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ROTEIRO DO SEMINÁRIO DE PRÁTICA CURRICULAR DA DIMENSÃO
EDUCACIONAL
3.1 – Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade
Segurança e Competência profissional
Generosidade
Autoridade
Autoridade democrática
De acordo com Paulo Freire, “o professor que não leve a sério sua
formação, que não entende [o tema sobre o qual ensina], que não se
esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para
coordenar as atividades de sua classe”.
“A autoridade coerentemente democrática está convicta de que a
disciplina verdadeira não existe na estagnação, no silêncio dos
silenciados, mas no alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga, na
esperança que desperta.”
A segurança que sustenta a autoridade do professor nasce da
sua competência profissional, não há autoridade docente quando não
há competência, e os alunos percebem. O professor que não leva a
sério a sua formação que não estuda que não se esforça para estar à
altura da sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades
em sala de aula, agora isso não significa também que eu a opção
democrática do professor seja uma consequência natural de sua
competência científica, a gente sabe que existem professores muito
bem preparados cientificamente doutorado mas que são autoritários, o
que Paulo Freire quer dizer neste capítulo é que a incompetência
profissional desqualifica a autoridade do professor até porque dizer
que competência profissional em inviabiliza o aprendizado é evidente o
ponto em questão é o problema da autoridade.
Outra qualidade indispensável para fazer com que a autoridade
se relacione de forma positiva com a liberdade dos alunos é a
generosidade, é impossível construir a autoridade quando os
pensamentos ações e os objetivos do professor são mesquinhos, para
constituir um espaço pedagógico indispensável criar um clima de
respeito mútuo, que nasce de relações justas e francas equilibradas e
generosas, em que a autoridade docente e a liberdade do aluno se
assumam criticamente. Paulo Freire fala que quem aprende a gostar de
mandar perde as condições de educar, esse prazer em mandar e
intimidar além de impor obstáculos à criatividade do educando
também limita a busca do conhecimento pelo estudante.
A autoridade democrática ao contrário jamais minimiza a
importância da liberdade pro aprendizado, na verdade ela estimula a
liberdade, além de não impedir que os alunos pensem de forma original
ela desafia os alunos nesse sentido. A liberdade nesse caso não é vista
como uma deterioração da ordem, FALAR O 2. Por isso que o estudante
que exercita a sua liberdade fica tão mais livre quanto mais eticamente
vá assumindo a responsabilidade por suas decisões e ações, e por
outro lado o professor não deve jamais se omitir, e abrir mão do
processo de construção daquela disciplina indispensável ao
aprendizado.
O esforço dessa autoridade democrática deve se direcionar no
sentido de favorecer a liberdade, a responsabilidade e por
consequência a autonomia, não é um processo educativo quando os
assuntos da disciplina são engolidos a força sob o mando do
professor, a educação ocorre quando os conteúdos se tornam matéria
prima para que os alunos possam relacioná-los com o mundo e
elaborá-los, e isso implica em uma educação que liberte o aluno da
dependência intelectual, daquela relação que espera tudo do
professor, o papel da autoridade democrática não é transformar a vida
do aluno em um “calendário de tarefas” e sobretudo considerando a
necessidade de cumprir o conteúdo programático de verdade, é
preciso saber que o fundamental para o aprendizado é garantir que os
alunos tenham condições de superar a repetição mecânica e assumir
responsabilidade de avançar sobre o conteúdo com liberdade.
Ensinar e, enquanto ensino, testemunhar aos alunos o quanto me
é fundamental respeitá-los e respeitar-me, não são tarefas
contraditórias, elas se complementam. Para Paulo Freire, não tem
sentido e nem é possível separar o ensino dos conteúdos na formação
ética dos estudantes, assim como não tem sentido imaginar que é
incompatível unir prática com teoria, autoridade com liberdade e
ensinar com aprender, nenhum desses termos podem ser separados
um do outro. Outro ponto é que a consciência da ignorância é uma
etapa indispensável do conhecimento, quem acha que sabe o
suficiente e quem acha que não sabe nada se paraliza. Por isso não é
possível ajudar o educando a superar a sua ignorância se eu mesmo
não supero permanentemente a minha própria ignorância. A franqueza
sobre os próprios limites também é uma forma de generosidade. Paulo
Freire também deixa claro que não basta apenas falar sobre isso, isso
deve ser uma prática, os professores devem assumir seus saberes e
ignorância e também aprender e superar sua ignorância na prática
com os alunos. Por fim ele insiste na necessidade dos esforços da
formação docente, deixando claro que isso é uma das formas mais
concretas de valorização profissional, o respeito com que os poderes
públicos devem tratar os professores são condições indispensáveis
para criar um ambiente em que o professor se sinta seguro em sua
competência profissional e tenha condições de exercer o seu trabalho
com generosidade e é por isso que a luta em defesa dos educadores é
uma ação decisiva para a qualidade da educação, por isso é
importante investir em uma formação docente de qualidade
3.2 – Ensinar exige comprometimento
Freire ressalta a importância de aproximar o discurso do desempenho.
Segundo Paulo Freire “Precisamos aprender a compreender a
significação de um silêncio, ou de um sorriso ou de uma retirada da
sala”
“O espaço pedagógico é um texto para ser constantemente “lido”,
interpretado, escrito e reescrito”.
Ele sugere que “enquanto presença não posso ser uma omissão mas
um sujeito de opções.”
Nenhum professor escapa do julgamento que os alunos fazem de
sua prática, assim como ele fala que não é possível sair na chuva sem
se molhar também não é possível ser um educador sem se colocar
diante dos alunos e ser avaliado por eles. Daí a importância de
professor revelar com franqueza a sua maneira de ser a sua visão de
mundo e também as suas concepções políticas, porque os alunos
percebem as suas posições e a maneira como eles percebem tem
importância decisiva para o desempenho do professor. Por isso que
uma das preocupações centrais da prática docente deve ser uma
aproximação cada vez maior entre o que o professor diz e o que ele faz,
ou o que o professor promete e o que realmente está sendo. Incluindo
aí a reflexão autocrítica e aberta sobre as próprias contradições e
sobre o seu empenho em superá-las.
Se algum aluno me faz uma questão sobre o tema da disciplina
mas me pega de surpresa e eu vejo que eu não sei responder, e eu digo
pra ele que eu não sei, isso não me confere aquela autoridade de quem
domina todos os aspectos, ou o conteúdo das aulas, mas vai fortalecer
o vínculo de confiança, porque fica claro para o aluno que o professor
não mentiu, isso dar um crédito junto aos alunos que o professor deve
preservar. Uma resposta falsa, uma enrolação, um chute seria além de
antipedagógico, também antiético, porque o professor ali interessado
em estimular a autonomia não só admitem mas estimulam o
questionamento dos estudantes.
É preciso se preparar para admitir quantas vezes for necessário
que não sabe a resposta, ou que sabe apenas superficialmente e
precisa estudar mais aquele ponto, ou aquela perspectiva para explicar
melhor e nunca imaginar que é uma boa ideia enrolar os alunos.
Também desenvolver a consciência de que quase todas essas nuances
da atuação do professor em sala de aula não passam despercebidos
pelos estudantes e saber também que a maneira como eles interpretam
essa atuação pode ajudar ou atrapalhar o cumprimento da tarefa do
professor, isso faz com que o professor tem que tomar um cuidado
especial na avaliação constante do seu próprio desempenho. O que
Paulo Freire sugere é que os professores fiquem atentos e desenvolvam
a habilidade de interpretar o silêncio, um sorriso, de prestar atençãoquando um aluno decide sair da sala ou quando algum aluno faz um
questionamento mais ríspido, ou se mostra impaciente.
Ele fala também que o espaço pedagógico é um texto que deve
ser constantemente lido, interpretado, escrito e reescrito pelo professor
e pelos alunos. Então nesse sentido que quanto mais solidariedade
existe entre educador e educandos na construção desse espaço, mais
possibilidades de aprendizagem democrática se abrem a todos. Por
isso, mais uma vez Paulo Freire adverte para o perigo de cair na
armadilha dos discursos ideológicos que buscam ocultar a sua opção
político-pedagógica sob o discurso da neutralidade na educação.
Nesse ponto de vista que é, segundo Paulo Freire, nitidamente
reacionário ou seja tem um lado. O espaço pedagógico é aquele em
que se treinam os estudantes para a prática da política como se a
maneira humana de estar no mundo fosse neutra como se não
houvesse escolhas.
Mas Paulo Freire argumenta que a presença do professor que não
passa despercebida pelos alunos é uma presença em si política,
enquanto presença o professor não pode ser uma omissão mas um
sujeito de opções. O professor não pode deixar de revelar aos alunos a
sua capacidade de analisar, decidir e optar, uma das coisas que o
professor não pode abrir mão em sua prática docente é sua dimensão
ética. Não basta falar de ética, é preciso assumir o compromisso de
exercê-la na prática e não se exerce uma educação ética quando não
há escolhas.

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