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LETRAMENTO RACIAL LUIZA MANDELA A AUTORA Pedagoga, Doutoranda em educação no Programa de Pós- Graduação em Educação – Processos Formativos e Desigualdades Sociais (UERJ/FFP, Mestra em Relações Étnico raciais , escritora ,coordenadora editorial e consultora antirracista. Atuou como professora da educação básica por onze anos. Idealizadora dos cursos Letramento Racial, Educar para a diversidade étnico racial , Onã Infâncias (2020-2021) ,da Mentoria Preta Próspera e dos cursos de extensão universitária Letramento racial e educação, Ananse Ntontan por uma educação infantil antirracista , da Pós Graduação em Relações Étnico - Raciais e da Comunidade Ori. Premiada, recebeu cinco moções pelo seu trabalho em prol de uma educação antirracista, o Diploma Zumbi dos Palmares e o título de Doutora Honoris Causa. Produtora de conteúdo , podcaster do Mandela Pod e empresária da Mandela Consultoria Antirracista, empresa de cursos , palestras e consultorias voltadas para as relações étnico- raciais. 2 CAPÍTULO 1 O QUE É LETRAMENTO RACIAL?? CAPÍTULO 1 - O QUE É LETRAMENTO RACIAL ? Você provavelmente já ouviu falar de racismo. Mas será que sabe nomear suas manifestações? Reconhecê-lo nos espaços que você ocupa? Agir com consciência para transformá-lo? Essas são algumas das perguntas que o letramento racial nos ajuda a responder. Letrar-se racialmente é mais do que ter acesso à informação — é ser capaz de reconhecer, nomear e intervir criticamente nas estruturas racistas que moldam a sociedade brasileira. O conceito "letramento racial" nasce da interseção entre os estudos do letramento (alfabetização crítica) e os estudos raciais. É uma proposta que exige consciência crítica, escuta ativa e ação intencional diante do racismo estrutural. Na prática, isso significa compreender como o racismo opera — de forma histórica, estrutural, institucional e cotidiana — e desenvolver uma leitura crítica da realidade a partir da perspectiva racial. “Ser letrado racialmente é entender que o racismo não é apenas um problema individual, mas um sistema que estrutura relações, oportunidades e acessos.'’Luiza Mandela 4 A ORIGEM DO CONCEITO A antropóloga afro - americana France Widdance Twine formulou o conceito de racial literacy, traduzido pela psicóloga e pesquisadora Lia Vainer Schucman como “letramento racial”. O letramento racial é uma forma de responder individualmente às tensões raciais. Ao lado de respostas coletivas, na forma de cotas e políticas públicas, ele busca reeducar o indivíduo em uma perspectiva antirracista. A ideia subjacente é a de que quase todo branco é racista, mesmo que não queira, porque o racismo é um dado estrutural de nossa formação social. 5 FRANCE WIDDANCE TWINE NÃO É SÓ SOBRE SABER ! É comum vermos pessoas que “sabem” que o racismo existe, mas continuam reproduzindo práticas discriminatórias ou se silenciando diante da injustiça racial. Isso acontece porque **informação não é transformação O letramento racial vai além da leitura superficial: ele mobiliza afetos, responsabiliza consciências e convida à ação É, portanto, uma prática contínua — e não um destino final. 🧩 Os 3 pilares do Letramento Racial 1. Reconhecer Perceber o racismo nos espaços que frequentamos, nas narrativas que consumimos e nas estruturas que organizam a sociedade. 2. Nomear Desenvolver vocabulário crítico para falar sobre raça, racismo, branquitude, privilégio e desigualdade sem rodeios nem eufemismos. 3. Intervir Agir com responsabilidade, comprometimento e estratégia para transformar práticas, relações e políticas racistas. ⚠ Spoiler importante: letrar-se racialmente também é um caminho de desconstrução, dor, escuta e humildade. Mas é esse processo que abre as portas para uma atuação mais ética, justa e potente. 6 CAPÍTULO 2 RACISMO NO BRASIL: UMA BREVE CARTOGRAFIA Quando falamos em racismo, muitas pessoas ainda pensam em atos isolados — um insulto, uma recusa, um comentário ofensivo. Mas o racismo é um sistema de poder e dominação, como explica Silvio Almeida em sua obra Racismo Estrutural (2019). Ele opera de forma ampla, silenciosa e persistente, atravessando a história e moldando a realidade social brasileira. Para se letrar racialmente, é essencial reconhecer as múltiplas formas do racismo, sua origem e os mecanismos que o mantêm operando — mesmo em contextos que se dizem democráticos ou “neutros”. CAPÍTULO 2 - RACISMO NO BRASIL : UMA BREVE CARTOGRAFIA Racismo estrutural: o cimento da desigualdade Segundo Silvio Almeida (2019), o racismo estrutural é aquele que organiza a estrutura social, estando presente nas instituições políticas, econômicas, educacionais, jurídicas e culturais. Ele não depende da intenção de indivíduos — ele está no funcionamento do sistema. “O racismo estrutural não se resume a atos de discriminação, mas se manifesta na normalização da desigualdade.” — Silvio Almeida, Racismo Estrutural Essa forma de racismo é a base das desigualdades que vemos hoje: a população negra é maioria entre os mais pobres, os mais encarcerados, os mais vulnerabilizados — e minoria nos espaços de decisão e prestígio social. Esse mito impede que o Brasil enfrente suas feridas coloniais e escravocratas. Ele **silencia denúncias e neutraliza ações afirmativas**, fazendo com que o racismo pareça “coisa do passado”. 9 . Racismo institucional: quando a estrutura rejeita corpos negros Nilma Lino Gomes (2017) nos lembra que o racismo também atua nas políticas públicas e no cotidiano institucional. Nas escolas, nos hospitais, nos tribunais e nas empresas, regras e práticas aparentemente neutras mantêm privilégios brancos e limitam o acesso da população negra. Por exemplo: * Escolas que não abordam a história e cultura afro- brasileira, contrariando a Lei 10.639/03. * Universidades com currículos eurocentrados. * Empresas que se dizem “diversas”, mas onde nenhuma liderança é negra. “A neutralidade é a nova face do racismo institucional.” Nilma Lino Gomes 10 Nilma Lino Gomes Racismo interpessoal Frantz Fanon, em ''Pele Negra, Máscaras Brancas ''(1952), fala sobre como o racismo estrutura também a subjetividade. No Brasil, a face mais visível do racismo é o interpessoal — os atos cotidianos, as piadas racistas, os olhares de desconfiança, as agressões. Essas ações são naturalizadas, mas representam ''a ponta do iceberg''’ de um sistema mais profundo. É aqui que o racismo se disfarça de “brincadeira” ou “opinião” e continua violentando. 11 Racismo internalizado: a dor silenciosa que adoece Sueli Carneiro (2003) nos ensina que o racismo também atua dentro das pessoas negras , gerando sentimentos de inferioridade, autodepreciação e vergonha da própria identidade. Essa dimensão subjetiva do racismo — chamada de ''racismo internalizado '' — é um dos seus efeitos mais perversos: o de convencer a vítima de que ela é o problema. “É preciso disputar o imaginário, resgatar a autoestima e fortalecer a identidade negra.” — Sueli Carneiro 12 Sueli Carneiro A falsa democracia racial: um mito fundante do Brasil Lélia Gonzalez, em textos como *Racismo e sexismo na cultura brasileira* (1984), desmonta a ideia de que o Brasil é um país “sem racismo”. A noção de democracia racial, como aponta também Abdias do Nascimento, serviu para ocultar o genocídio simbólico e físico da população negra. Esse mito impede que o Brasil enfrente suas feridas coloniais e escravocratas. Ele **silencia denúncias e neutraliza ações afirmativas , fazendo com que o racismo pareça “coisa do passado”. "Não vejo cor": a negação como violência simbólica Dizer que “não vê cor” pode parecer um gesto de igualdade, mas na prática é uma forma de invisibilizar o racismo. Lélia Gonzalez nos lembra que a ideologia do “mestiço” e da “cordialidade” é um instrumento sofisticado do racismo brasileiro. Ver a cor é necessário para reconhecer as desigualdades que ela implica. 13 Lélia Gonzalez Para não concluir ... Compreender o racismo em suas múltiplas camadas é o primeiro passo para interromperseu ciclo de reprodução. O letramento racial não começa com culpa, mas com responsabilidade. Você não precisa saber tudo para começar. Mas precisa começar para não continuar sustentando o que já está aí há séculos. No próximo capítulo, vamos refletir sobre identidade racial e pertencimento — e por que saber quem somos é um ato de resistência. Lélia Gonzalez, em textos como Racismo e sexismo na cultura brasileira (1984), desmonta a ideia de que o Brasil é um país “sem racismo”. A noção de democracia racial, como aponta também Abdias do Nascimento, serviu para ocultar o genocídio simbólico e físico da população negra. Esse mito impede que o Brasil enfrente suas feridas coloniais e escravocratas. Ele silencia denúncias e neutraliza ações afirmativas , fazendo com que o racismo pareça “coisa do passado”. "Não vejo cor": a negação como violência simbólica Dizer que “não vê cor” pode parecer um gesto de igualdade, mas na prática é uma forma de invisibilizar o racismo. Lélia Gonzalez nos lembra que a ideologia do “mestiço” e da “cordialidade” é um instrumento sofisticado do racismo brasileiro. 14 Referências deste capítulo: ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen, 2019. CARNEIRO, Sueli. “Dispositivo de racialidade: A construção do outro como não-ser como fundamento do ser”.Zahar, 2003. GOMES, Nilma Lino. Movimento negro educador : saberes construídos nas lutas por emancipação. Vozes, 2017. GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira*. São Paulo: Zahar, 2018. FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas*. Salvador: EDUFBA, 2008 \[1952]. CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade: A construção do outro como não-ser como fundamento do ser”. 2003. NASCIMENTO, Abdias. O Genocídio do Negro Brasileiro. Perspectiva, 1978. 15 CAPÍTULO 3 IDENTIDADE E CONSTRUÇÃO RACIAL Identidade e Construção Racial: Quem nos disseram que somos? Identidade não nasce pronta. Ela é construída a partir das experiências, da cultura, da linguagem e, sobretudo, das relações de poder. No Brasil, ser uma pessoa negra ou branca não significa apenas ter certa tonalidade de pele — mas sim carregar histórias, sentidos e posicionamentos que foram sendo socialmente produzidos. Entender como se forma a identidade racial é uma etapa essencial do letramento racial. Afinal, quem não conhece a própria história pode acabar reproduzindo narrativas que o silenciam ou o oprimem. 17 Identidade racial: uma construção social A identidade racial não é biológica. A ciência já desmentiu a existência de “raças humanas” do ponto de vista genético. O que existe são construções sociais que se baseiam na aparência e em heranças culturais para estabelecer hierarquias e exclusões. Segundo Stuart Hall (2003), identidade é uma construção em constante transformação, atravessada por história, linguagem e poder. Somos quem somos em relação a outros e dentro de contextos sociais. Quem nos ajuda a entender isso? Nilma Lino Gomes (2017) fala sobre socialização racial o processo pelo qual aprendemos (ou não) a nos ver como pessoas racializadas, desde a infância. Ela destaca que há uma diferença entre ser negro e sentir-se negro — algo que exige consciência, vivência coletiva e referências positivas. Frantz Fanon (1952) discute o impacto da colonização na subjetividade negra. Para ele, o racismo impõe uma “máscara branca” sobre o sujeito negro, gerando conflitos internos e crises de identidade. Kabengele Munanga (2003) argumenta que o Brasil criou um modelo de mestiçagem que dissolve a identidade negra, ao passo que exalta o embranquecimento como ideal de beleza, sucesso e civilidade. 18 Socialização racial: aprendemos a ver cor — e a hierarquizá-la A forma como nos enxergamos racialmente tem tudo a ver com o que nos foi dito, mostrado ou escondido desde a infância: Uma criança negra que só vê bonecas brancas, livros sem protagonistas como ela, e é chamada de “cabelo ruim” na escola, aprende a se ver como “errada”. Uma criança branca que não ouve falar de racismo e nunca vê pessoas negras em cargos de poder, aprende a se ver como “naturalmente” no topo. O racismo é pedagógico. Ele ensina desde cedo quem pode e quem não pode sonhar. — Luiza Mandela Por isso, letrar-se racialmente é reeducar o olhar e o imaginário.É oferecer referências positivas, nomear as violências e recontar as histórias que foram apagadas. 19 Branquitude: o lugar da norma Quando falamos de identidade racial, é comum associarmos essa discussão apenas às pessoas negras, indígenas ou racializadas. Mas a identidade branca também é racial — e exerce poder histórico e simbólico. Autores como Sueli Carneiro (2003) e Lia Vainer Schucman (2014) chamam atenção para a branquitude como lugar de privilégio não nomeado, que se afirma como norma universal. * A branquitude raramente é questionada: ela é vista como neutra, como “gente”, como “normal”. * Isso torna o racismo ainda mais difícil de ser reconhecido — já que a norma não se enxerga como posição, mas como padrão. Reconhecer a branquitude é um passo fundamental para que pessoas brancas assumam responsabilidade no enfrentamento ao racismo. 20 Identidade em movimento A identidade racial não é um ponto de partida fixo, mas um campo em disputa. Ao longo da vida, podemos revisitar nossas experiências, ressignificar traumas, reconectar com a ancestralidade e (re)construir o modo como nos vemos. Tornar-se negra(o) é também um ato político — de resistência, de autoestima e de enfrentamento. Como diz a filósofa Angela Davis: ''Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.'' 21 Angela Davis ✍🏾 Exercício de letramento racial Pense nas perguntas abaixo e, se quiser, escreva suas respostas: Quando foi a primeira vez que você se percebeu como pessoa racializada? Que tipo de comentários você ouviu sobre seu corpo, cabelo ou aparência durante a infância? Você consegue nomear as suas referências negras de poder e beleza? Se você é branco(a), quando começou a pensar sobre sua branquitude? 22 Referências deste capítulo: MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Autêntica, 2003. CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser”. 2003. SCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o Encardido, o Branco e o Branquíssimo: Branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo. Annablume, 2014. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. DP\&A, 2003. 23 CAPÍTULO 4 PRÁTICAS COTIDIANAS DO LETRAMENTO RACIAL Práticas Cotidianas do Letramento Racial: Antirracismo começa no dia a dia Letramento racial não é apenas um acúmulo de leituras. É uma forma de ler o mundo com lentes críticas e se comprometer com ações antirracistas, mesmo nos pequenos gestos. Muita gente pergunta: "Mas o que eu posso fazer na prática?" A resposta é: muito. Porque o racismo é sistêmico, mas ele se sustenta em atitudes cotidianas— nas escolhas de quem contratamos, ouvimos, indicamos, silenciamos ou citamos. Neste capítulo, vamos listar formas de aplicar o letramento racial nos espaços que você ocupa, mostrando que não é necessário ser “especialista” para começar a agir — basta estar disposto a se responsabilizar. 25 Na educação: do currículo à convivência Educadores têm um papel estratégico. Segundo Nilma Lino Gomes (2017), o currículo é também um campo de disputa racial. Ensinar é sempre também uma forma de narrar o mundo — e de incluir ou apagar sujeitos. Aplicar a Lei 10.639/03 , que torna obrigatória a história e cultura afro-brasileira e africana. Evitar o uso de livros didáticos que reproduzem estereótipos raciais (negros como escravizados, subalternos ou sem protagonismo). Estimular referências negras nas ciências, nas artes, na filosofia e na literatura. Intervir em situações de racismo entre estudantes com mediação pedagógica, e não silêncio. Respeitar os saberes das famílias negras e acolher suas narrativas. “Ser educador antirracista é ensinar com os olhos abertos para a dor e paraa potência.” — Luiza Mandela 26Luiza Mandela No ambiente de trabalho: quem sobe e quem some? A branquitude corporativa no Brasil ainda é regra. Segundo dados do IBGE e do Instituto Ethos (2019), pessoas negras representam menos de 5% dos cargos de liderança nas grandes empresas. Aplicações práticas: Incluir diversidade racial nos processos seletivos , mas também no plano de carreira. Valorizar fornecedores, parceiros e consultores negros. Rever códigos de vestimenta e aparência que criminalizam a estética negra. Criar canais de denúncia seguros e ações corretivas contra racismo institucional. Promover formação continuada em letramento racial com especialistas negros. 27 Nas redes sociais: para além dos likes A internet é um espaço potente para aprendizagem e mobilização racial. Mas também é terreno fértil para discursos de ódio, silenciamento e performatividade. Cuidados e sugestões: Evite “lacrar” em nome do antirracismo sem compromisso prático. Priorize conteúdos de criadores negros e indígenas , amplifique suas vozes. Cuidado com o uso de linguagem que fetichiza ou estereotipa corpos negros. Não consuma pautas raciais apenas em datas comemorativas. Se errar (e você vai), assuma, repare e aprenda — não apague ou silencie. 28 Na família e nas relações íntimas: o racismo começa em casa Muitas vezes, o desafio maior está nos espaços de intimidade. Conversas de jantar, brincadeiras “de época”, avós e tios que “falam sem maldade”. Práticas possíveis: Corrigir falas racistas com firmeza e afeto. Ensinar crianças a valorizarem a diversidade étnico -racial desde cedo. Presentear com brinquedos, livros e conteúdos com protagonismo negro. Reconhecer o silêncio como cumplicidade: não rir, não ignorar, não deixar passar. 29 Estratégias para todos os contextos: Pergunte: “Essa decisão é inclusiva racialmente?” Revise: “O que estou reproduzindo sem perceber?” Redirecione:“Como posso incluir uma perspectiva negra nessa pauta?” Repare: “Quem foi silenciado ou apagado aqui? Redistribua:“Como compartilho poder, visibilidade e renda?” 30 ✊🏾 Um compromisso de longo prazo Antirracismo não é um “projeto de marketing pessoal” nem uma fase. É um compromisso ético e político com a justiça racial. Como lembra bell hooks, em Ensinando a Transgredir (1994), o ato de ensinar e aprender pode ser radicalmente libertador quando se enraíza na escuta, na empatia e na responsabilização. 31bell hooks ✍🏾 Desafio prático: ação em 7 dias Durante os próximos 7 dias, registre diariamente: 1. Um comportamento racista que você reconheceu ao seu redor. 2. Uma ação concreta que você tomou (ou poderia tomar). 3. Uma reflexão pessoal sobre o que aprendeu com essa situação. Esse exercício ajuda a transformar o olhar em prática, e a prática em hábito. 32 Referências deste capítulo: CARNEIRO, Sueli. Racismo, Sexismo e Desigualdade no Brasil. Selo Negro, 2011. hooks, bell. Ensinando a Transgredir: A Educação como Prática da Liberdade. WMF Martins Fontes, 2013. INSTITUTO ETHOS. *Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas*, 2019. 33 CAPÍTULO 5 CAMINHOS PARA UMA FORMAÇÃO CONTÍNUA Indicações de livros, filmes, podcasts e perfis Livros Pequeno Manual Antirracista* – Djamila Ribeiro Como ser um educador antirracista ? Bárbara Carine A invenção das mulheres* – Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí Tornar-se Negro* – Neusa Santos Souza O genocídio do negro brasileiro* – Abdias do Nascimento Memórias da plantação* – Grada Kilomba Seja Potência Negra Luiza Mandela, Cleber Barros (Orgs) Filmes e documentários: AmarElo – É tudo pra ontem* (Netflix) O Caso do Homem Errado* (Vimeo) Estrelas além do tempo* 13ª Emenda* (Netflix) A Negação do Brasil* (Joel Zito Araújo) Panteras Negras: Vanguarda da Revolução* 35 Podcasts Mandela Pod – com Luiza Soares Afetos – com Gabi Oliveira e Karina Vieira Mano a Mano Angu de Grilo – com Flávia Oliveira e Isabela Reis Perfis e iniciativas nas redes sociais : @luizamandela @pretaaletrada @sankofamily @ricardotassilo @agatapauer 36 ✍🏾 Exercício: Plano de ação pessoal antirracista em 3 passos 1. Identifique um comportamento, crença ou prática que você deseja transformar Exemplo: Costumo evitar me posicionar quando vejo falas racistas em reuniões de trabalho. 2. Estabeleça uma meta de curto prazo para agir de forma diferente; Exemplo: Em situações de racismo velado, quero intervir com firmeza, usando referências e argumentos que venho estudando.* 3. Escolha um conteúdo ou mentor que possa apoiar sua continuidade Exemplo: Vou seguir os conteúdos da Comunidade ORI e fazer anotações semanais para revisar o que estou aprendendo.* Você pode usar este plano como um mapa inicial. Lembre-se: é mais importante construir constância do que tentar ser "perfeito" desde o início. 37 Convite para a próxima etapa: sua jornada antirracista não termina aqui Se você chegou até aqui, é porque tem coragem. Coragem de se olhar no espelho da história, de revisar crenças, de reconhecer privilégios ou dores silenciadas. Coragem de começar. Mas o letramento racial não é uma etapa que se conclui com a leitura de um manual ou a participação em um curso. Ele é um compromisso contínuo com a justiça racial, com a equidade e com a construção de um mundo em que nossas existências — pretas, indígenas, racializadas — não apenas sobrevivam, mas prosperem. 38 É por isso que, a partir deste ponto, queremos te fazer um convite honesto, profundo e necessário: seguir nessa jornada com a gente na Comunidade ORI. O que é a Comunidade ORI? A ORI é um espaço vivo de trocas, formação e fortalecimento, pensado para quem quer transformar teoria em prática e manter-se em movimento na construção de uma atuação antirracista consistente. Lá você vai encontrar: Aulas mensais com especialistas convidados Encontros de aprofundamento e debate Materiais exclusivos e atualizados Rede de apoio com pessoas comprometidas com a mesma causa 39 Para quem é a ORI? Para quem atua como: Educadora ou educador da educação básica ou superior Psicóloga, advogada Gestora pública ou privada Comunicadora, jornalista ou produtora de conteúdo Profissional de RH, liderança institucional ou empresarial Militante ou articulador de políticas públicas Integrante de coletivos ou organizações sociais Se você quer mais do que informação — quer consistência, prática e comunidade — a ORI é para você. 🔗 Garanta agora sua entrada: https://lp.professoraluizamandela.com.br/comu nidade-ori? _gl=1*y9clss*_gcl_au*MTg5ODA1NTEyNS4x NzQ5MDAwNTAx 40 Conclusão: O compromisso com o longo prazo O letramento racial não termina com a leitura de um livro, nem com um curso rápido. Ele se sustenta na autorrevisão constante na escuta das pessoas negras, na coragem de errar e refazer. Como afirma bell hooks, a educação como prática de liberdade começa quando aceitamos que “a transformação pessoal e coletiva é um processo que dura a vida inteira”. Que este manual seja o início — e não o fim da sua jornada. 41