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QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 1 (PRINCIPAIS TÓPICOS e LEMBRETES DAS AULAS) • ESTRUTURAS ORGÂNICAS (Aulas 1 – 4) o A tabela periódica dos químicos orgânicos: o Receita para a construção básica de organismos vivos: C, H, O, N. Umas pitadas de P, S, e metais de transição... Os principais componentes da Química Orgânica como disciplina são: � Determinação estrutural – Como determinar as estruturas químicas de novos compostos ainda que às vezes apenas disponíveis em quantidades muito pequenas. � Química Orgânica Teórica – Como entender tais estruturas em termos de átomos e elétrons que se interligam. � Mecanismos de Reações – Como determinar a forma como estas moléculas reagem e como predizer suas reações. � Síntese – Como projetar novas moléculas e então fazê-las. � Química Biológica – Como determinar o que a Natureza faz a um nível molecular e como estruturas de compostos biologicamente ativos são relacionados com o que e como fazem. QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 2 • Cadeias de hidrocarbonetos: introdução ao mundo das moléculas orgânicas... Tabela 1. Nomes e abreviações para cadeias carbônicas No de átomos de carbono Nome do grupo Fórmula Abreviação Nome do alcano ( = cadeia + H) 1 metila -CH3 Me Metano 2 etila -CH2CH3 Et Etano 3 propila - CH2CH2CH3 Pr Propano 4 butila -(CH2)3CH3 Bu Butano 5 pentila -(CH2)4CH3 - Pentano 6 hexila -(CH2)5CH3 - Hexano 7 heptila -(CH2)6CH3 - Heptano 8 octila -(CH2)7CH3 - Octano 9 nonila -(CH2)8CH3 - Nonano 10 decila -(CH2)9CH3 - Decano 11 undecila -(CH2)10CH3 - Undecano 12 dodecila -(CH2)11CH3 - Dodecano o O ‘esqueleto’ do hidrocarboneto é constituído de cadeias e anéis de átomos de carbono, ligados entre si e a átomos de hidrogênio. Lembre-se que carbono faz ao todo quatro ligações, podendo ser a ligação simples, dupla ou tripla. o O ‘esqueleto’ do hidrocarboneto age como um suporte também para os grupos funcionais, que em geral são grupos que contem porções de heteroátomos (outros átomos diferentes de carbono ou hidrogênio, tais como O, S, N etc.). QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 3 o Os grupos funcionais determinam o modo como a molécula funciona química e biologicamente. Ex: Cisteína, um aminoácido natural... • Desenhando as moléculas o Torne o diagrama (desenho) mais próximo da ‘realidade’! Tomemos por exemplo várias possibilidades de desenhar a estrutura do ácido graxo, ácido linoléico. Vejamos: Modo 1. Modo 2. Modo 3. Modo 4. Estrutura obtida por difratometria de Raios-X Quando observamos a estrutura obtida experimentalmente por difratometria de Raios-X, fica claro que as formas mais realísticas de descrever a molécula são o modo 3 e 4. QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 4 Dicas para desenhar uma boa estrutura: � Sempre desenho as cadeias alquílicas em zig-zag!!! � Omitir os Hs ligados aos átomos de carbonos, a menos que exista uma boa razão para não o fazer. � Omitir a letra maiúscula C representando átomos de carbono, a menos que exista uma boa razão para não o fazer. Guia usando o ácido linoléico como exemplo: O que seria uma boa razão para não o fazer? Uma seria se C ou H faz parte de um grupo funcional. Outra seria se C ou H precisa ser destacado de alguma forma, porque participa de uma reação, por exemplo. Importante você perceber que estas não são regras, portanto existe certa flexibilidade, e com o tempo e a prática esta tarefa de representar diagramaticamente moléculas virá a ser intuitiva e fácil. Lembre-se: Se você escrever C para representar um átomo de carbono, então você deverá obrigatoriamente explicitar seus átomos de H! QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 5 Alguns exemplos de diagramas estruturais (o diagrama a direita é sempre o preferível para os químicos orgânicos): Triptofano Triptofano (C e H implícitos) Galato de etila Galato de etila (C e H implícitos) Piperonal Piperonal Diagramas podem ser modificados sempre para se adaptar a cada ocasião: o Mostrar uma parte apenas da estrutura Quando precisamos mostrar apenas uma parte da estrutura de uma molécula, pode-se usar uma linha em forma de mola ( ), que indicará uma estrutura incompleta. Por exemplo, o grupo ácido carboxílico que apresentamos abaixo está explícito isolado do resto da molécula. o Enfatizar uma parte da molécula para um mecanismo de reação QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 6 Para destacar o que interessa em um mecanismo, podemos desenha a mesma molécula de diferentes formas: (setas curvas indicam o fluxo do par de elétrons em um mecanismo, será apreciado intensamente mais tarde no curso...) Um aminoácido agindo como um ácido... O mesmo aminoácido aqui agindo como uma base... o Diagramas estruturais podem mostrar informação tridimensional em uma página bidimensional... Veremos mais adiante no curso que uma parte importante da Química Orgânica trata da disposição espacial das moléculas, a esta parte denominamos Estereoquímica. Leucina O átomo de carbono entre o grupo NH2 e o grupo CO2H da leucina tem um arranjo tetraédrico ao seu redor, embora nessa representação mais simples, esse fato é ignorado. Aqui, a representação tridimensional. A ligação em negrito ( ) significa que o grupo NH2 está saindo do plano da página em nossa direção. Consequentemente, o H estará entrando no plano da página, se afastando de nós, usamos para isso o artifício da ligação rachurada ( ). Alternativamente, o H pode ser omitido na estrutura. CO2H NH2 QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 7 Tipos de estruturas que encontramos em moléculas orgânicas: o ‘Esqueleto’ de hidrocarbonetos (Veja nomes fundamentais na Tabela 1, pg 2!) A classe mais simples contém apenas átomos da cadeia. O ácido graxo que vimos anteriormente tem um ‘esqueleto’ feito de átomos em zig-zag. Polietileno é um polímero importantíssimo em nossas vidas, e é feito exclusivamente de cadeias de átomos de C. Por outro lado, formas mais complexas, cujas estruturas químicas são um desafio em termos de indentificação, apresentam também este aspecto fundamental. Veja por exemplo a estrutura da linearmicina abaixo: linearmicina, uma molécula e tanto... o Nomes e abreviações das cadeias carbônicas (Veja tabela 1, pg. 2!) o “Elementos Orgânicos” (Me, Et, Pr, Bu...) Aprenda a usá-los corretamente, pois são fundamentais no dia a dia da Química Orgânica. Exemplo: Correto!! QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 8 Não está correto!!! O Bu representa –CH2CH2CH2CH3 e tem que ser necessariamente usado apenas nas extremidades de uma molécula, e não no meio. o Aneis de carbono Muito comuns em estruturas orgânicas. Pode ser que você já tenha até ouvido falar da história que Auguste Kekulé descobriu a estrutura do benzeno em 1886 após ter um sonho com cobras mordendo seus próprios rabos. Muito comum nas estruturas orgânicas, o anel benzênico merece aqui certo destaque, que veremos mais profundamente quando estudarmos aromaticidade... Benzeno Você irá ver que é também comum a representação do benzeno como esta, acima. O círculo central representa a deslocalização das 3 duplas ligações. EVITE usar essa forma, principalmente ao descrever mecanismos dereações... Presente em muitas estruturas pode ser chamado muitas vezes de anel benzênico ou mesmo anel aromático. fenilalanina Muitas vezes o termo C5H5- de um anel benzênico monosubstituído, chamado fenila, pode ser abreviado por Ph Fenol Assim, fenol pode ser facilmente abreviado como PhOH. QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 9 Fenol substituído Quando um benzeno possui mais de um substituinte, pode ser abreviado como Ar, que significa anel aromático. No exemplo ao lado poderíamos abreviar como ArOH. Alguns outros exemplos de moléculas contendo anéis benzênicos em sua estrutura. Vários outros anéis são possíveis em estruturas, embora os mais comuns sejam os de 5 e 6 membros por questões que entenderemos mais tarde... Alguns exemplos abaixo: 3 membros 4 membros 5 e 6 membros O HO Ácido crisantemico OH Grandisol QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 10 Não usuais... 13 membros Contendo heteroátomos: HETEROCÍCLOS o Ramificações Hidrocarbonetos raramente consistem de simples cadeias ou anéis, pois frequentemente ocorrem ramificações. Aneis, cadeias e ramificações estão combinadas nas estruturas de diversas moléculas. Alguns exemplos abaixo: QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 11 O grupo isopropila pode ser avreviado como i-Pr em diversas ocasiões. Note que a parte propila do isopropila ainda indica 3 átomos de carbono. Eles apenas estão ligados de forma diferente, em outras palavras, o isopropil é um isômero do propil de cadeia linear. Para evitar confusão, as cadeias lineares podem receber uma letra n indicando que são lineares e não ramificadas (n significa normal): n-propila (n-Pr), n-butila (n-Bu). Li N LDA (diisopropilamideto de lítio) LiNi-Pr2 N O N H H N N O N H HNou ou Isômeros são moléculas, com os mesmos tipos e números de átomos, ligados entre si de uma maneira diferente. n-Propanol (n-PrOH) e isopropanol (i- PrOH), por exemplo, são isômeros. Isômeros também não precisam ter os mesmo grupos funcionais, como por exemplo os compostos abaixo, todos com fórmula molecular C4H8O. QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 12 Tipos de ramificações mais comuns e suas denominações: Grupo isobutila i-Bu Grupo sec- butila s-Bu Grupo terc-butila t-Bu Isopentila ou isoamila Ex.: Ex.: Ex.: Ex.: QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 13 o Grupos funcionais Além da cadeia carbônica, outro aspecto importante na estrutura é a presença de grupos funcionais. São os grupos funcionais que determinam as propriedades e a reatividade da molécula. É importante neste ponto conhecermos os principais tipos de grupos funcionais presentes nas moléculas orgânicas. A tabela 2 irá ajudá-lo a relembrar: Tabela 2. Estruturas de alguns grupos funcionais presentes em moléculas orgânicas Nome da família Estrutura do grupo funcional Exemplos terminação do nome Alcano não tem (apenas C- C e C-H) -ano Alqueno -eno Alquino -ino Álcool -ol Éter eter Haletos de Alquila ou Arila (não tem) QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 14 Amina -amina Nitro (não tem) Aldeído -al Cetona -ona Ácido Carboxílico -oico Ester O O O O R R O O R R = uma cadeia alquílica longa uma molécula de gordura O O proprioato de isobutila (rum) -oato QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 15 Amida -amida Nitrila -nitrila Cloreto de ácido -oíla Anidrido de ácido (não tem) Tiol -tiol QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 16 Átomos de carbono portando grupos funcionais podem ser classificados pelo seu nível de oxidação, que depende do número de ligações com heteroátomos que faz o átomo de C em questão: (Aqui, não confunda nível de oxidação com estado de oxidação!!! Pois em todos esses compostos o estado de oxidação do C é +4). Nível de oxidação de alcano Nível de oxidação de álcool Nível de oxidação de aldeído Nível de oxidação de ácido carboxílico Nível de oxidação do dióxido de carbono Zero ligações a heteroátomos 1 ligação a heteroátomo 2 ligações a heteroátomos 3 ligações a heteroátomos 4 ligações a heteroátomos ** ** Ao longo da mesma coluna, classes de compostos podem ser interconvertidas umas em outras por reações de adição, substituição, eliminação. Entre uma coluna e outra, apenas são interconvertidos se houver oxi-redução! Redução, se de uma coluna à direita para esquerda. Oxidação, se de uma coluna à esquerda para a direita! ** Alquenos e alquinos obviamente não se ajustam dentro da categoria de ligações com heteroátomos. Alquenos podem ser feitos a partir de desidratação de alcoóis, sem haver qualquer redução ou oxidação, assim parece plausível colocá-lo na coluna de nível de oxidação de alcoóis. O R NH2 amidas QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 17 Similarmente, alquinos e aldeídos estão relacionados por hidratação/desidratação sem que necessite redução ou oxidação. Em ambas as reações abaixo, o que ocorre é oxidação pelo oxigênio do ar catalisada por uma enzima em um sistema vivo. • Dando nome as compostos orgânicos... o Nomenclatura sistemática NOTA: Vimos até agora uma diversidade de nomes para diagramas estruturais de moléculas, muitos dos quais são conhecidos como nomes usuais, que geralmente derivam de questões históricas ou mesmo da origem natural da substância. Nomes tais como aspartame ou estricnina, familiares a muitos químicos, biólogos, físicos, médicos, perfumistas, farmacêuticos, enfermeiras etc... Contudo, uma imensa quantidade de substâncias orgânicas conhecidas (cerca de 16 milhões de compostos), faz a tarefa de nomear compostos com nomes simples improvável e, de certa forma, perda de tempo. Por essa razão, a IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) estabeleceu normas e regras para nomear compostos adequadamente. Para que serve? A partir de um nome, poderemos deduzir a real estrutura química da substância. Embora, funcione adequadamente para moléculas mais simples (pequenas), é extremamente difícil dar nomes corretamente para compostos mais complexos. Não há espaço aqui para explicar todas as regras para nomenclatura sistemática, isso encheria volumes e volumes de livros de mais de mil páginas certamente, e não faremos questão mesmo de conhecer muito a fundo, pois computadores hoje fazem muito bem este trabalho. A maioria dos químicos orgânicos no dia-a-dia sempre prefere usar nomes usuais e mesmo chamar seus compostos por códigos. De qualquer forma, é importante para a sua formação, e para ir bem neste curso, conhecer como as regras de nomenclatura funcionam, seus princípios básicos! Nomes sistemáticosdividem-se em 3 partes: o uma descreve o “esqueleto” do hidrocarboneto; o Uma descreve os grupos funcionais; QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 18 o e uma indica a posição no esqueleto hidrocarbônico onde os grupos funcionais estão ligados. Como já visto na tabela 1, os fragmentos de “esqueletos” hidrocarbonetos simples (metila, etila, propila etc.), adicionando-se H a esse grupo alquila troca-se a terminação -ila por –ano. Sãos os chamados alcanos, que também podem ser cíclicos. Essas estruturas básicas abaixo devem, portanto, fazer parte do seu cotidiano! 1 carbono metano 2 carbonos etano 3 carbonos propano ciclopropano 4 carbonos butano ciclobutano 5 carbonos pentano ciclopentano 6 carbonos hexano ciclohexano 7 carbonos heptano cicloheptano 8 carbonos octano ciclooctano 9 carbonos nonano ciclononano 10 carbonos decano ciclodecano O nome do grupo funcional pode ser adicionado ao nome do esqueleto hidrocarbônico, tanto como sufixo ou prefixo. Veja alguns sufixos para grupos funcionais na tabela 2! Alguns exemplos abaixo. É importante contar o número de carbonos totais na cadeia, ainda que um deles faça parte do grupo funcional: Assim, pentanonitrila é na verdade BuCN e ácido butanóico é PrCO2H. Compostos com grupos funcionais ligados ao benzeno são nomeados de maneira similar. QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 19 Números são usados para localizar grupos funcionais... Algumas vezes um número pode ser incluído no nome para indicar em qual carbono o grupo funcional está ligado. Nenhum dos exemplos dado acima necessita um número. Quando números são usados, os átomos de carbonos são contados a partir de uma extremidade. Na maioria dos casos, qualquer numeração encontrada pode ser usada, depende de qual extremidade você começou a contar. � A escolha entre duas possibilidades sempre deve ser o de menor número no grupo funcional. Perceba isto nas ilustrações abaixo: Note também que alguns grupos funcionais são nomeados por prefixos, alguns por sufixos, e há aqueles que o nome do grupo funcional é apenas precedido pelo número. � Nos exemplos com mais de um grupo funcional na molécula acíclica: Usamos di, tri, tetra- se existir mais de um do mesmo grupo funcional! OH 1 2 1-propanol 1 2 OH 2-propanol 3 3 NH2 1 2 2-aminobutano NH2 1 2 3 4 4 3 3-aminobutano INCORRETO!!! O 1 2 2-pentanona 1 2 O 3 3-pentanona 1-buteno 2-buteno 1 1 2 QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 20 Os números indicam quão longe os grupos funcionais estão a partir da extremidade da cadeia carbônica. � Compostos cíclicos: Em compostos cíclicos, não existe extremidade da cadeia, mas podemos usar os números para mostrar a distância entre dois grupos. Começar sempre a numeração no átomo de carbono que carrega o grupo funcional, então siga contando até voltar a ele. � Compostos ramificados (cíclicos e acíclicos): Nós tratamos a ramificação comos se ela fosse um grupo funcional. Veja abaixo: � Orto, meta, e para usamos em benzenos substituídos. 1,2-dissubstituídos usa-se prefixo orto (o)! 1,3-dissubstituídos usa-se prefixo meta (m)! CO2H H2N NH2 HO2C CO2H NH2 CBr4 ácido 2-aminobutanóico 1,6-diaminohexano ácido hexanodióico tetrabromometano Cl ClCl 1,1,1-tricloroetano QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 21 1,4-dissubstituídos usa-se prefixo para (p)! Alguns exemplos abaixo farão isso ficar mais claro. Ficou? Algo importante para destacar: Sempre é válido e oportuno dar um diagrama (desenho da estrutura) junto com o nome, a não ser que seja algo muito simples, tal como etanol por exemplo! Assim, é muito relevante para seus estudos, conhecer de memória nomes triviais para algumas substâncias químicas usadas no dia a dia. Por exemplo, a molécula abaixo: Usando as regras de nomenclatura sistemática você deveria chegar ao nome ácido etanóico. Contudo, raramente esse composto é assim chamado. Sabemos que trata-se do ácido acético, muito comum na vida de todos, quando temperamos a salada por exemplo. O mesmo é verdade para as moléculas abaixo junto com seus nomes triviais (usuais). Estruturas importantes e nomes que você precisa SABER: Cl Cl CO2H OH OH NH2 1,2-diclorobenzeno ou orto-diclorobenzeno ou o-diclorobenzeno ácido 3-hidroxibenzóico ou ácido meta-hidroxibenzóico ou ácido m-hidroxibenzóico 4-aminofenol ou para-aminofenol ou p-aminofenol QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 22 Alguns fragmentos de moléculas também são de uso corriqueiro: Exemplos de compostos contendo esses grupos, junto com algumas formas abreviadas que são corriqueiras. Obviamente, pode-se no texto descrever facilmente AcOPh, AcOBn, e PhNHBz representando acetato de fenila, acetato de benzila e N-fenilbenzamida, respectivamente! Nomes para moléculas mais complicadas Moléculas complexas isoladas de fontes naturais geralmente são dados nomes usuais. Estricnina, por exemplo é muito mais simples que chamar de ... (veja abaixo). Imagine a vitamina B12, estrutura abaixo, como seria difícil dar um nome IUPAC a esta estrutura... O O Acetato de vinila O O Acetato de alila O O Acetato de fenila O O Acetato de benzila O PhO ouou OAc OAc ou O BnO ou O N H N-fenilbenzamida NHBz ou QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 23 Outros casos bem conhecidos nossos são os aminoácidos, cujos nomes usuais são muito mais empregados que sua nomenclatura sistemática. Existem ao todo 20 aminoácidos naturais, que serão mais a fundo estudados em Química Orgânica Biológica. QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 24 DICAS IMPORTANTES SOBRE NOMES DE MOLÉCULAS E ESSA DISCIPLINA... • Desenhe a estrutura primeiro, e seja o mais cauteloso para que ela demonstre a realidade; preocupe-se com dar nome depois, isso apenas se for mesmo necessário! • Exclusivamente nos problemas e testes desta disciplina, nomes mais complexos serão sempre acompanhados com sua estrutura química. No entanto, os mais simples, nem sempre... • Aprenda os nomes e estruturas dos grupos funcionais! • Aprenda e use os nomes de uns poucos compostos simples, a prática do uso leva a uma memorização, mesmo que involuntária! • Tente buscar os princípios de nomenclatura sistemática (IUPAC), que fica no princípio de cada capítulo de uma nova classe de compostos da maioria dos livros textos, e use para compostos de tamanho médio como treinamento. • Mantenha um caderno para as aulas, e tenha nele um apanhado organizado de abreviaturas, nomes usuais, estruturas etc., que você irá certamente usar durante o curso e vida profissional. QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 25 TABELA DE REVISAO: NOMES DE FRAGMENTOS E ELEMENTOS ORGÂNICOS: R alquila t-Bu terc-butila Me metila Ar arila qualquer anel aromático Et etila Ph fenila Pr (ou n-Pr) propila Bn benzila Bu (ou n-Bu) butila Ac acetila i-Pr isopropila vinila i-Bu isobutila alila s-Bu sec-butila X haleto F, Cl, Br, ou I QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 26 Estrutura das moléculas (Estrutura atômica, orbitais atômicos, forma dos orbitais, hibridizaçãode orbitais atômicos, desenvolvimento da teoria de ligação química...) Depois de termos visto como desenhar e reconhecer estruturas de moléculas orgânicas diversas, podemos nos aventurar um pouco numa questão importante ignorada até o momento. Sabemos dos átomos constituintes de diversas moléculas e até a maneira que eles estão dispostos espacialmente, contudo, não nos perguntamos ainda como esses átomos realmente são ligados uns aos outros e como isso determina suas propriedades. Isso que vem a seguir... o A forma molecular Todas as moléculas são simplesmente grupos de átomos mantidos unidos por elétrons, resultando numa forma tridimensional definida. A forma como diferentes átomos estão arranjados implicam em diversidade de propriedades físico-químicas. A forma molecular pode ser determinada a partir de vários métodos disponíveis a químicos e físicos, a mais importante sendo a difratometria de raios-X. Também métodos espectroscópicos revelam a natureza espacial da molécula. Para o hidrocarboneto mais simples, o metano, a espectroscopia revelou a estrutura de um tetraedro – o átomo de C no centro de um tetraedro regular com átomos de H nos vértices. Metano é um tetraedro regular: todas as ligações C-H tem o mesmo comprimento e os ângulos de ligação também idênticos. Por quê é assim? Uma explicação bastante simplificada, diria que isso surge da repulsão dos 4 pares de elétrons repelindo-se um ao outro ficando as ligações o mais distante possível uma da outra. A essa teoria chamamos: Teoria de repulsão do par de elétrons da camada de valência (VSEPRT, da sigla em inglês). Essa simples abordagem prediz (mais ou menos) as QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 27 estruturas corretas para metano, amônia e água com quatro pares de elétrons arranjados tetraedricamente em cada caso. VSEPRT aparenta funcionar para estruturas simples, e não funciona para muitas outras. Existe seguramente mais aspectos relevantes a se levar em consideração do que apenas repulsão eletrônica. Se quisermos entender de verdade o porquê de moléculas adotarem a forma que elas adotam, precisamos nos voltar para os átomos que a constituem e entender como eles se combinam. o Estrutura atômica: orbitais Átomos são feitos de prótons, nêutrons elétrons... É comprovadamente impossível para a percepção humana compreender a forma ou a visualização do que seria realmente um átomo. Por isso, tentamos visualizá-lo de maneira simples comparando-o com um sistema orbital planetário, embora isso esteja longe da realidade... Assim, os prótons e neutrons fazem parte do núcleo central do átomo, enquanto elétrons fazem parte de uma espécie de “nuvem” ao redor desse núcleo. Elétrons são melhor descritos como ondas... Espectros de emissão atômica é evidência para níveis de energia eletrônicos. A mecânica quântica descreve o comportamento de um elétron em um átomo através de uma expressão matemática chamada de equação de onda, equação de Schrödinger que relaciona o total de energia de uma molécula com a função de onda descrevendo a configuração eletrônica. quando Não se preocupe com a complexidade dessa equação!!! A mesma só apresenta solução exata para átomos hidrogenóides, ou seja, com único elétron. Para as demais moléculas, aproximações são requeridas: métodos computacionais atuais se valem dessas aproximações... A solução para a equação é chamada função de onda ( ψψψψ), ou orbital. QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 28 ψψψψ não tem um real significado físico. Porém ψψψψ2 descreve o volume do espaço ao redor do núcleo que um elétron é mais provável de ser encontrado (ou orbital). Como você já sabe do seu curso de cálculo, as soluções de uma equação diferencial são equações, só que mais simples, possíveis de serem plotadas em um gráfico, revelando formas tridimensionais: os orbitais. o Forma dos orbitais Um orbital s Um orbital p Um orbital s é esférico e pode também representado por um círculo: Um orbital p tem uma orientação no espaço e tem dois lóbulos, passando por um ponto central onde a função de onda se inverte (plano nodal), Note na representação tridimensional acima a cor azul e vermelho indicam sinais contrários para a função da onda. Esse orbital p pode ser representado em uma maneira bidimensional ao lado. Orbitais p encontram-se apontando para 3 direções ortogonais entre si, chamadas px, py e pz, cada qual possível de ter um par de elétrons: QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 29 Sumário importante: • Elétrons são melhor descritos como ondas... • Toda informação sobre a onda (e portanto sobre o elétron) é uma função de onda, ψ, a solução para equação de Schrödinger • Existem muitas soluções possíveis para a equação de onda, mas cada função de onda (também chamado orbital) pode ser descrito usando 3 números quânticos • O número quântico principal, n, é o maior responsável pela energia do orbital (no caso de um sistema hidrogenóide de único elétron, é ele sozinho que determina a energia). Ele toma valores inteiros 1, 2, 3, 4, ..., correspondendo a primeira, segunda, terceira, ... camada (casca) de elétrons • O número quântico do momento angular orbital, l, determina o momento angular que surge do movimento do elétron no orbital. Ele depende do valor de n, e toma valores inteiros 0,..., n-1 mas os orbitais são geralmente conhecidos por letras (s quando l = 0, p quando l = 1, d quando l = 2, e f quando l = 3). Orbitais com diferentes valores para l tem diferentes formas, s é esférico, p tem a forma de um oito... • O numero quântico magnético, ml, determina a orientação espacial do orbital. Seus valores dependem dos valores de l e toma valores inteiros: - l, ... 0 ... +l. Isto significa que existe apenas um tipo de orbital s, três diferentes orbitais p (todos mutualmente perpendiculares), cinco diferentes orbitais d, e sete orbitais f. Os três diferentes orbitais p são degenerados, isto é, eles tem a mesma energia (assim como são degenerados os 5 orbitais d e os 7 orbitais f). • Existe também um quarto número quântico, o momento angular de spin, ms, que pode tomar valores de +1/2 ou -1/2. Os spins não são uma propriedade dos orbitais, mas sim dos elétrons, que colocamos nos orbitais. • Nunca dois elétrons no mesmo átomo terão todos os quatro números quânticos idênticos, isso porque embora dois elétrons ocupem um mesmo orbital (os 3 números quânticos idênticos), seus spins (o quarto numero quântico) serão opostos. • Descrevemos um orbital com as abreviações tais como 1s ou 2py por exemplo. • Orbitais podem estar vazios. Eles não precisam ter elétrons para existir. Se dermos energia suficiente a um elétron, o mesmo pode ser promovido para um orbital de maior energia, chamamos isso de um estado eletrônico excitado. • Elétrons podem ser encontrados em qualquer lugar no orbital, exceto no nó. Em outras palavras, num orbital p por exemplo, elétrons podem estar em qualquer um dos dois lóbulos, mas nunca no centro (porque existe um plano nodal ali, probabilidade de encontrar o elétron ali é zero). QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 30 o Pondo elétrons nos orbitais (Revise seu livro de Química Geral) Na configuração eletrônica do estado fundamental de um átomo: Orbitais são organizados em diferentes camadas, de sucessivamente maior tamanho e energia. Cada orbital comporta no máximo dois elétrons, sendo cada um com spin oposto! (princípio da exclusão de Pauli). Preencha primeiro os orbitais de mais baixa energia, de acordo com a ordem 1s � 2s � 2p � 3s � 3p � 4s � 3d... (princípio de Aufbau). Caso dois ou mais orbitais vazios de mesmaenergia estejam disponíveis, disponha os elétrons um em cada orbital com spin paralelos até o total preenchimento (regra de Hund). Elétrons, neste caso são representados por setas, onde setas apontando para cima mostram um spin (ms = +1/2 ou – 1/2) e setas apontando para baixo indicam o outro spin (qual spin é qual, não importa!). Note que os orbitais 2s e 2p para o hidrogênio são degenerados (possuem a mesma energia). Isso é porque ele é um sistema de 1 elétron, onde a energia do orbital depende apenas do número quântico principal, n. Diagrama de nível de energia para o átomo de H (número atômico = 1) Note que os orbitais 2s e 2p agora não são mais degenerados. Isso é devido ao efeito da repulsão eletrônica. Agora a energia depende não apenas de n, mas também do momento angular (l). Os dois elétrons no orbital 1s tem spin opostos, dizemos que estão emparelhados. Diagrama de nível de energia para o átomo de He (número atômico = 2) E n er g i a 2px 2py 2pz 2s 1s QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 31 Diagrama de nível de energia para o átomo de B (número atômico = 5) Seguindo a regra de Hund, a real configuração para o carbono está à direita, com seus elétrons em diferentes orbitais 2p degenerados com seus spins paralelos (desemparelhados). Os dois possíveis diagramas para os elétrons arranjados no átomo de Carbono (número atômico = 6) Diagrama de nível de energia para o átomo de N (número atômico = 7) QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 32 Diagrama de nível de energia para o átomo de O (número atômico = 8) A Natureza da Ligação Química... Átomos ligam-se uns aos outros porque os compostos resultantes são mais estáveis, ou seja, diminui sua energia. Assim, fazer ligação libera energia. Quebrar ligação absorve energia. Empiricamente, constatado que átomos tendem a ligar-se para ter a configuração eletrônica de um gás nobre, a chamada regra do octeto, que um átomo tende buscar oito elétrons na camada de valência (com exceção obvia do He, que possui 2 elétrons). Assim, elementos do grupo 1A, metais alcalinos, tendem a perder um elétron e elementos do grupo 7A, halogênios, recebem um elétron no que chamamos de ligação iônica (Ex.: Na+ Cl-). Quanto aos elementos do meio da tabela, na verdade eles não perdem nem ganham os eletrons, eles compartilham... proposta por Lewis em 1916 (quase 1 século...), essa é a dita ligação covalente. Muito importante reconhecer isso, pois o carbono é um elemento com 4 elétrons na camada de valência, e suas ligações são covalentes com outros elementos e inclusive consigo mesmo. Vamos voltar ao caso do metano (CH4)... Estruturas de Lewis são muito comuns em Química Orgânica, principalmente denotando os elétrons não ligantes de um átomo específico. Contudo, estruturas de Lewis originais (pontos indicando elétrons como mostrado abaixo a esquerda) foram substituídas pela estrutura a direita, onde a linha representa a ligação covalente, com QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 33 dois elétrons sendo partilhados. Nem sempre é explícito no diagrama estrutural o par ou pares de elétrons não ligantes, mas eles precisam ser sempre mentalmente visualizados. Quantas ligações pode fazer um átomo específico? Exemplos que veremos com mais freqüência em Química Orgânica I: Uma ligação Duas ligações Três ligações Quatro ligações Como já vimos na primeira parte sobre como desenhar moléculas, essas estruturas de Lewis são pobres em mostrar a realidade tridimensional, ou como tais ligações estão dispostas espacialmente. Teoria de Ligação de Valência (TLV) o Hibridização de orbitais atômicos Metano, como vimos, possui todas as ligações idênticas com seus Hidrogênios dispostos nos vértices de um tetraedro regular com o C no centro. O Carbono usa dois tipos de orbitais (2s e 2p) para formar ligações, assim, esperaríamos ver dois tipos diferentes de ligações C-H e não todas idênticas como é na realidade. Linus Pauling veio com a solução: hibridização... QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 34 Um orbital s pode combinar com três orbitais p em um átomo, para formar quatro orbitais (ditos sp3) de mesma energia, e melhor, com uma orientação tetraédrica. Do ponto de vista da configuração eletrônica do carbono, cada orbital sp3 agora possui um elétron desemparelhado e de mesma energia. Assim, cada orbital sp3 pode receber um elétron para ficar preenchido e obter a configuração de gás nobre: QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 35 Outra forma de representação mostra um ponto em cada lóbulo para indicar um elétron (veja no próximo exemplo para o etano). Cada ligação C-H é idêntica, e chama-se ligação σσσσ (sigma). Na molécula do etano, um carbono é ligado a outro pela combinação dos orbitais hibridizados sp3 (um de cada carbono). Carbono sp3 Carbono sp3 Ligação σ sp3-sp3 QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 36 Diversas moléculas de carbono possuem ligações duplas, como é possível do ponto de vista da TLV? Um orbital s pode combinar com dois orbitais p, gerando 3 orbitais sp2. O orbital p remanescente fica inalterado, porém mais energético que os orbitais hibridizados. É esse orbital responsável pela ligação pi. Veja a mudança de configuração eletrônica no carbono nesse tipo de hibridização. Vejamos a hibridização sp2 na tentativa de explicar a estrutura química observada para o eteno (gás etileno, CH2=CH2). QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 37 Os 3 orbitais sp2 em cada átomo de C podem se combinar com 3 outros orbitais (2 orbitais 1s de cada H, e 1 sp2 de outro C. Isto forma os orbitais moleculares σ (verde na figura acima). Os dois orbitais 2pz em cada carbono se combinam formando os orbitais moleculares pi (ligação espacial em vermelho na figura). Note que os dois elétrons na ligação pipipipi se encontram tanto acima quanto abaixo do plano das ligações σσσσ, e que toda a molécula é planar... Veja o mesmo de uma outra forma: Carbono sp2 Carbono sp2 Ligação dupla Carbono-Carbono (ligação pi) o QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 38 Moléculas de carbono podem apresentar ligações triplas. Como? Um orbital s combina-se com um orbital p fornecendo dois orbitais híbridos SP, lineares. 2 orbitais sp orbitais 2py e 2pz permanecem inalterados E ne rg ia Os orbitais 2py e 2pz permanecem inalterados. Configuração eletrônica do C híbrido sp. Os orbitais 2py e 2pz permanecem inalterados. Vejamos a hibridização sp na tentativa de explicar a estrutura observada do etino (gás acetileno, HC≡CH). Cada híbrido sp combina com um 1s do H e com outro sp de outro carbono formando uma estrutura linear. Os dois orbitais p (2py e 2pz) ortogonais em cada carbono se combinam fornecendo os OMs pi. Note que a molécula é cilindricamente simétrica. QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 39 Carbono sp Carbono sp Ligação tripla Carbono-Carbono (2 ligações pi ortogonais) “Esqueletos” hidrocarbônicos são feitos de átomos de carbono hibridizados, e possuem arranjos tetraédrico (sp3), trigonal planar (sp2) ou linear (sp). Hibridização em outros átomos... Ligações covalentes exibidas por outros elementos na tabela periódica também podemser descritas através de orbitais híbridos. íon borohidreto (B sp3) metano (C sp3) íon amônio (N sp3) QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 40 Todas as moléculas acima são tetraédricas e o átomo central pode ser considerado existir como hibridizado sp3. Cada uma delas tem 4 ligações σ equivalentes partindo do átomo central, B, C ou N, e o mesmo total de elétrons – as moléculas são ditas isoeletrônicas. Esses elementos aparecem nessa sequência na tabela periódica, de forma que um núcleo tenha um próton a mais do que o outro: B tem 5, C tem 6, e N tem 7. Por isso as cargas nos átomos variam, B fica negativo, C neutro e N positivo (lembre-se disso!). Agora vamos ver os compostos desses mesmos elementos contendo apenas 3 ligações. H C H H borano (B sp2) íon carbocátion (C sp2) amônia (N sp3) Borano tem 3 pares de elétrons ligantes, e é neutro. Para explicar a estrutura trigonal planar observada pode-se considerar a hibridização do B como sp2, com 3 orbitais sp2 no plano e um orbital vazio pz de maior energia. O carbocátion é muito semelhante a estrutura do borano, sendo o carbono carregado positivamente e hibridizado sp2 (trigonal planar). Já a amônia, parece discrepante nesta análise. Mas vejamos: o par de elétrons do nitrogênio encontra-se por sua vez não em um orbital pz, mas em um orbital sp3 do N, pois por ser preenchido é melhor que esteja em um orbital de menor energia. De fato, a amônia possui a estrutura tetraédrica, os ângulos das ligações H-N-H estão em torno de 107 °, próximo da de um tetraedro regular (109,5 °). O orbital sp3 contendo o par de elétrons não ligante do N ocupa um dos vértices do tetraedro, e ao mesmo tempo repele os elétrons das ligações adjacentes fazendo com que o ângulo delas diminua (segue a teoria da VSEPRT). A própria molécula da água pode ser considerada como o Oxigênio hibridizado sp3, com seus dois pares de elétrons não ligantes cada qual em um orbital sp3, os quais repelem um ao outro e também as ligações entre O-H. Assim os ângulos internos das ligações H-O-H está em 104,5 °, bem mais baixo que a de um tetraedro regular. D QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 41 C H H H água (oxigênio hibridizado sp3) íon hidrônio (O sp3) íon carbânion (C sp3) Íon hidrônio, carbônio e a amônia são isoeletrônicos, todos possuem essa estrutura piramidal aproximadamente tetraédrica, com par de elétrons no orbital sp3. Duplas ligações do carbono com outros elementos: A carbonila é um grupo funcional bastante importante na Química Orgânica, e possui na estrutura uma dupla ligação entre o C e o O. Da mesma forma que em uma ligação C=C, a ligação C=O pode ser descrita segundo a Teoria de Ligação de Valência, como a existência de orbitais híbridos sp2 no C e no O (abaixo). Observe a estrutura trigonal planar da molécula. Os pares de elétrons não ligantes do O permanecem um em cada orbital sp2 no plano da molécula, enquanto que o elétron desemparelhado no orbital 2pz do O, liga-se com o eletron do orbital 2pz do C em uma ligação pi. Formaldeído (vulgo formol) QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 42 Teoria do Orbital Molecular (TOM) A TOM descreve a ligação covalente como a combinação matemática de orbitais atômicos para formar orbitais moleculares, que pertencem assim a molécula inteira e não mais aos átomos individuais. Assim, os OMs descrevem as regiões na molécula onde mais provavelmente encontram-se os elétrons. Usando a mecânica ondulatória, a combinação de orbitais atômicos é realizada combinando-se ondas, que podem se adicionar construtivamente (em fase, ou seja de mesmo sinal de função de onda) ou destrutivamente (fora de fase, ou seja orbitais com sinais de função de onda opostos). Essa abordagem é conhecida como Combinação linear de Orbitais Atômicos (CLOAs). A combinação constrututiva é conhecida como OM ligante. (o pontinho representa o núcelo do átomo) A combinação destrutiva é conhecida como OM antiligante. Pela TOM, o número de OMs gerados deve ser o mesmo do número de OAs que lhes deu origem. Existe um ganho energético na formação dos OMs ligantes, ou seja, sua energia é menor que a dos OAs que lhes deram origem. Isso confere a estabilidade a ligação química com seus elétrons ali. Já os OMs antiligantes são maior em energia, o que desfavorece a ligação química, assim sendo, a energia necessária para quebrar a ligação química. Vejamos alguns exemplos de como a TOM funciona para descrever a ligação na molécula de H2. QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 43 A molécula de H2 resulta da combinação dos dois átomos de H (HA e HB) A ligação σσσσ C-C surge da combinação de orbital 2p orientados horizontalmente em cada carbono. E visualizada na tabela abaixo: Orbitais Moleculares ligantes de uma ligação C-C simples O eixo de simetria significa que a ligação sigma pode girar livremente sem quebrar a mesma... Orbitais Moleculares antiligantes de uma ligação C-C simples combinam fora de fase OM * (antiligante) simetria sob este eixo. OA 2p OA 2p plano nodal QO-I Guia para as aulas 2011.1 Prof. Rodrigo Cristiano 44 A ligação pipipipi (C=C) surge da combinação de orbital 2p em cada carbono, orientados paralelamente entre si. E visualizada na tabela abaixo: Orbitais Moleculares ligantes de uma ligação dupla C=C A falta do eixo de simetria significa que a ligação pi não pode girar livremente sem quebrar a mesma... Orbitais Moleculares antiligantes de uma ligação dupla C=C A ligação dupla C=C resultante da combinação de orbitais atômicos 2pz No decorrer do curso, exemplos específicos de como orbitais moleculares determinam a reatividade de determinadas moléculas serão estudados mais a fundo. Resolva os problemas do capítulo 1 do livro do John McMurry (Problemas extras optativos cap. 2 e 4 do Clayden).
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