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Ética e Política 4 - Hobbes

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moral da obediência e ética hedonista
Fernando Quintana 
Falar de ética e política no início da Modernidade (século XVII) implica abordar uma questão relevante que gira em torno da construção da ordem política e como ela se relaciona com a conduta dos indivíduos que a compõem. Mais especificamente trata-se de saber em que medida a obediência às autoridades e às leis civis, condição para os indivíduos viverem em paz, é compatível com uma ética centrada na procura da felicidade individual. Para isso, nós determos no estudo de um clássico do pensamento político, Thomas Hobbes, uma vez que traz contribuições importantes tanto do ponto de vista do conhecimento, quanto ético sobre o dualismo: obediência-felicidade. 
Hobbes viveu num período conturbado, de crise, no auge da Guerra Civil, que assolou seu país na década de 1640. Tal situação, precária, instável, mostra como a existência humana pode ser reduzida a tabula rasa, como o mundo pode ser aniquilado, etc., sendo contudo decisiva para sua reflexão política e para um tipo de conhecimento que podemos chamar de construção criativa (Wolin, 2001: 263).[1: A primeira Guerra Civil (1642-46) dividiu o país em dois partidos: o monárquico e o parlamentar. No primeiro, alistavam-se os partidários do rei, em sua maioria anglicanos, membros da grande nobreza, composta de grandes proprietários rurais e cortesãos. No segundo, os puritanos e proprietários agrários da pequena nobreza (gentry), comerciantes da City, os roundheals (cabeças redondas) e outros grupos de extração inferior (artesãos, lojistas, aprendizes). O conflito teve início quando o arcebispo Laud, apoiado por Carlos I Stuart, tentou impor aos calvinistas escoceses ou presbiterianos um livro de preces comum. Encolerizados com a iniciativa de forçar-lhes a liturgia anglicana (de inspiração papista), os presbiterianos pegam as armas junto com os calvinistas independentes. A Guerra Civil foi dirigida pelo Parlamento e, combatida por Oliver Cromwell (fidalgo rural puritano) até a rendição do monarca (1646). Na segunda Guerra Civil, Cromwell vence novamente as forças realistas (1648) e, em 1649 Carlos I é processado e condenado a morte. ]
A “ciência como construção - criativa - da mente” a encontramos, por exemplo, em De cive quando se refere ao more ou método matemático de conhecimento: a proposição 2+3 = 5 é científica, verdadeira, porque ela foi feita por nós, porque chegamos ao acordo de que a quantidade 2 seja chamada número dois, a quantidade 3, número três, e a quantidade 5, número cinco. Ou, quando se refere ao more ou método geométrico de conhecimento: a geometria é demonstrável já que as linhas e figuras sobre as quais razoamos são traçadas e descritas por nós mesmos; à diferença do more ou método experimental de conhecimento, que “não é tão seguro” (quanto o matemático ou geométrico) pelo fato de não depender de nossa criação: com os corpos naturais, acrescenta, não conhecemos a construção, mas a procuramos a partir de efeitos, aqui não há demonstração, mas um conhecimento do que podem ser as coisas. Neste caso, arremata, os princípios do conhecimento não são como os que criamos (axiomas da matemática, teoremas da geometria), mas se encontram nas coisas observadas por nós. 
A forma criativa de proceder do conhecimento em Hobbes é importante porque lhe permite chegar ao campo da moral, do direito e da política, que se encontram na sua época em forte atraso com respeito a outras formas do saber, a verdades inquestionáveis, irrefutáveis ou irreversíveis com o mesmo rigor de axiomas da matemática (2+ 2 = 4), teoremas da geometria (a soma dos ângulos de um triângulo retângulo são iguais a dois retos) ou, ainda, leis da física (o calor dilata os corpos). 
Com base nestas observações iniciais propomos mostrar como tais ferramentas metodológicas estão presentes em duas equações hobbesianas: paixão + razão = paz e paixão + razão = prazer. No primeiro caso, o intelecto auxilia o “desejo de viver” através de leis naturais ou morais que visam à segurança ou integridade física do indivíduo - bem supremo. No segundo caso, o intelecto auxilia o “desejo de levar uma vida prazerosa” – bem maior – através dos direitos naturais que se encontram na base da “liberdade civil” e felicidade individual.
A comparação do filósofo moral a matemáticos, geômetras e físicos pode ser resumida na famosa frase de Hobbes que diz: “Se os filósofos morais tiveram feito seus estudos com parecido êxito, nada melhor podia ter realizado o espírito para contribuir à tranquilidade e felicidade nesta vida”. Ambos os objetivos, importa sublinhar, sendo a preocupação central da reflexão hobbesiana: a tranquilitas, originada no desejo de viver e a felicitas, originada no desejo de levar uma vida prazerosa. 
Efetivamente, ambos os sentimentos, que mobilizam os homens a abandonar o estado de natureza e ingressar no estado civil – as paixões que fazem os homens tender para a paz são o medo da morte e o desejo daquelas coisas que são necessárias para uma vida confortável (Hobbes, 2003: 111) –, só podem ser atingidos apelando à razão, através das leis naturais que levam-nos a obedecer o soberano e através dos direitos naturais, a liberdade, que levam à vida feliz. 
Para tornar possível o desejo de viver e desfrutar das delicias da vida, Hobbes, vale insistir, lança mão do método matemático e geométrico, bem como do método experimental, na medida em que permitem estabelecer de forma objetiva e com rigorosa certeza como os homens podem gozar de tais bens temporais: a paz e a felicidade. Os homens não podem ter apenas opiniões sobre como obter tais bens. É necessário, portanto, criar as condições teóricas e epistemológicas para isso acontecer, assim a promessa da filosofia hobbesiana consiste em dar resposta ao movimento da conduta humana, que oscila entre o medo da morte e a procura da felicidade (Wolin, 2001: 266). 
Para chegar à paz, Hobbes apela às lex naturalis enquanto para uma vida feliz ao ius naturalis. No primeiro caso, as leis naturais, “os homens querem a paz” (pax est aequerenda), “os homens devem cumprir os pactos” (pacta sunt servanda), etc., são apresentadas como leis imutáveis ou eternas ao igual que axiomas da matemática ou teoremas da geometria ou, seguindo o método experimental, como proposições verdadeiras, baseadas em juízos hipotéticos/condicionais, que resultam da observação dos fatos: “se respeito a lei vivo em paz”. O projeto científico hobbesiano implica, neste caso, a combinação de dois métodos (dedutivo e indutivo) já que através deles é possível o conhecimento verdadeiro (Cassirer, 1992: 340). [2: Neste caso, trata-se do método puramente demonstrativo, lógico dedutivo, que pode ser enunciado na forma do seguinte silogismo: os homens querem a paz, João é homem, logo, João quer a paz. O more ou método geométrico-matemático supõe, então, uma operação lógica que consiste em concluir de uma ou várias proposições verdadeiras uma ou várias proposições que se seguem necessariamente: se A é igual a B, e se B é igual a C, então, A é igual a C. ][3: Neste caso, trata-se do método experimental: uma operação também racional em virtude da qual procura-se chegar a uma lei geral a partir da observação e repetição de regularidades em casos particulares. Este último método, próprio das ciências empíricas, pode ser enunciado da seguinte maneira: se A1 tem a propriedade P, s A2 tem a propriedade P, se An tem a propriedade P, então, todo A tem a propriedade P. ]
A paixão ou sentimento natural, o desejo de viver, auxiliado pela dictamen ratio, reta razão, na forma de leis naturais ou morais dar-se-ia, então, a partir de juízos a priori, baseados no método lógico-dedutivo, matemático ou geométrico, mas também a partir de juízos a posteriori, baseados na experiência, em juízos pragmáticos. [4: Ou, em linguagem kantiana, proposições contingentes, a posteriori e, sintéticas (em que o predicado adiciona algo novo ao sujeito: “os corpos são pesados”).]
Neste último caso, estamos diante de problemas práticos que,diante do interrogante “que devo fazer?”, o empirista reduz tal questão a perguntas do tipo que quero fazer? como pode fazê-lo? Ou seja, questões técnicas que implicam comportamento tático e estratégia racional (Habermas, 1986: 70). Uma racionalidade de tipo instrumental, de meios a fins:
Obedecemos às regras da lei natural porque são preceitos que nos indicam como obter o que queremos (a paz) e evitar o que não queremos (a morte). Ambos conjuntos de regras tem a forma “Se queres obter X, deves fazer Y”. Trata-se de enunciados fáticos (...) porque são desejos que todos os homens têm efetivamente como uma questão de fato contingente (MacIntyre, 1994: 134). 
Tais leis naturais ou racionais nada mais são do que certas conclusões que a razão conhece, também conhecidas como “leis da paz” porque estabelecem as coisas a fazer ou omitir para garantir-se a preservação da vida (Hobbes,1993:58-59;82), extraem seu fundamento último da premissa segundo a qual: “somos moralmente autorizados a nos autopreservar” (Tuck, 2001: 142). Tais leis, inquestionáveis do ponto de vista do conhecimento, são relevantes porque induzem os homens a entrar em sociedade e receber proteção do soberano - protejo logo obrigo. A passagem do estado natural para o estado civil faz com que as leis naturais, que obrigam em nível da consciência, se transformem em leis civis obrigatórias a serem observadas pelos que intervêm no pactum sociale, caso contrário sofreram uma sanção. 
Sobre o contrato hobbesiano, podemos afirmar que não é apenas um ditame da razão, mas também uma necessidade histórica (evitar a desordem: a Guerra Civil), bem como um ato de conveniência: o que posso ganhar ao entrar em sociedade. Além do mais o pacto, como vimos, implica que a moral (lei natural) se transforme em direito (lei civil), e isso através da criação da ordem política, isto é, através de um sujeito coletivo que é ao mesmo tempo moral-jurídico e político: o Leviatã (Angoulvent, 1996: 106; 109). 
As leis naturais que os homens se dão no estado de natureza, e por tanto ineficazes, faz que os homens sejam levados a fazer o pacto e obedecer às leis do soberano: é em virtude da lei natural que proíbe violar os pactos, que é possível observar as leis civis (Hobbes, 1993:184) - leis estas, vale acrescentar, cujo traço principal é o fato de serem obrigatórias: sofrer uma sanção ou coação pelo não cumprimento das normas jurídicas. Neste pormenor, cabe lembrar o ditado hobbesiano: os pactos (leis) sem a espada (força) não passam de meras palavras. As leis civis devem, portanto, infundir temor, não terror nem pavor, não um medo desmedido, mas um respeito, uma reverência, que tem sua razão de ser: a paz. 
A obediência às leis civis tem como objetivo principal evitar o caos, a desordem, a fobia do estado de natureza, que carece de normas obrigatórias. Realizado o contrato, obtida à paz através do respeito incondicional às leis do soberano, ficam asseguradas as condições necessárias para a promoção de outros bens a serem usufruídos em sociedade:
[...] sejam quais forem os bens que visamos, sejam quais forem os ingredientes que para nós compõem uma vida satisfeita, não podemos deixar de perceber que a paz e tudo aquilo que ela requer se oferecem como uma condição indispensável da fruição desses bens, sempre ameaçada numa condição de guerra. Assim, antes mesmo que o Estado seja instituído, estamos obrigados [moralmente] a agir no sentido da sua instituição, visto ser ele condição da paz e de uma vida satisfeita (grifo nosso) (Limongi, 2002: 39). 
Contudo, resta um problema a resolver em relação ao cumprimento das leis do soberano no contexto em que escreve Hobbes: na Inglaterra revolucionária, os súditos cristãos identificados com o clero rebelde protestante (presbiterianos, independentes ou congregacionistas) em nome de preceitos religiosos foram os responsáveis pela desordem e aniquilamento do poder real (o regicídio: 1649). Assim, a preocupação do autor é como fazer com um poder, o poder eclesiástico, quando suas normas entram em conflito com normas do poder temporal. Não pode, afirma em De cive, haver algo de mais pernicioso para um estado do que as pessoas se sentirem apavoradas pela ameaça de tormentos eternos na obediência às leis civis. E acrescenta: atribuir à autoridade civil as matérias que referem à paz e ao bem-estar nesta vida e a outras autoridades o poder de regulamentar o que se refere à salvação da alma constitui um ato de sedição, um motivo de rebelião contra as normas do soberano (Hobbes, 1993: 159).
Assim, com base no conflito religioso da Inglaterra do século XVII, Hobbes não para de reforçar a ideia de que as leis da Igreja são leis somente enquanto aceitas, desejadas e reforçadas pelo estado. Tal postura monista, que não admite um sistema normativo moral/religioso além daquele das normas do soberano, deve-se ao fato, como mostra em Behemoth, que a “guerra de todos contra todos” (Guerra Civil) foi produzida pela “palavra desmedida”, que finge “deter as chaves de acesso à vida eterna”. Neste contexto, a solução é dar mais poder ao soberano porque apesar de ser forte, ele é, porém, um poder apenas laico que precisa ir além do poder temporal e controlar também o espiritual. 
Os diversos cleros, que reivindicam um relacionamento direito às coisas espirituais, são causas de distúrbios, uma ameaça à paz, sendo assim torna-se necessária a fusão do poder temporal e espiritual para se chegar a uma situação em que não exista dúvida sobre a quem obedecer. A este respeito, vale lembrar a frase que aparece no frontispício do Leviatã e o título completo da obra: non est potestas super terram quae comparatur (não há poder na terra que seja comparável) e Leviatã ou a matéria, forma e poder de uma república eclesiástica e civil, respectivamente.
Importa destacar que numa das mãos do “novo deus profano” aparece a espada, lado visível do poder, que representa a força física e, na outra, o báculo, lado invisível do poder, que representa a força espiritual. Esta última, a gládio invisível, tida como mais relevante que a primeira, a gládio visível, pelo fato de que os homens temem mais as ameaças sobrenaturais, a palavra desmedida sobre o além, ligadas à morte eterna, do que as ameaças ligadas à perda de bens temporais (patrimônio, liberdade). 
Sobre a importância da palavra desmedida do clero, vale trazer o seguinte comentário: se o governante que julga de maneira visível e aos olhos de todos pode infringir a morte física, o clero brande a ameaça da morte eterna, ao mesmo tempo em que nos faz antever uma eternidade no paraíso, e esse misto de promessa e amedrontamento pode mostrar-se mais eficaz que o instrumental mais ou menos desencantado com o qual o poder leigo procura controlar as condutas (Ribeiro, 2001: 11-12). Esta avaliação encontra eco em Hobbes ao defender que o controle de acesso ao divino, o acesso monopolizado ao transcendente, a chave ao absoluto sob a forma de dor eterna ou de satisfação igualmente eterna, não pode ficar fora do poder civil. 
Para Hobbes, definir o que é espiritual e temporal resulta de uma tarefa que cabe apenas ao poder temporal: o julgamento das coisas espirituais e materiais compete à autoridade civil. Com base nesta assertiva, que visa a paz, o autor rejeita qualquer possibilidade de os indivíduos exercerem o direito de liberdade de prática religiosa, ou seja, decidir que é justo ou injusto baseado em preceitos religiosos cabendo isso ao soberano – a quem foi confiado o direito de decidir que opiniões são contrárias à paz pública (Hobbes, 1993: 106; 241; 259). 
Ao clero, portanto, cabe só dar conselhos e não comandos que cabem ao soberano, assim como determinar o justo ou injusto. Para Hobbes são perversas, perigosas, expressões tais como: é rei o que age bem, não se deve obedecer aos reis se não derem ordens justas (Hobbes, 1993: 156). A justiça, baseada na moral cristã, não pode então ficar em mãos de grupos religiosos que são fonte de discórdia (a Guerra Civil).
Importa esclarecer que a justiça,a qual só é possível através das leis do soberano, não diz respeito ao conteúdo das normas civis, não é um problema substantivo, mas formal. De fato, segundo o formalismo jurídico hobbesiano, as normas são justas porque foram elaboradas pela autoridade que tem o poder de legiferar e também porque estabelece procedimentos coercitivos sem os quais a paz não existiria:
A concepção do direito como ordem implica uma consideração predominantemente procedimental e, não substancial, do direito. Para quem se propõe a paz como fim o que conta é que na sociedade atuem uma serie de mecanismos normativos e executivos para impedir que os conflitos se resolvam pela força das partes. O mecanismo principal é a coação. A concepção do direito como paz é acompanhada pela consideração da coação como elemento constitutivo do direito, para o partidário do direito como ordem o que importa é o componente sancionador da norma (não o componente prescritivo) (grifo do autor (Bobbio, 1980: 107). 
Ou seja, na concepção do direito como ordem, as normas devem ser obedecidas não pelo conteúdo que prescrevem, mas pela forma: porque foram criadas pela autoridade competente para legislar e porque dispõem mecanismos de coação que fazem possível a paz. Neste sentido, o filósofo inglês pode ser tido como o precursor do positivismo jurídico: não há normas além daquelas emanadas do soberano. Tal concepção do direito encontra respaldo na máxima hobbesiana: auctoritas, non veritas facit legem (é a autoridade, não a verdade, que faz a lei) - o que implica esvaziar de todo conteúdo substantivo a norma jurídica, a questão da legitimidade, enfocando apenas o aspecto formal, a questão da legalidade, isto é, se a lei foi elaborada e aplicada de modo coerente pela autoridade competente que tenha força para fazê-la cumprir (Luchi, 2009: 56).
Deste modo, diante do dualismo legalidade-legitimidade, o filósofo inglês está mais preocupado, no direito como ordem, com a legalidade, com o cumprimento efetivo das normas, e não com a legitimidade: o conteúdo da norma nem com a participação dos cidadãos na sua elaboração. O positivismo hobbesiano não é democrático. Do que se trata, portanto, é justificar, diante dos destinatários das normas, a expectativa cognitiva de que, se for o caso, se recorrerá à força para assegurar o cumprimento da lei, ou seja, trata-se de uma situação em que “a lei se satisfaze com o comportamento legal” (grifo do autor) (Habermas, 1993: 89). 
No entanto, o filósofo inglês pode ser tido também como precursor do positivismo ético, se levarmos em conta a assertiva que diz: antes de haver governos, justo ou injusto não existem, pois são termos relativos a um comando (lei), os reis legítimos tornam justas as coisas que mandam mandando, e tornam injustas as coisas que proíbem proibindo (Hobbes, 1993: 156). O positivismo ético equipara então justiça e lei – o que implica negar juízo valorativo sobre a ação governamental, visto que o poder de fazer leis reside apenas no soberano o qual não pode ficar sujeito a opiniões subjetivas sobre o que é justo ou injusto. 
Do exposto se infere que o importante é as leis civis serem cumpridas: quem está obrigado a obedecer às ordens de alguém antes de saber o que ele vai ordenar, está obrigado simplesmente a todas as ordens sem restrição (Hobbes, 1993: 126). Tal situação, “há que obedecer porque há que obedecer”, significa que outra atitude em relação às leis civis, não obedecer porque são injustas, traz consequências indesejadas: a “guerra de todos contra todos” (a Guerra Civil). 
A concepção legalista da justiça hobbesiana, a ideia de que a justiça não existe fora das normas criadas pelo soberano, implica conceber a paz como fim do direito, a paz como antítese da guerra. Dizer que a finalidade do direito é a paz significa que o direito procura substituir o estado de guerra (estado de natureza) por um estado de paz (estado civil): 
Paz e guerra são dois modos diferentes de resolver os conflitos sociais: a guerra através da força dos próprios contendientes (estado de natureza) e a paz através de compromissos entre as partes (contrato social) e a atribuição da força à pessoa distinta das partes (o soberano). Mas a paz jurídica não elimina os conflitos e sim resolvê-los, por isso o direito como paz se contrapões não ao conflito mas à guerra (grifo do autor) (Bobbio, 1980: 106-107). 
Neste contexto, a paz é um valor, mas um valor distinto da justiça: é do interesse de quem procuram a paz que se cumpra o comportamento estabelecido pela norma, seja ele qual for, ou seja, para o partidário da paz ou ordem o que importa é a existência de um conjunto de normas e um aparato de punição eficiente, o elemento coativo da norma, sem o qual não há paz. 
Tal concepção da justiça faz que, no contexto em que escreve Hobbes, admita-se apenas a religião no âmbito ou foro interno, isto é, como ditames racionais ou divinos, que reforçam, aliás, a obediência às leis do soberano: Nosso Salvador não indicou nenhuma lei sobre o governo do estado além das naturais, ou seja, nada além do mandamento de obedecer ao próprio estado (Hobbes, 2003: 439). O mesmo, porém, não acontece com a religião no âmbito externo, o direito de prática religiosa que pode levar, quando exercido pelo clero rebelde (presbiterianos, independentes, etc.), à desobediência: 
[...] o puritano age movido pelo desejo de glória, para ele o essencial é enganar, humilhar, investe ilegalmente o domínio público, roubando, pela dissimulação, o que é do soberano, a fé de seus súditos, a praça de seus mercados; pois é nas praças, de manhã cedo nos dias de feira, que vão os pastores dissidentes seduzir os fiéis da Igreja Anglicana (Ribeiro: 1999: 64).
Situação que Hobbes quer evitar já que foi o exercício de prática religiosa de puritanos rebeldes que esteve na origem da Guerra Civil. Para o autor, é dever sagrado de todo cristão obedecer ao poder secular porque este, como vimos, não proíbe a crença em Cristo - a única, segundo Hobbes, a que deve aspirar o cristão. Desse modo, diante da espinhosa questão “está o cristão obrigado a obedecer ao soberano quando este lhe proíbe a prática de sua fé?”, o autor entende que cabe apenas a resistência passiva e o martírio. Confirma, assim, o que repete em várias partes da sua obra: é dever do soberano estabelecer a religião considerada a melhor que, cumpre frisar, era contrária à liberdade de prática evangélica.
Conforme o exposto, então, o soberano pode castigar os súditos pelas ações religiosas que levam à desobediência das leis civil, não pela crença religiosa, que, aliás, estimula ou reforça o respeito às leis civis.
A distinção conselho e comando ou como diz Hobbes: lei não é conselho, mas ordem, é importante porque permite esclarecer a diferença entre moral e direito, bem como reforçar a ideia de que as leis do soberano devem ser sempre respeitadas ao preço de não se viver em segurança.
Seguindo De cive e Leviatã: o conselho é um preceito em que o motivo da obediência é tomado da própria coisa aconselhada, o comando, um preceito, em que o motivo da obediência é tomado da vontade de quem cria o comando; o conselho é daquele que não tem o poder sobre a quem está destinado, o comando é de quem tem o poder sobre aquele a quem comanda; fazer o que é indicado por conselho é de livre escolha, fazer o que é indicado por comando é dever; o conselho é dirigido ao fim (interesse) de quem o recebe, o comando é dirigido ao fim (interesse) de quem manda; dá-se conselho só a quem quer, impõe-se o comando a quem não quer; e o direito do conselheiro cessa pela vontade daquele a quem é dado o conselho, o direito de quem comanda não cessa pela vontade daquele a quem o comando é imposto (Hobbes, 1993: 179; 2003: 471). 
Do exposto se depreende que a moral, conselho, carece de força vinculante, jurídica pelo fato de que, em mãos de cleros rebeldes, pode induzir à desobediência das leis. Para Hobbes, importa reiterar que, em termos da moral cristã, o crente deve limitar-se a acreditar em Deus, isso com base em decorrênciada premissa pauliana endossada pelo autor: “meu reino não é deste mundo”. Esta interpretação do cristianismo, no sentido de que para ser um bom cristão é necessário apenas acreditar que Jesus é filho de Deus, bem como a assertiva pauliana citada ou, ainda, como diz Hobbes, “Cristo veio a este mundo para ensinar, pregar e dar conselhos, não comandos”, é fundamental para a moral da obediência porque reforça o poder civil e a exigência deste fazer cumprir as leis sobre a ameaça de sanções.
Hobbes, como vimos, é contrário ao direito de prática religiosa, mas não ao fato dos indivíduos acreditarem num ser superior: Nosso Salvador, declara, não indicou aos súditos nenhuma lei referente ao governo da cidade além das leis de natureza, ou seja, além do mandamento da obediência civil pacta sunt servanda (Hobbes, 1993: 239). Tal preceito, que reforça a obediência ao soberano, fazendo parte do que se conveio chamar: “ateísmo cristão”. 
A “fé em Cristo e a obediência às leis da natureza” são suficientes, segundo o filósofo inglês, para garantir a vida eterna. Desta maneira, podemos dizer que a intenção de Hobbes é libertar os homens de um medo desnecessário: a ameaça de morte eterna (o inferno) praticada pelo clero rebelde. A “religião civil”, defendida pelo autor, oferece então uma esperança – a da vida eterna (Tuck, 2003: L; LI). 
O autor não separa moral e política na medida em que as leis naturais ou racionais e a obediência ao soberano são indissociáveis, sendo que tal obediência é possível porque o poder que encarna o Leviatã implica o direito de punir: as leis não tem poder algum para proteger, se não houver uma espada nas mãos de um homem, ou de homens encarregados de pôr as leis em execução (Hobbes, 2003: 181-182). O temor à punição é a garantia de que todos os membros da sociedade vão cumprir as normas e assim desfrutar do bem supremo que é a paz. 
A moral da obediência, fundada em leis naturais ou racionais, não é outra coisa se não a defesa de uma moralidade neutra, ascética ou pragmática, sem a qual não é possível a paz. Tal moral, com a subsequente submissão dos indivíduos às normas do soberano, é a condição sine qua non de evitar a fobia do estado de natureza e atingir o estado de afobia, o estado civil, onde reina “a paz de todos com todos”. Em reforço disto, cabe sublinhar que para o filósofo inglês a lex, natural ou civil, é sempre vínculo, obrigação, que se dá em nível da consciência ou em nível concreto, a perda ou restrição de algum bem, pelo não cumprimento das leis civis.
A moral da obediência hobbesiana leva o indivíduo à conquista de um bem supremo, que é invariável – a paz. Em tal contexto, não há possibilidade para divergências, não há alternativa: há que se obedecer às leis civis, caso contrário dá-se a desordem. A atividade independente do indivíduo, o exercício de prática religiosa, por exemplo, pode até ser suprimido em nome da segurança. Neste contexto, o bem comum se confunde com a obediência das leis (Oakeshott, 2000: 277).
No entanto, além da lex natural ou civil que manda, existe também o jus natural ou civil que permite. Trata-se da “liberdade inocente” ou “inofensiva”, àquela parte da conduta humana, diz Hobbes, “deixada pelas leis civis aos súditos”. Tal concepção do direito, como liberdade, nos leva a abordar o segundo ponto deste ensaio: a ética hedonista.
Neste contexto, o direito não é coerção, o componente da norma que permite a paz, mas permissão, o componente da norma que permite a liberdade. Para o partidário do direito como justiça (não como ordem), o importante não é a coerção da norma, mas o que ela autoriza ou prescreve em prol da liberdade. Trata-se, neste caso, da concepção substantiva da lei. Retomando o dualismo: legalidade-legitimidade Hobbes está mais preocupado, no direito como liberdade, com o conteúdo ou legitimidade das normas que garantem o exercício da liberdade individual. 
Paralelamente à moral da obediência, vislumbra-se em Hobbes uma ética hedonista em que a paixão aparece, mais uma vez, auxiliada pela razão. Ou seja, o desejo de levar uma “vida prazerosa” (satisfatória ou confortável) precisa de um argumento sólido: os direitos naturais ou racionais, que, comparados pelo autor a teoremas ou axiomas, permitem que os indivíduos levem uma vida boa, feliz. [5: Trata-se do método lógico-demonstrativo baseado em proposições a priori e analíticas (em que o predicado não acrescenta nada novo ao sujeito): a liberdade é poder de fazer algo, João é livre, logo, João tem o poder de fazer algo. ]
Do exposto até aqui podemos observar o forte racionalismo hobbesiano que converte a natureza humana em natureza racional, as leis e os direitos naturais em leis e direitos racionais. Este hiperracionalismo pode ser associado à filosofia do sujeito, solipsista ou monológica, com pretensão científica, cuja fonte a encontramos em Descartes e seu primeiro princípio da filosofia, ego cogito ergo sum (je pense donc je suis), em que o espírito se descobre como sujeito sendo que, no próprio ato de conhecer/pensar, cria a realidade: adequatio intellectus ad rem ou adequatio rei ad intellectus. 
Com base neste princípio, o pai da filosofia moderna procura fazer da realidade uma estrutura transparente à luz da razão. Contudo, como se dá o processo de cognição? No cogito, o sujeito recorre a ideias lógico-dedutivas construídas abstratamente ou a ideias adventícias originadas da observação dos fatos para criar ou explicar a realidade: a coisa pensada (res extensa). É o que pretende fazer Hobbes ao fundar uma moral e ética válida para todos, que se perpetua no tempo e no espaço (quod ubique, quod semper, quod ad omnibus creditum est), com base em leis e direitos naturais seguindo o more matemático/geométrico ou experimental. Neste sentido, podemos afirmar que o autor seguiu a ideia cartesiana de que todo pensamento pode ser apresentado de forma axiomática ou empírica. Estamos diante de autores em que “o discurso científico era discurso normal e que todo outro discurso precisava ser moldado por ele (como) motivo padrão para o filosofar” (Rorty, 1994: 379). 
Na opinião de críticos, Richard Rorty, estaríamos diante de um conhecimento em que a realidade é um espelho da razão. Segundo Michel Foucault – diante de uma razão disciplinar que desautoriza qualquer exercício intelectual que não se enquadre num método científico. Na opinião de Luis Eduardo Soares – diante da presença do sujeito universal que assume uma posição neutra e objetiva da realidade que é criada através de métodos rigorosos. Um tipo de racionalidade, parafraseando mais uma vez Ernest Cassirer, que se confunde com o universal.
A filosofia hobbesiana é subjetiva não só pelo fato do filósofo ser capaz, sozinho, de produzir verdades irrefutáveis, mas também pela concepção que tem do direito. De fato, qual é o conteúdo do direito natural em Hobbes? É a liberdade que cada homem tem (the liberty each man hath) no sentido de possuir algo, assim os direitos naturais são atributos, qualidades ou prerrogativas inerentes a todo ser humano e, no que diz respeito à função do direito natural, ele consiste, como afirma em De cive e Leviatã, no direito de cada um fazer, agir ou escolher o que bem entender para preservar a vida e levar uma vida prazerosa.
Dessas passagens pode-se observar o caráter subjetivo do direito e, assim, a profunda inflexão que se dá com a visão objetiva do direito, a visão aristotélica, em que o direito é coisa (material ou imaterial) a ser repartida na comunidade. Contra esta concepção do direito a visão hobbesiana coloca os direitos naturais do indivíduo. Neste contexto, importa frisar, também, a nova concepção da natureza no sentido de que deixa de ser objetiva, a fúsis aristotélica, para ser subjetiva, isto é, uma criação do sujeito:
O homem pode criar o conhecimento porque é uma livre construção do espírito. Porém, o conhecimento não pode ser uma livre criação se a natureza é ininteligível (...) O homem não pode ser soberano se existe na natureza algum suporte à sua humanidade(...) O homem é soberano porque é alheio à natureza (...) O homem é soberano porque a natureza não precisa ser compreendida, não há limites para conhecer e conquistar a natureza (...) O mundo de nossas construções tem um começo absoluto: é nossa criação em sentido estrito (Strauss, 1986: 159-160). 
Em relação ao hedonismo hobbesiano cabe trazer, também, a conhecida assertiva cartesiana segundo a qual, como se lê em Les passions de l’ame, a “suprema felicidade do homem depende do uso correto da razão” - o que significa dizer que a tarefa do intelecto não é só estabelecer verdades, mas também aquilo que é bom para o indivíduo. Sendo assim, a liberdade individual, além de ser um princípio verdadeiro, é algo bom porque através do exercício dela podemos levar uma vida satisfatória. Trata-se, portanto, de uma postura normativa que acredita ser a liberdade um valor - indispensável da vida feliz. Neste sentido, Hobbes pode ser considerado um seguidor do hedonismo moral ao defender que a procura do prazer individual é um dos principais móbiles da conduta humana. 
A liberdade como poder de fazer ou omitir algo de acordo com minhas inclinações ou desejos, o jusnaturalismo hobbesiano, pode ser enquadrado num liberalismo avant a lettre, e isso pelo fato de que a procura da vida boa, feliz, depende do indivíduo. O bem comum do ponto de vista desta corrente ideológica não sendo outra coisa se não a soma de prazeres individuais, obtidos através do exercício, segundo Hobbes, da “liberdade civil” ou “liberdade do cidadão”. 
Sobre a liberdade hobbesiana, o exemplo clássico é a água: se ela estiver dentro de um vaso, ficará presa, contida, quebre-se o vaso, e ela se liberta (Ribeiro, 2002: 3). A analogia do movimento da ação humana com o movimento natural das águas num rio revela que o estado, tal como as margens, não obstaculiza o movimento natural dos homens para a obtenção do que melhor é para si, mas que o orienta para seu melhor fluir (Bernardes: 2002 : 47). A metáfora, o curso da água e liberdade civil, apesar de extensa, vale ser reproduzida na íntegra: 
Como os movimentos e ações dos cidadãos nunca são em sua totalidade regulados por lei, e nem podem ser por causa de sua variedade, por isso há necessariamente uma quase infinidade de atos que não são comandados nem proibidos, e que cada qual pode fazer ou não fazer, livremente. É neles que cada um goza de liberdade, e é neste sentido que aqui se toma a liberdade, a saber, a parte do direito natural que é concedida e deixada aos cidadãos pelas leis civis. A água, se for represada de todos os lados, estagna-se e fica poluída; se tiver todo espaço aberto, ela se expande, e tanto mais livremente corre quantas saídas mais encontrar. Assim, os cidadãos: se nada fizessem sem comando expresso das leis, ficariam embotados; se fizessem tudo sem leis expressas ficariam embaraçados. Quanto maior número de matérias a leis deixarem indeterminadas, tanto maior é a liberdade que eles desfrutam. Os dois extremos são falsos, pois as leis não são criadas para impedir as ações dos homens e sim para dirigi-las, como as margens do rio, segundo a ordem natural, servem para encaminha e não para deter o curso da água. Os parâmetros dessa liberdade são o bem da Cidade e o bem-estar do cidadão. Por isso, é antes de tudo contrário ao dever dos que governam e dos que tem poder de fazer leis permitirem a existência de um número delas maior do que necessário para o bem dos cidadãos e da Cidade. Com efeito, os homens costumam o mais das vezes discutir sobre o que devem fazer recorrendo antes à razão natural (a liberdade natural ou racional consiste em fazer ou omitir algo de acordo com minhas inclinações) do que as ciências das leis Por isso, quando as leis são mais numerosas do que fácil a serem lembradas e proíbem coisas que a razão de-per-si não proíbe, elas necessariamente caem, mais por ignorância e sem qualquer má intenção, nas armadilhas das leis, e ofendem essa inocente liberdade, que os governantes por Eli natural são obrigados a preservar para os cidadãos [E arremata] Grande parte dessa liberdade, inofensiva, para uma Cidade é necessária para a vida feliz dos cidadãos [...] Faz também parte dessa liberdade inocente e necessária aos cidadãos que todo homem possa sem medo desfrutar os direitos que lhe são concedidos pelas leis (grifo do autor) (Hobbes, 1993:175-176).
Desta longa passagem importa dizer que a vida feliz encontra-se em íntima relação com o exercício da liberdade inocente ou inofensiva, que consiste, como reitera em De cive, em haver poucas leis e proibições, algumas indispensáveis para a segurança ou, em Leviatã, a liberdade dos cidadãos está naquelas coisas que, ao regular as ações, o soberano preteriu tais como comprar e vender, realizar contratos, escolher residência e profissão, instruir os filhos conforme achar melhor, etc. A felicidade passa, então, pelo fato da conduta humana estar o menos possível sujeita à regulamentação legal ou, segundo a definição supra, através de mandatos permissivos que autorizam atos em prol da liberdade individual. 
A defesa da liberdade individual feita por Hobbes levou Quentin Skinner a falar de uma Liberdade antes do liberalismo, ou seja, é possível o exercício da liberdade individual num “Estado não livre” porque não há conexão necessária entre liberdade individual (privada) e liberdade do cidadão (pública). Tal interpretação encontra eco no filósofo inglês quando em De cive declara: se a liberdade dos cidadãos consiste em ter poucas leis, as indispensáveis para a paz, “nego que haja mais liberdade na democracia do que na monarquia” (grifo do autor) (Hobbes, 1993: 144). Assim, voltando ao mencionado interprete, é possível o indivíduo ter liberdade e não ser cidadão livre: “É a mais simples confusão supor que há conexão alguma entre o estabelecimento de estados livres e a manutenção da liberdade individual” (Skinner, 1999: 55).
Para Hobbes o importante é o exercício da liberdade de escolha do indivíduo e não um cidadão livre, o importante não é a fonte da lei, a vontade popular, mas o exercício da liberdade individual garantida pela lei. O problema não está na forma de governo, mas na relação estado - liberdade individual:
Ser livre como um membro de uma associação civil (...) é simplesmente estar desimpedido de exercer suas capacidades na busca de seus fins desejados. Um dos deveres básicos do Estado é impedir que você invada os direitos de ação de seus concidadãos, um dever que ele cumpre pela imposição da força coercitiva da lei sobre todos igualmente. Mas, onde a lei termina, a liberdade principia. Desde que você não esteja física nem coercitivamente constrangido de agir ou em abstinência de agir pelos requisitos da lei, você permanece capaz de exercer seus poderes a vontade e nesta medida permanece de posse de sua liberdade civil (Skinner, 1999:18). 
Do ponto de vista hobbesiano, não existe afinidade entre liberalismo e democracia, liberdade individual e participação política: o ideal liberal da liberdade pode dar-se num governo não democrático, contudo não intervencionista. Tese polêmica tendo em vista o filósofo inglês ser considerado o teórico da soberania forte e do absolutismo monárquico:
Ao longo da história do pensamento moderno e contemporâneo, Hobbes é constantemente acusado de ter formulado uma teoria política na qual o Estado é forjado como o supressor da liberdade dos indivíduos. Em muitos manuais de sociologia, de ciência política e filosofia política, Hobbes é apontado como um pensador que formulou uma ‘teoria de direita’ [o que consiste em erro epistemológico], como um filósofo que inculcou na modernidade o germe do totalitarismo e como ‘antidemocrático’ e contrário a um Estado de direitos e garantias individuais, na medida em que defendia a monarquia absoluta (Bernardez, 2002: 48). 
A liberdade como poder de fazer, que lembra a definição de um dos principais autores do liberalismo clássico (John Locke), segundo a qual é o “direito de cada um fazer o que for de seu agrado”, diz respeito àquela dimensãoindividual da liberdade que depois de Benjamim Constant é conhecida como o nome de liberté des modernes (1819) ou, mais recentemente, Isaiah Berlin, liberdade negativa (1969) que visa responder à seguinte pergunta: até que ponto o governo deve intervir nos assuntos privados? Resposta: na menor quantidade possível. [6: Ou, como diz em De Cive e Leviatã: “É o poder do homem de fazer o que tem vontade de fazer”, “É a ausência de entraves de fazer o que se tem vontade de fazer”, etc.]
Tal interpretação – liberal – da liberdade sendo destacada por vários estudiosos do filósofo inglês: “as leis e acordos da sociedade hobbesiana só estavam destinados a cobrir certo terreno limitado de atividade, deixando áreas substanciais abertas ao arbítrio individual” (Wolin, 2001: 287). Assim, tratar-se-ia de um tipo de liberdade que supõe haver poucas restrições ou proibições legais à conduta humana ou, ainda, como dirá Montesquieu: dos indivíduos terem o direto de fazer tudo o que a lei permite – o que significa que ninguém tem o direito de impedir alguém de fazer aquilo que a lei não proíbe. Neste contexto: a liberdade consiste, então, naquilo que os indivíduos têm o direito de fazer e a sociedade não tem o direito de impedir (Constant, 2007: 51). 
De fato, a liberdade civil hobbesiana não existe para o “soberano regular todas as ações e palavras”, mas ela diz respeito a “todas as espécies de ações omitidas pelas leis”. Desta maneira, no estado civil, os indivíduos tem a “liberdade de fazer o que a razão de cada um sugerir, como o mais favorável a seu interesse” e tornar-se “senhor das suas vidas”. Ademais, quanto a outras liberdades, diz Hobbes, elas dependem do silentium legibus, ou seja, “nos casos em que o soberano não tenha estabelecido uma regra, o súdito tem a liberdade de fazer ou omitir, conformemente à sua discrição” (Hobbes, 2003: 187). 
Para o filósofo inglês, a liberdade (poder de fazer algo) é “sempre a mesma” sendo que ela pode dar-se no governo de um só (monarquia), alguns (aristocracia) ou muitos (democracia). Contudo, neste último caso, a liberté des anciens segundo Constant, entende que este direito é da politéia (Aristóteles) ou república (Cícero), própria dos “Estados populares” (Hobbes, 2003: 184), mas não um direito individual a ser usufruído em segurança legal. O importante, então, para Hobbes não é a participação do cidadão como acontecia nas repúblicas antigas, mas o respeito a uma extensão da liberdade individual que faça possível a cada um escolher a forma de vida – boa – que achar melhor.
 Do exposto resulta que o mais relevante para Hobbes é a segurança de um domínio de independência individual, que o Estado, por um lado, deve garantir e, por outro lado, não deve intervir: garantir através da punição dos que violam a independência e segurança individual, contudo, legislando pouco para a liberdade se expandir o mais amplamente possível. 
A liberdade sob a lei não tem a ver com o direito do cidadão de ter voz ou participar no governo: a liberdade hobbesiana é jurídica, não política. Uma liberdade egocêntrica porque centrada no autointeresse, inclinações e desejos pessoais, que encontra apenas uma limitação, no contexto em que escreve Hobbes, que é a liberdade de prática religiosa pelo fato do seu exercício levar à desordem (Guerra Civil).
Além da liberdade, a felicidade requer também a prosperidade material: a riqueza. A importância deste componente da felicidade pode ser observada ao lembrar que um dos motivos de discórdia no estado de natureza é a competição pelo ganho ou lucro (Hobbes, 2003: 108), que não precisa da ingerência do Estado. 
Tal entendimento, acreditamos, encontra respaldo em passagens da obra hobbesiana: “os bens e riqueza dos indivíduos são a corrente sanguínea de um estado que, circulando, alimenta pelo caminho todos os membros”; “a riqueza e prosperidade de todos os membros individuais são sua a força vital”, etc., (Hobbes, 2003: 12). Ou seja, a riqueza e os bens do indivíduo devem fluir sem obstáculos. 
Para uma melhor compreensão desta leitura, importa lembrar as hipóteses “realistas” do autor sobre o estado de natureza em que predomina a competição, desconfiança e(,) glória: pela primeira ataco o outro pelo lucro, a segunda pela segurança e a terceira pela reputação, sendo que esta última, a “principal causa de conflito”, é produzida por ninharias, sorrisos, palavras e gestos desdenhosos (Hobbes, 2003: 108).
A análise mais detalhada desta causa de conflito, a reputação, é relevante porque está em relação com a felicidade e prosperidade material do indivíduo tão almejada na época: o caráter humano que emerge na Europa ocidental do século XVII é um sentimento de individualidade, o homem independente e empreendedor que procura bens materiais (Oakeshott, 2000: 278). 
Com respeito à reputação, vale referir-nos à chamada “teoria do riso” hobbesiana, que, seguindo The elements of law, é provocado por um ato imprevisto que agrada ou pela percepção de alguma fraqueza desprezível. Assim, existe o riso natural, imprevisto (o riso alegre) e o riso refletido, racionalizado (o riso zombeteiro). A reputação, uma das “paixões indomáveis” hobbesianas (Hirschman, 1979: 36) encontra, assim, na conduta o gesto debochado: “uma súbita glória que surge de uma súbita concepção de alguma superioridade em nós mesmos pela comparação com as fraquezas alheias” (Skinner, 2002: 55). 
A emoção expressa no riso escárnio, a alegria induzida pela zombaria, à diferença do riso alegre, é sempre expressão de desprezo, sendo que para Hobbes: a maneira mais natural de vangloriar-se, gabar-se, jactar-se é falar zombando. Tal atitude, segundo o autor, corresponde a “espíritos covardes praticado pelos lobos” diferentemente do riso natural que corresponde a “grandes espíritos praticado pelas ovelhas”. 
No contexto em que escreve Hobbes, haveria uma disputa entre ambos os “espíritos”, uno, ligado à nobreza, ao cavalheiro educado da Royal Society, a mentes elevadas, que não se interessam por alimentar sensações de superioridade, mas ajudar àqueles que cultivam um verdadeiro sentido de magnanimidade e uma aversão à agressão; e outro, ligado ao puritano mercator, membro da nascente sociedade mercantil que, movido pelo desejo de lucro, da vazão a sentimentos debochados de superioridade sobre os demais. 
Apesar de elogiar a primeira atitude - a do cavalheiro -, Hobbes é consciente da “nova” atitude assumida por grupos da sociedade inglesa em ascensão, a pequena nobreza ou gentry, comerciantes da City, etc, que procuram assentar a superioridade, a reputação, com base no ganho ou no lucro. 
O sentimento de prazer experimentado pelo puritano comerciante sobre outros sendo fortalecido pela prosperidade material, isto é, pelo desejo de lucro enquanto “objeto da paixão”. A este respeito cabe trazer o comentário de Hobbes sobre a conduta do puritano mercator: 
[...] em seus sermões nunca ou apenas brandamente atacavam os vícios lucrativos dos homens de comércio e artesanato, tais como a dissimulação, a mentira, o engodo, a hipocrisia ou outras coisas descaridosas, salvo a falta de caridade para com seus pastores e fiéis, o que significou um grande alívio para os cidadãos em geral e em particular para os habitantes das cidades em que havia mercados, e com isso um considerável ganho para si mesmos (Hobbes, 2001:59). 
Importa lembrar, seguindo Albert Hirschman, que as “paixões indomáveis” (vanglória, competição, desconfiança - que mostram como os homens se comportam dada a sua natureza), não mudam ao momento de ingressar em sociedade. A razão, como vimos, vem em auxílio, no momento do contrato, para auxiliar tais paixões, para controlar a “besta selvagem que existe em todos nós”, mas não para suprimi-las ou reprimi-las, notadamente, a reputação, que, no contexto da sociedade mercantil in nascendi, passa pelo lucro. 
A conduta desdenhosa corresponderia, então, à praticada por membros da gentrye comerciantes da City que experimentam superioridade sobre os demais através do objeto da paixão: a riqueza material. Tal entendimento faz com que a insociabilidade natural hobbesiana, “o homem não tira nenhum prazer na companhia de outrem”, não requeira o concurso benevolente de outros indivíduos em sociedade, mas o necessário para materializar tal objeto, que passa pela troca de bens e os contratos. 
Assim, a riqueza material exige outro direito: o de propriedade, que, vale lembrar, não existe antes de o homem ingressar em sociedade. Tal “direito civil”, segundo Hobbes, deve ser apreciado no horizonte da paz e segurança comuns e da felicidade, uma que vez que a vida confortável, prazerosa, implica ter coisas obtidas através do trabalho: “as autoridades não podem dar contribuição melhor para o bem-estar público do que levar os cidadãos a gozar da riqueza produzida por sua operosidade” (Hobbes, 1993: 169). 
A constituição da sociedade faz que o poder do indivíduo sobre as coisas no estado de natureza, fundado na autopreservação, se converta em propriedade legal ou jurídica. São as leis civis, diz o autor, que garantem o meu, o teu, e o seu, e isso, vale frisar, com base no trabalho. Apesar da distribuição da propriedade pertencer em última instância ao soberano como garante da sobrevivência dos súditos, tal entendimento não descarta o fato da propriedade por quem legitimamente a possui e trabalha ser tida como parte da liberdade individual: “pois, ao conceder tal direito para alguém, o estado o protege dos obstáculos que possam impedir este movimento” (Bernardez, 2002: 53), isto é, o “movimento vital do estado e seus membros” (supra).[7: “(...) pelo fato de o soberano ser o representante dos súditos, precisa levar a sério a tarefa de garantir-lhes as coisas necessárias à vida - o soberano de Hobbes teria não só o direito como o dever de intervir no sistema econômico se o seu funcionamento livre ameaçasse a sobrevivência de qualquer de seus cidadãos” (Tuck, 2003: XLV).]
Em reforço da tese do indivíduo gozar em sociedade da propriedade, caberia trazer a assertiva hobbesiana segundo a qual: “existe uma inclinação geral e incansável do homem por poder e mais poder que só acaba com a morte”. Tal desejo, que consiste no uso de meios presentes para obter um bem futuro, não pode ser dissociado do “movimento vital do estado” nem do “movimento do desfrute” do indivíduo que passa pela propriedade, base de riqueza e felicidade. 
Da concepção hobbesiana do homem - calculador de ganho, vantagens, etc, - dar-se-ia uma ontologia do Ter e não do Ser. Uma forma de comportamento em que o indivíduo não é tido como inserido numa ordem social, mas como perseguindo seu interesse e bem estar material. O hedonismo moral do autor consistiria, parafraseando Epicuro, em cada um escolher aquilo que lhe dá prazer, notadamente, no caso em exame, o gozo de bens materiais, e isso no contexto da sociedade mercantil in nascendi em que os membros da gentry, comerciantes da City, etc, querem sobressair, marcar sua ascendência sobre os demais. Uma situação na qual a reputação, a atitude desdenhosa ou debochada, se encontra ligada ao status de superioridade dado pela riqueza.
Para concluir, podemos dizer que a moral da obediência e ética hedonista hobbesianas devem ser apreciadas à luz da dinâmica indivíduo-soberano. Uma dinâmica que traz indivíduos decididos em viver com segurança e conscientes da vantagem de conviver em sociedade sob os comandos do soberano. Entretanto, a submissão ao soberano não implica arbitrariedades porque a vontade prudentemente atemorizada do cidadão está acompanhada pela paixão lícita que impulsiona o bem viver (Dotti, 2000: 6). Lex e jus, obrigação e liberdade, não são incompatíveis ou, como sustentam comentadores dos dois sentimentos naturais hobbesianos:
A questão de Hobbes é vencer o medo pela esperança - e uma esperança que tenha suporte no conforto material. Trata-se de escapar à morte violenta, que é o maior mal que possa suceder ao homem, e - depois disso - de ampliar o conforto. Devemos nos conformar aos poderes que existem, aos poderes do Estado, mas, - isso feito - mudar o mundo das coisas. Não mudamos o mundo humano, das relações políticas, que permanecem como estão, só robustecidas pela obediência aumentada, mas mexemos no mundo das coisas, da matéria, que servirá de fonte de nosso florescimento (grifo nosso) (Ribeiro, 2006: 125). 
Tal assertiva parece procedente se levarmos em conta os fatos posteriores a Guerra Civil na Inglaterra: a Revolução Gloriosa (1688) e o Bill of Rights (1689). Uma situação que levou ao “florescimento do indivíduo”, à libertação do indivíduo-crente de uma jaula de ferro religiosa (anglicanismo) para que construa as gaiolas que quiser, privatizando o negócio da salvação (puritanismo), mas também a libertação desta jaula para que conquiste os direitos naturais (Bauman, 2000: 160). 
Sendo assim, podemos firmar que Hobbes contribuiu para tal florescimento na medida em que coloca o exercício da liberdade individual, baseado em normas permissivas, como fundamental para se levar uma vida feliz, mesmo ao preço do indivíduo ficar submetido a normas coercitivas do soberano para evitar o pior dos males: a morte. 
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