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Artigo Alfabetização uma proposta em discussão

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Alfabetização : uma proposta em discussão
Autora: Luciene Regina Paulino Tognetta
O tema da alfabetização tem sido, constantemente, alvo de grandes discussões. As diferentes propostas de alfabetização podem contemplar o objetivo maior de compreensão do mundo? Essa é uma pergunta instigante.[Leia mais]
Alfabetização : uma proposta em discussão
Autora: Luciene Regina Paulino Tognetta
A educação contemporânea tem trazido, em seu cerne, com relação à alfabetização, vários mitos que vislumbram uma série de equívocos cuja necessidade de serem superados faz com que se coloque em discussão as propostas de alfabetização construtivistas que têm sido alvo de constantes ataques.
Comecemos pelo primeiro deles, ligado à crença de que as crianças antigamente aprendiam a ler e escrever mais rapidamente que as de hoje. Segundo Rosaura Soligo, co-responsável pela elaboração do PROFA- Programa de Formação de Alfabetizadores, em 1956, 41,8% das crianças eram aprovadas ao final da 1º série. Se considerarmos em 1956 e 1996, quando temos 58% de aprovações, temos apenas uma diferença de 10% (em média). Ora, esses dados demonstram que uma educação alfabetizadora tradicional não dava conta também de formar 100% de leitores e escritores�.
Um segundo mito afeta a alfabetização no Brasil. Em diferentes países a maioria das crianças aprende a ler e escrever a partir dos cinco e seis anos de idade. Tal dado se revela um problema brasileiro em se desmistificar a idéia de que as crianças não devem ser alfabetizadas antes dos sete anos, idade considerada ideal para que esse processo aconteça, devido à grande preocupação que se tem com criança de que a situação de alfabetização requer grande esforço.
Ora, se compreendemos a psicogênese da escrita, bem como tratamos o desenvolvimento das crianças como tal, entendemos o bastante para saber que enquanto construção própria do sujeito, a escrita não precisa se restringir as primeiras séries do ensino fundamental.
Na verdade, esse mito está baseado num outro que consiste no seguinte: a escola não consegue cumprir com sua função de ensinar a ler e escrever visto que nunca foi espaço de letramento, principalmente nos primeiros anos, porque historicamente, em geral, o foco do processo alfabetizador era apenas " B e A = BA " sem qualquer relação com a função social que a escrita possui, ou seja, as crianças que traziam de casa o conhecimento letrado, o uso que a escrita tem, eram e ainda são aquelas que obtém sucesso no letramento e no envolvimento com a reflexão sobre tal processo.
E por que a escola não consegue ensinar a escrita?
Um processo de ensino- aprendizagem só é eficaz quando direcionado às questões psicológicas que nos permitem pensar sobre o desenvolvimento dos sujeitos envolvidos. A adequação da proposta pedagógica, verdadeiramente eficaz, se dá a partir da condição real de cada aluno.
Infelizmente, a escola tende a modificar suas práticas apenas adaptando-as a moldes mais modernos, porém, re-visitando as famosas cartilhas porque não encontram ainda, mais do que discursos, caminhos eficazes para a construção da escrita em vistas de saber como o sujeito aprende.
Outra questão interessante: a atual estrutura de formação dos professores não habilita esses profissionais para alfabetizar seus alunos levando em conta a gênese das estruturas psicológicas, necessárias para o sujeito aprender a ler e escrever.
Nesse conjunto de variáveis que comporta essa mitificação do sistema de alfabetização atual, é preciso compreender ainda o que de fato apresenta-se, em tempos atuais, como proposta sólida para a aquisição da leitura e da escrita.
Estamos falando sobre a grande conquista que tivemos, em termos de alfabetização, com os estudos da psicogênese da língua. Não obstante, se quisermos ainda recorrer aos equívocos cometidos, saímos de uma educação tradicional e caímos num sistema exclusivista do letramento que compunha apenas o ler e escrever na expectativa de que esse processo se daria espontaneamente na criança, sem qualquer intervenção.
Pelo contrário, chegamos finalmente na conquista de um letramento abrangente que vai do grafismo, passando pelo os processos fônicos da língua materna à reflexão sobre ela.
Nesse sentido, torna-se evidente que o conhecimento dos sons, das letras e das palavras são necessários a qualquer prática de alfabetização. A diferença com os métodos tradicionais ou os que se distinguem da proposta em questão, é o que o princípio de descoberta e reconstrução da língua por quem a domina é garantido.
De fato, aquela intervenção da qual tratávamos, servirá para favorecer a evolução do pensamento infantil. Para tal contribuição podemos afirmar que uma boa prática de alfabetização é aquela que favorece a descoberta da necessidade de escrita no cotidiano; é aquela que proporciona um ambiente alfabetizador, isso é, o acesso a boas e significativas práticas de leitura e escrita. Constrói-se um ambiente alfabetizador quando se traz para dentro da sala de aula a maior variedade de práticas sociais de leitura e de escrita.
Outra resposta a essa questão é que quando as crianças têm condições de observar adultos escrevendo, quando têm experiências de letramento, têm maiores condições de compreender a necessidade da escrita. De fato, esse termo letramento, tem sido utilizado largamente nos programas de alfabetização atuais por ser compreendido como muito mais abrangente do que alfabetização, cujo maior significado é a aprendizagem da leitura e da escrita.
Nesse sentido, a escola deve propor o letramento como um conjunto mais amplo de conhecimentos que permitem o sujeito atuar no mundo da escrita e da leitura. E claro, se alfabetização é parte desse último, cabe à escola também a tarefa de capacitar esse sujeito a decodificar e ler autonomamente. 
Por todas essas questões, a proposta de uma alfabetização em termos construtivistas requer grande esforço por parte de professores e interessados. Requer compreensão dos processos pelo os quais se desenvolvem as estruturas cognitivas dos sujeitos envolvidos, porque na verdade, segundo teorias que embasam tais moldes, a linguagem é uma das manifestações da capacidade de representação dos sujeitos, e sua evolução traduz-se primeiro pela evolução cognitiva necessária para seu surgimento.
Uma prática de alfabetização como essa, requer também que seja considerado o desenvolvimento moral e afetivo dos sujeitos, visto que aqueles nossos desejos de que as crianças sejam autônomas, competentes, solidárias só são concretizados pela prática de uma educação que leve em conta a ação da própria criança, a interação com seus pares e um ambiente livre de tensões e de coações, onde o pensar por hipóteses, a iniciativa, a brincadeira e a perspectiva do poder de autoconfiança sejam desenvolvidos.
 Referências bibliográficas:
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PAULINO, Luciene R. Construtivismo – Modismo ou proposta? Jornal Tododia – 28-01/01, 1o caderno, p. 01. 
Brasil (2001). Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. PROFA – Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. 
�Informações do PROFA – Programa de Formação de Professores Alfabetizadores do Governo Federal. Informação oral de Rosaura Soligo.

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