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aula 10 Processo Penal II

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AULA Nº 10 – PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI
PROCESSO PENAL II
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Princípios constitucionais do Tribunal do Júri - Sigilo das Votações e Soberania dos Veredictos. Competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida e crimes conexos. Procedimento Bifásico – Juízo de Admissibilidade (Pronúncia, Impronúncia e Absolvição Sumária) crimes contra a propriedade intelectual.
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Procedimento do Tribunal do Júri
 
Caso concreto da semana 08
 
Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu automóvel tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a discutir asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. 
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Muito assustada, Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do veículo, pois àquela velocidade não seria possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e refutando qualquer possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em razão da velocidade empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas que estavam na calçada, vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e ouvidos Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de dolo eventual, três vezes em concurso formal.
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Realizada Audiência de Instrução e Julgamento e colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos exatos termos da inicial.
Na qualidade de advogado de Caio, chamado aos debater orais, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso: 
a) Qual (is) argumento (s) poderia (m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? 
b) Qual pedido deveria ser realizado? 
c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria ser dirigida?
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Exercício Suplementar da semana 08
 
Assinale a alternativa CORRETA à luz da doutrina referente ao Tribunal do Júri.
a) São princípios que informa o Tribunal do Júri: a plenitude de defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos e a competência exclusiva para julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
b) A natureza jurídica da pronúncia (em que o magistrado se convence da existência material do fato criminoso e de indícios suficientes de autoria) é de decisão interlocutória mista não terminativa;
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c) O rito das ações de competência do Tribunal do Júri se desenvolve em duas fases: judicium causae e judicium accusacionis. O judicium accusacionis se inicia com a intimação das partes para indicação das provas que pretendem produzir e tem fim com o trânsito em julgado da decisão do Tribunal do Júri;
d) Alcançada a etapa decisória do sumário da culpa, o juiz poderá exarar quatro espécies de decisão, a saber: pronúncia, impronúncia, absolvição sumária e condenação.
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1– Introdução 
  
O procedimento do tribunal do júri é aquele aplicável quando o réu é acusado da prática de um crime doloso contra a vida, segundo o art. 5º, XXXVIII, da CF. O dispositivo que o prevê tem natureza de cláusula pétrea, ou seja, o júri não pode ser extinto nem a sua competência pode ser reduzida. Nem através de emenda constitucional isso seria possível, conforme o art. 60, § 4º, do CRFB. 
 
Hoje em dia, a competência do júri abrange os crimes dolosos contra vida (homicídio doloso, induzimento ao suicídio, infanticídio e aborto). 
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É necessário destacar que, em razão das causas de conexão e continência, previstas nos art. 76 e 77, do CPP, outros crimes podem ser atraídos para o júri. É que as causas de conexão e continência fazem com que dois crimes ou dois réus sejam julgados juntos. O art. 78, I, do CPP prevê o júri como foro atrativo. Isso significa que, havendo conexão ou continência, a competência do júri prevalecerá.
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O procedimento do Tribunal do Júri é chamado de escalonado ou bifásico porque é possível dividi-lo em duas grandes fases: juízo da acusação (do oferecimento da denúncia ou queixa até a decisão de pronúncia) e juízo da causa (a partir da decisão de pronúncia até a sentença).
 
Registre-se que Lei 11689/08 alterou radicalmente os arts. 406 a 497 do CPP, que tratam do procedimento aplicado no tribunal do júri.
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2– Síntese do procedimento
 
(a) oferecimento da denúncia ou queixa (art. 41)
 
(b) recebimento da denúncia ou queixa (art. 395)
 
(c) citação (art. 351 a 369)
 
(d) defesa prévia (art. 406)
 
(e) manifestação do MP (art. 409)
 
(f) audiência de instrução (art. 411)
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(f.1) oitiva da vítima
 
(f.2) oitivas das testemunhas de acusação
 
(f.3) oitivas das testemunhas de defesa
 
(f.4) interrogatório
 
(f.5) alegações finais
 
(f.6) opções do juiz
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(f.6.1) pronúncia (art. 413)
 
(f.6.2) impronúncia (art. 414)
 
(f.6.3) absolvição sumária (art. 415)
 
(f.6.4) desclassificação (art. 419)
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(g) preclusão da pronúncia (art. 421)
 
(h) manifestação do MP (art. 422)
 
(i) manifestação da defesa (art. 422)
 
(j) preparo do julgamento (art. 423)
 
(k) inclusão em pauta (art. 429)
 
(l) formação do conselho de sentença (arts. 425, 433, 468 e 469)
 
(m) oitiva da vítima (art. 473)
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(n) oitivas das testemunhas de acusação (art. 473)
 
(o) oitivas das testemunhas de defesa (art. 473)
 
(p) leitura de peças (art. 473, § 3º)
 
(q) interrogatório (art. 474)
 
(r) sustentação da acusação (art. 476)
 
(s) sustentação da defesa (art. 476, § 3º)
 
(t) réplica (art. 476, § 4º)
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(u) tréplica (art. 476, § 4º)
 
(v) sala secreta (art. 485)
 
(w) sentença (art. 492)
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3– Fases do procedimento
  
oferecimento da denúncia ou queixa (art. 41)
(b) recebimento da denúncia ou queixa (art. 395)
(c) citação (arts. 351 a 369)
(d) resposta do réu (art. 406)
(e) manifestação do Ministério Público (art. 409)
  
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O art. 409 do CPP prevê a manifestação do órgão ministerial com relação à resposta do réu, no prazo de cinco dias, antes do início da instrução criminal.
OBS: Apesar de tal manifestação não ser prevista para o procedimento ordinário, a doutrina já está entendendo que o MP deve se manifestar sempre após a resposta do réu, em observação ao contraditório.
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(f) audiência de instrução (art. 411)
(f.1) oitiva da vítima
(f.2) oitivas das testemunhas de acusação
 
 
Podem ser ouvidas até oito testemunhas de acusação indicadas na denúncia ou na queixa, sendo certo que tal número deve ser multiplicado pelo número de crimes e de réus. Também é adotado o sistema do exame cruzado.
  
(f.3) oitivas das testemunhas de defesa
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(f.4) interrogatório
 
(f.5) alegações finais
 
 As alegações finais devem ser apresentadas oralmente. A acusação e a defesa, nesta ordem, terão respectivamente vinte minutos, prorrogáveis por outros dez minutos, conforme o art. 411, § 4º, do CPP.
 
(f.6) opções do juiz
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(f.6) opções do juiz:
 
(f.6.1) pronúncia (art. 413)
 
(f.6.2) impronúncia (art. 414)
 
(f.6.3) absolvição sumária (art. 415)
 
(f.6.4) desclassificação (art. 419)
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(f.6.1) pronúncia (art. 413)
 
 
O art. 413 do CPP exige que o juiz profira a decisão de pronúncia quando se
convencer da existência do crime e de indícios de autoria. A pronúncia se contenta com a prova da materialidade e indícios suficientes de autoria, ou seja, não é necessária a prova cabal. 
 
Para a minoria (Frederico Marques), a pronúncia tem natureza de “sentença de caráter processual” que envia a causa aos jurados. Mas, para a maioria esmagadora, a pronúncia tem natureza de decisão interlocutória mista não terminativa.
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Contra a pronúncia, cabe o recurso em sentido estrito do art. 581, IV, do CPP.
 
Existe uma divergência interessante quanto à pronúncia. É que, às vezes, o réu é acusado de um crime qualificado ou mesmo é acusado da prática de um crime doloso contra a vida e um crime conexo. A questão é a seguinte: se o juiz não reconhecer a presença de indícios com relação à qualificadora ou com relação ao crime conexo, ele poderá pronunciar o réu em parte, excluindo a qualificadora ou o crime conexo?
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(f.6.2) impronúncia (art. 414)
  
O art. 414 do CPP determina que o juiz impronuncie o réu quando não se convencer da materialidade ou de indícios suficientes de autoria.
 
Então, faltando um dos requisitos (materialidade ou indícios de autoria), o juiz julga improcedente o pedido inicial e extingue o processo sem julgamento de mérito. É muito importante perceber que a impronúncia não significa a absolvição do réu. No caso de impronúncia, o juiz apenas conclui que o processo não deve ser levado ao tribunal do júri. 
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Entretanto, o art. 414, parágrafo único, do CPP, autoriza o oferecimento de outra denúncia ou queixa, caso advenham novas provas. Estas provas têm natureza de condição de procedibilidade para o exercício da nova ação. 
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Sendo assim, percebe-se que a impronúncia faz coisa julgada formal, ou seja, não se pode novamente discutir o mérito do conflito naqueles autos, mas é possível que ele seja discutido em outros autos, desde que surjam provas materialmente novas. 
 
A impronúncia tem natureza de decisão interlocutória mista terminativa.
 
Contra a impronúncia, cabe o recurso de apelação, conforme o art. 416 do CPP. 
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O que é a despronúncia? Trata-se de uma impronúncia antecedida por uma pronúncia. De que forma isso ocorre?
 
Quando o juiz profere a decisão de pronúncia, é possível a interposição do recurso em sentido estrito do art. 581, IV, do CPP. O procedimento do recurso em sentido estrito é peculiar porque permite que o juiz, antes de enviar os autos ao tribunal de justiça, possa exercer o juízo de retratação previsto no art. 589 do CPP, ou seja, o juiz pode voltar atrás. Se ele voltar atrás, a questão está resolvida e os autos não vão ao tribunal de justiça. Se ele não voltar atrás, os autos seguem ao tribunal de justiça e o recurso pode ser provido ou não provido. 
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Ocorre, então, a despronúncia nos seguintes casos: 
 
(a) o juiz profere a decisão de pronúncia; é interposto o recurso em sentido estrito; o juiz exerce o juízo de retratação, transformando a pronúncia em despronúncia.
 
(b) o juiz profere a decisão de pronúncia; é interposto o recurso em sentido estrito; o juiz não exerce o juízo de retratação; os autos são enviados ao tribunal de justiça; se o recurso for provido, a pronúncia se transformará em despronúncia.
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(f.6.3) absolvição sumária (art. 415)
  
O art. 415 do CPP prevê as causas de absolvição sumária.
 
Trata-se de verdadeira sentença absolutória, a qual excepciona a competência do tribunal do júri prevista no art. 5º, XXXVIII, da CF, porque o crime doloso contra a vida é julgado pelo juiz-presidente, e não submetido ao conselho de sentença.
 
Isso ocorre nos seguintes casos:
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(a) quando provada a inexistência do fato: é necessário que haja prova cabal da inexistência do fato porque, havendo dúvida, a matéria deve ser submetida ao conselho de sentença.
 
(b) quando provado que o acusado não foi o autor nem o partícipe do crime: também é necessário que haja prova cabal neste sentido; a hipótese é estranha porque o fato imputado ao réu restou comprovado, mas também ficou comprovado que o réu não tem envolvimento com o crime.
 
(c) quando o fato não constitui infração penal.
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(d) quando houver causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade: também é imprescindível que a causa de exclusão esteja plenamente comprovada; se houver dúvida, cabe ao juiz pronunciar o réu e deixar o conselho de sentença julgar.
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Observação: o art. 415, parágrafo único, do CPP, dispõe que não haverá absolvição sumária se o réu for inimputável, salvo se a única tese de defesa for neste sentido; é que, havendo outra tese (por exemplo, negativa de autoria), o réu deverá ser pronunciado, a fim de que tenha chance de não ser submetido à medida de segurança.
 
Contra a absolvição sumária cabe a apelação, a teor do art. 416 do CPP.
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(f.6.4) desclassificação (art. 419)
 
O art. 419 do CPP referes-se à hipótese em que o juiz reconhece a existência de crime distinto daqueles da competência do júri, ou seja, ele entende que não se trata de crime doloso contra a vida.
 
Segundo o art. 419 do CPP, cabe ao juiz encaminhar os autos ao juízo competente, se ele próprio não for o competente. E quando ele continuará competente mesmo após a desclassificação? Quando o CODJERJ determinar.
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Não custa lembrar que o juiz do tribunal do júri, na decisão desclassificatória, apenas deve afastar a sua competência, concluindo que não há indícios quanto ao crime doloso contra a vida. Mas não deve definir com relação a qual crime existe tais indícios. É que tal definição importaria em ato estranho à sua competência. 
 
Para o entendimento majoritário, a decisão que desclassifica a imputação tem natureza de decisão interlocutória simples, mas a minoria (Paulo Rangel) entende que se trata de decisão interlocutória mista não terminativa.
 
Contra a desclassificação, cabe o recurso do art. 581, II, do CPP.
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