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08 Kant e Hegel

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Prof. Jorge Freire Póvoas
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Kant & Hegel
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Kant
 Kant, (1724 / 1804 - Alemanha) escreveu a Crítica da Razão Pura, a Crítica da Razão Prática e Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Sendo que nas duas últimas obras citadas desenvolve a sua teoria moral.
 Numa época em que valores são contestados, reavaliados, substituídos e muitas vezes recriados, a crítica tem papel preponderante. Essa, de fato, é uma das principais características daqueles que, recusando as verdades ditadas por autoridades, submetem tudo ao crivo da crítica. Entretanto, ninguém foi tão longe nesse aspecto, Kant colocou a própria razão sob julgamento. Com ele a crítica assume um sentido preciso e se torna uma atitude sistemática. 
 Na Crítica da Razão Prática, de 1788, Kant aborda de imediato a fundamentação Filosofia moral. Kant não estabelece a classificação dos deveres (morais) do homem, mas antes os "princípios de sua possibilidade. 
 Uma boa vontade é boa em si mesma, por não estar submetida as inclinações humanas. Já a inteligência, a coragem e a felicidade não são coisas boas na sua totalidade, depende do que façamos delas. 
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Kant
 O dever, que é em si também bom, pode nos possibilitar uma vontade moral, isto é, quando o homem age por dever, sua ação possui um valor moral. Não interessa a finalidade ou o interesse da ação, só a máxima que a determinou, ou seja, o que importa aqui é o princípio do querer, onde o valor moral do ato está na intenção. 
 O dever é a necessidade de cumprir uma ação por respeito à lei, onde a máxima de minha ação deve servir de máxima universal. A moralidade não pode ser constatada fora da ação ou nas suas conseqüências. 
 O homem é possuidor da faculdade de agir por ser racional. Só ele tem essa vontade e essa vontade é Razão Prática, por ser a vontade a faculdade de agir segundo regras, que são máximas universais. 
 Por sofrer influência das inclinações da sensibilidade, na vontade humana trava-se então um conflito entre a razão e a sensibilidade. É desse conflito onde a vontade vai ser constrangida pela razão que se originam os mandamentos ou Imperativos. 
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Kant
 Por ser a vontade humana incapaz de obedecer as leis racionais sem ser coagida por elas, é necessário um dever como lei objetiva da razão, como controle da vontade, que são os Imperativos.
 Para Kant os Imperativos são: Hipotéticos e Categóricos.
 O Imperativo é Hipotético, quando determina nossas ações visando alcançar um certo fim, assim são os imperativos da habilidade e da prudência. 
 O Imperativo Categórico nos apresenta uma ação como necessária em si mesma, ou seja, é uma ação moral que impõe mandamentos ou leis. “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ele se torne lei universal”. 
 A Razão Prática diz respeito ao instrumento para compreender o mundo dos costumes e orientar o homem na sua ação. Analisando os princípios da consciência moral, Kant conclui que a vontade humana é verdadeiramente moral quando regida por Imperativos Categóricos. 
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Kant
 Kant elaborar três máximas morais para o Imperativo Categórico:
 Na primeira máxima encontramos a universalidade da conduta, onde agir por dever é agir por lei moral. 
 Na segunda máxima Kant nos fala da dignidade humana. A vontade humana seria legisladora, não estando ligada a nenhum interesse. 
 E na terceira máxima está a fórmula de uma vontade boa, onde a vontade dá a si mesma a sua lei, isto é, de forma autônoma. 
 Na autonomia da vontade está a dignidade da pessoa, por ser o homem legislador universal do reino da razão. 
 O homem tem autonomia. Não recebe esta lei de fora, ele é o seu próprio autor, impondo a si mesmo essa legislação. Ele deve tratar a si e aos outros como iguais.
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Kant
 O Imperativo Categórico é assim chamado por ser incondicionado, absoluto, voltado para a realização da ação tendo em vista o dever. Nesse sentido, Kant rejeita as concepções morais que predominam até então, quer seja da Filosofia Grega, quer seja da Cristã, e que norteiam a ação moral a partir de condicionantes como a felicidade ou o interesse. 
 Por exemplo, não faz sentido agir bem com o objetivo de ser feliz ou evitar a dor, ou ainda para alcançar o céu ou não merecer a punição divina. 
 O agir moralmente se funda exclusivamente na razão. A lei moral que a razão descobre é universal, pois não se trata de descoberta subjetiva (mas do homem enquanto ser racional), e é necessária, pois é ela que preserva a dignidade dos homens. Isso pode ser sintetizado nas seguintes afirmações do próprio Kant:
 “Age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como princípio universal de conduta” e “Age sempre de tal modo que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na do outro, como fim e não apenas como meio”.
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Kant
 A autonomia da razão para legislar supõe a liberdade e o dever. Pois todo imperativo se impõe como dever. Suponhamos a norma moral "não roubar:
 Para a concepção cristã o fundamento da norma se encontra no sétimo mandamento de Deus;
 Para os teóricos jusnaturalistas (como Hobbes e Rousseau) ela se funda no direito natural, comum a todos os homens;
 Para os empiristas (como Locke) a norma deriva do interesse próprio, pois o sujeito que a desobedece será submetido ao desprazer, à censura pública ou à prisão;
 Para Kant, a norma se enraíza na própria natureza da razão; ao aceitar o roubo e consequentemente o enriquecimento ilícito, elevando a máxima (pessoal) ao nível universal, haverá uma contradição: se todos podem roubar, não há como manter a posse do que foi furtado.
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Kant
 A visão moral em Kant está fundamentada na idéia de dever, sendo que na Crítica da Razão Prática, seu ponto de partida é o conceito de liberdade, onde o pensamento é um exercício dessa liberdade. 
 Liberdade transcendental por ter “o decidir”, origem na ação. Não devemos para “decidir” consultar nossos desejos, interesses ou qualquer outra condição empírica, pois assim estaríamos possibilitando submetê-la a causalidade das necessidades. 
 Devemos refletir simplesmente na ação e escolhendo-a por si mesma, porque só um ser autônomo tem finalidades de ação genuína, por oposição a meros objetos de desejo. 
 A moralidade em Kant é independente do afeto, da piedade e da dedicação que são juízos subjetivos. Aplicado de forma universal, o dever kantiano é igual para todos os homens.
 
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Hegel
 Friedrich Hegel (1770 -1831) nasceu em Stuttgart, na Alemanha, viveu de perto a Revolução Francesa (1789), evento notável que ocorreu quando ele tinha dezenove anos.
 
 A dialética idealista de Hegel é uma filosofia do devir (do movimento, do vir-a-ser). Para compreender a realidade em constante processo, Hegel estabelece os princípios de uma nova lógica: a dialética. 
 Segundo a dialética, todas as coisas e idéias morrem. O movimento da dialética se faz em três etapas: tese, antítese e síntese. A antítese é a negação da tese, e a síntese é a superação da contradição entre tese e antítese. 
 Sua busca filosófica consiste na compreensão do real, a partir da explicação do sentido do desenvolvimento histórico. “A filosofia hegeliana caracteriza-se por um intenso compromisso com a realidade”. 
 Para Hegel, é preciso explicar principalmente as condições de modificação e o sentido que as mudanças apresentam em todos os aspectos da realidade
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Hegel
 No processo de constituição da “consciência de si”, a consciência também constitui os objetos reconhecendo-os como seus. Ela se descobre como uma instância que pode desejar apropriar-se dos objetos. O que melhor ilustra esse momento é a alegoria Hegeliana da experiência na vida social.
 Na Fenomenologia do Espírito está um dos itens mais conhecidos da Filosofia de Hegel: a “dialética do senhor e do escravo”. Nela o senhor realiza seu desejo de ser reconhecido como tal pelo escravo. Essa relação é dinâmica já que o escravo não é um elemento passivo. 
 É a consciência do escravo que reconhece o senhor como tal. Logo, o senhor necessita do outro para afirmar-se e se manter como senhor. Por outro lado, o escravo que dependente em princípio do senhor, torna-se senhor da consciência de seu próprio amo.
 Essa liberdade só pode existir graças à dominação do outro. O outro é necessário para afirmar ou negar o que somos, ou o que buscamos ser.
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Hegel
 Hegel faz uma leitura otimista da função do trabalho na alegoria "do senhor e do escravo“.
 E ele se refere a uma dialética entre esses dois homens que lutam na busca da vitória onde o vencedor pode matar o vencido, mas a fim de ser reconhecido como senhor, o vencedor "conserva" o outro como "servo". 
 O que se observa é um servo submetido, que tudo faz para o senhor; mas, com o tempo, o senhor descobre que não sabe fazer mais nada, pois, entre ele e o mundo, colocou o escravo, que domina a natureza. 
 O ser do senhor se descobre como dependente do ser do escravo e, em compensação, o escravo, aprendendo a vencer a natureza, recupera de certa forma a liberdade. O trabalho surge, então, como a expressão da liberdade reconquistada. 
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Hegel
 O Estado sintetiza, numa realidade coletiva, a totalidade dos interesses contraditórios entre os indivíduos. Assim como a família é a síntese dos interesses contraditórios entre seus membros, e a sociedade civil a síntese que supera as divergências entre as diversas famílias. 
 O Estado representa a unidade final, a síntese mais perfeita que supera a contradição existente entre o privado e o público. Quando Hegel usa a expressão sociedade civil, lhe dá um sentido novo, correspondente à esfera intermediária entre a família e o Estado. 
 A sociedade civil é o lugar das atividades econômicas, e portanto, onde prevalecem os interesses privados, sempre antagônicos entre si. Por isso mesmo é o lugar das diferenças sociais e conflituosas entre ricos e pobres e da rivalidade dos profissionais entre si. 
 Para superar as contradições que põem em perigo a coletividade, é preciso reconhecer a soberania do Estado. Nele, cada um tem a clara consciência de agir em busca do bem coletivo, sendo, assim, por excelência, a esfera dos interesses públicos e universais.
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Hegel
 A Filosofia do Direito para Hegel tem por finalidade buscar o entendimento do conceito do Direito e a sua realização. Como um sistema orgânico onde o fim se situa no plano da normatividade, possibilita a Sociedade Civil uma existência plena, isto é, uma existência que só não viva em si mesma, mas procure no outro sua realização.
 Sendo essa realização um fenômeno ético e social, somente é possível em uma determinada organização política. Assim, o Direito não está subordinado à sorte empírica ou experimentação particular. É um objeto filosófico de conhecimento e aplicabilidade. 
 Em sua obra “Princípios da Filosofia do Direito”, Hegel leva em consideração a lei como produto cultural. Ela não é uma vontade particular fora de sua realidade temporal. Já que o indivíduo é filho do seu tempo - algo nem antes nem depois, a lei como qualquer produção humana, pertence ao espírito do momento. 
 O Direito não é uma normatização atemporal como também não é um sonho, assim também é a Filosofia do Direito que busca interpretar e construir o presente e o real, e não ser a construção de um além que só Deus sabe onde se encontra. 
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Hegel
 É tarefa do Filósofo, configurar o Direito como a ação mais importante da sociedade, visto que a Filosofia tem o real como meio de promover o universal. 
 É o indivíduo fazendo uso das instituições jurídicas com o propósito de nelas realizar um fim universal. O Direito em Hegel se aplica como universalidade positiva que impõe contemplar o sujeito sem desvinculá-lo do universal. 
 Como na tradição de Platão e Aristóteles, também Hegel situa o homem nas dimensões Ética e Política, já que essas duas dimensões necessariamente existem numa unicidade. A dimensão Política é a realização da vida Ética com a existência de valores tomados como universais na garantia da efetividade do Direito. 
 Logo, em sua Filosofia do Direito Hegel, constrói a unidade do Ético e do Político dentro da positividade do Direito. Garante ao Estado o papel de promover o Direito como um dever, onde as relações visam superar o particular, por meio de ações recíprocas, na construção comunitária da Sociedade Civil. 
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Hegel
 A Filosofia do Direito, em Hegel, é um tratado ético-político, é uma reflexão sobre a possibilidade da normatização. Assim sendo, é uma Filosofia da sociabilidade humana que personifica o esforço racional em universalizar o particular. 
 A tese hegeliana é a formação de uma vontade racional, profundamente necessária e universal, que não está subordinada às paixões, pois é obra da consciência. Consciência que superou a si mesmo e busca além de si a referência comunitária. Se em Hegel o homem é mais que indivíduo, sua efetividade é a própria vida comunitária, então indivíduo e comunidade se identificam, se necessitam logicamente por uma razão muito simples: o particular existe no universal tanto quanto o homem existe na comunidade. 
 A Filosofia do Hegel prega esse coroamento da razão, onde o Estado é o palco histórico de sua existência. 
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