Buscar

Direito do consumidor aula 7

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

DIREITO DO CONSUMIDOR
AULA 7
A PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR NA FASE PRÉ-CONTRATUAL
AMPLA PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR
ENGLOBA TODAS AS ETAPAS DA CONTRATAÇÃO:
AULA 7 – PROTEÇÃO PRÉ-CONTRATUAL
AULA 8 – PROTEÇÃO NA FASE DA FORMAÇÃO CONTRATUAL
AULA 9 – PROTEÇÃO NA FASE DA EXECUÇÃO DO CONTRATO
AULA 10 – PROTEÇÃO PÓS-CONTRATUAL
CAPÍTULO V DO CDC
DAS PRÁTICAS COMERCIAIS
 SEÇÃO I
 Das Disposições Gerais
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
 
CONSUMIDORES POR EQUIPARAÇÃO; BYSTANDERS OU ‘TERCEIROS-EXPOSTOS`
PROTEÇÃO NA FASE PRÉ-CONTRATUAL
 SEÇÃO II
 Da Oferta
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO CONTRATUAL DA OFERTA
CONCRETIZAÇÃO DO PRINCÍPIO
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
REQUISITOS DA BOA OFERTA
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
O ROL DE REQUISITOS DA OFERTA É DO TIPO ABERTO
ART. 31.
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. 
(Incluído pela Lei nº 11.989, de 2009)
CONTRATOS À DISTÂNCIA (aula 8)
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008).
PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS PUBLICIDADE
1) Princípio da vinculação contratual da publicidade (art. 30);
2) Princípio da identificação da mensagem publicitária (art. 36);
3) Princípio da transparência da fundamentação da publicidade (art. 36, parágrafo único); (X art. 69)
4) Princípio da veracidade da publicidade (art. 37, § 1°);
5) Princ. da não-abusividade da publicidade (art. 37, § 2º);
6) Princ. do ônus da prova a cargo do fornecedor (art. 38);
7) Princ. da correção do desvio publicitário (art. 56, XII).
PUBLICIDADE X PROPAGANDA
 Publicidade: expressa o fato de tornar público (divulgar) o produto ou serviço, com o intuito de aproximar o consumidor do fornecedor, promovendo o lucro da atividade comercial. Propaganda: difunde uma idéia, promovendo a adesão a um dado sistema ideológico (ex. filosófico, religioso, político). 	
Rizzato Nunes doutrina pela não diferenciação dos dois termos, tratando-os como sinônimos. 
ESPÉCIES DE PUBLICIDADE NO CDC
A) PUBLICIDADE ENGANOSA:
A.1) ENGANOSA POR AÇÃO (art. 37, § 1º)
A.2) ENGANOSA POR OMISSÃO (art. 37, § 3º)
B) PUBLICIDADE ABUSIVA (art. 37, § 2º)
PUBLICIDADES PROIBIDAS
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
CRIME:
 “Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena Detenção de três meses a um ano e multa.”
 
PUBLICIDADE ENGANOSA POR AÇÃO
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
PUBLICIDADE ENGANOSA - CRIME
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços:
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.
§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.
PUBLICIDADE ENGANOSA POR OMISSÃO
 Art. 37.
 § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
CASO CONCRETO 1 – SEMANA 7 
CASO CONCRETO 1 – AULA 7
 OITAVA CÂMARA CÍVEL – 
 APELAÇÃO N.º 0340430-35.2008.8.19.0001 
 RESPONSABILIDADE CIVIL – CARTÃO DENOMINADO MEGA-BÔNUS – FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO CONFIGURADA, ANTE A VIOLAÇÃO, PELO RÉU, DO DEVER DE INFORMAR, CONSIDERANDO-SE NÃO SER O MESMO UM CARTÃO DE CRÉDITO MAS UM CARTÃO PRÉ-PAGO – DANO MORAL CARACTERIZADO - PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO. 
 APELAÇÃO N.º 0340430-35.2008.8.19.0001 
“Acordam os Desembargadores da Oitava Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro em, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para, decretando a rescisão da avença, com a consequente devolução da anuidade adimplida, na forma simples, condenar o Réu ao pagamento da quantia de R$ 1.000,00 (hum mil reais), a título de dano moral, atualizada monetariamente a contar desta data e acrescida de juros moratórios a partir da citação, arcando com as custas processuais e verba honorária no percentual de dez por cento sobre o valor da condenação, vencida a Desembargadora Norma Suely Fonseca Quintes, que parcialmente o provia, inobstante em menor parte.” 
CARTÃO MEGA BÔNUS
A r. sentença prolatada merece reforma. A questão posta em debate não é nova, denotando-se, das peças que instruem o feito, ter havido, por parte do Réu, violação ao dever de informação, consoante o disposto no inciso III, do artigo 6º, do Código de Defesa do Consumidor, assim como aos princípios de probidade e boa-fé que norteiam as relações contratuais, previstos no artigo 422 do Código Civil, considerando-se 
CARTÃO MEGA BÔNUS
considerando-se que o cartão oferecido leva o consumidor a crer tratar-se de um cartão de crédito, quando, de fato, para utilizá-lo, necessita fazer um depósito prévio, sendo, na verdade, um cartão pré-pago, a caracterizar a falha na prestação do serviço, ensejando, além da rescisão da avença, com a consequente devolução da anuidade paga, a obrigação de indenizar, à vista, inclusive, do constrangimento suportado pela Autora ao não conseguir utilizar o cartão como se de crédito fosse, o que extrapola o mero inadimplemento contratual, afigurando-se adequado, assim, o arbitramento da verba reparatória em R$ 1.000,00 (hum mil reais), em observância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, à míngua de comprovação de maiores repercussões na esfera íntima da Autora, hábil, portanto, a compensar as agruras vividas, devendo tal quantia ser atualizada monetariamente a contar da data do presente julgado, consoante o enunciado da Súmula no.97 deste E.”
CASO CONCRETO 1 CARTÃO MEGA BÔNUS
0362261-42.2008.8.19.0001- APELACAO
1ª Ementa DES. ANDRE RIBEIRO - Julgamento: 13/07/2012 - SETIMA CAMARA CIVEL
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA. CARTÃO DE CRÉDITO DENOMINADO MEGA-BÔNUS. MODALIDADE PRÉ-PAGA. CONCESSÃO DE CRÉDITO CONDICIONADA
AO DEPÓSITO PRÉVIO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL. INCONFORMISMO DAS AUTORAS. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO, APLICANDO-SE AO CASO O DISPOSTO NA SÚMULA N° 75 DESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AUSÊNCIA DE OFENSA A DIREITOS INERENTES À PERSONALIDADE DAS AUTORAS. 
FARTA JURISPRUDÊNCIA, INCLUSIVE INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA Nº 9/09, DESTA CORTE. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO, NA FORMA DO DISPOSTO NO ART. 557, CAPUT, DO CPC. 
CASO CONCRETO 1 – AULA 7
0273259-61.2008.8.19.0001- APELACAO
2ª EmentaDES. MARIA HENRIQUETA LOBO - Julgamento: 25/07/2012 - SETIMA CAMARA CIVEL
RECURSO. AGRAVO INOMINADO. ARTIGO 557, §1°, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - INCONFORMISMO MANIFESTADO CONTRA DECISÃO DA RELATORIA QUE DEU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO PARA AFASTAR DA CONDENAÇÃO A VERBA COMPENSATÓRIA A TÍTULO DE DANO MORAL.DIREITO DO CONSUMIDOR - ADESÃO À PROPOSTA DO CARTÃO UNICARD MEGA BÔNUS - MODALIDADE PRÉ-PAGO CONCESSÃO DE CRÉDITO CONDICIONADA A DEPÓSITO PRÉVIO - AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO ADEQUADA E CLARA - DANO MORAL, CONTUDO, NÃO CONFIGURADO. "Nas ações indenizatórias decorrentes da contratação do "Cartão Megabônus", os danos morais não podem ser considerados in re ipsa, cumprindo ao consumidor demonstrar a ofensa à honra, vergonha ou humilhação, decorrentes da frustração da expectativa de sua utilização como cartão de crédito." Incidente de Uniformização de Jurisprudência 9/09.Desprovimento do recurso.
PUBLICIDADE ABUSIVA
 § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
PRINCÍPIOS PROTETIVOS CONTRA PUBLICIDADE
1) ENGANOSA: 
Princípio da veracidade da publicidade (art. 37, § 1°);
2) ABUSIVA:
 Princípio da não-abusividade da publicidade (art. 37, § 2º);
PRINCÍPIO DA IDENTIFICAÇÃO DA MENSAGEM PUBLICITÁRIA
SEÇÃOIII
 Da Publicidade
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
 Princípio da transparência da fundamentação da publicidade (art. 36, parágrafo único); 
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
 CRIME: “Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade:
 Pena: Detenção de um a seis meses ou multa.”
Princípio do ônus da prova a cargo do fornecedor 
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
QUESTÃO OBJETIVA – AULA 7
“(OAB – MT 2006) Nas relações de consumo, em matéria de publicidade o ônus da prova é:
Do consumidor;
Do consumidor, podendo ser invertido quando for verossímil a alegação ou hipossuficiente o consumidor.
De quem patrocinou a mensagem publicitária podendo ser invertido quando verossímil a alegação.
De quem patrocina a mensagem publicitária.
PRÁTICAS ABUSIVAS - CONCEITO
 Prática(s) abusiva(s) significa a desconformidade com os padrões mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor. 
 Representam condições irregulares de negociação e contratação seja por ferirem a boa-fé objetiva, seja por violarem a ordem pública e os bons costumes, ou mesmo, afetar o bem-estar do consumidor.
FUNDAMENTOS DA CONFIGURAÇÃO DAS PRÁTICAS ABUSIVAS
ABUSO DE DIREITO – ART. 187, CC/02
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
B) VIOLAÇÃO DA BOA-FÉ OBJETIVA – ART. 4º, III, CDC (função de controle)
C) VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM, TU QUOQUE, SUPRESSIO E SURRETIO.
EXEMPLO DE ABUSO DO DIREITO E CONSEQUENTE PRÁTICA ABUSIVA
“4. A recorrente, ao suspender o fornecimento de energia elétrica em razão de um débito de R$ 0,85, não agiu no exercício regular de direito, e sim com flagrante abuso de direito. Aplicação dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 5. A indenização por danos morais foi fixada em valor razoável pelo Tribunal a quo (R$ 1.000,00), e atendeu sua finalidade sem implicar enriquecimento ilícito à indenizada”. RESP 811690/RR, DJ 19/06/06.
EXERCÍCIO ABUSIVO DO DIREITO – PRÁTICA ABUSIVA – TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
DIREITO CIVIL. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL PARA AQUISIÇÃO DE VEÍCULO (LEASING). PAGAMENTO DE TRINTA E UMA DAS TRINTA E SEIS PARCELAS DEVIDAS. RESOLUÇÃO DO CONTRATO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DESCABIMENTO. MEDIDAS DESPROPORCIONAIS DIANTE DO DÉBITO REMANESCENTE. APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. 
1. É pela lente das cláusulas gerais previstas no Código Civil de 2002, sobretudo a da boa-fé objetiva e da função social, que deve ser lido o art. 475, segundo o qual "[a] parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos". 
SUBSTANCIAL PERFORMANCE
2. Nessa linha de entendimento, a teoria do substancial adimplemento visa a impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé e da função social do contrato. 
3. No caso em apreço, é de se aplicar a da teoria do adimplemento substancial dos contratos, porquanto o réu pagou: "31 das 36 prestações contratadas, 86% da obrigação total (contraprestação e VRG parcelado) e mais R$ 10.500,44 de valor residual garantido". O mencionado descumprimento contratual é inapto a ensejar a reintegração de posse pretendida e, consequentemente, a resolução do contrato de arrendamento mercantil, medidas desproporcionais diante do substancial adimplemento da avença.
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
4. Não se está a afirmar que a dívida não paga desaparece, o que seria um convite a toda sorte de fraudes. Apenas se afirma que o meio de realização do crédito por que optou a instituição financeira não se mostra consentâneo com a extensão do inadimplemento e, de resto, com os ventos do Código Civil de 2002. Pode, certamente, o credor valer-se de meios menos gravosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, como, por exemplo, a execução do título. 
RESP 1051270/RS DJ 04/08/2011
EXEMPLO DE PRÁTICA ABUSIVA
TU QUOQUE
A expressão ficou conhecida pela frase de Júlio César ao perceber que seu filho adotivo Brutus estava entre os que atentavam contra sua vida no ano de 44 a.C.: “Tu quoque, Brute, tu quoque fili mi?” (Até tu, Brutus, até tu, filho meu).
Síntese: é a ideia de que ninguém pode invocar normas jurídicas, após descumpri-las.
Ex. Exceptio non adimpleti contractus 
TU QUOQUE – RESP 975408/SP (2007)
“3. Na repetição de indébito tributário, incide a Taxa Selic a partir do recolhimento indevido ou, se este for anterior à Lei 9.250/95, a partir de 1º.01.96. Precedentes. 4. A Selic é composta de taxa de juros e correção monetária, não podendo ser cumulada, a partir de sua incidência, com nenhum outro índice de atualização. 5. Recurso especial provido”.
ESPÉCIES DE PRÁTICAS ABUSIVAS
Podem ser:
Pré-contratuais (incisos I, II e III);
 Contratuais (ex. vedação de cláusulas abusivas; não fixar prazo para o cumprimento da obrigação) 
Pós-contratuais (ex. cobrança de dívidas, formação de cadastros).
PRÁTICAS ABUSIVAS E PUNIÇÕES 
Podem dar origem a sanções de três espécies distintas, quais sejam:
Sanções administrativas (ex. Cassação de licença, interdição de atividade, etc.); 
Sanções penais (crimes, exs. Arts. 65, 71, 72,73, todos do CDC) 
Sanções civis (indenização, inclusive, por danos morais).
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
 Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas:
I - multa;
II - apreensão do produto;
III - inutilização do produto;
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
V - proibição de fabricação do produto;
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade
XII - imposição de contrapropaganda.
CONTRAPROPAGANDA PARA OS CASOS DE PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA
Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do infrator.
§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, freqüência e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva.
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DAS PRÁTICAS ABUSIVAS
“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:” (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
Rol meramente exemplificativo (exs. Spam, overbooking);
A proteção contra práticas abusivas é direito básico dos consumidores (art. 6º, IV).
PRÁTICA ABUSIVA – ART. 39
VENDA CASADA E LIMITAÇÃO QUANTITATIVA
 I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
VENDA CASADA – CASO CINEMARK (2007)
STJ, RECURSO ESPECIAL 744602/RJ, Min. Luiz Fux 
APLICAÇÃO DE MULTA PECUNIÁRIA POR OFENSA AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. OPERAÇÃO DENOMINADA 'VENDA CASADA' EM CINEMAS. CDC, ART. 39, I. VEDAÇÃO DO CONSUMO DE ALIMENTOS ADQUIRIDOS FORA DOS ESTABELECIMENTOS CINEMATOGRÁFICOS. 1. A intervenção do Estado na ordem econômica, fundada na livre iniciativa, deve observar os princípios do direito do consumidor, objeto de tutela constitucional fundamental especial (CF, arts. 170 e 5º, XXXII). 
VENDA CASADA – CASO CINEMARK
2. Nesse contexto, consagrou-se ao consumidor no seu ordenamento primeiro a saber: o Código de Defesa do Consumidor Brasileiro, dentre os seus direitos básicos "a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações" (art. 6º, II, do CDC). 3. A denominada 'venda casada', sob esse enfoque, tem como ratio essendi da vedação a proibição imposta ao fornecedor de, utilizando de sua superioridade econômica ou técnica, opor-se à liberdade de escolha do consumidor entre os produtos e serviços de qualidade satisfatório e preços competitivos. 
VENDA CASADA – CASO CINEMARK
4. Ao fornecedor de produtos ou serviços, consectariamente, não é lícito, dentre outras práticas abusivas, condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço (art. 39, I do CDC). 5. A prática abusiva revela-se patente se a empresa cinematográfica permite a entrada de produtos adquiridos na suas dependências e interdita o adquirido alhures, engendrando por via oblíqua a cognominada 'venda casada', interdição inextensível ao estabelecimento cuja venda de produtos alimentícios constituiu a essência da sua atividade comercial como, verbi gratia, os bares e restaurantes. 6. O juiz, na aplicação da lei, deve aferir as finalidades da norma, por isso que, in casu, revela-se manifesta a prática abusiva. 
EX. VENDA CASADA – STJ, RESP 969129/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJ 15/12/2009
“ (...) não há obrigatoriedade de que o mutuário contrate o referido seguro diretamente com o agente financeiro ou com seguradora indicada por este, exigência que configura "venda casada", vedada pelo art. 39, I, do CDC.”
SÚMULA 473 STJ (13/06/2012)
 “O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada”.
VENDA CASADA – PROIBIDA
IMPOSIÇÃO DE CONTRATAÇÃO DE SEGURO, NOS CONTRATOS DO SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO (SFH), SOMENTE COM O MUTUANTE (AGENTE FINANCEIRO) OU COM SEGURADORA POR ELA INDICADA (GERALMENTE VINCULADA AO MESMO GRUPO ECONÔMICO).
LIMITES QUANTITATIVOS MÁXIMO E MÍNIMO
PODEM OCORRER, DESDE QUE EVIDENCIADA A JUSTA CAUSA NA LIMITAÇÃO.
RAZOABILIDADE
LIMITAÇÃO QUANTITATIVA RESP 595734/RS, DJ 28/11/2008
RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. DANO MORAL. VENDA DE PRODUTO A VAREJO. RESTRIÇÃO QUANTITATIVA. FALTA DE INDICAÇÃO NA OFERTA. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. QUANTIDADE EXIGIDA INCOMPATÍVEL COM O CONSUMO PESSOAL E FAMILIAR. ABORRECIMENTOS QUE NÃO CONFIGURAM OFENSA À DIGNIDADE OU AO FORO ÍNTIMO DO CONSUMIDOR. 1. A falta de indicação de restrição quantitativa relativa à oferta de determinado produto, pelo fornecedor, não autoriza o consumidor exigir quantidade incompatível com o consumo individual ou familiar, nem, tampouco, configura dano ao seu patrimônio extra-material. 2. Os aborrecimentos vivenciados pelo consumidor, na hipótese, devem ser interpretados como "fatos do cotidiano", que não extrapolam as raias das relações comerciais, e, portanto, não podem ser entendidos como ofensivos ao foro íntimo ou à dignidade do cidadão. Recurso especial, ressalvada a terminologia, não conhecido.
LEI 8.137/90 CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO
Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo:
 c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado.
PRÁTICA ABUSIVA – RECUSA DE ATENDIMENTO
 II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
CRIME: LEI 8.137/90
Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo:
I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores; (ex. atacadista)
PRÁTICA ABUSIVA – FORNECIMENTO DE PRODUTO NÃO SOLICITADO
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
CONSEQUÊNCIA:
 Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
CARTÃO DE CRÉDITO NÃO SOLICITADO – STJ, RESP 514.358/MG 
I. O banco é parte legitimada passivamente e comete ato ilícito, previsto no art. 39, inciso III, da Lei n. 8.078/90, quando, fornecendo ao cliente cartão de crédito por ele não solicitado, dá-se ulterior extravio e indevida utilização por terceiros, gerando inadimplência fictícia e inscrição do nome do consumidor em cadastros restritivos de crédito, causadora de dano moral indenizável. 
PRÁTICAS ABUSIVAS – ART. 39
IV- APROVEITAMENTO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V - VANTAGEM EXCESSIVA
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
NECESSIDADE DE ORÇAMENTO PRÉVIO E AUTORIZAÇÃO DO CONSUMIDOR
“VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes” (princípio da confiança)
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.
 
PRÁTICA ABUSIVA – ART. 39
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial
a seu exclusivo critério.(Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) 
REGRAS DO ORÇAMENTO – Art. 40
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.
§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes. 
§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
PRÁTICA ABUSIVA – ART. 39
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;
“FOFOCA DE CONSUMO”
PRÁTICA ABUSIVA – DESCUMPRIMENTO DE NORMAS TÉCNICAS
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
NORMAS TÉCNICAS
OBJETIVOS:
A) MELHORAR A QUALIDADE DOS PRODUTOS E SERVIÇOS;
B) MAIOR SEGURANÇA E EFICIÊNCIA.
PRÁTICA ABUSIVA – ART. 39
RECUSA DE VENDA DIRETA
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
Caso concreto 1 da aula 8 cuida do tema.
APELAÇÃO CÍVEL 20000110511867 TJDF
COM BASE NO INCISO IX DO ART. 39 DO CDC, A EMPRESA MAKRO, POR EXEMPLO, FOI CONDENADA, POR IMPOR AOS CONSUMIDORES QUE A CONTRATAÇÃO DE SEUS PRODUTOS SOMENTE SE DARIA MEDIANTE O CHAMADO “passaporte Makro”, não aceitando dinheiro em espécie para pagamento.
CASO CONCRETO 1 – AULA 8
Maria de Fátima pleiteia indenização por dano moral contra a Casa Bahia decorrente da recusa injustificada de venda a crédito. Alega que embora não houvesse qualquer restrição ao seu nome junto aos órgãos de proteção ao crédito, a ré lhe negou o parcelamento para aquisição de uma geladeira, mesmo tendo apresentado seu sogro como avalista para a compra pretendida. A conduta arbitrária lhe teria causado vergonha e humilhação, pois injusta a negativa de crédito. Procede a pretensão de Maria? A conduta do fornecedor pode ser considerada uma prática abusiva? Resposta justificada.
GABARITO – APELAÇÃO CÍVEL 2008.001.11812
1ª Ementa- APELACAODES. SERGIO CAVALIERI FILHO - Julgamento: 02/04/2008 - DECIMA TERCEIRA CAMARA CIVEL
CONSUMIDOR. Negativa de Concessão de Crédito. Exercício Regular de Direito. Inocorrência de Prática Abusiva. A relação que se estabelece no momento da concessão do crédito, embora regida pelas regras protetivas do CDC, ocorre à similitude de qualquer contrato sinalagmático, sendo a vontade das partes requisito indispensável para a sua concretização. Constitui faculdade exclusiva do fornecedor, exercício regular do seu direito, a concessão de crédito ao consumidor, bem como a aceitação de cartão de crédito, pagamento com cheque (pré-datado ou não) e outras formas de pagamento.O CDC só reputa abusivo recusar o fornecedor a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento - art.39, IX. Logo, não está o fornecedor obrigado a aceitar nenhuma outra forma de pagamento que não seja à vista.Desprovimento do recurso.
PRÁTICA ABUSIVA – ART. 39
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) 
PRÁTICA ABUSIVA – ART. 39
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999) 
PRODUTOS TABELADOS
 Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais