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Governança corporativa
Você vai compreender o conceito de Governança e sua diferença em relação à governabilidade, conhecer
dispositivos legais e a evolução das práticas de Governança Corporativa, além de relacionar estratégia
empresarial com ética e valorização das organizações.
Prof. José Antonio da Silva
1. Itens iniciais
Propósito
O estudo da Governança Corporativa é essencial para a formação de profissionais de gestão, pois possibilita
compreender práticas que aumentam o valor das empresas, fortalecem relações entre acionistas e
administradores e integram ética e estratégia empresarial, promovendo transparência e sustentabilidade nos
negócios.
Objetivos
Descrever o conceito de Governança Corporativa.
Identificar as regras e critérios da Lei Sarbanes-Oxley.
Relacionar o conceito de Governança Corporativa com as estratégias empresariais.
Relacionar o conceito de Governança Corporativa com o conceito de ética empresarial.
Introdução
A Governança Corporativa é essencial para o sucesso das organizações. Descreveremos o conceito de
Governança e discutiremos de que modo ela é relevante para as práticas das organizações. Identificaremos o
contexto corporativo que resultou na publicação da Lei Sarbanes-Oxley (SOX), um dos dispositivos legais
americanos cujas regras rígidas influenciaram a adoção da prática de governança corporativa no Brasil e no
mundo. Esclareceremos o conceito e os níveis da Estratégia Empresarial, relacionando-a com o conceito de
Governança Corporativa. Por fim, explicaremos o conceito de ética e como ele se aplica ao ambiente
corporativo.
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1. Conceito de Governança Corporativa
Origem da Governança
Neste vídeo, conheça mais sobre os conceitos fundamentais de governança.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Governança é um termo derivado da palavra governo. Assunto rotineiro nas discussões organizacionais, o
sentido de governança pode ter diferentes abordagens e perspectivas.
A palavra surge, em especial, pelas reflexões do banco mundial (BM), que é uma:
Banco mundial
Com 189 países membros, funcionários de mais de 170 países e escritórios em mais de 130 locais, o
Grupo Banco Mundial é uma parceria global única: cinco instituições que trabalham para soluções
sustentáveis a fim de reduzir a pobreza e gerar prosperidade compartilhada nos países em
desenvolvimento. O Grupo Banco Mundial é uma das maiores fontes de financiamento e conhecimento
do mundo para os países em desenvolvimento.
[...] agência especializada independente do Sistema das Nações Unidas, a maior fonte global de
assistência para o desenvolvimento, proporcionando cerca de US$ 60 bilhões anuais em empréstimos e
doações aos 187 países-membros.
(NAÇÕES UNIDAS BRASIL, s. d., on-line)
Por ser uma agência de fomento, ou seja, de empréstimos, o Banco Mundial impõe contrapartidas aos países
que são financiados com os recursos da instituição. Logo, exigir boas práticas por parte dos governos, de
suas instituições e do mercado privado de uma determinada nação passa a ser um dos requisitos para a
concessão de financiamentos.
Essas boas práticas exigidas correspondem ao sentido da palavra governança.
Governança e Poder
O BM, por meio do relatório Governance and the Law,define governança como:
[...] o processo pelo qual os atores estatais e não estatais interagem para projetar e implementar
políticas dentro de um dado conjunto de regras formais e informais que moldam e são moldadas pelo
poder.
(THE WORLD BANK, 2017, p. 41)
O mesmo relatório conceitua poder como:
Capacidade de grupos e indivíduos para fazerem com que outros ajam segundo seus interesses e para
trazer resultados específicos.
(THE WORLD BANK, 2017, p. 41)
Nota-se que os sentidos de governança e poder estão correlacionados, pois o exercício de persuasão
necessita, minimamente, de uma ação de convencimento.
Nas organizações, o convencimento é produzido por meio da governança, que leva uma determinada
instituição a seguir as diretrizes e as práticas a partir de um discurso que proporciona uma identificação, tanto
emocional quanto racional, por parte dos colaboradores.
A percepção do conceito de Governança difere entre alguns autores, como por exemplo:
A Governança é, portanto, para o campo dos estudos de Gestão, um conjunto de políticas institucionais
(princípios, normas e boas práticas) que conduz as atividades exercidas pelas organizações, desdobrando-se
em todos os seus níveis (operacional, tático e estratégico).
Governança versus Governabilidade
A governança, em muitos momentos, é confundida com o termo governabilidade. Mas elas possuem
diferenças fundamentais.
Sobre a governabilidade, podemos afirmar que sua existência depende das condições de sustentação
(apoios) de um poder de mando e de decisão.
Tipos de Governança
Neste vídeo, conheça mais sobre os tipos de governança.
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Podemos classificar os tipos de Governança Corporativa de acordo com dois parâmetros:
Atividades e funções
A partir das atividades que exerce e das funções que deve cumprir, uma organização adota diferentes tipos de
governança, caracterizados a seguir:
Sustentabilidade
Governança cujos princípios norteadores são de proteção, tanto do negócio como dos impactos que a
organização pode provocar no meio ambiente.
Percepção de Costa (2017, p. 332)
O conceito de Governança está associado a
mudanças nos processos e estruturas por
meio dos quais a sociedade é gerida,
envolvendo a redefinição de limites entre
governos e organizações privadas com ou
sem fins lucrativos.
Percepção de Groenewegen (2004, p.
353)
O conceito de Governança diz respeito
às instituições que influenciam como
as corporações alocam recursos e
retornos.
Governança
Trata da adoção de boas práticas com o
público interno e externo à organização no
intuito de executar cada vez melhor sua
missão. Tem caráter filosófico e de princípios.
Governabilidade
Corresponde à legitimidade e
estabilidade de um grupo para dirigir
uma determinada organização. Tem
vinculação direta com a política de
sustentação de presidentes de
companhias ou de executivos dos mais
diversos ramos organizacionais/
empresariais.
Comunitária
Ações de governança que consideram os impactos nas zonas urbanas, rurais e periféricas das áreas
geográficas sobre as quais estão as empresas e suas filiais.
Tecnologia da informação
Segundo Akabane (2012, p. 53), corresponde à governança que avalia e orienta a utilização da TI para
apoiar a organização, monitorando seu uso para alcançar os resultados planejados.
Legal
Governança estabelecida com a finalidade de adotar, com o máximo rigor possível, as exigências
advindas do arcabouço jurídico (leis, decretos e normas advindas do Poder Público).
Contábil
Definição de governança que zela pela autenticidade e pela fidedignidade das informações prestadas
pela organização ao seu público.
Finalidade da organização
Conforme a finalidade das organizações, a Governança se subdivide em:
Governança Pública
Complexo de ações e processos que
estabelecem as diretrizes (políticas, costumes,
culturas) numa organização administrada direta
ou indiretamente pelo Estado.
Governança Corporativa
Ações e princípios adotados no âmbito das
entidades privadas, em especial as empresas.
Secchi (2011), baseado na concepção adotada por Kooiman (1993) e Richards e Smith (2002), afirma que a
Governança Pública é a forma de interação horizontal entre atores estatais e não estatais no processo de
construção de políticas públicas. Ou seja, a Governança Pública representa os princípios pelos quais as
diversas instituições do Estado se estruturam, apontando por qual filosofia se relacionam com seu público, em
especial, neste caso, externo.
Na Governança Corporativa tem-se a direção que uma instituição privada almeja seguir para o alcance dos
resultados: nesse caso, o lucro e o retorno para os acionistas. Na Governança Pública tem-se o mesmo
intento, mas espera-se que os resultados culminem no bem
comum, que pode ser traduzido na adequada
prestação de serviços à população.
Princípios da boa Governança
Neste vídeo, conheça mais sobre os princípios de governança corporativa.
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A Governança Corporativa foi introduzida no Brasil por influência do Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC).
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
É uma organização sem fins lucrativos e principal referência do Brasil para o desenvolvimento das
melhores práticas da chamada Governança Corporativa (IBGC, 2019).
Embora a literatura aponte para a existência de sete princípios norteadores da boa governança, pela
relevância do IBGC para a prática da governança no Brasil, apresentaremos e detalharemos os quatro
princípios básicos fundamentais, definidos pelo instituto, para a boa governança corporativa:
Sete princípios norteadores da boa governança
Participação; Estado de Direito; Transparência; Responsabilidade; Orientação por consenso; Igualdade e
inclusividade; Efetividade e eficiência.
Equidade
Definição do IBGC: caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais
partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades,
interesses e expectativas.
A ideia de Equidade compreende tratar de modo igualitário todos os envolvidos no processo
empresarial, ou seja, colaboradores internos, colaboradores externos, clientes, fornecedores,
investidores, concorrentes, empresas parceiras, comunidade, governo, sindicatos e entidades de
classes. Esse grupo abrangente com o qual as organizações têm de lidar chama-se stakeholders.
Naturalmente, lidar com um grupo tão ampliado gera para as organizações um grande esforço para
conseguir ser isonômica, ou seja, proporcionar para todos direitos e deveres iguais, no âmbito da
relação direta com o negócio. Essa habilidade é fundamental para que se efetive uma boa governança
corporativa e, ao mesmo tempo, representa um desafio, uma vez que cada um desses stakeholders
têm necessidades diferentes e, às vezes, exigem tomadas de decisão que contrariam um ou outro
grupo interessado.
Prestação de contas
Definição do IBGC: os agentes de governança devem prestar contas de sua ação de modo claro,
conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e de
suas omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis.
O princípio de Prestação de Contas, ou Accountability, em inglês, impõe à Governança Corporativa de
uma organização que ela reúna todos os recursos necessários a fim de impedir perdas para aqueles
que realizaram aportes de capital na empresa. A atenção com os recursos, que são advindos de
terceiros e precisam ser adequadamente investidos, representa a maneira ideal de se prestar contas:
alocando bem o capital da empresa. Esse princípio abrange, ainda, demonstrar aos interessados
todos os esforços financeiros e não financeiros que a organização tem feito para gerar os melhores
resultados.
Responsabilidade corporativa
Definição do IBGC: os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das
organizações, reduzir as externalidades negativas dos negócios e das operações e aumentar as
positivas, levando em consideração, no modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro,
manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional etc.) no curto, médio e longo
prazos.
O princípio da Responsabilidade Corporativa diz respeito à capacidade da organização em responder
pelos próprios atos. Os atos da empresa geram alguma consequência e é missão desta ser hábil em
responder pelas próprias ações que, em alguns momentos, serão assertivas e, em outros, não.
Transparência
Definição do IBGC: consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações
que sejam do seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos.
Não deve se restringir ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais
fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que condizem à preservação e à
otimização do valor da organização.
A palavra transparência, no âmbito da Governança, pode ser compreendida por uma infinidade de
possibilidades, relacionando-se, na maioria das vezes, às ações da organização caracterizadas pela
nitidez de suas práticas e de suas diretrizes.
O Dicionário Houaiss (2018) define transparência como a qualidade ou condição do que é
transparente. Ele menciona também alguns dos sinônimos do termo: claridade, cristalinidade,
diafaneidade, evidência, limpidez, nitidez, perspicuidade, pureza, translucidez, transluzimento.
Para as empresas, a transparência remete à disponibilização de informações de modo claro, quer
sejam elas obrigatórias (como as demonstrações contábeis), quer sejam não obrigatórias (como as
políticas de promoção de um colaborador dentro da instituição).
A transparência não está assentada apenas nas questões contábeis, econômicas e financeiras, mas
contempla a nitidez das políticas institucionais que demarcam o processo de gestão, contribuindo
para a criação de valor dentro e fora da organização e conduzindo todos os stakeholders a confiarem
e se dedicarem à instituição.
O conceito de transparência passou a ganhar cada vez mais relevância a partir dos anos 1980, nos
Estados Unidos. Ainda que tenha sido o berço da Administração moderna, muitas práticas adequadas
de hoje – como a própria ideia de governança – surgiram dos problemas de falta de transparência
enfrentados no contexto americano no período antecedente aos anos 1990.
Práticas de Governança Corporativa
Neste vídeo, conheça mais sobre as práticas de governança corporativa.
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Nas empresas, cujo fundamento basilar é auferir lucros, a adoção da Governança Corporativa indica que essas
organizações – embora almejem obter recompensas financeiras advindas do processo de produção/serviço –
também têm preocupações com outros fatores que ultrapassam o ganhar dinheiro.
É necessário reavivarmos a ideia da estrutura básica das empresas (níveis administrativos), representados a
seguir, para que entendamos em que nível a governança corporativa é formulada.
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abaixo.
Como vimos, a estrutura básica de uma organização é formada por três níveis administrativos:
Nível operacional
Corresponde ao nível de supervisão e são
necessárias habilidades técnicas para sua
execução. É nesse local que estão os níveis de
supervisão e o pessoal de execução.
Nível intermediário (ou tático)
Corresponde ao nível de gerência, pelo qual se
faz a comunicação entre o nível operacional e o
institucional.
Nível institucional (ou estratégico)
Engloba a alta direção, que deve ter habilidades
conceituais. O nível conceitual, como o próprio
nome diz, é aquele que corresponde aos
elaboradores das políticas da organização,
definindo a filosofia adotada por ela.
Por analogia, a adoção ou não de uma efetiva Governança Corporativa perpassa pelos mesmos atores que, se
conscientes de sua importância, buscarão harmonizar a atividade empresarial, e sua finalidade (o lucro), com
os princípios norteadores da boa governança, adicionando os valores monetário e ético às ações da
organização.
Atenção
A Governança Corporativa tem significativa relevância nas organizações, pois permite a adoção de
princípios éticos nas ações destas. Esses princípios acrescentam valor (tangível e intangível) ao negócio,
uma vez que a sociedade tem exigido cada vez mais empresas comprometidas com boas práticas nos
níveis humano e financeiro bem como em toda a cadeia de operação.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Qual dos conceitos apresentados a seguir melhor representa o significado da palavra governança?
A É a capacidade da organização em responder pelos próprios atos.
B
A disponibilização de informações
de modo claro, quer sejam elas obrigatórias (como as demonstrações
contábeis), quer sejam não obrigatórias (como as políticas de promoção de um colaborador dentro da
instituição).
C
O conjunto de princípios, normas e boas práticas que conduzem as atividades desempenhadas pelas
organizações, desdobrando-se em todos os seus níveis.
D A reunião de todos os recursos necessários a fim de impedir perdas para aqueles que realizaram
aportes de capital na empresa.
E O modo igualitário pelo qual são tratados todos os envolvidos no processo empresarial, ou seja, os
stakeholders.
A alternativa C está correta.
Você reconheceu que a Governança tem relação com instituições que influenciam como as corporações
alocam recursos e retornos. Trata-se, pois, de políticas institucionais que conduzem as ações corporativas,
desdobrando-se nos níveis operacional, tático e estratégico das empresas.
Questão 2
Acerca dos temas apresentados, analise as afirmativas a seguir:
I. As boas práticas por parte dos governos, de suas instituições e do mercado privado de uma determinada
nação fazem parte dos requisitos impostos pelo Banco Mundial para a concessão de financiamentos.
II. A governabilidade corresponde à legitimidade e à estabilidade de um grupo para dirigir uma determinada
organização.
III.A governança Corporativa corresponde à legitimidade e estabilidade de um grupo para dirigir uma
determinada organização.
Assinale a alternativa que apresenta a resposta correta:
A Apenas a afirmativa I está correta.
B As afirmativas I e II estão corretas.
C As afirmativas II e III estão corretas.
D As afirmativas I e III estão corretas.
E Todas as afirmativas estão corretas.
A alternativa B está correta.
Como vimos, o Banco Mundial é uma das maiores fontes de financiamento e conhecimento para países em
desenvolvimento. As boas práticas exigidas como requisitos para a concessão dos financiamentos
oferecidos pelo BM correspondem ao conceito de Governança.
2. Regras e critérios da Lei Sarbanes-Oxley
Contexto
A Lei Sarbanes-Oxley (SOX) é um dos dispositivos legais americanos cujas regras rígidas influenciaram a
adoção da prática de governança corporativa no Brasil e no mundo.
Na visão das autoras Oliveira e Linhares (2007), os condicionantes para a criação da referida lei foram:
Crises de credibilidade enfrentadas pelo mercado de capitais norte-americano.
Frequentes fraudes corporativas.
Falta de transparência das organizações.
Manipulação dos balanços.
A Lei Sarbanes-Oxley (SOX) é um importante instrumento legal que busca inibir práticas que
prejudiquem a credibilidade das informações apresentadas pelas empresas norte-americanas, assim
como naquelas que registram ações nas bolsas de valores situadas nos Estados Unidos.
Vejamos quais eventos impulsionaram a criação da Lei Sarbanes-Oxley:
Evento 1
No final do ano de 2001, diversas fraudes foram verificadas, principalmente
as ocorridas nas empresas enron e arthur andersen. Ambas surpreenderam o
mercado após vir à tona que os excepcionais lucros apresentados nos
registros contábeis dos anos anteriores eram, na verdade, resultado de
fraudes.
Evento 2
A descoberta das fraudes abalou a economia dos Estados Unidos e
despertou o alerta sobre o futuro do país, pois o prejuízo econômico poderia
ser ainda maior caso ações desse tipo continuassem a ser negociadas em um
ambiente tão globalizado, devido ao grande impacto no sistema econômico
mundial.
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Evento 3
Surgiu a necessidade de uma solução para que as empresas que
mantivessem relações financeiras em território norte-americano fossem
vistas pelo mercado geral, especialmente pelos investidores, como
organizações confiáveis nas quais investir. Isso pela necessidade cada vez
mais valorizada de se garantir, no ambiente empresarial, a transparência
necessária às relações entre os investidores, os executivos e a sociedade.
Evento 4
Em 2002, os senadores norte-americanos Paul Sarbanes e Michael Oxley
propuseram a normatização de regras que resultassem em mais
confiabilidade no mercado financeiro, estabelecendo severas punições
àqueles que não se adequassem às determinações. A proposta foi convertida
em lei, sendo batizada posteriormente com o nome de seus idealizadores.
A lei foi formalizada para proteger os acionistas e a sociedade contra as fraudes verificadas no final do ano
2001.
Saiba mais
A Enron, até o final de 2001, era considerada uma potência empresarial do ramo energético mundial,
sendo a sétima no ranking de maiores empresas dos Estados Unidos. Logo após a divulgação da
concordata, o Congresso Americano iniciou a análise da falência do grupo, quando detectou uma dívida
de 22 bilhões de dólares, aproximadamente. Dado esse montante e a importância global da empresa,
esta foi a falência mais importante da história empresarial americana. Segundo Carvalho (2004), pela
amplitude e solidez da imagem da empresa, os analistas de mercado experientes não foram capazes de
identificar antecipadamente qualquer motivo que abalasse a confiança dos investidores, uma vez que as
informações prestadas não revelavam as manobras contábeis e mascaravam a real situação financeira
da corporação. A empresa de auditoria Arthur Andersen checava os dados financeiros divulgados pela
Enron. Até o escândalo eclodir, ela ocupava um lugar de prestígio e credibilidade no mercado global,
sendo uma das cinco maiores do ramo. Ela foi condenada pelo Tribunal Federal americano por fraude
contábil e obstrução de justiça, dada a destruição de documentos. Mesmo após a absolvição no
processo judicial, ela não resistiu à perda de valor e ao custo de imagem resultantes das perdas
financeiras dos acionistas.
Regras e critérios da Lei Sarbanes-Oxley
De acordo com Oliveira (2006), a SOX buscou reparar a perda da credibilidade pública dos líderes
empresariais dos Estados Unidos, além de destacar, novamente, a necessidade do cumprimento de
parâmetros éticos para a confecção e a divulgação das informações contábeis.
A SOX teve como propósito proteger os investidores por meio da divulgação de demonstrações financeiras
mais precisas e confiáveis, evitando a possível fuga dos investidores financeiros para outros países, pois eles
poderiam não estar seguros sobre a qualidade e a credibilidade das ações de governança corporativa
praticadas pelas empresas.
Segundo Defond e Francis (2005), por causa da SOX, todas as empresas que negociam ações nas bolsas dos
Estados Unidos devem seguir, detalhadamente, diversas obrigações, entre as quais se destacam:
Implementar reformas que garantam a governança corporativa e a divulgação de informações
contábeis confiáveis.
Determinar que, dentro de sua administração, a empresa garantirá o controle dos seus processos.
Garantir a transparência em suas relações de mercado.
Evidenciar em auditoria, por meio de amostragem aleatória e mecanismos confiáveis, que os seus
processos estão sendo executados conforme planejado anteriormente.
Criar comitês para supervisionar as atividades e garantir mais independência na atuação da auditoria
externa, resultando em mudanças, como: determinação da qualidade do serviço e aumento em mais de
50% dos honorários da auditoria, visando à diminuição dos conflitos de interesses entre a
administração e a empresa de auditoria.
Atenção
A atividade de auditoria passou a ser autorregulada e supervisionada pela Comissão de Valores
Mobiliários dos Estados Unidos (Securities and Exchange Commission – SEC), a qual teve a atividade
controlada diretamente por uma agência quase governamental: o Conselho de Supervisão de
Contabilidade de Companhias Abertas (Public Company Accounting Oversight Board – PCAOB).
(DEFOND e FRANCIS, 2005)
No que se refere à criação e à composição dos comitês de auditorias que a SOX estabeleceu, devem ser
atendidos os seguintes critérios (IBGC, 2017):
Todas as empresas devem ter um comitê composto inteiramente por membros independentes da
administração.
Deve conter, no mínimo, um especialista em finanças (financial expert) e, caso não possua, explicar o
motivo.
O comitê é o responsável pela nomeação da empresa de auditoria externa.
Devem ser assegurados todos os requisitos para o cumprimento da independência dos auditores
externos.
Devem ser discutidas com os auditores as questões que tenham impacto nas demonstrações
financeiras.
A empresa deve ter um consultor externo e outros consultores que o comitê julgar necessário para
cumprir as obrigações legais.
O comitê deve implementar procedimentos para receber e investigar queixas de empregados sobre as
práticas e políticas contábeis.
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Atenção
Se qualquer uma das regras for descumprida, graves implicações poderão acometer as empresas, como
também seus dirigentes máximos. Existe, inclusive, a possibilidade de responsabilização penal do
presidente e da diretoria da instituição ou o pagamento de elevadas multas devido à publicação de
informações não condizentes com a verdade.
Contribuições da Lei Sarbanes-Oxley
Até aqui você já conseguiu compreender o verdadeiro objetivo da Lei Sarbanes-Oxley?
O objetivo da SOX é recuperar a credibilidade da informação contábil, além de ampliar o custo de litígio e o
grau de governança corporativa para minimizar os riscos dos negócios e garantir a transparência dos
resultados contábeis das companhias.
Para Machado (2008 apud Contezini; Beuren, 2012), a SOX funciona como um pacote de reformas para a
ampliação da responsabilidade dos executivos, o aumento da transparência, a garantia da independência do
trabalho dos auditores, a introdução de regras no trabalho destes e a redução dos conflitos de interesses dos
analistas de investimentos. Ela amplia substancialmente as penalidades por fraudes e crimes de colarinho
branco.
A SOX também influenciou a gestão pública, pois empresas que detêm a maioria das ações com propriedade
do Estado brasileiro (como é o caso da Petrobras e suas subsidiárias) devem obedecer às regras
estabelecidas pela lei norte-americana, pois possuem ações listadas nas bolsas de valores daquele país.
Após a crise Enron, os benefícios da boa governança se tornaram mais claros, possibilitando o
desenvolvimento desta no mundo corporativo.
Segundo o IBGC (2004), a governança corporativa adequada passou a ser buscada para permitir o
alinhamento favorável dos interesses dos acionistas e dos gestores, além de ter a finalidade de
aumentar o valor da organização, facilitar o acesso ao capital e contribuir com a relação de longo
prazo.
Evolução das Práticas de Governança Corporativa
A implementação da política
eficaz de governança
corporativa busca alterar o
cenário de insegurança no
mercado financeiro,
caracterizado pela renda
variável dos investidores,
para um ambiente capaz de
atrair recursos, graças à
confiabilidade das
informações apresentadas,
resultando em benefícios
para todos os envolvidos na
negociação.
A governança corporativa destaca a
relevância das funções desempenhadas
pelo conselho de administração, dos
executivos e da administração das
empresas, pois estes devem ter como
propósito a definição de regras de
conduta e responsabilidades claras. Por
meio de instrumentos de monitoramento
e controle, a governança garante a
proteção dos acionistas e credores, de
forma que eles não sejam prejudicados
pelos membros da organização
(SHLEIFER; VISHNY, 1997).
Veja a seguir como as práticas de Governança Corporativa foram evoluindo com o tempo.
1929
Quebra da bolsa de Nova York
Nos Estados Unidos, a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, resultou
na criação do Securities and Exchange Commission (SEC), órgão
equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil. As
fraudes apuradas nos registros de títulos em 1929, associadas à
exagerada liberdade de contratos privados, resultaram na mudança de
postura e na adoção de um modelo mais contratualista nos Estados
Unidos.
Pela SEC, os norte-americanos reconheceram o grau de importância que
a regulação tem sobre as relações contratuais. Já no Brasil, durante
muito tempo, o país era reconhecido como um mercado atrativo para
capitais de curto prazo, com alta liquidez, atraindo investidores pouco
preocupados com questões ligadas a dividendos, lucros, conselhos de
administração e fatores dessa natureza.
1980
O termo ganha notoriedade em diferentes áreas de estudo
A Governança Corporativa tem recebido mais destaque após o aumento
dos debates há cerca de três décadas. 0 termo ganhou mais notoriedade
no campo da Administração de Empresas, no início dos anos 1980, sendo
também abordado nas áreas de Contabilidade, Direito, Economia e
Finanças, gerando interesse tanto no âmbito acadêmico como no
empresarial.
O marco histórico da utilização do termo é impreciso, porém se pode
perceber o gradual amadurecimento e a percepção da necessidade de
sua prática nos últimos anos, sendo a sua adoção obrigatória e
extremamente esperada no mundo organizacional atualmente.
2000
Bovespa desenvolve níveis de Governança
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desenvolveu, no fim dos anos
2000, níveis diferenciados de governança corporativa. Os critérios de
adesão buscam reduzir a diferença entre as informações dos investidores
e aquelas prestadas pelas empresas participantes desses grupos. O
objetivo do escalonamento é aumentar a transparência das informações
divulgadas e diminuir o custo de captação de recursos no mercado.
A importância prática verificada pelos países para garantir a
confiabilidade das informações prestadas pelas empresas levou à criação
de códigos nacionais próprios, com base nos princípios e melhores
práticas de governança corporativa discutidas e orientadas pela OCDE
(Organisation for Economic Co-operation and Development) (ALMEIDA,
2010).
2001
Criação da Lei n° 10.303
Em 2001, o Brasil promulgou a Lei n° 10.303, que propicia aos acionistas
minoritários a redução de riscos e a maximização das participações
destes no controle das empresas. A motivação principal era contribuir
para que o mercado de capitais brasileiro diminuísse a concentração
acionária, estimulando o pequeno investidor. Foram adotadas, para isso,
práticas essenciais de governança corporativa, que contribuíram para o
tratamento igualitário dos acionistas.
As mudanças resultantes da adoção da nova lei, assim como as medidas
adotadas pelos órgãos reguladores do mercado (Bovespa, CVM e Banco
Central do Brasil - BC), permitem que o mercado de ações brasileiro
avance na prática de governança corporativa. Esse cenário vai ao
encontro da expectativa mínima dos investidores, que é preferir a compra
de ações de empresas com maior grau de maturidade de governança,
pois isso resulta em menor risco ao capital investido.
De acordo com Vieira e Mendes (2004), entre as inovações resultantes
da nova legislação brasileira para empresas do tipo Sociedades por
Ações (S.A.) estão:
A adoção de novas regras para assento em conselho;
O refinamento de questões de custódia;
O limite de emissão de ações preferenciais em relação às
ordinárias;
A utilização da arbitragem como mecanismo para a solução de
divergências entre os controladores e os acionistas minoritários,
dentre outras.
Outra novidade da lei foi o chamado tag-along, que nada mais é do que o
direito que o acionista tem de vender as suas ações com direito a voto
por valor igual ou superior a 80% da quantia que pagou por elas, mesmo
não fazendo parte do bloco de controle da empresa (BRASIL, 2001, artigo
254-A).
Como vimos, as práticas de Governança evoluíram bastante desde a quebra da Bolsa de Nova York. No
entanto, os padrões de Governança Corporativa adotados diferem em alguns países.
Desenvolvimento da Governança corporativa
Neste vídeo, conheça mais sobre o desenvolvimento da governança corporativa.
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Brasil X Estados Unidos X Europa
Os instrumentos brasileiros de governança têm evoluído fundamentalmente com concentração na relação
entre os administradores e os acionistas, fato que demonstra similaridade com o modelo de governança
norte-americano. Já na Europa,
o padrão de governança corporativa é o que expande a relação acionistas-
gestores e inclui outros membros do processo empresarial, como: empregados, fornecedores e clientes.
Desenvolvimento da Governança corporativa no Brasil
Neste vídeo, conheça mais sobre o desenvolvimento da governança corporativa no Brasil.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
A Lei Sarbanes-Oxley foi assinada em 30 de julho de 2002, nos Estados Unidos. As afirmativas a seguir dizem
respeito a ela, à exceção de uma. Assinale-a.
A
Para supervisionar os processos de auditoria das empresas sujeitas à lei, foi criado um conselho de
auditores de companhias abertas, com a missão de estabelecer as normas de auditoria, o controle de
qualidade e a ética.
BOs conselhos de administração são explicitamente responsáveis por estabelecer e monitorar a eficácia
dos controles internos em relação aos relatórios financeiros e à divulgação de informações.
C As penalidades pelo descumprimento da lei são multas em dinheiro e/ou reclusão.
D
As empresas de auditoria passaram a ter menor independência e menor grau de responsabilidade,
atributos que são transferidos para os diretores das empresas.
E É aplicada às empresas norte-americanas e estrangeiras, desde que tenham ações registradas nas
bolsas de valores dos Estados Unidos.
A alternativa D está correta.
Você compreendeu que com a SOX, as empresas de auditoria tornam-se mais independentes, pois estão
entre as reformas da lei:
Todas as empresas devem ter um comitê composto inteiramente por membros independentes da
administração;
Devem ser assegurados todos os requisitos para o cumprimento da independência dos auditores
externos;
A empresa deve ter um consultor externo e outros consultores que o comitê julgar necessário para
cumprir as obrigações legais;
O comitê deve implementar procedimentos para receber e investigar queixas de empregados sobre
as práticas e políticas contábeis.
Questão 2
A denominada Lei Sarbanes-Oxley nasceu como fruto dos escândalos ocorridos no mercado de capitais,
especialmente após o caso Enron. Ela é considerada uma lei que regulamenta os controles corporativos para
melhorar a governança e tem como princípio fundamental:
A Percepção
B Transparência
C Legalidade
D Negociação em bolsas de valores
E Aumento de valor de mercado
•
•
•
•
A alternativa B está correta.
Você entendeu que por causa da SOX, todas as empresas que negociam ações nas bolsas norte-
americanas devem seguir, detalhadamente, diversas obrigações, de forma a garantir a transparência em
suas relações de mercado.
3. Governança Corporativa com as estratégias empresariais
Conceito de estratégia empresarial
Antes de relacionarmos as práticas de Governança Corporativa com asestratégias empresariais,precisamos
entender o conceito de estratégia. Afinal, um dos principais aspectos da área de Gestão é conhecer os níveis
de abrangência existentes para a execução da estratégia organizacional.
A área da Estratégia é conhecida no campo da Administração como sendo de significativa amplitude de
abordagens. A palavra estratégia tem significados diferentes conforme o contexto em que é tratada:
Corporativo
No ambiente empresarial, podemos conceituar estratégia como:
Planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a
missão e os objetivos da organização ou como o padrão ou plano que integra
as principais metas, políticas e sequências de ação de uma organização em
um todo coerente.
Acadêmico
No ambiente acadêmico, o principal expoente em temas vinculados à
Administração Estratégica é Michael Porter. A definição dele de estratégia é a
criação de uma posição única e valiosa, envolvendo um conjunto diferente de
atividades (PORTER, 1996, p. 68).
Informal
Quando a estratégia é um assunto tratado em uma circunstância comum,
podemos entendê-la como sendo "um plano, ou algo equivalente – uma
direção, um guia ou curso de ação para o futuro, um caminho para ir daqui
até ali". De forma resumida, e buscando unificar os pontos incomuns das
diferentes visões, estratégia pode ser aquilo que representa um "padrão, isto
é, consistência em comportamento ao longo do tempo" (MINTZBERG;
ASHLSTRAND; LAMPEL, 2004, p. 34).
Percebemos que, apesar de perspectivas diversas, a estratégia tem uma abrangência familiar às nossas
atividades diárias. Vimos também que, na maioria das definições, há recorrência das palavras plano e padrão.
E isso não é à toa.
Para que as ações desejadas sejam materializadas e alcancem metas, é necessária a utilização de uma
ferramenta: o planejamento. Caso contrário, a organização – ou as próprias ambições pessoais – estaria
fadada ao insucesso. Assim, esse instrumento passa a ter abrangências diferentes, porém todas devem estar
em sintonia estratégica.
Níveis de estratégia das organizações
Os níveis, ou abrangências, verificadas nas organizações são:
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abaixo.
É do nível estratégico que trataremos com profundidade a partir de agora, pois é nele que acontecem as
deliberações para a efetivação da governança corporativa, como veremos mais adiante.
Governança Corporativa e Planejamento Estratégico
Segundo Maximiano (2012), o planejamento estratégico é o processo de elaborar uma estratégia. Ou seja, é o
meio de colocá-la em prática. Nessa etapa, pensando nas ações de longo prazo, a organização define a
missão, a visão e os valores que servirão como bússolas que orientarão as estratégias para o atingimento dos
resultados almejados.
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abaixo.
A necessidade de definir a missão, a visão e os valores de um negócio independe do tamanho ou finalidade
que ele tenha. Esses conceitos estratégicos devem ser estabelecidos por qualquer organização que almeje
resultados, sejam eles:
Lucro
No caso das empresas privadas de qualquer
porte.
De interesse público
No caso dos órgãos públicos em geral.
De interesse social
No caso de organizações sem fins lucrativos.
Exemplo
A Natura, uma empresa brasileira que atua no setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos e no
segmento da venda direta desde 1969. Para ela, a razão de ser (a missão) é: "Contribuir positivamente
para o desenvolvimento humano e social de nossa rede de relações e fomentar ações de educação e
empreendedorismo por meio de plataformas colaborativas" (NATURA, 2014, p. 23). No planejamento
estratégico da empresa, confeccionado em novembro de 2014 e vigente até 2020, a visão é: "ampliar a
visibilidade e transparência das práticas de condução de nossos negócios e reportar de forma integrada
nossos resultados e impactos" (NATURA, 2014, p. 79). Os valores defendidos pela organização são "a
promoção do desenvolvimento sustentável, a criação de produtos e conceitos que promovam o
bemestarbem e a forte conexão que a Natura mantém com sua rede de relações" (NATURA, 2014, p. 5).
Quando uma organização declara a missão, esta também deve incorporar as demandas dos stakeholders no
processo de tomada de decisões estratégicas da empresa. Dado que os objetivos deles tendem a ser
conflitantes, ao expor a razão pela qual ela existe, tornará pública a prioridade da alta direção e,
consequentemente, ficará próxima do grupo que julga ter prioridade em relação aos demais.
Para minimizar os conflitos que resultarão da postura adotada pela organização, uma das possibilidades é
estabelecer a representação dos diferentes grupos na estratégia da empresa. Temos, assim, a governança
corporativa interagindo com o planejamento estratégico, uma vez que, para garantir que os representantes
ajam de maneira convergente com os interesses dos representados, o planejamento deve prever mecanismos
de governança.
Um exemplo de mecanismo bastante conhecido é o conselho de administração.
As cinco forças de Porter
Neste vídeo, conheça mais sobre as cinco forças de Porter.
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Análise SWOT
As definições da organização sustentarão a base das ações seguintes do planejamento estratégico, que
também precisarão incluir a análise do ambiente no qual a empresa está inserida. O mapeamento dos cenários
deve levar em consideração tanto o âmbito interno quanto o âmbito externo.
Essa análise é conhecida pela sigla em inglês:
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abaixo.
Em português, as iniciais dos mesmos aspectos citados resultam na sigla FOFA.
Essas siglas (SWOT e FOFA) representam dados importantes mapeados pela organização, a saber:
Forças
Elementos de excelência da instituição, quando
esta se compara com os concorrentes.
Fraquezas
Desvantagens competitivas identificadas após
a comparação com as demais organizações.
Oportunidades
Aspectos favoráveis que podem tornar a
empresa vantajosa. Ou seja, tudo que, apesar
de não ter sido gerado pela empresa, pode
contribuir potencialmente para o crescimento
dela.
Ameaças
Cenários alheios à organização que podem
trazer algum tipo de risco ou dano para ela.
Quando o mapeamento desses elementos é realizado, a efetivação da análise SWOT se dá ao cruzar as
informações em quadrantes (cada um representando um item), resultando no delineamento das estratégias
que devem ser adotadas pela instituição, tal como demonstrado a seguir:
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abaixo.
Modelo de matriz SWOT.
Atenção
A análise SWOT é uma ferramenta de gestão fundamental para a realização da análise ambiental, sendo
a base do planejamento estratégico das organizações. Esse instrumento simples tem como objetivo
definir o posicionamento estratégico da instituição no ambiente (interno e externo) em que ela atua.
Matriz de Ansoff
Neste vídeo, conheça mais sobre a Matriz de Ansoff.
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Valor Público
A estruturação do planejamento estratégico cabe (e deve ser realizada) por organizações com diferentes
finalidades: públicas, privadas, sem fins lucrativos, independentemente do porte e da quantidade de recursos
disponíveis.
Nas organizações públicas, o órgão deve imprimir esforço na obtenção do chamado valor público. Esse
conceito está presente na obra de Moore (2002), sendo, de forma resumida, o valor que determinado serviço
público gerará nos indivíduos e cidadãos-clientes. Esse valor é gerado por meio de "produção ou prestação
eficiente de um serviço e distribuição igualitária de privilégios e encargos" (TEIXEIRA, 2012, p. 11). Tais
objetivos devem estar presentes na estratégia dos órgãos públicos, pois todos os dias essas organizações
utilizam recursos (públicos) que devem produzir consequências objetivas e concretas para a sociedade.
A comprovação dos resultados é fundamental para que a legitimidade e a liderança das ações dos
gerentes públicos estejam asseguradas, assim como as da própria organização governamental.
Esses resultados não podem se limitar ao método de execução do trabalho, cabendo ao gestor, que busca
acrescentar valor público ao órgão, utilizar a imaginação gerencial para potencializar e produzir novos
produtos para a sociedade. Nesse sentido, Teixeira afirma que:
O fato é que o valor da organização não se limita ao valor operacional do trabalho, pois tanto a
capacidade de adaptar métodos como de produzir novos produtos são potencialmente valiosos para a
sociedade. Assim, uma organização terá mais valor a partir da observação do seu desempenho à medida
que explora oportunidades de executar a missão com mais eficiência ou mais equidade, que se adapta
às mudanças e que aproveita a sua competência para criar produtos de valor para os cidadãos. Essa
adaptabilidade determina o valor no longo prazo da organização.
TEIXEIRA, 2012, p. 12
É nítida a necessidade de o gestor público, além de buscar o atingimento dos resultados gerenciais e
esperados para o órgão, defender a ideia de produzir valor para as organizações que estão sob o seu
comando.
Como exemplo de acréscimo de valor público aos órgãos governamentais, podemos citar o Tribunal de Contas
da União (TCU), que atua auxiliando o Congresso Nacional no controle externo das atividades financeiras e
operacionais da União. Por ser um órgão de auditoria, a sociedade espera ações pautadas em moralidade,
profissionalismo e excelência pública. Por conseguinte, almeja-se que o resultado das ações do TCU contribua
para a redução das desigualdades sociais, a melhoria dos serviços e a ampliação da transparência e da
efetividade dos serviços públicos.
Os objetivos estratégicos definidos para o TCU são:
Coibir desvios e fraudes, condenando efetiva e tempestivamente os responsáveis por irregularidades.
Contribuir para a transparência e a melhoria da gestão e do desempenho da administração pública.
O valor público das ações do TCU se pauta em resultados voltados
para a prevenção, a detecção, a correção e a punição de falhas e
irregularidades, definindo e concretizando projetos inovadores que
contribuam para o aperfeiçoamento da Administração Pública. Como
resposta do resultado desse trabalho, citamos o indicador que aponta
para o benefício financeiro verificado no ano de 2011 que demonstrou
que a cada R$1,00 investido nos custos de fiscalização do órgão,
R$1,50 foi devolvido para a sociedade sob forma de economia aos
cofres públicos e aplicação efetiva e imparcial dos recursos.
Sede do Tribunal de Contas da União.
Ferramentas de planejamento estratégico
Neste vídeo, conheça mais sobre as ferramentas de planejamento estratégico.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
A estratégia de uma organização pode ser apresentada com os seguintes conceitos, à exceção de um.
Assinale-o:
A São os planos da alta administração para atingir resultados consistentes com as missões e objetivos
da organização.
B É o padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e sequências de ação de uma
organização em um todo coerente.
C É a criação de uma posição única e valiosa, envolvendo um conjunto diferente de atividades.
D É um padrão, isto é, uma consistência de comportamentos ao longo do tempo.
E
É a condução para que a organização aja de modo ético, com respeito aos postulados e instrumentos
legais e mantendo uma relação de valores morais com todos os envolvidos nos diversos ambientes que a
cercam.
A alternativa E está correta.
Você identificou que o conceito apresentado é, na verdade, o conceito de Governança Corporativa e não de
estratégia. Vimos que tanto a Governança Corporativa quanto a Estratégia estão voltadas para as boas
práticas, normas e princípios exigidos para que a sobrevivência da organização seja possível.
Questão 2
Quando tratamos de planejamento estratégico, missão, visão, valores, análise de forças, oportunidades,
fraquezas e ameaças, assim como o que significa valor público, quais são as convergências com a temática de
Governança Corporativa?
A
A implementação de políticas de Governança, por meio da estratégia adotada pela organização,
influencia o registro de regras formais e informais que delinearão as relações de poder e a alocação dos
recursos.
B Quando a empresa delimita corretamente sua missão, visão e valores, a implementação da Governança
não se faz necessária.
C O papel da Governança no plano estratégico é a criação de uma posição única e valiosa, envolvendo um
conjunto diferente de atividades.
D
A implementação da Governança nos planos estratégicos tem como único objetivo o aumento dos
lucros obtido pela organização.
E Não há convergência. A Governança não interfere no planejamento estratégico e vice-versa.
A alternativa A está correta.
Você compreendeu que para que a Governança corporativa seja implementada e mantida, torna-se vital
que ela seja definida no planejamento estratégico, pelo qual os níveis tático e operacional serão atingidos.
4. Governança Corporativa com o conceito de ética empresarial
Ética e moral na construção da Governança
Neste vídeo, conheça mais sobre ética e moral na construção da governança.
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Conceito de Ética Empresarial
Você sabe o que é Ética?
Segundo Hill e Jones (2013), o termo ética está vinculado aos princípios reconhecidos pela sociedade como
aquilo que é certo para o comportamento humano, no momento em que os indivíduos se relacionam com a
coletividade. Também estão inseridos no conceito os comportamentos esperados para os membros de uma
categoria profissional, assim como para as ações de uma organização.
Nas organizações, o conceito de ética abrange os princípios que moldam a conduta das pessoas nos
negócios. Ela é um elemento de conduta tão essencial que nenhuma ação coletiva pode se esquivar de
realizá-la, sem prejuízo à imagem e à credibilidade pública que se deseja atingir. Alves Filho (2006) afirma que
ela é uma dimensão que se caracteriza como ponto de partida para a consolidação da boa governança.
Para Dupont (2010, p. 19), a ética tem seu objeto próprio, suas próprias leis e métodos. O objeto da ética é a
moral, tendo como parte integrante o comportamento humano.
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Neste vídeo, conheça mais sobre alguns conceitos relacionados à ética.
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A Prática da Ética nas Organizações
A ética empresarial elabora, divulga e torna institucional os valores desejados pela organização, os quais
deverão estar refletidos nas atitudes, nos comportamentos e nas práticas dos atores envolvidos com a
corporação. De acordo com Oliveira (2003), esses valores influenciarão as relações da empresa com todos os
atores envolvidos no negócio.
A discussão de assuntos vinculados à ética nas organizações tem sido alvo de interesse e de valorização
crescente, sendo uma tendência mundial a exigência de organizações que se posicionem com base em
princípios éticos nos mercados em que atuam. Por isso, segundo Camargo et al. (2014) o estudo da ética nas
organizações e no ambiente acadêmico tornou-se uma consequência natural.
De acordo com Bateman e Snell (2006), o principal objetivo de praticar a ética nas organizações é
identificar quais são as regras que devem guiar o comportamento das pessoas, além de valorizar as
boas práticas a serem buscadas.
O clima ético em uma empresa ocorre no processo de se avaliar as decisões que precisam ser tomadas,
utilizando como base o que é certo ou errado.
No aspecto coletivo, agir de forma ética é orientar-se para que os atos praticados não interfiram no bem-estar
do outro, garantindo assim, a ordem e o respeito mútuos. Para que essa experiência seja possível, a ética deve
estar implícita entre todos os envolvidos da organização, e deve ser a base que ordena os limites das ações.
Muitas vezes, a ausência de padrões éticos não viola as leis. Nesse sentido, as legislações não delimitam,
necessariamente, quais comportamentos éticos devem ser perseguidos pelas empresas.
Exemplo
Um exemplo mundialmente conhecido é o caso da empresa multinacional Nike: A gigante na área de
esportes, buscando o aumento da lucratividade dos negócios nos anos 1990, fez um contrato
transferindo a produção de calçados esportivos para fábricas instaladas em países em
desenvolvimento. O caso do Vietnã teve repercussão internacional, pois as condições de trabalho eram
tão ruins que foram consideradas desumanas para a garantia mínima de sobrevivência local. O salário
oferecido aos trabalhadores era de US$0,20 por hora, com turnos de seis dias por semana, sob
exposição a materiais tóxicos. Note que as condições mínimas para a sobrevivência no país
demandavam um pagamento de, pelo menos, US$3,00 por hora. A Nike não violava a legislação
trabalhista do Vietnã, porém, os limites éticos para a obtenção da lucratividade almejada ficaram
expostos e a marca foi alvo de uma onda de protestos e boicotes por parte dos consumidores
(GREENHOUSE, 1997).
Comportamentos éticos
Segundo Hill e Jones (2013), podemos exemplificar os comportamentos éticos nos negócios por meio das
seguintes práticas:
Envio de informações regulares e precisas sobre os investimentos dos acionistas.
Disponibilização integral de informações acerca dos produtos e serviços que os consumidores estão
adquirindo.
Oferta de trabalho em condições adequadas de segurança para os colaboradores, assim como salário
justo para as tarefas que estes desempenham, além de tratamento adequado por parte dos gestores.
Em relação aos fornecedores, respeito aos contratos firmados, não se valendo de vantagens advindas
de desequilíbrio de poder entre as partes.
Atendimento às regras de concorrência e não violação das legislações que regulam a concorrência do
mercado em que atuam.
Não violação das expectativas básicas da sociedade perante as instituições.
A busca de ações pautadas na ética deve ser do interesse dos próprios gestores, pois reconhecer e respeitar
os direitos dos stakeholders vai garantir o apoio e a legitimidade de suas ações, o que, em última instância,
beneficia a empresa e eles mesmos. Caso contrário, as ações antiéticas podem causar danos aos
interessados e, consequentemente, para a organização que não se resguardar eticamente.
Para facilitar o entendimento do que é agir eticamente, podemos destacar que, em muitos casos, é
simplesmente agir em direção ao que é certo, isolando:
A busca de atender a interesses pessoais dos gestores.
A interferência negativa nos objetivos da organização.
A manipulação das informações.
Os comportamentos anticompetitivos.
A oferta de preços acima do mercado para relações comerciais com órgãos públicos.
A exploração oportunista de outros agentes vinculados à instituição.
O descarte inadequado e proposital de resíduos que contaminam o ambiente.
A corrupção.
Veja a diferença entre profissionais que se comportam de forma antiética e os que agem de forma ética:
Exemplos comuns dessas práticas antiéticas podem ser vistos quando os administradores:
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Conduta antiética
Valem-se de algum recurso disponível na
organização para benefício próprio
(buscando com isso vantagens
pessoais).
Utilizam o controle que têm sobre os
dados corporativos para esconder ou
distorcer as informações, resultando em
exposição daquilo que melhor convém,
seja financeiro ou não.
Pagam (ou recebem) suborno para ter
acesso ou fazer parte de contratos
lucrativos, desviando a igualdade das
condições dos concorrentes
(corrupção).
Conduta ética
Agir conforme os princípios éticos em
todos os relacionamentos mantidos pela
organização.
Garantir a adoção de práticas gerenciais,
comerciais e empresariais
institucionalmente pautadas em valores
éticos.
Respeitar os indivíduos em todas as
formas de interação com eles.
Ética X Lucratividade
Neste vídeo, conheça mais sobre ética e lucratividade.
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Códigos de ética
Uma das formas de valorizar a normatização de comportamentos éticos é por meio de códigos de ética. Muito
comum de serem encontrados nas categorias profissionais, também podem (e é muito recomendável) ser
utilizados em âmbito organizacional, personalizados conforme a área de atuação da instituição.
Na esfera pública, os órgãos governamentais são obrigados a observar as normas estabelecidas para o
serviço público federal, que estão definidas no Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994. Nesse normativo,
ficou estabelecido que "a dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são
primados maiores que devem nortear o servidor público" (BRASIL, 1994, Inciso I).
Como princípios éticos definidos pelo governo federal, a Administração Pública não deve se limitar
apenas à distinção entre o bem e o mal, mas também agir segundo a ideia de que todas as suas
ações devem ter como resultado o bem comum (BRASIL, 1994, Inciso III).
Os códigos de ética de cada
categoria profissional devem ser observados concomitantemente com aqueles
estabelecidos para cada organização. Assim, o colaborador cuja profissão seja regulada por conselhos
profissionais deve observar as condutas éticas esperadas para o exercício de sua função, assim como as que
orientam a instituição como um todo.
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As organizações precisam agir para que sejam resguardados os comportamentos éticos, mantendo-se
atentas aos feedbacks dos interessados, nos casos em que atos inesperados e indesejados sejam verificados.
A manutenção de um diálogo aberto associado a meios de comunicação diretos com os gestores auxilia no
processo de melhoria contínua.
Exemplo
Um caso corporativo que podemos relembrar é o da multinacional Walmart, que responde por diversos
processos judiciais na área trabalhista, nos quais constam reclamações dos funcionários acerca de
prática de discriminação contra mulheres (em relação à prática de salários mais baixos que os dos
homens nas mesmas funções) e não pagamento de horas extras (a partir do impedimento de registro da
carga horária realizada acima do acordo formal). Para minimizar o desdobramento de novos processos,
assim como para melhorar a imagem perante os clientes, a empresa estabeleceu mudanças nessas
práticas ao instituir uma diretoria de diversidade, reestruturação dos procedimentos de remuneração
(visando à garantia de pagamento de salários iguais, independentemente do gênero do funcionário) e
confeccionando políticas que impedissem a realização de horas extras não pagas. Assim, foi possível
perceber que a instituição agiu no sentido de se aprimorar após as críticas recebidas.
Prêmio Ética nos Negócios
Para conhecermos bons exemplos de valorização pública de empresas que se destacam em comportamentos
éticos, citamos o Prêmio Ética nos Negócios, conduzido anualmente pelo Instituto Brasileiro de Ética nos
Negócios, em que são premiadas empresas nas seguintes categorias:
Responsabilidade Social;
Meio Ambiente;
Ética e Compliance;
Comunicação e Transparência;
Sustentabilidade;
Agronegócio;
Voluntariado;
Cadeia Produtiva.
Por meio das categorias premiadas, os gestores das organizações de diferentes ramos de negócio podem
conhecer quais parâmetros são valorizados pelos mercados em que atuam e, com isso, incentivar e
institucionalizar o amadurecimento dos comportamentos éticos, visando ao reconhecido das práticas da
própria organização.
Questões como oportunidades iguais, controle da poluição, conservação dos recursos naturais e da energia e
proteção aos consumidores e aos trabalhados estão igualmente vinculadas tanto à ética das organizações
quanto à responsabilidade social da empresa. Esses dois conceitos estão intimamente ligados, sendo a
responsabilidade social uma das formas de se efetivar comportamentos éticos definidos pela instituição.
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Responsabilidade Social Corporativa
Você sabe o que é responsabilidade social corporativa?
A obrigação assumida pela organização perante a sociedade, por meio da escolha de maximizar os benefícios
que ela pode trazer e minimizar os efeitos negativos que resultam da prática do seu negócio.
Segundo Bateman e Snell (2006), as responsabilidades sociais assumidas pela instituição têm abrangências
diferentes e se desdobram nas seguintes esferas:
Responsabilidades econômicas
Aquelas que devem garantir que o negócio seja
lucrativo. Por lucrativo entende-se como estar
voltado para a missão definida para a
organização. Buscar resultados positivos dentro
daquilo que foi proposto para o negócio.
Responsabilidades legais
Obrigações assumidas para a observância dos
normativos legais, sendo as leis o código formal
entendido pela sociedade sobre o que é certo e
errado, assim como quais são as regras do jogo
de cada ambiente.
Responsabilidades éticas
Obrigação de se evitar o dano a qualquer parte
interessada e fazer o que é certo, justo e
razoável.
Responsabilidades voluntárias
Ações tomadas para a melhoria da qualidade de
vida da comunidade na qual a organização está
inserida, por meio dos recursos disponibilizados
pela empresa.
Ética Empresarial e Governança Corporativa
A partir do que foi abordado até aqui, é possível perceber o quanto a Ética está intrinsicamente relacionada à
Governança Corporativa.
Não podemos falar em um dos assuntos sem que o outro esteja associado, pois sem a ética não há
como se efetivar ações de governança.
(ALVES FILHO, 2006, p. 149)
Os princípios da governança corporativa somente são possíveis de serem legitimados se forem pautados em
comportamentos éticos.
Torna-se natural a necessidade da inclusão dos princípios éticos e da responsabilidade social no conceito de
Governança Corporativa, uma vez que todos eles possuem os mesmos interesses quando da sua utilização
(seja de cunho social, ambiental ou nacional).
Praticar a gestão voltada para a governança corporativa demandará ações que garantam a transparência, a
equidade, a prestação de contas e o cumprimento das leis. Tudo isso deve estar envolto de ética na condução
da empresa, órgão público ou entidade sem fins lucrativos.
A ética empresarial, apesar de não ser um dos princípios reconhecidos para a governança corporativa, é a
base que sustenta a sua prática no âmbito das organizações.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Como a ética se relaciona com o conceito de Governança Corporativa?
A Os princípios da governança corporativa somente são possíveis de serem legitimados se forem
pautados em comportamentos éticos.
B O objeto da ética é a moral, tendo como parte integrante o comportamento humano.
CA relação Governança e ética consiste na obrigação das empresas de adotarem práticas que contribuam
para o bem-estar social, quando as mesmas se alinharem aos interesses da organização.
D A ética confunde-se com a Governança como um dos parâmetros para a avaliação do grau de
desenvolvimento das empresas.
E A ética refere-se às situações particulares e quotidianas que direcionam a prática das pessoas, não se
misturando com valores institucionais.
A alternativa A está correta.
Você compreendeu que a ética está intrinsicamente relacionada à Governança Corporativa, pois é a base
que sustenta a sua prática no âmbito das organizações.
Questão 2
Com base no que foi estudado sobre ética, marque a alternativa que não se vincula necessariamente ao
esperado como comportamento ético.
A O objeto da ética é a moral, tendo como parte integrante o comportamento humano.
B A organização deve agir segundo as determinações legais, observando as regras definidas por lei.
C
São os princípios reconhecidos pela sociedade como aquilo que é certo ou errado para o
comportamento humano.
D Identifica-se as regras que devem guiar o comportamento das pessoas, além de valorizar as boas
práticas a serem buscadas.
E Orientar-se para que os atos praticados não interfiram no bem-estar do outro, garantindo, assim, a
ordem e o respeito mútuo.
A alternativa B está correta.
Vimos que nem sempre o texto das leis abrange o esperado como comportamento ético, e que é possível,
mesmo atendendo às exigências legais, agir de maneira antiética (vide o caso da Nike).
5. Conclusão
Considerações finais
A adoção de práticas de Governança Corporativa é um importante mecanismo para a atração de investidores,
pois estes requerem transparência e confiabilidade nas informações prestadas, além de uma política de
gestão que zele pela exatidão e pela autenticidade dos dados financeiros expostos pelas empresas. Com isso,
as decisões de investimento buscarão unificar o interesse de maximização dos resultados e o atendimento
das expectativas dos stakeholders.
Além disso, a Governança conduz a instituição a agir de modo ético, com respeito aos postulados e
instrumentos legais e mantendo uma relação de valores morais com todos os envolvidos nos diversos
ambientes que a cercam (dos internos, como a política de gestão de pessoas, ao externo, como o cuidado
com o meio ambiente e com as comunidades existentes no entorno da produção/prestação
de serviço).
Entendeu o conceito de Governança Corporativa.
Identificou as regras e critérios da Lei Sarbanes-Oxley.
Relacionou o conceito de Governança Corporativa com as estratégias empresariais.
Relacionou o conceito de Governança Corporativa com o conceito de ética empresarial.
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Referências
AKABANE, G. K. Gestão estratégica da tecnologia da informação: conceitos, metodologias, planejamento e
avaliações. São Paulo: Atlas, 2012.
ALMEIDA, M. A.;SANTOS, J. F.;FERREIRA, L. F. V. M.;TORRES, F. J. V. Evolução da qualidade das práticas de
governança corporativa: um estudo das empresas brasileiras de capital aberto não listadas em bolsa. In: RAC –
Revista de Administração Contemporânea, v. 14, p. 907-924, 2010. Consultado na internet em 22 out. 2019.
ALVES FILHO, F. D. Uma década de governança corporativa: história do IBGC, marcos e lições da experiência.
São Paulo: Saint Paul: Saraiva, 2006.
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