Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Erica Candido Costa Mano RA 073026 Grupo 10 Karen Cristina dos Santos RA 073295 Nathassia Dresselt de Abreu RA 073225 TEMA 3: Soluções de polímeros Responsáveis: Prof. Juliana da Silva Bernardes PED Lucimara e Rose Experimento realizado dia 22 de Março de 2012 Experimento 3: Reologia de Sistemas Poliméricos 1. Introdução Medidas de viscosidade podem ser realizadas de diversas formas, como já visto. Para soluções diluídas os viscosímetros são aparelhos precisos e de fácil manuseio. Já para sistemas bastante viscosos seria impossível realizar medidas como nos laboratórios anteriores, já que os tempos de escoamento seriam muito grandes, por esse motivo, no presente relatório serão apresentados o reômetro e a teoria para a determinação dos parâmetros desejados. De uma forma mais descritiva reologia “é o estudo do comportamento deformacional e do fluxo de matéria submetido a tensões, sob determinadas condições termodinâmicas ao longo de um intervalo de tempo. Inclui propriedades como: elasticidade, viscosidade e plasticidade.” [1] No reômetro o fluido será contido entre duas placas, de área (A) e separadas por uma distancia (y), onde uma força (F) será aplicada na parte superior, o que movimentará a placa em uma velocidade (u) constante em relação a placa inferior, que está fixa (Figura 1). [1,2] Figura 1. Fluido sofrendo cisalhamento.[1,2] A força de cisalhamento gerada, da origem a um gradiente de velocidade (d u /dy) entre as placas. Segundo a Lei de Newton de Viscosidade a relação entre a tensão de cisalhamento (F/A) e o gradiente local de velocidade tem uma relação linear e a constante de proporcionalidade dessa fórmula é a viscosidade do fluido (Equação 1). tyx= h (du/dy) (1) onde tyx é a tensão de cisalhamento na direção x, g/cm.s2 e u é a viscosidade cP= 10-2 g/cm.s. Os materiais podem ser classificado em: elásticos (aqueles que, quando submetidos a uma força externa, retornam a sua forma original) e viscosos (modificam sua geometria irreversívelmente). Os materiais “intermediários”, como é o caso dos materiais medidos neste experimento, são do tipo viscoelástico, que apresentam caráter elástico e viscoso (a deformação elástica ocorre por conta da interação intramolecular da cadeia polimérica, e o comportamento plástico devido ao atrito das mesmas). (Equação 2) tij + t0 (∂ ui / ∂ xj) = m [(∂ui / ∂xj) + (∂uj / ∂xi)] (2) onde to = m/G tempo característico do fluido e G é o modulo de rigidez de cisalhamento do fluido. O parâmetro “G* é uma medida da resistência do material viscoelástico contra a distorção cisalhante e seu valor é igual à inclinação da curva da tensão de cisalhamento vs. a taxa de deformação na região elástica e é dado em N/m2 ou lbf/in2.” Esse termo ainda é formado por outros dois termos G’ e G’’, o primeiro referente ao termo elástico e o segundo ao termos da viscosidade, de acordo com a Equação 3.[2] G* = G’ + G” (3) Os materiais que seguem uma tendência linear de tensão de cisalhamento por taxa de deformação são chamados de fluidos newtonianos. Para os fluidos não newtonianos (pseudoplásticos e dilatantes) essa relação não é linear, conforme a Lei de Hooke (Equação 4). s = E.e (4) onde E é o módulo de elasticidade ou módulo de Young, “e” é a deformação, “s” é a tensão aplicada. A Figura 2 representa o comportamento de fluidos newtonianos, pseudoplásticos e dilatantes. Figura 2. Tensão de cisalhamento vs taxa de deformação para fluido pseudoplástico, newtoniano e dilatante. Os pseudoplasticos quando estão em repouso, encontram-se num estado desordenado, porém, quando submetidos a uma tensão de cisalhamento, eles imediatamente se orientam na direção da força aplicada. Quanto maior a força, menor a viscosidade aparente desse material. [1,2] Já para os dilatantes o efeito é exatamente o contrário, a viscosidade aparente aumenta com o aumento da tensão de cisalhamento. Nesse caso as partículas se dilatam e não conseguem preencher os espaços da “rede” e acontece um contato direto entre as partículas. [1,2] Neste experimento estudaram-se o comportamento reológico de líquidos newtonianos e não-newtonianos. Foram obtidos dados para a construção de curvas de fluxo dos sistemas água pura, glicerina, solução de PVA 8% e ketchup; e dados de módulo de armazenamento e de perda em função da freqüência para os sietmas solução de PVA 8%, PVA 8% com borato e ketchup. 2. Objetivos Introduzir conceitos de reologia, realizando medidas reológicas em, Reômetro Haake RS1, de amostras de água pura, glicerina, solução de PVA 8% e ketchup, procedendo um estudo do comportamento reológico de fluidos newtonianos e não newtonianos. O conceito de viscoelasticidade pôde ser assimilado visto que foram construídos gráficos de componente elástica (G’) e componente viscosa (G”) para sistemas de PVA 8%, PVA 8% com borato e ketchup. Então este último pôde ser classificado como fluido pseudoplástico, e foi possível fazer uma previsão de seu comportamento, baseado em sua curva de fluxo. 3. Procedimento experimental O procedimento foi realizado pelos PED’s da disciplina. 4. Resultados e discussão Com os dados coletados após experimento no reômetro foram plotados os gráficos da Figura 3, referentes à água (A), glicerina (B), PVA (C) e ketchup (D), para que então fosse possível avaliar se os sistemas são newtonianos ou não newtonianos. (a) Figura 3. Curvas de fluxo para (a) água, (b) glicerina, (c) ketchup, (d) PVA em um gráfico de cisalhamento por vicosidade e tensão. Como se pode notar através dos gráficos, com exceção o do ketchup, os materiais utilizados são fluidos Newtonianos, pois apresentam um caráter linear no gráfico de tensão por taxa de cisalhamento. Apesar da característica retilinea da curva para o PVA, a sua viscosidade não se apresenta constante, ela depende da taxa de cisalhamento aplicada. O que deveria ser visualizado era uma tendencia de material dilatante nesse caso, o que não ocorreu, evidenciando a incoerencia no gráfico. Conforme também já demonstrado a curva (c) representa um fluido não newtoniano que tem caráter de pseudoplástico, pois os novelos de seus polímeros tendem a se posicionarem no sentido do fluxo, diminuindo o choque com o fluxo laminar e, conseqüentemente, diminuindo a viscosidade da solução. Através da figura, portanto, é possível observar a diminuição da viscosidade do Ketchup com o aumento da taxa de cisalhamento, conforme comportamento esperado. Para o caso do PVA não foi possível observar a taxa de cisalhamento em que sua viscosidade aumentaria. Pode-se inferir, também, que a glicerina é mais viscosa que a água apresentando viscosidade de 207,5 mPa s, enquanto que a da água vale 1,07 mPa s. Isso ocorre pois, apesar de ambos os sistemas apresentarem ligações de hidrogênio, na glicerina as macromoléculas que formam o polímero se entrelaçam dificultando mais o fluxo do fluido do que no caso da água. No entendo há uma grande diferença entre os valores da literatura para a viscosidade da glicerina (934 mPa.s²), que provavelmente decorre da impureza da solução utilizada, que possivelmente continha água. Para estudar fluidos não newtonianos e caracteriza-los como viscoelástico tendo em vista as contribuições elástica e viscosa, emprega-se o parâmetro módulo complexo (G*) (Equação 3). Dessa forma foram obtidos dados pelo método oscilatório do reômetro, e as curvas de módulo de armazenamento G’ (componente elástica) e de perda G” (componente viscosa) estão representadas na Figura 4. Figura 4 - Gráfico de módulo de Armazenamento (G’ ) e de perda (G’’ ) por Frequência de Oscilaçao para (a) água (b) Ketchup e (c) PVA 8% com borato. Para analisar os gráficos da Figura 4, deve-se primeiramente entender o que é viscoeleasticidade. Trata-se de umtermo referente a sistemas poliméricos que tem comportamento de líquidos viscosos (fluidos) e sólidos elásticos ao mesmo tempo. Apresenta deformação elástica, por conta da interação intramolecular da cadeia polimérica, e comportamento plástico devido ao atrito das mesmas. Tal comportamento pode ser melhor compreendido com o Modelo de Maxwell. O modelo proposto por Maxwell, que considera o comportamento viscoelástico do sistema polimérico, é representado por uma associação em série de uma mola e um amortecedor (Figura 5). Figura 5. Modelo de Maxwell: associação em série de uma mola e um amortecedor.Vale ressaltar que cada porção da curva corresponde a um comportamento distinto: Deformação elástica (mola); Deformação plástica, dependente do tempo (amortecedor); Recuperação elástica (mola); Deformação plástica irrecuperável (amortecedor) Dessa forma, pode-se inferir que no caso de PVA 8% em água a componente viscosa é predominante, para a curva de PVA 8% com borato e o Ketchup a componente elástica predomina. Vale ressaltar que após a adição de borato ao PVA 8% ocorreu a reticulação das macromoléculas e, portanto, houve a formação de gel, como mostrado na Figura 6. Figura 6: Reticulação do PVA com borato Esse fenômeno é visualizado em um menor tempo de observação, ou seja, maior Hertz, pois ao se aumentar o tempo as cadeias se rearrajam e conseguem fluir, apresentando carcterísticas de composto viscoso. Para uma aplicação mais cotidiana utilizou-se da Equação 5. Atravpes dela é possível calcular a tensão e prever o comportamento do material pseudoplático, Ketchup. t = rgHD/4L (5) onde t é a tensão da força peso, r é a densidade equivalente a 1g/cm3 , g é a gravidade que vale 980 cm/s2. Com as identificações dadas no roteiro do experimento, foi possível calcular a tensão em duas situações diferentes, como indicado na Tabela 1. Tabela 1. Valores das dimensões hipotéticas fornecidas pelo roteiro de experimentos e valor da tensão calculada. L / cm H / cm D / cm tcalc / Pa 6 4 1 16,33 6 4 3 48,99 De acordo com o gráfico da curva de fluxo do ketchup, Figura 3 C, o valor experimental da tensão mínima para que este fluido escorra é de 78,43 Pa, assim para as duas situações descritas acima o ketchup não escorre. De maneira análoga foi calculado o valor de D para que o fluído escoasse, de acordo com o valor de tensão mínima de escoamento encontrada experimentalmente, assim D deveria ser 4,84 cm. 5. Conclusão Através das medidas de cisalhamento concluiu-se que os compostos analisados se comportavam como fluídos newtonianos, com exceção do ketchup, ou seja, a variação da taxa de cisalhamento ocorre de maneira linear com a tensão aplicada. Pode-se inferir que a glicerina é mais viscosa que a água, sendo as viscosidades iguais à 207,5 mPas e 1,07 mPas, respectivamente. Para o ketchup encontrou-se um caráter não-newtoniano, o que ocorre pois os novelos poliméricos tendem a se posicionarem no sentido do fluxo, diminuindo o choque com o fluxo laminar, o que resulta numa redução da viscosidade da solução. Nesses fluidos temos duas contribuições, a elástica (G’) e a viscosa (G’’), sendo que ambas estão presentes. No PVA 8% em água a componente viscosa se mostrou predominante em toda frequência analisada, como esperado. Já para o PVA com borato 8% em água deve-se considerar o efeito do borato nas cadeias de poli(álcool vinílico), o que leva a uma reticulação das macromoléculas, fazendo com que haja uma componente elástica nessa solução. Essa contribuição elástica ocorre em altas frequências, ou seja, em menores tempos de observação pois as cadeias não tem tempo para se reorganizarem e fluírem (ou apresentarem comportamento viscoso). Para o comportamento viscoplástico do ketchup pode-se, ainda, determinar seu comportamento numa embalagem hipotética. Tendo uma viscosidade de 78,43 Pa determinada experimentalmente pode-se inferir que o ketchup não iria fluir pela embalagem sem a utilização de uma tensão externa com os parâmetros fornecidos, apenas apresentando comportamento viscoso para um mínimo D = 4,84 cm. 6. Bibliografia [1]. http://www.enq.ufsc.br/disci/eqa5415/ REOLOGIA%20DE%20FLUIDOS%20-%20apostila.pdf acessado em 22 de março de 2012 as 9:58. [2] Mano, E. B., Mendes L. C., INTRODUÇÃO A POLÍMEROS, 2ª Ed, pg. 62, Editora Blücher, São Paulo-SP. [3]http://emc5744.barra.prof.ufsc.br/Reologia%20parte%201.pdf, acessado em 22 de março de 2012 [4]Canevarolo Jr., S. V..; Ciência dos Polímeros: um texto básico para tecnólogos e engenheiros; São Paulo, Artliber Editora, 2° edição, 2006;
Compartilhar