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● ● ● ● ● ○ ○ ○ ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● GLÂNDULA TIREOIDE – RESUMO DETALHADO E ENFÁTICO A glândula tireoide é marrom-avermelhada, altamente vascularizada e se localiza anteriormente na parte inferior do pescoço, do nível da C5 até T1. É revestida pela fáscia cervical profunda (camada pré-traqueal) e composta por dois lobos (direito e esquerdo), unidos por um istmo mediano estreito. ⚖ Peso e Tamanho Pesa em média 25 g, podendo variar. É ligeiramente maior nas mulheres, aumenta na menstruação e na gravidez. Em crianças (8 meses a 15 anos), não há diferença significativa de volume entre os sexos. Ultrassonografia diagnóstica permite avaliação do tamanho de forma não invasiva. ! Lobos da Tireoide Formato cônico, com: Comprimento ≈ 5 cm Largura transversal ≈ 3 cm Espessura anteroposterior ≈ 2 cm Ápices: sobem lateralmente até as linhas oblíquas da cartilagem tireoide. Bases: ao nível da 4ª ou 5ª cartilagens traqueais. A face posteromedial se fixa à cartilagem cricoide via ligamento lateral da tireoide. " Istmo Une as partes inferiores dos lobos, podendo estar ausente. Mede cerca de 1,25 cm (largura e altura). Localiza-se geralmente anterior à 2ª e 3ª cartilagens traqueais, mas pode variar. # Lobo Piramidal e Variações Presente com frequência, projetando-se em direção ao osso hioide (mais comum à esquerda). Pode ser dividido em partes. Músculo levantador da tireoide: banda fibrosa/muscular que pode ir do hioide ao istmo ou lobo piramidal. Tecido tireoidiano acessório: pode aparecer acima dos lobos ou istmo. Vestígios do ducto tireoglosso: podem formar cistos ou nódulos ao longo da linha média ou até na língua. $ Superfícies e Relações Anatômicas % Superfície lateral (convexa, superficial): Coberta por esternotireóideo, que impede a glândula de se projetar sobre o tireo- hióideo. Também coberta pelo esterno-hióideo e ventre superior do omo-hióideo. Inferiormente, é sobreposta pela margem anterior do esternocleidomastoideo. ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ○ ○ ○ ● ● 1. ○ ○ ○ ○ ◆ ◆ 2. ○ ○ % Superfície medial: Adaptada à laringe e à traqueia. Polo superior toca o constritor inferior da faringe e o cricotireóideo. Cartilagem tireoide e cricoide ficam posteriormente. O nervo laríngeo superior (ramo externo) é medial nessa região, onde inerva o cricotireóideo. Inferiormente, estão a traqueia, o nervo laríngeo recorrente e o esôfago (mais à esquerda). % Superfície posterolateral: Próxima da bainha carótica e sobrepõe a artéria carótida comum. & Margens da Glândula Margem anterior: fina, inclina-se medialmente junto à artéria tireoidea superior (ramo anterior). Margem posterior: arredondada, relacionada à artéria tireoidea inferior e sua anastomose com a artéria tireoidea superior (ramo posterior). No lado esquerdo, está próxima do ducto torácico. As glândulas paratireoides estão geralmente associadas à margem posterior. ' Istmo (mais detalhes) Coberto por: Esterno-hióideo Veias jugulares anteriores Fáscia e pele Artérias tireoideas superiores anastomosam na margem superior do istmo. Veias tireoideas inferiores emergem da margem inferior. GLÂNDULA TIREOIDE – SUPRIMENTO VASCULAR, LINFÁTICO E INERVAÇÃO ( Artérias (Suprimento Arterial) A glândula tireoide é suprida por duas artérias principais e uma acessória (variável): Artéria tireóidea superior Origem: Artéria carótida externa Relaciona-se intimamente com o ramo externo do nervo laríngeo superior ( ⚠ risco cirúrgico!) Penetra a fáscia tireóidea Divide-se em: Ramo anterior → superfície anterior da glândula Ramo posterior → superfícies lateral e medial Artéria tireóidea inferior Origem: Tronco tireocervical (da artéria subclávia) Aproxima-se da base da glândula ○ ○ ◆ ◆ ○ ◆ ◆ 3. ○ ○ 1. ○ ○ 2. ○ ○ 3. ○ ○ ○ ○ ◆ ◆ ◆ ● ○ ○ ○ ○ ● ○ ○ ● Aproxima-se da base da glândula Divide-se em: Ramo superior (ascendente) → glândulas paratireoides e parte superior Ramo inferior → superfícies inferior e posterior ⚠ Relação altamente variável com o nervo laríngeo recorrente Pode passar entre, sobre ou sob o nervo Risco de lesão iatrogênica em cirurgias da tireoide Artéria tireóidea ima (presente em alguns casos) Origem: Tronco braquiocefálico ou arco aórtico Variável, porém importante em cirurgias. ➡ As artérias tireóideas se anastomosam frequentemente, tanto ipsilateralmente quanto contralateralmente, dentro e fora da glândula. * Veias (Drenagem Venosa) A drenagem da glândula é feita por três pares principais de veias: Veia tireóidea superior Acompanha a artéria tireóidea superior Drena para a veia jugular interna Veia tireóidea média Sai da superfície lateral da glândula Drena também para a jugular interna Veias tireóideas inferiores Formam um plexo venoso glandular Conectam-se com as veias tireóideas média e superior Formam o plexo pré-traqueal Drenagem final: Veia inferior esquerda → veia braquiocefálica esquerda Veia inferior direita → cruza obliquamente o tronco braquiocefálico até a veia cava superior Às vezes, se unem em tronco comum que drena para a cava superior + Também drenam veias esofágicas, traqueais e laríngeas inferiores , Possuem válvulas em suas terminações - Linfáticos (Drenagem Linfática) Os vasos linfáticos da tireoide são ricos e bem distribuídos: Plexo traqueal → linfonodos: Pré-laríngeos (acima do istmo) Pré-traqueais Paratraqueais Braquiocefálicos (mediastino superior) – relacionados ao timo Drenagem lateral: Acompanhando veias tireóideas superiores Vai para os linfonodos cervicais profundos ⚠ Alguns vasos linfáticos podem drenar diretamente no ducto torácico, sem passar por linfonodos ● ○ ○ ○ ● ○ ○ ◆ ◆ ◆ ◆ ● ● ● ○ ○ ● ○ ◆ ◆ ◆ ○ ◆ ◆ ◆ ⚡ Inervação (Simpática) A inervação da glândula é autônoma simpática: Gânglios simpáticos cervicais: Superior Médio Inferior Fibras pós-ganglionares do gânglio cervical inferior formam um plexo nervoso sobre a artéria tireóidea inferior, que: Acompanha a artéria até a glândula Comunica-se com: Nervo laríngeo recorrente Ramo externo do nervo laríngeo superior Nervo cardíaco superior Plexo da artéria carótida comum / A inervação não regula a secreção hormonal diretamente, mas controla o tônus vascular da glândula. 0 GLÂNDULA TIREOIDE – IMAGENS E MICROESTRUTURA 1 IMAGENS (EXAMES DE IMAGEM DA TIREOIDE) A estrutura folicular da tireoide não é visível nas imagens de ultrassonografia (US), tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM). ➤ Nessas imagens, a glândula aparece com textura homogênea em corte transversal. 2 Localização superficial da tireoide → torna o órgão ideal para ultrassonografia, especialmente no diagnóstico de nódulos ou aumento de volume. 3 A tireoide é altamente vascularizada, e por isso: Apresenta realce intenso com contraste Sinal aumentado na RM ponderada em T2 (indica conteúdo aquoso, útil na avaliação de tumores ou inflamações) ☢ Cintilografia com radionuclídeos: Tecnécio-99m (Tc⁹⁹ᵐ): Preso pela tireoide como o iodo, mas não é organificado (não se incorpora aos hormônios) Oferece informação morfológica Detecta tecido tireoidiano ectópico (fora da posição normal) Iodo-131 (¹³¹I): É aprisionado e organificado Permite avaliar a função tireoidiana Útil no diagnóstico de hiper/hipotireoidismo e carcinomas 4 MICROESTRUTURA (HISTOLOGIA) ● ● ● ● ○ ○ ● ● ● ● ● ● ○ ○ ○ ◆ ○ ● ○ ○ ● 1. ○ ○ 2. 3. 4. 5 Organização Geral A tireoide é envolta por fina cápsula de tecido conjuntivo ➤ Essa cápsula emite septos que penetram no parênquima → formando lóbulos irregulares ⚙ Unidade Funcional: o Folículo Tireoideo São estruturas esféricas, semelhantes a cistos Diâmetro: 0,02 a 0,9 mm Cada folículo é composto por: Coloide central (material gelatinoso armazenado) Epitélio simples cúbico (células foliculares) disposto sobre a lâmina basal 6 Coloide = Iodotireoglobulina Uma glicoproteína iodada Forma inativa e armazenada dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) É produzida pelas células foliculares 7 Armazenada extracelularmente,suficiente para manter o metabolismo por até 3 meses 8 Estroma ao redor dos folículos Composto por tecido conjuntivo delicado Contém: Capilares fenestrados densos (para liberação hormonal eficiente) Rede linfática extensa Fibras nervosas simpáticas: Suprem arteríolas e capilares Algumas terminam junto às células epiteliais foliculares ( ⚠ possível papel modulador na secreção). 0 GLÂNDULA TIREOIDE – CÉLULAS FOLICULARES, CÉLULAS C E TIREOIDECTOMIA 4 CÉLULAS FOLICULARES (OU PRINCIPAIS) 5 Morfologia e Atividade O epitélio folicular varia morfologicamente com o grau de atividade: Escamoso ou cúbico baixo → células em repouso, com coloide abundante. Colunar ou cúbico alto → células ativamente secretoras, com coloide escasso. Estão sob controle do TSH (tireotropina), secretado pela hipófise anterior. ⚙ Mecanismo de Ação do TSH O TSH estimula: Alongamento e ramificação das microvilosidades apicais. Endocitose de gotículas de coloide (iodotireoglobulina). As gotículas endocitadas são transportadas para lisossomos. A iodotireoglobulina é clivada em T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). Os hormônios são então liberados na base da célula → seguem para os capilares e 4. ● ● ● ● ● ● ○ ◆ ◆ ● ○ ○ ○ ● ● ● ● ○ ○ ○ ● ● ● ● ○ ○ ● ○ ○ ● linfáticos. 8 Estimulação Prolongada por TSH Hipertrofia celular Diminuição do coloide (reabsorção) Aumento da vascularização estromal * CÉLULAS C (PARAFOLICULARES) 5 Características Gerais Também chamadas de células claras, por apresentarem citoplasma pálido. Originam-se da crista neural e pertencem ao sistema APUD (células neuroendócrinas). ⚙ Função Produzem calcitonina (ou tireocalcitonina), um hormônio peptídico que: Reduz o cálcio sanguíneo por: Inibição da reabsorção óssea Diminuição da reabsorção tubular renal de cálcio ' Distribuição Localizam-se: Principalmente no terço médio de cada lobo lateral da tireoide Dentro da lâmina basal dos folículos, sem contato com a luz folicular Às vezes em aglomerados interfoliculares, no estroma Por isso também são chamadas de células parafoliculares % TIREOIDECTOMIA (ASPECTOS CLÍNICOS E CIRÚRGICOS) ⚠ Bócio (Aumento da Glândula Tireoide) Qualquer aumento da glândula é denominado bócio. Pode ocorrer em condições fisiológicas (ex: gravidez, menstruação), mas geralmente é patológico. O aumento pode comprimir: Traqueia → sintomas respiratórios Nervos laríngeos recorrentes → disfonia Veias cervicais → ingurgitamento venoso 7 Indicações de Tireoidectomia Hipertireoidismo resistente ao tratamento clínico Crescimento nodular ou difuso da glândula Suspeita de malignidade ⚠ Riscos Cirúrgicos – Anatomia de Relevância Lesões nervosas iatrogênicas: Ramo externo do nervo laríngeo superior → próximo à artéria tireóidea superior Nervo laríngeo recorrente → próximo à artéria tireóidea inferior Durante a cirurgia: É crucial evitar lesar essas estruturas nervosas Preservar as glândulas paratireoides (localizadas posteriormente) Por isso, geralmente se realiza tireoidectomia parcial, preservando a porção posterior dos lobos.