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( 1 ) Introdução, visão geral, conceitos, classificações e nomenclaturas de custos Objetivo • Contextualizar a Contabilidade de Custos no uni- verso das Ciências Contábeis; • Demonstrar a inserção da Contabilidade de Custos no âmbito da Contabilidade Financeira e Gerencial e a sua utilização como ferramenta de gestão empresarial; • Familiarizar o estudante com a terminologia pró- pria da Contabilidade de Custos; e • Apresentar os principais conceitos, nomenclaturas e classificações utilizadas em Contabilidade de Custos. Introdução Os custos constituem um dos itens mais relevantes no processo de planejamento e controle de uma organização, Cu st os e or ça m en to em pr es ar ia l 16 além de ser fator determinante na formação de preços e con- sequente competitividade das empresas. O ambiente socioeconômico globalizado contemporâ- neo estimula a velocidade na realização dos negócios e a acirra- da competição entre produtos concorrentes. A gestão dos cus- tos desses produtos, que já era importante, passou a ser vital para o processo decisório, assim como, o controle dos custos já planejados para a eventual correção dos objetivos propostos. A Contabilidade Gerencial e a Contabilidade de Custos são instrumentos valiosos para a gestão e controle dos custos. Os próximos tópicos desta Introdução irão estimular o estudo e o entendimento dessas duas formas de Contabilidade, bem como, a relação dessas mesmas formas com a Contabilidade Geral ou Financeira, presente na rotina das organizações, de qualquer porte. 1.1 A contabilidade no contexto evolutivo das relações sociais A contabilidade, propriamente dita, surge nos primór- dios da civilização juntamente com as primeiras necessidades do homem primitivo em controlar seu “patrimônio” – animais, ferramentas e outros pertences. Sua evolução está diretamente associada ao desenvolvimento do homem em sociedade. Desde os registros rudimentares, passando pelos gran- des momentos da evolução humana – Revolução Agrícola, Revolução Industrial e Revolução Tecnológica – observa-se que a contabilidade “acompanhou” o homem na sua trajetória evolutiva. Não poderia ser diferente, pois, desde que as rela- ções comerciais evoluíram da simples “troca” para as tran- In tr od uç ão , v isã o ge ra l, c on ce it os , c la ss ifi ca çõ es e n om en cl at ur as d e c us to s 17 sações online em Bolsas de Valores ou de mercadorias e de futuros, a contabilidade tem sido a linguagem utilizada para informar e controlar essas relações. Reconhecida como Ciência Social pela Academia de Ciências da França, em 1834, a Ciência Contábil é responsável por registrar todas as transações ocorridas em uma organi- zação, com ou sem fins lucrativos, com a finalidade de gerar informações financeiras que possibilitem o controle e a gestão do seu patrimônio. Além de registrar as transações já ocorri- das, as técnicas contábeis permitem, também, que se reali- zem análises e projeções importantes no processo decisório dessas organizações. 1.2 Formas da contabilidade A contabilidade, por meio de suas técnicas, é um ins- trumento indispensável, tanto para a projeção, na fase de planejamento, quanto para o controle dos custos das organi- zações. Por meio de uma de suas formas ou, ainda, pela com- binação delas, a contabilidade possibilita analisar a compo- sição dos custos incorridos e preços praticados, bem como, o acompanhamento eficaz dos resultados operacionais obtidos pela organização. Destinada a registrar, de maneira ordenada e siste- mática, todas as transações da organização, com o propó- Saiba mais: Veja: Youtube http://www.youtube.com/watch?v=MKHkCUPH XJk&feature=related Cu st os e or ça m en to em pr es ar ia l 18 sito de gerar informações sobre as mutações patrimoniais que sejam úteis aos seus diversos usuários, a contabilida- de pode assumir diferentes formas, de acordo com o obje- tivo pretendido: Contabilidade geral ou Financeira Condiciona-se aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e à normatização legal pertinente; registra os fatos já ocorridos; destina-se, principalmente, aos usuários externos (credores, fornecedores, governo, acionistas etc.), sendo obrigatória para todas as organizações; sua utilização no processo decisório é restrita à analise de fatos “passados”, o que nem sempre é útil ao gestor. Contabilidade Gerencial Faz uso das mesmas técnicas contábeis da Contabilidade Financeira, sem, no entanto subordinar-se aos Princípios Fundamentais de Contabilidade; tem como prin- cipal objetivo fornecer informações úteis e em tempo para a tomada de decisões; destina-se ao público interno da orga- nização, tendo em vista o seu caráter gerencial; faz uso, para geração das informações, prioritariamente, de conceitos de “finanças” e de “custos”. Contabilidade de Custos Os registros e técnicas utilizados na Contabilidade de Custos visam o controle e a análise dos gastos destinados às suas operações (manufaturas e/ou serviços). In tr od uç ão , v isã o ge ra l, c on ce it os , c la ss ifi ca çõ es e n om en cl at ur as d e c us to s 19 1.3 A Contabilidade de Custos e suas relações com a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial Quando e onde surgiu a Contabilidade de Custos? A Revolução Industrial marca o período em que o homem deixa de elaborar seus produtos, exclusivamente de forma artesanal, para entrar na era de produção em escala. A descoberta da utilização do vapor como energia motriz, colo- ca o homem à frente de uma nova era. As máquinas permi- tem o aumento da produção de bens de consumo em níveis, até então, inimagináveis. Constituindo um marco na trajetória evolutiva da humanidade, a Revolução Industrial iniciou-se na Inglaterra, em meados do Século XIII, ocasionando mudanças de caráter econômico e sociais extremamente significativas, decorrentes do impacto causado nos processos produtivos pela automa- ção proporcionada pelas máquinas. “É inegável que o controle dos custos pas- sa a ser imprescindível a partir dessa época e alguns autores defendem que a Contabili- dade de Custos se inicia nesse momento da história. Entretanto, a de considerar que há referências ao registro de custos desde épo- cas que remetem a, aproximadamente, 5000 a.C.” (SÁ, 1997). Cu st os e or ça m en to em pr es ar ia l 20 Escavações arqueológicas revelaram a existência de tabelas, com escrita cuneiforme, onde foram registrados cus- tos de mão de obra e materiais, ou seja, “custos diretos”. O que se pode afirmar, sem incorrer em erro, é que a Contabilidade de Custos teve suas raízes desenvolvidas na Contabilidade Geral ou Financeira que, como já foi visto, remonta ao início da história do homem civilizado. Nos moldes que se conhece hoje, a Contabilidade de Custos pas- sou a ser exigida no momento em que a modernização dos processos produtivos, trazida pela Revolução Industrial, passou a requerer um maior controle para a gestão dos cus- tos dos produtos. Qual o status da Contabilidade de Custos nos dias atuais? As últimas décadas têm sido palco de outra grande revolução no mundo civilizado – a Revolução Tecnológica. Alguns autores entendem, inclusive, que esta teve início com a própria Revolução Industrial, uma vez que, desde então, as máquinas e outros recursos de automação e energia não para- ram de evoluir. A entrada no Século XXI, graças aos efeitos da Revolução Tecnológica nos meios de comunicação, dá iní- cio ao momento histórico chamado de Era do Conhecimento.Graças à evolução desses meios, a informação é farta e extre- mamente rápida e as relações entre os diversos povos do pla- neta acontecem em frações de segundos. A economia mundial, como não poderia deixar de ser, reflete hoje, todo o dinamismo provocado pela velocidade das telecomunicações, é a “economia globalizada”. Nesse contexto, os negócios são realizados entre dife- rentes organizações de diferentes países, localizados nos mais diversos lugares do planeta, requerendo máxima rapi- In tr od uç ão , v isã o ge ra l, c on ce it os , c la ss ifi ca çõ es e n om en cl at ur as d e c us to s 21 dez e precisão nas tomadas de decisão por parte dos gestores envolvidos. Competitividade é a palavra de ordem! Em um cenário competitivo, onde a eficiência e a efi- cácia têm que caminhar juntas e rapidamente, a gestão das organizações depende de informações de natureza contábil e financeira, cada vez mais precisas e no tempo adequado para auxiliá-la no processo decisório. A Contabilidade de Custos continua mantendo suas funções de registro e controle, entretanto hoje, está inserida em um sistema de informações que abrange não só o os fatos e eventos já ocorridos, mas, também, aquilo que se planejou que ocorreria, quando da elaboração do planejamento estra- tégico da organização. Os Custos e a Contabilidade Gerencial Os registros da Contabilidade de Custos como enfa- tizado no tópico anterior vão demonstrar o que ocorreu em relação aos custos e as políticas de produção e manutenção de estoques, em um determinado período, em função de deci- sões tomadas anteriormente. As informações assim obtidas são comparadas com aquelas que decorrem do planejamento estratégico e orça- mentário da organização, propiciando o controle dessas ocor- rências pelos gestores que, se julgarem necessário, poderão ajustar os procedimentos de forma a atender os objetivos e metas propostas no planejamento. A mensuração dos custos e demais valores que com- põem o planejamento é uma função desempenhada pela Contabilidade Gerencial. Para esse fim, a Contabilidade Gerencial vai fazer uso dos conceitos de custos e de finanças, além de contar com os recursos de um Sistema de Informações Gerenciais, assunto que será estudado na unidade 8. Cu st os e or ça m en to em pr es ar ia l 22 1.4 Conceitos, terminologia básica, classificações e nomenclatura de Custos Conceito e definição de “custos” Definição Os custos representam os gastos necessários para a fabricação de um produto e/ou da prestação de um ser- viço que caracterizem a atividade operacional da orga- nização. Entende-se como atividade operacional, aquela atividade para a qual a empresa foi criada, aquela que constitui o (s) seu (s) objeto (s) social (is). Por exemplo: uma escola - prestar serviços de ensino; indústria alimen- tícia – fabricar alimentos. Conceito A palavra “custos” pode assumir mais de um signifi- cado ou conotação, dependendo da situação onde está sendo utilizada. Bruni (2010, p.19) dá o seguinte exemplo: “se um consumidor afirmar que a compra de uma nova camisa lhe custou $ 20,00, poucas dúvidas surgirão”; entretanto, se for indagado quais foram os custos da camisa para o seu fabri- cante, diferentes respostas serão obtidas. O custo de uma camisa para o seu fabricante pode significar o custo de sua produção, isto é, o que foi gasto para tê-la pronta, desde a compra do tecido - sua matéria- -prima - até a sua embalagem; os custos apropriados pela Contabilidade; o custo financeiro; o custo total ou integral; ou, ainda o custo de oportunidade. In tr od uç ão , v isã o ge ra l, c on ce it os , c la ss ifi ca çõ es e n om en cl at ur as d e c us to s 23 Observa-se que as diversas conotações que a expres- são “custos” pode assumir, requerem que se busque conhecer as diversas terminologias e nomenclaturas envolvidas com a Contabilidade de Custos e o seu uso pela Contabilidade Gerencial. Terminologia básica Gastos A classificação de um gasto como custo, conforme pode ser observado no tópico anterior, requer que se analise se o referido gasto foi “imprescindível” à fabricação do pro- duto ou à prestação de serviços. Mas, o que pode ser entendido como “gasto”? Denomina-se como “gasto” ou “dispêndio” todo o sacrifício (desembolso atual ou futuro) que a entidade precise fazer para obter bens ou serviços. Dependendo do fim a que Saiba mais: Exemplos de gastos da Escola Luz do Saber que podem estar relacionados com a prestação de serviços de ensino e, portanto, podem ser classificados como custo dos servi- ços prestados: aluguel do prédio da escola; energia elétrica consumida nas instalações da escola; salário dos professo- res; serviço de limpeza das instalações; salário dos serven- tes; água consumida nas instalações; e todos os demais gastos sem os quais não seria possível prestar o “serviço de ensino” da forma como foi contratado com o cliente. Exemplos de gastos da Indústria de Alimentos Pão Nosso que podem estar relacionados com a produção dos alimentos e, portanto, podem ser classificados como custo dos produtos: aluguel da fábrica; energia consu- mida da fábrica; mão de obra direta (pessoal envolvido diretamente com a produção); matéria-prima; salários dos supervisores; embalagens; depreciação dos equipamentos da fábrica; e todos os demais gastos sem os quais não seria possível produzir os produtos a serem comercializados. Cu st os e or ça m en to em pr es ar ia l 24 se destina, o gasto poderá ser considerado como um “investi- mento”, um “custo”, ou uma “despesa”. Investimento Todo gasto despendido em bens ou serviços que pas- sam a fazer parte do Ativo da entidade tem a natureza de um investimento, até que se transforme em “custo” ou “despesa”. Dependendo do fim a que se destina, o gasto poderá, além de ter a natureza intrínseca de investimento, assumir a qualidade “real” de investimento, como por exemplo, quando se refere à aquisição de um Ativo de caráter permanente, isto é, uma riqueza da qual a entidade não pretende desfazer-se (vender). Portanto, um “investimento”. Quando a empresa investe suas sobras de caixa no mercado financeiro, também ocorre um Investimento. Despesas As despesas representam o consumo de bens ou de serviços que, de alguma forma (direta ou indireta), irá gerar alguma receita. Tais gastos NÃO estão relacionados à “produ- ção” de bens ou serviços. Exemplo: Despesas com aluguel do prédio da administração => contribuição indireta para a geração da receita operacional, pois, nenhuma empresa tem condições de existir sem a sua administração que “precisa” estar instalada em algum lugar. Despesas com o salário dos vendedores => os vende- dores são necessários para a geração da receita com vendas, mas não estão ligados à produção. In tr od uç ão , v isã o ge ra l, c on ce it os , c la ss ifi ca çõ es e n om en cl at ur as d e c us to s 25 Desembolsos Os desembolsos representam o pagamento do gasto, independentemente do consumo do bem ou serviço. Perdas Bem ou serviço consumidos de forma anormal e/ou involuntária. Pode-se destacar dois tipos de perda, de acordo com Bruni (2010, p. 24): 1º | Um gasto não intencional decorrente de fatores externos extraordinários. Neste caso, a perda deve ser apro- priada diretamente ao resultado. Exemplo: perdas causadas por uma enchente; e 2º | Perdas decorrentes da atividade operacional (pro- dutiva) da empresa, já previstas. Tais perdas são conhecidas e, por fazerem partedo processo produtivo, devem ser classi- ficadas como custo de produção do período. Exemplo: sobras de material; aparas; refugos etc. Exemplos de utilização da terminologia básica da Contabilidade de Custos: 1 - A Escola Luz do Saber adquiriu, no mês de junho/2010, um lote de 10.000 folhas de papel sulfite pelo valor de R$ 500, com a finalidade de utilizar parte delas na impres- são das provas bimestrais que ocorreriam no mesmo mês. O pagamento ao fornecedor – Papelaria Kalonga, foi feito à vista Saiba mais: Quer conhecer melhor o assunto? Leia o artigo “Produção e Perdas na Indústria de Clear Blocs”. Disponível no site: http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1998_ ART268.pdf Cu st os e or ça m en to em pr es ar ia l 26 na data da aquisição. O primeiro lote de impressão de provas envolveu o consumo de 3.000 folhas de papel, portanto, 30% do estoque adquirido. As receitas das mensalidades são apro- priadas no último dia de cada mês. Contabilização: (A) Para a Escola Luz do Saber, a aquisição do lote de papel sulfite, inicialmente é um INVESTIMENTO a ser regis- trado com material de consumo. Trata-se, neste momento de um Ativo que deverá gerar resultados futuros. Como o paga- mento do papel foi feito à vista, ocorreu um DESEMBOLSO, representado pelo lançamento na conta Caixa; (B) O consumo do papel sulfite, pela confecção das pro- vas, constitui um custo para a Escola Luz do Saber, uma vez que a sua atividade principal é “prestar serviço de ensino”. Assim, o papel sulfite utilizado, tem o seu valor transferido para serviços em andamento; (C) No final do mês, tendo em vista que a Escola cobra “mensalidades” dos seus alunos pelos serviços Ativo Ativo Ativo Material de consumo Caixa Serviços em andamento (A)500 150(B) (D)1200 500(A) (B)150 150(C) Despesas Custo dos serviço prestados Receitas de serviços prestados (C) 150 1200(D) (A) Compra de papel sulfite, conforme NF 1200 - Kalunga - tem a natureza de um INVESTIMENTO. (B) Quanto o material é consumido na prestação do serviço, este é alocado como CUSTO. (C) Na entrega do serviço, o custo é transferido para, DESPESAS, no resultado. (D) Receitas decorrentes das mensalidades recebidas dos alunos. In tr od uç ão , v isã o ge ra l, c on ce it os , c la ss ifi ca çõ es e n om en cl at ur as d e c us to s 27 prestados. O custo desses serviços, representado neste exemplo pelo consumo do papel sulfite, será apropria- do no resultado, caracterizando uma DESPESA, embora esta seja denominada como Custo dos Serviços Prestados, para melhor caracterização. (D) Também no final do mês, ocorre a apropriação das receitas decorrentes das mensalidades que, neste exemplo, são recebidas no mesmo dia, o que, eventualmente, pode não ocorrer na prática. Mesmo que não tivesse recebido o valor das mensalidades, a contabilidade apropriaria as receitas, tendo em vista a obediência ao Princípio da Competência, um dos Princípios Fundamentais da Contabilidade. 2 - A Indústria de Alimentos Pão Nosso adquiriu, no mês de junho/2010, um lote de 10.000 folhas de papel sulfi- te pelo valor de R$ 500, com a finalidade de utilizá-las para a impressão geral de documentos e relatórios dos seus depar- tamentos administrativos. O pagamento ao fornecedor – Papelaria Kalonga, foi feito à vista na data da aquisição. No final do mês, a Contabilidade constatou o consumo de 30% do estoque de papel e fez a correta apropriação do respectivo valor em conta de despesa administrativa. Contabilização: Ativo Ativo Ativo Material de consumo Caixa Serviços em andamento (A)500 150(B) 500(A) (B)150 (A) Compra de papel sulfite, conforme NF 1200 - Kalunga - tem a natureza de um INVESTIMENTO. (B) Quanto o material é consumido na prestação do serviço, este é alocado como CUSTO. Cu st os e or ça m en to em pr es ar ia l 28 (A) Para a Indústria de Alimentos Pão Nosso, a aquisição do lote de papel sulfite, inicialmente é um INVESTIMENTO a ser registrado com material de consumo.Trata-se, neste momento de um Ativo que deverá gerar resultados futuros. Como o pagamento do papel foi feito à vista, ocorreu um DESEMBOLSO, representado pelo lançamento na conta Caixa; (B) O consumo do papel sulfite, pelos departamentos administrativos da indústria de Alimentos Pão Nosso, consti- tui uma DESPESA administrativa com material de escritório, uma vez que esse consumo NÃO faz parte da sua atividade operacional principal que é “fabricar alimentos”. Diferença entre “Custos” e “Despesas” A diferença entre custos e despesas é um dos pontos mais “nebulosos” para os iniciantes no estudo dos Custos. Entretanto, é bastante fácil distingui-los. Bruni (2010, p. 24) uti- liza uma imagem bastante clara para exemplificar a diferença entre tais conceitos afirmando que, custos são “armazenados nos estoques”, sendo consumidos pelos produtos ou serviços durante o respectivo processo de elaboração. Já as despesas estão associadas a um período específico, não repercutindo diretamente na elaboração dos produtos ou serviços prestados. Diferenciação entre custos e despesas Fonte: BRUNI (2006, p.25) DespesasCustos Produtos ou serviços elaborados Investimentos Gastos Balanço patrimonial Consumo associado à elaboração do produto ou serviço Consumo associado ao período Demosntrativo de resultados do exercício In tr od uç ão , v isã o ge ra l, c on ce it os , c la ss ifi ca çõ es e n om en cl at ur as d e c us to s 29 Como pode ser observado na figura, os custos estão diretamente relacionados ao processo de produção de bens ou serviços, conforme já foi enfatizado. Estão “agregados” aos estoques da empresa, com Ativos no Balanço Patrimonial. As despesas, ao contrário, integram diretamente o Resultado do período e são gastos que não estão relacionados à produção, seja de bens ou de serviços (administrativos, de vendas, ou financeiros). Classificação e Nomenclaturas de Custos Os custos podem ser classificados de diferentes formas, dependendo do objetivo que se pretende alcançar com a referi- da classificação. Podem, ainda, ser classificados de acordo com as peculiaridades de gestão de cada empresa. Nesta disciplina serão abordadas as classificações mais comuns utilizadas. Classificação em relação aos “produtos” e ao “volu- me” de produção Em relação aos produtos: • Custos Diretos - Os custos diretos são aqueles que podem ser “diretamente” relacionados com cada pro- duto, de forma objetiva. Não há dúvida da sua iden- tificação com o produto ou qualquer dificuldade em relação à sua mensuração e apropriação. Como exem- plo pode-se citar: matéria-prima e mão de obra direta. Os custos diretos também são chamados de custos primários. • Custos Indiretos - Ao contrário dos custos dire- tos, a identificação dos custos indiretos com os produ- tos não é clara e, portanto, sua alocação aos produtos é feita por critérios subjetivos e com baixo grau de Cu st os e or ça m en to em pr es ar ia l 30 precisão, por meio de “rateios”. São exemplos de cus- tos indiretos: aluguel do prédio da fábrica e salário dos supervisores da fábrica. Os custos indiretos também são chamados de Custos Indiretos de Fabricação (CIF) ou Custos Indiretos de Produção (CIP). Em relação ao volume de produção: • Custos fixos - custos fixos são custos cujo montante independe do volume de fabricação, dentro de deter- minado período. Qualquer que seja a quantidade fabri- cada, o custo será o mesmo. Exemplo: aluguel da fábrica. • Custosvariáveis - Custos variáveis são custos cujo montante vai variar em função do volume de fabrica- ção, dentro de determinado período. Quanto maior a quantidade fabricada, maior será o custo. Exemplo: matéria-prima, também chamada de material direto. Os custos variáveis também são chamados de custos diretos ou, ainda, custos marginais. In tr od uç ão , v isã o ge ra l, c on ce it os , c la ss ifi ca çõ es e n om en cl at ur as d e c us to s 31 Classificação com base em volume (Qtde.) Fonte: BRUNI (2010) Custos semifixos e semivariáveis Os custos semifixos são compostos por uma parte que é fixa até um determinado ponto e, a partir daí, comporta-se de maneira variável. Exemplo de custo semifixo: Abastecimento de água - até um determinado patamar de consumo, o custo é fixo, a par- tir daí, ele vai variar em função da quantidade consumida. Os custos semivariáveis são aqueles que não acom- panham a produção de forma linear. São, na realidade, cus- tos fixos dentro de certos limites que variam de acordo com o volume produzido, caracterizando uma variabilidade por “saltos” quando representados graficamente. Exemplo de custo semivariável: Contratação de novos supervisores em função do volume de produção – os gastos • Fixos • Variáveis Ex.: aluguel da fábrica Valor $ Quantidade produzidaCustos fixos Exemplo: Aluguel Valor $ Quantidade produzidaCustos variáveis Exemplo: Mat. Diretos Valor $ Quantidade produzida Custos semivariáveis Exemplo: Copiadora Valor $ Quantidade produzida Custos semifixos Exemplo: Conta de água • Semifixos • Semivariáveis Cu st os e or ça m en to em pr es ar ia l 32 são fixos até que se atinja um volume de produção, onde o número de supervisores já não atende às necessidades e se contrata mais alguém => neste momento, ocorre uma variação até que um novo limite seja atingido. Outras Classificações e Nomenclaturas Mão de Obra Direta (MOD) O valor da mão de obra direta corresponde a toda remuneração e respectivos encargos sociais devidas ao ope- rário que trabalha diretamente na produção do bem ou servi- ço e, cujo tempo possa ser identificado com a “unidade” que esteja sendo produzida. Mão de Obra Indireta (MOI) A mão de obra indireta é aquela empregada nos depar- tamentos auxiliares de produção de bens ou serviços e que não é identificável diretamente com um produto ou serviço prestado. Exemplo: mão de obra de supervisores, controle de qualidade etc. Material Direto (MD) O material direto representa toda a matéria-prima ou material que possa ser identificado, de forma direta, com uma unidade do produto que esteja sendo fabrica- do. É identificado, de forma inequívoca, como o material que sai da fábrica incorporado ao produto ou, ainda, como embalagem deste, nos casos em que este não possa ser comercializado sem a mesma. O valor do consumo de material direto é dado pela seguinte equação: In tr od uç ão , v isã o ge ra l, c on ce it os , c la ss ifi ca çõ es e n om en cl at ur as d e c us to s 33 Material Indireto (MI) Material indireto é aquele material empregado nas ati- vidades auxiliares da produção ou, ainda, aquele material cujo relacionamento com o produto é irrelevante. Exemplo: material de manutenção das máquinas (graxas, lubrificantes etc.). Custo de Produção do Período (CPP) O custo de produção do período é representado pela soma dos custos incorridos no período dentro da fábrica. Custo da Produção Acabada (CPA) O custo da produção acabada corresponde à soma dos custos contidos na produção acabada no período. MD = EI + C + EF Sendo: EI = Estoque inicial C = Compras EF = Estoque final CPP = MD = MOD + CIF Sendo: MD = Material direto MOD= Mão de obra direta CIF = Custos indiretos de fabricação CPA = EIpp + CPP - Efpp Sendo: EIpp = Estoque inicial de produtos em processo (ou em fabricação) CPP = Custos da produção no período EFpp = Estoque final de produtos em processo (ou em fabricação) Cu st os e or ça m en to em pr es ar ia l 34 Custo dos Produtos Vendidos (CPV) O custo dos produtos vendidos corresponde à soma dos custos incorridos na produção dos bens e serviços que estão sendo vendidos. Pode conter custos de produção de diversos períodos. Considerações finais Esta unidade permitiu conhecer alguns fundamentos e aspectos históricos da Ciência Contábil, além das caracterís- ticas e a relação existente entre a Contabilidade de Custos, a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial e, tam- bém, a relação destas com o processo de gestão das entidades. Foi, ainda, demonstrado que no mundo globaliza- do contemporâneo, a vertiginosa velocidade das transações comerciais e financeiras exigem presteza, eficiência e eficá- cia na tomada de decisão, sendo as formas de Contabilidade apresentadas e, particularmente, a Contabilidade Gerencial, instrumentos imprescindíveis nesse processo. Nesta unidade, também possibilitou conhecer a ter- minologia básica utilizada para identificar os eventos tra- tados pela Contabilidade de Custos e seus principais con- ceitos e nomenclaturas. Tal conhecimento é imprescindível para os gestores na realização de qualquer tipo de planeja- mento e controle das estratégias que possam ser estabeleci- das para atingir os objetivos e resultados pretendidos por uma entidade. CPV = EIpa + CPA - Efpa Sendo: EIpa = Estoque inicial de produtos acabados CPS = Custo dos produtos acabados EFpa = Estoque final de produtos acabados In tr od uç ão , v isã o ge ra l, c on ce it os , c la ss ifi ca çõ es e n om en cl at ur as d e c us to s 35 REFERÊNCIAS BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de pre- ços. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C.; PEREIRA, E. Dicionário de termos de contabilidade. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2003. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2003. SÁ, A. L. História geral e das doutrinas da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1997. Notas: 1. Entidade = uma entidade representa a união de pessoas, recursos e organizações com vistas a desenvolver deter- minada atividade econômica, com ou sem fins lucrativos. 2. Bens = bens podem ser entendidos como sendo coi- sas úteis e capazes de satisfazer às necessidades das pes- soas (físicas ou jurídicas). Na Contabilidade de Custos são sinônimos de “produtos”. 3. Ativo = é o conjunto de todos os bens e direitos de posse, controle ou propriedade da entidade, mensuráveis monetariamente, que representam benefícios presentes ou futuros. 4. Ativo Permanente = é um grupo do Ativo que reúne bens e direitos que dificilmente serão transformados em dinheiro pela respectiva venda, pois são adquiridos com a finalidade de serem utilizados como meio de consecução dos objetivos operacionais da entidade. Fonte: (IUDÍCIBUS, MARION e PEREIRA, 2003) ( 1 ) Introdução, visão geral, conceitos, classificações e nomenclaturas de custos 1.1 A contabilidade no contexto evolutivo das relações sociais 1.2 Formas da contabilidade 1.3 A Contabilidade de Custos e suas relações com a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial 1.4 Conceitos, terminologia básica, classificações e nomenclatura de Custos ( 2 ) Estoques e sistemas de custeio 2.1 Avaliação de estoques e sistemas de custeio 2.1.1 Composição de conta estoques 2.1.2 Aspectos da avaliação dos Estoques 2.2 Etapa inicial: custo histórico 2.3 Custos e Controle de estoques 2.4 Apropriação dos custos ao resultadoda entidade 2.5 Sistemas de Custeio 2.6 Desvalorização de estoques ( 3 ) Apropriação de Custos e Custeio ABC 3.1 Apropriação de custos aos produtos 3.2 Departamentalização 3.3 Fundamentos do Custeio ABC 3.4 Objetivos do custeio ABC 3.4.1 Etapas do custeio ABC 3.4.2 O custeio ABC e a gestão ( 4 ) Custos parta tomada de decisões de produtos e projeção de resultados; Teoria das Restrições – TOC 4.1 Custos na tomada de decisões de produção e projeção de resultados 4.2 Alavancagem operacional 4.3 Margem de contribuição (MC) 4.4 Ponto de equilíbrio (break even point) 4.5 Fundamentos da Teoria das Restrições (TOC) 4.6 A TOC e a Contabilidade de Custos ( 5 ) Gestão de preços com base em custos e a Contabilidade de Custos no processo de planejamento e controle 5.1 Gestão estratégica de preços 5.1.1 Gestão de preços com base em custos 5.2 Target Costing 5.3 Custos no processo de planejamento e controle 5.4 Planejamento ( 6 ) Planejamento estratégico, tático e operacional; Planejamento orçamentário e Beyond Budgeting 6.1 Planejamento estratégico, tático e operacional 6.2 Planejamento estratégico 6.3 Planejamento operacional 6.4 Planejamento orçamentário 6.5 Beyond budgeting ( 7 ) Etapas de elaboração dos orçamentos e Plano financeiro 7.1 Etapas de elaboração do orçamento 7.3 O Orçamento de investimentos e financiamentos ou Orçamento financeiro 7.4 Demonstrações contábeis projetadas ( 8 ) Controle orçamentário e Sistemas de custos e orçamentos 8.1 Controle orçamentário 8.1.1 Acompanhamento e análise das variações orçamentárias 8.1.2 Tipos de variações 8.2 Sistemas de custos e orçamentos 8.3 Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) 8.4 Sistemas de Custos 8.5 Sistemas de orçamentos
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