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Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto FLOCULAFLOCULAÇÇÃOÃO Professor Francisco Mauricio de Sá Barreto, Dr. barreto@ifce.edu.br Curso: Tecnólogo em Saneamento Ambiental Departamento: Construção Civil Disciplina: Saneamento ISaneamento I Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto 1. Introdução • Uma vez desestabilizadas as partículas coloidais (coagulação), pode-se, em seguida, tratar de reuni-las umas às outras, formando os denominados flocos. � Formação dos flocos: • Manter a água em agitação durante certo tempo, de forma que as partículas desestabilizadas choquem-se entre si. � Processo: 1) Existem, na água em tratamento, muitas partículas desestabilizadas a serem reunidas. Por este motivo, e para propiciar condições favoráveis ao choque entre elas, a agitação é inicialmente intensa (bem menor que na coagulação). Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto 2) Com o passar do tempo, os flocos que se formam como resultado desses choques vão se tornando menos numerosos e mais volumosos. 3) Flocos maiores não resistem a agitações intensas, como as utilizadas no início da floculação: as forças de cisalhamento aí prevalecentes seriam capazes de rompê-los. 4) Por este motivo, a intensidade da agitação vai sendo reduzida com o tempo, e os flocos crescem cada vez mais ao longo do processo. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Coalescência Floculação Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Partículas Choques Agregação Processo Físico (Transporte) Estabilidade do Colóide (Coagulação) Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto � Fundamento: a) Formação de flocos sedimentáveis de suspensões finas através do emprego de coagulantes. b) Finalidade: aumentar as oportunidades de contato entre as impurezas das águas e os flocos que se formam pela reação do AlSO4, pois os flocos até então formados bem como as impurezas ainda dispersas não têm peso suficiente para se sedimentarem por peso próprio. c) Depois da adição do AlSO4, a água chega aos floculadores, onde pode receber polieletrólito (produto químico), ajudando na floculação. 2. Mistura Lenta ou Floculação Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto d) Os flocos formados têm aspecto gelatinoso o que facilita o agregamento de partículas na superfície do floco original. Com esses encontros e ao longo do tempo os flocos aumentam de tamanho (acima de 1 mm de diâmetro) e tornam-se mais sedimentáveis na fase seguinte, a decantação. Assim: A FLOCULAÇÃO é um processo físico no qual as partículas coloidais são colocadas em contato umas com as outras, de modo a permitir o aumento do seu tamanho físico, alterando, desta forma, a sua distribuição granulométrica. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto a) Movimentos ortocinéticos Decorrentes da introdução de energia externa; As partículas são colocadas em contato umas com as outras através do movimento do fluído (presença de gradientes de velocidade). b) Movimentos pericinéticos Decorrem do movimento Browniano e da ação da gravidade, que faz com que as partículas, ao caírem, se choquem e se aglomerem. As partículas coloidais apresentam um movimento aleatório devido ao seu contínuo bombardeamento pelas moléculas de água. A energia propulsora da floculação pericinética é a energia térmica do fluído. 3. Floculação: ortocinética e pericinética Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto a. Velocidade de escoamento (m/s); b. Tempo de detenção (minutos); c. Gradiente de velocidade (s-1). � Velocidade de escoamento: Deve ser maior que 0,10 m/s para evitar a sedimentação de flocos no próprio floculador. Por outro lado não pode ser muito elevada para não quebrar ou romper os flocos já formados. 4. Parâmetros que intervêm no processo Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto � Tempo de detenção: Grandeza fundamental no dimensionamento hidráulico de floculador que depende, inclusive, muito da temperatura da água. Brasil: valores de 15 a 20 minutos. � Gradiente de velocidade: Parâmetro usual no projeto de floculadores e, pode-se empregar as seguintes expressões: agitação hidráulica - G = 3115 (H / t)1/2 agitação mecânica - G = 685 (P/Qt)1/2 Sendo: G = Gradiente (s-1); H = perda de carga (m); t = período de detenção (s); P = potência aplicada, em HP (HP = Cavalo (de potência) = 746 W; Q = vazão (m3/s). Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto • Inicia-se a floculação com muita agitação da água em tratamento (G mais elevados). • Ao longo do floculador, esse grau de agitação (G) vai sendo reduzido. Com isto, os flocos vão crescendo e se tornando mais pesados. • Na saída do floculador, deseja-se obter flocos pesados o suficiente para que a maioria deles possa ser separada da água em tratamento, por sedimentação, no interior dos decantadores. 5. Tipos de Floculadores Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto � Existem, basicamente, duas formas de se efetuar essa agitação: • fazendo com que a água percorra um caminho cheio de mudanças de direção, ou... • introduzindo equipamentos mecânicos, capazes de manter a água em constante agitação. � No primeiro caso, tem-se os floculadores hidráulicos. � No segundo caso, tem-se os floculadores mecanizados. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto � Transcreve-se a seguir alguns itens da referida Norma. • O “t” no tanque de floculação e os G a serem aplicados devem ser determinados por meio de ensaios realizados com a água a ser tratada. • Dependendo do porte da estação e a critério do órgão contratante não sendo possível proceder aos ensaios destinados a determinar o “t” adequado, podem ser adotados valores entre 20 e 30 min., para floculadores hidráulicos, e entre 30 e 40 min, para os mecanizados. • Não sendo realizados ensaios, deve ser previsto G máximo, no primeiro compartimento, de 70s-1 e mínimo, no último, de 10s-1. 6. Disposições da NBR 12216 Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto • A agitação da água pode ser promovida por meios mecânicos ou hidráulicos. • Deve ser previsto dispositivo que possa alterar o G aplicado, ajustando-o às características da água e permitindo variação de pelo menos 20% a mais e a menos do fixado para o compartimento. • Os tanques de floculação devem ser providos de descarga com diâmetro mínimo de 150 mm e fundo com declividade mínima de 1%, na direção desta. • Os tanques de floculação devem apresentar a maior parte da superfície livre exposta, de modo a facilitar o exame do processo. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto 7. Unidades de Floculação I. Floculadores mecanizados • Para esses floculadores, são utilizados normalmente agitadores dotados de paletas ou agitadores do tipo de hélices ou turbinas. • O que se deseja determinar é: a. volume dos compartimentos de floculação; b. gradiente de velocidade em cada um deles. • Volume: V = Q.t onde: V = volume do compartimento; Q = vazão; t = tempo de detenção. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto • Gradiente de velocidade: V PG µ = onde: G = gradiente de velocidade; µ = viscosidade absoluta da água; V = volume do compartimento de floculação; P = potência dissipada na massa líquida. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Agitadores do tipo paleta a) Floculador de paletas de eixo vertical A água coagulada é introduzida numa série de câmaras. No exemplo da figura abaixo, elas são em nº de 4. Floculador mecanizado, do tipo de paletas, de eixo vertical. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Floculador mecanizado, do tipo de paletas, de eixo vertical – perspectiva. Na 1ª delas, o grau de agitação (e, portanto, o G) é mais intenso que na 2ª. Por sua vez, o grau de agitação na2ª câmara (e, portanto, o G) é mais intenso que na 3ª. E, assim, sucessivamente, até a 4ª e última câmara. O G depende da rotação do eixo e das características da paleta: altura, espessura e espaçamento, entre outras. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto b) Floculador de paletas de eixo horizontal • Um floculador desse tipo é mostrado esquematicamente nas figuras a seguir. • A água coagulada é introduzida numa série de câmaras. No exemplo da figura, apenas uma dessas séries é representada. • Em cada uma delas, o G é mais intenso que na seguinte e menos intenso que na anterior. • O G depende da velocidade de rotação do eixo e das características da paleta: altura, espessura e espaçamento, entre outras. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Floculador mecanizado, do tipo de paletas, de eixo horizontal. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Floculador mecanizado, do tipo de paletas, de eixo horizontal – perspectiva. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto • Os eixos são movimentados por conjuntos motor-redutor, normalmente instalados no interior de poços secos, construídos ao lado dos floculadores. • Essa necessidade tem sido apontada por alguns como a principal desvantagem dos floculadores de eixo horizontal. • A utilização de floculadores mecanizados de paletas desse tipo pode ser alternativa interessante em ETA’s de grandes dimensões. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto c) Floculador de paleta única, de eixo vertical • Embora mais raras, algumas ETA’s brasileiras utilizam esse tipo de equipamento. • Um floculador desse tipo é mostrado esquematicamente na Figura abaixo. • A água coagulada é introduzida numa série de câmaras. No exemplo da Figura, elas são em número de três. • Na 1ª delas, o G é mais intenso que na 2ª. • Por sua vez, o G na 2ª câmara é mais intenso que na 3ª. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Floculador mecanizado, do tipo de paleta única, de eixo vertical. O G depende da rotação do eixo e das características da paleta: altura e espessura, entre outras. Os eixos são movimentados por conjuntos motor-redutor, instalados sobre as passarelas do floculador. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Agitadores mecanizados do tipo de paletas. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Figura: Floculador mecanizado de paletas de eixo horizontal. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Fig. - Floculador mecanizado, do tipo de paleta única, de eixo horizontal Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Processo de floculação ETA 3 e 4 - SANASA Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Processo de floculação ETA 3 e 4 - SANASA Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Processo de Floculação ETA - Alto Tiête (SABESP) Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto II. Floculadores Hidráulicos • Constituem o tipo mais numeroso de floculadores, especialmente no caso de pequenas e médias ETA’s. • Diversos tipos de floculadores hidráulicos podem ser encontrados, cada qual com suas vantagens e desvantagens, entre os quais são citados os tipos mais utilizados no Brasil. � Floculador de chicanas • Pode ser de chicanas horizontais ou verticais, (figura). O último tipo é mais comum em estações de pequena capacidade. Embora os dois tipos assegurem maior homogeneidade à mistura da água em tratamento, apresentam como desvantagem o grande número de compartimentos. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Fig. - Floculador de chicanas. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto � Chicanas verticais • São representados esquematicamente na figura abaixo. Fig. - Floculador hidráulico, de chicanas verticais A água percorre o floculador em mov. sucessivamente ascendentes e descendentes. Na figura, a água originaria da câmara nº 1 passa para a câmara nº 2 através de uma passagem situada no fundo. Em seguida, a água passa para a câmara nº 3 através de uma passagem superior. E assim sucessivamente. Observe que a água passa da câmara nº 3 para a câmara nº 4 através de uma passagem inferior. Para evitar que os flocos se depositem no interior das câmaras de floculação (CF) à medida que vão sendo formados, os floculadores de chicanas verticais são projetados para que a velocidade média da água nesses locais não seja inferior a 10 cm/s. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto • As paredes das CF foram construídas de madeira. Mas isto não é obrigatório. Elas podem ser construídas de qualquer outro material que garanta estanqueidade (isto e, a não ocorrência de vazamentos). • Os floculadores de chicanas verticais têm muitas câmaras de floculação. De modo geral, eles têm cerca de quarenta câmaras. Isto tem sido considerado uma desvantagem. De fato, é bem mais fácil limpar e regular floculadores com menor número de câmaras. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Processo de floculação ETA Ribeirão da Estiva - floculador de fluxo vertical. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Processo de floculação ETA Ribeirão da Estiva - floculador de fluxo vertical. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Fig. - Floculador hidráulico de chicanas verticais – ETA Sobral. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Fig. - Floculador hidráulico de chicanas verticais com canal de distribuição – ETA Sobral. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Fig. – detalhe do canal distribuição e da comporta para saída da água floculada para os decantadores – ETA Sobral. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto � Chicanas horizontais • A figura abaixo representa esquematicamente um floculador de chicanas horizontais Fig. - Floculador hidráulico de chicanas horizontais Neste tipo de floculador, a agitação é assegurada pela passagem da água em tratamento por sucessivas mudanças horizontais de direção. Como no caso dos floculadores de chicanas verticais, é desejável que a velocidade média de escoamento da água em seu interior seja superior a 10 cm/s. Para que essa condição seja atendida, de forma que os canais de floculação não resultem muito estreitos, costuma- se construir floculadores de chicanas horizontais somente para o tratamento de vazões mais elevadas. Assim sendo, no caso de vazões menores, é preferível utilizar floculadores de chicanas verticais. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Processo de floculação ETA Duartina (SABESP) floculador de fluxo horizontal. Aula 5: Floculação Prof. Mauricio Barreto Processo de floculação ETA Duartina (SABESP) floculador de fluxo horizontal.
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