Buscar

Dano Moral nas Relacoes de Consumo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 94 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 94 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 94 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A REPARAÇÃO CIVIL POR DANOS MORAIS NA RELAÇÃO DE 
CONSUMO 
 
 
 
 
 
PATRÍCIA DAL PIZZOL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, 08 de Maio, 2006 
 i
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A REPARAÇÃO CIVIL POR DANOS MORAIS NA RELAÇÃO DE 
CONSUMO 
 
 
 
 PATRÍCIA DAL PIZZOL 
 
 
Monografia submetida à Universidade 
do Vale do Itajaí – UNIVALI, como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
Orientador: Prof. MSc. Eduardo Mattos Gallo Júnior 
 
 
 
 
Itajaí, 08 de Maio de 2006. 
 ii
AGRADECIMENTO 
 
Agradeço primeiramente a Deus, por ter permitido 
a realização do meu sonho. 
Agradeço também aos meus Pais, pelo amor, 
oportunidade, confiança e presença constante na 
minha vida. 
Aos meus irmãos, que de alguma forma 
contribuíram para a minha formação. 
Ao meu noivo, pelo companheirismo. 
E por fim, a Eduardo Mattos Gallo Júnior, por ter 
contribuído pelo meu aprendizado prático com 
sua experiência jurídica como professor e 
magistrado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 iii
DEDICATÓRIA 
 
Dedico a presente monografia a todos os 
profissionais que utilizam o conhecimento jurídico 
para a aplicação da verdadeira essência do 
Direito: a obtenção da Justiça. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 iv
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
Declaro, para todos os fins de Direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do 
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
 
 
 
Itajaí, 08 de Maio de 2006 
 
 
Patrícia Dal Pizzol 
Graduanda 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 v
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale 
do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Patrícia Dal Pizzol, sob o título A 
Reparação Civil Por Danos Morais na Relação de Consumo, foi submetida em 
08/05/2006 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: 
Eduardo Mattos Gallo Júnior (orientador e presidente da banca), Eduardo 
Erivelton Campos (examinador) e Jefferson Custódio Próspero (examinador), 
aprovada com a nota 10,0 (Dez). 
 
 
 
 
Itajaí, 08 de Maio de 2006 
 
 
 
 
 
 
Prof. MSc. Eduardo Mattos Gallo Júnior 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
 
Prof. MSc. Antonio Augusto Lapa 
Coordenação da Monografia 
 
 
 
 
 
 
 
 vi
ROL DE CATEGORIAS 
 
Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à 
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. 
 
Conduta Ilícita 
 
É prática de uma ação ou omissão, voluntária ou não, que infringi o ordenamento 
jurídico. 
 
Consumidor 
 
É toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final. 
 
Dano 
 
Dano, sem sentido amplo, é a lesão de qualquer bem jurídico, patrimonial ou 
moral, é a lesão, deterioração ou prejuízo sofrido. 
 
Dano Moral 
 
De maneira mais ampla, pode-se afirmar que são danos morais os ocorridos na 
esfera da subjetividade, ou no plano valorativo da pessoa na sociedade, 
alcançando aspectos mais íntimos da personalidade humana (“o da intimidade e 
da consideração pessoal”), ou da própria valoração da pessoa no meio em que 
vive e atua (“o da reputação ou da consideração social”)1. 
 
Dano Material 
 
Material é o dano que afeta somente o patrimônio do ofendido2. 
 
1THEODORO JÚNIOR, Humberto. Dano Moral. 4. ed. atual. amp. São Paulo: Juarez de Oliveira, 
2001, p. 2. 
2GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Obrigações – Parte Especial :Responsabilidade Civil, 
p. 74. 
 vii
Fornecedor 
 
É toda pessoa física ou jurídica que desenvolve atividades de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
 
Nexo de Causalidade 
 
O vínculo entre o prejuízo e a ação designa-se 'nexo causal', de modo que o fato 
lesivo deverá ser oriundo da ação, diretamente ou como sua conseqüência 
previsível. Tal nexo representa, portanto uma relação necessária entre o evento 
danoso e a ação que o produziu, de tal sorte que esta é considerada a sua 
causa3. 
 
Relação de Consumo 
 
A Relação de consumo é aquela em que uma das partes adquire produtos ou 
serviços tendo em vista sua utilização final enquanto a outra parte fornece tais 
bens em caráter de habitualidade e profissionalismo. A parte que adquire os bens 
é chamada de consumidor, enquanto a parte que fornece os bens é denominada 
genericamente de fornecedor4. 
 
Responsabilidade Civil 
 
A Responsabilidade Civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a 
reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela 
mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela 
pertencente ou de simples imposição legal5. 
 
 
 
3DINIZ,Maria Helena. Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 2002, p. 96. 
4GOMES, Marcelo Kokke. Responsabilidade Civil: Dano e Defesa do Consumidor. Belo Horizonte: 
Del Rey, 2001, p.87. 
5DINIZ,Maria Helena. Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 7 vol. 16. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2002, p. 09. 
 viii
Responsabilidade Civil Contratual 
 
Quando alguém descumpre uma obrigação contratual pratica um ilícito contratual 
e seu ato provoca reação da ordenação jurídica, que impõe ao inadimplente a 
obrigação de reparar o prejuízo causado6. 
 
Responsabilidade Civil Extracontratual – Aquiliana 
 
Quando a responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao dever de 
conduta (dever legal) imposto genericamente no art. 186 do mesmo diploma, diz-
se que ela é extracontratual ou aquiliana7. 
 
Responsabilidade Civil Objetiva 
 
A Responsabilidade Civil Objetiva é aquela em que se prescinde do elemento 
subjetivo bastando apenas a verificação do dano. De regra, é atribuída ao Poder 
Público8. 
 
Responsabilidade Civil Subjetiva 
 
A responsabilidade civil subjetiva é aquela em que está presente o elemento 
subjetivo vontade do agente, intencional ou não, de provocar o dano9. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Parte Geral. 1 vol. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 308. 
7GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Obrigações – Parte Especial :Responsabilidade Civil, 
p. 11. 
8ARRUDA, Augusto F. M. Ferraz. Dano Moral Puro ou Psíquico. São Paulo: Editora Juarez de 
Oliveira, 1999, p. 5. 
9ARRUDA, Augusto F. M. Ferraz. Dano Moral Puro ou Psíquico, p. 5. 
 ix
SUMÁRIO 
 
RESUMO.............................................................................................. XI 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................1 
 
CAPÍTULO 1 ..........................................................................................3 
 
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL NOORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO............................................................3 
1.1 BREVE HISTÓRICO DA RESPONSABILIDADE CIVIL ....................................3 
1.2 CONCEITO E REQUISITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL........................5 
1.2.1 CONDUTA .....................................................................................................7 
1.2.2 DANO..............................................................................................................9 
1.2.3 NEXO DE CAUSALIDADE...........................................................................11 
1.3 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL .................................................13 
1.3.1 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL..............................................13 
1.3.2 RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL – AQUILIANA...........15 
1.3.3 RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA.....................................................17 
1.3.4 RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA...................................................20 
1.4 EFEITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL....................................................21 
1.4.1 DANOS MATERIAIS ....................................................................................22 
1.4.2 PERDAS E DANOS .....................................................................................24 
1.4.3 DANOS MORAIS .........................................................................................26 
 
CAPÍTULO 2 ........................................................................................28 
 
NOÇÕES GERAIS SOBRE O CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO 
CONSUMIDOR .....................................................................................................28 
2.1 BREVE HITÓRICO SOBRE O CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO 
CONSUMIDOR .....................................................................................................28 
2.2 CONCEITO E OBJETIVOS DO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO 
CONSUMIDOR E A RELAÇÃO DE CONSUMO...................................................32 
 x
2.3 SUJEITOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO .....................................................34 
2.3.1 CONSUMIDOR ............................................................................................34 
2.3.2 FORNECEDOR............................................................................................38 
2.4 DIREITOS E DEVERES DOS AGENTES DA RELAÇÃO DE CONSUMO .....42 
2.5 A RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO 
CONSUMIDOR......................................................................................................45 
 
CAPÍTULO 3 ........................................................................................52 
 
CRITÉRIOS JURÍDICOS PARA A QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL NA 
RELAÇÃO DE CONSUMO ...................................................................................52 
3.1 DANO MORAL: CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA ..................................52 
3.2 O ÔNUS DA PROVA NA RELAÇÃO DE CONSUMO.....................................57 
3.3 A VALORAÇÃO DOS DANOS MORAIS.........................................................61 
3.4 A CONDIÇÃO ECONÔMICA DO CONSUMIDOR E DO FORNECEDOR ......63 
3.5 A EXTENSÃO DO DANO................................................................................64 
3.6 CRITÉRIOS UTILIZADOS PELA JURISPRUDÊNCIA CATARINENSE PARA A 
ATRIBUIÇÃO DE DANO MORAL NA RELAÇÃO DE CONSUMO........................66 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................73 
 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS.............................................78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 xi
RESUMO 
 
O presente trabalho tem como OBJETO de estudo A 
Reparação Civil Por Danos Morais na Relação de Consumo, e como OBJETIVOS 
GERAIS uma abordagem sucinta sobre a origem, criação, evolução da 
Responsabilidade Civil na Relação de Consumo, destacando os conceitos das 
principais modalidades de Responsabilidade Civil existente na Relação de 
Consumo; e como OBJETIVOS ESPECÍFICOS, uma análise da configuração do 
Dano Moral na Relação de Consumo, quais os elementos indispensáveis para a 
sua configuração, bem como os critérios judiciais a serem observados pelos 
juízes na fixação do quantum indenizatório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1
INTRODUÇÃO 
 
A presente Monografia tem como objeto A Reparação Civil 
Por Danos Morais na Relação de Consumo. 
 
O seu objetivo é demonstrar a importância do Código de 
Proteção e Defesa do Consumidor criado pela Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 
1.990, para regulamentar a Relação de Consumo entre o Consumidor e 
Fornecedor, estabelecendo, acima de tudo, a equiparação das partes, contudo 
com ênfase aos direitos do Consumidor por ser considerada a parte mais 
vulnerável desta relação, assegurando inclusive, a Reparação por Danos Morais, 
quando o houver práticas de Conduta Ilícita que atinja seu patrimônio psíquico. 
 
Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando de 
Considerações Gerais Sobre a Responsabilidade Civil no Ordenamento Jurídico 
Brasileiro, trazendo um breve histórico da Responsabilidade Civil, bem como os 
requisitos indispensáveis para a sua configuração. Serão abordadas as principais 
modalidades de Responsabilidade Civil existentes no nosso ordenamento jurídico, 
assim como os seus efeitos. 
 
No Capítulo 2, tratando de Noções Gerais Sobre o Código 
de Proteção e Defesa do Consumidor, serão abordados a importância do 
surgimento do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, os conceitos e 
objetivos da Relação de Consumo, assim como de Consumidor e Fornecedor, o 
binômio que compõem esta relação. 
 
No Capítulo 3, tratando de Critérios Jurídicos Para a 
Quantificação do Dano Moral na Relação de Consumo, há uma análise da 
configuração do Dano Moral na Relação de Consumo e os critérios utilizados pelo 
judiciário para a fixação da valoração do Dano Moral sofrido pelo Consumidor, 
trazendo também os parâmetros jurídicos utilizados pela jurisprudência 
Catarinense para a fixação desta valoração . 
 
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as 
 2
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos 
destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões 
sobre critérios jurídicos aplicáveis para a Reparação Civil por Danos Morais na 
Relação de Consumo. 
 
Para a presente monografia foram levantadas as seguintes 
hipóteses: 
 
9 A Reparação Por Danos Morais na Relação de 
Consumo; 
 
9 Os Critérios Jurídicos Utilizados Pelo Estado Para a 
Quantificação do Dano Moral. 
 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase 
de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados 
o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente 
Monografia é composto na base lógica Indutiva. 
 
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as 
Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa 
Bibliográfica. 
 3
CAPÍTULO 1 
 
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL 
NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
 
 
1.1 BREVE HISTÓRICO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
A Responsabilidade Civil e o conseqüente dever de 
reparação surgiu de uma Conduta Ilícita praticada por um agente e desaprovada 
pela sociedade. 
 
A palavra responsabilidade originou-se do latim 'respondere', 
que consistia na necessidade de responsabilizar alguém por seus atos danosos. 
 
O conceito de Rui Stoco10 é preciso na medida em que 
pontifica: 
 
Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através 
dos integrantes da sociedade humana, de impora todos o dever 
de responder por seus atos, traduz a própria noção de Justiça 
existente no grupo social estratificado. 
 
Em tempos mais remotos, a reparação por uma Conduta 
Ilícita praticada era primeiramente reparada de forma coletiva e depois 
individualmente através da autotutela, também conhecida como vingança privada, 
que implicava em uma agressão física ao causador do evento danoso, 
confundindo muitas vezes a Responsabilidade Civil com a responsabilidade 
penal em face de forma de sua represália. Para os romanos, a autotutela 
importava sempre na reparação do Dano mediante a prática de outro, como 
instituía a Lei de Talião, sendo que a intervenção do Poder Público era restrito a 
coibir abusos, a fim de se declarar o momento em que a vítima poderia ter direito 
a retaliação, produzindo na pessoa do lesante Dano idêntico ao sofrido. Nesta 
 
10STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 6. ed. atual. amp. São Paulo: Editora Revista 
dos Tribunais, 2004.p.118. 
 4
fase, a Responsabilidade era Objetiva, pois não dependia de culpa, bastando 
apenas a ocorrência do Dano. 
 
Historicamente, nos primórdios da civilização humana, 
dominava a vingança coletiva, que se caracterizava pela reação conjunta do 
grupo contra o agressor pela ofensa a um de seus componentes. Posteriormente 
evoluiu para uma reação individual, isto é, vingança privada, em que os homens 
faziam justiça pelas próprias mãos, sob a égide da Lei de Talião, ou seja, a 
reparação do mal pelo mal, sintetizada nas fórmulas 'olho por olho, dente por 
dente', 'quem com ferro fere, com ferro será ferido’, relatou Maria Helena Diniz11. 
 
Porém, verificado que muitas vezes a agressão realizada 
como forma de represália, não satisfazia o Dano sofrido, pelo contrário, ainda 
ocasionava em punição da vítima por ter causado um Dano físico ao agressor, 
surgiu a necessidade da criação de uma outra forma de reparação, denominada 
de autocomposição. Na fase da autocomposição, o autor da ofensa entabulava 
um acordo com a vítima mediante a reparação de ordem pecuniária, ou seja, 
mediante o pagamento de uma certa quantia em dinheiro. Para aprimorar o 
acordo entre as partes, surgiu a fase da arbitragem pública ou privada, também 
conhecida como fase da composição, em que os litígios eram solucionados, 
mediante a nomeação de um juiz privado, quando se tratasse de delito privado, 
efetivados contra interesses de particulares, ou a solução da lide era submetida a 
apreciação de um juiz público, quando o delito fosse público, perpetrado contra 
direitos relativos ao Estado. 
 
Foi na fase republicana que o direito romano reconheceu a 
necessidade da existência de culpa para que se concretizasse a reparação do 
Dano causado ao estabelecer a Lex Aquilia de damnum, que originou nas penas 
proporcionais aos prejuízos causados. Neste período, a culpa era considerada o 
elemento indispensável para que houvesse a reparação do Dano, de modo que 
na sua falta, seria isentado o agente de qualquer responsabilidade. 
 
 
11DINIZ,Maria Helena. Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 7 vol. 16. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2002, p. 09. 
 5
A culpa tornou-se então o elemento subjetivo da 
responsabilidade, passando ser perceptível somente após a edição da legislação 
aquiliana e a formulação da teoria do risco da atividade, quando foi concebido a 
Responsabilidade Objetiva, ou seja, a responsabilidade sem culpa em 
determinados casos. 
 
1.2 CONCEITO E REQUISITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
A Responsabilidade Civil, conforme anteriormente 
mencionado, surge sempre quando houver a necessidade de reparar um Dano 
causado pela prática de uma Conduta Ilícita. 
 
Assim sendo, será caracterizada sempre que houver um 
prejuízo a um terceiro, particular ou Estado, sendo que pelo fato de se ter 
repercussão de um Dano privado, tem como causa geradora o interesse em 
restabelecer o equilíbrio jurídico alterado ou desfeito pela lesão, de modo que a 
vítima possa pedir reparação do prejuízo causado, mediante uma recomposição 
do statu quo ante ou através de uma importância em dinheiro. Desta forma, na 
esfera cível, ao agente causador do ilícito implicará somente na obrigação de 
recompor a posição do lesado mediante uma indenização. 
 
No Código Civil Brasileiro a Responsabilidade Civil encontra-
se prevista nos artigos 186 a 188, 927 e seguintes, 389 e 392. 
 
Citemos o conceito de Responsabilidade Civil fornecido por 
Maria Helena Diniz12: 
 
A Responsabilidade Civil é a aplicação de medidas que obriguem 
uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a 
terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa 
por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de 
simples imposição legal. 
 
 
 
 
12DINIZ, Maria Helena. Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 2002, p.34. 
 6
A função da Responsabilidade Civil na atualidade 
compreende a garantir o direito do lesado à segurança e ainda servir como 
sanção civil de natureza compensatória, pois o interesse diretamente lesado é o 
interesse privado. Assim, em se tratando de matéria cujo interesse limita-se ao 
prejudicado, se uma vez este permanecer inerte perante a situação, nenhuma 
conseqüência advirá para o agente causador do Dano. 
 
A Responsabilidade Civil leva em conta, primordialmente, o 
dano, o prejuízo, o desequilíbrio patrimonial. A Responsabilidade Civil pressupõe 
um equilíbrio entre dois patrimônios que deve ser restabelecido, mencionou 
Venosa13. 
 
Para restar configurada a Responsabilidade Civil, a Conduta 
do agente deverá ser sempre precedida de uma ação, seja ela comissiva ou 
omissiva que se apresenta no ordenamento jurídico como ato ilícito, requer ainda 
a ocorrência de um Dano Material ou Dano Moral causado à vítima por esta ação 
e para finalizar deve haver o Nexo de Causalidade entre o Dano e a Conduta 
Ilícita. 
 
É necessária a reparação quando houver injustamente um 
Dano na esfera alheia, esclarece Carlos Alberto Bittar14: 
 
Havendo dano, produzido injustamente na esfera alheia, surge a 
necessidade de reparação, como imposição natural da vida em 
sociedade e, exatamente, para a sua própria existência e o 
desenvolvimento normal das potencialidades de cada ente 
personalizado. 
 
 
Posteriormente, mencionou que a responsabilização do 
agente, é nesse sentido, a resposta do Direito a ações lesivas, assentando-se, 
desse modo à rejeição à idéia de dano injurioso, acrescentou, ainda, Carlos 
Alberto Bittar15. 
 
13VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil. 2. ed. São Paulo:Atlas, 2002, p.19. 
14BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais. 3. ed. atual. Amp. São Paulo:Editora 
Revista dos Tribunais,1999, p.20. 
15BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais, p.65. 
 7
Ao comentar sobre os requisitos da Responsabilidade Civil, 
informou Rui Stoco16 : 
 
Na etimologia da Responsabilidade Civil, estão presentes três 
elementos, ditos essenciais na doutrina subjetivista: a ofensa a 
uma norma preexistente ou erro de conduta, um dano e o nexo de 
causalidade entre um e outro. 
 
Para ser caracterizada a Responsabilidade Civil requer 
sempre uma Conduta Ilícita, um resultado Danoso e o Nexo de Causalidade entre 
a Conduta e o Dano praticado. 
 
1.2.1 Conduta 
A Conduta subjetiva é elemento indispensável da teoria da 
Responsabilidade Civil, ou seja, o elemento que precede a Responsabilidade Civil 
de um ato ilícito é sempre uma Conduta humana, devendo a mesma ser 
voluntária conforme prevê o artigo186 do Código Civil Brasileiro. 
 
Inexiste Responsabilidade Civil quando a Conduta do agente 
de forma voluntária não contraria o ordenamento jurídico. 
 
Todavia, merece esclarecer que a voluntariedade da 
conduta humana não deve ser confundida com possibilidade de se assumir o 
risco de produzir o Dano. 
 
Ação e omissão constituem, por isso mesmo, tal como no 
crime, o primeiro momento da Responsabilidade Civil, ensinou Rui Stoco17. 
 
Ressalta-se que a Conduta do agente pode ser decorrente 
de uma ação ou de uma omissão, sendo também denominada como uma conduta 
comissiva ou omissiva, conforme anteriormente mencionado. 
 
 
16STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 2004, p.146. 
17STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 2004, p.131. 
 
 8
No entendimento de Roberto Senise Lisboa18 temos que: 
 
A conduta comissiva ilícita é aquela que viola o dever geral de 
abstenção. A conduta omissiva ilícita é aquela que viola o dever 
jurídico de agir. Possui relevância jurídica, por não impedir 
resultado danoso à vítima ou ao seu patrimônio. 
 
Na ação ou omissão a responsabilidade do agente pode 
decorrer de ato próprio, de ato de terceiro que esteja sob a sua responsabilidade 
e ainda de danos causados por coisas que estejam sob a guarda deste. 
 
A responsabilidade por ato próprio decorre sempre quando o 
próprio agente infringe um dever legal que acaba por prejudicar um terceiro, cuja 
conseqüência implicará na sua reparação. 
 
Silvio Rodrigues19 explica: 
 
O ato do agente causador do dano impõe-lhe o dever de reparar 
não só quando há, de sua parte, infringência a um dever legal, 
portanto ato praticado contra direito, como também quando seu 
ato, embora sem infringir a lei, foge da finalidade social a que ela 
se destina. Realmente atos há que não colidem diretamente com 
norma jurídica, mas com o fim social por ela almejado. São atos 
praticados com abuso de direito, e, se o comportamento abusivo 
do agente causa dano a outrem, a obrigação de reparar, imposta 
àquele, apresenta-se inescondível. 
 
Ocorrerá a Responsabilidade Civil de ato de terceiro que 
esteja sob a responsabilidade do agente, quando uma pessoa fica sujeita a 
responder por Dano causado a outrem não por ato próprio, mas por ato de 
alguém que está, sob a sua responsabilidade. 
 
É preciso o entendimento de Silvio Rodrigues20 ao 
mencionar que essa responsabilidade por ato de terceiro, consagrada pela lei e 
 
18LISBOA, Roberto Senise. Manual Elementar de Direito Civil. 2 Vol. 2.ed. São Paulo:Editora 
Revista dos Tribunais, 2002, p. 202. 
19RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Parte Geral. 4 vol. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 16. 
20RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Responsabilidade Civil. 4 vol. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 
2002, p. 16. 
 9
aperfeiçoada pela jurisprudência, inspira-se em um anseio de segurança, no 
propósito de proteger a vítima. Criando uma responsabilidade solidária entre o 
patrão e o empregado que diretamente causou o Dano, fica a vítima com a 
possibilidade de pleitear a indenização a ela devida tanto de um quanto de outro 
daquelas pessoas e, certamente, proporá a ação competente contra o amo, uma 
vez que este, ordinariamente, está em melhores condições de solvabilidade do 
que seu serviçal. 
 
Como na atualidade da vida social, a responsabilidade pelo 
ato próprio se tornou insuficiente para o ordenamento jurídico, necessitando então 
em abranger outras pessoas que não o próprio agente da conduta danosa, 
seguimos o comentário de Caio Mário da Silva Pereira21: 
 
A vida social é cada vez mais complexa, e urde situações várias, 
em que o anseio da justiça ideal não satisfaz proclamar apenas 
que o indivíduo responde pelo dano que causa. Daí assentar-se 
um conjunto de preceitos, em virtude dos quais se atenta para o 
fato da extensão da responsabilidade além da pessoa do ofensor, 
seja juntamente com este, seja independente deste. Diz-se, pois, 
que há responsabilidade indireta quando a lei chama uma pessoa 
a responder pelas conseqüências do ato ilícito alheio. 
 
E por último, existe ainda a Responsabilidade Civil por 
danos causados por coisas que estejam sob a guarda do agente, também 
conhecida como Responsabilidade da guarda da coisa inanimada. Ocorrerá 
quando se obriga a reparar Dano causado por coisa ou animal que esteja sob a 
sua guarda, sendo que esta responsabilidade surgiu na França no século XIX, a 
qual posteriormente, embora ainda em discussão sobre sua amplitude também foi 
adotada pela doutrina e jurisprudência brasileira. 
 
1.2.2 Dano 
O Dano é também o outro requisito necessário para ser 
caracterizada a Responsabilidade Civil. 
 
Desde o período romano, o Dano, foi concebido pelo 
 
21PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. vol. III,10 ed. Rio de Janeiro: Editora 
Forense, 1998, p. 363. 
 10
imperador Justiniano no Digesto, como um prejuízo causado a outrem. Ou seja, 
desde a Antigüidade, o Dano vem sendo considerado como um prejuízo causado 
a outrem por uma Conduta Ilícita. 
 
Conceituou De Plácido e Silva22 que sendo derivado do 
latim, damnum, genericamente significa todo mal ou ofensa que tenha uma 
pessoa causado a outrem, da qual possa resultar uma deterioração ou destruição 
à coisa dele um prejuízo a seu patrimônio. 
 
Quando se pratica uma Conduta Ilícita cuja conseqüência 
ocasiona em um Dano, há a necessidade e obrigatoriedade da sua reparação. 
Assim como a Conduta Ilícita comissiva ou omissiva, o Dano, também é um 
requisito necessário para a caracterização da Responsabilidade Civil pelo evento 
ocasionado. 
 
O Dano sempre irá afetar o patrimônio quer econômico ou 
moral de alguém, pois o Dano é pressuposto da obrigação de indenizar. Nas 
palavras de Antônio Jeová Santos23 onde não houver dano, não haverá a 
correspondente responsabilidade jurídica. 
 
A necessidade de se reparar o Dano consiste em manter um 
equilíbrio na sociedade humana, de modo a evitar a prática reiterada de certas 
condutas danosas e possibilitar que seja sanado o prejuízo sofrido, visando o 
reingresso do prejudicado ao seu status quo ante. 
 
Merece destaque o ensinamento de Carlos Alberto Bittar24: 
 
É que ao Direito compete preservar a integridade moral e 
patrimonial das pessoas, mantendo o equilibro no meio social e na 
esfera individual de cada um dos membros da coletividade, em 
busca incessante pela felicidade pessoal. 
 
 O Dano, é assim então considerado como um dos 
 
22SILVA, De Plácido E. Vocabulário Jurídico. 12. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,1993, p. 02. 
23SANTOS, Antonio Jeová. Dano Moral Indenizável. São Paulo: Lejus, 1997, p. 18. 
24BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais. 1999, p. 15. 
 11
elementos indispensáveis para a caracterização da Responsabilidade Civil, pois 
no âmbito cível, é através da extensão do prejuízo ocasionado que será fixado o 
quantum indenizatório, de modo que se não houver um Dano, inexistirá a 
conseqüente reparação. 
 
O Dano pode ser de ordem patrimonial, também designado 
de Material, traduzindo em danos emergentes, e em lucros cessantes, ou ainda, o 
Dano de ordem Moral, que corresponde a ofensa causado à pessoa, atingindo 
bens e valores de ordem interna, denegrindo a sua honra, conceitos estes que 
serão analisados posteriormente. 
 
1.2.3 Nexo de Causalidade 
O Nexo de Causalidade constitui o último dos elementos 
essenciais da Responsabilidade Civil. 
 
O conceito de nexo causal não é jurídico; decorre das leis 
naturais, constituindo apenas o vínculo, a ligação ou relaçãode causa e efeito 
entre a conduta e o resultado, lecionou Sérgio Cavalieri Filho25. 
 
Para ser caracterizada a Responsabilidade Civil é 
necessário que a Conduta Ilícita tenha ligação com o Dano ocorrido, é necessário 
além da ocorrência da ação e do Dano, que se estabeleça uma relação de 
causalidade entre a antijuridicidade da ação e do prejuízo causado. 
 
Nesse sentido, a definição de Maria Helena Diniz26 é precisa, 
quando conceitua com clareza a verdadeira finalidade do Nexo Causal: 
 
O vínculo entre o prejuízo e a ação designa-se 'nexo causal', de 
modo que o fato lesivo deverá ser oriundo da ação, diretamente 
ou como sua conseqüência previsível. Tal nexo representa, 
portanto uma relação necessária entre o evento danoso e a ação 
que o produziu, de tal sorte que esta é considerada a sua causa. 
 
 
25CAVALLIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo:Malheiros Editores, 
1996, p. 48. 
26DINIZ, Maria Helena. Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 2002, p. 96. 
 12
É necessário então que entre o comportamento do agente e 
o Dano causado, se demonstre a relação de causalidade, pois é possível a 
existência de um ato ilícito e a ocorrência de um Dano sem que um seja a causa 
do outro, o que desconfiguraria a Responsabilidade Civil do agente. 
 
Ademais, é através do Nexo de Causalidade que se verifica 
quem foi o causador do Dano, sendo que na maioria dos casos incumbe a vítima 
provar tal relação entre a Conduta Ilícita do agente e a ocorrência do prejuízo que 
tenha sofrido para ser reparada. 
 
A esse respeito, Silvio de Salvo Venosa27 preleciona que: 
 
Trata-se de elemento indispensável. A responsabilidade objetiva 
dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo de causal. Se a 
vítima, que experimentou o dano, não identificar o nexo causal 
que leva o ato danoso ao responsável, não há como ser 
ressarcida. 
 
Assim, torna-se imprescindível para a obrigatoriedade da 
indenização, que exista o Nexo de Causalidade entre a Conduta Ilícita e o 
respectivo Dano ocasionado. 
 
Entretanto, ocorrendo a eventual ruptura no vínculo causal 
de modo que se impeça a conclusão de ligação entre a conduta do agente e o 
Dano sofrido pela vítima acarretará na irresponsabilidade civil daquele que foi tido 
como o causador do prejuízo. 
 
Desta forma, uma vez ausente quaisquer destes requisitos: 
a Conduta Ilícita comissiva ou omissiva, o Dano e o Nexo Causal, inexistirá a 
Responsabilidade Civil, por faltarem os elementos mínimos e necessários para a 
sua configuração. 
 
 
 
 
27VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil. 2002, p. 36. 
 13
1.3 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
As espécies de Responsabilidade Civil são muito variáveis 
na doutrina devido a sua amplitude terminológica. Para o presente trabalho 
interessa tão somente as seguintes espécies: Responsabilidade Civil Contratual, 
Responsabilidade Civil Extracontratual, também conhecida pela denominação de 
Aquiliana, Responsabilidade Civil Objetiva e Responsabilidade Civil Subjetiva, 
espécies estas que serão adiante apresentadas. 
 
1.3.1 Responsabilidade Civil Contratual 
A Responsabilidade Civil Contratual decorre da violação de 
uma obrigação imposta em um negócio jurídico, ou seja, em obrigação prevista 
em contrato. 
 
No Código Civil a Responsabilidade Civil Contratual é 
regulada a partir do artigo 389, que assim dispõe: 
 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por 
perdas a danos, mais juros e atualização monetária segundo 
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de 
advogado28. 
 
A Responsabilidade Contratual surge quando ocorre a 
inexecução do negócio jurídico de modo que a reparação vem em muitos casos 
substituir o negócio contratado, sendo que nesta espécie de responsabilidade 
existe sempre um vínculo jurídico derivado dessa contratação. Nesta modalidade, 
o agente assumiu uma obrigação de forma voluntária, que uma vez inexecutada 
implicará na sua reparação. 
 
Temos então que o inadimplemento contratual acarreta na 
responsabilidade de indenizar as perdas e danos. 
 
Para Silvio Rodrigues29 quando alguém descumpre uma 
 
28BRASIL, Código Civil. 54. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 88. 
29RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Parte Geral. 1 vol. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 308. 
 14
obrigação contratual pratica um ilícito contratual e seu ato provoca reação da 
ordenação jurídica, que impõe ao inadimplente a obrigação de reparar o prejuízo 
causado. 
 
Tendo em vista que a Responsabilidade Contratual decorre 
da inexecução da obrigação voluntária e anteriormente pactuada, torna-se 
necessário sempre a preexistência de uma obrigação para restar configurado o 
dever de indenizar. 
 
Entretanto, existe a possibilidade dos contraentes 
estipularem cláusulas para reduzir ou excluir a indenização, desde que não 
contrariem a ordem pública e os bons costumes, sendo que a estipulação de 
cláusula de não indenizar existente em alguns contratos não deve prevalecer 
quando o contrato versar sobre Relação de Consumo, por ser considerada pelo 
Código de Proteção e Defesa do Consumidor, como uma cláusula de caráter 
abusivo. 
 
Segundo o entendimento de Fabrício Zamprogna Matielo30: 
 
Comumente aceita-se a consideração dualista da culpa, dividida 
em contratual e extracontratual, denominada de aquiliana. Culpa 
contratual é a que advém do descumprimento de uma obrigação 
constante de um contrato, ou de convergência volitiva de outra 
maneira chamada (convenção, por exemplo). 
 
Sobre a culpa contratual, discorre Venosa31 que na culpa 
contratual, examinamos o inadimplemento como seu fundamento e os termos do 
limite da obrigação. 
 
Um ponto importante que se merece destacar, é que nesta 
modalidade de responsabilidade, o ônus da prova, competirá ao agente causador 
do evento danoso, que deverá provar, a inexistência de sua culpa ou a presença 
de qualquer excludente do dever de indenizar que pode decorrer de caso fortuito 
 
30MATIELO, Fabrício Zamprogna. Dano Moral, Dano Material e Reparação. 5. ed. Porto Alegre: 
Editora Sagra Luzzatto, 2001, p. 29. 
31VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil, p. 20. 
 15
ou força maior. 
 
De acordo com o magistério de Carlos Roberto Gonçalves32, 
se a responsabilidade é contratual, o credor só está obrigado a demonstrar que a 
prestação foi descumprida. O devedor só não será condenado a reparar o dano 
se provar a ocorrência de alguma das excludentes admitidas na lei: culpa 
exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. Incumbe-lhe, pois, o onus 
probandi. 
 
1.3.2 Responsabilidade Civil Extracontratual – Aquiliana 
A Responsabilidade Civil Extracontratual, também conhecida 
por Responsabilidade Aquiliana, é aquela que decorre diretamente da lei. 
 
No nosso ordenamento jurídico a Responsabilidade Civil 
Extracontratual é disciplinada a partir dos artigos 186 e seguintes e 927 e 
seguintes do Código Civil. 
 
Esta Responsabilidade surge quando há uma inobservância 
da lei, ou seja, quando há uma lesão a um direito, sem que tenha pré-existido 
uma relação obrigacional entre o agente e o prejudicado. 
 
Nesta modalidade, existe uma ligação convencional entre o 
autor e a vítima do prejuízo e não em uma relação obrigacional ou contratual 
como ocorre na Responsabilidade Civil Contratual. 
 
Parafraseando Silvio Rodrigues33 o ilícito se apresenta fora 
do contrato, quando isso ocorre, nenhuma ligação de caráter convencional vincula 
o causadorà vítima do dano. Aquele que infringiu uma norma legal por atuar com 
dolo ou culpa, violou um preceito de conduta de que resultou prejuízo a outrem, 
devendo, portanto, indenizar. 
 
Merece destaque o entendimento de Fabrício Zamprogna 
 
32GONÇALVES, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: Parte Especial: Direito das 
Obrigações, vol. 11 (art. 927 a 965), São Paulo: Saraiva, 2003, p. 26. 
33RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Responsabilidade Civil, p.308. 
 16
Matielo34 acerca da Responsabilidade Aquiliana ao conceituar que a culpa 
extracontratual ou aquiliana (...) provem não somente do comportamento 
antijurídico do obrigado, a chamada responsabilidade por fato próprio. Origina-se, 
igualmente, de prática antijurídica alheia, caracterizando a responsabilidade por 
fato de terceiro ou ainda a responsabilidade de alguém pelo denominado fato das 
coisas. 
 
No mesmo sentido entende Venosa35, ao mencionar que na 
culpa aquiliana, leva-se me conta a conduta do agente e a culpa em sentido lato. 
 
Ressaltando ainda mais a figura da culpa, enuncia Rui 
Stoco36 ao afirmar que a responsabilidade extracontratual no Direito brasileiro, 
conforme doutrina pacífica, funda-se no princípio da culpa. 
 
Em regra, a responsabilidade, seja extracontratual (art. 186), 
seja contratual (arts. 389 e 392), funda-se na culpa. A obrigação de indenizar, em 
se tratando de delito, deflui da lei, que vale erga omnes. 
 
Lembra Carlos Roberto Gonçalves37: 
 
No setor da responsabilidade contratual, a culpa obedece a um 
certo escalonamento, de conformidade com os diferentes casos 
em que se configure, ao passo que, na delitual, ela iria mais longe, 
alcançando a falta ligeiríssima. 
 
Merece ainda destacar que na Responsabilidade Aquiliana o 
ônus da prova caberá ao prejudicado sendo que a não comprovação da culpa do 
réu pelo prejudicado, implicará na não incidência da respectiva reparação. 
 
 
 
 
 
34MATIELO, Fabrício Zamprogna. Dano Moral, Dano Material e Reparação. 2001, p. 29/30. 
35VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil, p. 20. 
36STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil, p. 765. 
37GONÇALVES. Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: Parte Especial: Direito das 
Obrigações, p. 28. 
 17
Ao comentar sobre o ônus probandi, esclareceu Carlos 
Roberto Gonçalves38, que se a responsabilidade for extracontratual, a do art. 186, 
o autor da ação é que fica com o ônus de provar que o fato se deu por culpa do 
agente. A vítima tem maiores probabilidades de obter a condenação do agente 
ao pagamento de indenização quando a sua responsabilidade deriva do 
descumprimento do contrato, ou seja, quando a responsabilidade é contratual, 
porque não precisa provar a culpa. Basta provar que o contrato não foi cumprido 
e, em conseqüência, houve o Dano. 
 
1.3.3 Responsabilidade Civil Objetiva 
A Responsabilidade Civil Objetiva é aquela apurada 
independentemente de culpa do agente causador do Dano, pela atividade 
perigosa por ele desempenhada. 
 
A obrigação de indenizar passa a existir quando se 
comprova apenas o Nexo de Causalidade entre a Conduta Ilícita e o Dano 
causado, posto que a culpa, é para a Responsabilidade Civil Objetiva, presumida 
pela lei. 
 
A Responsabilidade Civil Objetiva é aquela em que se 
prescinde do elemento subjetivo, bastando apenas a verificação do dano. De 
regra, é atribuída ao Poder Público, como esclarece Augusto F. M. Ferraz de 
Arruda39. 
 
Em que pese a permanência da Responsabilidade Subjetiva 
como regra geral entre nós, por força do artigo 159 do Código de 1916 e do artigo 
186 do Código vigente, a Responsabilidade Objetiva é considerada a maior 
inovação do Código atual sendo crescente o número de acontecimentos que são 
regulados sob esta responsabilidade. 
 
 
38GONÇALVES, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: Parte Especial: Direito das 
Obrigações, p. 26. 
39ARRUDA, Augusto F. M. Ferraz. Dano Moral Puro ou Psíquico. São Paulo: Editora Juarez de 
Oliveira, 1999, p. 5. 
 
 18
Ressalta-se que embora no primeiro momento, em análise 
ao caput do artigo 927 do Código Civil corresponda a Responsabilidade Civil 
Subjetiva, contudo, o seu parágrafo único, fundamentado na teoria do risco 
criado, equivale a adoção da teoria da Responsabilidade Civil Objetiva. 
 
No Código Civil, a Responsabilidade Civil Objetiva se 
encontra prevista no parágrafo único do artigo 927, que assim dispõe: 
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano 
a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos caso especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, riscos para o direito de outrem40. 
 
Fundada na teoria do risco, para Responsabilidade Civil 
Objetiva, pouco importa se a o Dano causado pelo agente se deu por Conduta 
Ilícita culposa ou dolosa, bastando apenas a presença do Nexo de Causalidade 
para restar configurada a obrigatoriedade de reparar o prejuízo causado, assim, 
sempre que uma conduta praticada possa criar um risco de Dano a terceiros, há 
uma obrigação de repará-lo, ainda que, sua atividade e comportamento sejam 
isentos de culpa. 
 
Citemos o magistério de Arruda41: 
 
O que caracteriza essa responsabilidade, distinguindo-a da 
decorrente do descumprimento de obrigação contratada e da 
decorrente da prática do ilícito civil, é a desnecessidade do 
elemento culpa, ou seja, presume-se a culpa da Administração 
Pública fundada na teoria do risco na prestação do serviço 
público. 
 
Eis o entendimento de Fábio Ulhoa Coelho42 ao mencionar 
em sua obra que de acordo com a teoria do risco, toda atividade humana gera 
 
40BRASIL. Código Civil. p. 180. 
41ARRUDA, Augusto F. M. Ferraz. Dano Moral Puro ou Psíquico. São Paulo: Editora Juarez de 
Oliveira, 1999, p. 8. 
42COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. Vol. 2, São Paulo: Saraiva, 2004, p. 345. 
 19
proveito para quem a explora e riscos a outrem. 
 
A atribuição da responsabilidade pelos danos a quem 
aproveita a atividade geradora dos riscos é a formulação mais corrente da teoria. 
Chama-se teoria do risco-proveito. Assim, se o fundamento da Responsabilidade 
Objetiva repousa na exposição aos riscos atividades, fala-se em risco-criado; se 
na sua inevitabilidade, em risco-profissional. 
 
Assevera Silvio Rodrigues43 que na Responsabilidade 
Objetiva a atitude culposa ou dolosa do agente causador do Dano é de menor 
relevância, pois, desde que exista relação de causalidade entre o Dano 
experimentado pela vítima e o ato da agente, surge o dever de indenizar, quer 
tenha este último agido não culposamente. 
 
No mesmo sentido é o entendimento de Carlos Roberto 
Gonçalves44 ao afirmar que nos casos de Responsabilidade Objetiva, não se 
exige prova de culpa do agente para que seja obrigado a reparar o Dano, sendo 
que em alguns casos, ela é presumida pela lei, e, em outros é de todo 
prescindível. 
 
Os elementos da Responsabilidade Civil Objetiva podem ser 
os Danos Patrimoniais ou Extrapatrimoniais em relação a causalidade ao ato ou 
atividade desenvolvida, não se discutindo o elemento subjetivo, por ser irrelevante 
a eventual culpa. 
 
Embora o Código Civil brasileiro tenha se filiado à teoria 
subjetivista, exigindo o dolo e a culpa como fundamentos para a obrigação de 
reparar o Dano, conforme se verifica no artigo 186, a Responsabilidade Subjetiva 
subsiste como regra necessária, sem prejuízo, contudo, daadoção da 
Responsabilidade Objetiva, em dispositivos vários e esparsos. 
 
Há ainda que destacar que a Responsabilidade Objetiva, 
 
43RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Responsabilidade Civil, p. 11. 
44GONÇALVES, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: Parte Especial: Direito das 
Obrigações, p. 29. 
 20
somente poderá ser aplicada quando existe lei expressa que autorize, sendo que 
na ausência de lei expressa a responsabilidade pelo ato ilícito será subjetiva. 
 
Concluindo, os requisitos para configurar a 
Responsabilidade Civil Objetiva são somente três: Conduta Ilícita comissiva ou 
omissiva, Dano e o Nexo de causalidade. 
 
1.3.4 Responsabilidade Civil Subjetiva 
A Responsabilidade Civil Subjetiva é aquela apurada 
mediante a demonstração de culpa do agente causador do Dano. O nosso Código 
Civil de 1916, adotou como regra a Responsabilidade Subjetiva, tornando-se a 
culpa ou o dolo os elementos integrantes, salvo quando a lei estabelecer a 
presunção de culpa, sobre a qual se admite prova em sentido contrário, ou ainda, 
quando a lei prever a responsabilidade independentemente da existência ou não 
de culpa, hipótese esta em que se adota a Responsabilidade Objetiva, por força 
do risco da atividade desenvolvida pelo causador do prejuízo. 
 
A responsabilidade civil subjetiva é aquela em que está 
presente o elemento subjetivo vontade do agente, intencional ou não, de provocar 
o dano, sustentou Arruda45. 
 
Nesta modalidade a responsabilidade sempre se justificará 
na culpa ou no dolo da ação ou omissão que lesou outra pessoa. 
 
Reiteramos, contudo, que o princípio gravitador da 
Responsabilidade Extracontratual no Código Civil é o da Responsabilidade 
Subjetiva, ou seja, responsabilidade com culpa, pois esta também é a regra geral 
traduzida no novo Código, no caput do art. 927. 
 
O artigo 186 do Código Civil elegeu a culpa como o centro 
da Responsabilidade Subjetiva, contudo, malgrado o legislador tenha mencionado 
apenas o elemento culpabilidade, há que se esclarecer que quando se menciona 
o termo culpabilidade na esfera civil, a noção abrange o dolo e a culpa. 
 
45ARRUDA, Augusto F. M. Ferraz. Dano Moral Puro ou Psíquico, p.5. 
 21
De acordo com o Código Civil, dispõe o artigo 186: 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência 
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito46. 
 
Sobre o elemento culpa da Responsabilidade Civil Subjetiva 
lecionou Venosa47 que a culpa, sob os princípios consagrados da negligência, 
imprudência e imperícia contém uma conduta voluntária, mas com resultado 
involuntário, a previsão ou a previsibilidade e a falta de cuidado devido, cautela ou 
atenção. Quando as conseqüências da conduta são imprevistas ou imprevisíveis, 
não há como configurar a culpa. O ato situa-se na esfera do caso fortuito ou força 
maior. A falta de cautela, cuidado e atenção exteriorizam-se, de forma geral, pela 
imprudência, negligência ou imperícia. Esses três decantados aspectos da culpa 
são formas de exteriorização da conduta culposa. 
 
Assim, para restar configurada a Responsabilidade Civil 
Subjetiva, não bastam apenas os três requisitos: Conduta Ilícita comissiva ou 
omissiva, Dano e Nexo de Causalidade, tornam-se, também, indispensável o 
requisito culpabilidade da Conduta. 
 
1.4 EFEITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Os efeitos da Responsabilidade Civil, consistem unicamente 
na reparação, compensação ou indenização do Dano causado à vítima, 
objetivando uma recomposição ao seu status quo ante, ou na sua impossibilidade 
uma indenização a fim de compensar o Dano lesado. 
 
Quando se arbitra a indenização, tanto se pode arbitrar para 
a reposição natural como para a indenização em dinheiro, ficando a critério do juiz 
o modo de sua reparação. 
 
Sobre os efeitos da Responsabilidade Civil explicou Maria 
 
46 BRASIL. Código Civil. p. 139. 
47VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil, p. 23/24. 
 22
Helena Diniz48, que quando se caracterizar a responsabilidade, o agente deverá 
ressarcir o prejuízo experimentado pela vítima. Desse modo, é fácil perceber que 
o primordial efeito da Responsabilidade Civil é a reparação do Dano, que o 
ordenamento jurídico impõe ao agente. Indenizar é ressarcir o Dano causado, 
cobrindo todo o prejuízo experimentado pelo lesado. 
 
Ademais, sempre haverá reparação, quando a Conduta 
Ilícita praticada for em confronto com as regras estabelecidas no ordenamento 
jurídico, a fim de se evitar um desequilíbrio na nossa sociedade, cujo objetivo 
primordial da reparação, é no sentido de se evitar que estas condutas - contrarias 
ao nosso ordenamento jurídico - possam vir a ser praticadas reiteradas vezes 
sem qualquer tipo de restrição. 
 
Para Carlos Alberto Bittar49, os Danos ressarcíveis 
consistem em prejuízos Materiais ou Morais sofridos por certa pessoa, ou pela 
coletividade, em virtude de ações lesivas perpetradas por entes personalizados. 
Ingressam, assim, na categoria jurídica de Danos reparáveis as lesões 
pecuniárias ou Morais experimentadas por alguém, em razão de fato antijurídico 
de outrem, basicamente, da prática de ato ilícito, ou do exercício de atividades 
perigosas, conforme lecionou em sua obra Reparação Civil por Danos Morais. 
 
A Responsabilidade Civil em reparar o Dano causado pode 
ser em decorrência da prática de um Dano Material, abrangendo neste caso as 
perdas e danos, em lucros cessantes ou ainda quando decorrer da prática de um 
Dano Moral. 
 
1.4.1 Danos Materiais 
Também denominado de Dano Patrimonial, o Dano Material, 
é o prejuízo causado aos bens que compõem o acervo da vítima. É o próprio 
prejuízo econômico, ou seja, quando o Dano atinge o patrimônio do ofendido. 
 
O Dano Patrimonial é, assim, Dano Material sobre bens 
 
48DINIZ,Maria Helena. Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil, p.118. 
49BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais, p.31. 
 23
presentes ou futuros. 
 
O Dano Patrimonial pode ser direto e indireto. Será Dano 
Patrimonial direto quando o Dano causa imediatamente um prejuízo à vítima ou 
aos bens da vítima. Entretanto será Dano Patrimonial indireto o Dano que 
eventualmente advém de um Dano Moral, ou o Dano que incide sobre os bens de 
terceiro, em face dos prejuízos pela vítima. 
 
É o prejuízo econômico sofrido pela vítima. Pode ser 
reparado na forma de reposição natural, ou, mediante reparação pecuniária. 
 
A reposição natural, consiste em repor ou restabelecer o 
estado anterior, com os mesmos elementos ou elementos equivalentes, é a 
restituição da integralidade do patrimônio. Em contrapartida, a reparação de 
ordem pecuniária, incorrerá sempre que não for possível a recomposição natural 
do patrimônio, de forma a compensar o Dano sofrido e incide principalmente 
quando ocorre Dano Moral. 
 
Conclui-se que os Danos Patrimoniais referem-se aos 
prejuízos verificados em bens materiais, que resultam na sua reparação, 
mediante a reposição do bem, perdido. Entretanto, na impossibilidade desta 
reparação ou ao retorno ao statu quo ante, deverá ser convertido em indenização 
pecuniária, mediante a aferição do quantum indenizatório dos bens afetados. 
 
O Dano Patrimonial é suscetível de avaliação pecuniária, 
podendo compreender os danos emergentes e os lucros cessantes. 
 
Seguindo o raciocínio acima lecionou Venosa50 sobre a 
reparação do Dano Patrimonial ao mencionar que devem ser computados não 
somente a diminuiçãodo patrimônio da vítima, mas também o possível aumento 
patrimonial que deveria ter havido se o evento não tivesse ocorrido. 
 
Caracteriza-se pela apreciação pecuniária da conseqüência 
 
50VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil, p. 182. 
 24
que produz. O patrimônio aqui elencado, pode ser qualquer bem exterior com 
relação ao sujeito e que seja passível de valorização em dinheiro para satisfazer 
uma necessidade econômica. 
 
 
1.4.2 Perdas e Danos 
As perdas e danos compreendem os lucros cessantes e os 
danos emergentes, que também são passíveis de indenização, e são previstos no 
artigo 402 do Código Civil. 
 
Os lucros cessantes, referem-se nas importâncias que o 
credor deixou de auferir, graças ao Dano perpetrado, correspondendo a tudo 
aquilo que efetivamente se perdeu. 
 
Somente responde pelos lucros cessantes aquele que 
deixou de pagar ou impediu o pagamento em benefício do credor, no tempo, 
modo e local devido. 
 
Também conhecidos como danos negativos, os lucros 
cessantes ou frustrados (lucrum cessans), são as vantagens ou interesses 
econômicos que o credor deixou de auferir por causa do prejuízo sofrido. 
 
Se o dano consiste na pré-exclusão de ganho, por ter ficado 
intacto o patrimônio, ou por haver dano emergente que, indenizado, o faz de valor 
igual ao que ele tinha, há lucrum cessans, mencionou Pontes de Miranda51. 
 
Ainda sobre os lucros cessantes enunciou Roberto Senise 
Lisboa52 que os lucros cessantes acabam por se constituir, desse modo, em um 
reflexo futuro sobre o patrimônio da vítima, uma vez que seus interesses acerca 
da percepção de vantagens posteriores foram frustrados, graças ao Dano 
perpetrado pelo agente. 
 
 
51MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado. Tomo XXII, Campinas: Bookseller, 2003, p. 
242. 
52LISBOA, Roberto Senise. Manual Elementar de Direito Civil, p. 209. 
 25
Há assim uma relação quantitativa entre o que o credor 
deixou efetivamente de ganhar e aquilo que ele definitivamente perdeu, ocorrendo 
o impedimento de elevação do patrimônio. 
 
Bem lembrado é o ensinamento de Rui Stoco53 ao discorrer 
que o critério acertado está em condicionar o lucro cessante a uma probabilidade 
objetiva resultante do desenvolvimento normal dos acontecimentos conjugados às 
circunstâncias peculiares ao caso concreto. 
 
Somente existe o Nexo de Causalidade se, sem o fato, que 
obriga a indenizar, o demandante queria ou poderia ter ganhado de forma lícita. 
 
Em contrapartida temos ainda os danos emergentes, que 
são os prejuízos efetivamente sofridos pela vítima, corresponde a tudo aquilo que 
efetivamente se perdeu. 
 
Embora o Código Civil de 1916 previa apenas sobre o lucros 
cessantes, com a sua reforma, a figura dos danos emergentes passou a ser 
regulado pelo Código de 2002. 
 
Danos emergentes ou positivos (damnum emergens), são os 
prejuízos resultantes da inexecução da obrigação. O Dano consiste em uma 
diminuição do patrimônio no momento do fato que o causou. 
 
Pontes de Miranda54 leciona que se o Dano consiste em se 
ter o patrimônio tornado de menor valor do que seria sem o acontecimento, o 
dano emergiu, há damnum emergens. 
 
Quanto às perdas, no dano emergente, o agente responde 
pelas conseqüências do seu ato, ainda que não as tenha previsto, ou pudesse 
prever. 
 
 
53STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil, p.112. 
54 MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado, p. 241. 
 26
1.4.3 Danos Morais 
O Dano Moral, também conhecido pela doutrina como Dano 
Extrapatrimonial, ocorrerá quando a Conduta Ilícita praticada ocasionar um Dano 
na ordem interna ou valorativa do lesado. 
 
Atingem sempre os valores subjetivos, aqueles 
resguardados pela pessoa de modo a conservar a sua honra sempre íntegra 
perante a sociedade e, quando afetados por uma Conduta Ilícita, podem 
ocasionar inúmeros transtornos ensejando uma reparação civil, cujo objetivo 
consiste em amenizar, compensar a dor sofrida, ou, ainda os sentimentos de 
vergonha, de desprezo entre outros experimentados. 
 
Carlos Alberto Bittar55 classifica os Danos Morais, como 
sendo aqueles que são suportados na esfera dos valores da moralidade pessoal 
ou social, e, como tais, reparáveis, em sua integralidade, no âmbito jurídico. 
 
Dano Moral consiste em lesão ao patrimônio psíquico ou 
ideal da pessoa, sustentou Venosa56. 
 
Merece destacar o entendimento de Rui Stoco57 ao 
mencionar as conseqüências ocasionadas pelo Dano Moral praticado: 
 
E não temos dúvida de que de dano se trata, na medida em que a 
CF elevou à categoria de bens legítimos e que devem ser 
resguardados todos aqueles que são a expressão imaterial do 
sujeito: seu patrimônio subjetivo, como a dor, a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem que, se agredidos, sofrem lesão ou 
dano que exige reparação. 
 
A reparabilidade do Dano Moral é assegurado legalmente, e 
assim como a honra, é um direito inviolável constitucionalmente, sendo que na 
esfera civil, uma vez prejudicado, acarretará em uma reparação de ordem 
pecuniária, e igualmente como acontece com o Dano Material, o objetivo consiste 
 
55 BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais, p. 43. 
56VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil, p. 187. 
57STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil, p. 1666. 
 27
em coibir práticas reiteradas de Condutas Ilícitas e compensar a dor sofrida pelo 
Dano causado. 
 
De acordo com o doutrinador Antônio Jeová dos Santos58, o 
que configura o Dano Moral é aquela alteração no bem estar psicofísico do 
indivíduo, é quando o ato de outra pessoa resultar alteração desfavorável, aquela 
dor profunda, que causa modificação no estado anímico. 
 
Humberto Theodoro Júnior59 vai mais além acerca da 
definição do Dano Moral ao mencionar: 
 
Pode se afirmar que são danos morais os ocorridos na esfera da 
subjetividade, ou no plano valorativo da pessoa na sociedade, 
alcançando os aspectos mais íntimos da personalidade humana (o 
da intimidade e da consideração pessoal), ou o da própria 
valoração da pessoa no meio em que vive e atua (o da reputação 
ou da consideração social). 
 
A noção do Dano Moral encontra-se vinculada ao conceito 
de diminuição extrapatrimonial ou lesão nos sentimentos pessoais, na 
tranqüilidade psíquica, íntima, valores estes que são preservados e merecem ser 
tutelados contra qualquer ofensa que lhes prejudiquem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58SANTOS, Antonio Jeová. Dano Moral Indenizável, p. 26. 
59THEODORO JÚNIOR, Humberto. Dano Moral. 4. ed. atual. amp. São Paulo: Juarez de Oliveira, 
2001, p. 2. 
 28
CAPÍTULO 2 
 
NOÇÕES GERAIS SOBRE O CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA 
DO CONSUMIDOR 
 
 
2.1 BREVE HITÓRICO SOBRE O CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO 
CONSUMIDOR 
 
O processo evolutivo no tratamento da Relação de Consumo 
resultou de uma grande revolução promovida no setor, por obra e 
responsabilidade do pragmatismo, sendo que toda a sistematização desenvolvida 
demonstrava nítida preocupação em disciplinar o confronto entre Fornecedor e o 
Consumidor, partes constituintes necessária de um binômio consumerista. 
 
 A respeito da evolução histórica da Relação de Consumo, 
lecionou Josimar Santos Rosa60 que para muitos, o momento inaugural encontra 
no Presidente Kennedy sua maior expressão, quando do envio de sua mensagem 
ao Congresso em 12 de março de 1962, definindo os direitos dos consumidores 
com os fundamentos seguintes:Os bens e serviços colocados no mercado devem 
ser sadios e seguros para o uso; promovidos e apresentados de maneira que 
permita ao consumidor fazer uma escolha satisfatória; que a voz do consumidor 
seja ouvida no processo de tomada de decisão governamental que determina o 
tipo, a qualidade e o preço de bens e serviços colocados no mercado; tenha o 
consumidor direito de ser informado sobre as condições de bens e serviços e 
ainda o direito a preços justos. 
 
O texto pronunciado pelo presidente americano John 
Fitzgerald Kennedy pretendeu estabelecer os direitos dos Consumidores, visando 
o direito à segurança, o direito à informação, o direito de escolha e o direito de ser 
ouvido e consultado. 
 
 
60ROSA, Josimar Santos. Relações de Consumo: A defesa dos interesses de consumidores e 
fornecedores. São Paulo: Atlas, 1995, p.19. 
 29
Além do texto pronunciado, vários fatores contribuíram para 
o desenvolvimento da regulamentação da Relação de Consumo, dentre as quais, 
a Organização das Nações Unidas – ONU -, em 11 de dezembro de 1969, 
aprovou a resolução nº 2.542, que disciplinava o processo em questão, visando 
assegurar o progresso e o desenvolvimento social. 
 
Para Newton De Lucca61, os Estados Unidos devem ser 
considerados, os vanguardeiros na difusão do movimento ‘consumerista’ em todo 
o mundo. 
 
Posteriormente, em 1973, a Comissão de Direitos Humanos 
da Organização das Nações Unidas, quando da realização de sua 29ª Sessão em 
Genebra, enunciou os direitos fundamentais e universais do Consumidor, que por 
força do reconhecimento estabelecido pela International Organization Consumeirs 
Union (IOCU), elencaram os direitos atribuídos aos Consumidores que hoje se 
encontram previstos no Artigo 6º do nosso Código de Proteção e Defesa do 
Consumidor. 
 
Ademais, a Organização das Nações Unidas, em busca de 
um modelo normativo editou em 16 de abril de 1985, durante a realização de sua 
Assembléia Geral, a Resolução nº 39/248, sob o título de Diretrizes Para a 
Proteção do Consumidor. Este preceito normativo que deu a origem dos direitos 
básicos do Consumidor é composto por objetivos, princípios gerais, diretrizes e 
cooperação internacional. 
 
Acerca da Resolução da ONU, disciplinou Josimar Santos 
Rosa62 que todo o aparato estabelecido pela ONU não tem uma função 
imperativa, mas de interação, buscando assim oferecer aos governos um 
conteúdo programático em condições de suprir os conflitos oriundos das relações 
de consumo. 
 
 
61LUCCA, Newton De. Direito do Consumidor: aspectos práticos: perguntas e respostas. 2ª ed., 
Bauru: Edipro, 2000, p. 26. 
62ROSA, Josimar Santos. Relações de Consumo : A defesa dos interesses de consumidores e 
fornecedores, p.23. 
 30
No Brasil, a Constituição Brasileira de 1988, determinou ao 
Estado promover na forma de lei, a defesa do Consumidor, sendo tal matéria 
regulada no artigo 5º inciso XXXII. 
 
Dispõe o art. 5º, XXXII, da Constituição da Republica 
Federativa do Brasil: 
 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
XXXII – o Estado promoverá na forma da lei, a defesa do 
consumidor63. 
 
Ainda sobre a defesa do Consumidor, dispõe o artigo 170,V, 
da Constituição Federal e artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias: 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios: 
(...) 
V – defesa do consumidor64. 
(...). 
 
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da 
promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do 
consumidor65. 
 
A Lei Federal Nº 8.078/90, que regula o Código Proteção e 
de Defesa do Consumidor, embora tenha sido sancionada em 11 de setembro de 
1990, somente entrou em vigor em março de 1991, cujo objetivo prático visava 
embasar pretensões e propor soluções justas para os conflitos no mercado 
brasileiro, principalmente na relação entre o Consumidor e o Fornecedor. 
 
63BRASIL, Constituição Federal. São Paulo: Editora Manole, 2003, p. 10. 
64BRASIL, Constituição Federal, p. 131. 
65BRASIL, Constituição Federal, p.182. 
 31
 
 
Carlos Alberto Bittar66, sobre o advento posterior da Lei nº 
8.078/90, assinala que o ingresso do Código de Proteção e Defesa do 
Consumidor na realidade jurídica esta ínsito na linha de proteção dos valores 
fundamentais da pessoa humana, em sociedade ao assim afirmar: 
 
Coerência com o espírito que presidiu a Carta de 1988, em que a 
dignidade da pessoa humana e a preservação de seus direitos de 
personalidade são as pilastras básicas, o Código vem suprir 
lacuna existente em nosso direito positivo, acompanhando o 
progresso legislativo processando a matéria, especialmente em 
alguns países da Europa e nos Estados Unidos. 
 
Ada Pellegrini Grinover e Antônio Herman de Vasconcelos e 
Benjamin67 em uma visão geral do Código de Proteção e Defesa do Consumidor 
apontam a necessidade de tutela legal do Consumidor ao informarem que a 
sociedade de consumo, ao contrário do que se imagina, não trouxe apenas 
benefícios para os seus autores. Muito ao revés, em certos casos, a posição de 
Consumidor, dentro desse modelo, piorou em vez de melhorar. Se antes 
Fornecedor e Consumidor encontrava-se em uma situação de relativo equilíbrio 
de poder de barganhar (até porque se conheciam), agora é o Fornecedor 
(fabricante, produtor, construtor, importador ou comerciante) que, inegavelmente, 
assume a posição de força na Relação de Consumo e que, por isso mesmo, dita 
as regras. E o direito não pode ficar alheio a tal fenômeno. 
 
Assim, tendo em vista que o mercado, por sua vez, não 
apresenta mecanismos eficientes para superar a vulnerabilidade do Consumidor e 
nem mesmo para diminuí-la, torna-se então imprescindível à intervenção do 
Estado nas suas três esferas, o Legislativo, formulando as normas jurídicas de 
consumo, o Executivo, implementando-as, e o Judiciário, resolvendo os conflitos 
 
66BITTAR, Carlos Alberto. Direitos do Consumidor – Código de Defesa do Consumidor. Rio de 
Janeiro: Forense Universitária, 1991,p.22. 
67GRINOVER, Ada Pellegrini, BENJAMIN, Antônio Herman Vasconcelos, FINK Daniel Roberto, 
FILOMENO, José Geraldo Brito, WATANABE, Kazuo, NERY JÚNIOR, Nelson, DENARI, Zelmo. 
Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos Autores do Anteprojeto. 7. ed., Rio 
de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 6. 
 
 32
decorrentes de futuras relações. 
 
Devido às desigualdades na Relação de Consumo criadas 
pela Revolução Industrial no século XVIII, o Código de Proteção e Defesa do 
Consumidor veio com toda força regular esta desigualdade. 
 
Assim sendo, a proteção ao Consumidor surgiu então do 
extraordinário desenvolvimento do comércio, sendo por isso considerado, antes 
de tudo, uma questão social, que interessa não só a economia mas também a 
administração e ao direito. 
 
2.2 CONCEITO E OBJETIVOS DO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO 
CONSUMIDOR E A RELAÇÃO DE CONSUMO 
 
 Como o próprio nome menciona, o Código de Proteção e 
Defesa do Consumidor, visa primordialmente à proteção do Consumidor, 
considerado a parte mais fraca na Relação de Consumo, além disso, o Código de 
Proteção e Defesa do Consumidor é considerado uma das leis brasileirasmais 
recentes do nosso sistema de direito civil e processual civil. 
 
Acerca do objetivo primordial do Código de Proteção e 
Defesa do Consumidor lecionou Rogério Medeiros Garcia de Lima68 em sua obra 
Aplicação do Código de Defesa do Consumidor que a mencionada legislação é 
caracterizada como o código da equidade, onde são tratados desigualmente os 
desiguais, na medida em que se desigualam. 
 
Cláudio Donatto e Paulo Valério Dal Pai Moraes69, no 
tocante ao conceito da relação jurídica mencionam que a palavra relação denota 
uma certa reciprocidade de ações entre as pessoas, naturais ou não, objetivando 
uma vinculação entre as partes. Contém, igualmente, a idéia de convivência entre 
 
68LIMA, Rogério Medeiros Garcia de. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2003, p. 22. 
69BONATTO, Cláudio e MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Questões Controvertidas no Código de 
Defesa do Consumidor: Principologia, Conceitos, Contratos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 
1998, p.59. 
 33
pessoas, sendo em qualquer sentido, fundamental a noção de ação praticada por 
cada um dos pólos de contato. 
 
Ainda a respeito da Relação de Consumo ensina Marcelo 
Kokke Gomes70: 
 
A Relação de consumo é aquela em que uma das partes adquire 
produtos ou serviços tendo em vista sua utilização final enquanto 
a outra parte fornece tais bens em caráter de habitualidade e 
profissionalismo. A parte que adquire os bens é chamada de 
consumidor, enquanto a parte que fornece os bens é denominada 
genericamente de fornecedor. 
 
A Relação Jurídica de Consumo, pode então assim ser 
definida como um vínculo estabelecido entre o Consumidor, destinatário final, e 
um Fornecedor, decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um 
acidente de consumo, que incide sobre uma norma jurídica específica, visando 
harmonizar as interações desiguais da sociedade moderna. Tais objetivos 
encontram-se previstos no artigo 4º do Código de Proteção e Defesa do 
Consumidor. 
 
Referindo-se ao artigo 4º do Código de Proteção e Defesa 
do Consumidor, mencionaram Cláudio Bonatto e Paulo Valério Dal Pai Morais71 
que este artigo é considerado uma norma-objetiva, porque define os fins da 
política nacional das relações de consumo, posto que define os resultados a 
serem alcançados. Todas as normas de conduta e todas as normas de 
organização, que são as demais normas que compõem o Código do Consumidor, 
instrumentam a realização dos objetivos, com base nos princípios enunciados no 
próprio artigo 4º. 
 
Através desses princípios, o Código de Proteção e Defesa 
do Consumidor, busca assegurar um equilíbrio entre as partes, Consumidores e 
Fornecedores, contudo, agindo sempre como um amparo legal para o primeiro, 
 
70GOMES, Marcelo Kokke. Responsabilidade Civil: Dano e Defesa do Consumidor. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2001, p.87. 
71BONATTO, Cláudio e MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Questões Controvertidas no Código de 
Defesa do Consumidor: Principologia, Conceitos, Contratos, p.62. 
 34
uma vez que sempre será considerada a parte mais frágil na Relação de 
Consumo. 
 
Não se trata, contudo, de uma elevação ao Consumidor e 
um desprezo ao Fornecedor, por isso, seu objetivo primordial é conciliar os 
interesses do Consumidor, compensando a desigualdade fática com uma 
proteção jurídica eficiente, e conseqüentemente equilibrando a Relação de 
Consumo possibilitando que ela transcorra em harmonia, para que ambas as 
partes sejam beneficiadas. 
 
2.3 SUJEITOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO 
 
Os sujeitos que fazem parte na Relação de Consumo são o 
Consumidor e o Fornecedor, abrangendo este último, a figura do fabricante, do 
produtor, do construtor, do importador e do comerciante. 
 
2.3.1 Consumidor 
A figura do Consumidor ganhou importância nas últimas 
décadas, quando foi reconhecido como centro da relação econômica. Tal fato se 
deve especialmente ao aumento da concorrência entre empresas do mercado e a 
institucionalização do Estado Democrático de Direito, tendo este elevado a 
exigências de respeito à pessoa humana, ao passo que aquela condicionou o 
sucesso de cada empresa perante as concorrentes à satisfação dos 
Consumidores de seus produtos. 
 
O conceito de Consumidor encontra-se previsto no artigo 2º 
do Código de Proteção e Defesa do Consumidor: 
 
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de 
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas 
relações de consumo72. 
 
 
72BRASIL, Código de Proteção e Defesa do Consumidor. 12. ed. São Paulo:Saraiva, 2000, p. 1. 
 35
Embora o artigo 2º traga o conceito geral de Consumidor, 
contudo, não podemos limitar somente a este enunciado, haja vista que o Código 
em outros artigos procurou ampliar tal conceito, conforme se verifica nos artigos 
17 e 29, que assim dispõem: 
 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos 
consumidores todas as vítimas do evento73. 
 
(...) 
 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se 
aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, 
expostas às práticas nele prevista74. 
 
A grande discussão pela doutrina, entretanto, refere-se na 
possibilidade da pessoa jurídica ser considerada como Consumidor, inclusive 
quando agem como profissionais na Relação de Consumo. Embora o artigo 2º 
seja taxativo no sentido de abranger não só a pessoa física mas também a 
pessoa jurídica como Consumidor, encontramos grandes controvérsias sobre este 
assunto na doutrina. 
 
Convém primeiramente esclarecer que existem duas 
correntes doutrinárias que divergem especificadamente na conceituação de 
Consumidor e conseqüentemente, na definição do campo de abrangência do 
Código de Proteção e Defesa do Consumidor. 
 
A primeira delas citada por Cláudio Bonatto e Paulo Valério 
Dal Pai Moraes75, é a corrente denominada de finalista, devendo para esta 
corrente ser feita uma interpretação restrita do artigo 2º do Código de Proteção e 
Defesa do Consumidor, estabelecendo que o Consumidor será somente aquele 
que, de fato e sob o ponto de vista econômico, retira do mercado de consumo 
determinado bem ou serviço. A segunda corrente, é a denominada maximalistas, 
que pretendem ampliar a adoção das regras protetivas para todos os agentes do 
 
73BRASIL, Código de Proteção e Defesa do Consumidor, p. 7. 
74BRASIL, Código de Proteção e Defesa do Consumidor, p.11. 
75BONATTO, Cláudio e MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Questões Controvertidas no Código de 
Defesa do Consumidor: Principologia, Conceitos, Contratos, p. 72. 
 36
mercado de consumo, bastando, para tanto, que o bem ou serviço seja retirado 
de fato do mercado, Tal ampliação, portanto, pretenderia incluir na proteção do 
código pessoas jurídicas, inclusive quando agem como profissionais. 
 
Eis o posicionamento de Cláudio Bonatto e Paulo Valério Dal 
Pai Moraes76, ao afastar a possibilidade da pessoa jurídica em ser considerada 
Consumidor: 
 
Dessarte, entendemos que o Código de Defesa do Consumidor 
deve ser utilizado por aqueles que nele tenham a última guarida, 
pois os demais podem buscar amparo nos diplomas legais 
vigentes, que não foram revogados pelo CDC. Desta conclusão, 
depreende-se que a relação entre profissionais continua a ser 
regulada pelo Código Comercial, sendo que a entre não-
profissional, pelo Código Civil. 
 
Entendem estes autores, que o perigo da ampliação 
precipitada da abrangência

Outros materiais