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Apostila de Sociologia

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Prévia do material em texto

Sociologia
Antonio Carlos Banzato A. Santos
Rafael Lopes Sousa
Revisada por Rafael Lopes Sousa (setembro/2012)
APRESENTAÇÃO
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Sociologia, parte in-
tegrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a 
educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre-
sentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
1 INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA ..................................................................................................... 7
1.1 O Nascimento da Sociologia .......................................................................................................................................8
1.2 O Contexto do Pensamento Positivista ...................................................................................................................8
1.3 Os Fundamentos do Positivismo ...............................................................................................................................9
1.4 Estratificação da Sociedade Positivista ...................................................................................................................9
1.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................11
1.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................11
2 A SOCIOLOGIA DE DURKHEIM .................................................................................................. 13
2.1 A Objetividade do Fato Social ..................................................................................................................................14
2.2 A Consciência Coletiva ...............................................................................................................................................14
2.3 A Escola de Frankfurt ...................................................................................................................................................15
2.4 A Indústria Cultural ......................................................................................................................................................15
2.5 Cultura de Massa ...........................................................................................................................................................16
2.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................18
2.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................18
3 ESCOLAS SOCIOLÓGICAS ............................................................................................................. 19
3.1 Escola Sociológica Europeia .....................................................................................................................................19
3.2 Sociologia Alemã: a Contribuição de Max Weber ............................................................................................21
3.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................22
3.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................22
4 A SOCIEDADE SOB UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA .................................................. 23
4.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................24
4.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................24
5 KARL MARX E A HISTÓRIA DA EXPLORAÇÃO DO HOMEM ................................... 25
5.1 O Método do Pensamento Marxista .....................................................................................................................26
5.2 A Práxis .............................................................................................................................................................................26
5.3 A Mais-Valia .....................................................................................................................................................................27
5.4 Modos de Produção ....................................................................................................................................................28
5.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30
5.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................30
6 CONCEITOS DE SOCIOLOGIA ...................................................................................................... 31
6.1 Estrutura Social ..............................................................................................................................................................31
6.2 Status e Papéis ...............................................................................................................................................................32
6.3 Relações Sociais.............................................................................................................................................................32
6.4 Grupos ..............................................................................................................................................................................33
6.5 Fenômenos Sociais ......................................................................................................................................................34
6.6 Relações Sociais.............................................................................................................................................................35
6.7 Fim ou Objetivos da Sociologia ..............................................................................................................................35
6.8 Teoria Sociológica Geral .............................................................................................................................................36
6.9 Teorias Sociológicas Especiais .................................................................................................................................386.10 Pesquisas Sociológicas Concretas .......................................................................................................................38
6.11 Leis Sociais ....................................................................................................................................................................39
6.12 Processo Social ............................................................................................................................................................40
6.13 Teoria do Indivíduo Social .......................................................................................................................................41
6.14 Fato Social .....................................................................................................................................................................41
6.15 Ideologia ........................................................................................................................................................................42
6.16 Alienação .......................................................................................................................................................................43
6.17 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................45
6.18 Atividades Propostas ................................................................................................................................................45
7 GLOBALIZAÇÃO ................................................................................................................................... 47
7.1 Histórico ...........................................................................................................................................................................47
7.2 Globalização e/ou Mundialização ..........................................................................................................................48
7.3 Meio Ambiente ..............................................................................................................................................................50
7.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................52
7.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................52
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 53
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 55
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 57
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5
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), 
Bem-vindo(a) a esta nova modalidade de aprendizado.
A Sociologia possui uma quantidade enorme de pensadores. O objetivo geral de nosso estudo é 
problematizar e confrontar as ideias, conceitos e teorias de alguns importantes pensadores que contri-
buíram para a afirmação da Ciência Sociológica. Esperamos, dessa maneira, fornecer a você um panora-
ma do pensamento sociológico desde o seu surgimento até os nossos dias.
Esta apostila e a disciplina, como um todo, buscam detalhar o contexto em que surgiu a disciplina 
Sociologia e o legado que ela deixou para o mundo contemporâneo, repercutida na obra de seus prin-
cipais teóricos: Comte, Durkheim, Weber e Marx. Em seguida, analisaremos o desdobramento dos con-
ceitos das obras de cada um desses pensadores. A importância, a influência e que tipo de interferência 
exerceu no modo de ser, pensar e agir do homem contemporâneo. 
Nesse sentido, a apostila está organizada de forma a promover sempre um debate sobre, e com, os 
autores, além de mostrar as transformações metodológicas e teóricas que as mesmas sofreram ao longo 
do tempo. O assunto por ela abordado tem, assim, uma relevante importância para a compressão das re-
lações humanas em diferentes momentos históricos. Desde o século XIX, quando o projeto de sociedade 
burguesa estava sendo engendrado, até o início do século XXI, quando esse projeto foi definitivamente 
consolidado, nós temos o auxílio teórico dos mais diferentes segmentos da sociologia para pensar rela-
ções e o convívio do homem em sociedade. Nesse percurso, as contribuições de Augusto Comte, bus-
cando fundamentar a importância da técnica e da ciência nos primórdios do mundo urbano-industrial, 
foram fundamentais. Em seguida, as análises críticas que Karl Marx faz desse mundo urbano-industrial 
apontam para uma nova conformação social: a hegemonia burguesa. Max Weber é outro importante 
autor que procura também estender o alcance das análises sobre o mundo burguês. Introduz, assim, no 
campo sociológico uma análise inovadora que relaciona o desenvolvimento do capitalismo à religião 
protestante. Émile Durkheim é outro importante autor que, com suas análises sobre os fenômenos dos 
fatos sociais, lançou luz também para uma melhor compreensão das relações do homem em sociedade.
O estudo aprofundado desses autores subsidiará as nossas investigações sobre os temas mais ur-
gentes do mundo contemporâneo, como, por exemplo, o neoliberalismo e suas consequências humanas 
e econômicas. 
Será um prazer acompanhá-lo(a) ao longo deste percurso. Esperamos que, ao final dele, você seja 
um cidadão mais pleno de seus direitos e mais consciente de seus deveres, só assim construiremos uma 
sociedade mais plural e democrática onde a diversidade e as diferenças sociais, étnicas, culturais e reli-
giosas serão respeitadas. 
Antonio Carlos Banzato A. Santos
Rafael Lopes de Sousa
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7
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA1
Caro(a) aluno(a), 
Neste capítulo abordaremos o tema do 
positivismo e a sua importância para as ciências 
humanas. Esperamos que ao final dele você com-
preenda a importância desse sistema de pensa-
mento para a afirmação das ciências humanas e 
a influência que exerceu sobre a organização das 
sociedades ocidentais. Vejamos então as suas 
principais contribuições.
A Sociologia é uma ciência da observação. 
Durante milhares de anos, os homens vêm refle-
tindo e tentando compreender o comportamen-
to de seus semelhantes. As primeiras tentativas 
de compreender a ação humana esbarraram-se, 
todavia, em interpretações teológicas, mitoló-
gicas e muitas vezes fantasiosas. Assim, para os 
gregos, os fenômenos “sociais” tinham uma base 
de explicação mitológica, isto é, Zeus, senhor dos 
homens e dos deuses, era quem mantinha a or-
dem do mundo moral e físico. Na Idade Média, 
os acontecimentos sociais estavam, por sua vez, 
relacionados a um princípio teológico que cingia 
a liberdade do indivíduo, visto que as explicações 
para todas as mazelas sociais estavam fundamen-
tadas no discurso da vontade “divina”. Obviamen-
te, o homem sempre buscou escapar desses pen-
samentos totalizantes. Foi essa inquietação, aliás, 
que fez o homem avançar no caminho da ciência. 
De tal sorte que no século XVIII, aproveitando-se 
do capital cultural das gerações anteriores, o ho-
mem inaugura uma nova fase do pensamento crí-
tico e estabelece novos parâmetros para explicar 
os fenômenos sociais.
Nessa nova conjuntura, merece destaque 
Giambattista Vico, que escreve a obra: A Nova 
Ciência. Nessa obra, Vico afirma que a sociedade 
subordina-se a leis definidas, que podem ser des-
cobertas pelo estudo e pela observação objetiva. 
Entre outras contribuições, afirma: “o mundo so-
cial é obra do homem”. Podemos entrever nessa 
afirmação certo distanciamento das questõesmitológicas e o aprofundamento das reflexões 
contra a interferência divina sobre a vida e o co-
tidiano do homem. Tempos depois, Jean-Jacques 
Rousseau reconhece que a sociedade tem uma 
influência decisiva sobre a vida do indivíduo. Em 
sua obra O Contrato Social afirma: “O homem nas-
ce puro, a sociedade é que o corrompe”. Em ou-
tras palavras, Rousseau estabelece que o homem 
é um ser social.
Conforme você pode perceber, as bases 
para a constituição do pensamento sociológico 
estavam, portanto, dadas. O fundamental agora 
era organizar para, em seguida, oferecer um sta-
tus científico para essa nova maneira de pensar as 
relações humanas. Essa preocupação intensificar-
-se-ia no século XIX, quando autores, como Au-
gusto Comte, Émile Durkheim, Max Weber e Karl 
Marx, estabelecem critérios mais objetivos para 
investigar os fenômenos sociais, emprestando a 
estes um caráter verdadeiramente científico. Es-
ses quatro pensadores são considerados os prin-
cipais representantes da Sociologia Clássica. O 
objetivo deste curso é oferecer ao aluno elemen-
tos para a compreensão de alguns dos conceitos 
criados por esses autores. Em seguida, pretende-
mos verificar os desdobramentos desses concei-
tos e a interferência que eles exercem na organi-
zação da sociedade contemporânea.
Antonio Carlos Banzato A. Santos e Rafael Lopes Sousa
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8
Você verá, agora, como teve início a Socio-
logia. Preparado(a)? Então, ao trabalho!
Pode-se dizer que o positivismo foi nas 
ciências humanas a primeira tentativa verdadei-
ramente sistematizada de conhecer a realidade 
social. Seus métodos pretendiam substituir as 
explicações metafísicas e as crenças do senso co-
mum por meio das quais o homem buscava, até 
então, explicar a realidade social. 
O principal representante do positivismo 
foi Augusto Comte (1798-1857). Comte nasceu 
na França, numa família católica e monarquista, 
talvez esteja aí uma das explicações para sua con-
cepção de mundo. Estudou em Paris, na Escola 
Politécnica, e testemunhou os turbulentos tem-
pos da era napoleônica. Tornou-se discípulo de 
Saint-Simon, de quem sofreu enorme influência. 
Devotou seus estudos à filosofia positivista, con-
siderada por ele uma religião, da qual era o seu 
principal pregador. De acordo com sua filosofia 
política, a história da humanidade era composta 
por três estados: um teológico, outro metafísico 
e finalmente o positivo. Este último representa-
va o apogeu do progresso da humanidade. Para 
Comte, a sociologia era a ciência mais profunda e 
a que mais contribuições poderia oferecer para a 
humanidade. 
1.1 O Nascimento da Sociologia
1.2 O Contexto do Pensamento Positivista
O século XVIII havia consagrado o poder da 
burguesia, que impôs o uso da ciência e da técni-
ca como metas para a nova sociedade, provocan-
do, assim, modificações sociais, políticas e eco-
nômicas jamais vistas. A consagração desse novo 
saber, isto é, da ciência e da técnica, leva para um 
novo entendimento das questões humanas, que 
passam, agora, pela concepção do cientificismo, 
ou seja, a ciência é o único conhecimento possí-
vel para a humanidade. 
O idealismo, pensamento predominante 
até a primeira metade do século XIX, passa a ser 
combatido e o positivismo é que primeiro leva 
esse combate adiante. O positivismo representa, 
então, uma reação contra o idealismo. Veja a di-
ferença fundamental entre idealismo e positivis-
mo: o primeiro procura uma interpretação, uma 
unificação da experiência mediante a razão; o se-
gundo, ao contrário, quer limitar-se à experiência 
imediata. Além de ser uma reação contra o idea-
lismo, o positivismo é ainda tributário do grande 
progresso das ciências naturais, particularmente 
das biológicas e fisiológicas do século XIX.
Pode-se dizer que a filosofia de Comte de-
fende alguns princípios consagrados da socieda-
de, como a propriedade, a família, o trabalho e a 
religião. Com esses princípios rigidamente segui-
dos, a sociedade alcançaria, segundo Comte, o 
progresso e a ordem. A ideia de ordem está, nes-
te caso, associada à ideia de hierarquia, que gera 
consequentemente uma disciplina para a socie-
dade. É importante dizer que, para Comte ou para 
o positivismo, o entendimento da história se dá 
por meio de documentos oficiais, isto é, a história 
só se explica e se justifica com a visão predomi-
nante de sua época.
Saiba maisSaiba mais
Para os idealistas, a filosofia é o estudo dos processos 
pelos qual a realidade deriva dos princípios constituti-
vos do espírito, sendo o mundo o produto de um mo-
vimento do pensamento. Entre os principais idealistas 
podemos destacar: Schelling e Hegel.
Sociologia
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9
Observe de que forma Comte estabelece no 
livro Curso de Filosofia Positiva os três princípios 
básicos do estado positivista. De acordo com esse 
princípio, a vida da humanidade compreende em 
três estágios, sendo o atual, isto é, aquele no qual 
vivia Comte, o principal deles. O primeiro está-
gio está relacionado à maneira de a humanidade 
explicar o mundo, uma explicação que sempre 
provinha dos mitos e das crenças religiosas. Esse 
estágio é chamado de teológico e Comte assim o 
descreve: 
No estágio teológico, o espírito humano 
dirige essencialmente suas investigações 
para a natureza intima dos seres, as causas 
primeiras e finais de todos os efeitos que 
o tocam, numa palavra para o conheci-
mento absoluto; apresenta os fenômenos 
como ação direta e contínua de agentes 
sobrenaturais. (COMTE, 1973, p. 9).
O segundo estágio, dito metafísico, uma 
cresça em Deus, mas sem fundamentação cientí-
fica, é assim descrito: “No fundo nada mais é que 
a modificação geral do primeiro, os agentes so-
brenaturais são substituídos por forças abstratas, 
concebidas como capazes de engendrar por elas 
próprias todos os fenômenos observados”. Final-
1.3 Os Fundamentos do Positivismo
mente o estado positivo é o terceiro estágio e é 
marcado pelo triunfo da ciência. A vida da huma-
nidade passa agora a ser explicada pela razão em 
contraponto às explicações mitológicas e religio-
sas das fases anteriores. 
No estado positivo, o espírito humano, re-
conhecendo a impossibilidade de obter 
noções absolutas, renuncia de procurar a 
origem e o destino do universo, [...] para 
preocupar-se unicamente em descobrir, 
graças ao uso bem combinado do racio-
cínio e da observação, suas leis efetivas 
que regem a vida humana”. O positivismo 
representa, então, o real frente ao quimé-
rico, o útil frente ao inútil, a segurança 
frente à insegurança, o preciso frente ao 
vago, o relativo frente ao absoluto. (RIBEI-
RO JR., 1987, p. 18). 
Saiba que o positivismo combate também a 
sociedade individualista e liberal, divulgando que 
o homem como individualidade não existe; aliás, 
para esse pensamento, o homem só pode existir 
como membro de outros grupos, desde o familiar, 
que é núcleo fundador de toda sociedade, até ou-
tros grupos mais complexos, como, por exemplo, 
o político. 
1.4 Estratificação da Sociedade Positivista
Perceba que para o positivismo, a humani-
dade é formada só de homens. Nessa ordem so-
cial, as mulheres estão condenadas à inferiorida-
de, é claro, pelas leis irrevogáveis da natureza. 
Na sociedade positivista, a classe dos sacer-
dotes é a mais importante. Ela está dividida em 
três classes, a saber:
DicionárioDicionário
Estratificação: é o processo social que leva à super-
posição de camadas sociais, isto é, à formação de 
um sistema social mais ou menos fixo e rígido, de 
estados, classes ou castas. 
Antonio Carlos Banzato A. Santos e Rafael Lopes Sousa
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
10
a) Os aspirantes: estes precisam ter ao 
menos 28 anos, pois só com essa idade 
alcançam a cultura enciclopédicaexigi-
da pelo estado positivista; 
b) Os vigários: estes precisam ter ao me-
nos 35 anos e exercem a função supe-
rior de ensinar; 
c) Os sacerdotes: precisam ter uma idade 
superior aos 42 anos; são os maiores sa-
cerdotes da humanidade, uma espécie 
de conselheiros para arbitrar as causas 
do estado positivista.
O patriciado é a classe detentora do po-
der temporal. Essa classe é composta pelos seg-
mentos que controlam os meios de produção: 
banqueiros, fabricantes, comerciantes; sempre 
colocados em escala hierárquica. Os banquei-
ros, portanto, nessa sociedade, são investidos de 
maior autoridade.
Ao se apresentar como a religião da huma-
nidade, o positivismo defende a existência de 
nove sacramentos para os membros de sua socie-
dade. Vejamos alguns deles:
a) Apresentação, quando a família apre-
senta o recém-nascido;
b) Iniciação, quando a criança, com cator-
ze anos, passa da educação materna à 
instrução sacerdotal; 
c) Admissão, aos vinte e um anos, quan-
do está pronto para servir a humanida-
de, retribuindo tudo que recebeu dela;
d) Destinação, momento em que recebe 
dos sacerdotes o seu ofício;
e) Casamento, sacramento obrigatório, já 
que no estado positivista o celibato é 
condenado.
Você sabia que no Brasil, o positivismo teve 
uma importância decisiva no Império e na insta-
lação da República, influenciando a ideologia da 
nova sociedade? Suas primeiras manifestações 
em território nacional acorreram em 1844 na aca-
demia, isto é, na Faculdade de Medicina da Bahia. 
Contudo, sua primeira manifestação social acon-
tece anos mais tarde. Inicialmente, o positivismo 
brasileiro é composto por dois grupos: um defen-
dendo, como proposto por Comte, o positivismo 
como religião da humanidade; havia, por outro 
lado, um grupo que desprezava o movimento da 
religião da humanidade e defendia apenas a me-
todologia científica de observação, experimenta-
ção e comparação proposta por Comte.
Esse segundo grupo constituirá a base do 
movimento republicano aglutinado em torno do 
jovem oficial Benjamin Constant. O positivismo 
enfrenta, porém, a resistência de um grupo de 
republicanos que, diferentemente dos princípios 
rígidos do positivismo, defendiam os preceitos 
democráticos do liberalismo constitucional nor-
te-americano. De qualquer forma, perpetuou suas 
marcas na vida e no cotidiano do homem brasilei-
ro, sendo que a principal dessas marcas está re-
gistrada em nosso símbolo maior. Ou seja, a nossa 
bandeira, com seu Ordem e Progresso, mostra de 
maneira inquestionável o quanto a doutrina posi-
tivista influenciou os nossos republicanos1. 
Finalmente é preciso insistir que para o posi-
tivismo aquilo que não pode ser verificado como 
“algo dado” é metafísica estéril. Daí a importância 
dada ao documento escrito, sobretudo aos docu-
mentos oficiais, como prova histórica de determi-
nado fato. Assim, para os positivistas, apreender 
o real seria conhecer os fatos e conhecer os fatos 
significa acesso a documentos, que são, na pers-
pectiva positivista, quase sempre, institucionais. 
Reflita, agora, sobre o positivismo e posicio-
ne-se em relação a essa filosofia.
1 Mais elementos sobre essa discussão ver Ribeiro Jr. (1987).
Sociologia
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
11
1.5 Resumo do Capítulo
1.6 Atividades Propostas
Caro(a) aluno(a), neste capítulo observamos que a Sociologia é observação, reflexão a fim de com-
preender o comportamento de seus semelhantes. Giambattista Vico afirma que a sociedade subordina-
-se a leis definidas e que: “o mundo social é obra do homem.” Pode-se dizer que o positivismo foi nas 
ciências humanas a primeira tentativa verdadeiramente sistematizada de conhecer a realidade social. 
Seus métodos pretendiam substituir as explicações metafísicas e as crenças do senso comum, por meio 
das quais o homem buscava, até então, explicar a realidade social. No Brasil, o positivismo teve uma im-
portância decisiva no Império e na instalação da República, influenciando a ideologia da nova sociedade. 
1. Quais as diferenças fundamentais entre o idealismo e o positivismo?
2. Cite e comente dois sacramentos do positivismo.
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
13
Você entrará em contato com um autor que 
contribuiu para que a sociologia se estabelecesse 
como ciência autônoma.
David Émile Durkheim presenciou em sua 
juventude uma série de acontecimentos que 
marcou decisivamente a sua vida e sua obra. Na 
década de 1880, a França aprovou a chamada Lei 
Naquet, que instituiu o divórcio em seu território. 
Nessa mesma época, o ensino público tornou-
-se gratuito e obrigatório para todos dos 6 aos 
13 anos; além disso, ficava proibido formalmen-
te o ensino da religião. O vazio correspondente à 
ausência do ensino de religião na escola pública 
tenta-se preencher com uma pregação patrióti-
ca representada pela que ficou conhecida como 
“Instrução Moral e Cívica”. 
Ao mesmo tempo que essas questões polí-
ticas e sociais balizavam o seu tempo, as contradi-
ções do trabalho traziam também preocupações 
continuadas para sua militância intelectual. Uma 
repercussão decisiva dessas contradições ficou 
conhecida como questão social, ou seja, as dispu-
tas e conflitos decorrentes da oposição entre o 
capital e o trabalho, vale dizer, entre patrão e em-
pregado, entre burguesia e proletariado, seriam 
doravante objetos de intervenção dos estudos 
sociológicos. 
No final do século XIX, Durkheim reuniu um 
grupo de colaboradores que se esforçaram para 
emancipar a sociologia das demais teorias sobre 
a sociedade e constituí-la como disciplina rigo-
rosamente científica. Buscou sempre definir com 
precisão o objeto, o método e as aplicações dessa 
nova ciência. Respondendo, assim, as preocupa-
ções da sociedade e da Sociologia de sua época, 
elegeu os fatos sociais como o principal objeto da 
sociologia. 
A SOCIOLOGIA DE DURKHEIM2
De acordo com suas análises, o fato social 
é experimentado pelo indivíduo como uma rea-
lidade independente dele, que ele não criou e 
não pode rejeitar, como as regras morais, as leis, 
os costumes, os rituais e as práticas burocráticas, 
por exemplo. 
É importante você saber que para Dur-
kheim, os fatos sociais são atravessados por três 
características fundamentais. A primeira delas é a 
coerção social, ou seja, a força que os fatos exer-
cem sobre os indivíduos, levando-os a aceitar as 
regras da sociedade em que vivem, independen-
temente da sua vontade e escolha. Essa força ma-
nifesta-se, por exemplo, quando o indivíduo ado-
ta determinado idioma, ou quando se submete a 
um código de leis. 
A segunda característica dos fatos sociais 
é que eles existem e atuam sobre os indivíduos 
independentemente de sua vontade ou de sua 
adesão consciente, ou seja, são exteriores aos in-
divíduos e existem antes da chegada do indivíduo 
na sociedade. 
A terceira característica apontada por Dur-
kheim é a generalidade, isto é, aquilo que se repe-
te em todos os indivíduos, o ritual do banho, por 
exemplo. Portanto, nem tudo que uma pessoa faz 
é um fato social, para ser um fato social tem de 
atender a três características: generalidade, exte-
rioridade e coercitividade. Isto é, o que as pessoas 
sentem, pensam ou fazem, independentemente 
de suas vontades individuais, é um comporta-
mento estabelecido pela sociedade. Não é algo 
que seja imposto especificamente a alguém, é 
algo que já estava lá antes e que continua depois 
e que não dá margem a escolhas2.
2 Mais elementos sobre as características do fato social ver Costa (1997).
Antonio Carlos Banzato A. Santos e Rafael Lopes Sousa
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Assim, você pode observar que, com essa 
caracterização feita por Durkheim dos fatos so-
ciais, encontramos elementos para compreender-
mos melhor os grupos sociais queestão distribuí-
dos na sociedade. Da infância até a maturidade, o 
indivíduo participa de vários grupos sociais, pois 
em cada fase ou etapa de sua vida ele busca apoio 
de um determinado grupo. Temos assim, o grupo 
familial (família); o grupo educativo (escola) e o 
grupo religioso (igreja). O primeiro pode ser defi-
nido como grupo primário, pois é aquele onde os 
contatos pessoais são mais constantes, como a fa-
mília e os vizinhos; o segundo grupo é chamado 
de secundário e manifesta-se na igreja e no tra-
balho e é geralmente constituído por uma rede 
de relações mais complexa em que os contatos 
são mais formais, sem a intimidade verificada no 
primeiro; o terceiro grupo, também chamado de 
intermediário, combina elementos do primeiro e 
do segundo grupo e cria outros rituais de perten-
cimento para sua identidade social. Um exemplo 
são as coletividades juvenis.
2.1 A Objetividade do Fato Social
Você verá, agora, como Durkheim definiu o 
método de conhecimento da Sociologia. Segun-
do Durkheim, o sociólogo precisa deixar de lado 
seus valores e sentimentos pessoais em relação 
ao acontecimento a ser estudado, pois só assim 
alcançaria a objetividade de sua análise. 
Procurando garantir à Sociologia um mé-
todo tão eficiente quanto o desenvolvido pelas 
ciências naturais, Durkheim desenvolve métodos 
para fugir do “senso comum”, que analisava de 
maneira superficial a realidade social. Sentencia-
va, assim, que para compreender os fatos sociais 
o cientista precisa ter visão ampla e identificar os 
acontecimentos que apresentavam característi-
cas exteriores comuns na sociedade. O suicídio, 
por exemplo, apesar de ser resultado de razões 
particulares, apresenta em todas as sociedades 
características comuns e certa regularidade e, por 
isso, é um fato social. 
Saiba maisSaiba mais
Chamamos senso comum ao conhecimento adquiri-
do por tradição, herdado dos antepassados e ao qual 
acrescentamos os resultados da experiência vivida na 
coletividade a que pertencemos. Trata-se de um con-
junto de ideias que nos permite interpretar a realidade, 
bem como um corpo de valores que nos ajuda a ava-
liar, julgar e, portanto, agir.
Observe como se pode entender a ideia de 
consciência coletiva. A consciência coletiva está 
espalhada pela sociedade e, em certo sentido, re-
vela o “tipo psíquico da sociedade”, definindo, por 
exemplo, o que numa sociedade é considerado 
“imoral”, “reprovável” ou “criminoso”. A consciência 
coletiva inibe e controla os impulsos do indivíduo 
na sociedade, padronizando o comportamento. 
Mas a consciência coletiva pode servir também 
de máscara para o indivíduo esconder sua perso-
2.2 A Consciência Coletiva
nalidade no jogo do teatro social. Por exemplo, ao 
tripudiar sobre um juiz no estádio de futebol, o 
indivíduo só o faz porque está protegido por uma 
consciência coletiva, que o impede de ser pron-
tamente identificado, ou seja, responsabilizado. 
Quando sai do estádio e vai embora sozinho para 
sua casa sem a proteção do grupo, isto é, da cons-
ciência coletiva, ele adota uma outra postura, pois 
agora ele responde sozinho por seus atos. 
Sociologia
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Entre os muitos desdobramentos que as re-
flexões de Durkheim abriram para os estudos so-
ciológicos, merecem destaque aqueles derivados 
da escola de Frankfurt, os quais trouxeram contri-
buições para se pensar os caminhos da sociedade 
contemporânea. É sobre essa escola que você re-
fletirá a seguir.
2.3 A Escola de Frankfurt
Denominada teoria crítica apresentou-se 
como um contraponto às simplificações que de-
terminadas correntes sociológicas vinham fazen-
do dos estudos da sociedade. Os principais inves-
tigadores da Escola de Frankfurt – Adorno, Walter 
Benjamim, Marcuse e Horkheimer, entre outros 
– caracterizavam-se por serem mais acadêmicos, 
envolvidos com uma concepção teórica global da 
sociedade e nitidamente influenciados por Marx 
e Freud.
A identidade da Teoria Crítica liga-se à uti-
lização dos pressupostos marxistas e de alguns 
elementos da psicanálise, na análise das temáti-
cas novas que as dinâmicas sociais da época con-
figuravam – o totalitarismo, a indústria cultural, 
entre outros – numa preocupação com a superes-
trutura ideológica e a cultura. Assim, não pense 
que o tema dessa corrente seja apenas os meios 
de comunicação de massa, mas que, entre os vá-
rios assuntos abordados por essa Escola, os mais 
próximos a este tema seriam aqueles relativos à 
indústria cultural – marcados pelo enfoque da 
manipulação do agente social. 
Você também não pode perder de vista 
todo o contexto histórico no qual os estudos de 
Frankfurt se desenvolvem. A Alemanha vivendo a 
crise do pós-guerra, a Revolução Russa vitoriosa, 
o movimento operário alemão rechaçado, e o na-
zismo, que começava a se firmar. Tudo isso incidia 
de forma decisiva nas ideias dos jovens judeus 
marxistas Adorno, Marcuse e Horkheimer.
2.4 A Indústria Cultural
Conforme você pode observar, com o avan-
ço tecnológico e industrial, mais o crescimento 
econômico e urbanístico, sobretudo a partir das 
primeiras décadas do século XX, os meios de co-
municação reorganizaram sua produção artística 
e cultural, sob o ponto de vista mercadológico, 
utilizando as novas linguagens do marketing. Em 
meio a esse processo, surge um grupo de teóricos 
em Frankfurt na Alemanha. Preocupados com a 
postura e interferência dos meios de comunica-
ção na sociedade, esses teóricos começaram a 
analisar de forma crítica o que eles denominaram 
de “Indústria Cultural”. Impulsionada pelo inces-
sante desenvolvimento da tecnologia e a inevi-
tável popularização dos aparelhos eletroeletrôni-
cos, a indústria cultural ampliou a participação e 
Saiba maisSaiba mais
Para Morin, a Terceira Cultura é decorrência do boom 
tecnológico que o mundo viveu depois da Segunda 
Guerra Mundial e que levou a uma popularização do 
cinema, da imprensa, do rádio, da televisão etc.
a interferência do indivíduo – principalmente dos 
jovens – no meio circundante. Edgar Morin (1969) 
chama esse fenômeno de Terceira Cultura.
Pode-se dizer, então, que o século XX trouxe 
novos meios de sociabilidade e integração social 
– o rádio, o cinema, a indústria fonográfica etc. –, 
tornando decisivas suas influências sobre a vida 
Antonio Carlos Banzato A. Santos e Rafael Lopes Sousa
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da juventude. Essas novas técnicas logo serão in-
corporadas pelos jovens como forma mais coti-
diana de interferência em um mundo social para 
eles amplificado. A juventude deixa, assim, de ser 
apenas receptora de cultura; suas manifestações 
ganham notoriedade, e, de receptora, ela passa a 
criadora de uma nova maneira de ser e viver.
Saiba que essa nova configuração cultural 
da juventude ganha vulto, de maneira mais es-
pecífica no pós-guerra devido ao aquecimento 
ocorrido no setor industrial; ele possibilitou um 
aumento da demanda de empregos e, concomi-
tantemente, levou mais recursos financeiros para 
um número cada vez maior de famílias, que pas-
sam a investir seu tempo livre em diversão e lazer.
Edgar Morin, ao analisar essas novas carac-
terísticas da sociedade moderna, pondera que a 
ampliação do tempo de lazer, combinada com a 
popularização das novas técnicas de integração 
social, possibilitou o surgimento de uma cultura 
de massas na sociedade moderna.
Você pode perceber, portanto, que foi no 
compasso dessa terceira cultura que o fulcro do 
que era uma subcultura juvenil cede espaço para 
o surgimento de uma ampla cultura juvenil, que 
no decorrer dos anos 50 articula-se em torno de 
novos referenciais (principalmente cinema e mú-
sica rock’n roll) para granjear uma posição de des-
taque na sociedade.
Temos aí uma nova problematização no ce-
nário juvenil, que, estimuladopelo aumento do 
poder aquisitivo e pelo tempo livre, cria espaços 
específicos para suas reuniões. As praças já não 
lhes são suficientes; agora eles querem o cinema, 
as lanchonetes, enfim, eles querem visibilidade 
e atenção. Morin, ao analisar os problemas com-
portamentais dos jovens numa sociedade pauta-
da pela massificação cultural, alerta que: 
O desenvolvimento dessa cultura está 
ligado a uma conquista da autonomia 
dos adolescentes no seio da família e da 
sociedade. A aquisição de relativa auto-
nomia monetária (dinheiro para o gasto 
diário dado pelos pais nas sociedades 
avançadas e, alhures, dinheiro para o 
diário conservado pelos adolescentes 
que ganham a vida e entregam o que ga-
nham aos pais) e de relativa liberdade no 
seio da família (o que nos conduz ao pro-
blema da liberalização aqui, da desestru-
turação acolá, da família) permitem aos 
adolescentes adquirir material que lhes 
insuflará sua cultura (transistor, toca-dis-
cos e mesmo violão), que lhes dá sua li-
berdade de fuga e de encontro (bicicleta, 
motocicleta, automóvel) e lhes permitirá 
viver sua vida autônoma no lazer e pelo 
lazer. Essa cultura, essa vida, aceleram em 
contrapartida as reivindicações dos ado-
lescentes que não se satisfazem com a 
semi-liberdade adquirida e fazem crescer 
sua contestação a propósito de um mun-
do adulto cada vez menos semelhante ao 
deles. (MORIN, 1969, p. 140). 
2.5 Cultura de Massa
Você sabe o que é cultura de massa? Certa-
mente, já ouviu falar disso. Então, convido você a 
refletir um pouco e tentar estabelecer algumas 
hipóteses que a definam.
O termo ‘Indústria Cultural’ foi utilizado pela 
primeira vez em 1947, por Theodor Adorno, para 
substituir a expressão “Cultura de Massa”, pois 
esta induz ao engodo de que são satisfeitos os in-
teresses dos detentores dos veículos de comuni-
cação de massa. Os defensores da cultura de mas-
sa acreditam que esta surge espontaneamente 
das próprias massas em ressonância com a arte 
popular, enquanto a indústria cultural diferencia-
-se totalmente, pois vem atribuída de vários ele-
mentos, conceituando um novo estilo e qualida-
de. “A indústria cultural é a integração deliberada, 
a partir do alto, de seus consumidores” (ADORNO, 
1977, p. 287).
Sociologia
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17
A prioridade da Indústria Cultural é explorar 
o gosto popular, e não os anseios do povo; por 
isso, seu objetivo não está voltado para a educa-
ção e a cultura em si, mas para a obtenção de lu-
cro. 
Waldenyr Caldas, em seu livro, O que todo 
cidadão precisa saber sobre cultura, conceitua a 
cultura de massa dessa forma: 
A cultura de massa consiste na produção 
industrial de um universo muito grande 
de produtos que abrangem setores como 
moda, o lazer no sentido mais amplo, in-
cluindo os esportes, o cinema, a impren-
sa escrita e falada, a música, a literatura, 
enfim... tudo o que envolve a vida do 
homem contemporâneo [...]. (CALDAS, 
1986, p. 83).
A cultura de massa, portanto, não tem a ver 
com a cultura popular, pois a cultura de massa 
tem por meta a fantasia e o consumo compulsivo. 
Ela apropria-se dos meios de comunicação – so-
bretudo do rádio, por este ser um veículo de gran-
de influência e penetração na classe trabalhado-
ra periférica. Além de destacar outros locais com 
penetração restrita, como: casas noturnas, shows, 
boates, circos, festivais, de música regional, que 
são realizados nos bairros da periferia das gran-
des cidades. 
A espetacularização dos produtos culturais 
não se encontra apenas nos conteúdos ou nos 
meios de comunicação, está presente também na 
recepção. O consumidor da cultura de massa faz 
a leitura, decodifica a mensagem de acordo com 
seu interesse, sua vivência, sua expectativa. Não 
há, portanto, uma dominação e um controle rígi-
do por parte dos meios de comunicação, pois as 
produções culturais de massa, de elite ou popu-
lar, apesar de serem produtos culturais de nature-
za diferente, ocupam os mesmos espaços.
A cultura popular, então, é produzida a par-
tir das manifestações das classes populares, que 
recebem influências das culturas de massa e de 
elite, e pode até ser difundida nos espaços típicos 
dos segmentos da cultura de massa. Em se tratan-
do da música popular, esta toma conta pratica-
mente de todo o mercado, pois abrange desde as 
manifestações folclóricas até as manifestações de 
contexto urbano.
Certamente, você deve concordar com o 
fato de que os meios de comunicação de massa 
têm um forte poder a curto prazo para construir 
ou destruir a imagem de um ídolo popular, seja na 
política, seja em qualquer outra atividade profis-
sional. Em se tratando da persuasão de consumo, 
presenciaram-se nos últimos anos, aqui no Brasil, 
vários fenômenos criados pela indústria cultural. 
No campo da música foram reinventados: a lam-
bada, o “axé music”, a música sertaneja, o samba 
e o pagode, o funk carioca, o forró eletrônico, o 
“calypso” paraense e, inclusive, músicas religiosas, 
como a “Aeróbica do Senhor”, bastante difundida 
pelo padre Marcelo Rossi.
Diante disso, podemos destacar dois aspec-
tos importantes da cultura de massa:
a) Saber a quem são dirigidos seus produ-
tos;
b) Identificar quais as repercussões sociais 
desse consumo e as informações ideo-
lógicas e políticas da cultura de massa.
A cultura de massa é conservadora, pois 
jamais abre questões, apenas vulgariza 
ou repete conceitos estabelecidos nas ca-
madas superiores da sociedade, fazendo 
valer os conceitos e o poder da ideologia 
dominante. (CALDAS, 1999, p. 56).
Antonio Carlos Banzato A. Santos e Rafael Lopes Sousa
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Caro(a) aluno(a), notamos que, no final do século XIX, Durkheim procurou emancipar a sociologia 
das demais teorias e constituí-la como disciplina científica; elegeu os fatos sociais como o principal objeto 
da sociologia. Os fatos sociais são atravessados por três características fundamentais. A primeira delas é 
a coerção social, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos. A segunda característica dos 
fatos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade, ou 
seja, são exteriores aos indivíduos e existem antes da chegada do indivíduo na sociedade. A terceira é a 
generalidade, aquilo que se repete em todos os indivíduos, como tomar banho. Durkheim levantou a 
ideia da consciência coletiva que busca revelar o “tipo psíquico da sociedade”, definindo, por exemplo, o 
que numa sociedade é considerado “imoral”, “reprovável” ou “criminoso”. O mesmo trouxe contribuições 
da escola de Frankfurt, no sentido de pensar os caminhos da sociedade contemporânea. Os teóricos em 
Frankfurt, preocupados com a interferência dos meios de comunicação na sociedade, começaram a ana-
lisar de forma crítica o que eles denominaram de “Indústria Cultural”. 
2.6 Resumo do Capítulo
2.7 Atividades Propostas
1. Na perspectiva de Durkheim, como o fato social participa da vida do indivíduo? 
2. Faça um breve comentário do contexto histórico em que foi criada a Escola de Frankfurt.
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Na década de 1960, surge na Itália e na 
França um grupo de pesquisadores que penetra-
ram nos estudos de comunicação de massa pelo 
viés da mensagem, utilizando a técnica da análise 
de conteúdo. Tratava-se de um grupo de estrutu-
ralistas, formado por Umberto Eco, Edgar Morin, 
Roland Barthes, Jean Baudrillard, entre outros. 
Seus estudos estavam centrados no entorno dos 
meios acadêmicos, artísticos, em peças publicitá-
rias, histórias em quadrinhos e “estrelas de cine-
ma pela pop art” (SANTOS, 2003, p. 93).
Os produtos culturais veiculados pelos 
meios de comunicação de massa passaram, no 
início da década de 1960, a receber atenção da 
intelectualidade, pormeio de estudos feitos em 
centros universitários ou por obras de artistas, 
como Andy Warhol, Roy Lichtennstein e Richard 
Hamilton (próceres do movimento da Pop Art, 
que sacralizaram, em seus trabalhos artísticos, pe-
ças publicitárias, histórias em quadrinhos e estre-
las de cinema). Suas obras exploraram o potencial 
formal dos signos da cultura de massa, transfor-
mando-os em ícones da arte.
Nesse contexto, diversos teóricos europeus 
lançaram-se a estudar e analisar o conteúdo das 
mensagens da cultura de massa. Esses intelectuais 
tinham em comum uma postura crítica – mas não 
preconceituosa – em relação a esses produtos 
culturais, utilizavam os princípios da semiologia e 
ESCOLAS SOCIOLÓGICAS3
3.1 Escola Sociológica Europeia
aplicavam a análise estrutural em seus trabalhos. 
Todos divergiam tanto das posturas funcionalis-
tas quanto das frankfurtianas.
Assim, você pode observar que essa visão 
da comunicação e da cultura de massa era com-
partilhada por intelectuais franceses ou que de-
senvolviam suas pesquisas na França, como Ro-
land Barthes, Edgar Morin, Jean Baudrillard, Julia 
Kristeva, Chistian Metz, entre outros, e pelo italia-
no Umberto Eco. “Seus trabalhos teóricos passa-
ram a ser publicados a partir de 1968 na revista 
Communnications e editados pelo Centro de estu-
dos da comunicação de Massa (CECMAS), criado 
em 1960 no interior da Escola Prática de Altos Es-
tudos e dirigido Por Georges Friedman.” (SANTOS, 
2003, p. 94).
Em consequência disso, em Apocalípticos e 
Integrados3, Umberto Eco faz críticas aos “integra-
dos” (funcionalistas) pela passividade com que se 
colocavam “diante das questões relativas à cultu-
ra de massa”. Quanto à teoria crítica de Frankfurt, 
a crítica de Eco estava centrada no “pessimismo 
diante da sociedade de massa por negar a cul-
tura de massa sem realmente analisá-la”. Dessa 
maneira, Eco apontava a utilização de “conceitos-
-fetiche (massa, indústria cultural)”, por parte das 
duas teorias, para fazer proposições de maneira 
genérica sobre “um fenômeno complexo como a 
cultura de massa”.
3 Principal obra publicada por Umberto Eco. Faz crítica ao modelo funcionalista – Escola norte-americana e aos Frankfurtianos 
– Escola Alemã.
Antonio Carlos Banzato A. Santos e Rafael Lopes Sousa
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20
Umberto Eco parte do pressuposto de que 
a cultura de massa é a cultura do homem contem-
porâneo e aponta o momento histórico de seu 
aparecimento “no momento em que a presença 
das massas, na vida associada, se torna o fenôme-
no mais evidente de um contexto histórico” (ECO 
apud SANTOS, 2003, p. 94). Assim, Eco manifesta 
seu pensamento e afirma que nem mesmo os 
frankfurtianos como críticos da cultura de massa 
poderiam estar fora da abrangência dela. Ainda, 
nessa abordagem, Eco complementa que a cultu-
ra de massa passa a ser “uma definição de ordem”.
Os meios de comunicação de massa, na 
visão de Umberto Eco, ajustam o gosto 
e a linguagem dos produtos culturais 
que veiculam as capacidades receptivas 
da média do público. Para ele, as carac-
terísticas fundamentais dos produtos da 
cultura de massa são a efemeridade e a 
reprodutibilidade em série. Seu conteú-
do é produzido para agradar o público, 
constituindo-se em material de evasão, 
mas pode também informar e educar. 
(SANTOS, 2003, p. 94).
Saiba que outro expoente dessa Escola é 
Edgar Morin, que identificou dois métodos de 
estudar a cultura na sociedade: o da “totalidade 
que encerra o fenômeno em suas interdepen-
dências e inclui o próprio pesquisador no sistema 
de relações” (SANTOS, 1992, p. 18); e o método 
“autocrítico – em que o pesquisador despe-se de 
preconceitos, acompanhando e apreciando seu 
objeto de estudos”. A cultura, para ele, é um sis-
tema constituído de valores, símbolos, imagens e 
mitos, que dizem respeito à vida prática e ao ima-
ginário coletivo, compondo uma dimensão sim-
bólica que permite aos indivíduos se localizarem 
no grupo. A sociedade não pode ser conhecida a 
partir de indivíduos e grupos isolados. É necessá-
rio juntar as partes ao todo e o todo às partes.
Desde então, Morin elaborou outras ideias 
desse modo: a ideia de circularidade, que expõe o 
caráter retroativo do sistema; o efeito volta à cau-
sa e a causalidade circula em espiral, onde o efeito 
é, ao mesmo tempo, causa; os indivíduos produ-
zem a sociedade, mas ela própria retroage sobre 
os indivíduos, com sua cultura e sua linguagem: o 
indivíduo é produto e produtor ao mesmo tempo 
(WOLF, 1999).
Para Morin, a sociedade de consumo é um 
substrato da cultura de massa: é o novo público 
que consome. Assim, a cultura massificada pres-
supõe “o único terreno de troca e de comunicação 
para a classe [...] a nova camada de assalariados” 
(WOLF, 1999, p. 103), uma vez que esta vai adqui-
rindo valores cada vez maiores da classe anterior.
Dessa maneira, para além da diversidade 
de “prestígio, hierarquia, conversações etc.”, é de-
marcada uma zona comum, uma “identidade dos 
valores de consumo”. Nesse viés, esses valores da 
cultura de massa põem em comunicação os dife-
rentes estratos sociais. Esse diálogo contém em 
seu interior a ética do consumo; a lei fundamental 
da cultura de massa é do mercado e sua dinâmi-
ca, produção e consumo. Sobre essa dinâmica ou 
continuidade dialógica entre o produtor e o con-
sumidor, Edgar Morin assim a define: 
[...] um diálogo desigual. E, a priori, um 
diálogo entre o prolixo e um mudo. A 
produção (o jornal, o filme, a transmissão 
etc.) distribui relatos, histórias, exprime-
-se através de uma linguagem. O consu-
midor – o espectador – responde apenas 
com reações pavlovianas, com um sim ou 
com um não, que determinam o sucesso 
ou o insucesso. (MORIN, 1962, p. 39 apud 
WOLF, 1999, p. 103).
Outra de suas contribuições é quanto ao 
estudo dos paradigmas. Nesse viés moriniano, 
paradigmas são estruturas de pensamento que 
comandam nosso discurso de maneira incons-
ciente. O paradigma da separação, por exemplo, 
reina, sobretudo, desde a Renascença, no mundo 
ocidental (mágica/lógica, arte/ciência etc.). Sepa-
rou-se o sujeito do conhecimento, do objeto do 
conhecimento e ficou cada vez mais difícil de se 
estabelecer ligações. Edgar Morin também desta-
ca o valor da solidariedade para o equilíbrio e a 
sobrevivência de uma dada cultura:
Sociologia
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21
A única maneira de salvaguardar a liber-
dade é que haja o sentimento vivido de 
comunidade e solidariedade, no interior 
de cada membro, e é isso que dá uma 
realidade de existência a uma sociedade 
complexa. A solidariedade é constituinte 
dessa sociedade. (MORIN, 1983, p. 22).
E você, caro(a) aluno(a), o que pensa sobre a 
indústria cultural? Reflita e posicione-se.
3.2 Sociologia Alemã: a Contribuição de Max Weber
Weber é considerado, junto com Karl Marx 
e Émile Durkheim, um dos fundadores da Socio-
logia e dos estudos comparados sobre cultura e 
religião, disciplinas às quais deu um impulso de-
cisivo. A sua abordagem diferia da de Marx (que 
utilizou o materialismo dialético como método 
para explicar a evolução histórica das relações de 
produção e das forças produtivas). Contrastava 
igualmente com as propostas de Durkheim (que 
considerava ser a religião a chave para entender 
as relações entre o indivíduo e a sociedade). Para 
Weber, o núcleo da análise social consistia na in-
terdependência entre religião, economia e socie-
dade. 
Max Weber (1864-1920) participou da co-
missão redatora da Constituição da República de 
Weimar. Sua maior influência nos ramos especia-
lizados da sociologia foi no estudo das religiões, 
estabelecendo relações entre formações políticas 
e crenças religiosas. Suas principais obras foram: 
Artigos Reunidos de Teoria da Ciência; Economia e 
Sociedade (obra póstuma) e A éticaProtestante e o 
Espírito do Capitalismo. 
Saiba maisSaiba mais
A República de Weimar foi instaurada na Alemanha 
logo após a Primeira Guerra Mundial, tendo como sis-
tema de governo o modelo parlamentarista democrá-
tico. O Presidente da República nomeava um chance-
ler que seria responsável pelo Poder Executivo.
Cada formação social adquiriu, para Weber, es-
pecificidade e importância próprias. Mas o ponto 
de partida da sociologia de Weber não estava nas 
entidades coletivas, grupos ou instituições. Seu 
objeto de investigação é a ação social, a conduta 
humana dotada de sentido, isto é, de uma justi-
ficativa subjetivamente elaborada. Assim, o ho-
mem passou a ter, enquanto indivíduo, na teoria 
weberiana, significado e especificidade. É ele que 
dá sentido à sua ação social: estabelece a conexão 
entre o motivo da ação, a ação propriamente dita 
e seus efeitos. 
Você se lembra de que para a sociologia 
positivista, a ordem social submete os indivíduos 
como força exterior a eles? Entretanto, para Weber 
não existe oposição entre indivíduo e sociedade: 
as normas sociais só se tornam concretas quando 
se manifestam em cada indivíduo sob a forma de 
motivação. Assim, cada sujeito age levado por um 
motivo que é dado pela tradição.
Nos séculos XVII e XVIII, A França e a Ingla-
terra contribuíram decisivamente para a conso-
lidação do pensamento burguês. A Inglaterra foi 
a sede do desenvolvimento industrial; a França, 
por sua vez, difundiu para o mundo uma outra 
possibilidade de sistema político. Paralelamente a 
esses acontecimentos, o desenvolvimento da in-
dústria e a expansão marítima e comercial coloca-
ram esses países em contato com outras culturas 
e outras sociedades, obrigando seus pensadores 
a um esforço interpretativo da diversidade social. 
O sucesso alcançado pelas ciências físicas e bio-
lógicas, impulsionadas pela indústria e pelo de-
senvolvimento tecnológico, fizeram com que as 
primeiras escolas sociológicas fossem fortemente 
Segundo Weber, cada indivíduo age levado 
por motivos que resultam da influência da tradi-
ção, dos interesses racionais e da emotividade. 
Antonio Carlos Banzato A. Santos e Rafael Lopes Sousa
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influenciadas pela adaptação dos princípios e da 
metodologia dessas ciências à realidade social. 
Na Alemanha, em decorrência de sua des-
centralização política, o pensamento burguês 
organiza-se tardiamente, prejudicando o desen-
volvimento e a modernização da sociedade, que 
só vai ser concretizada na etapa do capitalismo 
concorrencial, no século XIX. Por essa razão, as 
preocupações dos alemães com a sociedade fun-
damentam-se de modo diferente daquelas preo-
cupações encontradas nas sociedades francesa e 
inglesa. 
3.3 Resumo do Capítulo
3.4 Atividades Propostas
Caro(a) aluno(a), nesse período, Weber, Karl Marx e Émile Durkheim são considerados os fundado-
res da Sociologia e dos estudos comparados sobre cultura e religião. Marx utilizou o materialismo dialé-
tico como método para explicar a evolução histórica das relações de produção e das forças produtivas. 
Durkheim considerava ser a religião a chave para entender as relações entre o indivíduo e a sociedade. 
Para Weber, o núcleo da análise social consistia na interdependência entre religião, economia e socieda-
de. Surge nesse momento na Itália e na França estudos referentes à análise de conteúdo dos meios de 
comunicação de massa, realizados por um grupo de estruturalistas, como Umberto Eco, Edgar Morin, 
Roland Barthes, Jean Baudrillard, entre outros. Para Morin, a sociedade de consumo é um substrato da 
cultura de massa: é o novo público que consome.
1. Localize o campo de maior influência nos ramos especializados da sociologia de Max Weber.
2. Por qual motivo o pensamento burguês organizou-se na Alemanha tardiamente?
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23
Conforme você estudou em capítulo ante-
rior, para Weber, os indivíduos agem motivados 
por uma tradição; o resultado dessa ação permite 
estabelecer parâmetros para descobrir os senti-
dos da ação humana. 
Em seu conhecido ensaio A Ética Protestante 
e o Espírito do Capitalismo (1904-1905), Weber ex-
punha porque haviam surgido no âmbito ociden-
tal, e só aí, fenômenos culturais que iriam assumir 
um significado e uma validade universais. Para 
Weber, o protestantismo carregava uma proemi-
nente tendência ao racionalismo econômico. Essa 
tendência estava, por sua vez, ausente no catoli-
cismo. De acordo com seu raciocínio, a natureza 
ascética do catolicismo o distanciava do mundo, 
ao passo que o caráter obreiro do protestantismo 
deixava-o cada vez mais ligado aos problemas 
mundanos. Talvez por isso, nas famílias protestan-
tes, os filhos eram criados para o ensino especiali-
zado e para o trabalho fabril, optando sempre por 
atividades mais adequadas à obtenção do lucro. 
Por isso o protestantismo, especialmente a sua 
vertente calvinista, é constantemente associado 
ao sucesso econômico e à racionalização da so-
ciedade ocidental e do desenvolvimento do capi-
talismo. 
A SOCIEDADE SOB UMA PERSPECTIVA 
HISTÓRICA4
Para Weber, as investigações sociológicas 
só eram possíveis quando se utilizavam de uma 
multiplicidade de casos individuais. Assim, sua 
concepção de sociologia era abrangente e partia 
do conceito de conduta social, segundo o qual a 
Ciência devia explicar o fenômeno social a partir 
da investigação do comportamento subjetivo, 
que vincula o indivíduo a seus atos. Weber argu-
menta que a sociedade pode ser compreendida 
a partir do conjunto das ações individuais. Estas 
são todo tipo de ação que o indivíduo pratica, 
orientando-se pela ação de outros. Portanto, só 
existe ação social quando o indivíduo tenta esta-
belecer algum tipo de comunicação, a partir de 
suas ações com os demais.
A partir desses pressupostos, Weber estabe-
leceu quatro tipos de ação social. Estes são con-
ceitos que explicam a realidade social, mas não 
são a realidade social. Veja quais os quatro tipos 
de ação social:
a) Ação tradicional: aquela determinada 
por um costume ou um hábito arraiga-
do;
b) Ação afetiva: aquela determinada por 
afetos ou estados sentimentais;
c) Racional com relação a valores: de-
terminada pela crença consciente num 
valor considerado importante, inde-
pendentemente do êxito desse valor na 
realidade;
d) Racional com relação a fins: determi-
nada pelo cálculo racional que coloca 
fins e organiza os meios necessários.
Saiba maisSaiba mais
O racionalismo é a corrente filosófica que iniciou 
com a definição do raciocínio, que é a operação men-
tal, discursiva e lógica. Este usa uma ou mais proposi-
ções para extrair conclusões se uma ou outra propo-
sição é verdadeira, falsa ou provável. Essa era a ideia 
central comum ao conjunto de doutrinas conhecidas 
tradicionalmente como racionalismo.
Antonio Carlos Banzato A. Santos e Rafael Lopes Sousa
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Nos conceitos de ação social e definição de 
seus diferentes tipos, Weber não analisa as regras 
e normas sociais como exteriores aos indivíduos. 
Para ele, as normas e regras sociais são o resulta-
do do conjunto de ações individuais.
Outra particularidade da sociologia de We-
ber é que ele rejeita a maioria das proposições 
positivistas. Weber argumenta que o cientista age 
influenciado pelo seu tempo, sendo, portanto, 
impossível ao cientista agir com total imparciali-
dade dos fatos como propunha Durkheim. Os fa-
tos sociais não são coisas, eles estão carregados 
de sentimentos e emoções, o que contagia as in-
tervenções do cientista. O estudo e a pesquisa de-
vem, de qualquer maneira, ser conduzidos com 
objetividade em suas análises, impondo, assim, 
limites para as crenças e ideias pessoais, ou seja, 
evitando uma tomada de posição pessoal dopes-
quisador frente ao fato estudado. E você, o que 
pensa sobre essa questão? Será que o cientista 
consegue mesmo a total neutralidade diante dos 
fatos que analisa?
Na busca de uma melhor adequação para 
as análises dos fatos sociais, Weber propôs um 
instrumento de análise denominado por ele de 
tipo ideal. Partindo de pressupostos do estudo 
das mais distintas manifestações culturais, o cien-
tista constrói um modelo com os traços caracte-
rísticos dessa ou daquela manifestação e elege 
um tipo ideal para suas análises. Nesse sentido, o 
capitalismo ocidental constitui um tipo ideal de 
capitalismo por ser uma organização econômica 
racional voltada para o trabalho livre e para o lu-
cro independentemente de sua localização. 
4.1 Resumo do Capítulo
4.2 Atividades Propostas
Caro(a) aluno(a), segundo Weber, os indivíduos agem motivados por uma tradição que nos permite 
estabelecer parâmetros para descobrir os sentidos da ação humana. Para Weber, o protestantismo carre-
gava uma proeminente tendência ao racionalismo econômico. O autor argumenta ainda que a sociedade 
pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. Outra particularidade da sociologia 
de Weber é que ele rejeita a maioria das proposições positivistas. Weber argumenta que o cientista age 
influenciado pelo seu tempo, sendo, portanto, impossível ao cientista agir com total imparcialidade dos 
fatos, como propunha Durkheim.
1. Quem escreveu e do que trata a obra A ética protestante e o espírito do capitalismo?
2. Weber estabeleceu quatro tipos de ação social. Indique e explique dois. 
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Você estudará agora um dos mais signifi-
cativos nomes das ciências sociais: Karl Marx, de 
quem, possivelmente já ouviu falar. Pronto(a)? En-
tão, vamos lá!
Karl Marx (1818-1883) nasceu na cidade de 
Treves, na Alemanha. Em 1842, mudou-se para 
Paris, onde conheceu Friedrich Engels (1820-
1895), seu companheiro de ideias. Em 1845, foi 
expulso da França, deslocando-se para Bruxelas e 
lá participando da recém-fundada liga dos comu-
nistas. Em 1848, escreveu com Engels O manifesto 
do Partido Comunista. Estabeleceu-se em Londres 
a partir de 1848 e lá deu continuidade aos seus 
estudos. Suas principais obras são: O Manifesto do 
Partido Comunista, A ideologia Alemã e O capital. 
O marxismo surgiu com a sociedade moder-
na, com a grande indústria e com o proletariado 
industrial. Aparece como a concepção de mundo 
que expressa esse mundo moderno, suas contra-
dições e seus problemas, para os quais aponta so-
luções racionais em contraposição às alternativas 
metafísicas. 
Com o objetivo de entender o capitalismo, 
Marx produziu obras de filosofia, economia e so-
ciologia. Não se limitou, porém, em interpretar o 
mundo, queria antes de tudo transformá-lo. Po-
demos apontar algumas influências básicas no 
desenvolvimento do pensamento de Marx. Em 
primeiro lugar, coloca-se a leitura crítica da filo-
sofia de Hegel, de quem Marx absorveu e aplicou 
de modo peculiar, o método dialético. Também 
significativo foi seu contato com o pensamento 
socialista francês e inglês do século XIX, sobretu-
do com Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier 
(1772-1837) e Robert Owen (1771-1858). Marx 
destacava o pioneirismo desses críticos da socie-
KARL MARX E A HISTÓRIA DA 
EXPLORAÇÃO DO HOMEM5
dade burguesa, mas reprovava o “utopismo” de 
suas propostas de mudança social. 
Saiba maisSaiba mais
‘Utopia’ tem como significado mais comum a ideia 
de civilização ideal. Pode referir-se a uma cidade ou a 
um mundo, sendo possível tanto no futuro quanto no 
presente. A palavra significa literalmente “não lugar” ou 
“lugar que não existe”. Foi inventada por Thomas More, 
servindo de título para uma de suas obras por volta de 
1516. O utopismo é um modo absurdamente otimis-
ta de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas 
fossem.
Para Marx, as três teorias desenvolvidas ti-
nham por traço comum o desejo de impor de uma 
só vez uma transformação social total, implantan-
do, assim, o império da razão e da justiça eterna. 
Nos três sistemas elaborados, havia a eliminação 
do individualismo, da competição e da influência 
da propriedade privada. Tratava-se, por isso, de 
descobrir um sistema novo e perfeito de ordem 
social, vindo de fora, para implantá-lo na socie-
dade, por meio da propaganda e, sendo possível, 
com o exemplo, mediante experiências que ser-
vissem de modelo. Com essa formulação, os três 
desconsideravam a necessidade da luta política 
entre as classes sociais e o papel revolucionário 
do proletariado na realização dessa transição. Fi-
nalmente, há toda a crítica da obra dos economis-
tas clássicos ingleses, em particular Adam Smith e 
David Ricardo. Esse trabalho tomou a atenção de 
Marx até o final da vida e resultou na maior par-
te de sua obra teórica. Essa trajetória é marcada 
pelo desenvolvimento de conceitos importantes, 
como alienação, ideologia valor, mercadoria, tra-
balho, mais-valia, infraestrutura e práxis.
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É um pensamento materialista, que parte do 
objetivo para o subjetivo. A realidade é o campo 
de ação do homem. A realidade social é, porém, 
obra dos próprios homens. A história é, pois, fei-
ta pelos homens, não a partir das condições que 
desejariam, mas a partir da herança deixada pelas 
gerações passadas. É um pensamento dialético, 
que busca nas intervenções humanas e em suas 
contradições as explicações para a sociedade. 
Pode-se dizer, então, que é um pensamen-
to que não se limita a interpretar o mundo, mas 
busca também transformá-lo. Até o advento do 
marxismo, não havia nenhuma descrição nem ex-
plicação científica da divisão social que acompa-
nhava a humanidade desde os primórdios.
Perceba que para Marx, a sociedade estru-
tura-se em níveis. O primeiro é a infraestrutura, 
que é constituída pela base econômica, aliás, esse 
é, segundo Marx, o aspecto fundamental de toda 
sociedade, isto é, transformar matérias-primas e 
fontes de energia em riqueza. Assim, a infraestru-
tura engloba a relação do homem com a nature-
za, no esforço de produzir a própria existência. 
Condiciona, assim, as relações dos homens entre 
si e o desenvolvimento das forças produtivas.
5.1 O Método do Pensamento Marxista
Assim, cada grande etapa do desenvolvi-
mento das forças produtivas corresponde a uma 
forma diferente de organização da sociedade. Por 
exemplo, no século XVIII, os agentes daquela so-
ciedade fizeram uma mudança na técnica: com 
as mesmas matérias-primas e ferramentas que 
usavam os artesãos individualmente, agruparam 
operários em grandes oficinas, onde cada grupo 
fazia uma parte da produção total, que até então 
era feita separadamente por cada artesão. Essa 
nova técnica ficou conhecida como manufatura e 
substituiu a fase doméstica da produção. 
O segundo nível é chamado de superestru-
tura e é constituído de uma base jurídico-política, 
que é representada pelo estado que repercute as 
ideias da classe dominante. É composto também 
por uma estrutura ideológica repercutida nas for-
mas de consciência social, entre as quais se des-
tacam: a religião, a educação, a arte e as leis. Por 
esses mecanismos, a classe dominada acaba sen-
do sujeitada ideologicamente e seus valores de 
vida passam a refletir as ideias e valores da classe 
dominante.
Observe a força da ideologia na produção 
dos discursos sociais. O que você pensa sobre 
isso?
5.2 A Práxis
Para Marx não existe uma “natureza hu-
mana” idêntica em todo tempo e lugar. O existir 
humano decorre do agir, pois o homem se au-
toproduz à medida que transforma a natureza 
pelo trabalho. O trabalho é um projeto humano 
e como tal depende da consciência que antecipa 
a ação humana pelo pensamento. Marxchama 
essa ação humana, de transformar a realidade, de 
práxis.
AtençãoAtenção
O conceito de práxis é muito anterior à filosofia 
marxista, com raízes no pensamento de Aristóte-
les, mas foi por intermédio do pensador alemão 
Karl Marx que tal conceito, progressivamente, se 
aprofundou, passando a ser o elemento central 
do materialismo histórico. Marx concebe a prá-
xis como atividade humana prático-crítica, que 
nasce da relação entre o homem e a natureza. 
A natureza só adquire sentido para o homem à 
medida que é modificada por ele, para servir aos 
fins associados à satisfação das necessidades do 
gênero humano.
Sociologia
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Você verá agora um conceito-chave do pen-
samento marxista: a questão da mais-valia. 
Para Marx, tudo no sistema capitalista está 
vinculado à produção de mercadoria. Mercado-
ria é tudo aquilo que é produzido não tendo em 
vista o valor de uso (por exemplo, o cachecol que 
a vovó faz para o próprio uso), mas que tem por 
objetivo o valor de troca, isto é, a comercialização 
do produto.
Como o operário não detém os meios de 
produção nem é dono das matérias-primas, pre-
cisa necessariamente vender seu trabalho para 
sobreviver. O capitalista compra essa mercadoria, 
isto é, a força de trabalho do operário, que passa a 
trabalhar para o capitalista num regime de traba-
lho aparentemente livre. Como vendeu sua força 
de trabalho ao capitalista, todo produto por ele 
criado pertence ao capitalista, que o paga pelo 
trabalho realizado. Ocorre que o pagamento nun-
ca corresponde ao tempo trabalhado, por exem-
plo, se o operário gastou quatro horas para fazer 
uma cadeira, o capitalista lhe paga apenas duas, 
as outras duas horas ficam para o capitalista. Cha-
ma-se mais-valia, portanto, aquilo que o operário 
cria além do valor de sua força de trabalho, e que 
é apropriado pelo capitalista. 
Analisando as consequências da mais-valia 
para a vida do trabalhador, Chauí (1984) argu-
menta:
O preço da mercadoria no comércio é 
uma aparência, pois a determinação 
do valor dessa mercadoria depende do 
tempo de trabalho de sua produção e 
esse tempo o dos demais trabalhadores 
que tornaram possível a fabricação dessa 
mercadoria. (...) o produtor da mercadoria 
recebe um salário, que é o preço de seu 
tempo trabalho, pois este é também uma 
mercadoria. Suponhamos, então, que, 
para fabricar um metro de linho e para 
extrair um quilo de ferro, os trabalhado-
res precisem de 8 horas de trabalho. Su-
ponhamos que o preço desses produtos 
5.3 A Mais-Valia
no mercado seja de R$ 16,00. Diremos, 
então, que cada hora de trabalho equiva-
le a R$ 2,00. Porém, quando vamos verifi-
car qual é o salário desses trabalhadores, 
descobrimos que não recebem R$ 16,00, 
mas sim R$ 8,00. Há, portanto, 4 horas de 
trabalho que não foram pagas, apesar de 
estarem incluídas no preço final da mer-
cadoria. Essas 4 horas de trabalho não 
pagas constituem a mais-valia, o lucro do 
proprietário da fábrica de linho. Formam 
seu capital. A origem do capital, portanto, 
é o trabalho não pago. Graças à mais-va-
lia, a mercadoria não é um valor de uso e 
um valor de troca qualquer, mas um valor 
capitalista. (CHAUÍ, 1984, p. 50-51).
Marx sistematizou essas reflexões em sua 
obra máxima, O capital, onde analisa detalhada-
mente o funcionamento do sistema capitalista e 
mostra como suas próprias contradições produzi-
riam a sua crise estrutural. 
Através do conceito da mais-valia, Marx 
demonstrou que o capitalismo baseia-se na ex-
ploração do trabalho. Como verificamos anterior-
mente e que agora exemplificaremos com outra 
ordem de pensamento: 
O sistema capitalista se ocupa da pro-
dução de artigos para a venda, isto é, de 
mercadorias. O valor de uma mercadoria 
é determinado pelo tempo de trabalho 
socialmente encerrado na sua produção. 
O trabalhador não possui os meios de 
produção (terras, ferramentas, fábricas 
etc.), que pertencem ao capitalista. O va-
lor de sua força de trabalho, como o de 
qualquer mercadoria, é o total necessário 
a sua reprodução – no caso, a soma ne-
cessária para mantê-lo vivo. Os salários 
que lhe são pagos, portanto, serão iguais 
apenas ao necessário a sua manutenção. 
Mas esse total que recebe o trabalhador 
pode produzir em parte de um dia de tra-
balho. Isso significa que apenas parte do 
dia de trabalho o trabalhador estará tra-
balhando para si. O resto do dia ele está 
Antonio Carlos Banzato A. Santos e Rafael Lopes Sousa
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trabalhando para o patrão. A diferença 
entre o que o trabalhador recebe de salá-
rio e o valor da mercadoria que produz é a 
mais-valia. A mais-valia fica com o empre-
gador - o dono dos meios de produção. É 
a fonte do lucro, dos juros, das rendas - as 
rendas das classes que são proprietárias. 
A mais-valia é também a medida da ex-
ploração do trabalhador no sistema capi-
talista. (HUBERMAN, 1972, p. 232-233).
Ao patrão o que interessa é o aumento 
constante da mais-valia, porque assim seus lucros 
também aumentam. Para fazer isso, o capitalista 
usa algumas formas básicas: aumentando ao má-
ximo a jornada de trabalho, mais-valia absoluta, 
de modo que depois de o operário ter produzido 
o valor equivalente ao de sua força de trabalho, 
possa continuar trabalhando muito tempo mais; 
essa forma de obter maior quantidade de mais-
-valia é muito conveniente ao capitalista, porque 
ele não aumenta seus gastos nem em máquinas 
nem em locais, e consegue um rendimento mui-
to maior da força de trabalho. Era o método mais 
utilizado no começo do capitalismo. Mas não se 
pode prolongar indefinidamente a jornada de 
trabalho. Existem limites para isso: limites físicos 
– porque se o operário trabalha durante muito 
tempo, não pode descansar o suficiente para re-
fazer sua força de trabalho na forma devida, o que 
irá produzindo um esgotamento intensivo, logo, 
uma baixa no rendimento, o que não interessa 
ao patrão; limites históricos – porque, à medida 
que o capitalismo foi se desenvolvendo, a classe 
operária também se desenvolveu, se organizou 
e começou a lutar contra a exploração capitalis-
ta. Através de árduas lutas, a classe operária foi 
conseguindo reduzir a jornada de trabalho, obri-
gando o capitalista a buscar outras medidas para 
aumentar a mais-valia. Então, para isso, o patrão 
teve de lançar mão de outras formas para fazer 
com que o operário produzisse mais, reduzindo o 
tempo de trabalho necessário (mais-valia relativa) 
sem reduzir a jornada de trabalho: introduzindo 
máquinas mais modernas, incentivando a produ-
tividade etc. 
Portanto, segundo Marx, a exploração do 
trabalhador não decorre do fato de o patrão ser 
bom ou mau, e sim da lógica do sistema: para o 
empresário vencer a concorrência entre os demais 
produtores e obter lucros para novos investimen-
tos, ele utiliza-se da mais-valia, que constitui a 
verdadeira essência do capitalismo. Sem ela, este 
não existe. Mas a exploração do trabalho acabaria 
por levar, por efeito da tendência decrescente da 
taxa de lucro, ao colapso do sistema capitalista.
5.4 Modos de Produção
A mais-valia só existe no mundo do traba-
lho, sobretudo, do trabalho capitalista. Trabalho 
é toda atividade desenvolvida pelo homem, seja 
ela física ou mental, da qual resultam bens de 
consumo para a humanidade. Karl Marx afirmou 
alhures que foi o trabalho o primeiro responsável 
pela educação do homem. Trabalho aqui com-
preendido como a atividade manual e intelectual 
que visa produzir bens de serviços para o uso diá-
rio do homem. Há que se considerar, porém, que 
o peso de cada atividade é diferente. O trabalho 
do operário da construção civil é mais manual, 
apesar de exigir um mínimo de esforço mental. 
O trabalho do arquiteto e do engenheiro oferece 
a concepção de uma forma para

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