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Apostila de Atividade Física e Saúde.pdf

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ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
Graduação
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
13
U
N
ID
A
D
E 
1
CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA,
SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA
PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA
RELACIONADA À SAÚDE
Nesta primeira unidade conceituaremos e diferenciaremos saúde,
atividade física e qualidade de vida, apresentaremos também os conceitos e
a aplicabilidade da aptidão física relacionada à saúde. Assim, esperamos
facilitar a identificação dos objetos de estudo destas áreas e das suas
interfaces.
OBJETIVOS DA UNIDADE:
• Conceituar e diferenciar atividade física, saúde e qualidade de
vida, perspectivado na adoção de um estilo de vida saudável;
• Identificar os objetos de estudo e as interfaces entre os
conteúdos destas áreas de conhecimento;
• Identificar as variáveis da aptidão física relacionadas à saúde,
buscando desenvolver uma visão crítica destes conceitos e
referências.
PLANO DA DISCIPLINA:
• Conceito e abrangência do termo saúde.
• Conceito e abrangência do termo ‘atividade física’.
• Conceito e abrangência do termo qualidade de vida relacionado
a adoção do estilo de vida ativo.
• Variáveis da aptidão física relacionadas à saúde.
Bem-vindo à primeira unidade de estudo.
Sucesso!
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
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CONCEITO E ABRANGÊNCIA DO TERMO SAÚDE
Desde o início da nossa história que buscamos saúde, esta busca
sofreu influência de vários fatores que deslocam o indivíduo de um pólo
positivo a um pólo negativo. Mas, afinal, o que são estes pólos? O que
influencia este deslocamento? Qual o papel da atividade física na melhoria
da qualidade de vida?
É comum escutarmos que esta ou aquela pessoa tem boa ou má
aptidão física. Mas, afinal, o que é aptidão física? Quais as variáveis
envolvidas? Qual a sua relação com a saúde e com o desempenho atlético?
Responda a estas questões e estaremos iniciado muito bem o nosso
estudo. E, então, vamos em frente?
Os principais fatores influenciadores da saúde são: ambientais,
sociais, biológicos e comportamentais.
Os fatores ambientais, também conhecidos como meio ambiente,
estão ligados a um grande grupo de variáveis, como por exemplo: sazonal,
poluição, moradia e infra-estrutura urbana.
Os fatores sociais dizem respeito a garantia à educação, ao
transporte, à segurança e à saúde, além dos fatores ambientais
favoráveis.
Os fatores biológicos estão ligados à idade, ao gênero, à etnia e à
predisposição genética.
Os fatores comportamentais, por sua vez, estão ligados ao estilo
de vida, podendo ser ativo ou sedentário, positivo ou negativo,
configurando-se como principal foco de estudo da nossa disciplina.
Desta forma podemos destacar que ao transitarmos de um lado ao
outro dos pólos observamos que todas estas variáveis influenciam
bastante na definição do estado de saúde das pessoas, portanto, não
podemos avaliar a saúde de forma estática e unifatorial.
Você pode perceber que a saúde, além de multifatorial na sua
definição, impõe um olhar multiprofissional sobre si mesma.
Saúde: para a Organização
Mundial da Saúde – OMS,
em 1978 a saúde foi defini-
da como uma multiplicidade
de aspectos do comporta-
mento humano voltados
para um estado de comple-
to bem-estar físico, mental
e social. Não apenas como
ausência de doenças, como
muitos imaginavam. Atual-
mente, para compreender-
mos melhor a grandiosidade
desta pequena palavra, pre-
cisamos entender que não
devemos olhar somente
para os fatores biológicos,
mas principalmente para o
modo como se vive, ou seja,
para o estilo de vida.
Meio ambiente: local em
que vivemos e nos relacio-
namos.
Sazonal: relativo às esta-
ções climáticas do ano.
Infra-estrutura urbana: sa-
neamento básico, esgotos,
ruas calçadas ou asfaltadas
e com passeio, praças, par-
ques arborizados, etc.
Olhar Multiprofissional: re-
lativo a análise feita por
uma equipe formada por vá-
rios profissionais, das mais
diversas áreas de conheci-
mento, sobre um problema
específico que recebe influ-
ência de vários fatores.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
15
Outro ponto que merece destaque ao estudarmos a saúde são os
seus indicadores clássicos:
• A vitalidade e o estado funcional da pessoa avaliada;
• Sua condição epidemiológica;
• E sua qualidade de vida.
O estado funcional de uma pessoa recebe influência de vários
aspectos, como por exemplo: idade, estado nutricional, histórico de
doença e nível de aptidão física, este último sofre influência direta do
nível de atividade física diária da pessoa.
A condição epidemiológica diz respeito às condições gerais de saúde,
assunto que iremos estudar mais adiante na 3ª unidade.
Neste contexto, admitimos que as doenças são indicadores de
eventuais desequilíbrios entre o homem, seu estilo de vida e o meio
ambiente, e que a saúde deverá ser alcançada mediante a interação de
ações que possam envolver o próprio homem através de suas atitudes
frente às exigências ambientais e comportamentais representadas, por
exemplo, pela alimentação, estresse, lazer, aspectos ambientais,
financeiros e prática de atividade física, entre outros. (PITANGA, 2004)
CONCEITO E ABRANGÊNCIA DO TERMO ATIVIDADE FÍSICA
Encontramos na literatura várias definições sobre atividade física.
Em linhas gerais, atividade física pode ser definida como qualquer
movimento produzido pela musculatura esquelética, que resulte em gasto
energético maior que o gasto de repouso.
No âmbito das at iv idades f ís icas
observamos algumas variações que são
determinadas pela intensidade, duração
e frequência com que nos submetemos a
elas. Além destas var iações, temos
também algumas características, como por
exemplo: as atividades habituais ou da
vida diár ia, ver i f icadas nas tarefas
domésticas, no deslocamento para o
trabalho ou no próprio trabalho; as
atividades de lazer ou de cunho recreativo
que são voltadas para a melhoria da
saúde e da imagem corporal; ou ainda,
as atividades esportivas. Estas últimas caracterizam-se por terem regras
preestabelecidas e podem ser recreativas ou de rendimento, seus
praticantes podem ser amadores ou profissionais.
Epidemiologia: é a ciên-
cia que estuda o fenôme-
no da relação entre a saú-
de e a doença e seus
determinantes.
Gasto energético: é ocasi-
onado pelo gasto de ener-
gia acumulada no organis-
mo em forma de glicogênio
e gordura, durante as ativi-
dades físicas.
Amadores: atletas que não
vivem profissionalmente do
esporte que praticam.
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
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CONCEITO E ABRANGÊNCIA DO TERMO QUALIDADE DE VIDA
RELACIONADO AO ESTILO DE VIDA ATIVO.
O termo qualidade de vida está em evidência na sociedade
contemporânea, escutamos sempre frases do tipo: temos que melhorar
a qualidade de vida das pessoas, fulano tem
uma má, ou uma boa qualidade de vida! Mas
afinal, o que é então qualidade de vida?
Este é um termo muito dinâmico e um
tanto polissêmico, leva em consideração
vários aspectos do cotidiano, como por
exemplo: acesso a saúde, educação,
alimentação, lazer, segurança, moradia,
equipamentos e utensílios eletroeletrônicos,
trabalho e participação política nas questões
que dizem respeito a si e à sociedade, entre
outros. Quanto mais efetivo for o acesso aos
aspectos aqui destacados, mais qualidade de
vida a pessoa tem (GONSALVES & VILARTA, 2004).
Todos estes aspectos da qualidade de vida vêm influenciando as
pessoas na adoção de um determinado estilo de vida. É bom lembrá-lo
queo nosso foco é o estilo de vida ativo, saudável, positivo, pois há
vários estudos que comprovam que a adoção deste estilo de vida
influencia positivamente na melhoria da saúde e da qualidade de vida.
Destacamos, que para efeito de estudo da área da Educação Física,
temos os estilos de vida: sedentário, ativo e atleta.
A estreita relação entre qualidade de vida e estilo de vida tem
levado as pessoas a utilizarem estes dois termos como sinônimos,
tamanha a interface que há. Sendo assim, acreditamos que uma das
principais contribuições dos profissionais de Educação Física seja o
incentivo a melhoria da saúde e da qualidade de vida, através do fomento
à adoção de um estilo de vida positivo incluindo em seu cotidiano
atividades físicas e boa alimentação, afastando-os de atitudes negativas
para a saúde como tabagismo, alcoolismo, depressão e sedentarismo,
buscando melhorar sua aptidão física relacionada à saúde.
Pesquisas no mundo inteiro, inclusive no Brasil, têm mostrado que
o estilo de vida, mais do que nunca, passou a ser um dos mais importantes
determinantes da saúde das pessoas.
Polissêmico: termo que tem
muitos significados.
Determinantes: Papel da
atividade física e do exercí-
cio na prevenção de doen-
ças e na reabilitação.
(HEYWARD, 2004. p. 20).
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
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Determinantes da Saúde
Papel da atividade física e do exercício na prevenção de doenças e na
reabilitação (HEYWARD, 2004. p. 20 ).
Após analisar cada um desses conceitos e abrangência, você já pode
ter uma idéia da responsabilidade do profissional de Educação Física na
condução de atividades físicas objetivando a melhoria da saúde e da
qualidade de vida, através do incentivo ao estilo de vida ativo.
Até agora, você estudou os conceitos, as diferenças e as relações
entre saúde, atividade física e qualidade de vida. Na sequência, você estudará
a aptidão física relacionada à saúde.
VARIÁVEIS DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADAS À SAÚDE
Já ouvimos falar muitas vezes que
alguém tem boa ou má aptidão física, mas
agora precisamos entender melhor este
problema, pois, afinal, estaremos sempre nos
deparando com estes conceitos em nosso
cotidiano acadêmico e profissional. Então
vamos continuar nosso caminho.
De acordo com a Conferência
Internacional de Toronto, realizada em 1992,
a aptidão física associada à saúde ficou
entendida como a capacidade para
realizarmos com vigor as tarefas do cotidiano,
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
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além da demonstração de traços e capacidades que estão associados a um
menor risco de desenvolvimento de doenças crônicas. Expressa ainda, um
conjunto de qualidades que encontramos em cada pessoa; estas qualidades
recebem influência de um grande número de fatores endógenos e exógenos.
O modelo descritivo a seguir explica melhor esta complexa relação.
Tradicionalmente, os testes de aptidão física enfatizavam medidas
relacionadas com a habilidade, a agilidade e o equilíbrio. Recentemente, estes
testes enfatizaram também medidas relacionadas à saúde.
Com base na literatura especializada, criamos o seguinte esquema
para facilitar seu entendimento quanto aos componentes mais comumente
avaliados em testes de aptidão física, tanto os relacionados ao desempenho
atlético quanto os relacionados à saúde:
Nesta ótica, a aptidão física relacionada ao desempenho atlético deve
levar em consideração a especificidade de cada especialidade esportiva, ao
passo que a aptidão relacionada à saúde envolve, especialmente, aqueles
componentes que, em questões motoras, podem influenciar positivamente
no combate às doenças do tipo degenerativas não-transmissíveis (GUEDES
e GUEDES, 2006).
Doenças crônicas: são do-
enças que se instauram no
organismo das pessoas de
forma lenta e duradoura de-
generando-o; para nossa
área de estudo nos
ateremos as não-
transmissíveis (crônicas
degenerativas não-
transmissíveis), a exemplo
das coronariopatias, da hi-
pertensão, da obesidade, do
diabetes, entre outras.
Fatores endógenos: fatores
que se manifestam interna-
mente, próprio do organis-
mo ou do corpo.
Fatores exógenos: fatores
que se manifestam externa-
mente e que influenciam in-
ternamente o organismo ou
corpo.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
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Em nosso curso vamos estudar principalmente os componentes da
aptidão física relacionadas à saúde, mesmo destacando, conforme vimos no
esquema acima, que estes mesmos componentes também se relacionam
com o desempenho atlético.
Vamos começar pela resistência cardiorespiratória, também conhecida
como capacidade aeróbia.
A capacidade aeróbia de uma pessoa é definida através de um
fenômeno complexo (mas vamos tratá-lo de forma superficial). Podemos dizer
que esta capacidade tem relação direta com o quanto uma pessoa é capaz
de absorver oxigênio (O2) para os pulmões, transportá-lo pela corrente
sanguínea até os músculos esqueléticos que estiverem trabalhando em
esforços vigorosos ou prolongados, contando ainda com a eficiência do coração
(SHARKEY, 1998).
A literatura nos traz que a capacidade aeróbia é a melhor medida
para avaliarmos a saúde e a capacidade do sistema respiratório,
cardiovascular e músculo-esquelético de uma pessoa.
Assim, do ponto de vista individual, a capacidade aeróbia configura-se
como o melhor indicador da aptidão física, pois além de refletir a capacidade
de suportar esforços físicos por um longo período, também favorece,
indiretamente, os outros componentes da aptidão física, por isso, se tivermos
como avaliar a condição de aptidão aeróbia de uma pessoa, poderemos
estimar o quanto ela é ou não ativa.
Encontramos vários testes e protocolos na literatura para avaliar a
aptidão aeróbia, de forma direta ou indireta, em condições de esforço máximo
ou sub-máximo. Como exemplo, podemos citar o famoso teste de 12 minutos
de Cooper encontrado em vários livros de avaliação física e fisiologia do
exercício. Neste teste, os avaliados correm ou caminham (de preferência em
uma pista de atletismo) durante os 12 minutos, pela maior distância possível,
assim quanto maior a distância percorrida maior a resistência aeróbia. Este
Capacidade aeróbia: No iní-
cio da década de 70
Cooper apresentou seu
conceito de resistência
aeróbica e anaeróbica (que
depois mudou a nomencla-
tura para aeróbia e
anaeróbia). A resistência
aeróbia tem relação direta
com o consumo de O
2
 em
situação de exercício físi-
co, de moderado a intenso,
seja por ocasião do cotidi-
ano de trabalho ou das ati-
vidades domésticas, ou
ainda aqueles relacionados
à prática esportiva.
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
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teste inclusive estima-se, de forma indireta, o VO2max do avaliado e facilita
a comparação do avaliado com o grupo ao qual ele pertence (por idade,
gênero e condicionamento físico) e do avaliado com ele mesmo em um reteste,
através de tabelas de referência encontradas na literatura especializada.
Mesmo sendo de fácil aplicação, requer a presença de um profissional que
deverá conhecer o avaliado para evitar riscos com a saúde, pois é um teste
de esforço máximo.
A capacidade aeróbia é influenciada diretamente pela hereditariedade
e pelo treinamento, além ainda de outros fatores, tais como: idade, gênero,
etnia, maturação biológica e a gordura corporal.
Então é bom sabermos que a atuação consciente e capacitada de um
bom profissional de Educação Física pode melhorar muito a saúde e a
qualidade de vida da pessoa por ele assistida, através de programas de
condicionamento aeróbios individualizados.Vamos estudar agora a Força e a Resistência Muscular.
São vários os conceitos para definir
força e resistência muscular. Howley e Franks
(2000) definem força muscular como a
capacidade que os músculos têm para
exercerem força contrátil máxima contra uma
carga, geralmente em uma só repetição. Por
exemplo, o teste de uma repetição máxima
(1RM), muito utilizado pelos instrutores de
musculação para definir a carga máxima de
trabalho de um determinado grupo muscular/
exercício. Neste teste o avaliado tenta
realizar mais de uma repetição com uma carga
de peso subjetivamente definida. O ideal é
que se acerte no mínimo de tentativas para
que a estimativa seja o mais confiável possível. De posse do resultado, estima-
se, em percentual da carga, a intensidade do esforço.
Subcutâneo: locali-
zado abaixo da pele.
VO
2
max: Volume máximo de
oxigênio que uma pessoa
consome durante uma ati-
vidade física de esforço in-
tenso por um período pro-
longado.
Maturação biológica ou se-
xual: na área da Educação
Física podemos observar
este fenômeno de amadu-
recimento através dos es-
tágios de desenvolvimento
sexuais secundárias, veri-
ficados através do desen-
volvimento da genitália e da
pilosidade pubiana, para os
meninos, e das mamas e
pilosidade pubiana, para as
meninas. Em média, este
processo inicia-se entre os
10,5 ou 11 anos para as
meninas, estendendo-se
até os 13 ou 14 anos. E
entre os meninos, inicia-se
aproximadamente aos 11
ou 12,5 anos, estendendo-
se até os 14 ou 15 anos.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
21
Já a resistência muscular é a
capacidade desses mesmos músculos
realizarem contrações repetitivas por um
período de tempo com várias repetições. Por
exemplo, o teste de máxima repetição em
um minuto de exercícios abdominais. Neste
teste estima-se o nível de resistência
muscular localizada de abdômen, muito
importante para a saúde e para a
performance esportiva.
Desta forma, podemos perceber
que pela proximidade entre estas duas
qualidades motoras, tanto as estratégias de avaliação quanto as de
treinamento podem ser similares, mas com ênfase diferente principalmente
quando consideramos os objetivos de tais procedimentos.
A força e a resistência muscular também são essenciais para permitirem
que os indivíduos realizem atividades cotidianas com conforto e segurança e
podem ser trabalhadas através de vários equipamentos, ou ainda, através
de exercícios em que o peso corporal é a própria carga de trabalho, portanto,
tem forte relação com a saúde.
Vamos estudar agora a flexibilidade
A necessidade de movimentar-se nas diversas atividades do cotidiano
faz da flexibilidade um componente fundamental para facilitar os movimentos,
principalmente quando estes requerem uma amplitude maior. O estilo de
vida pouco ativo e a falta de exercícios específicos de alongamento vem
diminuindo drasticamente os níveis de flexibilidade das pessoas
principalmente com o passar dos anos (ACHOUR JÚNIOR, 1999).
Portanto, a flexibilidade representa um importante componente da
aptidão física, sendo fundamental para a eficiência dos movimentos simples
e complexos tanto no desempenho esportivo quanto na preservação da
saúde.
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
22
A flexibilidade é entendida como a qualidade física responsável pela
execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, executado
por uma ou mais articulações dentro dos limites morfológicos, evitando-se o
risco de provocar lesão (DANTAS, 1998).
Muitas vezes a flexibilidade foi subestimada nos programas de
condicionamento físico especialmente quando o objetivo era o rendimento
esportivo, pois para muitos “profissionais” as sessões de alongamento
configuravam-se como perda de tempo, com exceção das modalidades
esportivas em que esta componente relaciona-se ao rendimento. Por exemplo:
ginástica artística, ginástica rítmica, dança competitiva, etc.
Hoje, porém, os exercícios específicos de flexibilidade tornam-se
importantes nos programas relacionados à saúde, sendo necessários pelo
menos de 10 a 15 minutos de prática, durante a fase inicial das sessões de
Educação Física nas escolas ou nos clubes de iniciação esportiva ou ainda em
sessões de treinamento com adultos, em que o tempo deve ser maior.
A flexibilidade varia de pessoa para pessoa e sofre influência de vários
fatores, os principais são: a idade, o gênero e o treinamento específico.
O gênero feminino apresenta, em média, melhor pré-disposição para a
flexibilidade. Outro fator importante para a flexibilidade é a idade, pois a medida
que envelhecemos perdemos mobilidade articular. O que nos tranquiliza é que
a flexibilidade é uma componente que sofre excelente influência do treinamento,
mas é bom não deixar para começar muito tarde, pois o tempo de vida sedentário
é sempre inversamente proporcional aos bons níveis de flexibilidade.
Do ponto de vista da saúde os baixos níveis de flexibilidade podem trazer
riscos para lesões articulares e musculares. Mas, o principal problema é a íntima
relação dos baixos níveis de flexibilidade da porção posterior das pernas,
quadris e coluna lombar com as dores lombares muito comuns em mulheres e
homens adultos. Este problema pode ser minimizado com a inclusão de
exercícios de fortalecimento da região abdominal e de flexibilidade da região
afetada. Mas, não se esqueça que o melhor remédio ainda é a prevenção
através dos exercícios regulares.
Destacamos que, segundo a literatura especializada, todos nós
estamos sujeitos a termos pelo menos uma crise de lombalgia na vida, e
que esta poderá tornar-se crônica se não combatermos ou nos previnirmos
com eficiência.
Precisamos, entre outras medidas, acompanhar os níveis de flexibilidade
da porção posterior das pernas, quadris e coluna lombar, além, é claro, do
fortalecimento da região abdominal.
São vários os testes para medirmos a flexibilidade para a região acima
destacada. Temos o teste do Sit and Reach conhecido por nós como Sentar-e-
Alcançar, configura-se como a técnica mais freqüentemente descrita na
literatura e mais empregada em estudos populacionais (POLLOCK & WILMORE,
1993).
Limites morfológicos: limi-
tes naturais do movimento
articular.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
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Neste teste, o avaliado senta-se de frente para uma caixa de madeira,
especialmente construída para este teste, com as pernas estendidas e desliza
as mãos sobrepostas no máximo que ele possa alcançar através da flexão
do tronco à frente.
Veja quanta relação as componentes da
aptidão física aqui abordadas têm com a
saúde. Então, vamos estudar agora a última
componente: a composição corporal. Esta
componente, inclusive, será bastante
abordada em nosso curso, portanto, a
trataremos de forma bem superficial.
A preocupação em estudarmos e
determinarmos a composição corporal surgiu
da necessidade de melhor entendermos a
distribuição e a quantificação dos principais
componentes estruturais do corpo, a exemplo
dos músculos, ossos e massa corporal gorda.
Esta última componente tem-nos preocupado bastante pela sua forte relação
com o surgimento de doenças crônicas, mas é bom lembrarmos também que
a sua escassez pode levar a profundos comprometimentos do organismo e
até a morte.
Então é preciso destacar que quando nos referimos a composição
corporal, estamos falando principalmente da relação entre a massa
corporal magra, formada pelos músculos, e massa corporal gorda, formada
pelo tecido adiposo.
Desde o inicio do século XX as espessuras do tecido adiposo
subcutâneo têm sido mensuradas para efeito de predição da gorduracorporal
total. Quando associado a massa corporal total, podemos também prever a
massa magra do avaliado. O método e suas equações evoluíram, tornando-
se hoje o mais usual principalmente em pesquisa epidemiológicas (WILMORE
& COSTIL, 2001).
Subcutâneo: localizado abai-
xo da pele.
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
24
Nesta unidade você estudou a aptidão física relacionada à saúde,
espero que esteja percebendo o quanto é importante o conhecimento deste
assunto para a boa atuação profissional e para a produção de novos
conhecimentos acerca da matéria estudada. Vamos ver o quanto você se
empenhou nos estudos.
Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de
estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-
lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no
processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as
respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!
Na unidade 2, vamos estudar os aspectos da epidemiologia aplicados
a atividade física, principalmente, aqueles relacionados ao sedentarismo e a
obesidade. Até lá!
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Graduação
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INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA
DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO
COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
Nesta unidade estudaremos a bases epidemiológicas da atividade física
relacionada à saúde e contextualizaremos o sedentarismo e a obesidade
enquanto problema de saúde pública. Identificaremos também a influência
destes fenômenos com o surgimento das doenças crônicas mais comuns.
OBJETIVO DA UNIDADE:
• Conhecer a epidemiologia enquanto ciência.
• Analisar os aspectos teóricos e metodológicos da epidemiologia
da atividade física.
• Contextualizar sedentarismo e obesidade como problemas
epidemiológicos, identificando sua influência no surgimento das
doenças crônicas degenerativas.
PLANO DA DISCIPLINA:
• Conceito e a abrangência do termo epidemiologia.
• Epidemiologia da Atividade Física e sua relação com o
sedentarismo e a obesidade.
• Composição corporal, sobrepeso e obesidade.
• Influência do sedentarismo e da obesidade no surgimento das
doenças crônicas.
Bons estudos!
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
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Prezado aluno, você já estudou os conceitos de saúde, atividade física
e qualidade de vida. Pode perceber, mesmo que de forma introdutória, o
papel da atividade física na melhoria
destes aspectos estudados. Conheceu
também as principais componentes da
aptidão física relacionada à saúde. E
agora vamos estudar a inserção da
atividade física nos problemas
epidemiológicos e seu papel no combate
ao sedentarismo e a obesidade.
Fenômeno recente que deu grande
status a Educação Física. Você vai
entender como isso aconteceu. Então,
vamos em frente.
CONCEITO E A ABRANGÊNCIA DA EPIDEMIOLOGIA
Conhecida como a ciência que busca investigar e quantificar os vários
fatores que determinam a ocorrência e os padrões das doenças dentro de
um determinado grupo ou comunidade, a epidemiologia busca generalizar
estas informações para uma população maior, a fim de compreender melhor,
modificar ou controlar o padrão das doenças ou problemas de saúde
(McARDLE; KATCH; KATCH, 1998).
O termo epidemia remonta à Grécia antiga e significa, em linhas gerais,
doença que surge em um determinado local ou região e acomete rapidamente
e simultaneamente um grande número de pessoas. Já o termo epidemiologia
aparece pela primeira vez em um texto espanhol sobre a peste no século
XVI e também, em linhas gerais, significa o estudo do que afeta a população
(PEREIRA, 2002).
Compete, então, à Epidemiologia,
estabelecer a magnitude de um dado
problema de saúde, identificar os fatores
causadores deste problema, as formas
pelas quais esses fatores são
transmitidos e, ainda, desenvolver
bases científicas para implementação de
ações preventivas. Sendo assim,
podemos destacar a epidemiologia
descritiva que tem como preocupação o
acompanhamento da ocorrência de
algumas doenças, correlacionando-as a
dados como: idade, sexo, etnia,
ocupação profissional, classe social e localização geográfica.
Estudos sobre a epidemiologia associam o seu surgimento aos escritos
vinculados a Hipócrates. Foi no século XIX que se estabeleceram as bases
da epidemiologia moderna, pois nessa época com o advento da revolução
industrial, as cidades cresceram e se agravaram as doenças oriundas da
Hipócrates (460-377 a.C.)
- grego que é considerado o
pai da medicina.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
27
falta de saneamento, surgindo, assim, a era das doenças infecciosas, que
perdurou até meados do século XX. Entre os vários objetos de estudo da
epidemiologia o processo saúde-doença, suas causas e determinantes,
configuram-se como os principais (PITANGA, 2004).
Nesta perspectiva precisamos entender também a relação entre taxa
de morbidade e mortalidade (morbimortalidade). A taxa de morbidade
expressa o número de casos de doenças não-fatais em uma dada população
de risco durante um determinado tempo. Por exemplo: a incidência de caso
de hipertensão em brasileiros do sexo masculino com mais de 50 anos e IMC
maior que 35 kg/m2, entre as décadas de 80 e 90.
Já a taxa de mortalidade expressa a incidência de óbitos em uma dada
população durante determinado período de tempo. Pode ser apresentada
de forma total (todas as causas) ou específica (relativa a uma determinada
doença quando comparada com as outras). Por exemplo: mortes entre
brasileiros do sexo masculino hipertensos com mais de 50 anos e IMC maior
que 35 kg/m2, entre as décadas de 80 e 90.
A partir da década de 60 no Brasil observou-se uma transição
epidemiológica, a exemplo do que já acontecia em outros países
industrializados, assim o perfil epidemiológico começou a mudar. As doenças
transmissíveis deixaram de ser a primeira causa de morte para dar lugar às
doenças crônicas não-transmissíveis, em especial, as cardiovasculares.
Na figura abaixo podemos entender melhor esta transição.
Mortalidade Proporcional Segundo Grupos de causas selecionadas em
capitais brasileiras, entre 1930 a 1994
DIP Doenças Infecto-parasitárias; DCV Doenças Cardiovasculares; NEO
Neoplasias; CE Causas Externas. (BARBOSA; BARCELO; MACHADO,
2001. p. 325).
Começava, então, a era das doenças crônicas, aquelas denominadas
“não-transmissíveis” ou degenerativas, o que fez crescer bastante a
preocupação com os fatores de riscos, que de forma isolada ou associada,
predispunham as pessoas às doenças e a conseqüente morte.
IMC: O Índice de Massa
Corporal (IMC), ou sim-
plesmente índice de
Quetelet é igual a divisão
da massa corporal (kg) pela
estatura em metro elevado
ao quadrado (kg/m²). Tem
sido bastante utilizado em
estudos nacionais e inter-
nacionais, que buscam
monitorar o estado de nu-
trição e crescimento sadio
(obesidade x desnutrição).
O IMC pode classificar o
avaliado em condição de
baixo peso (<18,5), faixa
normal (18,5 - 24,9),
sobrepeso (³ 25), obeso I
(30 - 34,9), obeso II (35 -
39,9), obeso III (> 40).
Fatores de riscos: são vári-
os os fatores de riscos para
o desenvolvimento de do-
enças crônicas. Mas pode-
mos organizá-los em dois
grandes grupos: os ligados
aos fatores biológicos e os
ligados aos fatores
comportamentais. Este úl-
timo recebe status, pois
está diretamente ligado ao
estilo de vida das pessoas,
assunto já estudado antes,
lembra?
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃOÀ EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
28
Este fenômeno social ficou conhecido como transição epidemiológica
e caracterizou-se especialmente pela queda da taxa de mortalidade, pelo
aumento da expectativa de vida ao
nascer, pelo conseqüente
envelhecimento da população e,
principalmente, pela mudança do padrão
nosológico que passou a apresentar
uma predominância das doenças
crônicas não-transmissíveis em
detrimento das doenças infecto-
contagiosas. Tudo isso desencadeou a
necessidade de diálogo entre os
especialistas das diversas áreas de
conhecimento, buscando a compreensão
dos novos problemas para a elaboração
de programas mais eficazes de combate
a estas doenças.
Nesta época o sedentarismo e as demais atitudes negativas para a
saúde começam a merecer mais atenção dos organismos governamentais
no Brasil e no resto do mundo.
Este problema também vem sendo tratado com muito cuidado e
empenho na União Européia (U.E.), através de programas como o Health-
Enhancing Physical Activity (HEPA) de promoção da saúde, que tem como
estratégia o monitoramento e o fomento às atividades físicas e desportivas.
Percentual de adultos fisicamente inativos durante uma semana típica:
(FOSTER, 2000 p. 7).
Nosológico: referente à
nosologia, que representa o
estudo das moléstias.
Comportamento positivo
com a saúde: está relacio-
nado aos bons hábitos ali-
mentares, ao controle do
estresse, ao não-tabagismo
e ao menor consumo de be-
bidas alcoólicas, controle da
composição corporal e, ob-
viamente, ao aumento do
gasto energético através
das atividades físicas regu-
lares.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
29
Podemos perceber que dentre as comunidades monitoradas pela U.E.
a Finlândia se destaca como a mais ativa e Portugal como a mais sedentária
com valores próximos aos encontrados no Brasil.
EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O
SEDENTARISMO E A OBESIDADE
Em nosso país, estima-se que cerca de 70% da população apresente
um estilo de vida sedentário.
Como você pode observar este quadro predispõe nosso povo às
mazelas oriundas deste estilo de vida, especialmente, no que concerne à
predisposição elevada aos fatores de riscos para as doenças crônicas não-
transmissíveis, com destaque para as cardiovasculares, colocando o
sedentarismo como problema de âmbito epidemiológico e,
conseqüentemente, problema de saúde pública (BRASIL, 2001).
Verificamos claramente que a cada dia que passa diminuímos nossos
movimentos seja nos serviços domésticos, no trabalho ou nos momentos
de lazer. Isto tem influenciado na diminuição do gasto energético, que, por
conseguinte, tem repercutido no aumento da epidemia de obesidade. Este
fenômeno tem sido potencializado, entre outros aspectos, pela insegurança,
pela falta de um ambiente propício para a prática de atividades físicas e
pelo advento tecnológico. A atividade física vem diminuindo gradativamente
entre as pessoas e este fenômeno não poupa nem os mais jovens que
estão cada vez mais expostos ao lazer sedentário, passando longas horas
do dia em frente à TV, aos computadores e/ou aos jogos eletrônicos. Afinal,
quem não gosta de descansar um pouquinho? O problema é o exagero.
Cuide-se!
Pelo exposto, podemos definir que a epidemiologia da atividade
física busca aplicar as estratégias gerais das pesquisas epidemiológicas
no entendimento da relação entre o estilo de vida e processo saúde/
doença.
Observamos que há uma forte relação entre epidemiologia da
atividade física, saúde e qualidade de vida, em que a associação da atividade
física com a saúde vem determinando a mudança de hábitos e atitudes
levando as pessoas a um comportamento positivo com a saúde.
Comportamento positivo
com a saúde: está relacio-
nado aos bons hábitos ali-
mentares, ao controle do
estresse, ao não-tabagis-
mo e ao menor consumo de
bebidas alcoólicas, contro-
le da composição corporal
e, obviamente, ao aumento
do gasto energético atra-
vés das atividades físicas
regulares.
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
30
Este comportamento positivo desencadeia outros comportamentos
saudáveis que, por sua vez, melhoram e aumentam a qualidade e a
expectativa de vida.
É fácil encontramos na literatura
resultados de investigações que evidenciam
a forte contribuição positiva do treinamento
com exercícios envolvendo resistência
aeróbia, resistência muscular, flexibilidade e
força, no combate às doenças crônicas. Nesta
linha de pensamento, deve-se dar ênfase ao
autogerenciamento da atividade física e à
mudança do estilo de vida sedentário para o
ativo, objetivando que esta mudança seja
para toda a vida.
Renomados pesquisadores vinculados
ao Colégio Americano de Medicina do Esporte
publicaram um consenso sobre a atividade física no combate as doenças
cardiovasculares, em que ficou definido que todas as pessoas deveriam
envolver-se em atividades físicas de moderada a intensa (60-80% da
freqüência cardíaca máxima) de forma a acumular pelo menos 30 minutos
diários, preferencialmente, todos os dias da semana (PATE, et. al., 1995).
Não podemos falar de epidemiologia da atividade física sem citar os
estudos clássicos de Morris e Raffer, tão amplamente citados na literatura,
publicados no início da década de 50. Estes pesquisadores puderam constatar
a íntima relação entre sedentarismo e doenças cardiovasculares, através
de investigações com indivíduos que, no seu cotidiano profissional, eram
mais ou menos ativos. Eles investigaram dois grupos de profissionais da
mesma área, mas de atividades distintas, a exemplo dos carteiros que
caminhavam e/ou pedalavam e seus colegas dos serviços burocráticos, como
também, entre os cobradores que subiam e desciam diariamente as escadas
dos ônibus londrinos de dois andares e seus colegas motoristas que
passavam o mesmo tempo dirigindo. Fica fácil imaginar os resultados destes
estudos, pois a incidência de doenças era muito maior entre os trabalhadores
cuja atividades despedia pouca energia.
Posteriormente, aos estudos de Morris e Raffer, outro clássico foi
apresentado à comunidade científica da área, apresentado pelo Dr.
Paffenbarger e seus colaboradores. Este estudo envolveu 16.936 ex-alunos
de Harvard e ratificou os achados de Morris, demonstrando que um gasto
energético voluntário igual ou superior a 2.000 Kcal por semana estaria
relacionado a uma menor incidência de morte por todas as causas,
especialmente, por problemas cardiovasculares.
Encontramos vasto material na literatura que confirmam a atividade
física como um importante fator de melhoria da saúde e da longevidade,
diminuindo os riscos para doenças coronarianas (PAFFENBARGER, HYDE &
WING, 1986; PAFFENBARGER & LEE, 1996).
Gasto energético voluntário:
são as atividades físicas que
realizamos voluntariamente
além daquelas necessárias
para nossa sobrevivência.
Como por exemplo: ir a pa-
daria caminhando em vez de
ir de carro, subir as escadas
do prédio em vez de ir pelo
elevador, ou seja, estão li-
gadas ao quanto somos ati-
vos nos dias da semana. In-
clui-se aí atividades espor-
tivas e recreativas.
Kcal: É uma unidade de me-
dida de energia que equivale
a quantidade de calor neces-
sária para se elevar em um
grau centígrado um grama de
água. Na nossa área é im-
portante sabermos que para
reduzirmos um grama de gor-
dura corporal, precisamos
“queimar” 7,7 Kcal. Assim,
um gasto voluntário superi-
or a 2.000 Kcal reduziria
aproximadamente 260 gra-
mas de gordura corporal.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
31
Dentre os vários problemas desencadeados pelo estilo de vida negativo
e o sedentário,temos o aumento da obesidade. Este fenômeno será melhor
entendido no próximo tópico de estudo.
COMPOSIÇÃO CORPORAL, SOBREPESO E OBESIDADE.
Vários estudiosos e institutos de pesquisa confirmam que a epidemia
de obesidade tornou-se um dos principais desafios de saúde pública, em
que o principal objetivo é tentar prevenir o previsível aumento da prevalência
de diversas doenças degenerativas, especialmente, as cardiovasculares e
metabólicas.
Como já estudamos antes, a
preocupação em determinar a
composição corporal surge da
necessidade de melhor entendermos a
distribuição e a quantificação dos
principais componentes estruturais do
corpo, principalmente, a massa
muscular e a massa gorda. Do ponto
de vista da saúde, ao acompanharmos
esta última componente, precisamos
monitorar suas concentrações e
distribuição. Vamos ver porquê.
A preocupação com o sobrepeso
e a obesidade torna-se legítima quando
observamos os resultados de pesquisas longitudinais (1960 a 1991)
realizadas nos Estados Unidos. Nesta pesquisa ficou constatado um aumento
notável de sobrepeso durante a última década, o que fez o governo norte-
americano projetar, através do Programa “Pessoas Saudáveis 2000” (Health
People 2000), a redução do sobrepeso nos adultos. A prevalência da
obesidade juvenil aumentou nos Estados Unidos em mais de 20% nas duas
últimas décadas, principalmente, entre hispânicos e meninas afro-americanas,
reforçando a tese de que este fenômeno tem relação direta com os baixos
níveis socioeconômicos. Situação que também observamos aqui no Brasil,
onde as classe populares apresentam maior nível de sobrepeso e obesidade.
Pesquisas recentes publicadas pelo IBGE dão conta de que 38,6
milhões (40%) dos brasileiros adultos, estão acima do peso ideal (IMC entre
25 – 29 kg/m2 ), deste contingente, 10,5 milhões são considerados obesos
(IMC e” 30 kg/m2 ). A divulgação dos resultados da POF trouxe à tona um
fato curioso, se não para os especialistas da área, ao menos para a maioria
dos brasileiros, de que não somos um país de desnutridos, mas, ao contrário,
de obesos. Exatamente no momento em que os esforços do Governo Federal
se concentravam no combate à fome através do Programa “Fome Zero”.
A pesquisa destaca também que a desnutrição diminuiu em nosso país.
Entre 1974 e 1975, 7,2% da população masculina e 10,2% da população
feminina sofriam com o baixo peso (desnutrição). Em 1989 estes números
Pesquisas longitudinais:
pesquisas longas em que
o resultado encontrado
apresenta mais
confiabilidade e respeito.
IBGE: Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística
POF: Pesquisa de Orça-
mentos Familiares, realiza-
da entre 2002-2003 e di-
vulgado pelo IBGE em dez.
2004.
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
32
mudaram para 3,8 e 5,8%, respectivamente, e mais recentemente (2002-
03), estas taxas ficaram entre 2,8 e 5,2% (RADIS, 2005).
Projeções da OMS para o ano de 2025 já apontavam que o Brasil
entraria no rol dos países considerados obesos, porém os resultados
divulgados na 2ª parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares divulgada
pelo IBGE antecipam estas previsões.
Já podemos considerar o Brasil um país com alto nível de sobrepeso e
obesidade!
Quanto à distribuição da gordura corporal, temos dois modelos
tradicionalmente conhecidos: o andróide, modelo predominantemente
masculino, em forma de maçã com concentração de gordura no tronco e
abdómen e o ginóide, modelo
predominantemente feminino, em forma
de pêra com concentração de gordura
nos quadris e nas coxas. Em termos de
risco à saúde, o tipo andróide está mais
associado às doenças cardiovasculares
(Howley e Franks, 2000).
Destacamos que a gordura
visceral, localizada no abdômen e no
tronco, tem maior relação com o
desenvolvimento de doenças crônicas.
É importante salientarmos que
assim como o excesso de gordura
corporal pode ser prejudicial à saúde, sua
escassez pode comprometer o bem-estar das pessoas especialmente de
jovens iniciando a fase de maturação sexual principalmente quando nos
referimos à gordura essencial responsável pelo bom funcionamento fisiológico
e à gordura de reserva responsável, entre outros fatores, pela proteção
aos órgãos internos de possíveis traumatismos. Para o sexo feminino a
demanda de gordura é relativamente maior que para o sexo masculino;
conhecida como gordura específica, estes depósitos adicionais nas mulheres
estão biologicamente associados à procriação e ao bom funcionamento dos
hormônios (McARDLE, KATCH & KATCH, 1998).
É por esse motivo que as mulheres sempre apresentaram, em média,
uma maior concentração de gordura quando comparadas aos homens.
A boa notícia em tudo isso é que a atividade física sistematizada e
regular, aliada a uma reeducação alimentar, pode trazer bons resultados no
combate e, principalmente, na prevenção do sobrepeso e da obesidade. O
maior beneficio da atividade física reside na capacidade para mobilizar e
metabolizar gordura, bem como diminuir os níveis de gordura (triglicérides e
colesterol) circulantes no sangue.
Mas, é importante destacarmos que a puberdade representa o principal
período etário na definição da composição corporal principalmente quando
nos referimos ao risco desses adolescentes tornarem-se adultos obesos.
Puberdade: período de ado-
lescência em que acontece
a principal fase de
maturação sexual já abor-
dado na unidade 1.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
33
Intervenções positivas durante este período podem reduzir este risco em
cerca de 30 a 45% (GUEDES & GUEDES, 2006).
Isto demonstra que as tentativas de se instalar hábitos de estilo de
vida saudáveis devem começar o mais cedo possível, pois serão sempre
mais eficazes nesta fase que na fase adulta. Veja só a responsabilidade do
profissional de Educação Física com este problema. Que outro profissional
teria mais facilidade de estimular a juventude a aderirem ao estilo de vida
ativo?
Vamos entender um pouco
do que acontece a nível celular.
As células adiposas que são
formadas ainda no período fetal podem
aumentar de tamanho a qualquer
momento do nascimento até a morte.
Cientistas acreditam que a manutenção
de um conteúdo baixo de gordura
corporal total durante o período inicial
do desenvolvimento reduz a quantidade
geral de células adiposas, diminuindo,
em muito, a obesidade na vida adulta.
Aparentemente, quando as células
adiposas tornam-se cheias de gordura,
desencadeiam a criação de novas células adiposas (WILMORE & COSTIL,
2001).
Em geral, o excesso de peso e de gordura corporal nesta fase é
identificado como precursor de inúmeros fatores de riscos que levam a
disfunções crônico-degenerativas em idades mais avançadas, elevando os
índices de morbidade e mortalidade. O traço mais característico do jovem
obeso é sua hipoatividade, que, num ciclo vicioso, deixa-o desmotivado para
as práticas esportivas, tornando-o cada vez mais hipoativo.
Período fetal: vida intra-
uterina, quando ainda so-
mos apenas um feto em for-
mação.
Hipoatividade: pouca ou ne-
nhuma atividade física vo-
luntária. Só para lembrá-lo,
atividade física voluntária é
aquela que fazemos além
das atividades extrema-
mente necessárias.
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM O SEDENTARISMO E A OBESIDADE
34
Então, vamos movimentar essa juventude!
Vamos resumir! Para que a pessoa possa permanecer dentro da faixa
ideal de percentual de gordura, deve equilibrar o consumo dietético de
calorias com o gasto energético, através do equilíbrio da balança calórica.
Essa idéia da balança calórica facilita muito nosso entendimento, quandoqueremos perder peso a balança tem que ficar negativa (diminui o consumo
calórico e aumenta o gasto energético) e para ganharmos peso ela deve
ficar positiva (aumenta o consumo calórico e diminui o gasto energético).
Entendeu?
INFLUÊNCIA DO SEDENTARISMO E DA OBESIDADE NO SURGIMENTO DAS
DOENÇAS CRÔNICAS.
Quando recorremos à literatura, verificamos que os baixos níveis de
atividade física, associados à obesidade e ao estilo de vida negativo,
configuram-se como importantes fatores de risco para o desenvolvimento
de doenças crônicas. Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS
(2004), as doenças crônicas não transmissíveis aumentaram rapidamente
em escala mundial. Em 2001, estas doenças foram responsáveis por 47%
da carga mundial de mortalidade, constituindo-se num grande desafio para
a saúde pública mundial. Esta entidade tão respeitada informou que são
poucos os fatores de risco importantes que influenciam na morbimortalidade
geral para as doenças não-transmissíveis, destacando:
• a hipertensão arterial;
• a hipercolesterolemia;
• a pouca ingestão de frutas e hortaliças na dieta diária;
• o excesso de peso e a obesidade;
• a falta ou a pouca atividade física diária; e
• o consumo de tabaco.
Podemos observar que cinco dos seis fatores aqui apontados estão
estreitamente associados à má alimentação e ao sedentarismo. É possível
imaginarmos inclusive que até o tabagismo diminua à medida que a pessoa
adote um estilo de vida mais ativo.
No Brasil, como já foi possível observar,
o sedentarismo já é considerado um dos
principais inimigos da saúde pública e está
presente em cerca de 70% da população,
sendo responsabilizado por 54% do risco de
morte por infarto e por 50% do risco de morte
por derrame cerebral.
Estes dados já seriam mais que
suficiente para justificarmos uma ação
coletiva em prol do combate ao
sedentarismo, mas é sempre bom reforçá-
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
35
los. Veja as recomendações da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte
– SBME para o combate ao sedentarismo junto aos mais jovens e entenda
melhor a responsabilidade do profissional de Educação Física neste processo.
Para SBME as atividades físicas e esportivas devem ser consideradas
prioridade para crianças e adolescentes, desta forma destaca:
1 – Os profissionais da área de saúde devem combater o
sedentarismo na infância e na adolescência, estimulando a
prática do exercício físico no cotidiano e/ou de forma estruturada
através de modalidades desportivas, mesmo na presença de
doenças, visto que são raras as contradições absolutas ao
exercício físico;
2 – Os profissionais envolvidos com crianças e adolescentes que
praticam atividade física devem priorizar seus aspectos lúdicos
sobre os de competição e evitar a prática em temperaturas
extremas;
3 – A educação física escolar bem aplicada deve ser considerada
essencial e parte indissociável do processo global de educação
das crianças e adolescentes (LAZZOLI et. al., 1998).
Sendo assim, parece-nos óbvio que a responsabilidade de elevarmos
os níveis de atividade física e saúde em nossa população e em especial
junto aos mais jovens, não pode ser entendida como uma ação isolada do
professor de Educação Física, dos pais ou até mesmo das instituições
governamentais e não-governamentais. Estas ações devem buscar a parceria
de todos para reversão dos atuais quadros de baixa atividade física da
população brasileira.
Então, mãos à obra e vamos estudar um pouco mais para melhoramos
nossa ação profissional.
Nesta unidade você estudou sobre a epidemiologia e sua relação com
o estilo de vida sedentário e a obesidade, que deu origem a uma área de
estudo conhecida como epidemiologia da atividade física. Viu, ainda, que
estes fatores quando associados podem predispor o surgimento de algumas
doenças crônicas, são o que chamamos de fatores de riscos associados, que
serão melhor estudados na próxima unidade.
É HORA DE SE AVALIAR!
Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de
estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-
lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no
processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as
respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!
Na próxima unidade, estudaremos também algumas doenças crônicas
relacionadas à obesidade e ao estilo de vida sedentário, sua etiologia e
relação com a atividade física. Mas, antes, vamos ver o que você aprendeu.
1
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
Graduação
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
37
U
N
ID
A
D
E 
3
PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS
DEGENERATIVAS LIGADAS AO
SEDENTARISMO E A OBESIDADE
Vimos na unidade anterior que o sobrepeso, a obesidade e o
sedentarismo atingiram status de problema epidemiológico e neste cenário
surgiu uma nova área de investigação, a epidemiologia da atividade física,
buscando aplicar as estratégias gerais das pesquisas epidemiológicas no
estudo da atividade física relacionada à saúde.
Nesta unidade veremos as principais doenças crônicas degenerativas
ligadas ao sedentarismo e a obesidade. Buscaremos, ainda, conhecer a
etiologia destas doenças e o papel do estilo de vida positivo e da atividade
física no combate às mesmas. Vamos em frente!
OBJETIVO DA UNIDADE:
Identificar e analisar as principais doenças crônicas degenerativas
ligadas ao sedentarismo e a obesidade.
Conhecer a etiologia destas doenças e o papel do estilo de vida positivo
e da atividade física no combate a estas doenças.
PLANO DA DISCIPLINA:
• Hipertensão arterial
• Diabetes Melito
• Colesterol alto
• Doenças cardiovasculares.
Bons estudos.
UNIDADE 3 - PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS DEGENERATIVAS LIGADAS AO SEDENTARISMO E A OBESIDADE
38
Falar das principais doenças crônicas não é tarefa fácil, pois estão tão
interligadasque, quando falamos da etiologia de uma delas, esbarramos
quase sempre na outra. Mas vamos em frente.
1. HIPERTENSÃO ARTERIAL
É comum escutarmos que esta ou aquela
pessoa tem pressão alta e isto é compreensível
tamanho o número de pessoas acometidas por
este mal. Mas, afinal, o que é hipertensão? Qual
sua relação com o sedentarismo, a obesidade
e os maus hábitos alimentares? Estas são
algumas questões que tentaremos responder
neste tópico.
Vamos começar entendendo o mecanismo
da pressão arterial. O sangue bombeado pelo
coração é transportado pelas artérias, veias e
capilares para todos os tecidos e órgãos do corpo. Este processo envolve
duas fases distintas do batimento do coração: a sístole, que é a fase de
contração em que o coração impulsiona o sangue pelo corpo, e a diástole,
quando o coração “relaxa” brevemente para que suas câmaras sejam
enchidas de sangue e reinicie o novo processo de bombeamento. Durante a
fase da sístole o sangue invade as artérias e na sua passagem pressiona
suas paredes tencionando-as. Esta tensão é medida por um aparelho
(esfigmomanômetro) colocado externamente ao vaso, por sobre a pele, a
função do aparelho é pressionar no sentido contrário ao do sangue, medindo
assim a pressão arterial sistólica.
Durante o período de “relaxamento” do coração, conhecido como diástole,
conseguimos mensurar a pressão diastólica.
Ao medirmos a pressão arterial de alguém precisamos de referências
para sabermos o atual estado de saúde da pessoa avaliada.
Etiologia: aqui entendida
como parte da medicina que
trata da causa das doenças.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
39
Assim, temos como precisar se esta pessoa esta sofrendo ou não de
hipertensão e, ainda, qual o nível de comprometimento do estado
hipertensivo.
Pressões em torno 120 por 80mmHg (milímetros de mercúrio)são
consideradas normais. Conhecidas por nós apenas como 12/8.
A hipertensão arterial geralmente não apresenta sinais precoces de sua
existência que possa advertir o portador desta patologia, por isso é conhecida
como “assassina silenciosa”. Ela sozinha aumenta potencialmente o risco
de desenvolvimento de doenças cardiovasculares como veremos a seguir.
Quando associada a outros fatores de risco como tabagismo, colesterol alto,
alimentação rica em sal e gorduras, estresse e histórico familiar pode se
tornar realmente uma doença muito perigosa.
Por não apresentar sintomas claros de sua existência, ou seja, por ser
assintomática, a hipertensão arterial é conhecida como “assassina silenciosa”.
Ela sozinha aumenta muito o risco de doenças cardiovasculares.
As doenças hipertensivas aumentam muito o peso sobre a
morbimortalidade geral e, em especial, sobre as cardiovasculares.
Após destacar a alta correlação entre a hipertensão arterial e algumas
das mais temíveis doenças crônicas, um grupo de especialistas da Sociedade
Brasileira de Cardiologia (2004) anunciou, durante a publicação das IV
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, que esta doença configura-se
como um dos principais agravos à saúde no Brasil, elevando sobremaneira o
custo médico-social. Estes especialistas anunciaram ainda que o combate a
esta doença tão perigosa e comum na população brasileira, só seria eficaz
através de uma abordagem multipofissional dado ao caráter multifatorial da
UNIDADE 3 - PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS DEGENERATIVAS LIGADAS AO SEDENTARISMO E A OBESIDADE
40
doença. Anunciaram, também, as medidas de maior eficiência no tratamento
não-medicamentoso. São elas:
· redução do peso corporal e manutenção do peso ideal (IMC
entre 20 e 25 kg/m2).
· redução da ingestão de sódio (o ideal seria ingerir até 6 g/dia
de sal, correspondente a 4 colheres rasas de café).
· maior ingestão de potássio (dieta rica em vegetais e frutas,
entre 2 e 4 g/dia de potássio).
· redução de bebidas alcoólicas (30g álcool/dia, aproximadamente
uma cerveja de 600 ml).
· exercícios físicos regulares (pelo menos 30 minutos de atividades
física moderada na maioria dos dias da semana).
Observe que todas estas medidas estão diretamente associadas ao estilo
de vida positivo, reforçando o quanto este estilo de vida é importante no
combate a morbimortalidade causado pelas doenças crônicas. Só para
refoçarmos o que estamos dizendo, segundo Nieman (1999), a obesidade
sozinha triplica o risco de hipertensão arterial. Imagine só quando associamos
a outros fatores de riscos, como, por exemplo, o sedentarismo. Estima-se
que o sedentarismo aumenta em até 50% o risco de hipertensão. Ainda
bem que basta perder peso para diminuir muito os valores de pressão arterial,
mas a melhor estratégia é associar uma alimentação saudável a um programa
regular de atividade aeróbia.
E você sabe como está sua pressão arterial?
Durante os exercícios aeróbios a frequência cardíaca sobe e com ela a
tensão arterial, a vantagem neste processo é que o organismo durante a
prática de exercícios físicos entra num estado que chamamos de prontidão
para o esforço, neste momento acontece um aquecimento do corpo e um
processo de vasodilatação, que é a ampliação do calibre ou luz dos vasos
sanguíneos, para facilitar a passagem de suprimento (O2 e glicose) trazidos
pela corrente sanguínea para os músculos e demais órgãos.
Após o término da sessão de exercício, a pressão arterial cai abaixo dos
níveis normais por um período em torno de 20 a 120 minutos, este efeito é
que chamamos de agudo e se destaca ainda mais quando a pessoa é
hipertensa. Se esta prática se torna rotineira este efeito começa a aumentar
durante a fase pós-exercício, além, é claro, dos efeitos benéficos adicionais,
como a redução do peso corporal, a diminuição do estresse, a melhoria do
perfil lipídico sanguíneo, a conseqüente melhora do padrão alimentar, entre
outros.
2. DIABETES MELITO
O diabetes melito ou simplesmente diabetes, a exemplo das demais
doenças crônicas, tem sua etiologia ainda um tanto confusa, mas vamos
analisá-la de forma geral.
Não-medicamentoso: sem a
utilização de medicamentos.
Efeito agudo: causado ime-
diatamente à atividade físi-
ca e passageiro.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
41
Temos dois tipos de diabetes diagnosticados, o insulino-dependente ou
do tipo 1 e o não insulino-dependente ou do tipo 2.
Em linhas gerais, esta desordem metabólica diminui a capacidade do
organismo em metabolizar (“queimar”) a glicose que é responsável por
alimentar de energia as células do nosso organismo.
No caso do diabetes tipo 1 o pâncreas deixa de produzir ou
produz em baixa escala o hormônio insulina, que é responsável
por permitir a entrada da glicose no interior das células (uma
espécie de chave), assim a glicose se acumula no sangue e
depois é eliminado pela urina através dos rins. Por razões ainda
não bem esclarecidas, as células betas, que são as células
pancreáticas responsáveis por produzirem a insulina, são
atacadas pelo sistema imunológico e deixam de produzir a
insulina, por isso a pessoa acometida por este tipo de diabetes
precisa receber insulina para que as concentrações de glicose
sejam metabolizadas e o corpo possa receber esta energia tão
importante, daí o nome insulino-dependente.
No caso do diabetes tipo 1 o pâncreas deixa de produzir
insulina e o portador dessa doença precisa de insulina externa. Por isso, o
termo insulino-dependente.
Como este tipo de diabetes se iniciava mais na juventude, ficou conhecido
como diabetes juvenil, nome que hoje não mais se aplica, pois este tipo de
diabetes pode aparecer em qualquer idade.
Os sintomas do diabetes tipo 1 são facilmente identificáveis:
• micção excessiva e freqüente;
• fome insaciável;
• sede intensa;
• perda de peso;
• visão turva, náuseas e vômitos;
• fraqueza, tontura, irritabilidade e fadiga extrema;
• dificuldade de cicatrização de pequenos ferimentos, na gengiva
por exemplo.
O diabetes tipo 2, não insulino-dependente, tem um mecanismo etiológico
diferente. Neste caso, o pâncreas produz a insulina, mas as células do
organismo, que precisam da glicose para se alimentar, começam a ficar
insensíveis à insulina, é como se a fechadura, neste caso, os receptores de
insulina, não reconhecessem a chave. Como resultado desse processo,
começa a se acumular no sangue a insulina e a glicose, sobrando para os
rins a difícil tarefa de eliminá-los pela urina.
No caso do diabetes tipo 2 o pâncreas produz insulina, mas as células
do corpo ficam insensíveis ao hormônio, o portador dessa doença só em
alguns casos/momentos vai precisar de insulina externa. Por isso, o termo
não insulino-dependente.
UNIDADE 3 - PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS DEGENERATIVAS LIGADAS AO SEDENTARISMO E A OBESIDADE
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Os sintomas do diabetes tipo 2 são mais discretos e não se pronunciam
com tanta nitidez como a do tipo 1; são mais lentos e geralmente se
pronunciam após os 30 anos e vão aumentando com o passar da idade. Um
fator isolado que acelera bastante o processo de instauração do diabetes 2
é o aumento do peso. Só nos Estados Unidos, 85% dos diagnósticos de
diabetes 2 foram feitos em pessoas com excesso de peso e a medida que
aumenta o IMC aumenta potencialmente o risco desta diabetes (NIEMAN,
1999).
Sabemos também que a grande maioria, cerca de 90% dos casos de
diabetes, são do tipo 2. Fica até fácil sabermos o porquê, pois sua alta
relação com o estilo de vida sedentário, com a má alimentação e com a
obesidade explica boa parte deste fenômeno.
Devido ao efeito tóxico dos níveis elevados de glicose na corrente
sanguínea sobre os vasos, nervos e outros tecidos do corpo, o portador de
diabetes temaumentado sua vulnerabilidade ao surgimento de várias
doenças.
As pessoas com diabetes estão até quatro vezes mais susceptíveis a
morrerem por doenças cardiovasculares. Cerca de 75% dos casos de óbito
por diabetes estão ligadas às doenças cardiovasculares.
Os valores recomendados de concentração de glicose sanguínea não
devem ultrapassar as 110mg/dl (miligramas por decilitros) após 12hs de
jejum. Qual é a boa notícia? Isto mesmo, o exercícios aeróbios regulares,
associados à boa alimentação e a adoção de um estilo de vida positivo,
combatem principalmente o diabetes 2, chegando a incrível marca de 90%
dos casos serem resolvidos com esta mudança no estilo de vida.
É bom relembrá-lo que a adoção do estilo de vida positivo combate à
obesidade, à hipertensão, ao colesterol alto e, conseqüentemente, diminui
substancialmente os riscos das doenças cardiovasculares.
Durante o exercício, como já foi colocado anteriormente, o corpo entra
em estado de prontidão potencializando o metabolismo para as solicitações
de gasto energético. Durante este período os músculos podem aumentar
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
43
de 7 a 20 vezes a captação de glicose aumentando a sensibilidade dos
receptores na presença, inclusive, de pouca insulina, isso faz com que as
taxas de glicose sanguínea caiam abaixo dos patamares normais. Este
fenômeno, dependendo da duração e intensidade do exercício, pode durar
de várias horas até dois dias após a sessão. Se estas sessões se repetem
regularmente este efeito pode se tornar crônico trazendo enorme benefício
para os diabéticos.
Porém, alguns cuidados devem ser tomados durante a prática dos
exercícios. Por exemplo: deverá monitorar seus níveis de glicemia para evitar
a hipoglicemia facilmente identificada na sensação de tontura que este estado
provoca. Se o diabético for insulino-dependente, deve tomar cuidados
adicionais com os pés, pois é natural a perda de sensibilidade nas
extremidades do corpo, o que pode ocasionar pequenos ferimentos que
como você já sabe tornam-se sempre mais difíceis de curar no diabético,
principalmente, nos pés. Mas, isso não deve ser impedimento para a prática
esportiva dos diabéticos tipo 1. Temos casos de atletas até de triathlon que
controlam seus níveis durante as provas.
3. COLESTEROL ALTO
O colesterol alto é um dos principais fatores predisponentes para as
doenças cardiovasculares, mas em concentrações normais torna-se
imprescindível para o bom funcionamento do organismo. Então, vamos
entender melhor como é este mecanismo.
Nosso organismo produz colesterol para seu próprio funcionamento,
mas também absorve colesterol dos alimentos, principalmente, os de origem
animal. Quando os níveis de colesterol estão elevados uma parte do excesso
fica depositado nas paredes das artérias, aumentando, com isso, os riscos
de doenças cardiovasculares. Mas, basta iniciarmos uma mudança do estilo
de vida para termos uma diminuição deste risco.
Mas, afinal, o colesterol é bom ou ruim para o organismo? Como funciona?
O colesterol, a exemplo do triglicerídes e de outras gorduras ou lipídeos,
é carregado pela corrente sanguínea por transportadores conhecidos como
lipoproteínas, que se dividem em lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e
de alta densidade (HDL).
O LDL-colesterol é tido como mau colesterol, pois influencia para o
“acúmulo de gordura” nas paredes das artérias aumentando os riscos das
doenças cardiovasculares. Os níveis considerados aceitáveis não podem
ultrapassar as 130mg/dl (130 miligramas de LDL-colesterol por decilitros de
sangue). Seu nível ideal é de 100mg/dl.
Já o HDL-colesterol é conhecido como o bom colesterol, pois é responsável
por levar o colesterol até o fígado para ser transformado em ácidos biliares
ou simplesmente bile e, às vezes, até para ser eliminado do organismo pelas
fezes. Configurando-se no mecanismo de controle do colesterol.
Colesterol: substância pre-
sente em todas as células
do corpo, responsável por
várias funções bioquímicas,
presente na gordura de ori-
gem animal muitas vezes até
confundida com ela ou usa-
da como sinônimo de gordu-
ra ou lipídio.
UNIDADE 3 - PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS DEGENERATIVAS LIGADAS AO SEDENTARISMO E A OBESIDADE
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Em linhas gerais, podemos dizer que o LDL-colesterol é o mau colesterol,
pois influencia no “acúmulo de gordura” nas paredes das artérias. E o HDL-
colesterol é o bom colesterol, pois leva o excesso até o fígado para ser
transformado, controlando as taxas de colesterol sanguíneo.
Da mesma forma que exemplificamos a insulina como uma chave que
facilita a entrada da glicose da célula, o HDL-colesterol seria uma espécie de
caminhão de lixo que coleta a gordura pelo organismo e a recicla ou joga
fora através do fígado.
Quando os níveis de HDL-colesterol são elevados (e”60mg/dl),
observamos uma redução dos riscos de doenças cardiovasculares.
A proporção ideal de colesterol seria de 100mg/dl para o LDL e 60mg/dl
HDL, ou seja, um colesterol total de 160mg/dl. A notícia ruim é que as pessoas
com HDL superior a 60mg/dl são bem raras. Provavelmente, isto estaria
ligado a algum fator genético ainda não explicado. Quando o colesterol total
ultrapassa os 200mg/dl é preciso ficar atento para os riscos que isso pode
trazer.
Você já avaliou seus níveis de colesterol? É sempre recomendado
monitorá-lo, ok?
A notícia boa é que o exercício aeróbio regular aparece em primeiro lugar
na ordem de importância para o aumento do HDL e diminuição do LDL, seguido
pela redução do peso corporal, interrupção do tabagismo e diminuição do
consumo de álcool. Para a redução do LDL também é preciso uma reeducação
alimentar, principalmente, no tocante à redução do consumo de gordura
saturada, tão abundante em alimentos industrializados.
4. DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Pelo que já estudamos até agora foi possível perceber que as doenças
cardiovasculares são as que mais predispõem as pessoas ao quadro de
morbimortalidade. Só para termos uma idéia do impacto destas doenças,
além de serem responsáveis por mais da metade do total geral de óbitos
nos países desenvolvidos, como já observamos na unidade anterior, se elas
fossem eliminadas, teríamos um acréscimo de 10 anos na expectativa de
vida.
Temos mais de 20 diferentes doenças ligadas ao coração e aos vasos,
por isso o termo “doenças cardiovasculares” é entendido de forma genérica.
Estudaremos, então, as principais. Vamos começar!
É inquestionável o papel das doenças cardiovasculares na
morbimortalidade no mundo contemporâneo ocidental, tanto para os países
desenvolvidos quanto para os em desenvolvimento.
As doenças cardiovasculares especialmente a cardiopatia isquêmica e o
acidente vascular cerebral são e serão, conforme projeção para 2020, as
principais causas de morte, morte prematura e de anos perdidos com
incapacitação (MATOS et. al., 2004).
Cardiopatia isquêmica: acon-
tece quando suprimento de
sangue é interrompido cau-
sando a isquemia, ou seja, a
morte do tecido cardíaco por
falta de suprimento sanguí-
neo.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
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4.1. Cardiopatia ou doença coronariana
Para estudarmos a doença coronariana, precisamos entender a sua
etiologia. Neste contexto, vamos estudar a aterosclerose que, em linhas
gerais, é conhecida pela formação de uma placa de substância gordurosa
na camada interna dos vasos sanguíneos. É tida como fator subjacente em
aproximadamente 85% dos casos de doenças cardiovasculares. A
aterosclerose pode desencadear a cardiopatia, o acidente vascular cerebral
(AVC) e a doença arterial periférica.
A aterosclerose é tida como fator subjacente em aproximadamente 85%
dos casos de doenças cardiovasculares.
Vejamos como se forma a placa aterosclerótica. O mecanismoé bem
complexo e controverso, mas vamos abordá-lo superficialmente e de forma
didática.
Segundo Nieman (1999), o processo tem início na lesão da parede do
vaso ocasionada por vários fatores associados, entre eles podemos destacar:
o nível elevado de colesterol e as lipoproteínas oxidadas, a pressão arterial
elevada, o tabagismo, a má alimentação, entre outros. Em resposta a esta
lesão, os monócitos são atraídos para o local, se acumulam no revestimento
interno do vaso (conhecido como íntima) e se transformam em macrófagos
(células comedoras). Estes macrófagos, ao realizarem a fagocitose, liberam
proteínas que estimulam a produção de colágeno e de outras substâncias
que formam o tecido fibroso da placa aterosclerótica. Como resultado deste
processo, temos um estreitamento progressivo da luz do vaso, que, por
conseguinte, pode desencadear um ataque cardíaco, um AVC ou até uma
doença arterial periférica (varizes).
Então, você já está percebendo porque
colocamos as doenças cardiovasculares
nesta sequência. Veja só os fatores de risco
para o surgimento da doença coronariana,
principal doença cardiovascular. Antes,
porém, precisamos dividir estes fatores em
primários e secundários para entendermos
melhor o quanto os fatores associados
podem predispor a pessoa a esta doença
tão perigosa e também, quanto o estilo de
vida positivo pode contribuir na prevenção
e no combate a esta doença.
Segundo Pollock & Wilmore (1993), os fatores primários podem ser
alteráveis, basta a pessoa se esforçar e modificar seu estilo de vida. São
eles:
• a hipertensão arterial.
• os lipídeos sanguíneos (LDL-C elevado e HDL-C reduzido,
triglicerídeos elevado).
• tabagismo.
Lipoproteínas oxidadas:
neste processo o LDL pode
ser oxidado pelo fumo e/ou
pela ausência das vitaminas
antioxidante (A, E e C).
Monócitos: leucócitos ou
glóbulos brancos, responsá-
veis pela defesa do organis-
mo.
Fagocitose: é a ingestão e
destruição de uma partícu-
la de microrganismo por
uma célula, conhecida como
fagócito.
Fatores de risco primário: já
amplamente comprovados,
em que não há mais dúvi-
das de sua participação na
etiologia da doença
Fatores de risco secundário:
tão importante quanto os
primários ainda precisam
passar por mais estudos
para uma melhor compreen-
são no mecanismo
etiológico da doença.
UNIDADE 3 - PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS DEGENERATIVAS LIGADAS AO SEDENTARISMO E A OBESIDADE
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Já os fatores secundários são divididos em alteráveis e inalteráveis.
Alteráveis:
• diabetes.
• estresse.
• sedentarismo.
• obesidade.
Inalteráveis:
• idade.
• gênero masculino e hereditariedade.
Ainda segundo estes renomados cientistas, a hipertensão tornou-se a
principal preditora da doença coronariana, especialmente, quando associada
a outros fatores aqui apresentados.
4.2. Acidente Vascular Cerebral – AVC
Outra doença muito perigosa é o acidente vascular cerebral, conhecido
simplesmente como AVC ou ainda derrame.
O nosso cérebro requer aproximadamente 25% do volume de sangue
bombeado pelo corpo e ainda 75% da glicose presente no sangue. Então,
não se assuste com a fome que sentimos quando estamos estudando, mas
é que realmente precisamos nos alimentar bem nesta hora, mas não vamos
exagerar!
Diferente de outros órgãos do corpo, como, por exemplo, os músculos, o
cérebro não possui energia armazenada em forma de glicogênio e se ficar
privado de sangue por pouco tempo já será suficiente para perder a função
da região afetada e as consequências podem ser irreversíveis ou até fatais.
Os AVCs podem ser isquêmicos onde o suprimento sanguíneo é
interrompido e a área afetada sofre uma necrose. Ou hemorrágico (derrame)
onde acontece o sangramento dentro do cérebro.
Este primeiro tipo de acidente pode ser transitório, quando um coágulo
ou trombo sanguíneo interrompe transitoriamente a passagem do sangue
ou, ainda, o definitivo quando esta interrupção causa a morte da região
afetada por falta de sangue.
No caso do hemorrágico, acontece o
rompimento da artéria cerebral e o vazamento
do sangue para outras regiões do cérebro,
este tipo é mais raro, mas muito mais fatal.
Em ambos os casos, a aterosclerose e a
hipertensão são os fatores subjacentes.
Como sempre, a boa notícia é que os
fatores de risco, como a hipertensão, a
obesidade, além da má alimentação, do
tabagismo e do estresse, podem ser
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
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combatidos pela mudança do estilo de vida de sedentário para ativo, esta
doença também pode ser evitada com atitudes simples e econômicas.
Vamos orientar as pessoas para esta mudança?
Nesta unidade você estudou sobre as principais doenças crônicas e pode
perceber que os fatores de riscos associados e o estilo de vida negativo, em
que a obesidade, os maus hábitos alimentares, o tabagismo e o estresse,
podem aumentar muito os riscos de morte prematura, invalidez e diminuição
da qualidade de vida das pessoas. Percebeu também quanto o estilo de
vida positivo, em que a atividade física regular associada a uma boa
alimentação e ao não-tabagismo, pode influenciar na prevenção e tratamento
destas doenças, melhorando a qualidade de vida e a longevidade das
pessoas.
É HORA DE SE AVALIAR!
Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de
estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-
lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia
no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija
as respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!
Na próxima unidade, estudaremos o Sistema Único de Saúde – SUS e as
políticas públicas para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de
Vida. Você perceberá onde a profissão de Educação Física se insere na área
de saúde. Vamos lá!
1
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
Graduação
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
49
U
N
ID
A
D
E 
4
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS E AS
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A
PROMOÇÃO DA SAÚDE E MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA
Na unidade anterior, vimos as principais doenças crônicas degenerativas
ligadas ao sedentarismo e à obesidade. Você pôde perceber também o papel
do estilo de vida positivo e da atividade física no combate a estas doenças.
Nesta unidade, veremos como a Educação Física foi reconhecida enquanto
área da saúde e o que isso implica na atuação profissional e responsabilidade
social. Conheceremos a organização da saúde em nosso país e as principais
estratégias governamentais no combate às doenças crônicas, melhoria da
saúde e da qualidade de vida da população brasileira, além de alguns
protocolos de avaliação do nível de atividade física.
Vamos continuar nossa jornada!
OBJETIVOS:
Conhecer e discutir o Sistema Único de Saúde – SUS. Analisar e discutir
políticas públicas para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida
através do incentivo à adoção de um estilo de vida ativo. Discutir a inserção
do profissional de Educação Física na atenção básica à saúde. Conhecer
instrumentos de avaliação do nível de atividade física habitual e de saúde.
PLANO DA DISCIPLINA:
• Sistema Nacional de Saúde.
• Criação do Sistema Único de Saúde – SUS.
• Atenção Básica à Saúde.
• Programa Saúde da Família – PSF - como estratégia de atenção
básica.
• Inserção do profissional de Educação Física na Atenção Básica à
Saúde.
• Políticas públicas de promoção da saúde através do incentivo
ao estilo de vida ativo.
• Medidas de avaliação e monitoramento da atividade física e
saúde.
Bons estudos!
UNIDADE 4 - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA
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A história

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