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MINERALOGIA RENATA COURA BORGES COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS DIFERENTES COMPARTIMENTOS AMBIENTAIS Fonte: Para entender a Terra, 2006. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CROSTA TERRESTRE A crosta terrestre em sua maioria é formada por 8 principais elementos químicos: O Si Al Fe Mg Ca K Na O total ocupado por esses elementos é ~ 99% da crosta. Fonte: Para entender a Terra, 2006. Mineralogia é o ramo da ciência geológica que estuda os diversos tipos minerais e suas propriedades para fins de reconhecimento. Mineral é um sólido de ocorrência natural, de origem inorgânica, com uma composição química definida (mas geralmente não fixa) e um arranjo atômico tridimensional sistemático (estrutura cristalina). Não podem ser divididos em componentes menores. Minerais podem formar rochas, solos e sedimentos CONCEITOS https://maeterracristais.c om.br/produtos/am6/ https://www.suapesquisa.com/ geografia/minerais_metalicos.h tm Minerais primários – são formados em condições de elevada temperatura e pressão ou a partir da cristalização do magma, estão presentes em rochas ígneas e metamórficas. Minerais secundários – são formados a partir da decomposição dos minerais primários, em condições ambientais usuais, estão presentes nos solos, sedimentos e rochas sedimentares. Feldspato potássico Biotita Hematita Caulinita Grande parte dos minerais são silicatados ( compostos de Si e O). Os silicatos estão presentes em torno de 90% dos minerais da crosta. Os minerais não silicatados correspondem aos 10% restante e são constituídos por: - Oxissais: CO-3, SO-4, NO-3, PO-4 - Sulfetos: S-2, S- - Haloides: Cl-, F-, I-, Br- - Óxidos e Hidróxidos: Fe2O3 (hematita), Al(OH)3 (gibsita) - Elementos Nativos: Au, Ag, Cu, Pt, diamante e grafita (polimorfos do carbono). Composição química - fixa (variável dentro de certos limites). A composição química e a estrutura cristalina (forma em que os átomos estão dispostos na sua estrutura interna é o que torna cada mineral único). A estrutura cristalina é o resultado do arranjo atômico tridimensional sistemático de um mineral. Ligações iônicas ou covalentes Iônica: é a atração eletrostática entre íons de cargas opostas (um ganha e o outro perde elétrons). A força dessa ligação diminui à medida que aumenta a distância entre os íons. Cerca de 90% dos minerais são compostos por ligações essencialmente iônicas. Ex: Halita Ligações iônicas ou covalentes Covalente: a interação ocorre por compartilhamento de elétrons. Ligações mais fortes que as iônicas. Ex: Diamante FORMAÇÃO DOS MINERAIS Os minerais se formam pelo processo de cristalização. Cristalização é o crescimento de um sólido a partir de gás ou líquido, com átomos se agrupando em proporções químicas e arranjo cristalino adequado. Existem 3 processos de cristalização: 1 – Precipitação a partir de soluções saturadas 2 – Reações entre minerais no estado sólido 3 – Cristalização do magma Formação – Precipitação a partir de soluções saturadas A baixas temperaturas – importante na formação de rochas sedimentares Quando o líquido de uma solução (solvente + soluto) evapora – concentra a solução – satura – ocorre a precipitação na forma de cristais. Ex: Calcita, gipsita Fonte: www.vestibulandowed.com.br Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:CalcitasEZ.jpeg Formação – Precipitação a partir de soluções saturadas A altas temperaturas: Quando soluções aquosas quentes (hidrotermais) interagem com a rocha, causando dissolução e reprecipitação dos minerais. Fonte: https://www.iguiecologia.com Formação – Reação entre minerais no estado sólido Variação de pressão e temperatura – reações entre minerais se houver fusão ou dissolução do original. Importante no metamorfismo – estaurolita, cianita e alguns tipos de granada. Fonte: es.wikipedia.org Fonte: mandaladeluz.com.br Formação – Cristalização (solidificação) do magma Magma (fusão de rochas) se resfria Minerais mais estáveis a altas temperaturas se cristalizam primeiro – ordem de cristalização: Série de Bowen. Fonte: mundoeducacao.uol.com.br/geografia/rochas-Igneas.htm SÉRIE DE BOWEN Série de Bowen, expressa a resistência ao intemperismo dos minerais primários silicatados. Fonte: mandaladeluz.com.br Ligações Covalentes Ligações Iônicas Maior teor de SiO2 Menos elementos Formação – Cristalização (solidificação) do magma Se resfriamento rápido – cristais pequenos – material não cristalino (sem estrutura cristalina). Ex: material amorfo Menor tempo para o crescimento dos cristais. Se lento – formação de cristais maiores (maior tempo) Ex: Geôdo Fonte: www.energiaastral.com.br MINERAIS SILICATADOS Milhares de minerais – poucas dezenas são mais comuns Silicatos (90%) e não silicatos (10%) em volume da crosta. Silicatos Ocupam em torno de 95% da crosta e do manto superior. A unidade básica desses minerais e o tetraedro de silício, formado pelo ânion (SiO4)-4. Os tetraedros apresenta um átomo central de Si envolto por 4 átomos de O. As cargas negativas dos silicatos tem que ser neutralizadas para haver estabilidade do mineral, podendo ser neutralizados por: - Cátions neutralizadores (Ca+2, Mg+2) - Compartilhamento de O MATERIAL DE ORIGEM No octaedro ocorre a substituição isomórfica do Si pelo Al, Mg ou Fe (número de coordenação 6) . A estrutura tem grande estabilidade, e sua forma é definida pelo número de coordenação do cátion. Silicatos Se ligados a cátions, ficam isolados. Silicatos Se compartilham O, formam anéis, cadeias simples, cadeias duplas, folhas (laminas), redes tridimensionais. Silicatos Classificados conforme o numero de O compartilhados pelos tetraedros. Silicatos Nesossilicatos (Neso = Ilha) Os tetraedros de Si são isolados, sem compartilhamento de O. As cargas negativas são neutralizadas por cátions: Ca, Mg, Fe, Mn, Zn, Al. Silicatos Nesossilicatos (Neso = Ilha) As olivinas formam uma serie isomorfa (com a mesma estrutura cristalina, mas com composição química diferente). O que diferencia uma olivina da outra e a quantidade de átomos de Fe+2 e Mg+2 que ela apresenta. São mais facilmente intemperizados. Faialita Fe2SiO4 Forsterita Mg2SiO4 Topázio Al2SiO4(OHF) Zircão ZrSiO4 Silicatos Sorossilicatos São pares de tetraedros que compartilham 1 oxigênio. Apresentam cátions que ligam os pares de tetraedros. Tem mais ligações covalentes e menos iônicas que os nesossilicatos – mais resistentes ao intemperismo. Silicatos Sorossilicatos Proporção Si:O = 2:7 Formula Geral (Si2O7)-6 Menos comum em solos. Epidoto Silicatos Ciclossilicatos Apresentam 6 tetraedros de Si, e cada tetraedro compartilha 2 átomos de O, formando arranjos em anéis. Apresentam cátions que irão ligar os anéis. Pouco comuns em solos. Silicatos Ciclossilicatos Proporção Si:O = 6:18 (1:3) Formula Geral (Si6O18)-12 Berilo Be3Al2(Si6O18) Turmalina alocromático Silicatos Inossilicatos de cadeia simples (Ino = fio, fibra) Os tetraedros de Si compartilham 2 átomos de O basal, formando cadeias simples que se prologam em um eixo horizontal (unidimensional) infinito. Apresentam cátions que irão ligar as cadeias simples. Também chamados de piroxênios. Silicatos Inossilicatos de cadeia simples Proporção Si:O = 1:3 Formula Geral XY(Si2O6) Muito pouco resistente ao intemperismo (esfoliação paralela). Encontrados nas frações areia e silte dos solos menos intemperizados. Augita (Ca,Mg,Al)2((Si, Al2)O6) Silicatos Inossilicatos de cadeia dupla Os tetraedros de Si compartilham 2 ou 3 átomos de O, formando cadeias duplas que se prologam em um eixo horizontal (unidimensional) infinito. Apresentam cátions que irão ligar as cadeias simples. Também chamados de anfibólios. Silicatos Inossilicatos de cadeia dupla Proporção Si:O = 1:2,75 Formula Geral (XY(Si8O22)(OH)2) Pouco mais resistente ao intemperismo que os piroxênios. Presentes em solos moderadamente intemperizados e desaparecendo em soloscom maior grau de intemperismo. Hornblenda Silicatos Filossilicatos (plyllon = folha, lamina) União de ciclossilicatos bidimensionais. Apresenta o compartilhamento de 3 átomos de O. Proporção Si:O = 2:5 Formula Geral (Si2O5)-2. Possuem laminas de tetraedros e ligadas a lâmi- nas de octaedros. Silicatos Filossilicatos (plyllon = folha, lamina) Silicatos Filossilicatos Podem ser divididos em 2 grupos: - Filossilicatos 1:1 (1 lamina de tetraedro para 1 lamina de octaedro) - Filossilicatos 2:1 (2 laminas de tetraedro para 1 lamina de octaedro) Silicatos Filossilicatos Formam um empilhamento de folhas. A ligação entre as camadas pode ser feita por cátions ou por moléculas de agua. Silicatos Filossilicatos Ex.: as micas, as argilas As micas podem ser divididas em Biotita ou mica preta (onde as laminas dos octaedros são formados por Fe+2 e Mg+2, o que fornece a cor escura. Já a Muscovita ou mica branca apresenta octaedros formados por Al+3, o que fornece a cor clara e o torna um mineral menos intemperizavel. Biotita K(MgFe)2( AlSi3O10)(OH)2 Muscovita KAl2( AlSi3O10)(OH)2 Silicatos Tectossilicatos (tektos = armação) Os tetraedros compartilham os 4 átomos de O, formando redes tridimensionais. Apresentam maior numero de ligações covalentes (alta resistência ao intemperismo). Mais comuns nas crosta. Silicatos Tectossilicatos Proporção Si:O = 1:2 Formula Geral (SiO2)0 Formam os feldspatos os minerais mais comuns na crosta, podem ser divididos em: - Feldspatos calco-sódicos ou plagioclásios, formam uma serie isomorfa - Feldspatos potássicos ou orltocasios - Quartzo (SiO2) Silicatos Tectossilicatos - Quartzo Mineral mais comum e mais abundante nos solos e o 2 mais abundante da crosta. Não sofre substituição isomórfica e praticamente não sofre intemperismo. Nos solos, mais presente na fração areia (partículas com 2 a 0,05 mm de diâmetro. Quartzo e mais resistente que o feldspato ao intemperismo, pois tem menos ligações iônicas, por que Quartzo SiO2 SUBSTITUIÇÃO ISOMÓRFICA Substituição isomórfica: troca de um cátion na estrutura do tetraedro por outro cátion de tamanho semelhante, com a mesma valência ou valência diferente, durante a formação do mineral. Forma- se o mesmo mineral, mas de composição química diferente. A presença de carga negativa requer cátion (ligação iônica) – menor resistência. Os feldspatos podem ter de 25 a 50% de substituição isomórfica nos tetraedros, gerando carga negativa em excesso, o que requer cátions para satisfazer essas cargas – mais ligações iônicas, menor resistência ao intemperismo MINERAIS NÃO SILICATADOS Ânion CO3 -2 – íon de C circundado por 3 íons de O. Formam-se, geralmente, por precipitação química a partir de soluções aquosas saturadas em ambientes marinhos ou lacustres Os grupos carbonatos estão dispostos em folhas (camadas) entremeadas por cátions Ca+2, Mg+2 CARBONATOS CARBONATOS Exemplos: Calcita – CaCO3 Dolomita – (Ca,Mg)CO3 Aragonita – CaCO3 Importantes insumos minerais na indústria: produção de cimento e corretivos do solo (calcário). Dolomita e muito utilizada em pisos de ruas. SULFATOS Ânion SO4 -2 – tetraedro com um íon de S central e 4 íons de O no entorno. Formam-se por precipitação química (análogo aos carbonatos) SULFATOS Exemplos: Anidrita – CaSO4, significa ausência de agua. Barita – BaSO4 Gipsita – CaSO4.2H2O, gesso hospitalar e gesso agrícola. SULFETOS Metais combinados com os aníons S- ou S-2. Muitos são opacos e parecem metais. Principais minérios de muitas substancias importantes, como cobre, zinco e níquel são membros desse grupo. Pirita FeS2 Galena PbS Ânions F-, Cl-, Br- e I- são apresentados na coluna VII da tabela periódica (halogênios). HALETOS Exemplos: Fluorita – CaF2, indústria de vidros, metalurgia e outros. Halita – NaCl, sal de cozinha Silvita – KCl, fertilizante. HALETOS Halita NaCl Sal de cozinha NaCl Fluorita CaF2 ÓXIDOS Ânion O2- ligado a outros íons, em geral, metálicos. Importante fonte de bens metálicos. Inclui minérios da maioria dos metais. Maioria tem ligações iônicas. Simples (um só metal) e múltiplos (vários metais). ÓXIDOS Exemplos: Hematita – Fe2O3 – cor vermelha aos solos. Magnetita – Fe3O4 – propriedades magnéticas. Cromita – Cr2O4 Espinelio – MgAl2O4 Rutilo – TiO2 Hematita Magnetita Espinelio FOSFATOS Ânion PO4 -3 Mais de 200 minerais – Apatita e o mais comum e importante economicamente. Dela se extrai o fosfato usado como fertilizante. Apatita Ca5(PO4)3 (F, OH, Cl) ELEMENTOS NATIVOS Elementos que ocorrem cristalizados em substancias puras, não combinados com ânions. Exemplos: ouro (Au), prata (Ag), cobre (Cu), enxofre (S), grafita (C) e diamante (C) – podem ser separados em metálicos, semimetais (As) e não-metais (C e S). Cobre (Cu) Prata (Ag) Ouro (Au) NITRATOS Ânions NO3 - - menos comuns em minerais e rochas. Exemplos: salitre (KNO3) e salitre do Chile (NaNO3). São utilizados na indústria de alimentos para a conservação de carne e outros e outros enlatados. Evita a propagação de bactérias. BORATOS Compostos contendo BO3 e BO4 Podem se ligar a metais e conter OH. Tendem a ser macios, brancos ou transparentes. Ocorrem em depósitos que são evaporados. São usados como solventes na metalurgia e aditivos de fertilizantes. Exemplo: Bórax, ulexita e kernita. Bórax Na2B4O7.10H2O OUTROS Vanadatos, cromatos, arseniatos, molibdatos e tungstatos. Vanadinita (V)