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Alexandre Faria Carlos Fernando Perico Estudo de caso: Matarazzo Fantini Uma visão abrangente do comportamento organizacional, marketing e finanças. Departamento de Administração IAG PUC-Rio Curso de Graduação em Administração Disciplina Integradora II – ADM 1171 Turma 2GE Rio de Janeiro Junho de 2012 Alexandre Faria Carlos Fernando Perico Estudo de caso: Matarazzo Fantini Uma visão abrangente do comportamento organizacional, marketing e finanças. Prof. Carlos Eduardo da Camara Pereira Orientadora geral Departamento de Administração – PUC-Rio Prof. André Klotze Orientador de Finanças Departamento de Administração – PUC-Rio Profª. Claudia Orientadora de Organizações Departamento de Administração – PUC-Rio Profª. Renata Silva Orientadora de Marketing Departamento de Administração – PUC-Rio Rio de Janeiro, Junho de 2012 RESUMO O Presente trabalho tem como objetivo a realização de um estudo de caso sobre a empresa Construções Matarazzo Fantini. Este caso estudado foi elaborado por professores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro com o objetivo de integrar o aprendizado nas disciplinas do curso de administração. Sua constituição é dada por três áreas da administração: Organizações, Marketing e Finanças. A análise do caso foi estudada em quatro partes: Análise do ambiente externo à empresa, Análise da Empresa, Análise Financeira e Formulação estratégica. Na análise do ambiente externo procuramos identificar os pontos chaves do mercado de construção civil. Sempre buscando as tendências do mercado e relacionando os seus aspectos com a empresa em questão. Tendo em vista a análise do macro ambiente,foi possível realizar a construção de possíveis cenários para os próximos anos em relação ao ambiente externo.A análise da indústria foi realizada através das cinco forças de Porter. Verificou-se que as barreiras de entrada são altas, existem produtos substitutos, o poder de barganha dos compradores é visto como alto e dos fornecedores é considerado neutro. Além disso, foi possível verificar uma rivalidade intensa na indústria. Ao analisarmos a empresa em si podemos identificar inúmeros fatores que deverão ser melhorados e mudados para que a mesma consiga sobreviver no médio e curto prazo. Através da análise SWOT podemos ter uma visão abrangente das forças, fraquezas, ameaças e oportunidades tanto da empresa quanto do mercado. Por ser uma empresa consolidada no mercado acreditamos que as melhorias necessárias sejam fáceis de serem concretizadas. ABSTRACT The present work aims at conducting a case study on the construction company Matarazzo Fantini. This case study was prepared by professors at the Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro in order to integrate the learning disciplines in the business course. Its constitution is given by three business areas: Organizations, Marketing and Finance. The analysis of the case was studied in four parts: analysis of the company’s external environment, Company’s Analysis, Financial Analysis and Strategic formulation. In analyzing the external environment we try to identify the key issues of the construction market. Always looking over for market trends and relating aspects to the company in question. With a view to analysis of macroenvironment, it was possible to construct different scenarios for the next few years in relation to the external environment. The industry analysis was performed using Porter's five forces. It was found that the entry barriers are high, there are substitute products, the bargaining power of buyers is seen as high and suppliers is considered neutral. Furthermore, we observed an intense rivalry in the industry. By analyzing the company several factors that should be improved and changed can be identified so that it can survive in the short and medium term. Through SWOT analysis we can have a comprehensive overview of the strengths, weaknesses, threats and opportunities for both the company and the market. Being an established company in the market believe that the necessary improvements are easy to be realized. LISTA DE TABELAS Tabela: Perfil de renda das famílias 1......................................................19 Tabela: Perfil de renda das famílias 2......................................................26 Tabela: Padrão de construção x ROI.......................................................27 Tabela: Padrão de construção x Margem.................................................28 Tabela: Modelo de Fluxo de Caixa Livre..................................................38 Tabela: DRE projetada.............................................................................38 LISTA DE FIGURAS Figura 1....................................................................................................10 Figura 2: Modelo de Porter.......................................................................24 Sumário 1.1. Características do setor imobiliário ................................................ 9 1.2. Atividades ...................................................................................... 9 2. Estudo de Caso ............................................................................... 10 2.1. Ambiente Externo......................................................................... 11 2.1.1. Mercado ................................................................................... 11 2.1.2. Barreiras à Entrada .................................................................. 13 2.1.3. Macroambiente ......................................................................... 13 2.1.3.1. Ambiente Demográfico ............................................................. 13 2.1.3.2. Ambiente econômico ................................................................ 14 2.1.3.3. Ambiente natural ...................................................................... 15 2.1.3.4. Ambiente tecnológico ............................................................... 16 2.1.3.5. Ambiente político-legal ............................................................. 17 2.1.3.6. Ambiente sociocultural .............................................................. 17 2.1.4. Microambiente .......................................................................... 18 2.1.4.1. Clientes .................................................................................... 18 2.1.4.2. Concorrência ............................................................................ 19 2.1.4.3. Fornecedores ........................................................................... 21 2.2. Ambiente Interno .......................................................................... 21 2.2.1. Aspectos organizacionais ......................................................... 22 2.2.1.1. Estrutura Organizacional .......................................................... 22 2.2.1.2. Cultura Organizacional ............................................................. 23 2.2.1.3. Liderança.................................................................................. 23 2.2.1.4. Estratégia Organizacional ......................................................... 23 2.2.1.5. Modelo de Porter ...................................................................... 24 2.2.2. Aspectos dos funcionários ........................................................24 2.2.3. Aspectos de Marketing ............................................................. 25 2.2.3.1. Segmentação de mercado ........................................................ 25 2.2.3.2. Produto ..................................................................................... 26 2.2.3.3. Preço ........................................................................................ 27 2.2.3.4. Praça ........................................................................................ 28 2.2.3.5. Promoção ................................................................................. 28 2.2.3.5.1. Equipe de vendas ................................................................. 29 2.2.3.5.2. Plano de vendas ................................................................... 29 2.2.3.5.3. Processo de decisão de compra ........................................... 30 2.2.4. Aspectos Financeiros ............................................................... 31 2.2.4.1. Liquidez .................................................................................... 32 2.2.4.2. Lucratividade ............................................................................ 32 2.2.4.3. Atividades ................................................................................. 33 2.2.4.4. Endividamento .......................................................................... 33 2.2.4.5. Solvência .................................................................................. 33 2.2.4.6. Resumo da Análise Financeira ................................................. 34 2.2.4.7. Principais fontes de financiamento e Estrutura de Capital ........ 34 2.2.4.8. Modelo de Fluxo de Caixa para a Firma ................................... 37 2.2.4.9. Modelagem ............................................................................... 37 2.2.4.10. Taxa interna de retorno e Payback descontado .................... 39 2.3. Analise SWOT ............................................................................. 40 2.3.1. Oportunidade ............................................................................ 40 2.3.2. Ameaça .................................................................................... 41 2.3.3. Força ........................................................................................ 41 2.3.4. Fraqueza .................................................................................. 42 2.4. Formulação da Estratégia ............................................................ 42 2.4.1. Objetivos Estratégicos .............................................................. 43 2.4.2. Critérios competitivos ............................................................... 44 3. Conclusão ....................................................................................... 44 4. Referências ..................................................................................... 46 9 Introdução Iniciamos esse trabalho para avaliar a situação da empresa Matarazzo Fantini, e ao longo do caso iremos tratar de pontos que consideramos cruciais para que a empresa consiga atingir um crescimento sustentável, podendo então se consolidar como uma das empresas mais respeitada do setor de construção civil. Iremos abordar aspectos relativos à saúde financeira da empresa, como a empresa desenvolve aspectos organizacionais e sua estratégia de marketing. Junto a isso, indicaremos a empresa medidas que devem ser tomadas para que a empresa consiga cumprir seus objetivos. 1.1. Características do setor imobiliário As principais atividades no mercado de incorporação imobiliária são a construção e a venda de unidades residenciais às pessoas de diversos segmentos de renda e unidades comerciais. Sendo assim o mercado de atuação se divide em econômico, média renda, média-alta renda, alta-renda, loteamento e comercial. Vale ressaltar que unidades econômicas são unidades residenciais que o preço da unidade é menor que duzentos e cinquenta mil reais; média renda, o valor da unidade está entre duzentos e cinquenta mil reais a quinhentos mil reais; média alta, o valor da unidade está entre quinhentos mil reais a um milhão de reais; alta renda, o valor da unidade é maior que um milhão de reais. Sendo que as características de um empreendimento imobiliário, a abordagem de marketing e o processo de construção se diferenciam de acordo com o perfil de renda do seu público alvo. Empreendimentos destinados a consumidores de baixa renda são mais sensíveis à variação de preços, o que demanda otimização de custos através de técnicas e processos de construção com características de produção industrial. Empreendimentos de padrão alto e médio-alto se diferenciam pela conceituação do produto, pela gama de serviços e vantagens incorporados a um determinado projeto, assim como pela localização privilegiada em regiões nobres das grandes cidades. 1.2. Atividades As principais etapas do processo de incorporação estão resumidas na Figura 1: 10 Em geral compras de terrenos são feitas de pessoas físicas, jurídicas e em leilões judiciais e extrajudiciais e para Matarazzo participar com competitividade, é necessário uma auditoria objetivando a segurança legal e ambiental na aquisição dos terrenos onde serão incorporados os empreendimentos. Avaliar o custo-benefício das aquisições, gerenciando eventuais riscos legais e/ou ambientais. Aliado a isso, um estudo de viabilidade financeira que pode ser contratado externamente. 2. Estudo de Caso Qualquer processo de administração estratégica começa com a análise do ambiente, isto é, com o processo de monitorar o ambiente organizacional para identificar os riscos e oportunidades presentes e futuras. Nesse contexto, o ambiente organizacional engloba todos os fatores, tanto internos como externos à organização, que podem influenciar o progresso obtido através da realização de objetivos da organização. O trabalho de uma análise ambiental pode ser dividido em duas partes nas quais,inicialmente, identificam-se as variáveis que influenciam os negócios. A seguir, procura-se prever qual será a evolução destas variáveis no futuro, que pode ser estimada, neste caso, em cinco anos. A previsão de como será a evolução das variáveis ambientais deve, sempre que possível, ser baseada em estudos. Na maioria das vezes, porém, essa previsão tem que ser baseada em opiniões mais subjetivas, seja devido à urgência ou falta de recursos para fazer um estudo. Uma simples leitura de revistas econômicas, conversa com especialistas do setor de atuação, e até o Figura 1 11 acompanhamento de artigos econômicos na internet, podem contribuir para conhecer melhor o ambiente em que a empresa está inserida. 2.1. Ambiente Externo O ambiente externo, conforme Certo e Peter (1993), é “o composto de componentes que normalmente têm amplo escopo e pouca aplicação imediata para administrar uma organização”, dominado pelos concorrentes e que a empresa não consegue influenciar facilmente. Ele é formado por um macroambiente e um microambiente, que afetam de uma forma ou de outra a estrutura, a conduta e a atuação dos compostos de marketing nas organizações. O macroambiente abrange os ambientes que afetam todas as empresas inseridas no mesmo mercado, como por exemplo: ambiente demográfico, ambiente econômico, ambiente natural, ambiente tecnológico, etc. Já o Microambiente são as forças que afetam imediatamente a organização, são os concorrentes, fornecedores e os clientes. Mesmo o ambiente externo estando totalmente fora do controle da organização, é necessário conhecê-loe monitorá-lo com frequência de forma a aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças. Evitar as ameaças nem sempre é possível, no entanto pode-se fazer um planejamento para enfrentá-las, minimizando seus efeitos. Muitas vezes a ameaça, a primeira vista, pode se tornar uma oportunidade futura. 2.1.1. Mercado A construção civil é responsável por grande contribuição à economia brasileira e responsável também, por colocar no mercado de trabalho milhares de pessoas. Tal circunstância leva este setor a ter uma atenção redobrada e maiores incentivos e benefícios por parte do governo. Após a estabilização da economia brasileira as empresas do ramo começaram a se preocupar com a competitividade. Assim, essas empresas começaram a investir em programas de qualidade, programas de treinamento, inovação tecnológica e qualquer outro aspecto que possa vir gerar um diferencial perante seus concorrentes. Em 2011 o crédito imobiliário viveu seu melhor momento devido à alta demanda e baixa inadimplência. Porém, agora, nos meados de 2012, podemos perceber ações do governo para tentar controlar possíveis aumentos perante as inadimplências registradas. Já no primeiro semestre de 2012 o governo anunciou a redução da taxa básica de juros para níveis históricos. 12 Depois de uma explosão de preços, o mercado imobiliário dá sinais mais claros que passa por um momento de ajuste. Em maio, o preço do metro quadrado de apartamentos novos medido pelo índice FipeZap subiu 0,9%, o menor nível desde setembro de 2010. São Paulo e Rio de Janeiro são os principais termômetros do mercado imobiliário brasileiro, e a continuidade da desaceleração do valor dos imóveis nas duas capitais é um indicativo que a situação atual é bastante diferente da vivida há um ano, onde o ritmo de aumento do metro quadrado estava na casa dos 3% em maio de 2011 e agora caiu para um terço disso. Outra prova desse movimento é que a valorização do metro quadrado nos primeiros cinco meses deste ano é de 6,3% em todo o País, quase a metade do observado em igual período de 2011 (+12%). Em 12 meses, o índice acumula aumento de 19,9%, valor 1,9 ponto porcentual abaixo do desempenho em igual mês do ano passado. Existe hoje um aumento no número de unidades entregues, aquelas que começaram a ser construídas no auge do boom, há dois ou três anos, e isso pode trazer alguma pressão dos preços no curto prazo. Após alguns anos de euforia e de crescimento a qualquer custo, incentivado pelo mercado, as empresas começaram a colher os frutos da expansão agressiva: • Expansões mal sucedidas • Aquisições mal sucedidas • Aumento dos preços de terrenos • Estouro do orçamento de obras • Reconhecimento de Perdas • Queda de Margens Foi então que o discurso mudou. As empresas agora estão focadas em crescer menos e em rentabilizar suas operações ao gerar caixa. Mas será que elas conseguirão fazê-lo? As empresas mexicanas começaram seu processo de abertura de capital ainda na década de 90. As brasileiras, por sua vez, começaram o processo nos anos 2000. O mercado brasileiro tem funcionado de forma semelhante ao mexicano com um atraso de alguns anos. No México, as empresas já deixaram de focar em lançamentos para se preocupar mais com geração de caixa há alguns anos. O discurso brasileiro é o mesmo desde o ano passado. O que chama atenção é que até hoje as empresas mexicanas não conseguiram gerar 13 caixa de forma consistente, o que põe em dúvida a capacidade de que nossas empresas consigam no médio prazo. 2.1.2. Barreiras à Entrada Como barreiras à entrada, temos todos os possíveis fatores que dificultam novos entrantes ingressarem no mercado em questão. Além de ser necessário observar as atividades da concorrência, também se faz essencial observar a ameaça de novos entrantes. Como barreira ao setor residencial dentro da construção civil, identificamos as seguintes: Alto investimento inicial. Dificuldade de encontrar profissionais preparados. Escassez de terrenos livre para construção. Elevada quantidade de leis e regulamentações do mercado. Difícil acesso à barganha de matérias-primas. Para ingressar no mercado de construção de imóveis é necessário um alto nível de investimento. É necessário tanto para dar início às obras, quanto para ter limites necessários nos bancos. A empresa conta com cerca de 30% do valor do imóvel na compra do apartamento. Esse valor é relativo à entrada que o consumidor deve dar no imóvel. O restante desse valor apenas é entregue à construtora no momento da entrega das chaves do imóvel pelo banco que financiará o imóvel ao consumidor. Portanto, a construtora deve termais da metade do custo de produção em capital próprio. 2.1.3. Macroambiente De acordo com Kotler (2000) a análise do macroambiente consiste em identificar seis variáveis ou ambientes que possam intervir de forma positiva ou negativa no desempenho de uma organização. São eles; ambiente demográfico, ambiente econômico, ambiente natural, ambiente tecnológico, ambiente político- legal e o ambiente sociocultural. 2.1.3.1. Ambiente Demográfico Segundo Kotler (2000), “O ambiente demográfico é de grande interesse para os profissionais de marketing porque envolve pessoas, e são as pessoas que constituem os mercados. Uma população crescente significa necessidades crescentes a serem satisfeitas; dependendo do seu poder aquisitivo, pode também significar oportunidades crescentes de mercado.” 14 Neste ambiente devemos acompanhar as mudanças populacionais e sua distribuição geográfica e sua estrutura familiar. Devem-se estudar as características educacionais, as tendências e o desenvolvimento do mercado. Seguem algumas tendências previstas; Aumento da população nos grandes centros urbanos. Mulheres contribuindo cada vez mais na renda familiar elevando assim a mesma. Número crescente de mulheres solteiras e financeiramente independentes. Aumento de casais homossexuais vivendo juntos. 2.1.3.2. Ambiente econômico Kotler (2000) diz que o ambiente econômico consiste em fatores que afetam o poder de compra e os padrões de dispêndio do consumidor. Assim, devemos observar os diferentes cenários econômicos que o consumidor enfrenta. Com isso este ambiente é considerado de extrema importância para as organizações, visto que, suas estratégias deverão sempre estar alinhadas às mudanças de cenário na economia em que a organização esteja presente. Embora o seu impacto possa ser dramático, sobre ele não é possível exercer controle, a organização deve antecipar-se aos fatos, exercendo previsões econômicas coerentes. Um fator que nos desperta bastante receio é em relação à inadimplência do consumidor brasileiro. Nos últimos anos, o Governo do Brasil adotou como política econômica de estímulo ao crédito, acreditando na ascensão das classes C, D e E. O crédito ficou mais barato, o setor de consumo viveu grande ascensão, e o brasileiro passou a se endividar cada vez mais. Programas governamentais como o Minha-Casa Minha-Vida, estimularam a compra da casa própria para classes média e baixa, e o brasileiro passou contrair financiamentos para comprar seu primeiro imóvel. Acontece que da mesma forma que o consumo cresceu, a inadimplência vem crescendo de forma preocupante. O Governo já reduziu o investimento no Minha Casa Minha Vida, o que nos leva a crer que o setor deve pelo menos frear o ritmo de crescimento acelerado visto nos últimos anos. No que diz respeito à política monetária, o Bacen, através do COPOM (Comitê de Políticas Monetárias) tem reduzido sistematicamente a taxa básicade juros da economia, a Selic, que hoje em dia já se encontra em 8,50% a.a., 15 menor nível histórico. Analistas de mercado já apontam que a Selic pode cair mais 0,5 pontos percentuais na reunião marcada para julho, com novo corte de 0,5 p.p. em agosto, o que levaria a Selic para 7,5% a.a.. Essa baixa na taxa de juros faz parte da política de contenção da inflação, que se espera manter no centro da meta. O mercado financeiro reduziu mais uma vez a projeção de alta do IPCA em 2012. Nesta semana, a mediana das expectativas para a inflação oficial neste ano recuou de 5,03% para 5,00%. Há quatro semanas, a estimativa para a inflação oficial era de 5,21%. Com o movimento, o número se aproxima cada vez mais do centro da meta de inflação. Que, por sua vez, prevê IPCA de 4,50%, com margem de dois pontos para cima ou para baixo. Para 2013, a previsão dos cinco analistas manteve-se em 5,50%. Há um mês, o grupo apostava em altas de 5,22% e 5,80% para cada ano, respectivamente. A interferência do Governo na política monetária resultou em um desbalanceamento no setor financeiro, onde a poupança passou a ter rendimento maior que muito fundos de investimento e até de títulos do Tesouro Nacional. Para isso, o governo alterou as alíquotas para novos depósitos na poupança, o que gerou certo receio dos investidores. A volatilidade nas taxas de câmbio do Real em relação ao Dólar poderá afetar adversamente a situação financeira da Companhia e os seus resultados operacionais. 2.1.3.3. Ambiente natural Conforme Churchill e Peter (2000, p 43.) o ambiente natural envolve os recursos naturais disponíveis para a organização ou afetados por ela. As preocupações ambientais cresceram muito nas duas últimas décadas. Visto que, no cenário atual, o distúrbio presente neste ambiente poderá comprometer uma empresa levando-a, inclusive, a falência. Com o aquecimento do mercado da construção civil, que resulta em uma maior demanda por produtos de construção no país e com a dificuldade de suprir toda essa demanda,as lojas de material de construção aumentam os seus preços, o que gera maiores custos a construtora. Com o aumento de custo, esse aumento acaba sendo repassado ao valor do imóvel. Construtoras de grande porte, por comprarem maior quantidade de produtos, possuem vantagem sobre as pequenas em relação aos custos. Sendo assim, é essencial estabelecer parcerias com os seus fornecedores de matéria- prima, visando a competitividade no mercado. 16 Em virtude do crescente número venda de imóveis para todas as classes, o número de terrenos à venda nas grandes cidades diminui a cada ano.Com a demanda maior que número de terrenos, o preço destes aumentam e a dificuldade de encontrar terrenos em pontos estratégicos também cresce proporcionalmente. Com isso, ocorre um grande aumento nos preços desses terrenos,o que também acarreta ao preço final. Dessa forma, as empresas do setor de construção civil deverão estar preparadas pela disputa ao espaço e preço dos imóveis no mercado. Com dados sobre o aquecimento global, mudanças climáticas, alterações na fauna e na flora entre outros, os clientes estão cada vez mais conscientes de que devem ajudar na preservação e sustentabilidade. Com isso, muitas empresas da área da construção civil já estão proporcionando ao cliente a compra de imóveis ecologicamente sustentáveis. Utilizando de novos sistemas de abastecimento, reaproveitamento da água e luz solar, materiais biodegradáveis entre outros. Empresas que não começarem a realizar essas modificações e demonstrarem interesse quanto ao assunto, podem ser prejudicadas. Além disso, as chances desses itens sustentáveis virarem obrigações legais são grandes, e as empresas que já o fizerem estarão na frente das demais. 2.1.3.4. Ambiente tecnológico Churchill e Peter (2000, p 45) dizem que o ambiente tecnológico é o conhecimento científico, inovações e invenções que resultam de pesquisa. Mais adiante afirmam que “os desenvolvimentos tecnológicos proporcionam oportunidades importantes para melhorar o valor oferecido aos clientes”. Porém quando não acompanhadas, podem se tornar, futuramente, uma ameaça. As mudanças tecnológicas decorrentes das inovações frequentes podem tornar produtos ou processos de fabricação obsoletos, entretanto, os recursos tecnológicos podem constituir-se numa poderosa vantagem competitiva no mercado atual.Algumas das tendências poderão ser analisadas à seguir: Utilização da internet para compras de imóveis. Novas tecnologias em materiais de construção, tanto em máquinas quanto em matéria-prima. Construções verdes que incorporam uma alta sofisticação tecnológica para minimizar os impactos ambientais. 17 2.1.3.5. Ambiente político-legal “O ambiente político-legal inclui leis e regulamentações federais, estaduais e municipais relevantes para as atividades de marketing, além de pressões políticas.” (CHURCHILL; PETER, 2000, p. 51) Assim temos que as leis compostas para atender e proteger as necessidades dos clientes e aos governos influenciam as estratégias de marketing. É necessária a familiarização destas leis e regulamentações por parte da alta administração da organização. Já que, ao infringi-las, pode-se acarretar em multas e processos tal como promover a desconfiança entre seus clientes. As decisões de Marketing são fortemente afetadas por desenvolvimentos no ambiente político e legal. Este ambiente é composto de leis, órgãos governamentais e grupos de pressão que influenciam e restringem as ações das empresas. O ambiente político é um grande limitador as organizações e indivíduos. Eventos políticos, econômicos e sociais podem afetar adversamente a economia, e o valor de mercado dos valores mobiliários brasileiros. Três indexadores têm efeito significativo nas empresas de incorporação imobiliária: INCC: Reajusta o saldo devedor dos clientes até o término da obra, resguardando a Companhia da oscilação nos preços dos principais insumos necessários na construção de um empreendimento; IGPM: Reajusta o saldo devedor após o término da obra, dos clientes que optaram por financiar seus imóveis direto; TR: Reajusta as parcelas do financiamento á produção. 2.1.3.6. Ambiente sociocultural O ambiente sociocultural “é constituído pelas pessoas de uma sociedade e seus valores, crenças e comportamentos.” (CHURCHILL; PETER, 2000, p. 37) Assim temos que os valores culturais de uma sociedade podem ser demonstrados pelas próprias relações das pessoas, seja com elas mesmas, com terceiros, com a sociedade em si ou com o meio-ambiente em que estão inseridos. Podendo ser descrito também como a interação das pessoas mediante a cultura em que se encontram. O ambiente cultural mostra tendências em longo prazo na direção de uma sociedade centrada no “eu”. Nos mostra também a diminuição da lealdade da população em relação às organizações e a necessidade da administração de 18 Marketing em apontar mudanças culturais que viabilizam identificar novas oportunidades. Existem algumas tendências que podemos perceber em relação ao ambiente sociocultural nos próximos anos. São elas; Famílias menores, em média quatro pessoas. Aumento da expectativa de vida. Adolescência prolongada, elevando a idade que o jovem sai de casa. Uma busca por maior segurança. Aumento no número de casais que moram junto sem estarem casados. Aumento no número de pais divorciados e solteiros. 2.1.4. Microambiente Como já descrito anteriormente, o microambiente é composto pelos clientes, concorrentes, distribuidores e fornecedores, ou seja, oseu público de interesse. 2.1.4.1. Clientes Como clientes, podemos definir aquele que consume seu produto ou serviço disponível. São pessoas ou empresas que utilizam dos produtos e/ou serviços da organização procurando algum tipo de benefício ou satisfazer suas necessidades e desejos. Através da análise do perfil de renda das famílias que, por sua vez, são clientes da Matarazzo Fantini podemos perceber uma alta concentração entre as classes de média-alta renda à classe de alta renda, como demonstra a Tabela: Perfil de renda das famílias 1. 19 Tabela: Perfil de renda das famílias 1 Com isso temos que os clientes da Matarazzo Fantini são clientes com um maior poder aquisitivo. 2.1.4.2. Concorrência Concorrência é a disputa entre produtores de um mesmo bem ou serviço com vista a alcançar um objetivo, seja ele lucro, vendas ou a maior parcela do mercado possível, por meios de diferentes possibilidades. O setor imobiliário no Brasil é altamente competitivo e fragmentado. Os principais fatores competitivos no ramo de incorporações imobiliárias incluem disponibilidade e localização de terrenos, preços, financiamento, projetos, qualidade e reputação. Uma série de incorporadores residenciais e companhias de serviços imobiliários concorrem com a Matarazzo Fantini (i) na aquisição de terrenos, (ii) na tomada de recursos financeiros para incorporação e (iii) na busca de compradores em potencial. Outras companhias, inclusive estrangeiras, em alianças com parceiros locais, podem passar a atuar ativamente na atividade de incorporação imobiliária nos próximos anos no Brasil, aumentando ainda mais a concorrência. Adicionalmente, alguns competidores da Companhia podem dispor de mais recursos financeiros do que ela e, deste modo, podem vir a se sustentar com menos dificuldades do que ela em épocas de crise no mercado imobiliário. Na medida em que um ou mais dos seus concorrentes iniciem uma campanha de marketing ou venda bem sucedida e, em decorrência disso, suas vendas aumentem de maneira significativa, as atividades da Companhia podem vir a ser afetadas adversamente de maneira relevante. Perfil de renda das famílias % dos clientes % do mercado total A1 – alta renda + 2% 8% A2 – alta renda – 12% 10% B1 – média-alta renda + 45% 10% B2 – média-alta renda – 35% 15% C1 – média-renda + 5% 25% C2 – média renda – 1% 15% D – média-baixa renda 0% 12% E – baixa renda 0% 5% Total dos clientes 100% 100% Concentração 94% 43% 20 Administrar favoravelmente a ação da concorrência é um dos grandes desafios ambientais. A organização deve fazer mais do que simplesmente adaptar-se às necessidades do seu público-alvo, ela deve se adaptar às estratégias dos concorrentes que estão servindo aos mesmos consumidores. A organização deve conseguir vantagens estratégicas posicionando suas ofertas de maneira decisiva na mente dos consumidores, contrapondo-se às ofertas dos concorrentes. Se a Matarazzo Fantini não for capaz de responder a tais pressões de modo imediato e adequado em relação aos seus concorrentes, sua situação financeira e resultados operacionais podem vir a ser prejudicados de maneira relevante. Abaixo segue breve resumo da situação dos principais players do setor no Brasil; Cyrela:Foi a primeira a reconhecer enormes perdas com o estouro de orçamentos no final de 2010. Desde então, alterou sua postura de guidance agressiva e seu discurso está focado em geração de caixa. Sempre teve prêmio em relação às pares devido a seu controlador, Elie Horn, reconhecidamente um excelente gestor. Suas ações já andaram bem desde o 3º trimestre de 2011 quando apresentou geração de caixa positiva. A dúvida é se foi algo pontual ou se, de fato, ela continuará sendo a pioneira do setor. A conferir geração de caixa e melhora de margens. Gafisa:Encontra-se em situação extremamente delicada, pois tem tido dificuldade em acessar o mercado de capitais e pode se ver obrigada a vender Alphaville, sua melhor operação, em condições muito desfavoráveis. Peca pela ausência de uma figura como Elie Horn na companhia, ie, um profundo conhecedor do negócio desde a fundação da empresa. Além disso, tem tido inúmeros problemas com os empreendimentos da Tenda e encontra-se numa sinuca, pois se cancelar alguns destes, se verá obrigada a dar baixa na receita já reconhecida e pagar multa. A conferir a possível quebra ou venda do negócio e/ou de ativos. MRV: Focada só em baixa renda e extremamente dependente de CEF (96% do faturamento). A empresa tem certo prêmio por coerência e estrutura de capital razoável. O possível downside é a possível redução de financiamento por parte da CEF que pode afetar muito a companhia. Por exemplo: A companhia passou por dificuldades no final do ano passado quando a CEF entrou em greve e parou de pagá-la através do crédito associativo. Ademais, como ela recebe ao 21 longo do desenvolvimento através do crédito associativo, ela não terá muito a caixa para receber na maturação dos projetos. PDG: Máquina de comprar alavancada. Os bônus são atrelados a ROE e lucro líquido. Logo, executivos tem incentivos para continuar lançando (muitos lançamentos, margem alta) e continuar comprando companhias menores (aumenta o valor absoluto de LL). EZTEC: Extremamente focada em seu mercado (Grande SP). Penalizada no passado por ser conservadora, exaltada hoje por ser rentável. 2.1.4.3. Fornecedores Para Chiavenato (2004), os fornecedores são os responsáveis por oferecer recursos para a organização. Que, por sua vez, são os fornecedores de capital, de materiais e equipamentos, de serviços e de espaço de trabalho. São parceiros que contribuem de alguma forma na cadeia de valor de determinada organização. Conforme prática corrente do mercado, não se costuma celebrar acordos que criam a obrigação de exclusividade para a Companhia, a fim de manter a liberdade de contratar o fornecedor mais adequado para cada empreendimento, com base nos preços, qualidade, termos e condições de entrega dos produtos e evitar uma eventual dependência de poucos fornecedores. Ressaltamos que todos os fornecedores estão sujeitos a órgãos de fiscalização, e respectivas legislações aplicáveis. Porém, mesmo assim a empresa está suscetível à baixa qualidade dos materiais fornecidos. Assim, torna-se de extrema importância realizar vínculos com diversos fornecedores que atendam as especificações necessárias de cada empreendimento. Além disso, estes vínculos com fornecedores de boa qualidade acabam por criar uma vantagem em relação aos seus concorrentes e uma relativa despreocupação em relação à qualidade dos seus materiais. 2.2. Ambiente Interno No ambiente interno, são analisados todos os recursos internos que influenciam positivamente ou negativamente a organização. Analisar o ambiente interno é fundamental para um plano de Marketing, pois é avaliando o mesmo que serão identificados os pontos fortes e pontos fracos da organização, ou seja, onde a empresa é boa e onde ela é fraca. São os principais aspectos, que diferencia a empresa dos seus concorrentes. As forças e fraquezas são 22 determinadas pela posição atual da empresa e se relacionam, quase sempre, a fatores internos. De acordo com Oliveira (2006), a análise interna tem como objetivo demonstrar as deficiências e qualidades da empresa que está sendo focalizada. É de extrema necessidade tomar como comparação as outras empresas do seu setor de atuação, sejam elas concorrentes diretas ou apenas concorrentes potenciais. Para Kotler(2000) devemos analisar, dentro do ambiente interno, as competências de marketing, financeiras e organizacionais. Este ambiente tem como característica o fácil acesso e controle dos dirigentes da empresa, uma vez que ele é resultado das estratégias de atuação definidas pelos próprios membros da organização. Desta forma, durante a análise, quando for percebido um ponto forte, ele deve ser ressaltado ao máximo e quando for percebido um ponto fraco, a organização deve agir para controlá-lo ou, pelo menos, minimizar seu efeito. Essas ações devem ser rápidas e eficazes, não devendo ser poupadas. 2.2.1. Aspectos organizacionais Adiante analisaremos os aspectos organizacionais encontrados na Matarazzo Fantini. 2.2.1.1. Estrutura Organizacional A construtora não possui uma estrutura organizacional definida em departamentalização e estruturação da área. Devida gestão familiar, somente os membros da família ocupam cargos elevados e de confiança. O próprio diretor faz questão de obter controle sobre todas as decisões. A equipe reduzida que a empresa possui acarreta na sobrecarga especialmente do diretor, que por sua vez optou pela concentração de poder. Visto que todas as decisões estratégicas, táticas e operacionais têm que passar por sua aprovação previamente. Com o aumento da demanda pelos produtos e serviços da empresa, não é coerente uma centralização do poder de uma forma tão rígida. Assim temos que essa fraqueza comprometa decisivamente a qualidade do produto, serviços agregados, o fornecimento de assistência e a reciclagem do conhecimento devido à falta de tempo do diretor. O fato de a empresa subestimar a importância do planejamento estratégico na obtenção de vantagem competitiva e na simples execução diária das atividades compromete a imagem da empresa e todos os fatores 23 relacionados às atividades que a empresa executa e fornece, visto que não se sabe qual rumo que a empresa deseja seguir, diminuindo o interesse do seu quadro operacional. 2.2.1.2. Cultura Organizacional Cultura organizacional pode ser definida como um conjunto de hábitos, normas, crenças, valores e expectativas compartilhadas pelos membros da organização. São eles: ética; comprometimento com funcionários, fornecedores e impostos; qualidade de construção; cumprimento de prazos; responsabilidade dos colaboradores; hábito de fazer acontecer e simplificar. 2.2.1.3. Liderança Para Chiavenato (2004, p.19) "A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana, seja nas empresas, seja em cada um de seus departamentos. Ela é essencial em todas as funções da Administração: o administrador precisa conhecer a natureza humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar". A liderança imposta pelo diretor é extremamente autocrática. Onde o diretor toma as decisões individualmente, desconsiderando as opiniões dos demais. Ele determina as providências para a execução e solução dos problemas. Quando os objetivos exigem uma nova visão e uma grande mudança, o estilo autocrático é bastante apropriado. Porém, neste caso, acaba por atrapalhar. Pois a empresa necessita uma reengenharia para conseguir a sobrevivência no mercado em médio e longo prazo. 2.2.1.4. Estratégia Organizacional A estratégia é a direção que a empresa irá seguir. Para estabelecê-la, deve-seprocurar uma direção que não seja muito diferente da estratégia que vinha sendo seguida. Deve procurar evitar as ameaças e buscar as oportunidades que o ambiente empresarial poderá oferecer. Adiante, também deverá aproveitar os pontos fortes e evitar os pontos fracos. 24 2.2.1.5. Modelo de Porter O Modelo de Porter nos ajuda a ter uma perspectiva mais ampla do setor em questão. Segue seus itens Figura 2: Modelo de Porter 2.2.2. Aspectos dos funcionários A empresa atualmente conta com mais de 300 funcionários regulares. Com uma cultura organizacional baseado nas tradições e estilo de gerência autoritário.Por sua vez, eles devem estar sempre preparados para responder às exigências e questionamentos que surgirem. Elevando o seu grau de responsabilidade. Entretanto, ainda é bastante comum se deparar com profissionais poucos qualificados e despreparados. Os funcionários da Matarazzo Fantini contam com um plano de carreira de definido. Começando como peão de obra, aquele que se destaca neste meio acaba por se tornar um supervisor em outra obra no futuro. Concluindo aí a primeira ascensão na escala hierárquica. Após ser efetivado como supervisor de uma obra, o funcionário poderá, por fim, chegar à equipe de vendas. BARREIRAS DE ENTRADA: • Alto investimento inicial. • Dificuldade de encontrar profissionais preparados. • Escassez de terrenos livre para construção. • Elevada quantidade de leis e regulamentações do mercado. • Difícil acesso à barganha de matérias-primas. FORNECEDORES: Acaba existindo um equiliíbrio quanto a demanda em relação à oferta. Muitas empresas fornecedoras e muitas empresas para estes comercializarem seus produtos. PRODUTOS SUBSTITUTOS: • Imóveis usados, opção por aluguel, apartamentos mais baratos. • Casas residenciais mais afastadas do centro urbano COMPRADORES: • Alto poder de barganha! • Muitas opções no mercado com preços e qualidades similares. RIVALIDADE INTENSA Indústria de construtoras e incorporadoras nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul que comercializam imóveis para classes de maior poder aquisitivo. 25 Considerado o topo da hierarquia no plano de carreiras, a equipe de vendas obtém um salário fixo e um bônus por metas de vendas alcançadas. Assim, o funcionário que vem a se tornar um vendedor conhece todas as etapas e processos da obra. Desde o canteiro de obra à venda das unidades. Portanto este funcionário acaba por ter uma visão mais ampla do seu trabalho. Com o avanço da tecnologia e o despreparo por grande parte dos funcionários, tornou-se uma prática comum treinamentos nos canteiros de obra. “A preocupação com segurança no trabalho, visando reduzir o custo dos seguros de acidentes de trabalhadores, fez com que as construtoras investissem em treinamentos específicos e em equipamentos especiais...” (Texto extraído do caso) Assim, a empresa acaba por capacitar seus funcionários e criar um vínculo com os mesmos. 2.2.3. Aspectos de Marketing Adiante, analisaremos os aspectos de marketing relevantes ao estudo de caso em questão. Primeiramente identificaremos a segmentação de mercado e em seguida os componentes do composto mercadológico, isto é, o mix de marketing, são eles: produto, preço, praça e promoção. Juntamente 2.2.3.1. Segmentação de mercado Baseado no fato do gosto de cada pessoa, ou grupo de pessoas, o profissional de marketing divide o mercado em segmentos. Definidos os segmentos, é escolhido o mercado-alvo que possui a melhor oportunidade, dessa forma posicionando a sua área de atuação (KOTLER; KELLER, 2006). A segmentação usa sempre a pesquisa de mercado como ferramenta de seleção. Assim, é possível que se identifique, a partir de uma série de critérios, diferentes segmentos. Como, por exemplo: segmentação demográfica, segmentação socioeconômica e segmentação geográfica. A segmentação de mercado é fundamental para o desenvolvimento de estratégias. Dentro do mercado de prédios residenciais, a Matarazzo Fantini optou por segmentar sua atuação com foco no seu público-alvo, ou seja, a segmentação socioeconômica. Essa segmentação é diretamente ligada ao preço e qualidade dos seus produtos ofertados para uma classe social de maior poder aquisitivo. A Construtora temuma concentração de 94% dos seus clientes variando de média-alta renda à alta renda. O que por sua vez, corresponde a 43% do mercado total. 26 Perfil de renda das famílias % dos clientes % do mercado total A1 – alta renda + 2% 8% A2 – alta renda – 12% 10% B1 – média-alta renda + 45% 10% B2 – média-alta renda – 35% 15% C1 – média-renda + 5% 25% C2 – média renda – 1% 15% D – média-baixa renda 0% 12% E – baixa renda 0% 5% Tabela: Perfil de renda das famílias 2 2.2.3.2. Produto “Um produto de alta qualidade ou que seja adaptado às necessidades específicas do comprador tende a ser associado com alto valor e pode influenciar a compra” (CHURCHILL; PETER, 2003). Com isso, tem-se a necessidade de vender um produto com as características essenciais ao cliente. O que torna extremamente importante a customização e diferentes acabamentos sugeridos para as unidades. Já que, um apartamento, é um investimento que muitos têm como decisões em longo prazo. O que torna um ponto complicado em termos de construção civil. Já que na grande maioria das vezes o consumidor o adquire na planta, sem ver efetivamente o produto que está comprando. Como não existe tecnicamente uma embalagem no produto imobiliário, ela pode ser considerada a aparência do imóvel, seu padrão de acabamento, a fachada, o hall de entrada, elevadores e principalmente a área de lazer, mas não se podem utilizar as técnicas normalmente relacionadas ao tema. As principais características do produto imobiliário, a configuração e funcionalidade do projeto, são normalmente apresentadas por maquetes e principalmente por unidades modelos decoradas, que servem como showroom e uma ferramenta de apoio fundamental para a equipe de vendas. Sendo que, esta última, não é citada como prática comum ao lançamento dos imóveis. Sendo que, esta última, não é citada como prática comum ao lançamento dos imóveis na Matarazzo Fantini. No caso, a empresa disponibiliza apartamentos próprios de padrão médio- alto e alto. A variação entre o preço de venda e o custo da produção para estes acabamentos podem variar em 27% no padrão médio-alto e 30% no padrão alto. Ou seja, dependendo do padrão de acabamento solicitado pelo cliente, a empresa pode receber um retorno sobre seu investimento de até 30%. 27 Padrão de construção do mercado imobiliário Preço de venda Custo de produção Retorno sobre investimento Muito simples 100 100 0% Econômico 120 120 0% Médio 150 135 11% Médio-alto 190 150 27% Alto 260 200 30% Luxo 380 280 36% Tabela: Padrão de construção x ROI Ela disponibiliza estas opções de acabamentos e alterações nas unidades em forma de cardápios onde seus clientes poderão optar entre diversos itens. Algumas opções variam desde escolher as cores dos cômodos, tipo de revestimentos das áreas de serviços, pisos, dentre outros. Cada alteração realizada pelo cliente é convertida em um sistema de pontuação. Com isso, o cliente obtém um nível máximo de modificações pré- estabelecidos contratualmente. 2.2.3.3. Preço “A estratégia de preços influencia o comportamento de compra quando o consumidor está avaliando alternativas e chegando a uma decisão” (CHURCHILL; PETER, 2000). O preço do produto imobiliário deve se basear muito mais no valor percebido pelo cliente do que nos custos de construção, principalmente nos empreendimentos de médio e alto padrão, onde muito além da habitação se busca a segurança e o status oferecido. As empresas devem ainda se ater as influências de fatores legais e econômicos, principalmente de macro ambiente, como inflação e índices de correção monetária, no caso de empresas com financiamento próprio, e políticas governamentais de financiamento habitacional quando se utilizarem de bancos públicos ou privados. Conforme apresentado anteriormente, existem dois tipos de acabamento disponíveis aos clientes da Construtora. O índice-base entre o preço de venda e o custo de produção faz com que a empresa consiga obter uma pequena margem de lucro nas duas opções de padrão. Para o padrão de construção médio-alto o índice-base do preço de venda é de 190 perante os 150 do custo de produção. Ou seja, um preço 27% maior em relação ao seu custo de produção. Já o padrão alto consegue uma margem ainda maior. O seu índice-base de venda é de 260 contra 200 do custo de produção, obtendo uma margem 28 bruta de 30% a mais. Com isso, podemos perceber que o preço de venda aumenta em 37% enquanto o custo de produção aumenta somente 33%. O que demonstra um retorno maior quando se vende um apartamento com padrão de acabamento alto. Padrão de construção do mercado imobiliário Preço de venda Custo de produção Margem no preço de venda Margem no custo de produção Muito simples 100 100 - - Econômico 120 120 20% 20% Médio 150 135 25% 13% Médio-alto 190 150 27% 11% Alto 260 200 37% 33% Luxo 380 280 46% 40% Tabela: Padrão de Construção x Margem 2.2.3.4. Praça É, segundo Churchill e Peter (2000) “a estratégia do profissional de marketing para tornar um produto disponível”. São as atividades que uma empresa assume para tornar o produto acessível ao seu público-alvo. Na construção civil normalmente se encontra constituído diretamente no local da obra, de modo a facilitar o processo de demonstração do produto e sua localização real. “O terreno é tratado e decorado com o plantão de vendas apropriadamente para receber os clientes interessados” (ALMEIDA, 2000). É preciso estar de acordo com o objetivo de comunicação do projeto e sintonizado com o público a ser atendido, além de contar, quase sempre, com um apartamento modelo decorado em tamanho original. A Construtora utiliza sua promoção por meio de panfletagem, o que também é bem comum no ramo imobiliário da construção civil. Seus folhetos contêm informações técnicas do empreendimento em construção 2.2.3.5. Promoção “A estratégia de promoção pode influenciar os consumidores em todos os estágios do processo de compra” (CHURCHILL; PETER, 2000). Essa estratégia inclui todos os esforços da empresa em comunicar ou promover o seu produto, além de preparar uma força de vendas e propaganda. No trabalho em questão, lançamentos imobiliários são tradicionalmente apresentados em coquetéis, seguidos de um processo de divulgação na imprensa, através de anúncios em jornais de grande circulação. Muitas empresas também buscam anunciar em 29 outras mídias de massa como televisão e rádio, onde destacam muito mais a marca do que o empreendimento em si. “A comunicação mais utilizada pelo setor ainda é a panfletagem de rua, e tanto nela quanto nas demais mídias o objetivo é sempre atrair o consumidor até o plantão de vendas, nem sempre expondo de maneira adequada o empreendimento em questão” (ALMEIDA, 2000). Como parte de sua promoção aos seus clientes, a Matarazzo Fantini mantém um programa de visitas planejadas dos clientes em diversas fases da construção. Este é um método no qual a empresa encontrou de mostrar a qualidade de seus serviços e gerar credibilidade e transparência ao seu público. 2.2.3.5.1. Equipe de vendas A equipe de venda utiliza, por meio da venda pessoal, a promoção do novo empreendimento em questão. A venda pessoal é a venda que envolve interação direta com o cliente. Ela pode ser feita por meio de qualquer veículo que permita a interação direta da equipe de vendas com o comprador. Ela garante a retroalimentação instantânea e assim, permite que a comunicação seja ajustada simultaneamente com os objetivos e necessidades do cliente. Diferentede muitas empresas do ramo, a Matarazzo Fantini optou por possuir equipe de vendas própria onde é estipulada de acordo com o volume de lançamentos realizados. A remuneração dos vendedores é através de salários fixos onde eles recebem um bônus por metas de vendas alcançadas. O que faz com que não recebam comissão sobre as vendas em si. Essa equipe de vendas é formada através do plano de carreira disponível pela empresa. Ou seja, 80% dos atuais vendedores começaram a trabalhar nos canteiros de obras. Onde, em seguida foram encarregados dos serviços em pelo menos um empreendimento que, por fim, virou membro da equipe de vendas. Porém, isso faz com que muitos dos vendedores sejam inexperientes e pouco qualificados para exercer tal cargo. Onde apenas 10% do efetivo de vendas possui alguma graduação. Assim, muitos dos vendedores não sabem como realmente atender e satisfazer as necessidades dos clientes na hora da compra. 2.2.3.5.2. Plano de vendas Como plano de vendas podemos definir qual o processo que a empresa utiliza para, de fato, vender seus empreendimentos. Na Matarazzo Fantini esse processo é dividido em três fases. 30 Na primeira fase, é estabelecido o planejamento do empreendimento imobiliário. São definidas as características como: local, quantidade de apartamentos por prédio, tamanho dos apartamentos, serviços agregados, opções de customização das unidades, padrão de acabamento e preço de vendas. Após o planejamento do empreendimento, inicia-se a segunda fase do processo. Nesta fase é realizada a compra do terreno e adaptações do planejamento inicial de acordo com as peculiaridades do terreno propriamente dito. Após a revisão do planejamento inicial é produzido folhetos com informações do empreendimento, definidos prazo previsto de entrega, número de unidades e padrão de construção. Por fim, a equipe de vendas é reunida para ser informada das características técnicas. Na terceira e última fase acontece o lançamento do empreendimento em questão. As unidades são vendidas antes mesmo de começar a construção. Esta etapa é estratégica e acaba por ser uma importante fase do financiamento da obra. Após a conclusão do lançamento inicia-se a construção. Com um prazo médio de construção em dois anos a meta da equipe de vendas é ter 30% de suas unidades vendidas até 90 dias após a conclusão do lançamento, terceira fase do plano de vendas, outros 30% vendidos entre 90 e 360 dias e por fim os 40% restantes após a conclusão das obras, juntamente com a entrega de chaves. 2.2.3.5.3. Processo de decisão de compra Segundo Churchill e Peter (2000, p. 146), o processo pelo qual os consumidores compram produtos e serviços começam com o reconhecimento de uma necessidade. Esse processo de tomada de decisão começa com o consumidor reconhecendo um problema a ser resolvido ou necessidade a ser satisfeita, sendo provocadas por estímulos externos e internos. Churchill e Peter (2000, p. 148) mais adiante diz que, após os consumidores terem identificado uma necessidade, eles podem procurar informações sobre como satisfazê-la. É aí onde muitos dos clientes buscam experiências passadas que envolvem a memória ou informações do ambiente. Ela pode ser tanto interna, buscando informações na sua memória, quanto externa, buscando informações disponíveis no mercado. A busca interna por informações faz com que os consumidores recuperam da memória permanente informações sobre produtos ou serviços que podem resolver um problema enquanto que a busca externa os consumidores obtêm informações de fontes 31 externas, como amigos, publicidade, embalagens, relatórios de pesquisa, vendedores e outros. No terceiro estágio, acontece a avaliação das alternativas. Que, para Churchill e Peter (2000 p. 150), os consumidores com base nas informações coletadas identificam e avaliam maneiras de satisfazer suas necessidades e desejos. Onde em geral, essa etapa envolve a decisão de quais recursos ou características são importantes e da identificação de qual desses recursos ou características cada alternativa oferece.Dessa forma, os consumidores já têm armazenado na memória julgamentos ou crenças sobre o desempenho das alternativas de escolha. Essa habilidade de recuperar informações pode afetar fortemente a alternativa que será escolhida no final, embora, os consumidores que não têm tal conhecimento armazenado, precisam basear-se em informação externa para formar crenças sobre o desempenho de uma alternativa. Uma vez que o consumidor tenha avaliado as alternativas, ele efetua de fato a compra. Nesta etapa o consumidor já pode agir rapidamente, em especial se o produto estiver em promoção, desistir da compra se não identificar suas necessidades atendidas e também pode adiar a compra em função de uma possível economia (CHURCHILL; PETER, 2000, p. 150). O processo de modificar, adiar ou rejeitar uma compra pode ser altamente influenciado pelo risco percebido. Essa influência varia de acordo com o valor envolvido, o nível de incerteza por detrás do produto e o nível de autoconfiança do consumidor. Depois de estabelecido o processo de decisão de compra do consumidor, percebemos a sua complexidade no envolvimento pessoal. Por se tratar da compra de um imóvel, essa decisão se torna estratégica, de grande relevância e bastante complexa. “Um apartamento é um projeto familiar e, assim, é a decisão de compra de uma família. Para a família que opta pela compra de uma unidade, há múltiplas influências e fatores a pesar no processo de decisão, que incluem, além das características do empreendimento, outros fatores de grande importância, como imagem e confiança na construtora, a disponibilidade de crédito, o nível do serviço prestado pelos vendedores, dentre outros.” (Texto extraído do caso) Com isso, temos a importância de uma boa ação de marketing por parte da empresa. Sua imagem e confiabilidade pode ser de cara, uma vantagem competitiva. Algo que os possíveis clientes lembram na hora de procurar imóveis. Sejam eles em construção ou já concluídos. 2.2.4. Aspectos Financeiros Fazendo uma analise da situação econômico-financeira da empresa Matarazzo Fantini, descobrimos alguns pontos que precisam de atenção, e de 32 esforço para que a empresa se torne mais competitiva e que encontre lugar de destaque entre suas concorrentes. 2.2.4.1. Liquidez Levantando os indicadores de liquidez, percebemos que no ultimo exercício social, finalizado em 2011, a empresa apresentou índice de liquidez corrente de 1,9, que representa a extensão pela qual as reivindicações dos credores de curto prazo são cobertas pelos ativos da empresa, o que se espera que aconteça o mais rápido possível (Brigham, Eugene 2001). Comparando com outras empresas do setor que apresentam em media liquidez corrente superior a 4 , a empresa precisa se conscientizar que necessita de esforços para atingir um nível que dê maior tranquilidade aos seus credores e investidores. Pensar que para cada unidade de compromissos de curto prazo, há apenas 1,7 unidades disponíveis de cobertura nos levar a crer que a situação é um pouco apertada. O índice de liquidez corrente leva em conta a razão do ativo circulante pelo passivo circulante, em um mesmo exercício. 2.2.4.2. Lucratividade Analisando o Demonstrativo de Resultado da empresa, percebemos que a Matarazzo possui uma alta margem bruta, que no ultimo exercício social atingiu praticamente 62%. Porém, sua margem liquida é muito pequena, 15,4%. Percebemos então, que existe a falta de controle das despesas operacionais e/ou financeiras estão comprometendo a lucratividade da empresa, uma vez queum nível excelente de margem liquida para empresas do setor de construção civil gira ao redor de 30%. Acreditamos que esse seja um nível que a empresa consiga atingir no médio prazo, uma vez que a empresa consegue manter uma taxa media de custa do produto vendido (38,9%), e com isso conseguirá passar maior confiança para seus investidores. Somente despesas de Marketing representam 15% do faturamento da empresa, mesmo que ela consegue reter de lucro liquido. Obviamente para chegar a esse nível de margem a empresa devera sofrer uma reestruturação significativa. Muitas empresas do setor apresentam margens liquidas inferior a 20%, porém tais empresas não possuem margem bruta tão elevada. Para isso, julgamos mais apropriado comparar a empresa com a EZ Tec, que a nosso ver é a empresa que mais se assemelha com a Matarazzo Fantini. 33 2.2.4.3. Atividades Os indicadores de atividade representam em que medida a empresa consegue transformar seus ativos, para isso ficamos atentos ao Giro do Contas a Receber e seu Prazo Médio de Recebimento, Giro de Fornecedores e seu prazo Médio de Pagamento e Giro de estoque e prazo médio de estocagem. O Giro de Contas à Receber, que resulta no calculo do Prazo Médio de Recebimento demonstra a flexibilidade da companhia em relação a seus clientes. Quanto menor o Giro de Contas a Receber, maior será o prazo médio de recebimento, e mais flexível à companhia estará sendo em relação aos consumidores. A Matarazzo Fantini 2.2.4.4. Endividamento Em relação à administração de passivos, verificamos o seu índice de endividamento , razão do total do exigível pelo exigível total acrescentado do patrimônio líquido (D/D+E), que mede a porcentagem de recursos aportada pelos credores (Brigham, Eugene 2001). De acordo com Povoa (2007), demonstra não somente o tamanho relativo da divida dentro da empresa, como também a qualidade da divida (prazo de pagamentos). A Matarazzo Fantini possuía no final do exercício social de 2011, um índice de endividamento de 76%. Percebemos então uma forte dependência de recursos de terceiros na companhia. O Grau de endividamento da empresa é de 3,21, onde resultado acima de 1 aponta forte dependência de capital de terceiros. Dado a alta dependência de capital de terceiros na companhia, resolvemos ficar atentos aos indicadores de alavancagem, para descobrir o quanto que a empresa está conseguindo transformar esses recursos em ativos. Primeiramente observamos o Multiplicador de Capital Próprio (MCP), representado pelo Total de Ativos em razão do Patrimônio Líquido. Verificamos então um MCP de 4,21. Ao olhar o Multiplicador de Capital de Terceiros, razão do Total de Ativos pelo Capital de Terceiros, a empresa apresenta MCT de 1,3. Fica claro que com o capital de terceiros muito pouco de ativo foi realmente criado, além de uma pura contrapartida de divida. 2.2.4.5. Solvência Resolvemos fazer um estudo sobre a imobilização do Patrimônio Líquido para verificar o quanto do capital próprio está comprometido em ativos de menor liquidez e nos dar sinais sobre a situação do capital de giro da empresa, o que faz todo sentido ao pensar que um crescimento excessivo pode trazer 34 preocupações em termos de solvência. Conforme Damodaran (2008), o índice de imobilização do patrimônio líquido é representado pela razão do ativo imobilizado pelo próprio patrimônio liquido. Verificamos então que a empresa Matarazzo Fantini possui índice de imobilização em torno de 0,15, que traz tranquilidade quanto à questão de solvência, uma vez que o restante do ativo possui maior flexibilidade de venda em caso de necessidade urgente de liquidação. 2.2.4.6. Resumo da Análise Financeira Acreditamos então, que a empresa precise de alternativas de financiamento para que não fique tão dependente de capitais de terceiros. Com isso a empresa conseguiria reduzir significantemente suas despesas financeiras com juros, o que junto com um rigoroso controle de suas despesas operacionais e administrativas trará como consequência margens desejadas por investidores. Logo, algumas medidas deverão ser tomadas para que ocorra redução de gastos com despesas operacionais e de vendas, sem que se tenha uma queda de produtividade. Acreditamos que os gastos atuais em marketing não estão sendo bem utilizados, e que após uma reestruturação no em 2012 e 2013, poderá chegar a níveis bem mais confortáveis em 2016, onde acreditamos que possa atingir cerca de 50% do que é gasto atualmente, ao mesmo tempo em que o departamento se mostrará muito mais eficiente. 2.2.4.7. Principais fontes de financiamento e Estrutura de Capital A estrutura de capital de uma empresa é o resultado da forma como esta financia suas atividades (PÓVOA, 2010). As empresas são constituídas de bens, direitos e obrigações. Os bens e direitos constituem o seu ativo, e as obrigações o seu passivo. Antes de fazer qualquer investimento em bens e direitos, os quais constituem o ativo, ela necessita obter os recursos, que ficam registrados no passivo. Matarazzo (1995) afirma que toda aplicação em bens, direitos ou custos que beneficiarão exercícios seguintes é Investimento. O ativo representa o investimento total. Em qualquer investimento efetuado existe uma origem de recursos mostrada pelo passivo. Essa origem constitui o financiamento. Para a obtenção desse dinheiro necessário para pagar o investimento, a empresa pode lançar mão de duas fontes bem distintas de financiamento: uma denominada como recursos próprios e a outra de recursos de terceiros. Sobre essas duas fontes de financiamento, Sá (1995) faz a seguinte distinção: 35 “Os próprios podem ser fornecidos pelos sócios que compõem o capital social ou nominal, ou serem gerados dentro da empresa (lucros). Os de terceiros derivam-se de empréstimos cujos efeitos são bens (fornecedores) ou dinheiro (financiadores).” Ao perceber que a empresa a forte presença de capital de terceiros na companhia, acreditamos que a saída da empresa seria de alguma forma conseguir utilizar de maneira mais eficaz o seu capital próprio, para poder alavancar as atividades da empresa. De acordo com Póvoa (2007) a empresa possui quatro casos típicos na hora de atingir a estrutura de capital ideal. São eles: - Se a empresa possui bons projetos e quer aumentar seu grau de alavancagem ela deve aumentar a contração de divida para financiamento dos projetos. -A empresa não tem bons projetos e quer aumentar seu grau de alavancagem. Para isso deve aumentar a distribuição de dividendos, fazer recompra de ações usando caixa, cancelando imediatamente os papeis contração de divida nova para recompra de ações. - Se a empresa tem bons projetos e quer reduzir o grau de alavancagem ela deve lançar novas ações para financiar seus projetos -Se não houver bons projetos e a empresa deseja reduzir seu grau de alavancagem ela deve reduzir a distribuição de dividendos, renegociar os termos das dividas, transformar dividas em capital próprio, para isso negociar com credores. Acreditamos que o caso que melhor exemplifique o caso da empresa seja o terceiro. Porem, para isso a empresa precisaria fazer uma Oferta Pública de Ações (OPA), em inglês IPO (initial public offering). O IPO se uma forma de abrir o capital da empresa, se tornando uma Sociedade Anônima (SA), diluindo o capital social da família Fantini, assim então conseguindo se capitalizar sem tomar divida. Com isso sua estrutura de capital ficaria com um mix mais equilibrado, o que acarretaria em menores despesas financeira. Porem, acreditamos que na atual conjuntura do mercado domestico e internacional, não sejaa melhor hora para abrir o capital da empresa, uma vez que além de um ambiente de insegurança mundial em investir, as empresas de construção civil estão sofrendo grandes prejuízos no momento. Alem disso, muitas empresas concorrentes apresentam indicadores mais satisfatórios que a Matarazzo. Sem contar nos gastos referentes criação de uma oferta publica de ações. 36 Uma alternativa para empresa seria se aproximar de um fundo de private equity, para criação de um FII (Fundo de Investimento Imobiliário). Os fundos de Private Equity surgiram nos EUA, na década de 80, como uma nova opção de funding para pequenas e medias empresas. Este instrumento consiste basicamente na reunião, através da criação de um fundo de investimentos, de um grupo de investidores. Tal grupo adquire relevantes participações em pequenas e médias empresas (geralmente de capital fechado), com as quais desenvolvem parcerias ativas, participando bastante de sua administração, adicionando capital e agregando valor. Os fundos de private equity buscam incorporar ao negócio um modelo de gestão estratégica que foge da maneira usual de comparar empresas. Os fundos querem encontrar empresas com potencial e, assim, se tornarem seus sócios. Posteriormente, a fatia da empresa – ou a empresa como um todo – pode ser vendida, o que geralmente acontece. A isso se da o nome de saída. Alem das vantagens quanto sua necessidade de capitalização, a empresa poderia se aproveitar de diversas sinergias com o fundo de private equity, uma vez que grande parte dos fundos vê a necessidade de uma gestão ativa sobre seus investimentos, o que agregaria um excelente valor sobre a gestão financeira da empresa. Uma boa opção para empresa seria ao final do período de maturação da participação do fundo, onde este esta procurando a sua saída, fazer o IPO. Acreditamos que o momento ideal para isso se dará a partir de 2016. Os FII funcionam como condomínios de investidores, e se assemelham dos fundos de ações e renda fixa, administrados por instituições financeiras e fiscalizados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários, órgão regulador). No Brasil, foram criados em 1993 pela lei 8.668, e são lastreados em ativos imobiliários. Seu objetivo é aplicar recursos no desenvolvimento de empreendimentos imobiliários ou em imóveis prontos, como hotéis, shopping centers, edifícios comerciais, escolas, loteamentos, etc. O patrimônio do FII pode ser composto de um ou mais imóveis, parte de imóveis, direitos a eles relativos ou outros ativos com lastro imobiliário, entre outras opções. São fundos fechados, ou seja, não tem resgate, assim como as ações, sendo possível a negociação através da Bolsa de Valores ou Balcão Organizado. Tem patrimônio dividido em cotas, que são valores mobiliários de renda variável onde o investidor terá o fluxo de receita decorrente das vendas e locações dos ativos imobiliários ou fluxo de pagamento dos ativos (amortização + juros), que integram a carteira do FII. O patrimônio do fundo é formado pelos bens e direitos 37 adquiridos pelo administrador, em caráter fiduciário, isto é, há segregação do patrimônio líquido do administrador e do Fundo. Em nossas conversas com diversos fundos de investimento, percebemos que na sua grande maioria, os fundos preferem participar com pelo menos 20% do capital social da empresa. Para isso, será necessário diluir os demais acionistas da companhia. Em nosso modelo de fluxo de caixa descontado encontramos um Enterprise Value de R$ 665 milhões de reais. Com isso, vendendo participação de cerca de 20% para o FII, a empresa conseguiria se capitalizar em R$ 133 milhões. Com essa quantia prevemos gastos necessários na reestruturação da companhia. 2.2.4.8. Modelo de Fluxo de Caixa para a Firma De acordo com Póvoa (2010), o Fluxo de Caixa para a Firma abrange todo o fluxo de caixa da empresa a ser distribuído para os credores e acionistas, sob a forma de juros e dividendo. O FCFF deve ser descontado pela media ponderada do custo de capital próprio e de terceiros (WACC), para então chegarmos ao valor da firma (enterprise value). Como não temos nenhuma informação a respeito das taxas de juros em que as dívidas foram contraídas não temos como calcular o WACC da empresa. Para isso, iremos calcular a partir da média, de acordo com o Bloomberg, de empresas do setor e arbitrar um prêmio de risco, uma vez que é uma companhia de capital fechado, com nível zero de governança corporativa. Segundo o Bloomberg, o WACC de PDG, EZ Tec, Gafisa e Cyrela é de 13,1%, 13,7%, 14% e 13,6%, respectivamente, o que da uma taxa média de 13,6%. Com isso, arbitraremos um desconto ainda maior, por se tratar de uma empresa fechada, e utilizaremos no modelo um WACC de 15%. Com isso achamos um Valor Justo líquido para empresa de R$665 milhões. 2.2.4.9. Modelagem Em nosso modelo de fluxo de caixa descontado, prevemos certas premissas que consideramos factíveis para os anos futuros da companhia. Primeiramente, acreditamos que o preço médio de venda do imóvel sofrerá queda de 3% nos próximos dois anos, reflexo do recente movimento de alta, onde se especula uma bolha imobiliária. A partir de então, o preço médio deverá sofrer reajustes junto à inflação do período. Em relação ao volume vendido esperamos manutenção dos níveis atuais para os próximos anos, e esperamos que a partir de 2014 a empresa consiga se 38 apropriar do resultado da sua forte campanha de marketing em 2012 e 2013 e cresça a taxas constantes de 5% a.a. No custo da mercadoria vendida, consideramos a margem média dos últimos anos, em relação à receita, para projetar o resultado dos próximos anos. Nas despesas operacionais, esperamos atingir apenas 6% da receita em 2016, fruto de um maior controle dos gastos. Já no que diz respeito às despesas de vendas e marketing, iremos montar uma forte campanha nos próximos dois anos, fruto da capitalização com o FII, para em 2016 atingir níveis de apenas 50% do que é gasto atualmente. Depreciação e Imposto de Renda manterão as atuais taxas. No que diz respeito aos gastos com despesas financeiras, acreditamos que com a melhora da estrutura de capital da empresa, junto à criação de uma mesa de operações para hedge suas operações nos garantiram um resultado financeiro bem mais confortável, o que nos possibilitará praticar um resultado cerca de 12% do que temos hoje. Com isso chegaremos a uma margem liquida superior a 30% em 2016. Modelamos a linha de contas a receber, no balanço patrimonial, a partir do giro de contas a receber, algo em torno de 23% da receita. Estoques foram projetados a partir do giro do estoque assim como contas a pagar a partir do giro dos fornecedores. Utilizamos taxa de desconto de 15% e taxa de crescimento de 4,5%, que julgamos se aproximar do IPCA. Em milhões (R$) 2012 2013 2014 2015 2016 EBIT 96 110 201 223 257 (+) Depr. 3 3 4 4 4 (-) IR -12 -21 -57 -69 -85 (=) FCO 87 92 148 158 176 (-) ∆ Capital 5 5 6 6 7 (-) ∆ CCL -2 -8 25 26 29 FCF 84 94 116 126 1.897 FCD 73,38911 71,23627 76,54889 71,8192 943,2339 Perpetuidade 1756,11 VPL 1236 Dívida 739 Caixa 168 EV 665 39 DRE 2012 2013 2014 2015 2016 Preço Medio (R$mil) 797 773 812 849 887 Volume Vendido 636 636 668 701 736 VGV 507 492 542 595 653 %media de apropriacao 81% 81% 81% 81% 81% Receita Bruta 411 398 439 482 529 CPV 160 155 171 188 206 Lucro Bruto 251 243 268 294 323 Desp. Operacionais 31 30 34 37 32 Marketing e Vendas 120 100 30 30 30 EBITDA 99 113 205 227 261 Depreciacoes 3 3 4 4 4 EBIT 96
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