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PSICANÁLISE SOCIAL

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SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA DE PSICANÁLISE – SCOPSI 
CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE 
 
 
 
 
 
DARLAN DE ALMEIDA LIMA 
 
 
 
O INCONSCIENTE FREUDIANO NA LINGUAGEM SOCIAL 
 
 
 
 
FORTALEZA - CE 
2014 
 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA DE PSICANÁLISE – SCOPSI 
CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE 
 
 
 
DARLAN DE ALMEIDA LIMA 
 
 
O INCONSCIENTE FREUDIANO NA LINGUAGEM SOCIAL 
 
 
Artigo científico apresentado como 
requisito para conclusão do Curso de 
Formação em Psicanálise e obtenção do 
título de Psicanalista pela Sociedade 
Contemporânea – SCOPSI. 
 
Orientador: Dr. França da Silva 
(Psicanalista Clínico – CPNC 2515-50/19) 
 
FORTALEZA – CE 
2014 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Agradeço a Deus, a quem dedico minha vida e a meu pai José 
Eliézio de Almeida e Silva (In Memorian), de quem muito me inspirei a 
estudar e a ser ético. 
Também, à minha mãe Maria do Socorro Lima e Silva, que tem me 
amparado até a presente data que tem me ensinado a dar o melhor de 
si, sendo uma grande mulher virtuosa, espiritual, batalhadora e de 
exemplo ilibado, bem como aos meus irmãos James, Divânia e Wagner 
e seus cônjuges Kennya, Alexandre e Juliana. 
Da mesma forma, agradeço à querida esposa Zínnia de Fátima 
Lima Freitas, fiel companheira e grande incentivadora, mulher 
maravilhosa que me amparou e me orientou ao longo dos 18 anos de 
casados, bem como à querida sogra Maria de Fátima Pereira Lima (In 
memoriam); também aos meus filhos André, Renan, Rebecca e Samuel, 
que têm sido sustentáculos de amor. 
Faço notório o apoio recebido da SCOPSI, por dar ênfase a um 
curso que considero importante para a sociedade, especialmente aos 
meus professores ao longo da jornada acadêmica, servidores, colegas 
de curso, ao Professor Orientador Doutor França da Silva por seu apoio 
e orientação e a todos quantos, no transcorrer do curso, contribuíram 
direta ou indiretamente para a minha especialização acadêmica e ao 
meu sucesso profissional. 
 
Deus nos abençõe! 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
A linguagem é motivada pelas necessidades sociais. Nessa relação, há uma 
distorção, carente de uma tradução no contexto das representações envolvendo os 
comportamentos pessoais, numa diversidade simbólica social que envolve uma 
associação entre a cultura da especulação mercadológica acumulativa e o desafio 
de autonomia individual. Nessa simbologia experiencial se estabelece um sistema 
que controla o imaginário, pela mediação do espaço entre a realidade e a fantasia, 
pela produção de imagens, símbolos e sintaxes, alienando, massificando e 
normalizando a construção social pautada pelos interesses das elites, produzindo 
violência simbólica social e corporal, não dialógica e impositiva, gerando um grande 
risco de que o sentido motivacional da vida se torne insatisfação e solidão e as 
escolhas em riscos. Essas disfunções sociais carecem de reflexão sobre a formação 
de conceitos na construção de significados, num processo de internalização sobre a 
compreensão da identidade e da existência em relação à identidade coletiva no 
sentido de explicar, explanar ou aclarar o sentido dos conceitos significativos 
capazes de produzir mudanças comportamentais. Segundo a Psicanálise, ocorre, 
nos indivíduos, conteúdos internos reprimidos, emergindo do inconsciente, como 
sucessões de sintomas repressores, numa rede de significantes (palavras e 
fonemas), articulados entre si por mecanismos próprios, dentro de um sintoma 
neurótico. O presente artigo trata de ampliar a dialética sobre o inconsciente 
Freudiano, envolvendo a internalização construtiva simbólica, perceptiva da 
convenção social sígnica que emerge do inconsciente para o consciente, na relação 
social (sistema de expressão) e nas redes relacionais; supõe que a castração e a 
linguagem são, também, fenômenos sociais e que o mercado de trabalho é um 
sistema de resíduos, depósito das necessidades sexuais que desempenharam o 
papel principal na origem e no desenvolvimento da linguagem. Articula a distorção 
social como consequência de um conflito complexo da pulsão contra o desejo 
recalcado individual e pontua a questão da censura psicanalítica no contexto social 
tendo o sistema mercadológico como uma internalização construtiva simbólica, 
perceptiva a uma convenção social sígnica, também emergindo do inconsciente para 
o consciente; hipotetiza a questão do entendimento sobre a linguagem do 
inconsciente como algo fundamental na procura do entendimento das questões 
sociais, aonde analisa a relação entre o erótico e o social desde o processo 
individual ao processo coletivo; interpela a linguagem do ser dentro do conflito 
ideológico e social, procurando entender sobre a satisfação do desejo pessoal e a 
visão do outro, comparando o desejo pessoal na neurose obsessiva e a visão do 
outro no contexto social em relação à conversão histérica, vendo na diversidade 
simbólica disfarçada de representações de pensamentos latentes, as dependências 
comerciais em suas ambigüidades emocionais, envolvendo as vinculações de 
pensamento entre idéias estabelecidas e a pseudo-verdade fabricada. Pensa sobre 
a repressão individual e a construção da linguagem social, na forma de pensar do 
sujeito inserido na condição social. Finalmente, relaciona a omissão social como 
esvaziamento do ser inconsciente pessoal na relação dinheiro e poder, que 
simboliza a representatividade significativa desse inconsciente coletivo, envolvendo 
fatores extremos presentes nas relações sociais narcisistas, como forças opositoras 
que incitam o pensamento mágico na massa social. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Linguagem, identidade, ambiguidade, inconsciente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The language is motivated by social needs. In this respect, there is a 
distortion, lacking a translation in the context of representations involving personal 
behavior, a symbolic social diversity that involves an association between the culture 
of cumulative marketing speculation and the challenge of individual autonomy. In this 
experiential symbolism establishes a system that controls the imaginary, through the 
mediation of space between reality and fantasy, the production of images, symbols 
and syntax, alienating, massifying and normalizing the social construction guided by 
the interests of elites, producing symbolic social violence and body, not dialogical and 
imposing, generating a great risk that the motivational meaning of life becomes 
dissatisfaction and loneliness and choices in risk. These social dysfunctions lack of 
reflection on the formation of concepts in the construction of meanings, a process of 
internalization on understanding the identity and existence in relation to collective 
identity in order to explain, explain or clarify the meaning of concepts capable of 
producing significant changes behavioral. According to psychoanalysis, occurs in 
individuals, repressed internal contents, emerging from the unconscious as a 
succession of repressive symptoms, a network of signifiers (words and phonemes), 
articulated mechanisms by themselves within a neurotic symptom. This article deals 
with larger dialectic on the Freudian unconscious, involving the symbolic, perceptual 
constructive internalization of social semiotic convention that emerges from the 
unconscious to the conscious, social relationship (expression system) and the 
relational networks; assumes that castration and language are also social 
phenomena and that the labor market is a system of waste deposit of sexual needs 
that played a major role in the origin and development of language. Articulates social 
distortion as a result of a complex conflict of drive against individual repressed desire 
and punctuates the issue of censorship in psychoanalyticsocial context with the 
marketing system as a symbolic internalisation constructive, perceptive signic a 
social convention, also emerging from the unconscious to the conscious; 
hypothesizes the question of understanding the language of the unconscious as 
something fundamental in the understanding of demand, where he analyzes the 
relationship between the erotic and the social process from the individual to the 
collective social process issues; challenges the language of being within the 
ideological and social conflict, trying to understand about the satisfaction of personal 
desire and the vision of the other, comparing personal desire in obsessional neurosis 
and the view from the other in the social context in relation to conversion hysteria, 
seeing in diversity disguised as symbolic representations of latent thoughts, trade 
dependencies in their emotional ambiguities involving the linkages between 
established ideas of thought and manufactured pseudo-truth. Think about individual 
repression and the social construction of language in thinking the guy inserted and 
social status. Finally, it relates to social failure as emptying of being unconscious 
personal money and power in the relationship, which symbolizes the significant 
participation of this collective unconscious, involving extreme factors present in the 
narcissistic social relations such as opposition forces urging magical thinking in the 
social mass. 
 
KEYWORDS: Language, Identity, ambiguity, unconscious 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O INCONSCIENTE FREUDIANO NA LINGUAGEM SOCIAL 
 
INTRODUÇÃO 
 
A princípio, procurei fazer um texto sobre a problemática social envolvendo a 
mídia e a implicação estética. Contudo, atentei para a questão da linguagem e das 
motivações decorrentes das necessidades sociais, aonde observei que as 
representações e comportamentos pessoais, possuíam uma diversidade simbólica 
social e cultural, apresentando um contraste entre a especulação mercadológica 
acumulativa e o desafio de autonomia individual, numa normatização simbólica que 
propiciava a violência, gerando insatisfação e solidão. 
Tive a necessidade de entender sobre as disfunções sociais e a construção 
de significados e conceitos significativos envolvendo as mudanças comportamentais, 
pelo que, atentei na relação do inconsciente individual na obra Freudiana, buscando 
relacionar os conteúdos internos reprimidos na rede de significantes com a 
internalização construtiva simbólica, perceptiva da convenção social envolvendo os 
fenômenos sociais e o mercado de trabalho, observando uma distorção social 
passível de ser envolvida na questão do complexo da pulsão contra o desejo 
recalcado individual, sendo o sistema mercadológico, como uma internalização 
construtiva simbólica da linguagem do inconsciente como algo fundamental na 
procura do entendimento das questões sociais. 
Esse artigo, portanto, trará uma visão sobre a comparação entre o processo 
individual e o processo coletivo dentro de uma ótica Freudiana, envolvendo a 
linguagem do ser dentro do conflito ideológico social, procurando entender a 
satisfação do desejo pessoal e a visão do outro, na diversidade simbólica e nas 
representações de pensamentos latentes, envolvendo as ambigüidades emocionais, 
as vinculações de pensamento e as idéias estabelecidas de cunho social. 
Trata-se de um pensar sobre a repressão individual e a construção da 
linguagem social, envolvendo o sujeito inserido na condição social, na omissão 
social, carente de um esvaziamento do ser inconsciente, pessoal, na relação 
dinheiro e poder, dentro de uma representatividade simbólica social significativa 
inconsciente coletiva. 
O que me anima bastante a fazer este estudo é a importância do 
conhecimento e da aplicabilidade do entendimento envolvendo fatores extremos 
presentes nas relações sociais narcisistas, como forças opositoras que incitam o 
pensamento mágico na massa social, dentro de uma ótica Freudiana, que pode 
ajudar muito na prática clínica de pacientes neuróticos, oprimidos socialmente por 
causa de diversos fatores sociais. 
É importante, porém deixar claro, que esse trabalho não finaliza toda a 
essência da busca da resolução da problemática social, mas penso que pode ser 
muito importante para a todos os que se propõe a olhar o ser humano de forma mais 
humanizada. 
Espero que esse artigo seja o primeiro a desbravar o cenário social, inserido 
uma produção simbólica social, como uma proposta de resolução para uma outra 
visão sobre a proposta de estudo do inconsciente individual, na mediação pessoal, 
pela aplicação da psicanálise Freudiana no entendimento da linguagem social. 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO 
O cenário social 
 
Conforme os teóricos Naissbit (1996), Andrade (1996), Rattner (1995), 
Dowbor (1999), Ianni (1995), Castoriadis (1996), Giddens (1996), Dreifuss (1996), 
Sader(1996) e Hall (2000), a cultura global paradoxal do mercado força uma 
especulação acumulativa, que, em busca da lucratividade, exclui do sistema, 
pessoas não tidas como modernizadas e deliberantes, gerando nos indivíduos, um 
desafio de autonomia e absorção e interiorização de idéias, atitudes e 
comportamentos fundamentados pelo sistema, cujos parâmetros levam a buscas de 
respostas, pela preocupação com ajustamentos sociais, agravando desigualdades e 
desidentificando o homem contemporâneo, que se torna contraditório diante das 
mudanças estruturais e institucionais. 
Beltran (1981), Key (1993), Downing (1990), McChesney (2003), Hardt e 
Negri (2000), Pacheco (1998), Guattari (1990), Giddens (1991) Adorno e Horkheimer 
(1985), defendem que a maneira de sentir, pensar e agir, ou seja, o comportamento 
resultante dessa simbologia experiencial se estabelece pela comunicação entre as 
pessoas que desejam reduzir a ansiedade, quebrar o silêncio de fatos que 
questionam a confiança no sistema que controla o imaginário, pela mediação do 
espaço entre a realidade e a fantasia, pela produção de imagens, símbolos e 
sintaxes, alienando, massificando e normalizando o modelo que integra diferentes 
contextos sociais impondo aos sujeitos uma paulatina desconstrução da sua 
capacidade criativa e de pensamento, numa construção social pautada pelos 
interesses das maiorias. 
 
A produção simbólica social 
 
Tavares e Brasileiro (2003), Theodor Adorno (1986), Serra e Santos (2003), 
Michel Foucault (1987, 1999), Gilbert Durand (1998), Kurz (2001), Camargo & Hoff 
(2002), Breen (1998) e Giddens (1998) falam sobre a mercadorização do corpo 
como dispositivo de poder do consumo capitalista, perdendo a identidade como 
pessoa. 
Bourdieu (1997), Costa (1999), Andrade (1996), Bosi (1988), Habermas e 
Siebbeneichler (1989), Frank (1962), Critelli (1996), Guerreiro (1981) e Lessa (1999) 
concordam que a subjetividade fabricada, produz violência simbólica, não dialógica e 
impositiva, excluindo e invadindo os valores pessoais, fazendo com que os sujeitos 
narcísicos e hedonistas deleguem ao mercado falsa felicidade, gerando uma cultura 
banalizada, conflitante, que produz dores psíquicas que eclodem em dores 
somáticas, gerando um grande risco de que o sentido motivacional da vida se torne 
insatisfação e solidão e as escolhas em riscos. 
Chauí (1999), Fadiman (1979), João da Penha (1982), Rego (2003), Kreppner 
(2000), Oliveira & Bastos (2000), Cória-Sabini (1986), Piaget (1994) e Puig (1995), 
postulam que a angústia e a monotonia geradas limitam talentos, capacidades, 
potencialidades aonde as consciências são atormentadas por medos e ansiedades 
neuróticas causadas por disfunções sociais, políticas e educacionais tidas como 
superficiais, banais, cujos valores, crenças, idéias e significados geram uma 
normose de laços afetivos estressores, numa moral baseada em regras que 
precisam ser reavaliadas.Uma proposta de resolução 
 
Macedo (1996), Kant (apud Macedo) (1996), Piaget (1994), Vygotsky (1988), 
Combinato & Queiroz (2006), Cruz & Jawars (2001 apud Rocha et al, 2004), Bernier 
& Hirdes (2006), Kubler-Ross (1998), Bernier & Hirdes (2006) falam que a 
universidade de um princípio universal baseado na prudência, interesse ou 
conformidade com as regras sociais, independente de conceitos próprios, só será 
conveniente equilibrada quando houver reflexão sobre a formação de conceitos que 
se dá através das relações entre o pensamento e a linguagem, questões culturais na 
construção de significados, num processo de internalização sobre o ato de morrer, 
aonde o fato do tabu sobre o assunto, gera medo, fuga e espanto, numa postura 
defensiva, na negação e no distanciamento de pensar, ao se discutir e dialogar 
sobre a própria finitude da vida. 
 Queiroz (2006), Canclini (1995), Mouffe (1993), Boff (2000), Hardt (2001), 
Rojas (1996), Bauman (2004), Darsie (1999), Freitas (2000), Rogers e Kinget (1975) 
e Maturana e Varela (1995) concordam que existe um deslocamento de cenário que 
desagrega a compreensão da identidade e da existência em nome de uma aparente 
identidade coletiva que distancia e descontinua a percepção das regras e lógicas da 
subjetivação, provocando uma sensação de insegurança generalizada pelo fato de 
que o que é constituído como algo atraente, dinâmico e divertido, é na verdade, 
vazio, sem idéias, evasivo e contraditório pelo fato de que o homem moderno, 
atingido por tantas notícias, cria mecanismos de defesa, sendo insensível e 
pragmático; vivendo em comunidades marcadas pela mesmice de ambientes 
narcisistas, cujos não-vínculos dos seres humanos com os seus grupos, soma-se ao 
não-vínculo com os seus territórios. 
 
Uma outra visão 
 
Darsie (1999), Guedes (1981), Ausubel (1980), Maximiliano (1997), Ricouer 
(1988), Peirce (1983), Gomes (1997), Alves (2000), Ludke e André (2005) e Kosik 
(2002), pensam sobre o fato de que o desenvolvimento de potencialidades, 
autonomia e socialização passam por um direcionamento não apenas a nível de 
conhecimento, mas comportamental, numa leitura dinâmica contextualizada, numa 
aprendizagem de assimilação de conteúdos significativos, cuja influência envolve o 
sentido de explicar, explanar ou aclarar o sentido de (palavra, texto, lei, etc.). 
Nessa interpretação simbólica e perceptiva ocorrente em uma relação entre 
sujeitos, se vê o que está diante dos olhos, assimilar o que é signficativo é o 
generalizar as leituras da linguagem (Signo, Símbolo, Paradigma e Arquétipo), 
observando, interpretando, contrastando e ressignificando conceitos significativos, 
num processo de socialização do saber, o que favorece o engajamento de grupos e 
assegura a transmissão de valores universais, pela fundamentação psicológica de 
processos de ação, capazes de produzir mudanças comportamentais em quem 
deseja aprender o conhecimento. 
Contudo, Weber (1982), Morin (2002), Andrieu (2006), Jodelet (1982, 1984, 
1986, 1994), Moscovici (1961/1976, 1978, 1982, 1990, 2003), Vala (1993), Durkheim 
(1986), defendem que essas mudanças sociais ocorrem em meio a representações 
sociais, gerando uma consciência coletiva, em mecanismos de controle social, por 
sanções e recompensas. 
Dessa forma, Bhaskar (1996), Rouanet (1996), Perrusi (1995), Alexander 
(1987) tratam dos mecanismos de controle social e do fenômeno do pensamento 
social, onde a imagem externa corporal é uma aparente mediadora simbólica desse 
lugar social. Ohana, Besis-Monino e Dannenmuller (1982), Althusser (1996), 
Gramsci (1978), Duveen (2003) e Moscovici (1961/1976, 1978, 1982, 1990, 2003) 
relacionam a saúde com o equilíbrio psíquico e a conservação da aparência estética, 
como forma de disciplina e de controle moral, na ideologia de regras de orientação e 
de conduta social dentro desse espaço ou lugar social. 
Castro (2003), Lotman (1981), Barthes (1980), Baudrillard (1985), 
Featherstone (1993, 1995) e Bourdieu (1988), então, fazem distinção social e 
(re)definição de identidade contemporânea, alertando sobre o culto ao corporal, 
numa dimensão sígnica, cuja construção de estilos pelo consumo define o poder 
social, como resultante de coerções sociais, onde o homem objetiva a representativa 
revelação das disposições e interações dos hábitos sociais em sua vida social 
relacionada ao ambiente. 
 
A proposta de mediação 
 
Na tentativa de tentar mediar estes diferentes posicionamentos acerca da 
saúde psíquica, envolvendo o homem e seu lugar social, Peirce (1983), Santaella 
(2004), Pignatari (2004), Lexikon (1990), Netto (2003), Eco (1997) concordam que 
há uma responsabilidade de se nomear o que se descobre, aonde o signo é a 
resposta como uma convenção social aceita e entendida, substituindo, 
representando e possuindo efeitos posteriores, dando ao corpo ao pensamento, às 
emoções, às reações externalizadas, as traduções mais ou menos fiéis de signos 
internos para signos externos, cujos fenômenos mentais são o que aparecem à 
percepção da mente. 
Goffman (apud Wolf, 2002), vê a sociedade, indivíduo e mente como três 
entidades indissociáveis, que compõem o ato social, caracterizado como 
interacionismo simbólico. Em seqüência, surge a semiótica, outra abordagem 
teórica, que se constitui um campo autônomo de estudos, composto por diversas 
perspectivas, buscando a compreensão, precedente do próprio mundo de 
experiência do intérprete, mas que pode ser enriquecida por meio da captação de 
conteúdos novos, que envolvem conteúdos externos e conteúdos internos. 
Segundo Peirce (1983), em relação à interpretação envolvendo o signo: 
 
O significante e significado são indissolúveis gerando uma riqueza de 
interpretações tão ampla que mesmo significados opostos podem combinar-
se em um único signo; ou seja, o signo tríade que pode ser intérprete, 
interpretante e interpretação, que torna possível analisar e classificar os 
fenômenos da realidade em ícones, índices e símbolos; o ícone envolve alto 
poder de sugestão quando há qualidade na relação; o índice quando se 
refere com qualidade em comum com esse objeto como tudo o que atrai a 
atenção que indica e liga algo real, concreto, singular que irradia para 
múltiplas direções e o símbolo quando só é entendido com a ajuda do seu 
interpretante, associa uma lei, uma associação de idéias produzidas 
convencionadas. 
 
 
Ainda o autor afirma sobre a tríade semiótica: 
 
A primeiridade, secundidade e terceiridade, tal qual o ícone, índice e 
símbolo; para eles, toda e qualquer coisa enquadram-se nessas três 
categorias, aonde a primeiridade seria o que é sem se referir a outra coisa 
independente de força e de razão, algo que não se compara, não se 
relaciona, não se diferencia e não se descreve; a secundidade seria como 
dependente, determinada que reage entre si, conectada e ligada às reações 
secundárias, que reage conscientemente com o mundo e a terceiridade, 
generealiza e continua crescendo conforme a inteligência numa força 
generalizadora de provocar uma ligação e reconhecimento convencional no 
sentido de gerar uma compreensão, interpretação e tradução de 
pensamentos. 
 
 
A Aplicação da Psicanálise no Entendimento da Linguagem Social 
 
Neste contexto de tríade envolvendo compreensão, interpretação e tradução 
de pensamentos do ser humano, envolvendo primeiridade, secundidade e 
terceiridade, para Freud, esta realidade ou cenário social descritos, abrange a teoria 
dos conteúdos internos reprimidos, que acabam retornando à consciência, de forma 
disfarçada, emergindo do inconsciente, funcionando como uma rede de significantes 
(palavras e fonemas), articulados entre si segundo mecanismos próprios, fora das 
regras da gramática e os princípios lógicos do pensamento consciente., ou seja: os 
problemas sociais refletem problemas internos inconscientes,possíveis de serem 
conhecidos através da linguagem do inconsciente. 
O discurso de Freud é enriquecido por Lacan, que afirma que entre língua e 
fala, entre significante e significado, o sujeito do inconsciente é “barrado”, 
traspassado pela significação diferenciada do signo, aonde os traços individuais 
geram seu próprio contexto em combinação pela seleção e escolha dentro de uma 
mesma operação de subjetividade, como a aplicação da arte, por exemplo. 
Defendendo a ação da psicanálise para entender esta questão entre o 
homem e o seu sofrimento social, Freud (1914-16) destaca no Volume XIV, no 
Capítulo “A história do movimento psicanalítico, aonde trata sobre metapsicologia e 
outros trabalhos”, Fluctuat nec mergitur (no brasão da cidade de Paris), que: 
 
(...) existe uma estreita ligação entre a interpretação psicanalítica (...) e a 
arte (...) segundo a prática (...) característica essencial (...) que a distorção 
(...) é conseqüência de um conflito interno, uma espécie de desonestidade 
interna e que o termo “complexo”, (...) naturalizado (...) pela linguagem 
psicanalítica; é um termo conveniente e muitas vezes indispensável para 
resumir um estado psicológico de maneira descritiva. 
 
 
Nesta questão de compreender a descrição do estado psicológico e a 
linguagem na psicanálise, Freud (1974) afirmou que a fala poderia ser entendida 
como expressão do pensamento por palavras, incluindo a linguagem da escrita, 
expressando a atividade mental. 
Lacan (1966, 1975, 1986, 1994, 2001) afirma uma fase de repressão decisiva 
na vida de uma criança, por exemplo, que gera sucessões de sintomas repressores, 
aonde o inconsciente é formado por conteúdos reprimidos, podendo simbolizar o 
real como uma linguagem estruturada em combinações de palavras, sistema de 
signos, como as formações das palavras que aparecem nas combinações do 
alfabeto. 
Dessa forma, a psicanálise afirma que uma vez que o conteúdo do 
inconsciente retorna ao consciente de forma disfarçada, pode, inclusive, funcionar 
como uma rede de significantes (palavras e fonemas), articulados entre si por 
mecanismos próprios, aonde o recalque é um significante que pode ser expresso por 
um sintoma neurótico e que castração e a linguagem são fenômenos sociais, 
podendo o inconsciente ser articulado com base na linguagem, transcendendo o ser 
individual que gera o saber. 
Freud (1976), Lacan (1985, 1988, 2003), Dor (1992), Coutinho (2002), 
Lemaire (1989), Saussure (1997), Arrivé (1999), Carvalho (2006) e Jakobson (1995), 
apresentam a palavra envolvendo a imagem sonora, a imagem visual da letra, a 
imagem motora da fala e a imagem motora da escrita ligadas a um objeto num 
complexo, diversificado, aberto e ampliado contexto, aonde o inconsciente fala mais 
dialeticamente, representando suas mudanças de expressão envolvendo impulsos 
psíquicos com suas maneiras distintas de se verificar as suas formações. 
Nas formações inconscientes, opera uma lógica nos significantes em relação 
de exterioridade com o sujeito do inconsciente, dividido entre letra e imagem, que se 
manifesta na linguagem, condensando e deslocando quaisl metáforas e metonímias. 
Freud (1910) destaca no volume XI, no capítulo Cinco lições de psicanálise, 
Leonardo da Vinci e outros trabalhos, aonde trata da significação antiética das 
palavras primitivas que “a linguagem serve não só para expressar os próprios 
pensamentos, mas, essencialmente, para comunicá-los a outrem”, como ocorre na 
“linguagem escrita, com o auxílio dos chamados sinais alfabéticos, aonde afirma: 
 
(...) a relatividade essencial de todo conhecimento, pensamento ou 
consciência, não se pode mostrar a não ser na linguagem. Se tudo que 
podemos conhecer é visto como transição de alguma outra coisa, toda 
experiência deve ter dois lados; e, ou cada nome deve ter uma significação 
dupla, ou,então, para cada significação deve haver dois nomes. 
 
Portanto, se percebe que existe uma possibilidade de que a internalização 
construtiva simbólica, perceptiva de uma convenção social sígnica seja “um lado da 
mesma moeda” que o que emerge do inconsciente para o consciente, nessa 
transição significativa dupla envolvendo a fala, individual e social. 
Freud, ainda afirma no mesmo capítulo que existe um trabalho envolvendo 
uma prática a ser descoberta na expressão de pensamentos aonde o melhor 
entendimento envolve uma tradução que carece do saber sobre o desenvolvimento 
da linguagem. 
Freud (1913) destaca no Volume III, no Capítulo “Totem e tabu e outros 
trabalhos” aonde trata do interesse científico da psicanálise para as ciências não 
psicológicas, aonde aborda o interesse filológico da psicanálise, justamente na 
relação social (sistema de expressão) e individual destacada acima sobre a fala, 
aonde diz que: 
 
(...) a expressão ‘fala’ deve ser entendida não apenas como significando a 
expressão do pensamento por palavras, mas incluindo a linguagem dos 
gestos e todos os outros métodos; por exemplo a escrita, através dos quais 
a atividade mental pode ser expressa. Assim sendo, pode-se salientar que 
as interpretações feitas por psicanalistas são, antes de tudo, traduções de 
um método estranho de expressão para outro que nos é familiar. Quando 
interpretamos (...) estamos apenas traduzindo um determinado conteúdo de 
pensamento (os pensamentos (...) latentes (...) para a nossa fala (...). À 
medida que fazemos isso, aprendemos as peculiaridades dessa linguagem 
(...) parte de um sistema (...) de expressão. 
 
Freud, ainda afirma que existe uma grande relação entre a linguagem, os 
símbolos e a tradução do conteúdo, havendo semelhanças, como partícipes de uma 
evolução lingüística associada a uma construção conceitual, aonde os meios de 
representação como as imagens visuais e palavras, envolvem esse sistema de 
escrita e uma linguagem, cuja interpretação é um deciframento, aonde há, também, 
certos elementos que não se destinam a ser interpretados (ou lidos, segundo for o 
caso), mas têm por intenção servir de ‘determinativos’, ou seja, estabelecer o 
significado de algum outro elemento. 
Nesse caso, a linguagem pode ser encarada como o método pelo qual a 
atividade mental inconsciente se expressa, aonde o inconsciente fala, podendo 
envolver diferentes condições psicológicas que orientam e distinguem as diversas 
formas de neurose, cujas modificações regulares se relacionam aos impulsos 
mentais inconscientes que se expressam na linguagem de gestos, na linguagem de 
pensamentos e até mesmo nas peculiaridades idiomáticas sociais, que envolve a 
capacidade de se compreender e inter-relacionar pessoas num ambiente 
globalizado. 
Dessa forma, os processos inconscientes que estruturam e articulam a 
própria manifestação do significante, que independem do significado como redes 
relacionais de noções de signos, acabam valorizando e dividindo a linguagem como 
algo simbólico. 
Esse processo também envolve a linguagem do inconsciente relacionando-se 
com a linguagem consciente, aonde a expressão dessa linguagem com a ação do 
significante e do significado operam nas ideias como um tipo de escrita que se 
expressa numa linguagem falada exteriormente caracterizada como a língua do 
paciente que fala. 
Freud (1915-16) destaca no Volume XV, no Capítulo “Conferências 
introdutórias sobre psicanálise (Partes I e II)” aonde trata dos simbolismos dos 
sonhos, que existem outras indicações de que a relação simbólica pode ultrapassar 
os limites da linguagem, como exemplificou na fantasia de um paciente psicótico 
cuja imaginação resultou numa ‘linguagem básica’, cujas relações Freud considerou 
como “resíduos”. 
Seria o mercado, um sistema de resíduos, depósito das necessidades sexuais 
que desempenharam o papel principal na origem e no desenvolvimento da 
linguagem, conforme Freud pontuou o filólogo, Hans Sperber [1912], de Uppsala?Segundo esse autor, conforme citado por Freud, os sons originais da 
linguagem se destinavam à comunicação e atraíam o parceiro sexual; a evolução 
ulterior das raízes lingüísticas deveriam acompanhar as atividades laborativas do 
homem primitivo. 
Freud escreve ainda sobre este autor, que este afirma que as atividades, são 
executadas em comum e acompanhadas por expressões ritmicamente repetidas, 
fato aonde se pressupõe que há uma censura não facilmente inteligível, aonde 
teríamos de nos defrontar com a tarefa de traduzir a linguagem simbólica visando 
um pensamento desperto, cujo simbolismo é um segundo e independente fator de 
deformação. Freud afirma: 
 
(...), ao lado da censura (...). É plausível supor, porém, que a censura (...) 
julgue conveniente fazer uso do simbolismo, porque isso conduz ao mesmo 
fim: o caráter estranho e incompreensível (...) das pessoas, que vivem 
iludidas, vivendo o que consideram realidade, como uma espécie de “sonho 
acordado” ou torpor existencial. 
 
A fala é o discurso ouvido pelo analista, que traz em sua comunicação uma 
mensagem invertida oculta ao emissor pelo receptor, como uma propriedade 
subjetiva respondente, pois o sujeito que fala, possui um cabedal de conhecimentos 
e um desejo de respostas, ainda que cale, diante do contexto social apresentado. 
Então, podemos supor, numa analogia teórica, que a distorção social ou 
residual inicialmente individual, seria ocasionada por uma distorção, como 
consequência de um conflito complexo? 
Nesse caso, a implicação da pulsão no sintoma se apresenta ou como defesa 
contra o desejo recalcado, que precisa ser descarregado ou como uma combinação 
entre o desejo e o que deve ser descarregado, como o que ocorre nos sonhos. 
Freud (1900-1901) destaca no Volume V, no Capítulo “A interpretação dos 
sonhos (Segunda parte) e Sobre os sonhos aonde trata sobre a psicologia dos 
processos oníricos, que existem pensamentos que se revestem da linguagem sóbria 
e outros, simbolicamente representados por meio de símiles e metáforas, em 
imagens semelhantes às do discurso poético, aonde Freud afirma que: 
 
(..) os meios de expressão (...) podem ser (...) escassos em comparação 
com (...) linguagem intelectual; ainda assim, (...) toda uma série de 
fenômenos da vida cotidiana das pessoas sadias — como o esquecimento, 
os lapsos de linguagem, os atos falhos e uma certa classe de erros — deve 
sua origem a um mecanismo psíquico (...). O âmago do problema está no 
deslocamento(...). 
 
Daí, decorre que se diferencia a mensagem, o sentido e o gozo do sintoma, 
uma vez que a interpretação estruturada como linguagem do sintoma pode ser 
acompanhada de atos falhos, sonhos e outras reações, cujo registro simbólico pode 
ser decifrado; dando-nos a noção de que o significante de um significado recalcado 
da consciência do sujeito é o sintoma, como material linguístico da análise aonde 
opera o efeito inconsciente que dá suporte, relaciona e sustenta a língua, base do 
que ocorre nas relações sociais que carecem do diálogo, aonde fazem uso das 
línguas. 
Freud (1915-16) destaca no Volume XV, no Capítulo “Conferências 
introdutórias sobre psicanálise (Partes I e II) que a imaginação ‘criativa’ é incapaz de 
inventar qualquer coisa; podendo apenas combinar entre si componentes que são 
estranhos, cujo material disponível consiste de pensamentos que podem ser 
censurados ou inaceitáveis, porém são corretamente construídos e expressos. 
Seria este conflito cotidiano a capacidade de criar, mesmo possuindo uma 
imaginação criativa, no sentido de que a elaboração desses pensamentos constitui 
fato singular e incompreensível, carente de uma tradução (transmitindo essa 
mensagem, digamos assim, através de um outro texto da linguagem), carecendo de 
métodos de mistura e combinação no contexto social? 
Assim como uma tradução se esforça por preservar as diferenças constantes 
do texto original e especialmente por manter separadas as coisas que são apenas 
semelhantes, estaria vinculada à representação social a ideia de um ‘não’ — ou, de 
qualquer modo, uma representação isenta de ambiguidade, oportunizando os 
estranhos comportamentos sociais, carentes de uma evolução da linguagem social? 
Freud afirma que nos idiomas mais antigos, os contrários eram expressos 
pelas mesmas raízes verbais e que havia os correspondentes na evolução da 
linguagem e que a ordem dos sons numa palavra poderia ser invertida, ao mesmo 
tempo conservando a mesma significação. 
Será que a partir das comparações, as conexões que se revelaram entre os 
estudos psicanalíticos e outros campos do conhecimento — especialmente os 
referentes à evolução da linguagem e do pensamento poderão formar uma idéia da 
transcendente importância destas descobertas envolvendo o mecanismo da 
construção inconsciente e o modelo social, do qual se formam os sintomas 
neuróticos, principalmente no que concerne aos instintos de vida e morte? 
Dessa forma, no forjamento das palavras, ou expressão da “fala”, num sentido 
mais amplo, a expressão do pensamento inclui a linguagem dos gestos e todos os 
outros métodos, como a escrita, através dos quais a atividade mental 
(inconsciente+pré-consciente+consciente) que pode ser expressa como um 
simbolismo ‘inato’ que deriva do mesmo desenvolvimento presente entre todos os 
povos de diferentes culturas. 
Freud (1925-26) destaca no Volume XVIII, no Capítulo “Além do princípio de 
prazer (1920), psicologia de grupo e outros trabalhos”, um discurso que parece 
formatar esta questão, quando afirma: 
 
(...) não precisamos sentir-nos grandemente perturbados em ajuizar nossas 
especulações sobre os instintos de vida e de morte pelo fato de tantos 
processos desnorteantes e obscuros nelas ocorrerem, tal como um instinto 
ser expulso por outro, ou um instinto voltar-se do ego para um objeto, e 
assim por diante. Isso se deve simplesmente ao fato de sermos obrigados a 
trabalhar com termos científicos, isto é, com a linguagem figurativa, peculiar 
à psicologia (ou, mais precisamente, à psicologia profunda). 
 
É verdade que a linguagem figurativa há muito tempo é usada por ser mais 
simples; contudo pode-se inquirir qual a necessidade de se relacionar o inconsciente 
com a questão social. 
Freud (1910) destaca no Volume XI, no Capítulo “Cinco lições de psicanálise, 
Leonardo da Vinci e outros trabalhos”, envolvendo a lembrança da infância, o que 
pode ser considerada como resposta a esta questão, quando afirma que: 
 
(...) quando se chega ao clímax de uma descoberta, pode-se vislumbrar 
uma vasta porção de todo o conjunto, como quem se deixa dominar pela 
emoção e, em linguagem exaltada, louva o esplendor da parte da natureza 
que estudara ou, em sentido religioso, a grandeza do seu Criador., dessa 
forma o que alguém crê lembrar (...) não pode ser considerado com 
indiferença; como regra geral, os restos de recordações — que ele próprio 
não compreende — encobrem valiosos testemunhos dos traços mais 
importantes de seu desenvolvimento mental. 
 
Freud ainda afirma que as técnicas da psicanálise envolvem excelentes 
métodos que ajudam a trazer para a superfície os elementos ocultos, aonde se pode 
tentar preencher a lacuna que existe na história da vida (...) analisando a sua 
fantasia infantil. 
Dessa forma surge outra questão a ser inquirida, que é o conceito de infância 
na questão social dentro de uma explicação psicanalítica; Freud afirma que traduzir 
a linguagem da fantasia em palavras mais facilmente compreensíveis revelará então 
um conteúdo erótico, aonde a linguagem, os costumes e as superstições da 
humanidade de hoje contêm ainda remanescentes de todas as fases de um 
processo de desenvolvimento. 
Dessa forma, se o sistema mercadológico é uma internalização construtiva 
simbólica, perceptiva a uma convenção social sígnica, também emergindo do 
inconscientepara o consciente, a questão do entendimento sobre a linguagem do 
inconsciente se torna algo fundamental na procura do entendimento das questões 
sociais. 
 
Freud (1913-14) destaca no Volume XIII, no Capítulo “Totem e tabu e outros”, 
envolvendo a parte 1, sobre a questão do interesse psicológico da psicanálise, que 
há muitos fenômenos envolvendo os movimentos faciais — e outros movimentos 
expressivos — com a fala, bem como com muitos processos intelectuais (tanto em 
pessoas normais, como nas doentes), que até o momento escaparam à atenção da 
psicologia por terem sido considerados simples resultados de distúrbios orgânicos 
ou de uma falha no funcionamento do aparelho mental, mas que de alguma forma 
estão inseridos nas relações sociais, pois envolvem pessoas, indivíduos e o todo. 
Outra questão que surge é entender a relação entre o erótico e o social desde 
o processo individual ao processo coletivo como forma de entender até que ponto a 
visão psicanalítica pode estar embasada para ter o direito de adentrar no aspecto 
social. 
Freud (1913-14) destaca no Volume XIII, no Capítulo “Totem e tabu e outros”, 
envolvendo a parte 1, sobre a questão do interesse psicológico da psicanálise, que 
há muitos fenômenos envolvendo as relações dos movimentos faciais — e outros 
movimentos expressivos - com a fala, bem como com muitos processos intelectuais 
(tanto em pessoas normais, como nas doentes), que até o momento escaparam à 
atenção da psicologia por terem sido considerados simples resultados de distúrbios 
orgânicos ou de uma falha no funcionamento do aparelho mental. 
O aspecto erótico sexual pode envolver as ‘parapraxias’ (lapsos de linguagem 
ou da escrita, esquecimentos etc.), às ações casuais e aos sonhos das pessoas 
normais assim como às crises convulsivas, delírios, visões e idéias ou atos 
obsessivos dos pacientes neuróticos como esquecimento de palavras e nomes que 
normalmente familiares; esquecimento de ações a fazer; incursão em lapsos de 
linguagem e escrita; erros de leitura, colocação de coisas em lugares errados e 
incapacidade de encontrá-las; perda de objetos; enganos em assuntos conhecidos e 
certos gestos e movimentos habituais. 
A base do entendimento que envolve o caráter erótico com inclusão da 
psicanálise no social decorre do discurso de Freud que atentou: 
 
A intenção de evitar o desprazer não é a única que pode encontrar (...) 
escoadouro nas parapraxias. Em muitos casos a análise revela outros 
propósitos que foram reprimidos numa situação específica e que só se 
podem fazer sentir, por assim dizer, como perturbações secundárias. Assim, 
um lapso de linguagem freqüentemente servirá para trair as opiniões que a 
pessoa que fala deseja ocultar de seu interlocutor. Os lapsos de linguagem 
foram entendidos nesse sentido por vários grandes escritores e com esse 
intuito empregados em suas obras. A perda de objetos preciosos com 
freqüência mostra ser um ato de sacrifício destinado a impedir algum mal 
esperado; muitas outras superstições também sobrevivem sob a forma de 
parapraxias em pessoas instruídas. A colocação de objetos em lugares 
errados via de regra significa a intenção de livrar-se deles; os estragos que 
uma pessoa causa aos seus próprios objetos (ostensivamente por 
acidentes) podem ter o sentido de tornar necessário a aquisição de algo 
melhor — e assim por diante. Não obstante, a despeito da aparente 
trivialidade destes fenômenos, a explicação psicanalítica das parapraxias 
implica algumas ligeiras modificações em nossa visão do mundo. 
 
Nessa visão freudiana de mundo, a busca do prazer e evitação do desprazer 
envolvem a possibilidade volutiva de repressão, atrair a atenção, impedimento e 
desejo de afastar o mal ou querer algo melhor, o que pode ser vislumbrado tanto no 
âmbito do erótico como no social, uma vez que as visões de mundo das pessoas 
estão relacionadas ao modo de como elas vivem sua relação consigo mesmas. 
Freud ainda afirma que não gostaria de abandonar o tema do simbolismo (...) 
envolvendo resistência uma vez que o simbolismo nos mitos, na religião, na arte e 
na linguagem possui uma conexão com a sexualidade. 
Freud (1901-1905) destaca no Volume VII, no Capítulo “Um caso de histeria. 
Três ensaios sobre a teoria da sexualidade e outros trabalhos” envolvendo as notas 
preliminares aonde aborda sobre o quadro clínico de pacientes, que sofriam sobre a 
longa trama de relações tecida entre um sintoma da doença e uma idéia patogênica: 
 
(...) aprender a traduzir a linguagem (...) em formas de expressão (...) 
própria (...) do pensamento, compreensíveis sem maior auxílio (...) é 
imprescindível para o psicanalista, pois (...) aceder à consciência o 
material psíquico (...) em virtude da oposição criada por seu 
conteúdo (...) bloqueado da consciência, recalcado, (...) patogênico 
(...) é (..) um dos principais recursos do (...) modo (...) de 
representação no psíquico. 
 
Freud afirma que, na esfera da vida sexual, as alusões claras oferecem pouco 
risco em traduzir para a linguagem direta e que a resposta que envolve o 
conhecimento envolve o enigma das lembranças não resolvidas, esquecidas as 
fontes de todos esses conhecimentos. 
Freud (1907(1906)) destaca no Volume IX (1906-1908), no Capítulo “Delírios 
de Sonhos na Gradiva de Jensen”, que o encanto da linguagem e a engenhosidade 
das idéias envolvem tanto a recompensa provisória da confiança depositada na 
simpatia injustificada e dispostamente concedida à figura de um “herói”, quanto à 
visão criada de “espíritos atormentadores”. 
Estes, são representações mentais que se fundem numa unidade envolvendo 
uma recordação imaginativa que está inserida na linguagem interpelada tanto pelo 
querer adorar algo quanto inclui o descontentamento envolvendo um resultado não 
esperado oriundo de circunstâncias externas, contendo uma origem interna, aonde a 
pessoa se sente insatisfeita porque lhe falta algo, embora muitas vezes não possa 
informar com precisa o que pode ser. 
Freud trata do ensino desta concepção fria e arqueológica do mundo, fazendo 
propositadamente, uso de uma linguagem filológica e morta, que em nada contribui 
para uma compreensão requerida, ensejando que a premissa de se atingir o desejo 
deve envolver a permanência solitária, única do ser vivente de refletir sobre o 
passado, e ver, mas não com os olhos do corpo, e ouvir, mas não com os ouvidos 
físicos. 
Assim, na visão de mundo, existe uma linguagem inapropriada que deseja 
interpelar a verdadeira linguagem do ser dentro de um conflito ideológico e social, 
culminando com um duplo aspecto de vida e de morte, alternando a figura do figura 
de um herói e do espírito atormentador, conforme a situação apresentada pela 
mídia, por exemplo.. 
 
Freud (1917-1919) destaca no Volume XVII (1906-1908), no Capítulo “História 
de uma neurose infantil – e outros trabalhos”, envolvendo o Estranho, que existe 
uma indagação sobre o que na verdade se nega que exista, existindo apenas como 
figura de linguagem e a possibilidade de haver uma informação mais precisa capaz 
de ser dada; Freud falou a respeito de Otto Rank (1914) o qual aborda esta dupla 
relação: 
Otto Rank (1914) (...) penetrou nas ligações que o ‘duplo’ tem com reflexos 
em espelhos, com sombras, (...) com a crença na alma e com o medo da 
morte; mas lança também um raio de luz sobre a surpreendente evolução da 
idéia. Originalmente, o ‘duplo’ era uma segurança contra a destruição do ego, 
uma ‘enérgica negação do poder da morte’, como afirma Rank; e, 
provavelmente, a alma ‘imortal’ foi o primeiro ‘duplo’ do corpo. Essa invenção 
do duplicar como defesa contra a extinção tem sua contraparte na linguagem 
(...), que gosta de representar a castração pela duplicação ou multiplicação 
de um símbolo genital. O mesmo desejo levou os antigos egípcios a 
desenvolverem a arte de fazer imagens domorto em materiais duradouros. 
Tais idéias, no entanto, brotaram do solo do amor-próprio ilimitado, do 
narcisismo primário que domina a mente da criança e do homem primitivo. 
Entretanto, quando essa etapa está superada, o ‘duplo’ inverte seu aspecto. 
Depois de haver sido uma garantia da imortalidade, transforma-se em 
estranho anunciador da morte. 
 
A crença e o medo, relacionadas com a ideia e a visão, envolvendo ego e 
poder, segurança e destruição, corpo e linguagem, denota a simbolização genital, 
envolvendo a ideia narcísica na mente, envolvendo o desejo de superação de 
etapas aonde a inversão de uma garantia social estendida parece estranha porque 
parece supor a destruição do amor próprio, apesar do desejo da posse do ilimitado. 
A questão envolvendo o individual e o social está subliminarmente presente 
na história de ‘O Anel de Polícrates’, descrita por Freud: 
 
... o rei do Egito afasta-se horrorizado do seu anfitrião, Polícrates, porque vê 
que cada desejo do seu amigo é imediatamente satisfeito, cada cuidado seu 
prontamente anulado por um amável destino. O anfitrião tornou-se 
‘estranho’ para ele. A sua própria explicação, de que também o homem feliz 
tem que temer a inveja dos deuses, parece-nos obscura; o seu significado 
está dissimulado em linguagem mitológica. 
 
A satisfação do desejo pessoal e a visão do outro parecem estar 
profundamente enraizadas na relação entre a estruturação psíquica individual e a 
psicologia social, na qual a psicanálise procura se inserir. 
Freud (1909) destaca no Volume X, no Capítulo “Duas histórias clínicas (O 
"Pequeno Hans" e o "Homem dos ratos)”, envolvendo a Introdução às notas sobre 
um caso de Neurose Obsessiva, que o que se acrescenta à dificuldade de ação 
humana envolvem as resistências dos pacientes e as formas como elas se 
expressam, aonde se pode comparar com a questão ora conflitante entre a 
satisfação do desejo pessoal e a visão do outro, aonde Freud afirma que: 
 
(...) é preciso admitir que uma neurose obsessiva não é, em si, algo fácil de 
compreender — é muito menos fácil do que um caso de histeria. Na 
realidade, o fato é que esperaríamos achar o contrário. A linguagem de uma 
neurose obsessiva, ou seja, os meios pelos quais ela expressa seus 
pensamentos secretos, presume-se ser apenas um dialeto da linguagem da 
histeria; é, porém, um dialeto no qual teríamos de poder orientar-nos a seu 
respeito com mais facilidade de vez que se refere com mais proximidade às 
formas de expressão adotadas pelo nosso pensamento consciente do que a 
linguagem da histeria. Sobretudo, não implica o salto de um processo 
mental a uma inervação somática — conversão histérica — que jamais nos 
pode ser totalmente compreensível. 
 
 
Seria possível destacar que um desejo pessoal poderia se constituir de uma 
neurose obsessiva e que a visão do outro em um contexto social poderia implicar em 
uma conversão histérica social? Notemos que a expressão de pensamentos está 
relacionada com a forma de expressão adotada, aonde caso haja e surja um salto 
no sentido de interrupção do processo, pode ser uma conversão de fatos não 
compreensíveis totalmente, como por exemplo, atitudes pessoais ou grupais que 
envolvem a participação em inserção de outros grupos, sem propósitos definidos. 
 
Freud (1900) destaca no Volume IV, no Capítulo “A interpretação dos sonhos 
(primeira parte)”, envolvendo a literatura científica que trata dos problemas dos 
sonhos, no item (g) que fala sobre as teorias do sonhar e de sua função: 
 
...a imaginação envolve a destituição do poder da linguagem conceitual, 
sendo obrigada a retratar o que tem a dizer de forma pictórica e, como não 
há conceitos que exerçam uma influência atenuante, faz pleno e poderoso 
uso da forma pictórica. Assim, por mais clara que seja sua linguagem, ela é 
difusa, desajeitada e canhestra. A clareza de sua linguagem sofre, 
particularmente, pelo fato de ela se mostrar avessa a representar um objeto 
por sua imagem própria, preferindo alguma imagem estranha que expresse 
apenas a imagem específica dos atributos do objeto que ela busca 
representar. 
 
Temos, assim, que o poder da linguagem conceitual que deveria ter uma 
influência acima do pictórico, num contexto social, a linguagem social é avessa à 
uma representação do que deveria ser a própria imagem do ser, aonde a busca de 
uma representatividade de atributos é preferida à uma imagem particularizada do 
próprio ser, aonde o poder social busca anular o poder individual como uma imagem 
estranha à própria essência da realidade do ser. 
Usando a fala de Freud (1900-1901) que destaca no Volume V, no Capítulo 
“A interpretação dos sonhos (segunda parte)” que na representação por símbolos 
nos sonhos, há o envolvimento de outros sonhos típicos e uma simbologia 
específica. 
Será que, assim como ocorrem nos sonhos, há, na sociedade, diversos 
símbolos (muitos antigos quanto a própria linguagem e outros que estão sendo 
continuamente cunhados inclusive em nossos dias), uma diversidade simbólica 
disfarçada de representações de pensamentos latentes, sendo apenas 
dependências comerciais, no uso de materiais a serem lidados e no uso de 
modificações na linguagem, visando apenas lucro? E que repercussão esta 
realidade tem para a psicanálise e para o próprio ser humano na descoberta de si 
mesmo? 
Freud (1900-1901) destaca no Volume V, no Capítulo “A interpretação dos 
sonhos (segunda parte)” sobre os sonhos, no item (f) – alguns exemplos – cálculos e 
ditos nos sonhos, sobre o sonho em que as “Ähren”, eram cortadas, e não 
arrancadas, figurando como espigas de milho, enquanto, condensadas com “Ehren”, 
representavam um grande número de outros pensamentos latentes. 
Dessa forma, sonhos e cálculos representando figurações condensadas de 
pensamentos latentes que são passíveis de corte, mas com o não arrancar, 
implicando em alguma ligação, podemos usar a simbologia descrita para supormos 
que poderá haver “pessoas cortadas e não arrancadas do cenário social”, aonde 
como no curso da evolução linguística, a linguagem tem sob seu comando toda uma 
gama de palavras que originalmente possuíam um significado pictórico e concreto, 
mas são hoje empregadas num sentido descolorido e abstrato; da mesma forma a 
sociedade imprime uma necessidade social usando palavras num significado interior 
em nome de uma plenitude, inserindo um aparente desenvolvimento, se constituindo 
num sempre pequeno recuo da individualidade em nome do social. 
Para Freud, segundo Henzen (1890), os sonhos envolvem trocadilhos e jogos 
de linguagem com particular freqüência possuindo ambigüidades ou um jogo de 
palavras, o que da mesma forma acontece na sociedade, aonde parece que a 
sociedade é o sonho do acordar para a realidade da necessidade de ser individual. 
Freud (1932 - 1936) destaca no Volume VOLUME XXII (1932-1936) I – nas 
Novas conferências introdutórias sobre psicanálise e outros trabalhos, tratando 
sobre o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos e sobre comunicação 
preliminar (1893), envolvendo Breuer e Freud, aonde fala sobre as reações pessoais 
que podem ser inseridas no social: 
 
... o esmaecimento de uma lembrança ou a perda de seu afeto dependem 
de vários fatores. O mais importante destes é se houve uma reação 
energética ao fato capaz de provocar um afeto. Pelo termo “reação” 
compreendemos aqui toda a classe de reflexos voluntários e involuntários 
— das lágrimas aos atos de vingança — nos quais, como a experiência nos 
mostra, os afetos são descarregados. Quando essa reação ocorre em grau 
suficiente, grande parte do afeto desaparece como resultado. O uso da 
linguagem comprova esse fato de observação cotidiana com expressões 
como “desabafar pelo pranto” |“sich ausweinen”| e “desabafar através de um 
acesso de cólera” |“sich austoben”, literalmente “esvair-se em cólera”|.Quando a reação é reprimida, o afeto permanece vinculado à lembrança. 
Uma ofensa revidada, mesmo que apenas com palavras, é recordada de 
modo bem diferente de outra que teve que ser aceita. A linguagem também 
reconhece essa distinção, em suas conseqüências mentais e físicas; de 
maneira bem característica, ela descreve uma ofensa sofrida em silêncio 
como “uma mortificação” |“Kränkung”, literalmente, um “fazer adoecer”|. — A 
reação da pessoa insultada em relação ao trauma só exerce um efeito 
inteiramente “catártico” se for uma reação adequada — como, por exemplo, 
a vingança. Mas a linguagem serve de substituta para a ação; com sua 
ajuda, um afeto pode ser “ab-reagido” quase com a mesma eficácia. Em 
outros casos, o próprio falar é o reflexo adequado: quando, por exemplo, 
essa fala corresponde a um lamento ou é a enunciação de um segredo 
torturante, por exemplo, uma confissão. Quando não há uma reação desse 
tipo, seja em ações ou palavras, ou, nos casos mais benignos, por meio de 
lágrimas, qualquer lembrança do fato preserva sua tonalidade afetiva do 
início. 
 
No curso de como a sociedade imprime uma necessidade social usando 
palavras num significado interior em nome de uma plenitude, aonde há um recuo da 
individualidade em nome do social, as ambigüidades ou jogos de palavras, envolvem 
o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos e sobre comunicação preliminar, 
numa procura de se entender as reações pessoais inseridas no social, tanto o 
esquecimento, como a perda de afetos. 
As classes de reflexos voluntários e involuntários - das lágrimas aos atos de 
vingança, envolvendo experiências aonde os afetos são descarregados, 
individualmente, refletem na sociedade como ocorre em diferentes graus de 
suficiência, o uso da linguagem, pela observação cotidiana aonde os afetos 
permanecem vinculado às lembranças, tanto de ofensas revidadas, quanto às 
ofensas sofridas em silêncio como “uma mortificação” provocando reações das 
pessoas insultadas em relação aos traumas sociais. 
Depois, a linguagem serve de substituta para a ação e os afetos podem ser 
“ab-reagidos” quase com a mesma eficácia, como o lamento ou enunciação de um 
segredo torturante, por exemplo, uma confissão, de algo que provoque comoção 
social, aonde qualquer lembrança do fato preserva a tonalidade afetiva do início; 
aonde pensamos na possibilidade do “herói passar a ser vilão, morrer e depois ser 
notório de que houve algum tipo de injustiça, fazendo da massa vilã de sua própria 
história, aonde há uma ressurreição de algo que só afirma o poder dos formadores 
do herói através da mídia”, que de alguma forma expressa seu próprio simbolismo 
elitista. 
Freud (1937 - 1939) Parte 1 - destaca no Volume VOLUME XXIII – no 
Capítulo “Moisés e o monoteísmo”, aonde trata do esboço de psicanálise e outros 
trabalhos, item E, aonde fala das dificuldades, sobre o simbolismo: 
 
Não obstante, a pesquisa analítica trouxe-nos alguns resultados que nos 
dão motivo para reflexão. Temos, em primeiro lugar, a universalidade do 
simbolismo na linguagem. A representação simbólica de determinado objeto 
por outro — a mesma coisa aplica-se a ações — é familiar a todos os 
nossos filhos e lhes vem, por assim dizer, como coisa natural. Ademais, o 
simbolismo despreza as diferenças de linguagem; investigações 
provavelmente demonstrariam que ele é ubíquo — o mesmo para todos os 
povos. Aqui, então, parecemos ter um exemplo seguro de uma herança 
arcaica a datar do período em que a linguagem se desenvolveu. Mas ainda 
se poderia tentar outra interpretação. Poder-se-ia dizer que estamos lidando 
com vinculações de pensamento entre idéias — vinculações que foram 
estabelecidas durante o desenvolvimento da fala e que têm de ser repetidas 
agora, toda vez que, num indivíduo, o desenvolvimento da fala tem de ser 
percorrido. Seria assim um caso de herança de uma disposição instintual, e, 
mais uma vez, não constituiria contribuição para nosso problema. O trabalho 
da análise, entretanto, trouxe à luz algo mais que excede em importância o 
que até agora consideramos. 
 
 
Sobre a possibilidade do “herói passar a ser vilão, morrer e depois ser notório 
de que houve algum tipo de injustiça, fazendo da massa vilã de sua própria história, 
aonde há uma ressurreição de algo que só afirma o poder dos formadores do herói 
através da mídia”, na obra de Freud, acima, sobre Moisés e o monoteísmo”, onde 
trata do esboço de psicanálise e outros trabalhos, item E, Freud fala das 
dificuldades, sobre o simbolismo, havendo um motivo para essa reflexão possível. 
A universalidade do simbolismo na linguagem de determinado objeto por 
outro, envolvendo a naturalidade das ações despreza as diferenças de linguagem, 
aonde as vinculações de pensamento entre idéias estabelecidas durante o 
desenvolvimento da fala são repetidas agora, numa disposição instintual, que não 
geram nenhuma contribuição para esclarecer a importância do que deve ser 
considerado, aonde uma pseudo-verdade fabricada é repetida para encobrir o 
verdadeiro sentido da ausência de sentido no que é gerado socialmente em relação 
à repressão individual sobre o verdadeiro sentido da vida que gera felicidade e bem-
estar, inclusive social. 
Freud (1913 - 1914) Parte 2 - destaca no Volume VOLUME XIII – no Capítulo 
“Totem e tabu e outros trabalhos”, aonde trata sobre o tabu e a ambivalência 
emocional, retrata sobre a questão da consciência envolvendo o processo acima 
descrito. 
Se traduzirmos isto da linguagem do tabu para a da psicologia normal, 
significa algo mais ou menos assim: um súdito, que teme a grande tentação 
que lhe é apresentada pelo contato com o rei, pode talvez suportar tratar 
com um alto funcionário do qual não precisa ter tanta inveja e cuja posição 
poderá até mesmo lhe parecer acessível. Um ministro pode atenuar sua 
inveja do rei pela reflexão sobre o poder que ele próprio exerce. (...) no dos 
estímulos que afluem do mundo externo e que as únicas informações dessa 
função sobre os processos endopsíquicos era recebida a partir de 
sentimentos de prazer e desprazer. Foi somente após uma linguagem de 
pensamento abstrato ter sido desenvolvida, ou seja, somente após os 
resíduos sensoriais das apresentações verbais terem sido ligados aos 
processos internos, que os últimos pouco a pouco foram se tornando 
capazes de serem percebidos. (...) Sim, porque o que é a consciência? 
Segundo as provas da linguagem, ela está relacionada com aquilo de que 
se está ‘consciente com mais certeza’. Na verdade, em algumas línguas, as 
palavras para designar ‘consciência’ (no sentido moral, conscience, N. do 
Trad.) e ‘consciência’ (no sentido de percepção do que se passa em nós ou 
ao redor de nós, consciousness, N. do Trad.) mal podem ser distinguidas. 
(...) A consciência (conscience, N. do Trad.) é a percepção interna da 
rejeição de um deteminado desejo a influir dentro de nós. 
 
A universalidade do simbolismo, as vinculações de pensamento entre idéias 
estabelecidas e a pseudo-verdade fabricada no que é gerado socialmente em 
relação à repressão individual sobre o verdadeiro sentido da vida envolve a questão 
da consciência que denota a tradução da linguagem envolvendo a conceituação do 
que é algo normal, que sustenta o contato e suporta refletir sobre o poder dos 
estímulos e processos que envolvem sentimentos de prazer e desprazer. 
Os resíduos sensoriais dessas representações ligadas aos processos 
internos, quando percebidas, são provas da linguagem relacionada ao que o 
consciente tem por certeza no sentido de que a percepção passada no ser e ao 
redor do ser, gera uma percepção interna da rejeição de um deteminado desejo que 
deseja influir dentro do indivíduo. 
Na obra de Freud (1886-99) destaca no Volume I – no Capítulo “Publicações 
pré-Psicanalíticas e esboços inéditos”, no prefácio envolvendo os extratos das notas 
derodapé à tradução das conferências de terças-feiras de Charcot (1892-94), Freud 
ilustra o exemplo de que a percepção interna envolve a rejeição de um deteminado 
desejo que deseja influir dentro do indivíduo. 
 
Charcot descrevera casos em que meninos de esmerada educação tinham 
ataques histéricos acompanhados por explosões de linguagem obscena. 
Seria casual que os ataques em jovens de cuja boa educação e boas 
maneiras Charcot fala elogiosamente assumam a forma de delírio furioso e 
linguagem desaforada? Penso que isso em nada difere do fato conhecido 
de que os delírios histéricos das monjas se manifestam sob a forma de 
blasfêmias e imagens eróticas. Charcot estivera dando conselhos técnicos 
sobre o uso da sugestão: “Os ingleses, que certamente são pessoas 
práticas, têm na sua linguagem um conselho: ‘Não faça profecias, a menos 
que você tenha certeza’. Gostaria de me juntar a essa maneira de pensar e 
os aconselharia a que agissem da mesma forma. Na verdade, se, em caso 
de indubitável paralisia de origem psíquica, você diz ao paciente, com plena 
confiança: ‘Levante-se e ande!’, e se ele realmente o faz, você de fato pode 
atribuir a si mesmo e ao seu diagnóstico o milagre que realizou. 
 
 
Os resíduos sensoriais que envolvem as representações ligadas aos 
processos internos, envolvendo a percepção interna da rejeição de um deteminado 
desejo que deseja influir dentro do indivíduo podem ser exemplificados na história 
dos meninos de esmerada educação que tinham ataques histéricos acompanhados 
por explosões de linguagem obscena e no caso das monjas blasfemas, aonde tanto 
a educação secular quanto à religiosa poderem apresentar linguagens delirantes, 
ainda que os conhecimentos sejam práticos, uma vez que falas imprecisas aliadas a 
maneiras de pensar paralisantes pela condicional de se afirmar apenas o que se 
deseja realizar, geram apenas comportamentos condicionados sociais sem liberdade 
de sentir e se descobrir o que se pode ser ou quem verdadeiramente se é. 
Na obra de Freud (1932-1936) destaca no Volume XXII – no Capítulo “Novas 
conferências introdutórias sobre psicanálise e outros trabalhos”, no prefácio 
envolvendo o Caso 5 – Srta. Elisabeth Von R., Freud afirma sobre a linguagem 
envolvendo as sensações e o entendimento: 
 
Percebe-se que ele é da opinião de que a linguagem é pobre demais para 
que ele encontre palavras para descrever suas sensações e de que essas 
sensações são algo único e até então desconhecido do qual seria 
inteiramente impossível dar uma descrição completa. Por esse motivo, ele 
jamais se cansa de acrescentar novos detalhes sem cessar e, quando é 
obrigado a parar, com certeza fica com a convicção de que não conseguiu 
se fazer entender pelo médico.(...) O que poderia ser mais provável do que 
a idéia de que a figura de linguagem “engolir alguma coisa”, que 
empregamos ao falar de um insulto ao qual não foi apresentada nenhuma 
réplica, originou-se na verdade das sensações inervatórias que surgem na 
faringe quando deixamos de falar e nos impedimos de reagir ao insulto? 
Todas essas sensações e inervações pertencem ao campo da “Expressão 
das Emoções”, que, como nos ensinou Darwin |1872|, consiste em ações 
que originalmente possuíam um significado e serviam a uma finalidade. 
 
Na questão do delírio paralisante condicional envolvendo a limitação do 
desejo e da liberdade, no Caso 5 – Srta. Elisabeth Von R., nota-se que quando a 
linguagem é pobre demais para que ele encontre palavras para descrever as 
sensações e de que essas sensações são algo único e até então desconhecido do 
qual seria inteiramente impossível dar uma descrição completa existe uma 
paralisação de convicção diante do não entendido ainda que seja mais provável do 
que a idéia de não expressar as ações que originalmente possuíam um significado e 
serviam a uma finalidade, como o que pode ocorrer a nível social diante de uma 
crise pessoal, aonde a restrição do interior acaba coibindo a ação externalizada. 
Na obra de Freud (1914-1916) destaca no Volume XIV – no Capítulo “A 
história do movimento psicanalítico, artigos sobre metapsicologia e outros trabalhos”, 
no prefácio envolvendo o Inconsciente (1915) – no apêndice C, palavras e coisas, o 
trecho aborda sobre Freud desejar expressar uma linguagem técnica da psicologia 
‘acadêmica’ do fim do século XIX, aonde a sucessão de argumentos anatômicos e 
fisiológicos destrutivos e construtivos, conduziram Freud a um esquema hipotético a 
respeito do funcionamento neurológico por ele descrito como o ‘aparelho da fala’. 
Freud cita que a linguagem é construída por quem fala, aonde associamos 
diversos sons verbais exteriores a um único som produzido por nós mesmos, 
conforme esquema abaixo apresentado: 
 
 
Dessa forma, se a construção da linguagem envolve uma associação entre 
diversos sons verbais exteriores a um único som produzido, seria a construção de 
uma linguagem social, um mesmo processo? 
Na obra de Freud (1901-1905) destaca no Volume VII – no Capítulo “Um caso 
de histeria. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade e outros trabalhos”, no 
prefácio envolvendo as aberrações sexuais, está escrito: 
 
O fato da existência de necessidades sexuais no homem e no animal 
expressa-se na biologia pelo pressuposto de uma “pulsão sexual”. Segue-se 
nisso a analogia com a pulsão de nutrição: a fome. Falta à linguagem vulgar 
[no caso da pulsão sexual] uma designação equivalente à palavra “fome”; a 
ciência vale-se, para isso, de “libido”. O conceito de sadismo oscila, na 
linguagem corriqueira, desde uma atitude meramente ativa ou mesmo 
violenta para com o objeto sexual até uma satisfação exclusivamente 
condicionada pela sujeição e maus-tratos a ele infligidos. Num sentido 
estrito, somente este último caso extremo merece o nome de perversão. 
 
 
Neste texto, tomado por analogia, envolvendo a questão da construção da 
linguagem como associação na construção de uma linguagem social, as 
necessidades sexuais ou “pulsão sexual” que se relacionam à pulsão de nutrição ou 
fome, preceituada como libido, fazem oscilar o grau de satisfação condicionado pela 
sujeição e maus-tratos, podendo ocorrer rejeição ou aceitação do processo como 
uma forma de perversão, denotando o fato de que a construção social envolve 
conflitos, da mesma forma que a associação de sons, aonde há uma escolha ativa. 
 
Na obra de Freud (1886-99) destaca no Volume I – no Capítulo “Publicações 
pré-Psicanalíticas e esboços inéditos”, no prefácio envolvendo esquema geral, item 
16 sobre cognição e pensamento reprodutivo, envolvendo a catexia neuronal: 
 
A linguagem aplicará mais tarde o termo juízo a essa análise e descobrirá a 
semelhança que de fato existe [por um lado] entre o núcleo do ego e o 
componente perceptual constante e [por outro] entre as catexias cambiantes 
no pallium [em [1] e [2]] e a componente inconstante: esta [a linguagem] 
chamará o neurônio a de a coisa, e o neurônio b, de sua atividade ou 
atributo — em suma, de seu predicado. 
 
 
Neste texto, tomado por analogia, envolvendo a questão da libido e os 
conflitos da construção social, a escolha ativa social está assemelhada ao que existe 
entre o núcleo do ego e o componente perceptual constante e entre as catexias 
cambiantes e a componente inconstante da linguagem envolvendo as atividades e 
predicados neuronais aonde componentes constantes e inconstantes têm que de 
alguma forma se relacionar. 
Na obra de Freud (1915-1916) destaca no Volume XV – (Partes I e II), no 
Capítulo “Conferências introdutórias sobre psicanálise”, no prefácio envolvendo 
Sonhos, Conferência XIII e os Aspectos Arcaicos do Infantilismo dos Sonhos, está 
escrito: 
Temos dito que ele retorna a estados de nossa evolução intelectual que há 
muito foram suplantados: à linguagem por imagens, às conexões 
simbólicas, a condições que, talvez,existiram antes de se desenvolver 
nossa linguagem de pensamento. Temos descrito, por essa razão, o modo 
de expressão da elaboração onírica como arcaico ou regressivo. 
 
A questão dos conflitos envolvendo a relação perceptual e a linguagem 
envolve o fato de que a evolução intelectual envolve a percepção da linguagem por 
imagens, conexões simbólicas como condições para se desenvolver uma linguagem 
de pensamento, pelo que o modo do social expressar essa elaboração pode regredir 
ou fazer progredir a forma de pensar do sujeito inserido na condição social. 
Na obra de Freud (1915-1916) destaca no Volume XV – (Partes I e II), no 
Capítulo “Conferências introdutórias sobre psicanálise”, no prefácio envolvendo 
Parte II - Sonhos, Conferência XV envolvendo incertezas e críticas, está escrito: 
 
Do ponto de vista de nossa comparação, é ainda mais interessante verificar 
que este idioma praticamente não tem gramática. É impossível dizer se uma 
das palavras monossilábicas é um substantivo, ou um verbo, ou um 
adjetivo; e não há flexões verbais, pelas quais se possa reconhecer gênero, 
número, desinência, tempo e modo. Assim, a linguagem consta, poderia 
dizer-se, apenas de matéria-prima, assim como nossa linguagem-
pensamento fica reduzida, através da elaboração onírica, à sua matéria-
prima, e se omite qualquer expressão de relação. 
 
Na proposição de que o modo do social expressar essa elaboração está 
inserido na forma de pensar do sujeito, a analogia do pensar e do socializar está 
relacionado ao idioma e sua gramática. Sem a matéria-prima do pensamento, 
qualquer expressão de relação social se torna “monossilábica”, “insubstantivada”, 
sem ação, sem sentido, sem reflexões que reconheçam gênero, número, desinência, 
tempo e modo, ficando reduzida a uma omissão social por esvaziamento do ser. 
Na obra de Freud (1900) destaca no Volume IV – (Partes I e II), no Capítulo 
“A interpretação dos sonhos (Primeira parte)”, no prefácio envolvendo Parte II - 
Sonhos, Conferência XV envolvendo o sonho é uma realização do desejo, está 
escrito: 
É fácil provar que os sonhos muitas vezes se revelam, sem qualquer 
disfarce, como realizações de desejos, de modo que talvez pareça 
surpreendente que a linguagem dos sonhos não tenha sido compreendida 
há muito tempo. (...) Como se vê, poderíamos ter chegado mais depressa a 
nossa teoria do sentido oculto dos sonhos simplesmente observando o uso 
lingüístico. É verdade que a linguagem comum às vezes se refere aos 
sonhos com desprezo. 
 
Tal qual a análise de um sonho, a expressão de relação social tem ação e 
sentido quando reflete a realização do desejo de compreender o sentido oculto do 
uso linguístico, da simplicidade que torna comum algo expressivo, aonde Freud 
parece explicar o modo de como tornar alço comum, de forma expressiva: 
 
O escritor criativo faz o mesmo que a criança que brinca. Cria um mundo de 
fantasia que ele leva muito a sério, isto é, no qual investe uma grande 
quantidade de emoção, enquanto mantém uma separação nítida entre o 
mesmo e a realidade. A linguagem preservou essa relação entre o brincar 
infantil e a criação poética. A irrealidade do mundo imaginativo do escritor 
tem, porém, conseqüências importantes para a técnica de sua arte (...). 
Nossos sonhos noturnos nada mais são do que fantasias dessa espécie, 
como podemos demonstrar pela interpretação de sonhos. A linguagem, com 
sua inigualável sabedoria, há muito lançou luz sobre a natureza básica dos 
sonhos, denominando de ‘devaneios’ as etéreas criações da fantasia. Se, 
apesar desse indício, geralmente permanece obscuro o significado de 
nossos sonhos, isto é por causa da circunstância de que à noite também 
surgem em nós desejos de que nos envergonhamos; têm de ser ocultos de 
nós mesmos, e foram conseqüentemente reprimidos, empurrados para o 
inconsciente. 
 
A expressão criativa cria uma grande quantidade de emoção, ainda que 
mantenha uma separação nítida da realidade. A linguagem preserva a relação entre 
a irrealidade do mundo imaginativo e a sabedoria, lançando luz sobre a natureza 
básica da causa da circunstância do que surge de forma reprimida, empurrada para 
o inconsciente. Se há um inconsciente pessoal, o que dizer do inconsciente social? 
 
Na obra de Freud (1932-1936) destaca no Volume XXII, no Capítulo “Novas 
conferências introdutórias sobre psicanálise e outros trabalhos”, na conferência 
XXXII sobre ansiedade e vida instintual, está escrito: 
 
Primeiro, devo admitir que tentei traduzir para a linguagem de nosso pensar 
normal aquilo que de fato deve ser um processo que não é consciente, nem 
pré-consciente, realizando-se entre quantidades de energia em algum 
substrato inimaginável. Esta, porém, não é uma objeção sólida, pois não se 
pode expressar essas coisas de outra maneira. (...) Se não se está cônscio 
dessas conexões profundas, é impossível orientar-se nas fantasias dos 
seres humanos, nas suas associações, que são tão influenciadas pelo 
inconsciente, e na sua linguagem sintomática. Fezes — dinheiro — dádiva 
— bebê — pênis são aí tratados como se significassem a mesma coisa, e 
representados, também, pelos mesmos símbolos. 
 
Envolvendo o assunto da natureza básica do inconsciente social, toda 
tentativa de traduzir para a linguagem do pensar normal o que não é consciente, 
parece ser inimaginável; contudo, a expressão profunda das conexões das coisas 
associadas que influenciam a linguagem sintomática, como dinheiro e poder, 
simbolizam a representatividade significativa desse inconsciente coletivo. 
Na obra de Freud (1900) destaca no Volume IV, no Capítulo “O trabalho do 
sonho”, item (c) sobre os meios de representação nos sonhos, que a descrição do 
curso da vida que envolve a linguagem visual, tem a ver com o ego cuja 
representatividade denota tanto inocência quanto pecaminosidade sexual, fatores 
extremos presentes nas relações sociais. 
Na obra de Freud (1906-1908) destaca no Volume IX, no Capítulo “Caráter e 
Erotismo Anal”, está escrito: 
 
Mas só alcançaremos esse resultado com a psicanálise se nos ocuparmos 
do complexo monetário dos pacientes e os induzirmos a trazê-lo à 
consciência, como todas as suas conexões. Talvez a neurose aqui apenas 
siga um indício fornecido pela linguagem popular, que qualifica o indivíduo 
muito apegado ao seu dinheiro de ‘sujo’ ou ‘imundo’. Mas essa explicação 
seria demasiadamente superficial. Na realidade, onde quer que tenham 
predominado ou ainda persistam as formas arcaicas do pensamento — nas 
antigas civilizações, nos mitos, nos contos de fadas e superstições, no 
pensamento inconsciente, nos sonhos e nas neuroses — o dinheiro é 
intimamente relacionado com a sujeira. (...) Assim, aqui como em outras 
ocasiões, a neurose, acompanhando os usos da linguagem, toma as 
palavras no seu sentido original e significativo; parecendo utilizá-las em seu 
sentido figurado, está na realidade simplesmente devolvendo a elas seu 
sentido primitivo. 
 
 
A representatividade significativa desse inconsciente coletivo cuja descrição 
do curso da vida envolve induções à consciência, se conecta à neurose social nos 
indícios fornecidos pela linguagem popular, que qualifica o indivíduo muito apegado 
ao seu dinheiro de ‘sujo’ ou ‘imundo’. Essa real e superficial forma de pensar do 
pensamento inconsciente social relaciona poder à sujeira; dessa forma os usos da 
linguagem tomam das palavras o sentido original e significativo de serem utilizadas 
em seu sentido figurado de denotar poder bradando contra as sujeiras oriundas dos 
desvios financeiros e discriminações econômico-sociais. 
Na obra de Freud (1925-1926) destaca no Volume XVIII, no Capítulo “Além do 
princípio de prazer psicologia de grupo e outros trabalhos”, envolvendo os sonhos e 
telepatias, Freud afirma que interpretar não é difícil de compreender, carecendo de

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