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O Direito na República Velha

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AULA – 7 - O DIREITO NA REPÚBLICA VELHA 
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AULA 7 – O DIREITO NA REPÚBLICA VELHA
Em seu primeiro pronunciamento, no dia 15 de novembro o Governo Provisório que se instalava naquele momento prometia e garantia, “por todos os meios a seu alcance”, a todos os habitantes do Brasil, nacionais e estrangeiros, a segurança da vida e da propriedade, o respeito aos direitos individuais e políticos, com ressalvas que fossem exigias pelo bem a Pátria e pela defesa do Governo que havia sido proclamado pelo povo, pelo Exército e pela Armada Nacional.
Por este pronunciamento ficavam abolidos o Conselho de Estado e a vitaliciedade do Senado e dissolvia-se a Câmara dos Deputados. Por outro lado, as funções da justiça comum, da administração civil e militar, continuariam a ser exercidas pelos órgãos até então existentes, assim como, com relação às pessoas, respeitar-se-iam todas as vantagens e direitos adquiridos por cada funcionário. 
O Governo Provisório se comprometia também a reconhecer e acatar todos os compromissos internos e externos assumidos pelo regime monárquico.
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O GOVERNO PROVISÓRIO E O PROCESSO CONSTITUINTE...
Em dezembro de 1889, foi criada uma comissão de cinco elementos para a elaboração de um anteprojeto da Constituição.
O decreto nº 510, de 22 de junho de 1890, além da convocação da futura assembleia constituinte (que deveria se instalar em 15 de novembro de 1890) e do estabelecimento das eleições constituintes para o dia 15 de setembro de 1890, trazia a “constituição dos Estados Unidos do Brasil” (na verdade, o projeto da constituição). 
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Em 15 de novembro de 1890, o Congresso Constituinte se instalou no antigo Palácio Imperial (na Quinta da Boa Vista) depois de uma série de sessões preparatórias realizadas entre os dias 04 e 14 de novembro no prédio do antigo Automóvel Club. 
Após três meses de minucioso trabalho, de muitas discussões e de algumas emendas, o texto da nova constituição foi promulgado em 24 de fevereiro de 1891.
Constituição de 1891. BRESCOLA.jpg
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PRINCIPAIS ASPECTOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1891.
 A mais concisa das constituições brasileiras, continha 91 artigos e mais 08 artigos das Disposições Transitórias – dividia-se em 05 títulos, subdivididos em seções e estas em capítulos. 
 O Título I era o mais longo e tratava da organização federal (do art. 1º ao art. 62).
 O Título II era reservado aos Estados-membros (do art. 63 ao art. 67).
 O Título III regulava os Municípios em um único artigo (art. 68).
 O Título IV (do art. 69 ao art. 68) tratava dos cidadãos brasileiros, definindo os que estivessem no gozo de seus direitos e de todos os estrangeiros que estivessem no Brasil em 15/11/1889 e que não declarassem, em 06 meses após a promulgação da Constituição, o desejo de conservar a nacionalidade de origem - neste título encontrava-se a Declaração de Direitos (Seção II) assegurados aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país.
O Título V (do art. 79 ao art. 91) trazia as Disposições Gerais, acompanhadas das Disposições Transitórias (compostas por 07 artigos).
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PRINCIPAIS ASPECTOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1891.
 A Constituição de 1891 estruturava como forma de governo, a República Federativa, sob o regime representativo e presidencial, constituindo-se como Estados Unidos do Brasil pela união perpétua de suas antigas províncias (art. 1º), erigidas à condição de Estados-membros da federação, ao mesmo tempo em que o antigo Município Neutro passaria a constituir o Distrito Federal, continuando sua condição de capital do país (art. 2º).
Pelo art. 6º, o governo federal não poderia intervir em questões próprias aos Estados, salvo em questões que envolvessem conter invasão estrangeira ou a de um Estado pelo outro, manter a forma republicana, restabelecer a ordem e a tranquilidade a pedido dos governos dos Estados e assegurar a execução de leis e sentenças federais.
De acordo com o art. 15 deste Título I, ficava estabelecida a divisão tripartite dos poderes, sendo o Executivo, o Legislativo e o Judiciário considerados como “órgãos da soberania nacional”, atuando harmônica e independentemente entre si.
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A CONSTITUIÇÃO DE 1891...
O regime constitucional de 1891 optou pelo presidencialismo de modelo norte-americano.
Foram garantidas as eleições diretas e majoritárias para Presidente e Vice-Presidente da República (art. 47), dentre brasileiros natos que estivessem no exercício de seus direitos políticos e que tivessem mais de 35 anos (art. 41, § 3º).
 Os mandatos de ambos eram de 04 anos, não podendo haver reeleição do Presidente para o período seguinte (art. 43). 
Caso ocorresse a vacância, por morte ou por outra causa, da Presidência ou da Vice-Presidência quando ainda não houvessem decorridos dois anos do quadriênio para o qual tivessem sido eleitos, proceder-se-ia nova eleição. Se ocorresse a vacância decorridos dois anos ou mais (art. 42) do mandato, assumiria o Vice-Presidente.
 O Vice-Presidente que ocupasse a Presidência no último ano de mandato, não poderia ser eleito para a Presidência no ano seguinte (art. 43, § 1º).
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A CONSTITUIÇÃO DE 1891...
O processo e julgamento dos crimes de responsabilidade do Presidente da República davam-se perante o Senado Federal, após declarada procedente a acusação pela Câmara dos Deputados, sendo que, nos crimes comuns, o processo e julgamento far-se-ia perante o Supremo Tribunal Federal (Capítulo V, art. 53), seguindo as disposições de impeachement da Constituição americana de 1787, que vêm sendo adotada até os dias atuais.
O Poder Legislativo era bicameral e deputados e senadores eram invioláveis por suas palavras e opiniões no exercício do mandato e gozavam de imunidade, não podendo ser presos nem processados sem licença da Câmara, salvo flagrante (art. 19 e art. 20).
Os deputados eram eleitos por 03 anos, na proporção de 01 para cada 70.000 (sendo que o número mínimo de deputados era de 04 por Estado – art. 28, § 1º) e os senadores, em número de três para cada estado, eram eleitos por nove anos, ocorrendo a renovação de 1/3 do Senado a cada triênio (art. 31).
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A CONSTITUIÇÃO DE 1891...
Eram eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistassem na forma da lei. Não poderiam alistar-se para as eleições federais ou estaduais os mendigos, os analfabetos, as praças de pré, excetuando os alunos das escolas militares de ensino superior, os religiosos de ordens monásticas, companhias, congregações, ou comunidades de qualquer denominação, sujeitas a voto de obediência, regra ou estatuto que importe a renúncia da liberdade individual (art. 70, § 1º).
Os direitos de cidadão brasileiro só eram suspensos por incapacidade física ou moral ou por condenação criminal enquanto durassem os seus efeitos (art. 71, § 1º). A perda dos direitos se daria para aqueles que se naturalizarem em país estrangeiro ou por aceitação de emprego, pensão, condecoração ou título estrangeiro sem licença do Poder Executivo Federal (art. 71, § 2º).
A Constituição garantiu e enunciou as clássicas liberdades privadas, civis e políticas aos brasileiros e estrangeiros residentes no país (Seção II – Declaração de Direitos - art. 72) silenciando sobre a proteção ao trabalhador.
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A CONSTITUIÇÃO DE 1891...
Como decorrência dessa declaração de direitos, ocorreu um abrandamento das penas criminais, suprimindo-se as penas de galés, morte e banimento. Eleva-se o instituto do HABEAS CORPUS, que havia sido instituído no ordenamento jurídico brasileiro com o Código de Processo Criminal de 1832, à CATEGORIA CONSTITUCIONAL (art. 72, § 22).
O Congresso votava orçamento anual, autorizava empréstimos, regulava comércio exterior e interno, guerra e paz, resolvia sobre tratados com nações estrangeiras, declarava estado de sítio, concedia anistia, votava, como competência privativa, as leis de naturalização e legislava sobre todas as matérias de competência da União.
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 Abolição das instituições monárquicas;
 Os Senadoresdeixaram de ter cargo vitalício;
 Sistema de governo presidencialista;
 O Presidente da República passou a ser o chefe do Poder Executivo;
 As eleições passaram a ser pelo voto direto, a descoberto;
 Os mandatos tinham duração de quatro anos;
 Não haveria reeleição;
 Eram eleitores os homens maiores de 21 anos, com exceção de analfabetos, mendigos, praças de pré e religiosos sujeitos ao voto de obediência;
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Ao Congresso Nacional cabia o Poder Legislativo, composto pelo Senado e Câmara de Deputados;
As Províncias passaram a ser Estados de uma Federação com maior autonomia;
Os Estados da Federação tem Constituições hierarquicamente organizadas em relação à Constituição Federal;
Os presidentes das Províncias passaram a ser presidentes dos Estados e eleitos pelo voto direto à semelhança do Presidente da República;
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Havia a distinção nítida entre sociedade civil e sociedade política, através da separação entre cidadãos ativos e plenos, que desfrutam de todos os direitos civis e políticos e os cidadãos inativos que gozam apenas dos direitos civis.
Apesar de o voto ser dever e função social, ambas constituições de 1824 e 1891 consideraram necessário criar critérios de distinção, escolhendo critérios que excluíam a maior parte da população brasileira, como: alfabetização, renda, residência fixa ou maioridade.
Essas exigências reforçaram, na prática, a discriminação e o controle político dos homens pobres. A República, com a Constituição de 1891, assim como em 1824, manteve a exclusão dos direitos políticos para a maioria da população: pobres, mendigos, mulheres, menores, praças, membros de ordem religiosa, e analfabetos (que eram também os homens livres pobres) estavam proibidos de participar das eleições. A Constituição de 1891 negava também o direito social à educação, que é o princípio básico para a conquista dos direitos de cidadão. 
Análise crítica à Constituição de 1891...
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A ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA NA REPÚBLICA VELHA
 O Poder Judiciário, na Constituição de 1891, estava assim disposto: “art. 55 - O Poder Judiciário, da União terá por órgãos um Supremo Tribunal Federal, com sede na Capital da República e tantos Juízes e Tribunais Federais, distribuídos pelo País, quantos o Congresso criar”.
 O Superior Tribunal de Justiça passava a Supremo Tribunal Federal, através do Decreto nº. 1, de 26/02/1891, composto por 15 ministros (art. 56), nomeados pelo Presidente da República (conforme o disposto no art. 48, 12º). 
 O Supremo Tribunal Federal passou a ter função uniformizadora da jurisprudência em matéria de direito constitucional e federal através da emenda constitucional de 3 de setembro de 1926.
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A Constituição de 1891 previu a instituição dos Tribunais Federais, mas estes nunca chegaram a ser criados durante a República Velha durante o tempo em que perdurou nossa primeira carta política. Assim, pelo Decreto 3.084, de 5 de novembro de 1898, instituiram-se apenas os JUIZADOS FEDERAIS, sendo sua lotação por Estado distribuída da seguinte forma: 1 juiz seccional, 3 juízes substitutos e 3 juízes suplentes.
Os Tribunais de Relação das Províncias passavam a Tribunais de Justiça dos Estados (19 Tribunais), como órgãos de cúpula da Justiça Comum Estadual. Ostentando, inicialmente, as mais variadas denominações:
A República manteve os juízes de direito (que no Rio Grande do Sul eram denominados de Juízes de comarca), os juízes municipais (denominados em alguns Estados como juízes distritais), os tribunais do júri e os juízes de paz (que continuavam sendo eletivos). 
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 A justiça estabeleceu-se em dois níveis: a Justiça Federal e as Justiças Estaduais, além do Supremo Tribunal Federal.
 a Justiça Federal (os juízes e os tribunais federais) julgariam causas fundadas na constituição e as de interesse da União.
 o STF julgaria originariamente os crimes comuns do presidente e de quaisquer ministros, dos ministros diplomáticos, causas entre União e Estados, conflitos entre juízes federais ou entre estes e os juízes estaduais. 
Julgaria em grau de recurso, as causas julgadas pelos juízes e tribunais federais, competindo-lhe a revisão criminal e em recurso extraordinário, as decisões dos tribunais e dos juízes dos Estados quando se discutisse a vigência e a validade de leis federais negadas por alguma justiça estadual, as divergências entre tribunais estaduais e questões de direito criminal ou civil internacional.
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UMA SÍNTESE IMPORTANTE...
 A constituição de 1891 estabeleceu a federalização do poder (que abriria caminho para o fortalecimento dos poderes locais, fortalecimento este que se consubstanciou no Política dos Governadores, definido na gestão de Campos Sales), promoveu a separação entre Igreja e Estado, eliminou o Conselho de Estado – do ponto de vista tributário estabeleceu-se uma divisão de tributos entre a União e os Estados, determinando-se que os Estados escolheriam alguns de seus impostos para os Municípios.
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Durante a década de 1920, a desilusão com o regime republicano da Constituição de 1891 era muito grande em virtude do seguinte quadro:
A mentira eleitoral resultante das práticas dos “currais eleitorais” e do “voto de cabresto”, agravada pelas “degolas” que ocorriam na apuração no Congresso;
As intervenções federais pretensamente baseadas no Art. 6º da Constituição – em muitos casos, intervenções militares;
O revezamento entre Minas e São Paulo no comando do executivo federal (política do “café com leite”);
Os acordos resultantes da “política dos governadores” em que os chefes locais fraudavam os resultados das eleições federais e estaduais e em troca os governadores lhes retribuía com nomeações de delegados e subdelegados, juízes de paz, professores e outros cargos com que garantiam seu poder.
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 Os direitos fundamentais estabelecidos pela Constituição de 1891.
É uma Constituição liberal que abole a pena de morte, constitucionaliza o habeas corpus, mas não salvaguarda nenhum direito social, inclusive o único estabelecido pela Carta de 1824, o direito à educação primária, por temor de que a massa de ex-escravos passasse a possuir direito à cidadania.

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