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CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ANIMAIS 
MEDICINA VETERINÁRIA 
CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS RUMINANTES 
 
 
 
 
 
AMANDA EMILLY COSTA CAMILO 
EMANUEL LUAN BARROS DE QUEIROGA 
LAURA SANTOS MARQUES 
PEDRO JOAQUIM LEITE DA COSTA E SOUSA 
 
 
 
 
 
AFECÇÕES DE PELE EM PEQUENOS RUMINANTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ/RN 
2025 
 
 
 
1. CARCINOMA EPIDERMOIDE 
O carcinoma de células escamosas (CCE), ou carcinoma epidermóide, é uma 
neoplasia maligna originada da camada escamosa da epiderme, comumente associada à 
exposição crônica dos animais à radiação ultravioleta (Reis et al., 2016). O desenvolvimento 
desse tumor está frequentemente relacionado à ausência de pigmentação cutânea, à alopecia 
ou à presença de pelagem escassa nas áreas acometidas (Ramos et al., 2007). Em grandes 
animais, ocorre predominantemente em regiões de junção muco-cutânea (Keller et al., 2008). 
A incidência tende a aumentar com o avanço da idade (Reis et al., 2016). 
Macroscopicamente, as lesões iniciam-se com eritema, edema e descamação, 
evoluindo para formação de crostas, espessamento e úlceras (Reis et al., 2016). Podem 
apresentar-se sob duas formas principais: a forma produtiva, com aspecto papilomatoso ou 
semelhante a couve-flor, de tamanhos variados, geralmente ulcerada e com fácil 
sangramento; e a forma erosiva, mais comum, caracterizada por úlceras superficiais 
recobertas por crostas que se aprofundam progressivamente (Barbosa et al., 2009). 
Com frequência, as lesões são agravadas por infecções bacterianas secundárias e 
miíases, resultando em exsudação purulenta na superfície tumoral. Ao corte, os tumores 
apresentam consistência granular, com coloração esbranquiçada ou amarelada (Barbosa et al., 
2009). 
Histologicamente, observam-se cordões de queratinócitos com diferentes graus de 
queratinização, dependendo do nível de diferenciação da neoplasia. São descritas como 
lesões localmente invasivas, de crescimento lento e com baixo potencial metastático (Keller 
et al., 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. MIÍASE 
Consistem em uma infestação cutânea por larvas de moscas, conhecidas como miíase, 
causando sérias perdas para as indústrias pecuárias em todo o mundo. As perdas incluem 
morte de animais, aumento da taxa de morbidade e redução da produção de carne, leite e lã. 
Rotineiramente o diagnóstico de miíase é realizado com a observação da lesão e 
presença das larvas durante o exame clínico. Em animais jovens, em torno de 1 mês de idade, 
as lesões causadas por miíase são comumente localizadas na região perianal (restos de fezes) 
e umbigo (devido restos de urina). Em animais adultos é mais comum aparecer em locais que 
sofrem lesões perfuro cortantes (Macêdo et al., 2008). 
Estudo de Bezerra et al., (2010), sobre ectoparasitismo em ovinos e caprinos no 
Município de Mossoró, relata ocorrência de larvas da espécie de mosca Cochliomyia 
hominivorax (conhecida como “mosca varejeira” ou “mosca-da-bicheira”), e tem como 
principais fatores predisponentes ferimentos simples, que variam desde arranhões até 
castrações, marcações e descornas, servindo como porta de entrada para postura dos ovos, 
com posterior eclosão e instalação das miíases. Deixando os hospedeiros com os sinais 
clínicos de apatia, anorexia e inflamação do local acometido (Brito et al., 2005), como 
evidenciado pelas figuras abaixo. 
 
 
Figura 1. A- Miíase corporal em um carneiro castrado, vista de cima. Larvas (brancas) são observadas na 
superfície da área atingida (lã enegrecida). Fonte: Constable, 2020. 
 
 
 
Figura 2 - Miíase umbilical ativa em cordeiro neonato apresentando larvas de primeiro estágio após a eclosão 
dos ovos. 
 
 
Uma conduta terapêutica seria a realização de limpeza com solução Nacl ou 
clorexidina a 2% e retirada das larvas, posterior aplicação de spray prata na área da lesão, que 
acaba matando maior parte das larvas restantes. E utilização de ivermectina, na dose de 0,3 
mg/kg por via SC, sendo bem efetiva na eliminação de todos os estágios de larvas. Em casos 
de lesões maiores ou estágio mais avançado, pode-se ser aplicado Terracan em spray (ação 
antimicrobiana e anti-inflamatório). E monitoramento contra a reinfecção. 
 
3. DERMATOFILOSE 
 A dermatofilose, também conhecida como “estreptotricose”, é uma enfermidade 
infectocontagiosa, de caráter zoonótico e de evolução aguda ou crônica. Possui distribuição 
mundial, sendo considerada endêmica em áreas tropicais ou subtropicais, e afeta 
principalmente os ruminantes, além de equinos. A doença acontece principalmente no 
período chuvoso, também podendo acontecer esporadicamente todo o ano. Resulta em perdas 
produtivas e pode causar morte dos animais quando não for tratada (Radostits et al., 2010). 
Dermatofilose, diferente de dermatofitose (causada por fungos), é causada por 
Dermatophilus congolensis, um coco-bacilo gram positivo, filamentoso, que provoca uma 
dermatite exsudativa com formação de crostas e alopecias, que se destacam com facilidade 
(evidenciado na imagem abaixo). Nas crostas é possível observar, na microscopia óptica, 
microrganismos filamentosos com segmentos transversais e longitudinais que apresentam um 
aspecto semelhante ao de “trilhos de trem”, sendo ramificados. A bactéria apresenta 
 
 
zoósporos móveis, que em condições adequadas de temperatura elevada e umidade, podendo 
proliferar e desenvolver a enfermidade (Radostits et al., 2010). De acordo com Scott (2018), 
os animais assintomáticos são os principais reservatórios da infecção. 
 
 
Figura. Caprino sem raça definida apresentando diversas áreas de alopecia (a) e grande quantidade de crostas 
distribuídas principalmente na região perivulvar (b), úbere (c) e região nasal (d). Fonte: Radostits et al., 2010. 
 
 
Figura. Dermatofilose em ovinos no município de Belém de São Francisco, Pernambuco. Crostas e alopecia são 
observados principalmente na cabeça e orelha (A), e no tronco para trás (B). Fonte: Radostits et al., 2010. 
 
 
De acordo com estudo de Pereira & Meireles (2007), o diagnóstico preliminar da 
dermatofilose é determinado pela epidemiologia da doença, por sinais clínicos e pela 
visualização da bactéria em forma filamentosa, em esfregaços corados pelos métodos Gram 
ou Giemsa. Entretanto, para ter um diagnóstico definitivo é necessário realizar o isolamento 
 
 
e a identificação da bactéria com técnicas moleculares como a PCR (Reação em Cadeia da 
Polimerase) (Quinn et al., 2005). 
A administração de antibióticos, como penicilina, estreptomicina e oxitetraciclina, é 
indispensável. O controle e prevenção são baseados no isolamento e tratamento dos animais 
acometidos, evitando lesões mecânicas e químicas na pele durante o manejo dos animais, 
assim como fornecer abrigo aos animais em épocas chuvosas, controlar a infestação por 
carrapatos e, principalmente, realizar a desinfecção do local e utensílios utilizados no manejo 
dos animais doentes para minimizar a disseminação da enfermidade, visto que podem servir 
como fômites para o agente bacteriano (Zaria, 1993). 
 
4. MELANOMA 
O melanoma cutâneo (MC) tem origem nos melanócitos e melanoblastos, células 
especializadas na biossíntese de melanina (Lima et al., 2022). Os melanócitos localizam-se 
predominantemente na camada basal da epiderme, folículos pilosos, mucosas, meninges e 
camada coroidal do olho, sendo derivados da crista neural durante o desenvolvimento 
embrionário (Leonardi et al., 2018; Gosman, Tapoi, Costache, 2023). 
Essa neoplasia é reconhecida por sua marcante agressividade, caracterizada pela 
elevada capacidade metastática e expressiva taxa de mortalidade associada à progressão da 
doença (Kim & Kim, 2024). Está associada às condições climáticas da região, as quais 
favorecem a exposição contínua e intensa à radiação ultravioleta (Lima et al., 2022). 
As lesões são geralmente enegrecidas quando pigmentadas,mas podem ser 
esbranquiçadas na ausência de melanina. Apresentam crescimento exofítico ou surgem como 
nódulos sésseis, independentemente do local. O tamanho é variável, sendo comum o aspecto 
multilobulado e ulcerado. 
No histopatológico, exibem diferentes padrões de crescimento. As células podem ser 
arredondadas, poligonais ou fusiformes, distribuídas em lâminas, lóbulos ou feixes, com 
grânulos de melanina no citoplasma. O pigmento também pode estar presente em 
macrófagos. Há atipia celular moderada a acentuada e elevado número de mitoses. Nos 
melanomas amelanóticos, a ausência de pigmento e a intensa atipia dificultam o diagnóstico. 
A ocorrência tem sido associada à idade avançada e ao grau de pigmentação cutânea, 
acometendo principalmente áreas pouco pilosas, como vulva, ânus, lábios, narinas, orelhas e 
pálpebras. A intensa radiação solar no Nordeste é considerada fator predisponente. 
 
 
 
Figura. Melanoma cutâneo em úbere de cabra Ardi (A) e no períneo de cabra ardi (B). 
 
5. FOTOSSENSIBILIZAÇÃO POR Brachiaria brizantha 
A fotossensibilização associada à ingestão de Brachiaria spp., especialmente 
Brachiaria brizantha, é uma enfermidade de natureza hepatógena, resultante da incapacidade 
do fígado em excretar a filoeritrina, pigmento fotodinâmico derivado da clorofila. Essa falha 
hepática está relacionada à presença de saponinas esteroidais litogênicas (metilprotodioscina 
e protodioscina) presentes na planta, as quais provocam lesões hepáticas com consequente 
acúmulo de pigmentos fotossensibilizantes na circulação (Albernaz et al., 2010; Souza et al., 
2010). 
As lesões cutâneas ocorrem preferencialmente em áreas despigmentadas e pouco 
protegidas pela pelagem, como orelhas, face, pálpebras, focinho, dorso, períneo e 
extremidades (Albernaz et al., 2010). O envolvimento dessas regiões ocorre porque são mais 
expostas à radiação ultravioleta e, portanto, mais susceptíveis à ação dos fotoprodutos tóxicos 
(Amado et al., 2018). 
As lesões são de natureza dermatonecrótica e exsudativa, acompanhadas por sinais de 
fotofobia, prurido, edema e ulceração. Inicialmente, os animais apresentam inquietação, 
procura por sombra e prurido intenso; posteriormente, observa-se edema de orelhas, 
pálpebras, base da cauda e prepúcio, seguido de dermatite exsudativa e formação de crostas 
espessas nas áreas afetadas (Albernaz et al., 2010). Nos casos mais severos, podem ocorrer 
miíases secundárias e necrose cutânea (Amado et al., 2018). 
Na necropsia, observa-se icterícia generalizada, fígado aumentado, firme, amarelado e 
com padrão lobular acentuado, além de rins aumentados e com coloração amarelo-esverdeada 
 
 
(Albernaz et al., 2010; Souza et al., 2010). As lesões hepáticas indicam comprometimento 
funcional, com proliferação de ductos biliares, presença de macrófagos espumosos, cristais 
birrefringentes nos ductos e necrose de hepatócitos (Souza et al., 2010). Em surtos de maior 
intensidade, a letalidade pode ultrapassar 70% dos animais afetados (Albernaz et al., 2010). 
O diagnóstico baseia-se na associação entre histórico de pastejo em áreas com 
Brachiaria spp., sinais clínicos de fotossensibilização, alterações hepáticas e achados 
histológicos compatíveis (Souza et al., 2010). Deve-se ainda considerar o diagnóstico 
diferencial com fotossensibilizações primárias causadas por plantas como Froelichia 
humboldtiana e Lantana camara (Amado et al., 2018). A presença de macrófagos espumosos 
e cristais no fígado é considerada uma lesão indicativa da intoxicação por Brachiaria spp. 
Figura 1. Intoxicação por Brachiaria brizantha em ovinos. (1) Edema auricular característico em animal 
afetado. (2) Cristais birrefringentes observados na luz de um ducto biliar em bovino intoxicado por Brachiaria 
decumbens. HE, obj. 20x. 
 
6. DERMATITE ALÉRGICA 
A dermatite alérgica sazonal em caprinos e ovinos é uma hipersensibilidade cutânea 
causada principalmente por mosquitos do gênero Culicoides. Essa condição se caracteriza por 
lesões típicas e distribuição anatômica específica, sendo mais comum durante o período 
chuvoso, o que reforça seu padrão sazonal. As lesões ocorrem preferencialmente em áreas de 
pele mais fina e com menor cobertura de pelos, como cabeça (orelhas, região periocular, 
focinho e lábios), úbere, porção distal dos membros, abdômen ventral, região dorsal e garupa 
(Souza et al., 2005; Portela et al., 2012). Essa distribuição característica coincide com as 
áreas preferidas pelos mosquitos para alimentação, o que auxilia no diagnóstico diferencial 
(Souza et al., 2005). 
 
 
Clinicamente, a dermatite apresenta duas fases distintas. Na fase aguda, observa-se 
eritema acentuado com múltiplas pápulas eritematosas, pequenas pústulas, colaretes 
epidérmicos, crostas amareladas e prurido intenso, podendo haver exsudação serosa (Souza et 
al., 2005). Já na fase crônica, predominam áreas liquenificadas com espessamento cutâneo, 
ulcerações superficiais, crostas espessas e aderentes, alopecia focal e pele com aspecto 
esbranquiçado e enrugado; em alguns casos, são visíveis áreas hemorrágicas devido ao 
autotratamento causado pelo prurido persistente (Portela et al., 2012). 
O diagnóstico diferencial deve considerar outras dermatopatias, como dermatofilose, 
ectima contagioso e sarna. No entanto, o padrão sazonal, a localização específica das lesões e 
o prurido intenso são elementos-chave que ajudam a distinguir essa dermatite das demais 
(Souza et al., 2005; Silveira et al., 2024). A confirmação diagnóstica é obtida pela resposta 
positiva ao tratamento com corticoides tópicos e ao controle eficaz dos vetores (Portela et al., 
2012). 
Figura 1. Corte histopatológico de fragmentos de pele de ovino com reação de hipersensibilidade cutânea. (A) 
Epiderme com redução da espessura e desprendimento da camada superficial de queratinócitos (seta curta), além 
de intenso infiltrado inflamatório superficial (estrela) distribuído entre os anexos cutâneos (folículos pilosos e 
glândulas sudoríparas) na derme superficial; observa-se redução do infiltrado na derme profunda. (B) Epiderme 
com desprendimento da camada superficial de queratinócitos (seta curta) e formação de cavidade preenchida por 
células inflamatórias e fibrina (estrela). Na derme superficial nota-se espaçamento entre as fibras colágenas e 
intenso infiltrado inflamatório (seta larga). (C) Vesícula intraepidérmica delimitada por queratinócitos das 
camadas espinhosa e granulosa, contendo fibrina, debris celulares e células inflamatórias (estrela). (D) 
Espessamento da membrana basal (seta), capilares superficiais congestos (C) e infiltrado inflamatório acentuado 
na derme papilar (INF). (E) Edema intenso (seta) e presença de infiltrado inflamatório difuso. (F) Edema entre 
as fibras colágenas (seta curta) e infiltrado inflamatório associado (seta longa). (G) Infiltrado linfoplasmocitário 
eosinofílico (eosinófilos; seta). (H) Infiltrado linfoplasmocitário eosinofílico perivascular (eosinófilos; seta) ao 
redor dos capilares (C). (Silveira et al., 2024) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Ovinos com lesões cutâneas bilaterais características de dermatite alérgica sazonal, localizadas 
principalmente nas regiões periocular, de inserção e face dorsal das orelhas, e na região frontal. Em um dos 
animais observados, as lesões também se estendiam pela linha dorsal, lateral do corpo e região axilar direita. 
(Portela et al., 2012) 
 
7. ECTIMA CONTAGIOSO 
O ectima contagioso é causado por um vírus da espécie Parapox ovis, no qual é 
comumente chamado de vírus do ectima. Apesar do caráter cosmopolita em ovinos e 
caprinos, Tedla et al. (2018) mostrou que a prevalência é maior em ovinos, apesar de que a 
severidade da infecção ocorre de forma inversa entre as espécies. 
 Os animais mais suscetíveis são cordeiros de 3 a 6 meses criados em pastagens 
durante o período seco, em confinamento e em ovinos estabulados e alimentadosem cochos. 
Entre os suscetíveis, a taxa de morbidade é próxima de 100%, justificando o aparecimento na 
forma de surtos, enquanto que a mortalidade varia entre 5 a 15% em virtude das lesões no 
trato respiratório (Salles et al., 1992). 
 Andreani et al. (2019) destaca como a disseminação do vírus pode atingir os 
humanos e causar lesões com formato de pápulas em mãos, braços ou face. A presença de 
escoriações no manuseio da lã torna-se a porta de entrada, porém as lesões são autolimitantes 
e se curam permanentemente após 6 a 7 semanas. 
 Após a entrada do vírus através das lesões de pele, ocorre a replicação nas células de 
reposição da camada subjacente de epiderme, sendo a explicação para detecção viral dérmica 
somente 72 h após a infecção. Com a disseminação por toda epiderme, ocorre uma resposta 
celular com necrose e descamação da epiderme acometida e do estrato papilar subjacente da 
derme (Kassa, 2021). As lesões progridem de mácula, pápula, vesícula, pústula, formação de 
crostas até a cura. 
 
 
 
Figura 1 - Ovelhas mestiças da raça Dorper, multíparas, recém desmamadas.
 
Em A observam-se lesões crostosas em narina e plano nasal, bem como em comissura labial (detalhe). Em B são 
observadas lesões pustulares e crostosas em narina e plano nasal. Fonte: Leão et al., 2024. 
 
Nos ovinos, a infecção geralmente é observada em estágios mais avançados. Dessa 
forma, são visualizadas áreas proeminentes e moderadamente proliferativas de granulação e 
inflamação cobertas por uma crosta espessa e firme, que surgem após 6 a 7 dias das lesões 
iniciais. As primeiras lesões ocorrem na junção mucocutânea da boca e se espalham pelo 
plano nasal, ocorrendo a formação de crostas individuais ou em placas contínuas. (Constable 
et al., 2021; Salles et al., 1992). 
 
Figura 2 - Animal com pápulas e pústulas e região oral e nasal. 
 
 
 
Fonte: Ferreira, 2021. 
 
O acometimento dos cordeiros lactentes pode provocar a ocorrência da doença no 
úbere da ovelha. Além disso, ocorre o surgimento das lesões em outros locais do corpo, como 
escroto, em torno da banda coronária, cascos rudimentares e nas plantas dos pés. A existência 
das lesões predispõem o desenvolvimento de infecções secundárias, como as causadas por 
bactérias causadoras de mastite em úberes acometidos (Constable et al., 2021). 
 
Figura 3 - Ectima contagioso no teto de uma ovelha. 
 
 
 
O animal contraiu a infecção durante a amamentação de um cordeiro com lesões de ectima contagioso nas 
comissuras bucais. Fonte: Constable et al., 2021. 
 
Para confirmação do diagnóstico, é possível realizar a histologia das amostras de 
lesões e/ou a virologia a partir do líquido de vesículas ou raspado da lesão. Como 
diagnósticos diferenciais são consideradas a dermatose ulcerativa, dermatite micótica, 
eczema facial, papilomatose, língua azul, varíola ovina e a febre aftosa (Constable et al., 
2021). 
 
 
8. PITIOSE 
A pitiose, causada pelo oomiceto Pythium insidiosum, é uma enfermidade emergente 
em regiões tropicais e subtropicais, que acomete diversas espécies, incluindo ovinos, caprinos 
e humanos (Carrera et al., 2013). Os fungos e os oomicetos se diferenciam entre si quanto às 
alterações na parede celular e na composição da membrana, sendo a ausência de ergosterol na 
membrana dos oomicetos a principal divergência e a causa do insucesso no tratamento com 
os antifúngicos para esta doença (Carnaúba et al., 2023). 
 
 
Em pequenos ruminantes, a localização anatômica das lesões abrange 
predominantemente três formas clínicas. A forma cutânea/subcutânea acomete os membros e 
a região ventral do tronco. A apresentação rinofacial é caracterizada pelo acometimento da 
cavidade nasal e deformidades faciais. Já a forma digestiva apresenta comprometimento do 
esôfago, compartimentos pré-estomacais e do abomaso (Do Carmo; Uzal; Riet-correa, 2021; 
Carnaúba et al., 2023). 
Nesta enfermidade, é comum o aparecimento de lesões com caráter piogranulomatoso 
no tecido cutâneo e subcutâneo. Além disso, essas manifestações clínicas são frequentemente 
associadas à necrose tecidual focal ou extensa, em cujo interior observam-se hifas largas e 
irregulares características do agente (Carrera et al., 2013; Do Carmo; Uzal; Riet-correa, 
2021). 
 
Figura 4 - Achados microscópicos de pitiose em ovelhas. 
 
C. Celulite piogranulomatosa com hifas intralesionais, várias das quais estão no citoplasma de células 
multinucleadas gigantes. H&E. D. Dermatite piogranulomatosa; muitas hifas com ramificações irregulares e 
septos raros, característicos de Pythium insidiosum. Coloração de Grocott com prata metenamina. Fonte: Do 
Carmo; Uzal; Riet-correa, 2021. 
 
Nas formas cutâneas e subcutâneas, as lesões se apresentam como inchaço local com 
dermatite ulcerativa, exsudativas e nodulares, que evoluem com destruição progressiva dos 
tecidos subjacentes. No trato digestivo, são descritas ulcerações profundas da mucosa 
esofágica, dos pré-estômagos e do abomaso (Do Carmo; Uzal; Riet-correa, 2021). Já na 
forma rinofacial, observa-se aumento na região da narina, face e lábio superior, podendo 
ocorrer secreção serosanguinolenta e dispnéia (Carrera et al., 2013). 
 
Figura 5 - Pitiose cutânea em ovinos. 
 
 
 
A. Dermatite ulcerativa e celulite na região pré-escapular, sugestivas de lesão primária no linfonodo 
pré-escapular. B. Ovinos com granuloma ulcerativo grave no metatarso. Fonte: Do Carmo; Uzal; Riet-correa, 
2021 
 
Figura 6 - Pitiose em rinofacial em ovinos. 
 
 
 
Aumento acentuado e deformidade da região nasal. Exsudato purulento é observado na boca como resultado da 
ulceração do palato duro. Fonte: Do Carmo; Uzal; Riet-correa, 2021. 
 
O diagnóstico da pitiose pode ser feito por imuno-histoquímica, imunodifusão, ELISA 
ou métodos moleculares. Como diagnósticos diferenciais podem ser incluídos habronemose, 
zigomicose, neoplasias e granulomas fúngicos ou bacterianos. No entanto, a pitiose rinofacial 
é mais comumente associada à conidiobolomicose e a pitiose do trato digestivo é clínica e 
patologicamente semelhante à aspergilose e zigomicose (Carrera et al., 2013; Do Carmo; 
Uzal; Riet-correa, 2021). 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
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