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1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 2 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 3 1ª FASE OAB | 43° EXAME Processo do Trabalho Prof.ª Cleize Kohls Sumário 1. Teoria Geral do Processo do Trabalho .................................................................................... 4 2. Organização e Competência da Justiça do Trabalho .............................................................. 8 3. Partes e Procuradores ........................................................................................................... 13 4. Atos, Termos, Prazos e Vícios dos Atos Processuais............................................................ 17 5. Procedimentos Trabalhistas ................................................................................................... 20 6. Petição Inicial e Resposta do Réu ......................................................................................... 22 7. Audiência ............................................................................................................................... 28 8. Provas .................................................................................................................................... 30 9. Razões Finais, Sentença e Coisa Julgada ............................................................................. 35 10. Dissídio Coletivo .................................................................................................................. 37 11. Sistema Recursal Trabalhista .............................................................................................. 40 12. Execução Trabalhista ........................................................................................................... 52 13. Ações Especiais ................................................................................................................... 60 Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, reco- menda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. Bons estudos, Equipe Ceisc. Atualizado em janeiro de 2025. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 4 1. Teoria Geral do Processo do Trabalho Prof.ª Cleize Kohls @prof.cleizekohls 1.1. Fontes São fontes do Direito Processual do Trabalho: a) Lei: Constituição Federal, leis processuais trabalhistas e Código de Processo Civil e leis processuais civis; b) Regimentos Internos dos Tribunais; c) Costume; d) Princípios; e) Jurisprudência; f) Equidade; g) Doutrina. Art. 8° da CLT. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de dispo- sições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse pú- blico. O § 2º refere que súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. E o § 3º, estabelece que no exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho ana- lisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 do Código Civil, e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mí- nima na autonomia da vontade coletiva. 1.2. Aplicabilidade do Código de Processo Civil Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito proces- sual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas processuais trabalhis- tas (art. 769 da CLT). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 5 Art. 1º da Instrução Normativa TST n° 39/2016. Aplica-se o Código de Processo Civil, subsidiária e supletivamente, ao Processo do Trabalho, em caso de omissão e desde que haja compatibilidade com as normas e princípios do Direito Processual do Trabalho, na forma dos arts. 769 e 889 da CLT e do art. 15 da Lei nº 13.105, de 17.03.2015. § 1º Observar-se-á, em todo caso, o princípio da irrecorribilidade em separado das deci- sões interlocutórias, de conformidade com o art. 893, § 1º da CLT e Súmula nº 214 do TST. § 2° O prazo para interpor e contra-arrazoar todos os recursos trabalhistas, inclusive agravo interno e agravo regimental, é de oito dias (art. 6º da Lei nº 5.584/70 e art. 893 da CLT), exceto embargos de declaração (CLT, art. 897-A). Algumas diferenças entre a CLT e o CPC: CLT Prazos para recursos: 8 dias Agravo de ins- trumento: des- tranca recursos Contestação: audiência Honorários de sucumbência: 5%-15% Depósito pré- vio da ação rescisória: 20% Embargos à execução: ga- rantia do juízo CPC Prazos para recursos: 15 dias Agravo de ins- trumento: deci- são interlocutó- ria Contestação após a audiên- cia: 15 dias Honorários de sucumbência: 10%-20% Depósito pré- vio da ação rescisória: 5% Embargos à execução: não precisa de ga- rantia do juízo 1.3. Princípios Oralidade: prevalência da palavra como meio de expressão. A oralidade pressupõe outro princípio: imediação ou imediatidade, isto é, o contato direto do juiz com as partes e com as provas. Localiza-se na CLT, arts. 840, § 2°, 846, 848 e 850. Pagamento imediato das parcelas salariais incontroversas: impõe pesados encargos ao empregador que protela pagamento de verbas salariais incontroversas. O art. 467 da CLT manda pagar em cinquenta por cento as verbas salariais incontroversas. Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o mon- tante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento. Lembre-se! Não é qualquer verba que se pode sofrer o acréscimo; apenas as de natureza jurídica salarial e, mesmo assim, se incontroversas. Irrecorribilidade das interlocutórias: visa impedir, tanto quanto possível, interrupções da marcha processual, motivadas por recursos opostos pelas partes das decisões do juiz. A 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 6 matéria fica imune à preclusão, sendo apreciada depois, pelo Tribunal. Atende ao princípio da celeridade processual. Localiza-se na CLT, arts. 799, § 2°, e 893, § 1°. Art. 799. (...) § 2° Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. Art. 893. (...) § 1° Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo- se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva. (...) Celeridade: significa que todos os sujeitos processuais (partes, advogado, juízes, auxili- ares, perito, intérprete, testemunhas etc.) devem agir de modo a que se chegue rapidamente ao deslinde da controvérsia com o menor dispêndio de atos, energia e custo e com o maior grau de justiça e de segurança na entrega da prestação jurisdicional. Localiza-se na CLT, arts. 765, 768 (nos casos de falência) e 843 a 852. Protecionismo temperado: para alguns, trata-se, na verdade, do princípio da igualdade substancial. No processo do trabalho, encontramos situações em que o legislador estabeleceu especial proteção ao trabalhador, como nosimples fato de estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador. 8.6. Perícia Segundo o art. 790-B da CLT, a responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia. Fique atento, pois o artigo original- mente trazia que mesmo com JG o sucumbente teria que pagar os honorários com eventuais créditos daquele processo ou mesmo em outro, mas isso foi declarado inconstitucional. Logo, hoje, se o sucumbente tiver JG, a União ficará responsável. Ao fixar o valor dos honorários peri- ciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (§ 1º). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 34 O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais (§ 2°). O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias (§ 3°). Nesse caso, caberá mandado de segurança: OJ nº 98 da SDI-2: É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia, independentemente do depósito. Lembre-se! Súm. n° 457 do TST: A União é responsável pelo pagamento dos honorários de perito quando a parte sucumbente no objeto da perícia for beneficiária da assistência judiciária gratuita, observado o procedimento disposto nos arts. 1°, 2° e 5° da Resolução n° 66/2010 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho – CSJT. Não confunda a responsabilidade pelos honorários periciais com a responsabilidade pelos honorários do assistente técnico, pois, de acordo com a Súm. no 341 do TST, a indicação do perito assistente é faculdade da parte, a qual deve responder pelos respectivos honorários, ainda que vencedora no objeto da perícia. Por fim, observe que: Art. 195 da CLT. (...) § 2° Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho. OJ n° 165 da SDI-1: O art. 195 da CLT não faz qualquer distinção entre o médico e o engenheiro para efeito de caracterização e classificação da insalubridade e periculosi- dade, bastando para a elaboração do laudo seja o profissional devidamente qualificado. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 35 9. Razões Finais, Sentença e Coisa Julgada 9.1. Alegações finais Conforme o art. 850 da CLT, terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões fi- nais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a deci- são. 9.2. Acordo O art. 764 da CLT dispõe que os dissídios individuais ou coletivos submetidos à aprecia- ção da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação. Para isso, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos (§ 1°). Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, pro- ferindo decisão (§ 2°). E é lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório (§ 3°). Também, segundo o art. 831 da CLT, a decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação, sendo que no caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas. Assim, havendo acordo, este será lavrado como decisão irrecorrível, só podendo ser ata- cado por ação rescisória, conforme dispõe a Súm. n° 259 do TST. 9.3. Sentença O art. 832 da CLT determina que da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão. Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o prazo e as condi- ções para o seu cumprimento (§ 1°). A decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte vencida (§ 2º). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 36 As decisões cognitivas ou homologatórias deverão sempre indicar a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo homologado, inclusive o limite de responsabi- lidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso (§ 3º). Conforme o art. 833 da CLT, existindo na decisão evidentes erros ou enganos de escrita, de datilografia ou de cálculo, poderão eles, antes da execução, ser corrigidos, ex officio, ou a requerimento dos interessados ou da Procuradoria da Justiça do Trabalho. Também, salvo nos casos previstos na CLT, a publicação das decisões e sua notificação aos litigantes, ou a seus patronos, consideram-se realizadas nas próprias audiências em que forem proferidas (art. 834). 9.4. Coisa julgada O art. 5º, inciso XXXVI, da CF/1988 dispõe que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Coisa julgada formal: tanto as sentenças terminativas quanto as definitivas atingem o estado de coisa julgada formal, quando há como consequência a preclusão recursal. Coisa julgada material: resulta da sentença que julga total ou parcialmente a lide. Abrange a coisa julgada formal. No Código de Processo Civil, encontramos que: Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indis- cutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. 9.5. Reparação por dano material De acordo com o art. 793-A da CLT, responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como reclamante, reclamado ou interveniente. E, nos termos do art. 793-B, considera-se litigante de má-fé aquele que: I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II – alterar a verdade dos fatos; III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI – provocar incidente manifestamente infundado; VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 37 De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 1% e inferior a 10% do valor corrigido da causa, para indenizar a parte contrária pelos prejuízos que sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou (art. 793-C). Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juízo condenará cada um na propor- ção de seu respectivo interesse na causa ou, solidariamente, aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária (§ 1°). Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (§ 2°). O valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso não seja possível mensurá-lo, li- quidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos (§ 3°). Por fim, conforme o art. 793-D, aplica-se a multa à testemunha que intencionalmente al- terar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa. E a execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos mesmos autos. 10. Dissídio Coletivo É o conflito resultante da infrutífera negociação havida entre os sindicatos patronais e os dos trabalhadores. É interposto no Tribunal Regional do Trabalho se a discussão for de âmbito regional ou estadual e no Tribunal Superior do Trabalho se a discussão for de âmbito nacional. São requisitos para a interposição dos dissídios coletivos:1) Frustação da negociação coletiva: não chegando as partes a um consenso quanto ao conteúdo de eventual acordo ou convenção coletiva de coletiva de tra- balho; 2) Comum acordo entre as partes: dispõe o art. 114, § 2º, da CF/1988 que, “recu- sando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições míni- mas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente”. Art. 114 da CF. (...) 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 38 § 1° Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2° Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de pro- teção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. § 3° Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. RITST Art. 241. Os dissídios coletivos podem ser: I – de natureza econômica, para a instituição de normas e condições de trabalho; II – de natureza jurídica, para interpretação de cláusulas de sentenças normativas, de ins- trumentos de negociação coletiva, acordos e convenções coletivas, de disposições legais particulares de categoria profissional ou econômica e de atos normativos; III – originários, quando inexistentes ou em vigor normas e condições especiais de traba- lho, decretadas em sentença normativa; IV – de revisão, quando destinados a reavaliar normas e condições coletivas de trabalho preexistentes que se tornarem injustas ou ineficazes pela modificação das circunstâncias que as ditaram; V – de declaração sobre a paralisação do trabalho decorrente de greve. Na CLT, a instância será instaurada mediante representação escrita ao Presidente do Tribunal. Poderá ser também instaurada por iniciativa do presidente, ou, ainda, a requeri- mento da Procuradoria da Justiça do Trabalho, sempre que ocorrer suspensão do trabalho (art. 856). A representação para instaurar a instância em dissídio coletivo constitui prerrogativa das associações sindicais, excluídas as hipóteses aludidas no art. 856, quando ocorrer sus- pensão do trabalho. Quando não houver sindicato representativo da categoria econômica ou profissional, poderá a representação ser instaurada pelas federações correspondentes e, na falta destas, pelas confederações respectivas, no âmbito de sua representação (art. 857). A representação será apresentada em tantas vias quantos forem os reclamados e deverá conter: designação e qualificação dos reclamantes e dos reclamados e a natureza do estabele- cimento ou do serviço, os motivos do dissídio e as bases da conciliação (art. 858). A representação dos sindicatos para instauração da instância fica subordinada à aprova- ção de assembleia, da qual participem os associados interessados na solução do dissídio cole- tivo, em primeira convocação, por maioria de 2/3, ou, em segunda convocação, por 2/3 dos pre- sentes (art. 859). Recebida e protocolada a representação, e estando na devida forma, o Presidente do Tribunal designará a audiência de conciliação, dentro do prazo de 10 (dez) dias, determinando a notificação dos dissidentes. Quando a instância for instaurada ex officio, a audiência deverá ser realizada dentro do prazo mais breve possível, após o reconhecimento do dissídio (art. 860). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 39 É facultado ao empregador fazer-se representar na audiência pelo gerente, ou por qual- quer outro preposto que tenha conhecimento do dissídio, e por cujas declarações será sempre responsável (art. 861). Na audiência designada, comparecendo ambas as partes ou seus representantes, o Pre- sidente do Tribunal as convidará para se pronunciarem sobre as bases da conciliação. Caso não sejam aceitas as bases propostas, o Presidente submeterá aos interessados a solução que lhe pareça capaz de resolver o dissídio (art. 862). Havendo acordo, o Presidente o submeterá à homologação do Tribunal na primeira ses- são (art. 863). Não havendo acordo, ou não comparecendo ambas as partes ou uma delas, o presidente submeterá o processo a julgamento, depois de realizadas as diligências que entender necessá- rias e ouvida a Procuradoria (art. 864). Quando o dissídio ocorrer fora da sede do Tribunal, poderá o presidente, se julgar conve- niente, delegar à autoridade local as atribuições de que tratam os arts. 860 e 862. Nesse caso, não havendo conciliação, a autoridade delegada encaminhará o processo ao Tribunal, fazendo exposição circunstanciada dos fatos e indicando a solução que lhe parecer conveniente (art. 866). As partes serão notificadas da decisão do Tribunal, ou seus representantes, em registro postal, com franquia, fazendo-se a sua publicação no jornal oficial, para ciência dos demais in- teressados. A sentença normativa vigorará: a partir da data de sua publicação, quando ajuizado o dissídio após o prazo do art. 616, § 3°, ou, quando não existir acordo, convenção ou sentença normativa em vigor, da data do ajuizamento; a partir do dia imediato ao termo final de vigência do acordo, convenção ou sentença normativa, quando ajuizado o dissídio no prazo do art. 616, § 3º (art. 867). Em caso de dissídio coletivo que tenha por motivo novas condições de trabalho e no qual figure como parte apenas uma fração de empregados de uma empresa, poderá o Tribunal com- petente, na própria decisão, estender tais condições de trabalho, se julgar justo e conveniente, aos demais empregados da empresa que forem da mesma profissão dos dissidentes. O Tribunal fixará a data em que a decisão deve entrar em execução, bem como o prazo de sua vigência, o qual não poderá ser superior a 4 (quatro) anos (art. 868). A decisão sobre novas condições de trabalho poderá também ser estendida a todos os empregados da mesma categoria profissional compreendida na jurisdição do Tribunal: a) por 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 40 solicitação de um ou mais empregadores, ou de qualquer sindicato destes; b) por solicitação de um ou mais sindicatos de empregados; c) ex officio, pelo Tribunal que houver proferido a decisão; d) por solicitação da Procuradoria da Justiça do Trabalho (art. 869). Celebrado o acordo, ou transitada em julgado a decisão, seguir-se-á o seu cumprimento (art. 872). Decorrido mais de 1 (um) ano de sua vigência, caberá revisão das decisões que fixarem condições de trabalho, quando houver modificação das circunstâncias que as ditaram, de modo que tais condições tenham se tornado injustas ou inaplicáveis (art. 873). 11. Sistema Recursal Trabalhista 11.1. Introdução aos recursos Cabem os seguintes recursos no processo do trabalho: • Recurso Ordinário; • Embargos de Declaração; • Recurso de Revista; • Embargos ao TST; • Agravo de Petição (fase de execução); • Agravo de Instrumento; • Agravo Regimental; • Pedido de Revisão; • Recurso Extraordinário; • Contrarrazões; • Recuso adesivo. Irrecorribilidade das decisões interlocutórias: apenas em recurso definitivo (art. 893, § 1º, da CLT), ou da decisão de incompetência em razão da matéria (art. 799, § 2º, da CLT); da decisão do TRT que contrarie súmula ou OJ do TST; das decisões suscetíveis de recurso para o próprio tribunal; da decisão que acolhe exceção de incompetência territorial com remessa a TRT diverso. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 41 Conforme o art. 893, § 1º, da CLT, os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento dasdecisões interlocutórias so- mente em recursos da decisão definitiva. E a Súm. nº 214 do TST diz que na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária a Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado (art. 799, § 2º, da CLT). 11.2. Efeito Os recursos têm efeito devolutivo, conforme estabelece o art. 899 da CLT. Respira, não pira... olha o artigo! Art. 899. Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente de- volutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora. Mas existem exceções, como a prevista no art. 14 da Lei nº 10.192/2001, no caso de decisão normativa, na medida e extensão conferidas em despacho do Presidente do Tribunal Superior do Trabalho. Súm. nº 414, I, do TST: A tutela provisória concedida na sentença não comporta impug- nação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015. Profundidade: qualidade das matérias que são submetidas à apreciação (vários funda- mentos na RT ou contestação e o juiz acolhe só um, silenciando os demais). O RO devolve todos os fundamentos (art. 1.013, § 2º, do CPC). Súm. nº 393 do TST: I – O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1o do art. 1.013 do CPC de 2015 (art. 515, § 1º, do CPC de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões, desde que relativos ao capítulo impugnado. II – Se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário, deverá decidir desde logo o mérito da causa, nos termos do § 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 42 3º do art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive quando constatar a omissão da sentença no exame de um dos pedidos. 11.3. Pressupostos de admissibilidade Pressupostos de admissibilidade: requisitos para que o recurso seja conhecido. 11.3.1. Intrínsecos (ligados às partes) • Legitimidade da parte: pessoa natural ou jurídica que tenha participado, como parte, do processo em primeiro grau de jurisdição, ainda que revel; • Capacidade da parte: é preciso que o recorrente, no momento de interposição do recurso, esteja plenamente capaz; • Interesse da parte: necessidade e utilidade. 11.3.2. Extrínsecos (ligados ao recurso) • Recorribilidade e adequação: a decisão atacada é passível de recurso e o recurso é o adequado; • Tempestividade: regra de oito dias (art. 6º da Lei nº 5.584/1970), salvo Embargos de Declaração. A Fazenda Pública e o Ministério Público possuem prazo em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar; • Preparo (depósito recursal + custas); • Regularidade de representação. Sobre o depósito recursal, é necessário observar o art. 899 da CLT. Conforme o § 4º do citado artigo, o depósito recursal será feito em conta vinculada ao juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança. Já o § 7° refere que, no ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal corresponderá a 50% do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar. E, con- forme o § 8º, quando o agravo de instrumento tem a finalidade de destrancar recurso de revista que se insurge contra decisão que contraria a jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada nas suas súmulas ou em orientação jurisprudencial, não haverá obri- gatoriedade de se efetuar o depósito. Respira, não pira... Olha o artigo! 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 43 Art. 899 da CLT. (...) § 9º O valor do depósito recursal será reduzido pela metade para entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos, microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte. § 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial. § 11. O depósito recursal poderá ser substituído por fiança bancária ou seguro garantia judicial. Ademais, conforme o TST: Súm. nº 86 do TST: Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de paga- mento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial. Súm. nº 99 do TST: Havendo recurso ordinário em sede de rescisória, o depósito recursal só é exigível quando for julgado procedente o pedido e imposta condenação em pecúnia, devendo este ser efetuado no prazo recursal, no limite e nos termos da legislação vigente, sob pena de deserção. Súm. n° 128 do TST: I – É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. II – Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, ele- vação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. III – Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. Súm. nº 161 do TST: Se não há condenação a pagamento em pecúnia, descabe o depósito de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 899 da CLT. Súm. nº 245 do TST: O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao recurso. A interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal. OJ nº 140 da SDI-1: Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido. IN TST nº 3/1993: (...) IX – é exigido depósito recursal para o recurso adesivo, observados os mesmos critérios e procedimentos do recurso principal previsto nesta Instrução Normativa. X – Não é exigido depósito recursal, em qualquer fase do processo ou grau de jurisdição, dos entes de direito público externo e das pessoas de direito público contempladas no Decreto-Lei nº 779, de 21.8.69, bem assim da massa falida e da herança jacente. Sobre a regularidade de representação, lembrar que: Súm. nº 383 do TST: I – É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada aos autos até o momento da sua interposição, salvo mandato tácito. Em caráter excepcional (art. 104 do CPC de 2015), admite-se que o advogado, independentemente de intimação, exiba a procuração no prazo de 5 (cinco) dias após a interposição do re- curso, prorrogável por igual período mediante despacho do juiz. Caso não a exiba, consi- dera-se ineficaz o ato praticado e não se conhece do recurso. II – Verificada a irregulari- dade de representação da parte em fase recursal, em procuração ou substabelecimento já constante dos autos, o relator ou o órgão competente para julgamento do recurso de- signará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 44 o relator não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamentodas contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art. 76, § 2º, do CPC de 2015). 11.4. Recurso Ordinário O recurso ordinário é o recurso que cabe da sentença, equivalendo à apelação do pro- cesso civil. Mas, ele também tem uma segunda hipótese de cabimento: das decisões do TRT em ações de competência originária, tais como a AR, MS e DC. Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 895 da CLT. Cabe recurso ordinário para a instância superior: I – das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; II – das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos. Conforme o § 1º do art. 895, nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário: II – será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor; III – terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julga- mento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão; IV – terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, regis- trando tal circunstância, servirá de acórdão. E, conforme o § 2º, os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. Ademais, conforme entendimento consolidado do TST: Súm. nº 158 do TST: Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, é cabível recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho, em face da organização judiciária trabalhista. Súm. n° 201 do TST: Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho em mandado de se- gurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem razões de contra- riedade. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 45 11.5. Recurso de Revista O recurso de revista é o recurso que cabe das decisões TRTs em recurso ordinário e agravo de petição. Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 896 da CLT. Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribu- nais Regionais do Trabalho, quando: a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal; b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a; c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. O recurso de revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será interposto perante o Presi- dente do Tribunal Regional do Trabalho, que, por decisão fundamentada, poderá recebê-lo ou denegá-lo (§ 1º). Conforme o § 1º-A, sob pena de não conhecimento, é ônus da parte: I – indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da con- trovérsia objeto do recurso de revista; II – indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional; III – expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte; IV – transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e veri- ficação, de plano, da ocorrência da omissão. Atenção! Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Cons- tituição Federal (§ 2º). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 46 A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (§ 7º). Quando o recurso se fundar em dissenso de julgados, incumbe ao recorrente o ônus de produzir prova da divergência jurisprudencial, mediante certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido pu- blicada a decisão divergente, ou ainda pela reprodução de julgado disponível na internet, com indicação da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifi- quem ou assemelhem os casos confrontados (§ 8°). Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da Constituição Fede- ral (§ 9°). Cabe recurso de revista por violação a lei federal, por divergência jurisprudencial e por ofensa à Constituição Federal nas execuções fiscais e nas controvérsias da fase de execução que envolvam a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), criada pela Lei n° 12.440/2011 (§ 10). Quando o recurso tempestivo contiver defeito formal que não se repute grave, o Tribunal Superior do Trabalho poderá desconsiderar o vício ou mandar saná-lo, julgando o mérito (§ 11). Da decisão denegatória caberá agravo, no prazo de 8 (oito) dias (§ 12). O relator do recurso de revista poderá denegar-lhe seguimento, em decisão monocrática, nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco ou intrínseco de admissibilidade (§ 14). 11.5.1. Transcendência A transcendência é um requisito para a admissibilidade de recurso de revistas, consistindo basicamente em ter a causa uma relevância social, para além dos interesses apenas das partes. Art. 896-A da CLT. O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natu- reza econômica, política, social ou jurídica. § 1° São indicadores de transcendência, entre outros: I – econômica, o elevado valor da causa; II – política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 47 Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal; III – social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente assegurado; IV – jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislaçãotraba- lhista. Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso de revista que não demonstrar transcendência, cabendo agravo desta decisão para o colegiado (§ 2º). Em relação ao recurso que o relator considerou não ter transcendência, o recorrente po- derá realizar sustentação oral sobre a questão da transcendência, durante cinco minutos em sessão (§ 3°). Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso, será lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal (§ 4°). É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da matéria (§ 5°). O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o critério da transcendência das questões nele veiculadas (§ 6°). E, conforme entendimento do TST: Súm. nº 126 do TST: Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, b, da CLT) para reexame de fatos e provas. Súm. nº 184 do TST: Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos. Súm. nº 218 do TST: É incabível recurso de revista interposto de acórdão regional prola- tado em agravo de instrumento. Súm. nº 221 do TST: A admissibilidade do recurso de revista por violação tem como pres- suposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado. Súm. nº 266 do TST: A admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão pro- ferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na exe- cução, inclusive os embargos de terceiro, depende de demonstração inequívoca de vio- lência direta à Constituição Federal. Súm. n° 296 do TST: I – A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica, revelando a existên- cia de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram. II – Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas concretas de especificidade da divergência colacionada no apelo revisional, conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso. Súm. n° 297 do TST: I – Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito. II – Incumbe à parte inte- ressada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão. III – Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração. Súm. n° 333 do TST: Não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. Súm. n° 442 do TST: Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 48 admissibilidade de recurso de revista está limitada à demonstração de violação direta a dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do Tribunal Superior do Trabalho, não se admitindo o recurso por contrariedade a Orientação Jurisprudencial deste Tribunal (Livro II, Título II, Capítulo III, do RITST), ante a ausência de previsão no art. 896, § 6°, da CLT. 11.6. Embargos de Declaração Os embargos de declaração são cabíveis para sanar omissão, obscuridade, contradição ou manifesto equívoco nos pressupostos de admissibilidade. Buscam, pois sanar um vício e não a reforma da decisão. Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 897-A da CLT. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subse- quente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pres- supostos extrínsecos do recurso. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes (§ 1º). Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular a representação da parte ou au- sente a sua assinatura (§ 3°). Objeto (fundamentação vinculada): • Omissão: a omissão pode ser de ponto, questão ou matéria sobre os quais devia o juiz ou tribunal se pronunciar; • Obscuridade: se a sentença ou acordão não for claro, impedindo ou dificultando a correta compreensão do julgado; • Contradição (interna à decisão): a contradição pode ocorrer entre o relatório e a fundamentação, ou entre a fundamentação e o dispositivo, ou qualquer das partes da sentença; • Manifesto equívoco quanto ao exame dos pressupostos extrínsecos dos recursos. Art. 897-A da CLT. (...) § 2º Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 dias. OJ n° 142 da SDI-1: É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 49 com efeito modificativo sem que seja concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrária. 11.7. Agravo de Instrumento O agravo de instrumento é o recurso que cabe diante de decisão denegatória de recurso. Ou seja, quando o juízo a quo não remete o recurso para o juízo ad quem. Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 897 da CLT. Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias: (...) b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos. O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber agravo de petição não suspende a execução da sentença (§ 2º). O agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada (§ 4º). Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instru- indo a petição de interposição: obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agra- vado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, do depósito recursal referente ao recurso que se pretende destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e do depósito recursal a que se refere o § 7º do art. 899 da CLT; facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da matéria de mérito controvertida (§ 5°). O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso principal, instru- indo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos (§ 6º). Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal, obser- vando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso (§ 7°). O agravo de instrumento cabe em recurso ordinário, recurso de revista, recurso extraordi- nário, recurso adesivo e agravo de petição. Não cabe em Embargos ao TST, pois, nesse caso, caberia agravo regimental. O depósito recursal será de 50% do valor do recurso que se pretende destrancar (no ato de interposição – art. 899, § 7°). Não será necessário, no entanto, em recurso de revista quando contrariar jurisprudência uniforme do TST, consubstanciada nas súmulas ou OJs. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 50 11.8. Embargos ao TST Este recurso é utilizado quando já há uma decisão do TST, podendo ser subdividido em embargos de divergência – nos dissídios individuaise Embargos Infringentes – nos dissídios coletivos. Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 894 da CLT. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 (oito) dias: I – de decisão não unânime de julgamento que: a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a com- petência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei; e b) (VETADA) II – das decisões das Turmas que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal. Infringentes: são dirigidos ao Presidente do TST, devendo ser requerido o encaminha- mento das razões à Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Embargos de divergência: interpostos perante o Presidente da Turma do TST que julgou o recurso, e encaminhamento das razões à Subseção 1 da Seção Especializada em Dissídios Individuais do TST. Cabimento: reexame pela SDI da decisão proferida pelo TST, quando se tratar de matéria exclusivamente de direito e a decisão da Turma do TST: • Contrariar acordão de outra Turma do TST; • Contrariar acordão da SDI; • Contrariar súmula do TST; • Contrariar orientação jurisprudencial do TST; • Contrariar súmula vinculante. Sobre o tema, observe o entendimento do TST: Súm. n° 433 TST: A admissibilidade do recurso de embargos contra acórdão de Turma em Recurso de Revista em fase de execução, publicado na vigência da Lei nº 11.496, de 26.06.2007, condiciona-se à demonstração de divergência jurisprudencial entre Turmas ou destas e a Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho em relação à interpretação de dispositivo constitucional. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 51 11.9. Recurso Extraordinário A competência é do Superior Tribunal Federal. O recurso extraordinário é interposto das decisões proferidas pelo Tribunal Superior do Trabalho, desde que agridam a Constituição Fe- deral, no prazo de 15 (quinze) dias. Previsão no art. 102, III, da CF/1988. Requisitos: • Esgotamento das vias recursais trabalhistas; • Prequestionamento da matéria constitucional; • Ofensa literal e direta à Constituição. 11.10. Agravo de Petição O agravo de petição está previsto no art. 897, a, da CLT. Ele cabe, no prazo de 8 (oito) dias, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções. Atenção: das decisões na execução cabe agravo de petição (Ao, Ao). O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença (§ 1º). 11.11. Agravo Interno O agravo interno é o recurso cabível diante de decisão de relator e tem por finalidade levar a discussão da matéria para o colegiado. CPC Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. RITST Art. 265. Cabe agravo interno contra decisão dos Presidentes do Tribunal e das Turmas, do Vice-Presidente, do Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho ou de relator, nos termos da legislação processual, no prazo de 8 (oito) dias úteis, pela parte que se considerar prejudicada. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 52 12. Execução Trabalhista 12.1. Liquidação de sentença Atenção! Sobre a liquidação de sentença, você precisa ficar de olho no art. 879 da CLT, pois ele é muito cobrado em prova. Respira, não pira.... olha o artigo! Art. 879. Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquida- ção, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos. § 1° Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal. § 1°-A. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devi- das. § 1°-B. As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente. § 2° Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes prazo comum de 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 53 oito dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão. § 3° Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão. A atualização do crédito devido à Previdência Social observará os critérios estabelecidos na legislação previdenciária. O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamen- tado, dispensar a manifestação da União quando o valor total das verbas que integram o salário de contribuição, na forma do art. 28 da Lei n° 8.212/1991, ocasionar perda de escala decorrente da atuação do órgão jurídico (§§ 4° e 5° do art. 879 da CLT). Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá nomear perito para a ela- boração e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários, com ob- servância, entre outros, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade (§ 6°). Ainda de acordo com o artigo citado, a atualização dos créditos decorrentes de condena- ção judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, con- forme a Lei n° 8.177/1991. Porém, o STF declarou inconstitucional essa correção – valendo o IPCA-E e a SELIC (STF – ADC n° 58/DF 0076586-62.2018.1.00.0000 – rel. Gilmar Mendes – Tribunal Pleno – j. 18-12-2020 – Data de publicação 7-4-2021). 12.2. Regras gerais da execução Analogia – aplicação subsidiária. A execução trabalhista altera a ordem de aplicação subsidiária da normativa processual. Aplicação subsidiária das normas da Lei de Execuções Fiscais, restando o Código de Processo Civil em última posição. Assim, será observada a seguinte ordem: CLT, Lei nº 6.830/1980 e CPC. Iniciativa: conforme o art. 878 da CLT, a execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado. Título executivo Execução de títulos judiciais (art. 876 da CLT): 1) Decisões passadas em julgado; 2) Decisões das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; 3) Acordos, quando não cumpridos (art. 831 da CLT); 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 54 4) Créditos previdenciários decorrentes de sentença condenatória. Execução de títulos extrajudiciais (art. 876 da CLT): 1) Termos de ajustamento de conduta firmados perante o Ministério Público do Tra- balho; 2) Termos celebrados na Comissão de Conciliação Prévia (CCP); 3) Certidão da dívida ativa da União (multas da fiscalização). Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 876 da CLT. As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de con- duta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executadas pela forma estabelecida neste Capítulo. Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais pre- vistas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que homologar. Também são títulos executivos: • Cheque e nota promissória(art. 13 da IN TST n° 39/2016); • Multas (art. 114, VII, da CF/1988 e art. 784, IX, do CPC); • Sentença arbitral. Art. 784 do CPC. São títulos executivos extrajudiciais: (...) IX – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; (...) Competência A competência para processar a execução será do juízo em que tramitou o processo de conhecimento ou onde deveria ter tramitado, no caso de título extrajudicial. CLT Art. 877. É competente para a execução das decisões o Juiz ou Presidente do Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio. Art. 877-A. É competente para a execução de título executivo extrajudicial o juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à matéria. Citação do executado 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 55 Cita-se o executado para que pague em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora. Art. 880 da CLT. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (qua- renta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora. O mandado de citação deverá conter a decisão exequenda ou o termo de acordo não cumprido (§ 1°). A citação será feita pelos oficiais de diligência (§ 2°). Se o executado, procurado por duas vezes no decurso de 48 (quarenta e oito) horas, não for encontrado, far-se-á citação por edital, publicado no jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede da Junta ou Juízo, durante 5 (cinco) dias (§ 3°). Conforme o art. 882 da CLT, o executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante depósito da quantia correspondente, atualizada e acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-garantia judicial ou nomeação de bens à pe- nhora, observada a ordem preferencial estabelecida no art. 835 do CPC. 12.3. Embargos, Impugnação e exceção de pré-executividade Embargos à execução Os embargos à execução, ou embargos do executado, estão previstos no art. 884 da CLT. Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 884. Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação. A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida (§ 1°). Se, na defesa, tiverem sido arroladas testemunhas, poderá o Juiz ou o Presidente do Tri- bunal, caso julgue necessários seus depoimentos, marcar audiência para a produção das provas, a qual deverá se realizar dentro de 5 (cinco) dias (§ 2°). Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a sentença de liquida- ção, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo prazo (§ 3°). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 56 Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e as impugnações à liquidação apresen- tadas pelos credores trabalhista e previdenciário (§ 4°). Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados incons- titucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatí- veis com a Constituição Federal (§ 5°). A exigência da garantia ou penhora não se aplica às entidades filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compuseram a diretoria dessas instituições (§ 6°). Fique atento ao prazo: 5 (cinco) dias contados da garantia ou penhora. O prazo co- meça a fluir do depósito da importância da condenação ou assinatura do termo de penhora. Dispensa do cumprimento da garantia do juízo: Fazenda Pública (arts. 910 do CPC e 100 da CF/1988). 12.4. Embargos de terceiro Os embargos de terceiro, por sua vez, buscam defender terceiro no processo. No art. 674 do CPC temos que: quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. Considera-se terceiro para ajuizamento dos embargos, conforme o § 2º: I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua mea- ção, ressalvado o disposto no art. 843; II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução; III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da perso- nalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte; IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios res- pectivos. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento en- quanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta (art. 675). Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 57 oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta (art. 676). Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas. É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz. O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio alheio. A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação principal. Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição apro- veita, assim como o será seu adversário no processo principal, quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial (art. 677). A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossufici- ente (art. 678). Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se se- guirá o procedimento comum (art. 679). E, acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante (art. 681). Desconsideração da personalidade jurídica Adota-se a teoria do Código de Defesa do Consumidor (CDC), art. 28, para a possibilidade de desconsideração. Sobre o procedimento: Respira, não pira... olha o artigo! Art. 855-A da CLT. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei n° 13.105, de 16 de março de 2015 – Código de Processo Civil. § 1° Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente: I – na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1° do art. 893 desta Consolidação; II – na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de garantia do juízo; III – cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente no tribunal.§ 2º A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 58 tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). Não esqueça que, conforme o CPC, art. 135, instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. Exceção de Pré-executividade É uma construção doutrinária e jurisprudencial. Não tem necessidade de garantia do juízo e nem a produção de provas. É, pois, uma defesa do executado, mas sem necessidade de garantia do juízo, porém com alegações limitadas. Situações cabíveis • Ausência de citação no processo de conhecimento; • Incompetência da JT; • Litispendência, coisa julgada, perempção; • Prescrição intercorrente; • Excesso de execução, quitação, novação. Quanto à sua estrutura e modelo de peça, segue o mesmo de embragos à execução cim o cuidado de que não há necessidade de garantia do juízo e não há dilação probatória. 12.5. Penhora e Expropriação Penhora De acordo com o art. 883 da CLT, não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á a penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da con- denação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial. Para a penhora, observam-se as normas do Código de Processo Civil quanto à ordem e a impenhorabilidade de bens. Já conforme o art. 883-A da CLT, a decisão judicial transitada em julgado somente poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois de 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 59 transcorrido o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias a contar da citação do executado, se não houver garantia do juízo. Cuidado! Para a decisão judicial ser levada a protesto, precisa ter passado o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias sem garantia do juízo. Expropriação Conforme o art. 888, concluída a avaliação, dentro de 10 (dez) dias, contados da data da nomeação do avaliador, seguir-se-á a arrematação, que será anunciada por edital afixado na sede do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a antecedência de 20 (vinte) dias. A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anunciados e os bens serão vendidos pelo maior lance, tendo o exequente a preferência para a adjudicação (§ 1º). O arrematante deverá garantir o lance com o sinal correspondente a 20% do seu valor (§ 2°). Não havendo licitante, e não requerendo o exequente a adjudicação dos bens penhora- dos, poderão estes ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo Juiz ou Presidente (§ 3º). Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de 24 (vinte e quatro) horas o preço da arrematação, perderá, em benefício da execução, o sinal de 20%, voltando os bens executados à praça (§ 4º). 12.6. Execução contra a massa falida, Fazenda Pública Execução contra massa falida Quando se tratar de execução contra a Massa Falida, deve-se observar as disposições da Lei 11.101/05. Destaca-se as seguintes regras: Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judi- cial implica: (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei; (Incluído pela Lei nº14.112, de 2020) (Vigência) II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência; (Incluído pela Lei nº14.112, de 2020) (Vigência) III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apre- ensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de deman- das judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação ju- dicial ou à falência. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) § 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. § 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modifi- cação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 60 geral de credores pelo valor determinado em sentença. § 3º O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º deste artigo poderá deter- minar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria. § 4º Na recuperação judicial, as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo perdurarão pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado do deferimento do processamento da recuperação, prorrogável por igual período, uma única vez, em caráter excepcional, desde que o devedor não haja concorrido com a superação do lapso temporal. Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de aci- dentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa. Execução contra Fazenda Pública A execução em face da Fazenda Pública segue regras diferentes, pois seus pagamentos são feitos por precatórios e RPVs, conforme art. 100 da CF, não havendo necessidade de ga- rantia do juízo para embargar. Ademais, o prazo para embargos será de 30 dias, conforme tema 137 do STF e art. -B da Lei 9494/97. Execução de contribuições previdenciárias A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que ho- mologar.(parágrafo único do art. 876 da CLT). 13. Ações Especiais 13.1. Inquérito judicial para apuração de falta grave Trata-se de ação judicial proposta pelo empregador em face do empregado, prevista nos arts. 853 a 855 da CLT. É ação constitutiva (negativa) necessária para apuração de falta grave que autoriza a resolução do contrato de trabalho do empregado estável. Empregado estável + falta grave = inquérito. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 61 Conforme o art. 494 da CLT, o empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito e verificada a pro- cedência da acusação. A suspensão perdurará até a decisão final do processo. Reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado, fica o empregador obrigado a readmiti-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a que teria direito no período da sus- pensão (art. 495). Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau de incom- patibilidaderesultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa física, o tri- bunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida (art. 496). Respira, não pira... Olha o artigo! CLT Art. 853. Para a instauração do inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido com estabilidade, o empregador apresentará reclamação por escrito à Junta ou Juízo de Direito, dentro de 30 (trinta) dias, contados da data da suspensão do empre- gado. Art. 482. Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido sus- pensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar; m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profis- são, em decorrência de conduta dolosa do empregado. Súm. n° 379 do TST: O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, § 3°, da CLT. Efeitos da sentença: a) Se procedente o inquérito: a ação tem natureza constitutiva, autorizando a dispensa por justa causa. Se houver suspensão prévia do obreiro, a extinção do contrato é considerada a partir da data da interposição do inquérito. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 62 b) Se improcedente o inquérito: inexistindo suspensão, o contrato permanece íntegro, como se nada tivesse ocorrido. Se houver suspensão, deverá o obreiro ser reintegrado, pagando- se os salários do período e demais direitos trabalhistas, como já asseveramos anteriormente. Se desaconselhável a reintegração, a obrigação poderá ser convertida em indenização, nos termos do art. 496 da CLT. Lembre-se! Será permitido a cada parte trazer seis testemunhas para a audiência. 13.2. Ação rescisória A ação rescisória cabe nas hipóteses previstas pelo art. 966 do CPC, pois o art. 836 da CLT direciona para o procedimento comum, apenas referindo que o depósito prévio será de 20%. Respira, não pira.... Olha o artigo! Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor. Sobre as hipóteses de cabimento, utiliza-se o CPC: Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I – se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II – for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III – resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV – ofender a coisa julgada; V – violar manifestamente norma jurídica; VI – for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII – obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII – for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. Fique atento também ao que dispõe a Súm. nº 100 do TST, sobre o prazo decadencial: I – O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia imediatamente subse- quente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou não. (...) V – O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação judicial. (...) IX – Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subsequente, o prazo decaden- cial para ajuizamento de ação rescisória quando expira em férias forenses, feriados, finais 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 63 de semana ou em dia em que não houver expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT. (...) A Súm. nº 299 do TST, por sua vez, trata da prova do trânsito em julgado, referindo que: I – É indispensável ao processamento da ação rescisória a prova do trânsito em julgado da decisão rescindenda. II – Verificando o relator que a parte interessada não juntou à inicial o documento comprobatório, abrirá prazo de 15 (quinze) dias para que o faça (art. 321 do CPC de 2015), sob pena de indeferimento. III – A comprovação do trânsito em julgado da decisão rescindenda é pressuposto processual indispensável ao tempo do ajui- zamento da ação rescisória. Eventual trânsito em julgado posterior ao ajuizamento da ação rescisória não reabilita a ação proposta, na medida em que o ordenamento jurídico não contempla a ação rescisória preventiva. IV – O pretenso vício de intimação, posterior à decisão que se pretende rescindir, se efetivamente ocorrido, não permite a formação da coisa julgada material. Assim, a ação rescisória deve ser julgada extinta, sem julgamento do mérito, por carência de ação, por inexistir decisão transitada em julgado a ser rescin- dida. Art. 975 do CPC. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) anos, conta- dos do trânsito em julgado da decisão. 13.3. Acordo extrajudicial Empregado e empregador podem fazer um acordo extrajudicial e levar para homologação, mas, nesse caso, devem constituir advogado. O processo de jurisdição voluntária para homologação de acordo extrajudicial está pre- visto na CLT: Respira, não pira... olha o artigo! Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado. § 1º As partes não poderão ser representadas por advogado comum. § 2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria. Essa possibilidade de acordo não prejudica o prazo estabelecido no § 6° do art. 477 da CLT (dez dias do término do contrato) e não afasta a aplicação da multa prevista no § 8° art. 477 (160 BTN), ou seja, o prazo para pagamento das verbas rescisórias deve ser observado, sob pena de aplicação de multa. Ainda, conforme o art. 855-D da CLT, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da distribuição da petição, o juiz analisará o acordo, designará audiência, se entender necessário, e proferirá sentença. Da sentença que não homologar o acordo cabe Recurso Ordinário. Por fim, o art. 855-E da CLT refere que a petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados. O prazo 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 64 prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do acordo. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 65 1. Teoria Geral do Processo do Trabalho 1.1. Fontes 1.2. Aplicabilidadedo Código de Processo Civil 1.3. Princípios 2. Organização e Competência da Justiça do Trabalho 2.1. Organização da Justiça do Trabalho e MPT 2.2. Competência territorial 2.3. Competência material da Justiça do Trabalho 3. Partes e Procuradores 3.1. Honorários de sucumbência 3.2. Custas e justiça gratuita 4. Atos, Termos, Prazos e Vícios dos Atos Processuais 4.1. Atos e prazos processuais 4.2. Nulidades 5. Procedimentos Trabalhistas 5.1. Procedimento sumaríssimo 5.2. Procedimento sumário 5.3. Procedimento ordinário 5.4. Procedimentos especiais 6. Petição Inicial e Resposta do Réu 6.1. Reclamação trabalhista 6.2. Distribuição 6.3. Tramitação preferencial 6.4. Reclamação plúrima 6.5. Desistência 6.6. Tutela provisória 6.7. Defesa do réu 6.7.1. Contestação 6.7.2. Exceções 6.7.2.1. Exceção de incompetência 6.7.2.2. Exceção de suspeição 7. Audiência 8. Provas 8.1. Ônus da prova 8.2. Depoimento pessoal 8.3. Prova documental 8.4. Intérprete 8.5. Testemunhas 8.6. Perícia 9. Razões Finais, Sentença e Coisa Julgada 9.1. Alegações finais 9.2. Acordo 9.3. Sentença 9.4. Coisa julgada 9.5. Reparação por dano material 10. Dissídio Coletivo 11. Sistema Recursal Trabalhista 11.1. Introdução aos recursos 11.2. Efeito 11.3. Pressupostos de admissibilidade 11.3.1. Intrínsecos (ligados às partes) 11.3.2. Extrínsecos (ligados ao recurso) 11.4. Recurso Ordinário 11.5. Recurso de Revista 11.5.1. Transcendência 11.6. Embargos de Declaração 11.7. Agravo de Instrumento 11.8. Embargos ao TST 11.9. Recurso Extraordinário 11.10. Agravo de Petição 11.11. Agravo Interno 12. Execução Trabalhista 12.1. Liquidação de sentença 12.2. Regras gerais da execução 12.3. Embargos, Impugnação e exceção de pré-executividade 12.4. Embargos de terceiro 12.5. Penhora e Expropriação 12.6. Execução contra a massa falida, Fazenda Pública 13. Ações Especiais 13.1. Inquérito judicial para apuração de falta grave 13.2. Ação rescisória 13.3. Acordo extrajudicialcaso de depósito recursal, na fixação da competência territorial, entre outros. Informalidade: o processo do trabalho é menos burocrático que o processo comum, bus- cando uma linguagem mais acessível e atos mais simples, por exemplo, com a possibilidade de petição inicial e contestação verbal, comparecimento das testemunhas independentemente de intimação, entre outros. Conciliação: tradicionalmente, a Justiça do Trabalho é conhecida por ser uma justiça que busca a conciliação. E tal objetivo está estampado no art. 764 da CLT que refere que: “Os dissí- dios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre su- jeitos à conciliação”. Majoração dos poderes do juiz: em alguns artigos, a CLT autoriza o juiz a adotar medi- das que entender necessárias, como no art. 765, que refere que: “Os Juízos e Tribunais do Tra- balho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das cau- sas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”. E também se observa essa majoração na possibilidade de iniciar o incidente de desconsideração da persona- lidade jurídica e a execução, de ofício, quando a parte não estiver representada por advogado. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 7 Função social do processo do trabalho: busca-se um processo célere, justo e confiável, sendo que o art. 8° da CLT destaca que: Art. 8° da CLT. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de dispo- sições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse pú- blico. Princípio da normatização coletiva: advém da possibilidade de a Justiça do Trabalho criar, dentro dos limites constitucionais, normas aplicáveis no âmbito das categorias profissionais e econômicas envolvidas no conflito coletivo. Princípio da impugnação específica: o réu/reclamado deve se manifestar precisamente sobre os fatos, caso contrário, há presunção de veracidade dos fatos não impugnados, exceto se não for admissível a confissão, se a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar substância do ato, ou estiver em contradição com a defesa considerada em seu conjunto. Está previsto no art. 341 do CPC. Princípio da eventualidade: as partes devem utilizar todas as matérias de defesa ou interesse no momento próprio. Está previsto no art. 336 da CPC. Princípio da preclusão: decorre da ideia lógica do processo, de que é formado por eta- pas, e que há atos a serem desenvolvidos em cada momento. É estampado quando a CLT refere que a nulidade deve ser alegada na primeira oportunidade, sob pena de preclusão (art. 795), somente não se aplicando em caso de nulidade absoluta, já que pode ser conhecida a qualquer tempo e grau de jurisdição. A preclusão também está prevista no art. 879, §§ 2° e 3°, da CLT. Princípio da economia processual: busca evitar o dispêndio desnecessário de tempo e de dinheiro. Aproveitamento dos atos processuais. Princípio da busca da verdade real: esse princípio deriva do princípio do direito material do trabalho da primazia da realidade. O art. 765 da CLT refere que o juiz deve determinar as diligências necessárias ao escarmento das causas. Princípio da boa-fé processual: também chamado de princípio da probidade e da leal- dade, trata do dever das partes de não agir com má-fé. Está estampado no art. 5° do CPC. Atenção! Com a reforma trabalhista, a CLT passou a tratar da responsabilidade por dano processual daquele que agir de má-fé. Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como reclamante, 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 8 reclamado ou interveniente. Igualdade/isonomia: não só a formal, necessidade de adaptação. Exceções: custas dis- pensadas aos necessitados e carentes; duplo grau de jurisdição obrigatório; pessoas jurídicas de direito público. Ainda, destacam-se outros importantes princípios: • Contraditório e ampla defesa; • Imparcialidade do juiz; • Devido processo legal; • Acesso à justiça. 2. Organização e Competência da Justiça do Trabalho 2.1. Organização da Justiça do Trabalho e MPT Órgãos que compõem a Justiça do Trabalho (art. 111 da CF/1988) a) Tribunal Superior do Trabalho (TST – Brasília); b) Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs); c) Juízes do Trabalho (Varas do Trabalho). Varas do Trabalho Conforme o art. 652 da CLT, compete às Varas do Trabalho: 1) Conciliar e julgar: os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de empregado; os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo de rescisão do contrato individual de trabalho; os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice; os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho; as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO) decorrentes da relação de trabalho (alínea a). 2) Processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave (alínea b). 3) Julgar os embargos opostos às suas próprias decisões (alínea c). 4) Impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência (alínea d). 5) Decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de competência da Justiça do Trabalho (alínea e). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 9 E, nos termos do art. 653 da CLT, compete, ainda, às Varas: requisitar às autoridades competentes a realização das diligências necessárias ao esclarecimento dos feitos sob sua apreciação, representando contra aquelas que não atenderem a tais requisições; realizar as di- ligências e praticar os atos processuais ordenados pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou pelo Tribunal Superior do Trabalho; julgar as suspeições arguidas contra os seus membros; julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas; expedir precatórias e cumprir as que lhes forem deprecadas; exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, quaisquer outras atribuições que decorram da sua jurisdição (alíneas a, b, c, d, e e f). Ademais, nos termos do art. 659 da CLT, competem privativamente ao Juízes do Trabalho as seguintes atribuições: presidir às audiências (inciso I); executar as suas próprias deci- sões, as proferidas pela Vara e aquelas cuja execução lhes for deprecada (inciso II); despachar os recursos interpostos pelas partes (inciso VI); conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do art. 469 da CLT (inciso IX); conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afas- tado, suspenso ou dispensado pelo empregador (inciso X). TST: competência para julgar o Recurso de Revista, Embargos ao TST e Recurso Ordi- nário (de ações de competência originárias do TRT). Além disso, julga ações de competência originárias, tais como: MS, AR, DC. Conforme art. 111-A da CF: O Tribunal Superior do Trabalho compõe-se de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, e os demais dentre juízes dos Tribunais Regi- onais do Trabalho, oriundosda magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. TRT: competência para julgar o Recurso Ordinário e Agravo de Petição. Além disso, julga ações de competência originárias, tais como: MS, AR, DC. Na CLT, encontramos que: Art. 678. Aos Tribunais Regionais, quando divididos em Turmas, compete: I - ao Tribunal Pleno, especialmente: a) processar, conciliar e julgar originariamente os dissídios coletivos; b) processar e julgar originariamente: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 10 1) as revisões de sentenças normativas; 2) a extensão das decisões proferidas em dissídios coletivos; 3) os mandados de segurança; 4) as impugnações à investidura de vogais e seus suplentes nas Juntas de Conciliação e Julgamento; c) processar e julgar em última instância: 1) os recursos das multas impostas pelas Turmas; 2) as ações rescisórias das decisões das Juntas de Conciliação e Julgamento, dos juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista, das Turmas e de seus próprios acórdãos; 3) os conflitos de jurisdição entre as suas Turmas, os juízes de direito investidos na juris- dição trabalhista, as Juntas de Conciliação e Julgamento, ou entre aqueles e estas; d) julgar em única ou última instâncias: 1) os processos e os recursos de natureza administrativa atinentes aos seus serviços au- xiliares e respectivos servidores; 2) as reclamações contra atos administrativos de seu presidente ou de qualquer de seus membros, assim como dos juízes de primeira instância e de seus funcionários. II - às Turmas: a) julgar os recursos ordinários previstos no art. 895, alínea a; b) julgar os agravos de petição e de instrumento, estes de decisões denegatórias de re- cursos de sua alçada; c) impor multas e demais penalidades relativas e atos de sua competência jurisdicional, e julgar os recursos interpostos das decisões das Juntas dos juízes de direito que as impu- serem. Ministério Público do Trabalho Conforme a Constituição, em seu art. 127, o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Para a área trabalhista, terá atuação o Ministério Público do Trabalho: Art. 128. O Ministério Público abrange: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados. Lembre-se que, conforme o art. 129, são funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua ga- rantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art895 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 11 VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisi- tando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar menci- onada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. 2.2. Competência territorial A competência territorial é disciplinada pelo art. 651 da CLT: Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela lo- calidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. Logo, a regra é que a ação seja ajuizada no local da prestação dos serviços. Quando, porém, for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subor- dinado e, na falta, será competente a da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. Ademais, a competência das Varas estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dis- pondo em contrário. Tratando-se de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do con- trato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. 2.3. Competência material da Justiça do Trabalho A competência material da Justiça do Trabalho está estabelecida no art. 114 da CF/1988: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público ex- terno e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Fede- ral e dos Municípios; II – as ações que envolvam exercício do direito de greve; III – as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalha- dores, e entre sindicatos e empregadores; IV – os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questio- nado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 12 V – os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o dis- posto no art. 102, I, o; VI – as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII – as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pe- los órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX – outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Além disso, temos que observar os posicionamentos consolidados do TST e STF sobre o tema. Súm. Vinc. nº 23 do STF: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalha- dores da iniciativa privada. Súm. nº 62 do STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa ano- tação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada. Súm. nº 363 do STJ: Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente. Súm. nº 189 do TST: A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve. Súm. n° 300 do TST: Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social (PIS). Súm. n° 368 do TST: I – A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhi- mento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribui- ção. (...) Súm. nº 389 do TST: I – Inscreve-sena competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do seguro-desemprego. II – O não-fornecimento pelo empregador da guia ne- cessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização. Súm. n° 392 do TST: Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por dano moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou suces- sores do trabalhador falecido. O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que cabe à Justiça Comum julgar processos decorrentes de contrato de previdência complementar privada. A decisão ocorreu nos Recursos Extraordinários (REs) n° 586.453 e n° 583.050. A matéria teve repercussão geral reconhecida e, portanto, passa a valer para todos os processos semelhantes que tramitam nas diversas instâncias do Poder Judiciário. O Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5.326, en- tendeu que a competência é da Justiça comum para a autorização de trabalho de menor, pois o legislador, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), determinou que o juiz da Infância 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 13 e da Juventude fosse a autoridade judiciária responsável pelos processos de tutela integral dos menores. Súm. n° 736 do STF: Compete à justiça do trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores. Tema 853 do STF: Competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar reclama- ção trabalhista, fundada em contrato de trabalho regido pela CLT, na qual figura o Poder Público no polo passivo. Tema 1166 do STF: Competência para processar e julgar ação trabalhista contra o em- pregador objetivando o pagamento de diferenças salariais e dos respectivos reflexos nas contribuições devidas à entidade previdenciária. Para não esquecer: 3. Partes e Procuradores Jus postulandi: tem sua previsão no art. 791 da CLT e encontra seus limites na Súm. nº 425 do TST. Art. 791 da CLT. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. Respira, não pira... Olha a súmula! 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 14 Súm. nº 425 do TST: O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita- se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Para não esquecer: Sobre as partes e procuradores, fique atento para: Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. § 3º A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado inte- ressado, com anuência da parte representada. a) A reclamação do menor de 18 anos = representação: a reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador nomeado em juízo (art. 793 da CLT). b) Não aplicação do prazo em dobro para litisconsortes: inaplicável ao processo do traba- lho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC, em razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente (OJ nº 310 da SDI-1). Art. 611-A (...) § 5º Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação individual ou coletiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos. OJ nº 310 SDI-1. Inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973), em razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 15 c) Necessidade de procuração para interpor recurso: é inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada aos autos até o momento da sua interposição, salvo mandato tácito. Em caráter excepcional (art. 104 do CPC), admite-se que o advogado, independentemente de intimação, exiba a procuração no prazo de 5 (cinco) dias após a interposição do recurso, prorrogável por igual período mediante despacho do juiz. Caso não a exiba, considera-se ineficaz o ato praticado e não se conhece do recurso. Verificada a irregularidade de representação da parte em fase recursal, em procuração ou substabelecimento já constante dos autos, o relator ou o órgão competente para julgamento do recurso designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art. 76, § 2°, do CPC e Súm. nº 383 do TST). 3.1. Honorários de sucumbência O advogado da parte vencedora terá direito ao recebimento de honorários de sucumbên- cia. Segundo o art. 791-A da CLT, ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15%. Respira e não pira... Olha o artigo! Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito eco- nômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria. Ao fixar os honorários, o juízo observará: a) O grau de zelo do profissional; b) O lugar de prestação do serviço; c) A natureza e a importância da causa; d) O trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recí- proca, vedada a compensação entre os honorários (§ 3º do art. 791-A da CLT). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 16 Vencido o beneficiário da justiça gratuita – dizia o § 4º do art. 791-A –, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. Porém, o STF declarou inconstitucional essa previsão (ADI nº 5766). E, finalmente, são devidos honorários de sucumbência na reconvenção. De modo que quem tem a gratuidade da justiça não pagará os honorários com eventuais créditos obtidos no processo. 3.2. Custas e justiça gratuita O art. 790 da CLT estabelece os requisitos para a concessão do benefício da gratuidade da justiça. Respira e não pira... Olha o artigo! Art. 790. (...) § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto atraslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do regime geral de previdência social. § 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo. Ademais, conforme entendimento consolidado do TST, o benefício pode ser requerido a qualquer tempo e grau de jurisdição, desde que, na fase recursal, seja o requerimento formulado no prazo alusivo ao recurso. Indeferido o requerimento de justiça gratuita formulado na fase re- cursal, cumpre ao relator fixar prazo para que o recorrente efetue o preparo (art. 99, § 7º, do CPC e OJ nº 269 da SDI-1 do TST). Sobre as custas, a CLT estabelece que: Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e pro- cedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão calculadas: I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor; 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 17 II – quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa; III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação consti- tutiva, sobre o valor da causa; IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar. As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante das custas processuais. Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado, o pagamento das custas caberá, em partes iguais, aos litigantes. Nos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal. Atenção! O art. 790-A da CLT diz que são isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários de justiça gratuita: I – a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fun- dações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica; II – o Ministério Público do Trabalho. 4. Atos, Termos, Prazos e Vícios dos Atos Processuais 4.1. Atos e prazos processuais Sobre os atos processuais, a CLT dispõe que eles serão públicos, salvo quando o contrá- rio determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. Mas a penhora poderá realizar-se em domingo ou dia feriado, mediante autorização expressa do juiz ou presidente (art. 770 da CLT). Os prazos são disciplinados pelo art. 774 e seguintes da CLT, mencionando que: Respira e não pira... Olha o artigo! Art. 774. Salvo disposição em contrário, os prazos previstos neste Título contam-se, con- forme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 18 Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Tribunal de origem. É muito importante saber que os prazos processuais são contados em dias úteis no processo do trabalho. Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 775 da CLT. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento. § 1° Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses: I – quando o juízo entender necessário; II – em virtude de força maior, devidamente comprovada. § 2° Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efe- tividade à tutela do direito. Ademais, fique atento aos entendimentos do TST: Súm. nº 1 do TST: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda-feira ime- diata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá no dia útil que se seguir. Súm. nº 262 do TST: Prazo judicial: I – Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subsequente. II – O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho suspendem os prazos recursais. Súm. n° 385 do TST: I – Incumbe à parte o ônus de provar, quando da interposição do recurso, a existência de feriado local que autorize a prorrogação do prazo recursal (art. 1.003, § 6º, do CPC de 2015). No caso de o recorrente alegar a existência de feriado local e não o comprovar no momento da interposição do recurso, cumpre ao relator conceder o prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício (art. 932, parágrafo único, do CPC de 2015), sob pena de não conhecimento se da comprovação depender a tempestividade recursal; II – Na hipótese de feriado forense, incumbirá à autoridade que proferir a decisão de admissibilidade certificar o expediente nos autos; III – Admite-se a reconsideração da análise da tempestividade do recurso, mediante prova documental superveniente, em agravo de instrumento, agravo interno, agravo regimental, ou embargos de declaração, desde que, em momento anterior, não tenha havido a concessão de prazo para a compro- vação da ausência de expediente forense. Os prazos processuais podem ser suspensos e interrompidos. Cuide para não confundir: • Suspensão: a contagem é paralisada e retoma de onde parou. Exemplo: férias fo- renses; • Interrupção: a contagem é inutilizada e recomeça-se a contagem do início. Exemplo: embargos de declaração. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 19 Também é importante lembrar do Decreto-lei nº 779/1969, que refere: Art. 1° Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito pú- blico federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica: II – o quádruplo do prazo fixado no artigo 841, “in fine”, da Consolidação das Leis do Tra- balho; III – o prazo em dobro para recurso; (...) 4.2. Nulidades A nulidade absoluta é imposta quando determinado ato fere norma fundamentada no interesse público, de ordem pública absoluta. As partes não têm o poder de dispor em relação a um interesse público e, se assim o fizerem, restará configurada a nulidade absoluta, ou seja, mesmo estando as partes de acordo com o ato praticado, versando este sobre norma de interesse público, de ordem pública absoluta, estará presente tal nulidade. Esta nulidade com- promete todo o processo. Já a nulidade relativa representa um vício sanável, posto que decorre da ofensa ao inte- resse da parte, isto é, quando a norma desrespeitada tiver por base o interesse da parte e não o público. Assim, esta nulidade desaparecerá se a parte interessada sanar o vício que a determina. Na CLT encontramos que: Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 794. Nos processossujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes. Conforme o art. 795 da CLT, as nulidades não serão declaradas senão mediante provo- cação das partes, as quais deverão argui-las na primeira vez em que tiverem de falar em audi- ência ou nos autos. Deverá, entretanto, ser declarada de ofício a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios. E o juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade competente, fundamentando sua deci- são. Ainda: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 20 CLT Art. 796. A nulidade não será pronunciada: a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato; b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa. Art. 797. O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. Art. 798. A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele dependam ou sejam consequência. E o TST já consolidou entendimento no sentido de que: Súm. nº 427 do TST: Havendo pedido expresso de que as intimações e publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo. 5. Procedimentos Trabalhistas 5.1. Procedimento sumaríssimo O procedimento sumaríssimo é o mais cobrado em prova. Encontra-se previsto na CLT a partir do art. 852-A. Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário- mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo. Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional. Assim, não pode ser parte órgão da administração pública direta, autárquica ou fundaci- onal (portanto, as empresas públicas e sociedades de economia mista podem figurar como parte). Ademais, conforme o art. 852-B, nas reclamações enquadradas no procedimento suma- ríssimo: CLT Art. 852-B. (...) I – o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente; II – não se fará citação por edital, incumbindo ao autor à correta indicação do nome e endereço do reclamado; III – a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movi- mento judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 21 § 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II, importará no ar- quivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa. § 2º As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de comunicação. Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audi- ência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular. Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica. Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência. Art. 852-F. Na ata de audiência serão registrados resumidamente os atos essenciais, as afirmações fundamentais das partes e as informações úteis à solução da causa trazidas pela prova testemunhal. Art. 852-G. Serão decididos, de plano, todos os incidentes e exceções que possam inter- ferir no prosseguimento da audiência e do processo. As demais questões serão decididas na sentença. Muita atenção! No procedimento sumaríssimo, quanto às provas, serão ouvidas até 2 testemunhas para cada parte e elas comparecem na audiência independentemente de intima- ção, sendo possível a sua intimação apenas com prova do convite. Além disso, é possível ter prova pericial, desde que seja essencial para a resolução do caso. Respira, não pira... olha o artigo! Art. 852-H da CLT. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julga- mento, ainda que não requeridas previamente. § 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á imediata- mente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz. § 2° As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte, comparecerão à audiên- cia de instrução e julgamento independentemente de intimação. § 3º Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá deter- minar sua imediata condução coercitiva. § 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito. § 5º (VETADO) § 6° As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de cinco dias. § 7° Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz da causa. Para não esquecer: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 22 5.2. Procedimento sumário O procedimento sumário é o procedimento adotado para as demandas de até dois salá- rios-mínimos. Também conhecido como rito de alçada, é previsto na Lei n° 5.584/1970. Nesse procedimento, não há possibilidade de recurso, salvo se versar sobre matéria constitucional. 5.3. Procedimento ordinário O procedimento ordinário é adotado para as demandas que ultrapassam 40 salários-mí- nimos ou que por algum outro motivo não podem tramitar por outro procedimento. 5.4. Procedimentos especiais Os procedimentos especiais são adotados para inquérito judicial, ação rescisória, man- dado de segurança, ação de consignação em pagamento, ação de exigir contas, ação comina- tória, ações possessórias, habilitação incidente, restauração de autos, habeas corpus, ações relativas às prestações de fazer ou não fazer, entre outros. 6. Petição Inicial e Resposta do Réu 6.1. Reclamação trabalhista Segundo o art. 840 CLT, a reclamação poderá ser escrita ou verbal. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 23 Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das par- tes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, deter- minado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu represen- tante (§ 1º). Atenção! Os pedidos que não atendam a esses requisitos serão julgados extintos, sem resolução do mérito (§ 3°). Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário (§ 2o). Conforme o TST – IN 41: para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será́ estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil. Lembre-se! Conforme o art. 731 CLT, aquele que, tendo apresentado ao distribuidor re- clamação verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo incorrerá na pena de perda, pelo prazode 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho. E nos termos do art. 732 CLT, na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que, por duas vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844. 6.2. Distribuição O art. 841 da CLT dispõe que, recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secre- tário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias. 6.3. Tramitação preferencial Conforme art. 652, parágrafo único, da CLT, terão preferência para julgamento os dissí- dios sobre pagamento de salário e aqueles que derivarem da falência do empregador, podendo o Presidente da Junta, a pedido do interessado, constituir processo em separado, sempre que a reclamação também versar sobre outros assuntos. Além disso, conforme o CPC: Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimen- tos judiciais: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 24 I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enu- meradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988; II - regulados pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adoles- cente). III - em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). IV - em que se discuta a aplicação do disposto nas normas gerais de licitação e contrata- ção a que se refere o inciso XXVII do caput do art. 22 da Constituição Federal. Lembre-se que a tramitação preferencial se dá em razão de alguma situação peculiar da pessoa (doença/idade/entre outros) ou em razão da matéria que se discute (algo que não pode esperar). 6.4. Reclamação plúrima Prevista no art. 842 da CLT, a reclamação plúrima consiste numa modalidade de litiscon- sórcio ativo. Sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria, poderão ser acu- muladas num só processo, se se tratar de empregados da mesma empresa ou estabeleci- mento. 6.5. Desistência Conforme o art. 841, § 3º, da CLT, oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação. 6.6. Tutela provisória A tutela provisória pode fundar-se em urgência ou evidência (art. 294 do CPC). Conforme art. 300 do CPC, a tutela de urgência será concedida quando houver elemen- tos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. O art. 300 do CPC, ainda vai estabelecer em seus parágrafos que: § 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver pe- rigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 25 Já a tutela de evidência vem disciplinada no art. 311, que estabelece que ela será conce- dida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - As alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante. III - Se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do con- trato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa. IV - A petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. A CLT também aborda sobre a possibilidade de liminar, no art. 659 – mencionando que cabe ao juiz do trabalho: IX – conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do artigo 469 desta Constituição. X – conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspendo ou dispensado pelo empregador. 6.7. Defesa do réu 6.7.1. Contestação Prevista no art. 847 da CLT. Respira, não pira... Olha o artigo! Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. Pa- rágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência. Na contestação, podem ser arguidas as seguintes preliminares, como as do art. 337 do CPC: inexistência ou nulidade da citação (inciso I); incompetência absoluta (inciso II); inépcia da petição inicial (inciso IV); perempção (inciso V); litispendência (inciso VI); coisa julgada (inciso VII); conexão (inciso VIII); incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autoriza- ção (inciso IX); convenção de arbitragem (inciso X), etc. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 26 Também pode ser alegada a prejudicial de prescrição. Sobre ela, lembre-se de que a prescrição é contatada na forma disposta no art. 11 da CLT: Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. § 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência Social. § 2° Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o di- reito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. § 3° A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação tra- balhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos. Ou seja, do término do contrato, a pessoa possui prazo de 2 (dois) anos para ajuizar a ação, e do ajuizamento pode buscar verbas retroativas até o limite de 5 (cinco) anos. Ademais: Súm. n° 308 do TST: I - Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a pres- crição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato. II - A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988. Reconvenção Conforme o art. 343 do CPC, aplicável ao processo do trabalho, na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Art. 343. (...) § 1° Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias. § 2° A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quantoà reconvenção. § 3° A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro. § 4° A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro. § 5° Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual. § 6° O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação. 6.7.2. Exceções Conforme o art. 799 da CLT, nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 27 Art. 799. (...) § 1º As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa. § 2° Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. 6.7.2.1. Exceção de incompetência Diz o art. 800 da CLT que, apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de 5 (cinco) dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento ali estabelecido, qual seja: a) Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a audiência até que se decida a exceção (§ 1°); b) Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo comum de cinco dias (§ 2°); c) Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência, ga- rantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como competente (§ 3°); d) Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo competente (§ 4°). 6.7.2.2. Exceção de suspeição Segundo o art. 801 da CLT, o juiz, presidente ou vogal, é obrigado a dar-se por suspeito, e pode ser recusado, por algum dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos litigantes: ini- mizade pessoal; amizade íntima; parentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil; interesse particular na causa. Art. 801. (...) Parágrafo único. Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição, salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também admitida, se do processo constar que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente, se procurou de propósito o motivo de que ela se originou. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 28 7. Audiência Nos termos do art. 813 da CLT, as audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal, em dias úteis previamente fixados, entre 8h e 18h, não podendo ultrapassar cinco horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente. Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das audiências, medi- ante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas. Já, conforme art. 815 da CLT, se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências. Se, até 30 (trinta) minutos após a hora marcada, a audiência, injustificadamente, não hou- ver sido iniciada, as partes e os advogados poderão retirar-se, consignando seus nomes, de- vendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências. Nesse caso, a audiência deverá ser remarcada pelo juiz ou presidente para a data mais próxima possível, vedada a aplica- ção de qualquer penalidade às partes. Atenção! Um tema muito cobrado em prova diz respeito ao comparecimento das partes na audiência. Sobre a possibilidade de representação e substituição delas, muita atenção ao artigo transcrito a seguir. Art. 843 da CLT. A audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados po- derão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria. § 1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. § 2° Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato. § 3° O preposto a que se refere o § 1o deste artigo não precisa ser empregado da parte reclamada. Observe que, conforme o TST, IN 41, nos termos do art. 843, § 3º, e do art. 844, § 5º, da CLT, não se admite a cumulação das condições de advogado e preposto. Ademais, as consequências do não comparecimento são observadas no seguinte artigo: Art. 844. O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 29 quanto à matéria de fato. § 1° Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando nova audiência. § 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável. § 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2º é condição para a propositura de nova demanda. Já a revelia não produz o efeito se: Art. 844. (...) § 4° (...) I – havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação; II – o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indis- pensável à prova do ato; IV – as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos; § 5° E, ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados. E conforme entendimento consolidado do TST: Súm. n° 9 do TST: A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após contestada a ação em audiência, não importa arquivamento do processo. Súm. n° 74 do TST: CONFISSÃO. I – Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor. II – A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para con- fronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de 2015), não implicando cercea- mento de defesa o indeferimento de provas posteriores. III – A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o processo. Súm. nº 122 do TST: A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar de- fesa, é revel, ainda que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressa- mente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da au- diência. OJ n° 152 SDI-1: Pessoa jurídica de direito público sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 30 8. Provas Lembre-se!Conforme o art. 5°, inciso LV, da CF/1988, aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a eles inerentes. 8.1. Ônus da prova Sobre o ônus da prova, fique atento ao que dispõe o art. 818 da CLT. Art. 818. O ônus da prova incumbe: I – ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante. Conforme o artigo citado, nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído (§ 1°). A decisão deverá ser proferida antes da abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 31 admitido. E a decisão não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil (§§ 2º e 3º). E o TST já consolidou entendimento no seguinte sentido: Súm. nº 212 do TST: O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continui- dade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. Súm. n° 338 do TST: I – É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) [leia-se 20] empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não- apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veraci- dade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. II – A presun- ção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. III – Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. Súm. n° 460 do TST: É do empregador o ônus de comprovar que o empregado não sa- tisfaz os requisitos indispensáveis para a concessão do vale-transporte ou não pretenda fazer uso do benefício. Súm. n° 461 do TST: É do empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos depósitos do FGTS, pois o pagamento é fato extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC de 2015). OJ n° 233 da SDI-1: A decisão que defere horas extras com base em prova oral ou docu- mental não ficará limitada ao tempo por ela abrangido, desde que o julgador fique conven- cido de que o procedimento questionado superou aquele período. 8.2. Depoimento pessoal Conforme o art. 379 do CPC, preservado o direito de não produzir prova contra si, incumbe à parte comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado. Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes (art. 848). Ademais, as partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus representantes ou advogados (art. 820). Mas, conforme o Código de Processo Civil: Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos: I – criminosos ou torpes que lhe forem imputados; II – a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo; III – acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível; IV – que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas no inciso III. Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de estado e de família. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 32 8.3. Prova documental Devem ser produzidas no primeiro momento em que a parte se manifesta no processo, sob pena de preclusão do direito de produzir essa prova, salvo se comprovar que não tinha acesso à prova no momento da petição inicial ou contestação. Conforme o art. 830 da CLT, o documento em cópia oferecido para prova poderá ser de- clarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. Impugnada a auten- ticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e certi- ficar a conformidade entre esses documentos. Súm. n° 8 do TST: A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando pro- vado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à sentença. Súm. n° 12 do TST: As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção “juris et de jure”, mas apenas “juris tantum”. 8.4. Intérprete Conforme o art. 819 da CLT, o depoimento das partes e testemunhas que não souberem falar a língua nacional será feito por meio de intérprete nomeado pelo juiz ou presidente. Proce- der-se-á da forma indicada, quando se tratar de surdo-mudo, ou de mudo que não saiba escrever (§ 1º). As despesas decorrentes do disposto neste artigo correrão por conta da parte sucum- bente, salvo se beneficiária de justiça gratuita (§ 2°). 8.5. Testemunhas Cada uma das partes não poderá indicar mais de três testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a seis (art. 821 da CLT). No procedimento sumaríssimo, o número de testemunhas é de duas para cada parte. E só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de compa- recer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condu- ção coercitiva. Respira, não pira.... Olha o artigo! Art. 825 da CLT. As testemunhas comparecerão a audiência independentemente de notificação ou intimação. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Processo do Trabalho 33 Parágrafo único. As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado, não atendam à intimação. Também, conforme a CLT (art. 822), as testemunhas não poderão sofrer qualquer des- conto pelas faltas ao serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, quando devi- damente arroladas ou convocadas. Se a testemunha for funcionário civil ou militar, e tiver de depor em hora de serviço, será requisitada ao chefe da repartição para comparecer à audiência marcada (art. 823). O juiz ou presidente providenciará para que o depoimento de uma testemunha não seja ouvido pelas demais que tenham de depor no processo (art. 824). E conforme o art. 828 da CLT, toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e, quando em- pregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita, em caso de falsidade, às leis penais. Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por ocasião da audiência, pelo secretário da Junta ou funcionário para esse fim designado, devendo a súmula ser assinada pelo Presidente do Tribunal e pelos depoentes. Respira, não pira.... Olha o artigo! Art. 829 da CLT. A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu depoimento valerá como simples informação. E consoante o TST: Súm. nº 357 TST: Não torna suspeita a testemunha o