito rápida ou ainda assintomática. São raras as situações em cronificação, no 
entanto, naqueles em que ocorre como doença crônica, a principal característica observada é a formação 
de uma doença com característica granulomatosa.
Outra característica bastante comum aos fungos causadores de micoses sistêmicas é o dimorfismo 
térmico, ou seja, capacidade de alterarem a sua forma de acordo com a temperatura. Ao serem cultivados 
em temperatura ambiente, apresentam-se em colônias filamentosas formadas por hifas e conídios, e a 
35-36 °C, como colônias leveduriformes.
Fatores como clima, características do solo, geralmente o solo fofo, presença de animais, 
especialmente aves, morcegos, e eventualmente silvestres, como macacos e tatus, favorecem a 
manutenção dos agentes em nosso meio. Outros fatores, como ser do sexo masculino e atividades 
profissionais específicas também parece colaborar para a transmissão.
106
Unidade II
Entre os agentes mais importantes causadores de micoses sistêmicas, destacam-se Paracoccidioides 
brasiliensis, Histoplasma capsulatum, Coccidioides immitis e Blastomyces dermatitidis.
A Paracoccidioidomicose, doença causada pela infecção por Paracoccidioides brasiliensis, é uma 
micose de início pulmonar rápido, porém pode provocar manifestações na pele, mucosas e gânglios. 
É uma doença que, epidemiologicamente, estabeleceu-se de forma predominante na América Latina, 
sobretudo no Brasil, concentrando um maior número de casos na região Sudeste (SP). A grande maioria 
dos casos ocorre em indivíduos do sexo masculino, normalmente lavradores com idade variando entre 
30 e 60 anos. 
Aparentemente, o fungo encontra-se no ambiente, principalmente no solo e na vegetação, também 
tendo sido isolado em animais silvestres, como tatus e macacos, e em seus respectivos ambientes.
O mecanismo de transmissão e penetração no organismo se dá por meio das vias respiratórias. 
A Paracoccidioidomicose pode ocorrer de duas formas distintas, descritas como, paracoccidioidomicose‑infecção 
não seguida de doença caracterizada por manifestações compatíveis com os mecanismos de 
hipersensibilidade do tipo IV, presença de anticorpos transitórios e rápida regressão; ou 
paracoccidioidomicose‑doença, uma infecção primária ou reativação na qual as leveduras iniciam um 
processo inflamatório inespecífico e, quando fagocitadas, atingem os gânglios linfáticos e do pulmão, 
podendo se disseminar.
O paciente pode apresentar diferentes quadros de sinais e sintomas, como lesões cutâneas granulosas, 
lesões ulcerativas e fibrose em língua, linfadenopatia, ulceração nasal e lesões ulcerovegetantes quando 
da forma crônica da doença.
 
Figura 56 – Ilustração comparando os aspectos morfológicos de P. brasiliensis 
cultivado em caldo BHI a 37°C, note o aspecto de “roda de leme”
A histoplasmose é a doença fúngica cujo agente etiológico é o Histoplasma capsulatum. O fungo 
tem como hábitat natural o solo fofo de cavernas, galinheiros e próximo ao tronco de árvores. Prefere 
os ambientes cujo pH tende a ser mais ácido e rico em material orgânico, como nas fezes de aves e 
morcegos. Preferencialmente, estabelece-se em ambientes de clima tropical e temperado. No Brasil, a 
região da Serra do Mar abriga o maior número de casos.
107
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
As manifestações primárias da infecção ocorrem nos pulmões, pela inalação de conídios, 
mesmo em indivíduos imunocompetentes, podendo disseminar-se por via hematogênica ou 
linfática. No desenvolvimento da infecção, conídios são fagocitados nos alvéolos pulmonares 
e entram em multiplicação causando o que chamamos de pneumonite focal. O fungo alcança 
os linfonodos alveolares, complexo pulmonar ganglionar primário, e a disseminação ocorre 
por via linfo-hematogênica. As manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas 
a quadros de histoplasmose aguda, histoplasmose disseminada e histoplasmose pulmonar. 
Os quadros clínicos da forma disseminada são as lesões ulcerativas em dedos, língua e região 
perianal, assim como linfonodos fistulados com pus.
 Saiba mais
A histoplasmose é micose sistêmica causada por Histoplasma 
capsulatum. A infecção humana ocorre pela inalação de microconídeos 
encontrados em solo contendo excretas de aves e/ou morcegos e representa 
um potencial de risco sobretudo aos profissionais cujas atividades 
profissionais são praticadas em cavernas ou demais locais que possibilitam 
sua transmissão. Leia:
VICENTINI, A. Histoplasmose: um risco ocupacional entre pesquisadores 
que realizam trabalho de campo? Rev.Inst. Adolfo Lutz, v. 71, n. 4, 2012. 
Disponível em: https://bit.ly/3ydQL3L. Acesso em: 1º jul. 2021.
5.2.4 Micoses oportunistas 
Entre as infecções oportunistas, destacamos as infecções causadas por leveduras, sendo que as 
principais leveduras patogênicas são aquelas pertencentes aos gêneros Candida e Cryptococcus. 
Dentro do gênero Candida, um número significativo de espécies patogênicas tem sido descrito, apesar 
de a grande maioria fazer parte da microbiota da mucosa e poder ser encontrada temporariamente na 
pele. Em contraste, as espécies de Cryptococcus spp. são leveduras ambientais, e a infecção ocorre por 
meio da inalação. 
O espectro da candidíase (infecção causada por leveduras do gênero Candida spp.) é amplo e varia 
de infecções superficiais (orofaríngea, vaginal e cutânea) a formas mais graves, como nos casos de 
candidíase sistêmica, também conhecidas como candidemia. 
A candidíase orofaríngea afeta o palato duro e mole, a faringe, a língua e a mucosa oral. Geralmente, 
é um dos primeiros sinais clínicos de infecção por HIV. A candidíase vulvovaginal é uma das doenças 
fúngicas mais comuns e estima-se que cerca de 75% das mulheres terão pelo menos um episódio 
durante a vida. 
108
Unidade II
O aumento na incidência de infecções por Candida sp. tem sido associado ao uso de antibióticos 
de amplo espectro e aumento de pacientes imunocomprometidos. As infecções mais disseminadas e 
invasivas (70% a 90%) são causadas por leveduras do gênero Candida sp., estabelecendo uma mortalidade 
associada de cerca de 40% a 50%, dependendo da população afetada e das espécies envolvidas. 
O complexo Candida albicans (Candida albicans, Candida dubliniensis e Candida africana) 
é sobre aspectos epidemiológicos mundiais o de maior importância clínica, por ser a mais 
frequentemente isolada nos casos de candidíase. As infecções tendem a ser, geralmente, 
superficiais, não letais, com exceção de pacientes imunocomprometidos, cuja disseminação está 
associada à alta taxa de mortalidade. 
Os fatores de risco mais importantes para candidíase disseminada são alterações na mucosa 
gastrointestinal, presença de catéteres venosos e o uso de antibióticos de amplo espectro. Nos últimos 
anos, as espécies não albicans de Candida aumentaram sua incidência significativamente e são 
responsáveis por aproximadamente 50% de todos os episódios de candidemia, tornando claramente 
importante um processo adequado de identificação para diagnóstico e tratamento correto.
Entre essas espécies estão principalmente as do complexo Candida glabrata (Candida nivariensis 
e Candida bracarensis) e aquelas do complexo Candida parapsilosis (Candida parapsilosis, Candida 
orthopsilosis e Candida metapsilosis) e, em menor proporção, Candida tropicalis e Candida krusei. Embora a 
maioria dessas leveduras tendam a ser menos virulentas do que as do complexo Candida albicans, algumas 
são mais resistentes a um ou mais antifúngicos ou têm tendência a desenvolvê-la rapidamente. 
Outro grupo extremamente importante de leveduras são aquelas do gênero Cryptococcus sp., os 
quais são os agentes etiológicos da criptococose, uma infecção de distribuição mundial adquirida pela 
inalação de basidiósporos do fungo presentes no meio ambiente.
As espécies mais frequentes são Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii, as quais diferem 
entre si sob aspectos epidemiológicos e quadro clínico característico. O hábitat natural do Cryptococcus 
neoformans é o solo ou matéria orgânica contaminada com fezes ou “guano” de ave, enquanto que o 
Cryptococcus gattii é encontrado associado a troncos de árvores de eucalipto. 
A infecção pelo Cryptococcus neoformans afeta especialmente indivíduos imunocomprometidos, 
e a infecção por Cryptococcus gattii é mais comum em indivíduos imunocompetentes. O principal 
quadro clínico associado aos fungos do gênero Cryptococcus sp. são as meningites, que precisam ser 
identificadas e tratadas rapidamente para uma melhor evolução clínica do quadro.
Leveduras menos frequentes, como Rhodotorula spp., Pichia spp. e Saccharomyces cerevisiae, assim 
como fungos semelhantes a leveduras, como Geotrichum capitatum e Trichosporon spp., também têm 
impacto na saúde humana e, embora a percentagem de casos de infecção invasiva não seja muito 
elevada, são a segunda ou terceira causa de fungemia, depois daquela produzida por Candida spp., 
sobretudo em pacientes leucêmicos, nos quais a taxa de mortalidade varia entre 60% e 80%. 
109
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Entre os fungos filamentosos, aqueles dos gêneros Aspergillus, Fusarium, Scedosporium, Penicillium 
e alguns da ordem Mucorales (Rhizopus oryzae, Mucor circinelloides, Rhizomucor pusillus e Lichtheimia 
– anteriormente Absidia – corymbifera) são uma causa importante de infecções em humanos, 
principalmente do tipo invasivo, que embora sejam menos frequentes em relação aos produzidos devido 
à levedura, a mortalidade associada é geralmente maior.
A aspergilose corresponde à infecção causada pelas espécies do gênero Aspergillus, e os 
quadros clínicos variam desde condições alérgicas, como aspergilose broncopulmonar alérgica 
(ABPA) ou aspergilomas (crescimento do fungo dentro de uma cavidade pré-existente), a formas 
mais graves, como infecção pulmonar ou aspergilose invasiva. O Aspergillus fumigatus é agente 
causal de aproximadamente 90% dos casos. Outras espécies, como Aspergillus terreus, Aspergillus 
flavus, Aspergillus nidulans, Aspergillus niger e Aspergillus lentulus, vêm mostrando um aumento de 
incidência em pacientes com fatores predisponentes.
Infecções causadas por Fusarium spp. e Scedosporium spp. são menos frequentes que as causadas 
por Aspergillus spp., mas tendem a ser mais graves devido ao tipo de pacientes que afetam e a 
multirresistência aos antifúngicos disponíveis.
Algumas espécies do gênero Fusarium sp. causam infecções leves, como onicomicose, que podem 
afetar qualquer indivíduo, ou complicações graves e disseminadas que ocorrem em pacientes com 
distúrbios hematológicos, recebendo terapia citotóxica para tratamento de câncer ou transplantados 
sob tratamento com corticosteroides. Algumas espécies da ordem Mucorales representam outro 
grupo de agentes de importância clínica devido à alta mortalidade a que eles estão associados, 
sobretudo em pacientes com fatores predisponentes, como leucemia, neutropenia e monocitopenia, 
em tratamento com altas doses de corticosteroides, e pacientes com hiperglicemia não controlada, 
diabetes, entre outros.
 Saiba mais
A candidíase oral é uma das doenças oportunistas mais fortemente 
associadas à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Vários 
relatos epidemiológicos enfatizam a prevalência da candidíase em pacientes 
HIV positivos e ressaltam a sua importância como marcador da progressão 
da doença e preditivo para o aumento da imunodepressão. Para saber mais 
sobre a candidíase como prognóstico na infecção pelo HIV, leia:
CAVASSANI, V. Candidíase oral como marcador de prognóstico em 
pacientes portadores do HIV. Rev. Bras. Otorrinolaringol., v. 68, n. 5, out. 2002. 
Disponível em: https://bit.ly/3ha9Lus. Acesso em: 1º jul. 2021.
110
Unidade II
5.3 Aspectos gerais do diagnóstico micológico 
De modo geral, o diagnóstico em micologia é direcionado de forma específica e a depender do agente 
etiológico veiculado ao processo de infecção. Para infecções provocadas por fungos leveduriformes, 
filamentosos e ou dimórficos, existem métodos específicos que serão abordados posteriormente, mas, 
de uma forma geral, o diagnóstico dos diferentes tipos de micose ocorre por meio das metodologias 
listadas a seguir e resumidamente comentadas:
• exame direto;
• cultura e isolamento; 
• biópsia – histopatologia;
• provas imunológicas;
• exame radiológico;
• inoculação animal.
Exame direto
Para realização de exame direto, pode ser feito por meio de qualquer espécie de material 
biológico suspeito, como exsudatos diversos, escarros, urina, fezes, sangue, liquor, medula 
óssea,fragmentados de tecidos. A potassa é usada em percentagens diversas de acordo com o 
material a ser examinado, podendo variar de 20% a 40%, dependendo também da “dureza” do material 
clínico. O exame pode ser a fresco, sem fixação, entre lâmina e lamínula, ou fixado e corado 
por método, como Gram, Ziehl, Giemsa e tinta da China, por exemplo no caso de unha em que 
podem, também, ser adicionados corantes, como tintas Parker em partes iguais, o que serve para 
evidenciar melhor hifas e conídios dos dermatófitos. 
A coloração pelo método de Giemsa consiste resumidamente nas etapas descritas a seguir:
I – Fixar o material com álcool metílico.
II – Cobrir o esfregaço com o corante de Giemsa (preparar na hora uma mistura com 1 ou 2 gotas 
da solução estoque do Giemsa para uma gota de água destilada) 20 a 30 minutos.
III – Secar ao ar ou sob o calor da estufa e examinar diretamente sob lente de imersão homogênea e 
montar previamente em bálsamo do Canadá.
111
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Figura 57 – Levedura em Brotamento indicada pela seta corada por Giemsa
Disponível em: https://bit.ly/3ht7cSW. Acesso em: 1º jul. 2021. Adaptada.
A seguir, são evidenciados preparados examinados sem coloração, que acabam por se destacar 
contra o fundo preto dado pela tinta nanquim. É possível, por técnica microscópica, visualizar detalhes 
da estrutura interna dos fungos. Em vários fungos, pode-se observar a penetração das partículas de 
carbono coloidal na cápsula.
 Lembrete
O exame direto pode ser feito a partir de uma infinidade de materiais, 
como unha, fio de cabelo, barba, escamas de pele etc. Lembre-se de que cada 
material deve ser colhido de maneira apropriada para uma análise correta.
Figura 58 – Leveduras em destaque pela coloração de fundo da tinta 
nanquim (tinta da China). Note, na seta, halo de carbono coloidal 
Disponível em: https://bit.ly/3ydTQAR. Acesso em: 1º jul. 2021. Adaptada.
112
Unidade II
Cultura e isolamento do material biológico 
Muitos meios de cultura são utilizados em micologia, a depender do material biológico colhido. 
Entre os mais utilizados, destaca-se o ágar Sabouraud. Esse meio serve, praticamente, para o isolamento 
de todos os fungos. Comercialmente também existem inúmeros meios (Difco – BBL – Oxoid – Merck), a 
maioria contendo antibióticos em sua formulação, a fim de evitar contaminação por agentes bacterianos, 
tornando-os mais seletivos, como Mycobiotic (Difco) e Mycosel (Baltimore Biological Co.).
Os meios de ágar sangue e de ágar chocolate, muito utilizados em bacteriologia clínica, também 
podem vir a ser utilizados quando pretendemos estimular o crescimento de fungos leveduriformes 
patogênicos a 37 ºC. Uma estratégia bastante utilizada é a de se acrescentar, ao meio de ágar Sabouraud, 
sangue de carneiro, tornando-o ainda mais rico e complexo, podendo torná-lo também seletivo, à 
medida que pode ser adicionado agente antibacteriano.
Outro meio bastante utilizado em seu estado líquido e que contribui de maneira especial ao processo 
de proliferação e enriquecimento do espécime clínico é o caldo de infusão de coração e cérebro, 
conhecido com ágar BHI (brain-heart-infusion).
O ágar batata dextrose é um meio tradicionalmente utilizado para o isolamento de fungos e leveduras. 
O pH desse meio o torna seletivo para impedir o crescimento da maioria dos microrganismos de flora 
acompanhante e permitem o crescimento do fungo pesquisado.
Biópsia e histopatologia 
Para o estudo histopatológico de fungos, sobretudo responsáveis por micoses subcutâneas, são 
utilizadas diversas técnicas e métodos de coloração, entre as quais destacam-se o PAS (ácido periódico 
de Schiff). 
Figura 59 – Levedura em brotamento indicada pela seta corada por PAS
Disponível em: https://bit.ly/3w7JyRj. Acesso em: 1º jul. 2021. Adaptada.
113
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
A reação histoquímica do ácido periódico e reativo de Schiff para grupos açúcar demonstra 
o corpo celular do fungo em cor magenta forte e a cápsula polissacarídica em róseo. Realça os 
parasitas contra o tecido de fundo. Células em reprodução, como na imagem anterior, também são 
evidenciadas com facilidade. 
A contracoloração com hematoxilina e eosina (HE) permite situar os fungos em relação às células 
e tecidos. É útil, por exemplo, para destacar os parasitas contra o tecido necrótico, em que não se 
visualizam núcleos. Na figura a seguir, identificamos o Paracoccidioides brasiliensis em sua típica 
formação de roda de leme corado pela técnica de HE.
Figura 60 – P. brasiliensis em roda de leme, corado por HE
Disponível em: https://bit.ly/3htt00M. Acesso em: 1º jul. 2021.
O método de Gram é aplicado aos cortes histopatológicos para o estudo das doenças produzidas 
pelos Actinomicetos. Os Actinomicetos e as bactérias Gram-positivas coram-se em azul, e as bactérias 
Gram-negativas, em vermelho.
Figura 61 – Actinomicetos corados pela técnica de Gram. 
Fungos filamentosos (cordões típicos de Actinomyces sp.). 
Adaptada de: Zhaklina (2010).
114
Unidade II
 Lembrete
O método de coloração não é o preconizado para diagnóstico de infecções 
fúngicas, mas pode ser uma alternativa fácil, barata e eficaz de promover a 
visualização das principais estruturas fúngicas, auxiliando no diagnóstico.
Provas imunológicas no diagnóstico das infecções fúngicas 
As provas imunológicas, em micologia médica, apresentam um valor diagnóstico apenas relativo, 
não dispensados os métodos clássicos que visam o achado do parasito, seja pelo exame direto, bem 
como pela análise histopatológica, seja pelo seu isolamento em cultura.
Entretanto, com os progressos recentes nesse setor, esse valor relativo pode, em certos casos, subir 
tanto a ponto de quase equivaler ao achado do parasito. Em pelo menos duas eventualidades clínicas, 
isso ocorre. Referimo-nos aos casos de aspergilose pulmonar ou cerebral por Aspergillus fumigatus, 
diagnosticados pelas provas sorológicas de precipitação. 
Em micologia médica, além de serem métodos auxiliares de diagnósticos das micoses, as técnicas 
imunológicas têm, ainda, as seguintes aplicações: inquéritos epidemiológicos, prognóstico, controle 
de eficiência terapêutica, descoberta de animais reservatórios de parasitos, classificação de espécies 
baseada na constituição antigênica de parede celular. O diagnóstico micológico baseia-se em dois 
grandes grupos de provas:
Provas intradérmicas de sensibilidade cutânea frente a antígenos fúngicos: tricofitina, 
candidina, paracoccidioidina, esporotriquina, histoplasmina, coccidioidina e outros.
Dois tipos de reações são esperados quando de uma reação intradérmica a antígenos fúngicos, e tais 
reações podem ser denominadas de imediata urticariforme e retardada.
• Reação imediata urticariforme, manifestação notada logo após a inoculação subcutânea do 
antígeno teste com manifestação de pápula dérmica com “pseudópodes” e halo eritematoso. 
Desaparece em algumas horas: é própria dos fungos puramente alérgenos do ar, como 
Cladosporium sp. (Hormodendrum), Aspergillus sp., Penicillium sp., leveduras, Pullularia sp., 
Alternaria sp., Helminthosporium sp., Fusarium sp. e muitos outros 
• Reação retardada, semelhante à da prova pela tuberculina, em que se nota o aparecimento de 
pápula dérmica entre 48 e 72 horas após a inoculação. Tal pápula normalmente é acompanhada 
de um halo eritematoso, o qual tende a perdurar por período que varia de uma semana ou mais. 
Reações falso-negativas podem ocorrer caso o paciente queira, a fim de minimizar o desconforto 
gerado pelo estímulo antigênico, utilizar corticosteroides e anti-histamínicos, os quais podem impedir 
a positividade das reações. 
115
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Um outro cuidado importante, a fim de se evitarem respostas hiper-responsivas, é o emprego do 
antígeno diluído suficientemente, para pesquisar a sensibilidade do paciente. Por exemplo, começar com 
uma diluição de 1/1.000, passando depois para 1/500 e 1/100. 
Provas sorológicas de aglutinação, precipitação,fixação do complemento e imunofluorescência. 
Tais técnicas serão discutidas adiante.
6 TÉCNICAS E PROTOCOLOS PARA ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS 
LEVEDURIFORMES E FILAMENTOSOS 
6.1 Identificação de fungos leveduriformes
Prova do tubo germinativo
A prova do tubo germinativo é um teste para caracterização e confirmação de leveduras do gênero 
Candida spp., sobretudo da espécie C. albicans. A técnica baseia-se, fundamentalmente, na semeadura 
de um pequeno inóculo dessa levedura em soro, preferencialmente humano, de coelho ou de cavalo. 
Com uma alça de platina calibrada para um volume de 0,001 ml, retirar uma pequena porção de uma 
colônia de levedura suspeita e homogeneizá-la de forma asséptica em 0,5 ml de soro. Incubar a 37 °C por 
2 horas em banho-maria, ou por ao menos 3 horas em estufa bacteriológica. Após esse período, deve-se 
remover uma gota da suspensão e preparar uma lâmina recoberta com lamínula para observação em 
microscópio óptico comum. O tubo germinativo, quando o teste for positivo, aparecerá como filamento 
fino e cilíndrico, originado do blastoconídio da levedura, no qual não se observa nenhuma zona de 
constrição, quer na base ou ao longo de sua extensão.
Figura 62 – Levedura apresentando tubo germinativo indicando a presença de Candida albicans 
 Observação
Para a realização da técnica do tubo germinativo, o material utilizado, 
no caso, soro humano ou de animais, não pode conter resquícios de 
antimicrobianos, a fim de evitar a geração de resultados falso-negativos.
116
Unidade II
Microcultivo de leveduras 
Algumas leveduras, quando incubadas em meio com Tween-80, um detergente, apresentam a 
capacidade de filamentar, formando pseudo-hifas e/ou hifas verdadeiras, e é com base nesse princípio 
que essa técnica se fundamenta. A identificação do fungo ocorre pelas características morfológicas 
apresentadas pelas estruturas filamentosas, formadas, assim, pode-se sugerir a espécie de levedura 
implicada na identificação. 
Para a realização da técnica, deve-se preparar um meio denominado de ágar fubá e espalhar por 
sobre uma lâmina de vidro cerca de 3 ml do meio de ágar ainda quente com uma pipeta estéril. Esperar 
resfriar e solidificar e, com uma alça de platina, selecionar de duas a três colônias da levedura isolada 
e semear em estria no ágar fubá, conforme esquema a seguir. Após o procedimento, cobrir o material 
com lamínula estéril, aguardar de 2 a 3 dias, mantendo o material a temperatura de 25 °C e observar em 
microscopia a formação de estruturas filamentosas como pseudo-hifas ou hifas verdadeiras. 
Assimilação de fontes de carboidratos e nitrogênio (auxanograma)
Essa técnica baseia-se na capacidade que as leveduras apresentam de usar o carboidrato como fonte 
de carbono. Para a realização dessa técnica, utiliza-se de um meio básico desprovido de qualquer fonte de 
carbono – sem o qual ela não consegue sobreviver –, no qual a levedura será semeada, pretendendo avaliar 
a partir de qual carboidrato ela conseguirá obter sua fonte de carbono. Após a semeadura, adicionam-se 
ao cultivo diferentes carboidratos e observa-se a capacidade de utilização deles como fonte de energia. 
Quando o carboidrato é assimilado pela levedura, observa-se crescimento dela ao redor da fonte de 
carbono, formando um halo ou zona.
Para a realização da técnica, utiliza-se de meio básico específico conhecido pelo nome de o yeast 
nitrogen base, de acordo com as normas preconizadas pelo fabricante. Simultaneamente, prepara-se 
uma suspensão de leveduras com turvação 5 da escala de McFarland. Utiliza-se uma alíquota de 1 ml da 
suspensão de leveduras, depositando-a em uma placa de petri estéril, sobre a qual irá se inverter cerca 
de 20 ml de meio, ao que consideramos uma semeadura em profundidade ou pour-plate. Aguarda-se 
a solidificação do meio e adicionam-se pequenas quantidades de açúcares em posições previamente 
demarcadas (preparar um gabarito para facilitar a colocação dos açucares), incubar as placas a 30 °C 
por 24-48 horas. Observar a formação de halos, identificados como regiões opalescentes ao redor 
dos açúcares.
SAC
LAC
GLI
MAN
Figura 63 – Imagem esquemática de auxanograma 
117
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Prova de fermentação de açucares (zimograma)
Para o zimograma, diversas fontes de carboidratos são colocadas em tubos respectivos, contendo 
meio básico líquido. A levedura é semeada em cada tubo e, após período de até 15 dias, a 25 °C, a 
fermentação é revelada por formação de bolhas de gás observadas dentro de tubos de Durhan, colocados 
previamente, durante a preparação do meio básico.
Alteração da 
tonalidade do meio
Tubo de Durhan
Bolhas 
de gás
Figura 64 – Ilustração representando a prova de Zimograma
Prova da urease
Prova que avalia a produção de enzima urease por algumas espécies de levedura. Nessa prova, 
a produção de enzima urease converte a ureia do meio de ágar ureia de Christensen em amônia, 
alcalinizando-o e alterando o seu pH. Pela presença do indicador vermelho de fenol, o meio altera sua 
cor de laranja para rosa, o que revela um teste positivo.
Métodos comerciais para identificação de leveduras
Em se tratando de espécies de Candida, o mercado já dispõe de kits manuais, como API 20C AUX 
(bioMérieux), ID 32C (bioMérieux), Candifast e metodologia semiautomatizada, como os cartões de 
identificação de fungos Vitek (bioMérieux).
 Observação
A identificação de leveduras por meio dos métodos e técnicas propostos 
pode ser realizada a partir de diferentes amostras clínicas, desde material 
de lesão superficial, como onicomicoses, a material biológico, como sangue.
Exemplo de aplicação
Reflita sobre como o reconhecimento dos diferentes métodos e testes aplicados no diagnóstico de 
infecções fúngicas, sobretudo por leveduras, pode permitir ao profissional amplo domínio das técnicas 
e capacidade de adaptação dos testes e métodos às possibilidades do atendimento em sua unidade 
de diagnóstico.
118
Unidade II
Colônia de levedura suspeita
Tubo germinativo
Positivo 
Candida albicans
Reação positiva 
Rhodotorula spp.
Positiva 
Cryptococcus spp.
Negativo
Reação negativa
Negativa
Prova da tinta da China
Auxanograma e zimograma
Prova da urease
Figura 65 – Fluxograma simplificado para identificação de fungos leveduriformes 
Quadro 11 – Identificação de levedura patogênicas 
Levedura
UR
Microcultivo Auxanograma Zimograma
Hifa Sa Ma La Ce Tr Ra X In Gl Sa Ma La Ra Tr
C. albicans (-) (+) (+) (+) (-) (-) (+) (+) (+) (-) (+) (-) (+) (-) (-) (V)
C. tropicalis (-) (+) (+) (+) (-) (V) (+) (+) (+) (-) (+) (V) (+) (-) (-) (+)
C. parapsilosis (-) (+) (+) (+) (-) (V) (+) (+) (+) (-) (+) (-) (+) (-) (-) (V)
C. krusei (-) (+) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (+) (-) (-) (-) (-) (-)
C. guilliermondii (-) (+) (+) (+) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (+) (+) (-) (-) (-) (V)
C. glabrata (-) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (+) (-) (-) (-) (-) (+)
C. neoformans (+) (-) (+) (+) (-) (+) (-) (-) (-) (+) (-) (-) (-) (-) (-) (-)
Geotrichum (-) (+) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (V) (-) (-) (-) (-) (-)
Trichosporon (V) (+) (+) (+) (+) (-) (+) (-) (-) (V) (-) (-) (-) (-) (-) (-)
Saccharomyces (-) (-) (+) (+) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (+) (+) (-) (-) (+) (V)
6.2 Identificação de fungos filamentosos 
Técnica de esgarçamento
A técnica é utilizada como primeira tentativa, considerada a mais rápida para identificação de fungos 
filamentosos. No entanto, durante o procedimento, pode-se quebrar as estruturas fúngicas, tornando o 
processo de identificação mais difícil, o que pode requerer técnicas auxiliares para diagnóstico, como a 
técnica de microcultivo em lâmina.
119
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Para realizar o procedimento, deve-se utilizar da alça de platina em L, remover um pedaço da colônia 
de bolor a ser investigada e transferir para uma lâmina e vidro. Adicionar de uma a duas gotas de 
corante azul de algodão lactofenol, cobrir com lamínula e fazer a observação em microscópio óptico 
comum em objetiva de 40 vezes.Técnica do microcultivo em lâmina
A vantagem da técnica é que as estruturas fúngicas permanecem íntegras além da formação de 
macro e microconídeos pelo uso de ágar batata. Para tal, deve-se preparar um kit estéril contendo uma 
placa de Petri com duas lâminas no interior.
Após o preparo do ágar batata, seguindo as instruções do fabricante, deve-se cortar, com auxílio 
de lâmina de bisturi estéril, um quadro pequeno, o qual será colocado por sobre a placa em que será 
realizado o microcultivo. Com a alça em L, deve-se retirar uma parte do fungo crescido em colônia e 
aplicar nos quatro lados do quadrado de ágar batata. Na sequência, deve-se cobrir esse quadrado com 
lamínula estéril e adicionar um chumaço de algodão ou papel de filtro embebido em água destilada 
estéril para criar o que denominamos de câmara úmida. Manter o sistema a temperatura ambiente por 
período variando entre 10-15 dias. 
Transcorrido o tempo, retirar a lamínula com pinça estéril e fixar o fungo na lamínula, colocando 
uma a duas gotas de álcool e esperar secar. Montar essa lamínula em lâmina limpa, com uma gota de 
lactofenol azul algodão. A lamínula pode ser vedada com esmalte de unha ou Entellan, para melhor 
conservação da amostra e análises futuras.
Colônias do fungo: 
4 extremidades do 
ágar
ágar batata
Lamínula
Lâmina
Placa de Petri
Figura 66 – Imagem representativa da montagem e execução da técnica de microcultivo
6.3 Métodos moleculares e alternativos para identificação de fungos patogênicos 
Entre as várias técnicas moleculares utilizadas na identificação de fungos, são descritas 
de forma mais usual: polimorfismo de comprimento de fragmento de DNA (RFLP), eletroforese 
enzimática multilocus (MLEE), hibridização com sondas marcadas (Southern blot) e a reação em 
cadeia da polimerase (PCR) e suas modificações, para a amplificação de diferentes fragmentos de 
DNA específicos.
120
Unidade II
A técnica de Maldi-TOF (matrix-assisted laser desorption), muito utilizada no diagnóstico de infecções 
bacterianas, como já citado anteriormente, vem sendo cada vez mais utilizada na identificação de 
fungos a partir de isolados clínicos e de culturas . Faremos uma breve referência às técnicas moleculares 
a seguir, mais usadas no diagnóstico micológico, como aquelas baseados no formato de PCR e a 
tecnologia Maldi-TOF.
A aplicação dessas técnicas a patologias causadas por fungos ainda está em um estágio inicial, 
devido a algumas peculiaridades nesse campo, em especial, no caso de dermatomicoses. Apesar 
de estar entre os organismos com maior frequência registrada na biomedicina, ainda não foi 
estabelecida uma taxonomia que permita identificar e nomear as aproximadamente 25 espécies 
patogênicas envolvidas.
Por fim, e não menos importante, a utilização de meios cromogênicos para as principais espécies de 
Candida, sobretudo albicans, também vem trazendo grande contribuição. Quindos et al., desde 1997, 
em seu estudo, avaliaram a capacidade de bichro-látex albicans para identificar Candida albicans em 
isolados clínicos, e os resultados apontaram para uma sensibilidade de 99,74% e uma especificidade 
de 99,87%, difundindo, portanto, o conhecimento e provando a eficácia do método nos ensaios e 
estudos clínicos.
 Observação
O conhecimento microscópico das principais estruturas, sobretudo de 
conídios e hifas, relacionadas a fungos filamentosos é um diferencial importante 
ao profissional na área de microbiologia, em especial micologia, visto que o 
diagnóstico microscópico desses agentes é o principal método empregado.
 Resumo
Viu-se a importância dos fungos, sobretudo no que tange à saúde 
humana. Conseguimos compreender que tais agentes são responsáveis 
por doenças importantes, conhecidas como micoses, e que elas podem 
ser classificadas de acordo com o sítio de infecção e gravidade da lesão 
em micoses superficiais, cutâneas, subcutâneas, sistêmicas e oportunistas. 
Também aprendeu-se a reconhecer os principais métodos diagnósticos 
aplicados na avaliação de infecções por fungos leveduriformes e/ou 
filamentosos de importância clínica. Soubemos de métodos moleculares 
alternativos, sobretudo de biologia molecular, os quais estão sendo 
empregados no diagnóstico de infecções fúngicas. 
121
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
 Exercícios
Questão 1. Leia o texto a seguir.
“A própolis foi descrita por sua capacidade inibitória da multiplicação de bactérias Gram-positivas, 
não possuindo potencialmente a mesma intensidade nas bactérias Gram-negativas, provavelmente 
devido à complexidade química de sua parede celular.”
BARREIRAS, D. G. et al. Eficácia da ação antimicrobiana do extrato de própolis de abelha jataí (Tetragonisca angustula) 
em bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Caderno de Ciências Agrárias, 12, 1-5. 2020. 
Disponível em: https://bit.ly/3ybn1Va. Acesso em: 19 jun. 2021.
Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas e a relação proposta entre elas.
I – Existem diversos métodos destinados ao diagnóstico de infecções por fungos, sendo que a técnica 
de Gram não é uma delas.
porque
II – Essa é uma técnica que só funciona para infecções bacterianas, já que apenas elas têm a composição 
química (mureína ou ácidos graxos) da parede celular necessária para reagir aos corantes. 
Assinale a alternativa correta:
A) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, e a II justifica a I.
B) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, e a II não justifica a I.
C) A afirmativa I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A afirmativa I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As afirmativas I e II são proposições falsas.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa falsa.
Justificativa: de fato, existem diversos métodos que podem ser usados no diagnóstico de infecções 
fúngicas. Entre eles, podemos citar, por exemplo, o exame direto, a cultura e o isolamento, as provas 
122
Unidade II
imunológicas, o exame radiológico e a inoculação animal. Adicionalmente, outro método a ser 
mencionado é a histopatologia, em que pode ser aplicada a técnica de Gram em casos de infecções por 
fungos Actinomicetos, já que eles se coram da mesma maneira que as bactérias Gram-positivas.
II – Afirmativa falsa.
Justificativa: a informação de que esse tipo de coloração só funciona para bactérias é falsa, visto 
que o corante irá produzir o mesmo efeito nos microrganismos que têm a composição da parede 
celular semelhante. Nesse caso, os fungos Actinomicetos e as bactérias Gram-positivas (parede celular 
composta por mureína) coram-se em azul, e as bactérias Gram-negativas (parede celular composta por 
ácidos graxos), em vermelho.
Questão 2. Leia os textos a seguir.
Texto 1
“Procedimentos microbiológicos. As hemoculturas positivas foram detectadas pelo sistema 
automatizado Bact/Alert, Organon Teknica, USA e a identificação foi feita pelo sistema automatizado 
WalkAway até 2002 (posteriormente a esse ano, pelo bioMérieux Vitek, France), sendo realizados 
conjuntamente procedimentos clássicos como a auxanograma e o tubo germinativo.”
FRANÇA, J. C. B.; RIBEIRO, C. E. L.; QUEIROZ-TELLES, F. D. Candidemia em um hospital terciário brasileiro: incidência, frequência das 
diferentes espécies, fatores de risco e suscetibilidade aos antifúngicos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 41(1), 
23-28. 2008. Disponível em: https://bit.ly/3yse61Z. Acesso em: 20 jun. 2021.
Texto 2
“Este estudo foi do tipo descritivo retrospectivo, baseado em resultados positivos de hemocultura 
de pacientes internados na UTI entre dezembro de 1998 e outubro de 2006. Foi critério de inclusão a 
cepa de Candida spp. estocada no Laboratório de Micologia do HU-UFMS. Os dados demográficos e 
clínicos foram consultados nos prontuários e, posteriormente, analisados no programa Epi info (CDC, 
versão 3.3.0.2), juntamente com os resultados laboratoriais. A coleta para hemocultura foi feita de 
sangue periférico.A detecção das leveduras foi feita pelo sistema BACTEC® (Becton Dickinson) e a 
identificação das espécies foi feita por meio de metodologia convencional: pesquisa do tubo germinativo, 
auxanograma e microcultivo.”
XAVIER, P. C. N. et al. Candidemia neonatal, em hospital público do Mato Grosso do Sul. Revista da Sociedade Brasileira 
de Medicina Tropical, 41(5), 459-463. 2008. Disponível em: https://bit.ly/3qDKPym. Acesso em: 21 jun. 2021.
Texto 3
“Após a identificação do gênero, as leveduras foram identificadas bioquimicamente por 
auxanograma, zimograma, crescimento a 37 ºC e repicadas em ágar níger (guizotia abyssinica), 
e CGB. Foram isoladas 37 leveduras, das quais 22 são da espécie C. neoformans, 4 de C. gattii, 5 
123
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
de C. albidus, 3 de C. uniguttulatus e 3 da espécie C. laurentii. A determinação dos genótipos foi realizada 
utilizando-se a técnica de PCR-RFLP do gene URA5 e foram verificados os perfis moleculares VNI (53,8%), 
VNIII (11,5%), VNIV (19,2%), VGII (7,7%), VGIII (3,8%) e VGIV (3,8%).”
SOUZA, J. A. M. D. O. Variabilidade genética de Cryptococcus ambientais na cidade do Salvador–BA. 
Dissertação de Mestrado. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3jyGYBf. Acesso em: 21 jun. 2021.
Com as informações apresentadas, é possível compreender que a técnica do auxanograma é um 
procedimento frequente na identificação microbiológica.
A respeito da técnica do auxanograma, avalie as alternativas e assinale a correta.
A) Nessa técnica, utiliza-se uma lâmina de vidro com meio de ágar fubá, sobre o qual são semeadas 
duas ou três colônias da levedura em estria.
B) Em tubos de ensaio, são colocadas diferentes fontes de carboidratos em meio de cultura básico 
líquido. A semeadura da levedura ocorre em cada um dos tubos, que são mantidos em condições 
controladas (até 15 dias a 25 °C). A fermentação pode ser identificada pela formação de bolhas. 
C) Nessa técnica, é avaliada a produção de urease pelas leveduras, o que acarreta a transformação 
da ureia que está no meio de cultura (ágar ureia de Christensen) em amônia.
D) Nessa técnica, é realizada a semeadura da levedura em soro, preferencialmente humano, de coelho 
ou de cavalo. Feito isso, devemos fazer a incubação em banho-maria ou em estufa bacteriológica 
por algumas horas e, depois, realizar a observação em microscópio óptico comum.
E) Trata-se de uma técnica que se baseia na capacidade de utilização de fontes de carbono pelas 
leveduras. Para isso, é utilizado um meio básico sem qualquer fonte de carbono. Após a semeadura 
da levedura, são adicionados diferentes carboidratos.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a descrição corresponde à técnica do microcultivo de leveduras, que pretende observar, 
em microscopia, a formação de estruturas filamentosas, como pseudo-hifas ou hifas verdadeiras.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a descrição corresponde à técnica denominada prova de fermentação de açúcares, ou 
zimograma, realizada em tubos de ensaio com meio de cultura líquido, ao qual são misturadas fontes de 
diferentes carboidratos, que são fermentados pelas leveduras, o que leva à formação de bolhas.
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Unidade II
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a própria descrição já é indicativa da técnica denominada prova da urease, pela qual 
uma alteração de pH no meio de cultura usado indica a degradação da ureia pela mudança de cor.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a descrição refere-se à técnica da prova do tubo germinativo, na qual se espera observar 
o crescimento dos tubos germinativos das leveduras após mantê-las incubadas em condições controladas.
E) Alternativa correta.
Justificativa: de fato, essa é descrição associada ao auxanograma, ou assimilação de fontes de 
carboidratos e nitrogênio. Como o nome sugere, são usados meios de cultura sem nutrientes e, após a 
semeadura, são adicionados diferentes carboidratos. Pretende-se observar a capacidade de utilização 
desses carboidratos como fonte de carbono pelo crescimento das bactérias ao redor dessas fontes, o que 
leva à formação de um halo.

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