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1 COMO ELABORAR UM PARECER JURÍDICO O QUE É UM PARECER JURÍDICO? O parecer jurídico é um documento por meio do qual o jurista (advogado, consultor jurídico) fornece informações técnicas acerca de determinado tema, com opiniões jurídicas fundamentadas em bases legais, doutrinárias e jurisprudenciais. Geralmente é solicitado por uma pessoa jurídica ou física como elemento necessário para tomada de uma decisão importante. Entretanto o cliente não está vinculado ao parecer jurídico. Apesar de não existir uma forma obrigatória, há certa estrutura a ser seguida. São considerados elementos básicos: 1. Título PARECER JURÍDICO 2. Endereçamento O parecer será direcionado ao cliente que pode ser autoridade/pessoa jurídica ou pessoa física que contratou os serviços de quem irá fazer o parecer jurídico. 3. Ementa Na ementa é necessário reunir de forma lógica e coordenada as principais “palavras- chaves” que foram utilizadas na elaboração do parecer. Em suma, a ementa é o resumo do que consta do parecer inteiro, portanto a dica é que você a faça por ultimo. Exemplo de ementa: DIREITO CIVIL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL (descrever o ramo do direito objeto da consulta). CONTRATO DE XXXX(tema específico). Artigo XXX DO CPC (dispositivo legal tratado no parecer que fundamenta a opinião). DISTRATO UNILATERAL. POSSIBILIDADE. RESSARCIMENTO XXXXX.(Conclusões do parecerista). 4. Relatório: Nesta parte devemos descrever os fatos objeto da consulta. Devemos relatar somente os fatos trazidos pelo cliente/consulente. Caso haja várias questões importantes e independentes elas deverão também ser incluídas no relatório. Caso haja perguntas formuladas pelo cliente/consulente é possível listá-las nessa parte. 2 COMO ELABORAR UM PARECER JURÍDICO Exemplo de relatório: Trata-se de consulta formulada por (autoridade/pessoa jurídica ou pessoa física), acerca de (copiar os dados trazidos). “É o relatório. Passo a opinar”. (Para finalizar o relatório) 5. Fundamentação: É a parte mais importante do parecer. Na parte relativa à fundamentação, o parecerista deve elaborar as teses que se apoiarão a sua conclusão final. Devendo abordar com clareza e concisão cada um dos temas sugeridos, procurando dar sempre uma resposta precisa e convincente com, base na lei vigente, podendo recorrer à doutrina e à jurisprudência. Caso o problema trazido apresente mais de uma solução é recomendável que você divida a fundamentação em itens (ex: a, b, c). Em cada um dos questionamentos, podemos montar o seguinte silogismo: 1) Questionamento; 2) Fundamentos de fato e de direito relativos à questão; 3) Conclusão. 6. Conclusão: A conclusão corresponde a uma síntese de todas as conclusões que foram tiradas na parte da fundamentação. A conclusão simplesmente responde o que foi questionado pelo cliente/consulente. Caso tenha havido perguntas é necessário respondê-las. Deve ser finalizada com a seguinte expressão: “É o parecer”. E logo abaixo, a data, o local, nome e a assinatura do(a) advogado(a) e numero da OAB. Exemplo de conclusão: Ante o exposto, respondendo a cada um dos questionamentos formulados na consulta, opino pela (opina-se pelo que foi perguntado). É o parecer. (sempre concluir com essa frase, porque o cliente não está vinculado ao parecer) Local, data. 3 COMO ELABORAR UM PARECER JURÍDICO Nome do(a)Advogado(a) OAB/XX nº XXXXXX. MODELO BÁSICO DE PARECER PARECER JURÍDICO Ao(à) Sr(a). Fulano(a) de Tal EMENTA: DECLARAÇÃO EXPROPRIATÓRIA - ATO LEGISLATIVO- ADEQUAÇÃO - USO DO MANDADO DE SEGURANÇA POSSIBILIDADE - SÚMULA 266 STF - INAPLICABILIDADE - LEI DE EFEITO CONCRETO RELATÓRIO Trata-se o expediente de uma consulta indagando sobre diversos aspectos relativos a uma declaração expropriatória ocorrida no Município X. Estudada a matéria, passo a opinar. FUNDAMENTAÇÃO A primeira questão objeto de análise diz respeito à possibilidade ou não da Câmara Municipal do Município X baixar declaração de utilidade pública para fins de desapropriação. Apesar de não ser o veículo mais adequado, já que o ato de desapropriar é inerente à função administrativa, o ordenamento jurídico brasileiro confere competência expropriatória ao Poder Legislativo. E o que se verifica do artigo 8." do Decreto-lei 3.365/41: Art. 8º O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa da desapropriação, cumprindo, neste caso, os atos necessários à sua efetivação. A esse respeito também já se pronunciou a doutrina: "No Brasil são Poderes competentes para manifestar a declaração de utilidade pública tanto o Poder Legislativo como o Poder Executivo. Em qualquer caso, contudo, o ato é de natureza administrativa. Quanto 'expedida a declaração pelo Legislativo, competente para tanto é, evidentemente, o órgão legislativo;"BANDEIRA DE MELLO. Celso Antônio, Curso de Direito Administrativo. 14.1 Ed. São Paulo, Malheiros Editores. 2001. pg. 735. g.n. 4 COMO ELABORAR UM PARECER JURÍDICO "A atribuição de competência expropriatória ao Legislativo, concorrentemente como Executivo, é uma anomalia de nossa legislação, porque o ato de desapropriar é caracteristicamente de administração. Logo, não merecem respaldo os argumentos do proprietário do imóvel (impetrante), já que é plenamente possível no ordenamento jurídico pátrio a edição de uma declaração expropriatória pelo Poder Legislativo. A segunda alegação do impetrante é respondida e refutada pelos mesmos fundamentos utilizados para responder a primeira: considerado que a declaração de utilidade pública também pode ser exteriorizada pelo Legislativo, e não exclusivamente pelo Poder Executivo, a lei é também veículo próprio para a sua edição. Dessa forma, não merece acolhimento o segundo fundamento utilizado pelo impetrante no mandado de segurança, de que a declaração somente poderia ser exteriorizada por decreto do Chefe do Executivo. Por fim, resta analisar a argumentação desenvolvida pelo Presidente da Câmara dos Vereadores ao prestar informações no mandado de segurança. Defendeu a referida autoridade a impossibilidade do uso do mandado de segurança em virtude do ato atacado ser uma lei, que não admitiria a impugnação judicial pela via do mandamus. Esse argumento não procede. Apesar de realmente existir restrição à utilização do mandado de segurança contra texto de lei (Enunciado de súmula n° 266 do STF), esse impedimento diz respeito à lei cm tese. não se operando em relação as leis de efeito concreto. "Somente as leis e decretos de efeitos concretos tornam-se passíveis de mandado de segurança, desde sua publicação, por equivalentes a atos administrativos nos seis resultados imediatos. Por leis e decretos de efeitos concretos entendem-se aqueles que leis que aprovam planos de urbanização, as que fixam limites concedem isenções fiscais, as que proíbem atividades ou condutas individuais; os decretos que desapropriam bens(...)” LOPES MEIRELLES. Hely: Mancado de Segurança. 25ª Ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2003, pg. 40 No caso em apreço a lei editada não é abstrata e nem geral. Ao contrário, constitui-se uma lei de efeitos concretos, ensejando a produção de efeitos específicos, c possui, em 5 COMO ELABORAR UM PARECER JURÍDICO razão disso, aptidão para ferir direito individual. Logo, não merece acolhimento a argumentação desenvolvida pelo Presidente da Câmara dos Vereadores, uma vez que o mandado de segurança é via adequada para impugnar a lei que declarou imóvel de utilidade pública. CONCLUSÃO Pelo exposto, respondendo a cada um dos questionamentos formulados na consulta, opino no sentido de queo Poder Legislativo é competente para. por intermédio de lei, declarar a utilidade pública de bem a ser desapropriado. Além disso, o mandado de segurança é instrumento adequado para impugnar a lei expropriatória de efeitos concretos. É o parecer. Data, local, assinatura.
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