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DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO – DAU CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO MADRE DEUS: UMA ANÁLISE DA MORFOLOGIA URBANA A PARTIR DOS CONCEITOS DE JOSÉ GARCIA LAMAS FONSECA, Brena Coimbra (1) BERNARDES, Laryssa Soares (2) BARBOSA, Maiana Gabriela Amorim (3) CHAVES, Raimundo Régino Tavares (4) (1) Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA brena@ice.eng.br (2) Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA laryssabernardes@outlook.com (3) Designer, Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA mai.amorimbarbosa@gmail.com (4) Acadêmico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA raimundotchaves@outlook.com São Luís 2015 MADRE DEUS: UMA ANÁLISE DA MORFOLOGIA URBANA A PARTIR DOS CONCEITOS DE JOSÉ GARCIA LAMAS Resumo O presente trabalho apresenta um breve estudo sobre os elementos morfológicos do bairro Madre Deus em São Luís do Maranhão, baseando a sua análise nos conceitos da obra Morfologia Urbana e Desenho da Cidade do autor José Manuel Garcia Lamas. Através da pesquisa bibliográfica e de campo, busca-se apontar algumas características da forma urbana do bairro, a partir de elementos como o traçado das vias, o formato das quadras, entre outros, além de correlaciona-los à história do bairro e sua evolução ao longo do tempo. Palavras-chave: Madre Deus, Morfologia urbana, Forma Urbana Abstract This paper presents a summary study of the morphological elements of Madre Deus neighborhood in Sao Luis, basing its analysis on the concepts of work Urban Morphology and City Design of the author Jose Manuel Garcia Lamas. Through literature and field research, we try to point out some characteristics of the urban district form from elements such as the layout of pathways, the court format, among others, and correlates them to the history of the neighborhood and its evolution over time. Keywords: Madre Deus, urban morphology, Urban Form LISTA DE ILUSTRAÇÕES Título Página Fig. 1 – Bairro Madre Deus 06 Fig. 2 - Área analisada 07 Fig. 3 – Fachada de casas da Rua São Pantaleão 09 Fig. 4 – Fachada de casa do Largo do Caroçudo 09 Fig. 5 – Estilos de fachada 10 Fig. 6 – Mapa topográfico da Madre Deus e arredores 11 Fig. 7 – Largo da Capela de São Pedro 11 Fig. 8 - Escadaria do Ceprama 12 Fig. 9 - Rua São Pantaleão 13 Fig. 10 - Largo do Caroçudo 14 Fig. 11 - Av. Gavião ou Ribamar Pinheiro 15 Fig. 12 - Quadras no trecho analisado 16 Fig. 13 - Praça da Saudade 19 Fig. 14 - Busto de Netto Guterres 20 Fig. 15 - Estela de José Ribamar Pinheiro 21 Fig. 16 - Bancos do Largo do Caroçudo 22 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 05 2. MADRE DEUS: um breve histórico 06 3. OS ESTUDOS DA FORMA URBANA NA MADRE DEUS 07 3.1 Trecho de análise 07 4. ANÁLISE DOS ELEMENTOS DA FORMA URBANA 07 4.1 Fachada e edifício 07 4.2 Solo e traçado das ruas 10 4.3 Quadra e logradouro 16 4.4 A Praça 17 4.5 Monumentos e equipamentos urbanos 19 5. A DIVERSIDADE DE USOS NA ESCALA DO BAIRRO 22 6. CONCLUSÃO 23 REFERÊNCIAS 24 5 1. INTRODUÇÃO Segundo Lamas (1983) a morfologia urbana estuda elementos exteriores do meio urbano e suas relações reciprocas. De forma a definir e explicar a paisagem urbana e sua estrutura, e o comportamento de sua paisagem através do tempo. Esse conhecimento implica em utilizar ferramentas de leitura que ajudam a organizar e estruturar os elementos estudados, relação objeto- observador. Então essa análise esbarra em uma questão subjetiva quando defrontam as questões culturais. Entender a divisão do meio urbano em partes e a articulação entre si com o conjunto que definem (lugares que constituem um espaço urbano). Faz-se necessário a identificação dos elementos morfológicos, em leitura ou análise do espaço, concepção ou produção. A morfologia urbana interessa em primeiro lugar os instrumentos de leitura urbanisticos e arquiteturais, fazendo a leitura da cidade como um fato arquitetural. Então forma urbana seria um conjunto de objetos arquitetônicos ligados entre si por relações espaciais. Ou seja, a maneira como se organiza e se articula a sua arquitetura. Assim, arquitetura da cidade: obra de engenharia, e de arquitetura mais ou menos complexa (Rossi, 1997). Devendo ser levado em consideração aspectos quantitativos: tudo na realidade urbana por ser quantificado, possui densidade, superfície, fluxo, coeficientes volumétricos, e outros. Aspecto de organização funcional: relação com as atividades urbanas, habitar, instruir, tratar-se, trabalhar e outros. Aspecto qualitativo: tratamento do espaço, em relação a conforto, sonoro, de iluminação, térmico. Em relação à iluminação, adaptação ao clima. Dessa forma iremos apresentar neste trabalho uma análise dos elementos morfológicos que compõem o bairro da Madre Deus, um bairro tradicional de São Luis, fazendo uso de observações e análises interpretativas. 6 2. MADRE DEUS: um breve histórico É de notável importância que os profissionais urbanistas conheçam a cidade onde vivem, a fim de que estimulem o sentimento de identidade entre a comunidade e bairro para que, deste modo, se preserve a sua história. São Luís, com seus mais de quatrocentos anos, é berço de uma rica cultura e abriga as mais diversas tipologias de bairros em seu território. Para Kevin Lynch (1960), os bairros são unidades os quais são percebidos como possuindo características comuns, que os identificam. O bairro da Madre Deus, que fica nas proximidades do Centro Histórico de São Luís, apresenta algumas características peculiares. Inicialmente foi chamado Madre de Deus, devido à construção, em 1773, da ermida de Nossa Senhora da Madre de Deus, segundo pesquisasde Chagas Júnior (2003). O bairro se consolidou como um dos principais pólos culturais da cidade, abrigando inúmeras manifestações folclóricas, principalmente durante o período de carnaval e dos festejos juninos. Em 1998 o bairro recebeu intervenções do projeto "Viva Madre Deus", que fez parte do programa "Cidade Viva" do Governo do Estado. Com o objetivo de reintegração urbana de áreas públicas em São Luís, o projeto realizou modificações no bairro e contou com a participação de grupos comunitários. Fig. 1 – Bairro Madre Deus Fonte: Arquivo Pessoal 7 3. OS ESTUDOS DA MORFOLOGIA URBANA NA MADRE DEUS 3.1 Trecho de Análise Através da pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, entrevistas e registro fotográfico, definiu-se o trecho de análise morfológica (Fig. 2) no bairro da Madre Deus a partir de aspectos considerados relevantes para o estudo. Os elementos compreendidos na seleção, foram analisados de forma a esclarecer a sua organização e comportamento dentro do espaço urbano. Fig. 2 - Área analisada Fonte: Google Maps 4. ANÁLISE DOS ELEMENTOS DA FORMA URBANA 4.1. Fachada e Edifício A fachada é responsável pela comunicação do privado com o social. É a partir dela que o edifício passa a se inserir na rua, no bairro, na cidade. Segundo Lamas (1983), a fachada assume em determinadas épocas, concentração do 8 esforço estético, procurando o aparato, a representatividade, a ostentação e o prestígio, moldando a imagem e a estética das cidades. Baseando-se no livro de Moraes (1989, p. 28), no tocante às residências do início e meio do século XIX, “os habitantes menos abastados, que não podiam dar-se a esses luxos, encontraram outras soluções para o gosto da boa moradia, que é, sem dúvida, uma característica são-luisense de que jamais houve abdicação”. A partir de então, padrões foram criados para casas de um pavimento: com uma porta e janela, meia morada, morada inteira e morada e meia; e com elas, o emprego usual do azulejo. Os azulejos, tão usados, protegem as casas de infiltrações e da ação do salitre. Saindo deste contexto histórico e retornando à análise, as casas do bairro não apresentam um padrão estético, padrão de fachada e até mesmo de planta, ou seja, de disposições de ambientes. Ainda que resistente, pode-se notar a preservação da casa original, da fachada colonial, em algumas casas do bairro da Madre Deus. E a respeito disto, percebe-se ainda, que, com o passar dos anos, as diferenças de estilos arquitetônicos, como art-déco e contemporâneo, foram sendo empregadas nas fachadas. Há ainda a autoconstrução, onde se nota a ausência de fiscalização das leis urbanísticas e a verticalização das casas, de caráter predominantemente vernacular. Atualmente, o que se verifica é uma diversidade de estilos, cores e materiais sendo empregados nas fachadas, criando uma miscelânea arquitetônica, provocativa e agradável. 9 Fig 3- Fachada de casas da Rua São Pantaleão Fonte: Arquivo Pessoal Fig. 4 - Fachada de casa do Largo do Caroçudo Fonte: Arquivo Pessoal 10 Fig. 5 - Estilos de fachada Fonte: Moraes, 1989 Diferente do Centro Histórico, onde não apenas a fachada, mas toda a disposição de ambientes deve ser mantida, na Madre Deus, têm-se outra realidade. Casas de alto gabarito, contrastando com casas de um pavimento e mudanças sendo feitas, na maioria das vezes, sem a autorização de um órgão ou instituição responsável. Há destaque para alguns prédios no bairro, como o Correio Central, a sede da Companhia Barrica, O Ceprama, a sede da Tv Maranhense, a escola estadual José Giorceli Costa, o supermercado Bom Levar, a 2ª Vara da Infância e Juventude, o Hospital Geral/ Hospital do Câncer e a Capela de São Pedro, usados como pontos de referência e exemplos da diversidade de serviços presente no bairro. 4.2 Solo e traçado das ruas Segundo Lamas (1983), é a partir do território existente e da sua topografia que se desenha ou constrói a cidade. Assim, começaria a partir do Solo, do chão que se pisa, a se identificar os elementos morfológicos do espaço urbano. Na Madre Deus, percebe-se um desnível bem acentuado com relação ao nível do aterro do Bacanga, limítrofe ao bairro. Essa geografia dá ao bairro um 11 traçado próprio e elementos urbanísticos que o dão identidade, como observa- se no largo da Capela de São Pedro e na escadaria do Ceprama. Fig. 6 - Mapa topográfico da Madre Deus e arredores. Fonte: Google Maps Fig. 7 - Largo da Capela de São Pedro. Fonte: Arquivo Pessoal 12 Fig. 8 - Escadaria do Ceprama. Fonte: Arquivo Pessoal Sobre as ruas, Lamas (1983) diz que estas são assentadas diretamente sobre a geografia que preexiste na cidade, regulando a disposição e a hierarquia dos edifícios e dos quarteirões e ligando os vários espaços da cidade. Ela é um elemento morfológico de importância funcional e um dos elementos mais aparentes no desenho da cidade. São nas vias que ocorrem as mais diversas atividades, inclusive concomitantes, como o suporte ao transporte motorizado, as atividades econômicas, o simples lazer e as relações sociais, com suas trocas entre os usuários, afirmando a existência de uma esfera pública urbana entre aglomerados de espaços privados. O desenho das ruas é formado pelos “elementos da paisagem urbana”, que são os componentes morfológicos das vias. Nestes estão incluídos, por exemplo, o desenho do geométrico da via, o tratamento do pavimento, as calçadas, a arborização, a iluminação, o contorno e o mobiliário urbano, que formam a imagem da via em relação à percepção de seus usuários. E assim, junto com os edifícios propiciam ao interlocutor a reprodução da imagem da cidade, ou num menor âmbito, do bairro. No trecho analisado do bairro da Madre Deus, percebe-se que há alguma unidade com relação ao traçado das ruas, estas possuem certa ortogonalidade 13 e geralmente possuem calçadas com uma boa largura, além de, em certos pontos, possuir mobiliário urbano e arborização. As principais vias do bairro são a Rua São Pantaleão, a Avenida Gavião (mais conhecida como Ribamar Pinheiro) e a Avenida Rui Barbosa, além da Rua do Norte que não será contemplada na análise. A mais extensa das ruas analisadas é a Rua São Pantaleão, além da extensão ela se caracteriza por fazer a ligação do bairro com a cidade, liga as vias locais aos corredores principais e secundários próximos. É a via com maior fluxo de veículos e de usuários não residentes. É nela que se localiza o Ceprama, o Hospital Geral/ Hospital do Câncer, o Correio Central e a sede da Tv. Maranhense. Fig. 9 - Rua São Pantaleão Fonte: Arquivo Pessoal Já a avenida Rui Barbosa, também chamada de Largo do Caroçudo, não é extensa e nem possui ligação direta com corredores principais, porém possui uma grande importância local. Ela é mais frequentada pela população do barrio, mas também é palco das manifestações culturais que o barrio sedia. É nela que 14 se encontra a sede da Companhia Barrica e a Artesania, um centro de confecção de artesanato. Fig. 10 - Largo do Caroçudo Fonte: Arquivo Pessoal Com uma certa unidade em relação ao Largo do Caroçudo, a AvenidaGavião aparece como uma importante via de escomento de fluxo, ela aparece transversalmente a Rua do Norte, a avenida Rui Barbosa e a rua São Pantaleão, ligando-as entre si e com a avenida Vitorino Freire e ao Anel Viário. É nela que está localizado a escola estadual José Giorceli Costa, o supermercado Bom Levar e a 2ª Vara da Infância e Juventude. 15 Fig. 11 - Av. Gavião ou Ribamar Pinheiro Fonte: Arquivo Pessoal 16 4.3 Quadra e logradouro Fig. 12 - Quadras no trecho analisado Fonte: Grifo nosso a partir de imagens do Google Maps As quadras se comportam como um agrupamento de edificações, segundo Lamas (1983). As quadras do bairro da Madre Deus tem uma característica orgânica com princípios retilíneos, sendo de uma forma que beira o irregular, com delimitação entre rua e calçada quando os dois elementos estão presentes. 17 Os quarteirões não são curtos, e são delimitados por duas vias principais por sua extensão - a rua São Pantaleão e a rua do Norte - e paralelas. Todas as ruas são trafegáveis por carros e nem sempre há presença de calçadas desobstruídas durante o passeio, existindo postes ocupando parte da extensão da calçada já estreita, lixo, calçadas deterioradas e também ruas paralelas sem calçadas e com acesso a carros. Ainda segundo Lamas (1983) o logradouro é um espaço privado do lote que não é ocupado por construção. Um espaço anexo às casas distanciado da área pública. Como descrito no item 4.1 deste trabalho, as áreas privadas - casas, e grande parte das edificações do bairro existem em um espaço restrito, estreito, não ignorando a presença de grandes casas certadas de grandes muros, porém em sua maioria uma característica em comum é a ocupação da área total, ou quase total, para melhor aproveitamento, sem recuo como representado na figura 3. Em sua maioria são moradias de porta e janela, em que a porta é precedida por um estreito corredor que guia até a porta de entrada da casa. Dessa forma em um contexto geral a área analisada não possui logradouro, sendo essa uma das características aparentes do bairro, em uma tentativa de maior aproveitamento do pouco espaço existente. 4.4 A Praça As manifestações artísticas e folclóricas ludovicenses são inúmeras e, constituem um grande atrativo turistíco para a cidade. O bairro da Madre Deus é um dos principais pontos de culminância das mais diversas atividades culturais da cidade, considerado o ponto central de um complexo turístico-cultural de grande relevância e constituindo-se um dos maiores focos de atração cultural no período das festas populares da cidade. Entretanto para que haja as trocas ou diversidade cultural necessita-se de um espaço físico e concreto, por isso nos ateremos aqui à praça como lugar da diversidade cultural, pois como se pode constatar ao longo da história a praça é o lugar por excelência das ambiguidades e das trocas culturais. (SOUSA, s.d.) 18 A praça, assim como os demais elementos que fizeram parte das organizações que posteriormente deram origem às primeiras cidades, surge a partir do momento em que o homem deixa de ser nômade, e passa a fixar-se num lugar, e dessa forma, interagir com o mesmo. Para a civilização grega, elas tinham papel fundamental para a manutenção da vida na cidade. Na Madre Deus, observa-se a presença tímida de praças. Entretanto, nota-se que, as poucas existentes, tem grande representatividade para a concepção urbana do bairro. São locais que possuem relações intrísecas com edíficios ou locais que se destacam na escala do bairro. A de maior relevância é a Praça da Saudade, em frente ao Cemitério do Gavião. Outro espaço, que apesar de não ser considerado praça, atua, nesse contexto, como tal, é o Largo da Capela de São Pedro, o local que durante a festividade junina é lotado por vários grupos de bumba meu boi e, mantêm a tradição - de 75 anos - de homenagear o santo padroeiro dos pescadores. Fig.13 - Praça da Saudade Fonte: Arquivo Pessoal 19 4.4 Monumentos e equipamentos urbanos Segundo Lamas (1983), o monumento é um fato urbano singular, elemento morfológico individualizado pela sua presença, configuração e posicionamento na cidade e pelo seu significado. O bairro analisado apresenta bustos de personagens ilustres da nossa história, entretanto não recebem a homenagem devida, o que leva ao esquecimento por parte da população através da falta de identificação e de cuidados – e até mesmo pela ação de vândalos, como se vê na estela da avenida Ribamar Pinheiro; a partir deste contexto, os monumentos apresentam papel dispensável, não apenas na Madre Deus, mas em toda a cidade. No Largo do Hospital Geral está afixada ao pedestal, o busto de Netto Guterres, que foi, segundo Moraes (1989), o “(...) Médico dos Pobres, por sua exemplar caridade e dedicação aos desvalidos, a quem atendia onde moravam e, se necessário, ajudava na aquisição dos medicamentos.” (1989 p. 220) A praça onde foi posto o pedestal está bastante degradada e barracas de lanches ocupam quase todo o espaço. Entretanto é bem arborizado e ventilado, oferecendo um certo conforto. 20 Fig.14- Busto de Netto Guterres Fonte: Arquivo Pessoal O outro monumento analisado localiza-se na avenida Ribamar Pinheiro, como dito anteriormente. É uma estela, com busto de José Ribamar Pinheiro, a quem a avenida foi homenageada. A placa com a identificação do personagem foi retirada do local, o que prejudica no reconhecimento da sua contribuição para a cidade. Entretanto, o livro de Moraes descreve os dizeres presentes na estela, que existia outrora. “A Ribamar Pinheiro, o Grêmio Cultural Catullo Da Paixão Cearense, do Rio de Janeiro, GB, 1973, o Movimento Maranhense dos Trovadores e Gerson Tavares, por iniciativa de Guimarães Martins. Escultura de Gilberto Mandarino”. Mais abaixo, em caracteres menores: “Dentro da dor ..... e nesta ânsia, que me consome, consola-me saber, de alma vencida, que ela murmura, às vezes, o meu nome. Ribamar Pinheiro. (Do Luar da Estrada Longa....)” (MORAES, 1989 p.221, 222). 21 O local onde está implantada a estela é o canteiro central da avenida. Larga, bem cuidada, arborizada e com os postes presentes nela. É um ponto positivo para a fluidez no trecho, já que as pessoas aproveitam o espaço da calçada, que por sinal é larga e nivelada, e não precisam dividir espaço com postes. Fig.15 - Estela de José Ribamar Pinheiro Fonte: Arquivo Pessoal No tocante aos equipamentos urbanos, o bairro possui onde mais se tem usos e circulação. Bancos e mesas de concreto compartilham o espaço do Largo do Caroçudo, ou av. Rui Barbosa, protegidos por uma cobertura contemporânea de metal e acrílico. Esta avenida, também é bem arborizada e as calçadas, assim como na av. Ribamar Pinheiro, são niveladas e largas, em boa parte de sua extensão. Ambas foram beneficiadas pelo projeto do Governo do Estado, “Viva Madre Deus”, e esta é a explicação para o bom planejamento das vias, tendo em vista que as duas avenidas fazem parte do circuito cultural da cidade, e portanto, necessitam de toda infraestrutura possível. Entretanto, aponta-se a falta de um elemento, essencial para a circulação pelo bairro: os mapas. Presentes no Centro Histórico, ajudam os turistas e visitantes a encontrar o local desejado. Entretanto, na Madre Deus, isto é um problema, uma vez que obairro possui uma ampla diversidade de serviços. 22 Fig. 16 - Bancos do Largo do Caroçudo Fonte: Arquivo Pessoal 5. A diversidade de usos na escala do bairro Como resultado da pesquisa de campo, conclui-se que o bairro abriga uma grande variedade de usos, possuindo edifícios residenciais, comerciais, de serviços, etc. que fazem com que o bairro não se torne monótono e seja de certo modo, agradável e surpreendente. 23 6. CONCLUSÃO Segundo Rossi (1977), a morfologia urbana é o estudo das formas da cidade. A análise morfológica da cidade é de fundamental importância para a compreensão de seu funcionamento. A forma urbana no bairro da Madre Deus demonstra a sua complexidade e a sua diversidade de usos e atividades. O bairro, que era anteriormente chamado Madre de Deus, teve um grande aumento populacional com a expansão fabril no século XIX. Atualmente, o seu traçado urbano conta uma topografia que favorece a diversidade de tipologias das vias. Em alguns trechos nota-se o contraste entre passado e presente, seja por meio de suas fachadas e edifícios, seja por meio das diferentes configurações de seu meio. A Madre Deus é um bairro de grande bagagem cultural que se reflete na sua forma e o torna um excelente objeto de análise no contexto de importância histórica e cultural para a cidade de São Luís. 24 REFERÊNCIAS LAMAS, José M. Ressano Garcia. Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. Lisboa: Fundação Caloustre Gulbenkian, 2004. LYNCH, Kevin. The image of the city. Cambridge: The M.I.T. Press, 1960. MORAES, Jomar. Guia de São Luís do Maranhão. São Luís: Legenda, 1989. 261 p., il. CHAGAS JÚNIOR, José de Ribamar de Sousa. Madre Deus de festejos e festanças. São Luís: Lithograf, 2003. SOUSA, Rafael Oliveira de. A PRAÇA COMO LUGAR DA DIVERSIDADE CULTURAL. (Sem data de publicação). Disponível em: <http://need.unemat.br/4_forum/artigos>. Acesso em: 01 jul. 2015. ROSSI, Aldo. Para una arquitectura de tendencia. Escritos: 1956-1972. Barcelona: Editorial Gustavo Gilli S.A., 1977.
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