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Av. Antonio Francisco Cortes, nº 2.501, St. Cidade Universitária – Barra do Garças/MT – CEP 78.600-000 
Fone/Fax (66) 3402- 3200 - e-mail: diretoria@barra.cathedral.edu.br 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL – PARTE GERAL 
ROTEIRO I 
 INTRODUÇÃO 
 
■ CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
- Quando o Estado, por intermédio do Poder Legislativo, elabora as 
leis penais, cominando sanções àqueles que vierem a praticar a conduta 
delituosa, surge para ele o direito de punir os infratores num plano 
abstrato e, para o particular, o dever de se abster de praticar a infração 
penal. 
- A partir do momento em que alguém pratica a conduta delituosa 
prevista no tipo penal, este direito de punir desce do plano abstrato e se 
transforma no ius puniendi in concreto. 
- É exatamente daí que sobressai a importância do processo penal, 
pois este funciona como o instrumento do qual se vale o Estado para a 
imposição de sanção penal ao possível autor do fato delituoso. 
- O Estado tem o poder de ditar as regras de convivência e, para 
isso, pode aprovar normas que tenham por finalidade manter a paz e 
garantir a proteção aos bens jurídicos considerados relevantes. 
 - Porém, o Estado, não pode impor imediata e arbitrariamente uma 
pena, sem conferir ao acusado as devidas oportunidades de defesa. 
- É necessário que os órgãos estatais incumbidos da persecução 
penal obtenham provas da prática do crime e de sua autoria e que as 
demonstrem perante o Poder Judiciário, que, só ao final, poderá declarar 
o réu culpado e condená-lo a determinada espécie de pena. 
- Existe, portanto, o que se chama de conflito de interesses. De 
um lado, o Estado pretendendo punir o agente e, de outro, a pessoa 
apontada como infratora exercendo seu direito de defesa 
constitucionalmente garantido, a fim de garantir sua liberdade. 
- O conjunto de princípios e normas que disciplinam a persecução 
penal para a solução das lides penais constitui um ramo do direito 
público denominado Direito Processual Penal. 
- O estatuto processual infraconstitucional que contém o maior 
número de regras disciplinadoras deste ramo do direito é o Decreto -lei 
n. 3.689/41, conhecido como Código de Processo Penal. 
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■ LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 
- O processo penal, em todo o território nacional, rege-se pelo 
Código de Processo Penal. Tal regra encontra-se em seu art. 1º, caput. 
■ Exceções à incidência do Código de Processo previstas em 
seu art. 1º 
- Nos cinco incisos do próprio art. 1º do Código foram elencadas 
hipóteses em que este não terá aplicação, ainda que o fato tenha ocorrido 
no território nacional. 
 Tais exceções referem-se: 
I — os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
Os tratados, convenções e regras de direito internacional, firmados 
pelo Brasil, mediante aprovação por decreto legislativo e promulgação por 
decreto presidencial, afastam a jurisdição brasileira, ainda que o fato 
tenha ocorrido no território nacional. 
O infrator será julgado em seu país de origem. 
Ex: delito praticado por agentes diplomáticos 
■ Tribunal Penal Internacional 
O art. 5º, § 4º, da Constituição Federal, inserido pela Emenda 
Constitucional n. 45/2004, prevê que “o Brasil se submete à jurisdição 
de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado 
adesão”. 
O Tribunal Penal, com sede em Haia, é órgão permanente com 
competência para o processo e o julgamento dos crimes mais graves, que 
afetem a comunidade internacional no seu conjunto. 
II — às prerrogativas constitucionais do Presidente da República, 
dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da 
República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de 
responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); 
Esse dispositivo refere-se aos crimes de natureza político-
administrativa e não aos delitos comuns. O julgamento dessas infrações 
não é feito pelo Poder Judiciário, e sim pelo Legislativo, e as 
consequências são a perda do cargo, a cassação do mandato, a 
suspensão dos direitos políticos etc. 
III — aos processos da competência da Justiça Militar; 
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Os processos de competência da Justiça Militar, isto é, os crimes 
militares, seguem os ditames do Código de Processo Penal Militar 
(Decreto -lei n. 1.002/69), e não da legislação processual comum. 
IV — aos processos da competência do tribunal especial 
(Constituição, art. 122, n. 17); revogação tácita. 
V — aos processos por crimes de imprensa. 
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 130- 7/DF), declarou 
que referida lei não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. 
■ LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
- O art. 2º do Código de Processo Penal adotou o princípio da 
imediata aplicação da lei processual penal: 
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo, 
da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
- Sendo assim, os novos dispositivos processuais podem ser 
aplicados a crimes praticados antes de sua entrada em vigor. 
- O que se leva em conta, portanto, é a data da realização do ato 
(tempus regit actum), e não a da infração penal. 
Obs: Na aplicação do princípio da imediata aplicação da lei 
processual não importa se a nova lei é favorável ou prejudicial à defesa. 
Obs: O art. 5º, XL, da Constituição Federal estabelece 
exclusivamente que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o 
acusado, dispositivo que, portanto, não se estende às normas de caráter 
processual. 
Ex – Direito Penal: Se uma nova lei, após a prática do delito, agrava 
a sua pena, não poderá atingir aquele fato anterior, ao passo que, se o 
novo dispositivo atenua a reprimenda, retroagirá para beneficiar o 
infrator. 
Ex: - Direito Processual Penal: Se uma nova lei passa a prever que 
o prazo para recorrer de certa decisão é de 5 dias, quando antes era de 
10, aquele será o prazo que ambas as partes terão para a sua interposição 
— caso a decisão seja proferida já na vigência do novo regime. 
- Para se estabelecer quando uma norma tem conteúdo penal ou 
processual podem ser utilizados os seguintes critérios: 
a) aquela que cria, extingue, aumenta ou reduz a pretensão 
punitiva ou executória do Estado tem natureza penal. Exs.: lei que 
cria ou revoga causa extintiva da punibilidade; que aumenta ou reduz a 
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pena; que altera o prazo prescricional ou decadencial (aumentando-o ou 
diminuindo-o); que cria ou revoga causa interruptiva ou suspensiva da 
prescrição etc. 
b) aquela que gera efeitos exclusivamente no andamento do 
processo, sem causar alterações na pretensão punitiva estatal, tem 
conteúdo meramente processual. Exs.: a que cria novas formas de 
citação; que trata dos prazos procedimentais ou recursais; que estabelece 
o número máximo de testemunhas; que dispõe sobre a forma e o 
momento da oitiva das testemunhas ou do interrogatório do acusado em 
juízo etc.■ Validade dos atos anteriormente praticados 
- O próprio art. 2º do Código de Processo Penal, em sua parte final, 
ressalta que os atos praticados de forma diversa na vigência da lei 
anterior consideram-se válidos, ou seja, não necessitam ser repetidos de 
acordo com os novos ditames. 
■ SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
- Existem três espécies de sistemas processuais penais: a) o 
inquisitivo; b) o acusatório; c) o misto. 
■ Sistema inquisitivo 
- Nesse sistema, cabe a um só órgão acusar e julgar. O juiz dá início 
à ação penal e, ao final, ele mesmo profere a sentença. 
Crítica - não garante a imparcialidade do julgador. 
- Antes do advento da Constituição Federal de 1988 era admitido 
em nossa legislação em relação à apuração de todas as contravenções 
penais e dos crimes de homicídio e lesões corporais culposos. 
- Em regra, o processo não é público, sendo caráter sigiloso 
atribuído pelo juiz por meio de ato discricionário seu e à margem de 
fundamentação adequada. 
- Não se fala em paridade de armas, sendo nítida a posição de 
desigualdade entre as partes. 
■ Sistema acusatório 
- Existe separação entre os órgãos incumbidos de realizar a 
acusação e o julgamento, o que garante a imparcialidade do julgador e, 
assegura a plenitude de defesa e o tratamento igualitário das partes. 
- Nesse sistema, a iniciativa é do órgão acusador, o defensor tem 
sempre o direito de se manifestar por último. 
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- A produção das provas é incumbência das partes. 
■ Sistema misto 
- Nesse sistema há uma fase investigatória e persecutória 
preliminar conduzida por um juiz (não se confunde com o inquérito 
policial, de natureza administrativa, presidido por autoridade policial), 
seguida de uma fase acusatória em que são assegurados todos os direitos 
do acusado e a independência entre acusação, defesa e juiz. 
- Ao mesmo tempo em que há a observância de garantias 
constitucionais, como a presunção de inocência, a ampla defesa e o 
contraditório, mantém ele alguns resquícios do sistema inquisitivo, a 
exemplo da faculdade que assiste ao juiz quanto à produção probatória 
ex officio e das restrições à publicidade do processo que podem ser 
impostas em determinadas hipóteses. 
- Atualmente é adotado em diversos países europeus e sua 
característica marcante é a existência do Juizado de Instrução, fase 
preliminar instrutória presidida por juiz. 
■ Sistema adotado no Brasil 
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas 
a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da 
atuação probatória do órgão de acusação. 
Com o advento da Lei nº 13.964/2019 foi adotado de forma 
expressa o sistema processual penal acusatório, existindo clara 
separação entre a função acusatória — do Ministério Público nos crimes 
de ação pública — e a julgadora. 
- Porém, não se trata do sistema acusatório puro - admitem -se 
exceções em que o próprio juiz pode determinar, de ofício produção 
de provas na forma suplementar e pontual, durante a instrução, 
vedada a iniciativa na fase investigatória, segundo o STF. 
Vejamos o art. 156 do CPP: “a prova da alegação incumbirá a 
quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz, de ofício: 
I — ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção 
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando-se 
a necessidade, adequação e proporcionalidade; 
II — determinar, no curso da instrução, a realização de diligências 
para dirimir dúvida sobre ponto relevante”. 
- O art. 404 prevê que o juiz, ao término da instrução, pode 
determinar, de ofício, a realização de novas diligências consideradas 
imprescindíveis. 
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- O juiz pode, ainda, determinar a oitiva de testemunhas não 
arroladas pelas partes — as chamadas testemunhas do juízo. 
- A maior evidência de que a legislação processual não adotou o 
sistema acusatório puro encontra-se nos arts. 385 do CPP, que permite 
ao juiz condenar o réu nos crimes de ação pública ainda que o Ministério 
Público tenha se manifestado pela absolvição. 
- Podemos também apontar, a possibilidade assegurada ao juiz 
criminal de destituir o defensor constituído pelo réu caso entenda que a 
defesa por ele apresentada é precária (réu indefeso). 
Princípios Constitucionais e Processuais Penais 
■ Princípio do juiz natural 
Art. 5º, LIII, da CF — Ninguém será processado nem sentenciado 
senão pela autoridade competente. 
- A Constituição determina a existência de regramento prévio em 
relação à divisão de competência entre os juízes, sendo assim, com o 
cometimento de uma infração penal, é imediatamente possível saber a 
qual juízo incumbirá o julgamento. 
- Caso haja mais de um juiz igualmente competente, deverá ser 
realizada a distribuição, com sorteio aleatório dos autos a um deles. 
- O julgamento feito por juízo absolutamente incompetente gera a 
nulidade da ação (art. 564, I, do CPP). 
Obs: O art. 5º, XXXVII, da Constituição veda ainda juízos ou 
tribunais de exceção, ou seja, formados temporariamente para julgar 
caso ou casos específicos após o delito ter sido praticado. 
Exemplos em que se considera violado o princípio do juiz 
natural: 
- Processo e julgamento pela Justiça Comum de crime sujeito à 
competência da Justiça Militar. 
- Processo e julgamento, por juiz de direito, de quem detenha foro 
privilegiado nos tribunais. 
■ Princípio do promotor natural 
Art. 5º, LIII, da CF — Ninguém será processado nem sentenciado 
senão pela autoridade competente. 
- Praticada a infração penal, é necessário que já se saiba qual órgão 
do Ministério Público será o responsável pela acusação. 
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- É vedada, portanto, a designação aleatória de promotor para 
atuar em caso específico. 
 
■ Princípio do devido processo legal 
Art. 5º, LIV, da CF — Ninguém será privado da liberdade ou de seus 
bens sem o devido processo legal. 
- Para toda espécie de crime deve existir lei regulamentando o 
procedimento para a sua apuração. 
- Esse procedimento descrito em lei, por se tratar de matéria de 
ordem pública, não pode ser modificado pelas partes, que também não 
podem optar por procedimento diverso daquele previsto. 
- A finalidade do dispositivo constitucional é estabelecer que o 
descumprimento das formalidades legais pode levar à nulidade da ação 
penal - cabe aos tribunais definir se esse descumprimento constitui 
nulidade absoluta ou relativa. 
Exemplos de nulidade absoluta: vícios na citação do réu; inversão 
na ordem dos atos processuais (ex.: réu ouvido antes das testemunhas); 
adoção, por engano, de rito diverso daquele estabelecido em lei; não 
observância da fase da resposta escrita para a defesa no rito ordinário ou 
sumário; interrogatório do réu sem a presença de defensor; processo 
conduzido por juiz suspeito etc. 
■ Princípio da vedação da prova ilícita 
Art. 5º, LVI — São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas 
por meios ilícitos. 
- O art. 157 do Código de Processo Penal prevê que: “as provas 
ilícitas devem ser desentranhadas, assim entendidas aquelas obtidas 
com violação a preceitos constitucionais ou legais,bem como 
aquelas que lhe são derivadas”. 
Ex: Interceptação telefônica sem ordem judicial. 
Observação: Tem-se admitido, excepcionalmente, o uso de prova 
de origem ilícita quando esta for a única capaz de gerar a absolvição do 
réu. 
■ Princípio da presunção de inocência 
Art. 5º, LVII, da CF — Ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
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- Apenas quando não forem cabíveis mais recursos contra a 
sentença condenatória é que o réu poderá ser considerado culpado. 
Obs: STF deliberou no sentido de que a execução provisória da 
pena após confirmação da sentença condenatória em Segundo Grau 
ofende o princípio constitucional da presunção de inocência. 
- Na dosimetria da pena podem ser considerados registros 
criminais pertinentes a processos a que responde o acusado sem 
trânsito em julgado de decisão condenatória? A jurisprudência dos 
Tribunais Superiores é amplamente majoritária no sentido de que tais 
referências não podem ser valoradas contra o acusado, em homenagem 
ao princípio da presunção de inocência - Súmula 444 do STJ. 
■ Princípios do contraditório e da ampla defesa 
Art. 5º, LV, da CF — Aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório 
e ampla defesa, com os recursos a ela inerentes. 
- Em decorrência do princípio do contraditório as partes devem 
ser ouvidas e ter oportunidades de manifestação em igualdade de 
condições, tendo ciência bilateral dos atos realizados e dos que irão se 
realizar, bem como oportunidade para produzir prova em sentido 
contrário àquelas juntadas aos autos. 
No Código de Processo Penal podemos encontrar diversos 
dispositivos que refletem a aplicação do princípio do contraditório. São 
exemplos: 
a) O art. 155, caput, que diz que “o juiz formará sua livre 
apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos 
colhidos na investigação...”. 
- A condenação não pode se pautar somente em prova colhida 
durante o inquérito porque, neste, não vigora o princípio do 
contraditório. 
b) O art. 479, que prevê que durante o julgamento no Plenário do 
Júri a parte não poderá ler documento ou exibir objeto que não tenha sido 
juntado aos autos com antecedência mínima de 3 dias úteis, para que, 
previamente, se possa dar ciência à outra parte. 
- A finalidade é exatamente garantir a possibilidade do 
contraditório, evitando -se que a parte contrária seja surpreendida com 
o novo documento ou objeto. 
- Por seu turno, o princípio da ampla defesa obriga o juiz a 
observar o pleno direito de defesa aos acusados em ação penal. 
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- Em razão disso, ainda que o réu diga que não quer ser defendido, 
o juiz deverá nomear-lhe defensor. 
- Ademais, se o advogado, ainda que constituído, apresentar defesa 
insuficiente, o juiz deverá declarar o réu indefeso - Súmula n. 523 do 
Supremo Tribunal Federal, “no processo penal, a falta de defesa 
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se 
houver prova de prejuízo para o réu”. 
- Além da defesa técnica, que é obrigatória, por meio de advogado 
constituído ou defensor nomeado pelo juiz (dativo ou público) é possível, 
ainda, a autodefesa, que é aquela exercida diretamente pelo acusado 
ao ser ouvido pessoalmente em interrogatório ou por meio de instruções 
que fornece ao seu defensor durante os atos processuais nos quais tem 
direito de estar presente. 
- O réu, todavia, pode abrir mão da autodefesa, já que tem o direito 
de se tornar revel ou de permanecer calado no interrogatório. 
- Outra manifestação do princípio em análise consiste na regra de 
a defesa apresentar seus argumentos por último, ou seja, após a 
acusação, quer nos debates em audiência, quer no Plenário do Júri. 
■ Princípio do privilégio contra a autoincriminação (nemo 
tenetur se detegere) 
- De acordo com esse princípio, o Poder Público não pode 
constranger o indiciado ou acusado a cooperar na investigação penal 
ou a produzir provas contra si próprio. 
- A Constituição Federal, em seu art. 5º, LXIII, estabelece que o réu 
tem o direito de permanecer calado. 
- Art. 186, parágrafo único, do Código de Processo Penal, estabelece 
que o silêncio não importará em confissão e não poderá ser 
interpretado em prejuízo da defesa, devendo o acusado ser alertado 
desse direito de permanecer calado antes do interrogatório. 
- Apesar de esses dispositivos se referirem de modo expresso 
apenas à não obrigatoriedade de produzir prova oral contra si mesmo, o 
Supremo Tribunal Federal, deu interpretação ampliativa à norma, no 
sentido de que o acusado não é obrigado a produzir qualquer tipo de 
prova que possa levar à própria incriminação. 
Não pode ser forçado a participar ativamente de qualquer 
produção de prova – Ex: reconstituição dos fatos criminosos, ao 
fornecimento de material grafotécnico para confronto, sangue para 
exame de dosagem alcoólica em crime de embriaguez ao volante; 
esperma para exame de DNA em crime de estupro etc. 
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- O acusado pode ainda, sem receio de ser processado por perjúrio, 
mentir a respeito dos fatos em seu interrogatório, uma vez que a lei penal 
não pune réus por crime de falso testemunho. 
Obs: Não pode, entretanto, prejudicar terceiros, já que existe a 
possibilidade de responder por denunciação caluniosa. 
- O réu não tem o direito de destruir provas que não lhe pertencem 
ou de alterar a cena do crime, podendo até ser responsabilizado, 
conforme o caso, por crime de destruição de documento (art. 337 do 
CP) ou fraude processual (art. 347 do CP), sem prejuízo da decretação 
da prisão preventiva nos autos originários. 
Em resumo, pelo princípio em análise, o réu tem o direito de: 
a) permanecer em silêncio e, portanto, de não confessar; 
b) não colaborar com a investigação ou com a instrução; 
c) mentir em seu interrogatório; 
d) não apresentar provas que o prejudiquem; 
e) não participar ativamente de ato destinado à produção de prova; 
f) não fornecer partes de seu corpo para exame. 
- Por fim o acusado não pode se recusar a ser submetido a 
reconhecimento, já que, nesta situação, não está ele colaborando com a 
prova, mas apenas ficando na presença da vítima que, aliás, pode não o 
reconhecer, prova esta que lhe será cabalmente favorável. 
 Importante - Art. 260 do CPP - ADPFs 395 e 444. 
■ Princípio da publicidade 
a) Art. 5º, LX, da CF — A lei só poderá restringir a publicidade dos 
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o 
exigirem. 
b) Art. 93, IX, da CF — Todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena 
de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às 
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos 
quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não 
prejudique o interesse público à informação. 
- Em razão desse princípio, as audiências devem ser feitas com as 
portasabertas e qualquer pessoa pode assisti-las. 
- A consulta aos autos também é pública, bem como a obtenção de 
certidões. 
mailto:diretoria@barra.cathedral.edu.br
https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI281835,31047-STF+Conducao+coercitiva+para+interrogatorio+e+inconstitucional
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 - A própria Constituição diz que a lei pode restringir a publicidade 
dos atos processuais, porém a legislação substabelece esse poder ao juiz, 
que, no caso concreto, é quem pode apreciar a necessidade da restrição, 
salvo nos crimes contra a dignidade sexual em que o Código Penal 
estabelece o segredo de justiça como regra. 
■ Princípio da razoável duração do processo 
Art. 5º, LXXVIII, da CF — A todos, no âmbito judicial e 
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os 
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
- Este princípio assegura às partes o direito de obter provimento 
jurisdicional em prazo razoável e de dispor de meios que garantam a 
celeridade da tramitação do processo. 
- Como consequência desse princípio, podemos apontar o poder do 
juiz de indeferir as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou 
protelatórias (art. 400, § 1º, do CPP). 
■ Princípio da motivação das decisões judiciais 
Art. 93, IX, da CF — Todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena 
de nulidade. 
- Os juízes devem expor as razões de fato e de direito que os 
levaram a determinada decisão. 
- O texto constitucional é claro em salientar a nulidade da sentença 
cuja fundamentação seja deficiente. 
- O princípio guarda correspondência com o sistema do livre 
convencimento do juiz, adotado no art. 155, caput, do Código de 
Processo Penal, faculta ao magistrado, valorar com liberdade a prova 
coligida, sempre buscando aproximar-se da verdade como os fatos 
realmente se passaram. 
- Aspecto importante refere-se ao regramento do art. 155, 
caput, do CPP. Esse dispositivo estabeleceu que o juiz formará sua 
convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas. 
- Outra ordem de manifestação judicial que exige motivação idônea 
refere-se ao decreto da prisão preventiva. 
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- Exige-se que sejam indicados os elementos concretos que 
demonstrem a sua efetiva necessidade visando à garantia da ordem 
pública ou econômica, à conveniência da instrução criminal e à 
segurança da aplicação da lei penal, sob pena de assumir contornos de 
antecipação de pena, o que viola o princípio constitucional da presunção 
de inocência. 
■ Princípio da imparcialidade do juiz 
- Esse princípio têm previsão na Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos, no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos 
e decorre da própria natureza da função jurisdicional, que tem na 
imparcialidade sua razão de existir. 
- Juiz deve julgar de forma absolutamente neutra, vinculando-se 
apenas às regras legais e ao resultado da análise das provas do processo. 
- Alguns dispositivos asseguraram a imparcialidade do juiz, 
conferindo aos magistrados garantias como vitaliciedade, 
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios a fim de que possam 
decidir sem sofrer pressões. 
- Os arts. 254 e 255 do Código de Processo Penal preveem hipóteses 
em que o juiz pode ser afastado da causa, a fim de se garantir a 
imparcialidade, quando houver situação de suspeição ou impedimento. 
■ Princípio do duplo grau de jurisdição 
- Por este princípio as partes têm direito a uma nova apreciação, 
total ou parcial, da causa, por órgão superior do Poder Judiciário. 
- O duplo grau de jurisdição é direito das partes, que, todavia, 
devem manifestar interesse na reanálise do feito por meio da 
interposição do recurso. 
■ Princípio da iniciativa das partes 
- Segundo esse princípio, o juiz não pode dar início à ação penal. 
- O Ministério Público tem a titularidade exclusiva para a iniciativa 
da ação nos crimes de ação pública. 
- Nos crimes de ação privada a titularidade pertence ao 
ofendido/querelante. 
■ Princípio da intranscendência 
- O art. 5º, XLV, da Constituição dispõe que a pena não pode 
passar da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano 
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas 
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aos sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do 
patrimônio transferido. 
- Em suma, a pena aplicada só pode ser cumprida pela pessoa 
condenada, não podendo ser transferida a algum dos sucessores, 
representantes legais ou coautores do delito. 
■ Princípio da verdade real 
- O processo penal busca desvendar como os fatos efetivamente se 
passaram, não admitindo ficções e presunções processuais. 
- Devem ser realizadas as diligências necessárias e adotadas todas 
as providências cabíveis para tentar descobrir como os fatos realmente 
se passaram, de forma que o jus puniendi seja exercido com efetividade. 
- Em atenção a esse princípio, ainda que o réu seja revel, será 
necessário que a acusação faça prova cabal do fato imputado para que 
haja condenação. 
- Também em razão desse princípio, pode o juiz determinar, de 
ofício, a produção de provas que entenda necessárias para dirimir 
dúvidas sobre ponto relevante (art. 156 do CPP). 
- Tal princípio encontra, todavia, algumas limitações, como, por 
exemplo, a vedação do uso de prova ilícita e da revisão criminal pro 
societate (se após a absolvição transitar em julgado surgirem provas 
fortíssimas contra o réu, a decisão, ainda assim, não poderá ser revista). 
■ Princípio da oficiosidade ou do impulso oficial 
- Apesar de a iniciativa da ação ser do Ministério Público ou do 
ofendido, não é necessário que, ao término de cada fase processual, 
requeiram que se passe à próxima. 
- Pelo princípio do impulso oficial deve o juiz, de ofício, determinar 
que se passe à fase seguinte. 
■ Princípio da identidade física do juiz 
- O juiz que colhe a prova deve ser o mesmo a proferir a sentença 
(art. 399, § 2º, do CPP). 
- O juiz que ouviu as testemunhas e interrogou o réu na audiência 
de instrução tem melhores condições de apreciar a prova e proferir a 
sentença. 
■ Princípio do favor rei ou in dubio pro reo 
- Significa que, na dúvida, o juiz deve optar pela solução mais 
favorável ao acusado. 
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- Privilegia-se a garantia da liberdade em detrimento da 
pretensão punitiva do Estado. Apenas diante de certeza quanto à 
responsabilização penal do acusado pelo fato praticado é que poderá 
operar-se a condenação. 
- Sendo assim havendo duasinterpretações acerca de determinado 
tema, deve-se optar pela mais benéfica. 
- Se a prova colhida gerar dúvida quanto à autoria, o réu deve ser 
absolvido. 
- Tal princípio encontra exceção na fase da pronúncia, no rito do 
Júri, já que, nesse momento processual, a dúvida leva o juiz a pronunciar 
o acusado, mandando-o a julgamento pelo tribunal popular. 
- Outra exceção ocorre nos julgamentos pelo júri, em tais casos, os 
jurados decidem por sua íntima convicção, decorrendo eventual 
condenação não apenas da prova dos autos, mas, sobretudo, de seu 
conhecimento pessoal sobre os fatos e elementos, como cultura, 
costumes locais, realidade social, etc. 
 
■ FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
- Esse tema diz respeito à origem das normas processuais, 
gerando, assim, a divisão entre as fontes materiais e as formais do 
processo penal. 
■ Fontes materiais 
- São as entidades criadoras do direito, sendo, por isso, chamadas 
também de fontes de criação ou de produção. 
- No caso do direito processual, o art. 22, I, da Constituição Federal 
dispõe que a legislação sobre o assunto compete privativamente à União 
- fonte material do processo penal. 
- Os estados membros possuem competência residual, no sentido 
de suprir omissões ou especificar minúcias procedimentais, posto que a 
legislação estadual não pode contrariar a federal, que lhe é superior. 
■ Fontes formais 
- São também chamadas de fontes de revelação ou de cognição, e 
dizem respeito aos meios pelos quais o direito se exterioriza. 
- Dividem-se em fontes formais imediatas e mediatas. 
a) As fontes formais imediatas são as leis em sentido amplo, 
abrangendo o texto constitucional, a legislação infraconstitucional (leis 
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ordinárias, complementares etc.) e os tratados, as convenções e as regras 
de direito internacional aprovados pelo Congresso Nacional, bem como 
as súmulas vinculantes do Supremo Tribunal Federal. 
Obs: Considerando, pois, o caráter vinculante daquelas súmulas 
no tocante aos julgamentos realizados pelos demais órgãos do Judiciário 
e, ainda, em relação aos atos da Administração Pública, é inegável tratar-
se de fonte formal imediata, lembrando que o descumprimento de tais 
súmulas justificará o manejo de reclamação dirigida ao Supremo 
Tribunal Federal, que poderá anular o ato administrativo ou cassar a 
decisão judicial que as contrarie (art. 103 -A, § 1º, da CF). 
b) Fontes formais mediatas: São a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito. 
 
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