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Processo Penal - Princípio do Duplo grau de Jurisdição

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I - INTRODUÇÃO
Ao estudarmos os princípios do Direito Processual Penal, importa conceituar precisamente o seu significado, qual seja, sua aplicação na matéria e suas implicações na pratica do direito, principalmente no que tange à regulação limitadora do poder punitivo do Estado em um sistema democrático de direito.
Para Bitencourt, Cezar Roberto, 2015, p.49.
As ideias de igualdade e de liberdade, apanágios do iluminismo, deram ao Direito Penal um caráter formal menos cruel do que aquele que predominou durante o estado absolutista. Impondo limites à intervenção estatal nas liberdades individuais. Muitos desses princípios limitadores passaram a integrar os Códigos Penais dos países democráticos e, afinal receberam assento constitucional, como garantia máxima de respeito aos direitos fundamentais do cidadão.(...) Todos esse princípios são garantias do cidadão perante o poder punitivo estatal e estão amparados pelo novo texto constitucional de 1988.
Com essa diretriz, podemos afirmar que princípios são os alicerces de uma determinada legislação, ou aquilo que vem primeiro e deve nortear sua aplicação, às vezes expressos na ordem jurídica positiva, outras implícitos, deduzidos logicamente, irradiando dos sistemas legais, sendo muitas vezes mais importantes que a própria norma jurídica, no sentido de que uma norma penal que não esteja alicerçada em um princípio, fatalmente está fadada ao desprezo e à invalidade como esclarece Cezar Roberto Bitencout,
Bitencourt, Cezar Roberto, 2015, p 48.
“A onipotência jurídico-penal do Estado deve contar, necessariamente, com freios ou limites que resguardem os invioláveis direitos fundamentais do cidadão (...) devendo respeitar aqueles limites, além dos quais há a negação de um Estado de Direito social e democrático”.( Bitencourt, 2015, p 48).
II – PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
O direito processual penal, aplicável ao processo penal, regula a aplicação do Direito Penal, ou seja, a investigação criminal, o trâmite da ação penal, os procedimentos, recursos, normas e nulidades da execução penal.
O princípio do duplo grau de jurisdição garante às partes conflitantes a possibilidade de ver a questão, decidida em primeira instância, ser reanalisada por um órgão jurisdicional superior àquele que proferiu a decisão.
Segundo Andreucci, Ricardo Antônio, (2014, p 21).
O princípio do duplo grau de jurisdição consiste na possibilidade que tem as partes, no processo, de submeter o julgamento da causa, ou alguma questão incidente, ao reexame por um órgão jurisdicional superior. Esse princípio não vem expresso na Constituição Federal (veio tratado apenas na Constituição de 1824), sendo decorrência do princípio do devido processo legal. Além disso, a Constituição Federal ao prever a possibilidade de recurso especial contra decisões de segunda instância, implicitamente admite o sistema recursal como garantia processual.
Como vimos, apesar de não inscrito textualmente no texto constitucional, considera-se que o direito de recorrer é uma consequência lógica do direito de ação e de defesa, ou seja, a defesa somente pode ser amplamente desempenhada se o direito de submeter a decisão a outro órgão jurisdicional ou em alguns casos ao mesmo órgão, for concedido ao interessado.
Além disso, a Convenção Americana dos Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica em seu artigo oitavo assim determina:
Artigo 8º - Garantias Judiciais. Nº 2 – “Toda pessoa acusada de delito, tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
h- Direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior”.
Sabemos que, por força da emenda constitucional 45/04, hierarquicamente, os dispositivos da Convenção Americana situam-se no mesmo nível das regras constitucionais conforme preceitua o artigo 5º § 2ª da Constituição Federal:
Parágrafo segundo: “Os direitos e garantias expressos nesta constituição não excluem outros decorrentes dos regimes e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
É o que aprendemos na lição de Luis Fernando de Moraes Manzano em seu Curso de processo penal, onde afirma:
Manzano, Luis Fernando de Moraes (2013, p. 32):
Assim, embora a garantia do duplo grau não esteja expressamente consagrada na Lei Maior, a exemplo do que ocorreu na Constituição do Império, trata-se de regra imanente da CF que, além do mais, prevê não apenas a dualidade de graus de jurisdição, mas a pluralidade deles. Os recursos de terceiro grau das Justiças Trabalhista e Eleitoral, assim como o recurso especial para o STJ e o recurso extraordinário para o STF, não se enquadram na garantia do duplo grau, posto que tais recursos não se prestam a submeter à rediscussão da causa, mas somente à reapreciação da decisão, na parte em que esta afrontou lei federal ou a CF. 
Assim, o direito busca sua norma-valor numa interpretação que considere a Constituição como justificante de todos os seus dispositivos. Também o Direito Processual Penal, como realização do “direito de punir” do Estado, deve sempre balizar-se pelos direitos fundamentais nela explícitos e implícitos. Notadamente, os expressos no artigo primeiro, incisos II e III, valores referentes à cidadania e dignidade da pessoa humana.
A pessoa humana, entendida como sujeito, e não objeto do processo, deve receber do Estado um tratamento que se oriente pela ideia de cidadania não sendo possível imaginar o processo penal que não leve em conta, como caminho orientador, a noção da dignidade da pessoa humana, onde não se admite um direito penal resultante das iras e ódios coletivos, ou como resultado da raiva social, insuflada pelos meios de comunicação, quase sempre sensacionalistas.
III – CONCLUSÃO
As normas do direito processual penal formam o corpo material que possibilita a aplicação da jurisdição penal sobre as pessoas, ou seja, o exercício do direito de punir do Estado sobre o cidadão. Os princípios, vão além disso. É o espírito que os anima, que orienta o jurista e o aplicador do direito, consciente de que este, (o Direito), não é somente norma positivada, mas também valores arraigados na sociedade, que transgredidos, podem constituir fatos mais graves do que a violação de uma norma, posto que o ditado popular aplica-se perfeitamente no caso: “A letra mata, o espírito vivifica”.
Como princípio do processo penal, o direito a um segundo grau de jurisdição, visa sobretudo a garantir que a insatisfação com uma sentença prolatada, seja pelo autor ou pelo réu, possa ser submetida a um novo julgamento, e que injustiças não sejam cometidas em nome de um falso argumento que prioriza a agilidade processual em prejuízo dos direitos individuais.
Quando se fala em injustiça processual, a lembrança primeira que surge nas pessoas é a de que o réu, no processo penal, estaria sendo beneficiado pelo direito de recorrer, ás vezes em liberdade. Porém, muitas vezes ocorre o contrário, onde o autor recorre, pedindo a condenação de um réu, injustamente inocentado.
Entende-se assim, a importância da aplicação deste princípio, constante em nosso ordenamento jurídico, procurando evitar, para os dois lados, autor e réu, que ocorra uma injustiça ou a violação de um direito fundamental.
Como bem escreveu o jornalista Jânio de Freitas em sua coluna no Jornal Folha de São Pulo no dia 21 de Fevereiro de 2016, falando sobre a permissão dada pelo STF de que o condenado seja preso embora ainda tenha direito a um segundo recurso contra a condenação e da ilusão de que a culpa da lerdeza da justiça seja unicamente impostas aos recursos judiciais de modo geral, assim escreveu o jornalista:
“O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, registrou o seu argumento pela decisão do Supremo: Trata-se deum passo decisivo contra a impunidade no Brasil. Mas a verdade é que quem teria direito a recorrer em liberdade, continuará com o mesmo direito, com a diferença só de que o usará já de dentro da cadeia. E, da mesma maneira se ainda livre ou já preso, será inocentado ou confirmado na condenação. Logo, não há mudança alguma no grau de impunidade vigente.
A causa desse mal, que em si mesmo é uma injustiça da Justiça contra um dos lados em litígio, está no sistema Judiciário. Tanto por sua insuficiente dimensão, se comparada ao dilúvio de ações do país imenso e problemático, como pela ausência de medidas nos tribunais, que é onde se dá o engarrafamento. Provocado, diga-se, por morosidades individuais que honram o exemplo do próprio Supremo, onde há processos já adolescentes em idade de prateleira. E de onde o país recebeu até o espetáculo de um Gilmar Mendes mostrando-lhe que reteve um processo importante por ano e meio, apesar de já decidido por outros votos, apenas porque assim quis”.
Finalizando, podemos afirmar que, apesar das controvérsias relacionadas ao tema, o princípio do duplo grau de jurisdição busca reparar injustiças, na certeza de que todo ser humano é falível e também na certeza de que nossos juízes enquadram-se na categoria de seres humanos e que não seria razoável esperar que fossem imunes a falhas. Assim, o princípio do duplo grau de jurisdição pode garantir uma melhor solução para os litígios mediante o exame de cada caso por órgãos judiciários diferentes, sanando a insegurança acarretada pelas decisões de uma única instância, bem como garantindo, com sua aplicação, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes, que seja alcançada, em maior grau possível a verdade dos fatos, a paz social e a garantia da realização plena da dignidade da pessoa humana, norma constitucional fundante da República Federativa do Brasil.
IV – BIBLIOGRAFIA
Andreucci, Ricardo Antonio, Curso Básico de processo Penal/ Ricardo Antonio Andreucci – São Paulo: Saraiva, 2014.
Bitencourt, Cezar Roberto, Tratado de Direito penal: Parte Geral1/ Cezar roberto bitencourt -21 ed. São Paulo, 2015.
Manzano, Luis Fernando de Moraes, Curso de Processo Penal/ Luis Fernando de Mores Manzano. 3 ed. São Paulo: Atlas. 2013.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/anexo/and678-92.pdf a,cesso em 04.03.2016
http://jornalggn.com.br/noticia/a-hora-da-prisao-por-janio-de-freitas. , acesso em 04.03.2016.
www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm, acesso em 04.03.2016

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