DO ESPAÇO ARQUITETURAL AO ESPAÇO DE CONCEPÇÃO

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DO ESPAÇO ARQUITETURAL AO ESPAÇO DE CONCEPÇÃO
Philippe Boudon
BOUDON, P. Do espaço arquitetural ao espaço da concepção. In: DUARTE, C. R; RHEINGANTZ, P. A; AZEVEDO, G; BRONSTEIN, L. (Org). O lugar do projeto no ensino e na pesquisa em arquitetura e urbanismo. Rio de Janeiro, Contracapa Livraria, 2007.
ARQUITETUROLOGIA
Teoria propriamente arquitetural. Distingue-se abordagens “externalistas” e abordagens “internalistas”. 
“Escala arquiteturológica”=pertinência da medida.
O programa arquitetural pode ser formulado a partir de duas propostas: a) espaço arquitetural difere do espaço geométrico pela escala; e 2) o modelo geométrico não é suficiente para explicar a complexidade do espaço arquitetural, sendo preciso atrelar-lo a uma modelização do espaço arquitetural distinta da modelização utilizada na geometria.
Duas palavras tem valor de postulado na arquitetura: medida e concepção.
Após já ter discorrido sobre a primeira, agora vai se deleitar sobre a segunda: a concepção.
CONCEPÇÃO
A concepção procede de uma consideração que pode se enunciar assim: “o objeto arquitetural, quando ainda não existe, existe para a concepção”.
Por ser um campo não existente, portanto, não pode ser analisado cientificamente. O autor então cita uma “ciência da concepção” e relembra o termo ditado por Herbert A. Simon “ciência do artificial”, e chama as outras ciências de ciências clássicas.
EXEMPLIFICAÇÃO DAS ESCALAS ARQUITETUROLÓGICAS
A arquitetura decorre de um procedimento que se pode dizer fenomenológico e é relativo à concepção. Existem então duas linhas de pesquisas que podem ser geradas a partir da arquiteturologia, são elas: poiética arquiteturologia e didática arquiteturologia.
POIÉTICA ARQUITETUROLOGIA
Uma vez admitida a existência das escalas arquitetônicas, pode-se investigar o que Boudon chama de “espaço da concepção” de um arquiteto e expor o “estilo” desse arquiteto. Exemplos: escala geométrica de kahn (que diz “começo sempre por um quadrado”), a escala geográfica de Wright (que diz “A casa nasce do chão”).
Percebendo, então, a escala de um arquiteto, cabe interrogar ainda mais, bem como a utilização da mesma escala e de suas operações em cada um dos trabalhos examinados pela pesquisa. Essa pesquisa então passaria também pela consideração de relações entre escalas, isto que uma mesma palavra como “geométrica” pode significar coisas diferentes para os diferentes arquitetos.
Pode-se ressaltar também os valores relativos de diferentes escalas do que se pode chamar de sistema de um arquiteto. Pode-se dizer que todas as escalas estão presentes em todos os sistemas em maiores ou menores níveis, e que o “estilo” de cada arquiteto se faz do conjunto desses diferentes níveis de escala.
Essa linha de pesquisa fornece conhecimento sobre o’fazer' do arquiteto. Pode-se chamar de uma “arquiteturologia aplicada” e, segundo esse ponto de vista, pode-se considerar a construção de uma didática arquiteturologia.
DIDÁTICA ARQUITETUROLÓGICA
Retorna à ideia de que o objeto arquitetural não existe. Como foi visto, essa ideia postula um espaço de concepção diferente do espaço arquitetural que é o resultado do processo.
O espaço de concepção é, portanto, um espaço teórico fictício, de representação e de operações.
Quando se está em sala de aula, geralmente o professor mostra o resultado do projeto arquitetônico. Para a arquiteturologia, no entanto, a questão é saber como se pode levar o estudante a olhar um objeto arquitetônico e perceber a forma em que ele foi concebido, ou seja, compreender as operações de concepção em jogo para que esse objeto pudesse existir.
COMO JÁ FOI REFERENCIADO EM OUTROS ARTIGOS:
PERDIGÃO, A. K. A. V.& BRUNA, G. C. Representações espaciais na concepção arquitetônica. In: IV PROJETAR: Projeto como investigação: ensino, pesquisa e prática. São Paulo: Alter Market, 2009.:
No campo epistemológico, Boudon (2007) aborda a distinção entre espaço arquitetural e espaço de concepção a fim de explicitar categorias de espaço transversais ao ofício da arquitetura abordando processo e produto.