Buscar

Crimes Contra o Patrimônio: Furto

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

www.leonardodemoraesadv.com 1 
TÍTULO II – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
FURTO 
PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES 
 
1 – Furto 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Infração penal de médio potencial ofensivo, pois cabe suspensão condicional do 
processo. 
Como a pena máxima é de 4 anos, não é admitindo a preventiva para furtador 
primário. 
Protege a propriedade, a posse e a detenção legítimas (não apenas a 
propriedade e a posse, como dizia Hungria e Noronha). Desta feita, “ladrão que furta 
ladrão não tem perdão”. Ex: A é proprietário de carro – B subtrai o carro de A – C subtrai o 
carro de B – a vítima do furto praticado por C é o “A” (real proprietário), e não B pois não 
tinha a posse ou detenção legítima. 
 
2 – Conduta (tipo objetivo) 
Subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. 
1) Subtrair é apoderamento definitivo. 
É crime de execução livre. 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 2 
Pode ser apoderamento direito ou indireto (por meio de interposta pessoa ou 
animal). 
2) Coisa (objeto material do delito). 
Coisa é o bem economicamente apreciável. 
Coisa de interesse moral ou sentimental (ex: fotografia de reuniões familiares) 
não pode ser objeto de furto (por não ter valor econômico), gerando apenas dano moral a 
ser resolvido na esfera cível (prevalece). Mas Nelson Hungria diz que coisa de relevante 
interesse moral ou sentimental pode ser furtada. 
Furto de folha de cheque é passível de furto, pois pode facilmente convertida 
em dinheiro. 
 O Cadáver, em regra, não pode ser objeto material de furto, salvo quando 
destacado para alguma finalidade específica (servir aos estudantes de medicina na aula de 
anatomia). 
Pessoa não pode ser furtada, mas sim sequestrada. 
3) Alheia móvel 
A coisa deve pertencer a outra pessoa. 
Coisa abandonada (já foi de alguém e não é mais) e coisa de ninguém (nunca 
pertenceu a ninguém) não são objetos de furto, pois não são alheias. 
A coisa perdida é alheia. Entretanto que acha coisa perdida e fica com ela não 
está subtraindo, mas sim se apropriando, de sorte que o crime é de apropriação de coisa 
achada (art. 169, parágrafo único, II): 
Apropriação de Tesouro 
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em 
parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; 
Apropriação de Coisa Achada 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 3 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou 
parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou 
de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) 
dias. 
 
Coisa pública de uso comum (por ser não é alheia, mas sim de todos), como por 
exemplo, ar, água do mar, dos rios, areia da praia etc, em princípio não pode ser objeto 
material de furto (pode ser dano), salvo quando destacada de local de origem para 
atender finalidade econômica de alguém. Ex: pega areia da praia não é furto - faz 
artesanato - desenhos na garrafa – se alguém subtrair esta garrafa praticará furto. 
4) Móvel 
É a coisa que pode ser transportada de um lugar para o outro sem perder a 
identidade. 
 
3 – Sujeitos 
O sujeito ativo é qualquer pessoa (crime comum), salvo o proprietário. Isto sé 
dá pois, não furto de coisa própria (“coisa alheia”). 
Assim, qual o crime comete o proprietário que subtrai coisa sua que está na 
legítima posse de terceiro? R – Pode ser 345 (exercício arbitrário das próprias razões) ou 
346 (tirar coisa própria que se acha em poder de terceiro por convenção ou ordem 
judicial). Ex: Penhor – B fica com o bem empenhado – A, dono do relógio, subtrai a coisa 
que estava legitimamente com B, não comete furto (“coisa alheia”), mas o crime do art. 
346. 
Funcionário público que subtrai coisa pública ou particular que está sob o poder 
da Administração responderá por peculato furto se houver facilidade proporcionada pela 
qualidade de servidor. Se não houver qualquer facilidade, responderá por furto. 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 4 
Aquele que subtrai condômino, co-herdeiro ou sócio (coisa comum) responderá 
pelo art. 156 (furto de coisa comum), que é infração de menor potencial ofensivo (furto de 
menor potencial ofensivo) e depende de representação da vítima 
 
Furto de Coisa Comum 
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para 
outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não 
excede a quota a que tem direito o agente. 
 O sujeito passivo é o proprietário, possuidor ou detentor legítima (pessoa física 
ou jurídica). 
4 – Tipo subjetivo 
Dolo, sendo indispensável à vontade de apoderamento definitivo. 
O furto de uso (animus de uso) é atípico, desde que: 
- Intenção (desde o início) de uso momentâneo da coisa; 
- Coisa não consumível (se a coisa for consumível ela não pode ser devolvida); 
- Restituição imediata e integral à vítima após o uso. 
O apoderamento momentâneo de veículo configura furto de uso? R – A 
importância da indagação se dá, porquanto o veículo é devolvido, mas a gasolina não. 2 
correntes: 
a) Não, pois apesar de não consumível, temos o problema da gasolina, que será 
o objeto material do crime; 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 5 
b) Não, pois quem usa carro não quer se apoderar de gasolina, que é simples 
acessório da coisa principal visada (se o intérprete for atentar-se sempre as coisas 
acessórias que estão no carro jamais terá aplicação o furto de uso e sempre será crime) 
(prevalece). 
 
5 – Consumação e tentativa 
Existem 4 teorias sobre o momento consumativo: 
a) Teoria contrectatio: a consumação se dá pelo simples contato do agente 
com a coisa alheia (basta encostar na coisa); 
b) Teoria da amotio ou apprehensio: a consumação se dá quando a coisa 
subtraída passa para o poder do agente (quando o proprietário perde a disponibilidade da 
coisa - a posse deixa de ser da vítima e passa a ser do ladrão), conhecida como teoria a 
inversão da posse. Neste ponto há divergência, pois é preciso saber em qual momento a 
posse deixa de ser da vítima e passa a ser do agente: 
- Doutrina clássica: subtração da coisa + posse mansa e pacífica (livre 
disposição do bem pelo agente), ainda que por breve espaço de tempo. Aqui, o ladrão que 
subtrai a coisa e é imediatamente perseguido, responde por furto tentado, pois, apesar da 
subtração, não teve a posse pacífica do bem (STF até 97); 
- Doutrina moderna, STF e STJ: basta a subtração (retirada da coisa da 
disponibilidade da vítima, retirada da posse da vítima), sendo despicienda a possa mansa 
e pacífica. Assim, no exemplo acima, mesmo com a perseguição imediata, o furto seria 
consumado. 
 c) Teoria da ablatio: a consumação se dá quando o agente consegue 
transportar a coisa subtraída de um local para o outro; 
d) Teoria da illatio: a consumação se dá quando a coisa é colocada em local 
seguro, ou seja, posse mansa e pacífica. 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 6 
De acordo com Nelson Hungria, haverá crime de furto mesmo que a coisa 
subtraída permaneça no âmbito pessoal ou profissional da vítima (Ex: empregada 
doméstica subtrai jóias e esconde no cômodo da casa da vítima – mesmo ainda na casa da 
vítima o delito jáestaria consumado). 
Admite a tentativa (crime plurissubsistente). 
Obs: a vigilância constante em supermercado (física ou eletrônica) não torna o 
crime impossível, mas deve ser analisado o caso concreto. O normal é que seja crime, pois 
do contrário, seria um incentivo a prática de furtos, cuja única consequência possível seria 
a devolução do bem que queria subtrair. 
 
6 – Furto majorado pelo repouso noturno (art. 155, §1º) 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o 
repouso noturno. 
É causa de aumento de pena. 
Como a pena é majorada de 1/3, deixa de ser infração de médio potencial 
ofensivo, não mais admitindo suspensão condicional do processo. Também passará a 
admitir prisão preventiva para o agente primário. 
Repouso noturno é o período da noite em que a comunidade se recolhe para o 
descanso diário. Esse período varia de acordo com o costume local (costume 
interpretativo). 
A incidência da majorante, segundo a maioria, só ocorrerá se o crime é 
praticado em local de moradia (local em que pessoas se recolhem costumeiramente para 
o descanso). Assim, surgem as seguintes questões: 
- no furto de estabelecimento comercial não haverá majorante (ocorre que o 
STJ entendeu que aplicará a majorante); 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 7 
- o imóvel não necessita estar habitado ou com os moradores dormindo no 
momento da conduta. A casa pode estar ocasionalmente desabitada (STJ). 
A majorante não incide no furto qualificado, restringindo aplicação ao furto 
simples (STJ). Assim, no furto qualificado durante o repouso norturno, este servirá como 
circunstância judicial desfavorável (fixação a pena base). 
Obs: furtar veículo na garagem da casa durante a noite, incidirá a majorante. 
Mas se o veículo, bicicleta, etc, estiver fora da casa (rua, meio-fio) não haverá majorante. 
 
7 – Furto privilegiado ou mínimo (art. 155, §2º) 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o 
juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um 
a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
Requisitos: 
- Primariedade: não reincidente, não importando se tem processos pretéritos; 
- Pequeno valor da coisa furtada: a jurisprudência diz que é aquele que não 
suplanta 1 salário mínimo. Assim, no furto privilegiado existe lesão relevante ao bem 
jurídico, mas de baixa gravidade, não se confundindo com lesão insignificante. 
Obs: não se confunde com furto insignificante, que pressupõe outros elemetos: 
mínima ofensividade da conduta; ausência de periculosidade social da ação; reduzido grau 
de reprovabilidade da conduta; inexpressividade da lesão jurídica provocada – MARI 
(todos os elementos são redundantes). 
É possível furto qualificado privilegiado (STJ), aplicando-se o privilégio no furto 
simples ou no furto qualificado. 
 
 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 8 
8 – Cláusula de equiparação (art. 155, §3º) 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que 
tenha valor econômico. 
Reforça a tese de que para haver furto a coisa deve ter valor econômico. 
Ex: energia mecânica, térmica, radioatividade e genética. Assim, o sêmên de um 
animal tem valor econômico (subtração de sêmen de congelado de animal) e pode ser 
objeto material de furto. 
Ex: “A” tem cachorro e “B” tem cadela da mesma raça – “A” propõe o 
cruzamento e “B” não aceita – “A”, então, durante a noite, abre a porta e faz os cães 
cruzar contra a vontade de “B” – “B” descobre – o crime aqui é furto de energia genética. 
Subtração de sinal de TV a cabo gera divergência: 1ª corrente: não configura 
furto, pois a energia se consome e se esgota, ao contrário do sinal de televisão não se 
gasta e não se diminui (CRB e STF); 2ª corrente: é furto, porquanto sinal de TV é forma de 
energia (Nucci). Subtração de pulso telefônico aplica o mesmo argumento. 
O gato de energia elétrica é resolvido da seguinte forma: 
- Furto de energia elétrica: não existe contrato entre o agente e a 
concessionária e é praticado mediante ligação clandestina (pena: 1 a 4); 
- Estelionato no consumo de energia: existe contrato entre o agente e a 
concessionária, porém o agente emprega fraude, alterando o medidor de energia para 
pagar menos do que consumiu (pena 1 a 5). 
9 – Furto qualificado (art. 155, §4º e 5º) 
9.1 – Qualificadoras do art. 155, §4º 
Furto Qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é 
cometido: 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 9 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com Abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
Infração de grande potencial ofensivo, não cabendo a suspensão condicional do 
processo. 
I – Rompimento ou destruição de obstáculo utilizado para a subtração da coisa 
O agente destrói o obstáculo entre ele e a coisa. A ação (violência) do agente 
deve recair sobre o obstáculo. Se a violência é empregada sobre a coisa a ser subtraída 
não qualificará o furto. 
Ex: “A” quer subtrair carro – quebra o vidro e leva o carro – não há 
qualificadora, pois há violência sobre a própria coisa. 
Ex2: tem objeto no carro – quebra o vidro para subtrair o computador que está 
lá – será furto qualificado, pois a violência foi sobre o obstáculo, e não sobre a própria 
coisa. Aqui existe uma incoerência, já que se levasse o próprio veículo (levando a coisa de 
brinde) não haveria qualificadora. Assim, por questão de equidade, têm jurisprudência 
decidindo que o rompimento do vidro de veículo para a subtração de objetos existentes 
em seu interior não caracteriza a qualificadora, pois, se a violação tivesse sido feita para a 
subtração do próprio automóvel, o furto seria simples (STJ HC 152.833). Ocorre que o STF 
discorda, aplicando a qualificadora quando o vidro é quebrado para a subtração de 
objetos. 
Ex3: quer carteira que está na bolsa – ladrão corta a bolsa com a faca, pega a 
carteira e vai embora – não haveria qualificadora, pois a bolsa não é obstáculo, mas sim 
instrumento utilizado para o transporte da coisa. Porém se destruísse cadeado, incidiria a 
qualificadora. 
Desativar o obstáculo não incidirá a qualificadora, pois não está rompendo. Ex: 
desativar o alarme do carro para subtraí-lo, não incidirá a qualificadora. 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 10 
II – Abuso de confiança: o agente viola a confiança nele depositada. 
Pode o agente conquistar propositadamente a confiança ou valer-se de 
confiança já existente. 
A jurisprudência diz que, para incidir a qualificadora, é preciso que a subtração 
deva ser facilitada pela confiança depositada no agente, ou seja, uma facilidade que outra 
pessoa não teria. 
Diferença: 
- Furto com abuso de confiança: o agente tem o mero contato com a coisa, mas 
não a posse da coisa; o dolo de subtrair antecede a posse. 
- Apropriação indébita: o agente exerce a posse em nome de outrem; o dolo é 
superveniente a posse. 
II – Mediante fraude: a fraude busca diminuir a vigilância da vítima sobre a 
coisa, facilitando a subtração. O bem é retirado sem que a vítima perceba, de sorte que a 
posse é alterada pelo agente (unilateral). 
Não se confunde com o estelionato, pois neste a fraude visa incidir a vítima em 
erro para que esta mesma entregue a posse da coisa ao agente. A posse do bem passa 
para o agente de forma bilateral (agente convence e a vítima entrega).Ex: “A” vai em loja – pede ao vendedor que lhe entregue a roupa para 
experimentar – no provador, coloca a roupa por baixo do casaco que tinha e leva – é furto 
qualificado mediante fraude. 
Ex2: “A” se passa por operador telefônico – vai à casa da vítima e pede para ela 
subir ao telhado e olhar a antena – é furto mediante fraude. 
Ex3: falso test drive – vai a loja a pretexto de teste drive, pega o bem e não mais 
devolve – é furto mediante fraude, e não estelionato. 
Outros exemplos de furto mediante fraude: 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 11 
- Agente que, a pretexto de auxiliar a vítima a operar caixa eletrônica, recebe o 
cartão e troca por outro; 
- Agente que simula interesse na compra do veículo e, com o pretexto de testá-
lo, o subtrai e não mais devolve (teste drive); 
- Agente que coloca aparelho de maior valor em embalagem de menor valor, 
fraudando o pagamento no caixa. Mas se substituir etiquetas (código de barras), será 
estelionato. 
II – Escalada: uso de via anormal para ingressar no local em que se encontra a 
coisa visada. Não implica necessariamente subida, pois basta qualquer via anormal. Ex: 
entrar em casa por meio de túnel (via subterrânea) é escalada. 
A jurisprudência exige que a escalada seja resultado de um esforço fora do 
comum. Ex: pular em muro ou janela muito baixa. Assim, para saber se há escalada 
depende da análise do caso concreto. 
Depende de perícia para analisar o tamanho do muro, etc, para aferir se há 
esforço fora do comum. Discordo, porquanto pode ser aferido por testemunhas. 
II – Destreza: é peculiar habilidade, que faz com que a vítima não perceba que 
está sendo furtada. Ex: batedores de carteiras (pungistas). 
A jurisprudência condiciona a aplicação da qualificadora à vítima trazer o bem 
junto ao corpo. Assim, se deixar a bolsa na cadeira e o ladrão pega sem que a vítima 
perceba, não é destreza, pois não está junto ao corpo. 
A qualificadora existirá mesmo que terceiros percebam a ação do agente 
(quem não pode perceber é a vítima). 
III – Emprego de chave falsa: 
Chave falsa é todo instrumento com ou sem forma de chave, destinado a abrir 
fechaduras. Ex: canivete, grampo, arame, chave micha ou gazua, etc. 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 12 
Discute-se se ligação direta em automóvel é chave falsa ou rompimento de 
obstáculo. Para mim não é nenhum nem outro, pois ligação direta não é instrumento 
(chave falsa) e nem rompe obstáculo. 
Chave verdadeira obtida mediante fraude não caracteriza a qualificadora, já que 
foi utilizada fraude e pelo fato da qualificadora referir-se a chave verdadeira (e não falsa). 
Apesar disso, Magalhães Noronha diz que aplicaria a qualificadora. 
IV – Concurso de 2 ou mais pessoas: 2 ou mais pessoas executando (praticando 
o verbo) ou concorrendo (participando) para o crime, englobando a participação para a 
qualificar o furto. 
Ocorre que, para Hungria, só qualificará se 2 ou mais pessoas estiverem 
executando (praticando o verbo), e não abrangendo 1 autor e outro partícipe. 
Se o crime for praticado por quadrilha ou bando, não incidirá a qualificadora, 
ficando furto simples + quadrilha. Esta regra é só para o furto, e não para o roubo 
majorado. 
 
9.2 – Qualificadora do art. 155, §5º 
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de 
veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou 
para o exterior. 
É mais uma qualificadora. 
É veículo automotor transportado para outro Estado da Federação ou para 
Exterior. Mas para incidir a qualificadora é indispensável que o veículo efetivamente 
ultrapasse os limites do Estado ou do País, não bastando a intenção de conduzi-lo para 
outro Estado ou país. 
Ex: “A” no dia 15 de maio subtrai veículo de “B” – no dia seguinte quando visava 
transportá-lo para outro Estado, foi preso em flagrante – “A” responderá por furto simples 
 
 
 www.leonardodemoraesadv.com 13 
consumado, pois só haveria a qualificadora quando o bem efetivamente ultrapassasse as 
fronteiras do Estado. 
Refere-se, apenas, a veículo automotor, cujo conceito está no CTB. Não 
abrange embarcações e aeronaves. 
O texto fala em “outro Estado” e grande parte fala que quer dizer Unidade da 
Federação, abrangendo o Distrito Federal. Para outros, pela aplicação do Princípio da 
legalidade estrita, não abrangeria o Distrito Federal.

Outros materiais